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BREVE ANÁLISE SOBRE O DIREITO DA UNIÃO EUROPEIA

I. Introdução
O Direito da União Europeia refere-se ao conjunto de normas e
princípios jurídicos que a regem e seus Estados-membros. O referido Direito é
baseado em tratados, regulamentos, diretivas, decisões e princípios
estabelecidos pelos órgãos da UE.
Os regulamentos devem ter aplicação geral, sendo assim obrigatórios a
todos Estados-membros. As diretivas têm caráter vinculativo. Quanto às
decisões, estas serão obrigatórias em sua totalidade. Ainda, existe a
possibilidade da aplicação de recomendações e pareceres, porém estes não
são vinculativos.
Os tratados fundadores da UE são a base de seu Direito. O Tratado da
União Europeia (conhecido como Tratado de Maastricht) e o Tratado sobre o
Funcionamento da União Europeia estabelecem os objetivos, as instituições e
os princípios gerais da UE. Esses tratados foram modificados e
complementados por outros tratados.
Os regulamentos da UE têm efeito imediato e não requerem
transposição para a legislação nacional. As diretivas da UE são leis que
estabelecem objetivos a serem alcançados pelos Estados-membros, mas
deixam a implementação e os detalhes para a legislação nacional.
Além disso, as decisões da UE, como citado anteriormente, são
vinculativas para as partes específicas a que se aplicam. Elas podem ser
aplicadas a Estados-membros, instituições ou indivíduos. As decisões podem
ser emitidas por seus órgãos, como a Comissão Europeia, o Conselho da
União Europeia ou o Tribunal de Justiça da União Europeia.
O Tribunal de Justiça da União Europeia é a mais alta instância judicial
da UE e é responsável por interpretar e aplicar o Direito da UE. Ele garante a
uniformidade na interpretação e na aplicação do Direito da UE em todos os
Estados-membros.
O Direito da UE abrange uma ampla gama de áreas, incluindo o
mercado único, a livre circulação de pessoas, bens, serviços e capitais, a
política agrícola comum, a proteção do meio ambiente, a concorrência, a
política de conciliação e muitas outras áreas.
Em resumo, o Direito da União Europeia é um sistema legal complexo
que abrange os tratados, regulamentos, diretivas e decisões da UE. Ele
desempenha um papel fundamental na integração europeia e na governança
da UE, garantindo a aplicação uniforme das regras em todos os Estados-
membros.

II. O TRATADO DE MAASTRICHT


O Tratado de Maastricht é um acordo internacional assinado em 1992 na
cidade de Maastricht, nos Países Baixos. Oficialmente chamado de Tratado da
União Europeia, ele estabeleceu as bases para a formação da União Europeia
e introduziu várias mudanças significativas na estrutura e nas políticas da
Comunidade Europeia, precursora da UE.
O Tratado de Maastricht tinha como objetivo aprofundar a integração
europeia em várias áreas, expandindo o escopo das políticas comunitárias e
criando instituições. Algumas das principais características e disposições do
tratado incluem:
- União Monetária: O tratado estabeleceu as bases para a criação da União
Econômica e Monetária (UEM). Ele definiu os critérios e o processo para a
introdução da moeda única, o euro, e criou o Banco Central Europeu (BCE)
como o órgão responsável pela política monetária na zona do euro.
- Pilares da União Europeia: O tratado estabeleceu a estrutura de três pilares
da UE: a Comunidade Europeia (que se tornou a União Europeia), a Política
Externa e de Segurança Comum (PESC) e a Cooperação Policial e Judicial em
Matéria Penal (CPJP). Cada pilar tinha suas próprias regras e procedimentos.
- Cidadania da União Europeia: O tratado introduziu o conceito de cidadania da
União Europeia, conferindo direitos adicionais aos cidadãos dos Estados-
membros, incluindo o direito de livre circulação e residência em qualquer
Estado-membro.
- Políticas Comuns: O tratado ampliou o escopo das políticas comuns da UE,
incluindo a política externa, a cooperação em assuntos de justiça e assuntos
internos, a política social, a política de emprego, a política ambiental e outras
áreas.
- Introdução da cooperação em Justiça e Assuntos Internos: O tratado
estabeleceu a cooperação entre os Estados-membros em questões de justiça
penal, imigração, asilo e controle de fronteiras.
Além dessas disposições, o Tratado de Maastricht fortaleceu as instituições da
UE, como a Comissão Europeia, o Conselho da União Europeia (anteriormente
conhecido como Conselho de Ministros) e o Parlamento Europeu. Também
expandiu o processo de tomada de decisões por maioria qualificada em várias
áreas, aumentando a eficiência da tomada de decisões na UE.
O Tratado de Maastricht foi um marco importante na história da
integração europeia, estabelecendo as bases para o desenvolvimento posterior
do bloco e sua expansão em termos de políticas e competências.

III. TRATADO SOBRE O FUNCIONAMENTO DA UNIÃO EUROPEIA


O Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia é um dos tratados
fundamentais que regem a União Europeia (UE). Ele foi assinado em 2007, em
Lisboa, Portugal, substituindo o Tratado da Comunidade Europeia.
O TFUE estabelece as regras e os princípios que governam o
funcionamento da UE e suas instituições. Ele define as competências da UE,
os procedimentos de tomada de decisão, as políticas e os objetivos da União.
Além disso, o tratado também contém disposições relativas às políticas
econômicas, sociais, ambientais e externas da UE.
Algumas das principais disposições e áreas cobertas pelo TFUE incluem:
- Mercado Único: O tratado visa a criação e o funcionamento do mercado único
europeu, garantindo a livre circulação de bens, serviços, pessoas e capitais
entre os Estados-membros.
- Política Monetária: O TFUE estabelece as regras e os princípios para a
política monetária da UE, incluindo o papel e as responsabilidades do Banco
Central Europeu (BCE) e a adoção do euro como moeda única em muitos
Estados-membros.
- Política de Concorrência: O tratado estabelece as regras para garantir a
concorrência leal no mercado interno e prevenir práticas anticompetitivas, como
abuso de posição dominante e acordos anticoncorrenciais.
- Políticas Sociais e de Emprego: O TFUE inclui disposições para promover a
coesão social e a igualdade de oportunidades, bem como para garantir
condições de trabalho justas e o diálogo social entre as partes interessadas.
- Política Externa: O tratado define as bases para a política externa e de
segurança comum da UE, visando a promoção da paz, dos direitos humanos,
da democracia e da cooperação internacional.
- Políticas Ambientais: O TFUE contém disposições para a promoção do
desenvolvimento sustentável, a proteção do meio ambiente e a luta contra as
alterações climáticas.
Além dessas áreas, o TFUE também estabelece a estrutura institucional
da UE, incluindo a Comissão Europeia, o Conselho da União Europeia, o
Parlamento Europeu, o Tribunal de Justiça da União Europeia e outros órgãos
e agências da UE.
O Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia é um dos pilares
do ordenamento jurídico da UE e fornece a base legal para a implementação
das políticas e ações da União, buscando promover a integração europeia e o
bem-estar dos cidadãos europeus.

IV. OS DIREITOS HUMANOS NA UNIÃO EUROPEIA


Os direitos humanos são uma parte fundamental da União Europeia e
estão incorporados nos valores e princípios fundamentais da União. A proteção
dos direitos humanos é um objetivo central da UE e é regida por várias
instituições e instrumentos legais.
A Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia, proclamada em
2000, é um documento que consolida os direitos humanos na UE. A Carta
abrange uma ampla gama de direitos civis, políticos, econômicos e sociais,
incluindo a dignidade humana, a liberdade de expressão, a igualdade, o direito
à vida, o direito à privacidade, o direito a um julgamento justo, a liberdade de
religião, entre outros.
A UE também é signatária de importantes convenções internacionais de
direitos humanos, como a Convenção Europeia dos Direitos Humanos, do
Conselho da Europa, que estabelece um sistema de proteção dos direitos
humanos no continente europeu.
Além disso, a União Europeia tem várias instituições e agências que
desempenham um papel na promoção e proteção dos direitos humanos. A
Comissão Europeia, o Parlamento Europeu e o Tribunal de Justiça da União
Europeia estão envolvidos nesse processo, assim como a Agência dos Direitos
Fundamentais da União Europeia (FRA), que realiza pesquisas e fornece
orientações sobre questões relacionadas aos direitos humanos na UE.
A UE monitora o cumprimento dos direitos humanos pelos seus Estados-
membros e, quando necessário, pode tomar medidas para garantir que os
direitos fundamentais sejam respeitados. Isso pode incluir a abertura de
procedimentos de infração contra um Estado-membro que viole os direitos
humanos ou a suspensão de certos direitos de um Estado-membro, se houver
violações graves e persistentes.
Em resumo, a União Europeia tem um forte compromisso com a
proteção dos direitos humanos e trabalha para garantir que esses direitos
sejam respeitados em toda a sua área de jurisdição.

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