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DIREITO DA UNIÃO EUROPEIA

Objeto da disciplina:
 gênese da integraçã o europeia- entre as 2 guerras e pó s-guerra
 Integraçã o
 Evoluçã o
 Configuraçã o atual

Fenô meno que se enquadra na parte, por tratado, que se criou certo tipo de organizaçã o
– a UE
Este fenó meno de integraçã o europeia tem traço específico que em egra nã o existe em
outros sujeitos internacionais.

 Subordinação ou Supranacionalidade – alguma medida de integraçã o vertical


do Estado

A UE nã o é um fenó meno ú nico. Tem muita complexidade.

Os principais traços que caracterizam a integraçã o:

1) Regras de deliberação: delibera-se, em regra, por maioria


2) Estrutura orgânica: as outras tem estrutura com 2 ou 3 ó rgã os (uma assembleia,
um executivo e um tribunal). Já a UE tem orgâ nica particular com legitimidade de
tipo governamental e outras com legitimidade pró pria – por exemplo, o
Parlamento, que é eleito.
3) Um tribunal que tem competência para o que se passa na organizaçã o sem
precisar da jurisdiçã o do Estado-membro.

Terminologia – DUE:
1) Era Direito das Comunidades Europeias
2) Era Direito as Comunidades Europeias e da Uniã o Europeia
3) Depois, foi Direito da Uniã o Europeia
Antes se falava em Direito da CE porque começou com a assinatura - entre 1951 e 1958
– entre Estado, que criou:
 A comunidade Europeia do Carvã o e do Aço (CECA), que vigorou 50 anos
https://eur-lex.europa.eu/legal-content/FR/TXT/PDF/?uri=CELEX:11951K/
TXT&from=PT

EUR-Lex - xy0022 - PT - EUR-Lex

 Comunidade Econó mica Europeia


Tratado de Roma (1957) – Wikipédia, a enciclopédia livre
 Comunidade Europeia da Energia Ató mica

Mudou porque tudo funcionou até 1990. A partir dai, os tratados foram alterando-se:
Tratado de Maastricht: aqui surge a UE, justapostas as outras 3 comunidades.
Houve da migraçã o econó mica para a migraçã o politica.
Em 2009, houve o Tratado de Revisã o: o Tratado de Lisboa
A primeira comunidade já desapareceu. Justificou o processo da integraçã o
supranacional.
Só havia 2 comunidades e este tratado previu a absorçã o da CEE pela EU.
Ficou de fora a CE da E Ató mica, que manteve regime decalcado, porem autó nomo.
Ainda existe, tem base jurídica em vigor, mas por remissã o.
Euratom: Direito da CE da Energia Ató mica

 Configuração da EU apos o Tratado de Lisboa de 2009


A adesã o teve curva ascendente. Hoje sã o 27 países. O conteú do intensificou-se.
Hoje há similidades entre a integraçã o economia, politica e de defesa.
O contexto tem determinado o processo de integraçã o.
Entre 1950 e 1990 a defesa era um problema que oscilava- ir para a NATO ou se
automizar.
Esta matéria autonomizou-se depois do Tratado de Lisboa, mas só recentemente
escolheu a á rea de reforço da EU.
Nã o há uma política de defesa europeia.
Há exceçõ es para a maioria qualificada: a unanimidade, como por exemplo na matéria da
defesa europeia.
Hoje, dentro do DUE, HÁ MULTIPLICIDADE DE direitos. É um fenó meno de
complexificaçã o crescente.

Mercado Comum criado pela CEE. Havia zona de comercio livre / zona aduaneira/
mercado comum / e hoje a integraçã o econó mica com uniã o econó mica e monetá ria.

Em 1950 tínhamos 2 ou 3 políticas comuns:

- Regras de transporte
- Regras de concorrência.

Hoje diluiu-se neste conjunto de territó rios. As pessoas poderem circular neste
territó rio de forma segura, e combater a criminalidade transfronteiriça.
Há um conjunto de domínios materiais: (á reas que os Estados acometeram à EU –
atribuiçõ es). Podem ser:
 Exclusiva da EU. Política da concorrência no mercado interno
 Partilhadas: EU e Estados, como por exemplo ambiente
 De complemento aos Estados.

Cada uma destas atribuiçõ es – sozinha ou em conjunto – é um objeto de estudo


diferenciado. Cada á rea é objeto de estudo pela doutrina, alguns com autonomia.
Expresso bem o fenó meno da integraçã o europeia.
Cada categoria tem um regime.
Nas atribuiçõ es exclusivas, os Estados nã o podem atuar.
Nas atribuiçõ es partilhadas, ambos podem atuar com critérios e princípios, como o
princípio da subsidiariedade.
Os Estados controlam se a EU atua quando nã o deve. Os Parlamentos nacionais
controlam o princípio da subsidiariedade. É importante porque se a EU aprovar atos
sobre tudo, os Estados e os parlamentos ficam a perder.
A UE nem sempre respeita a subsidiariedade. O Parlamento nacional tem instrumentos
para inviabilizar um processo que fira isso. Há uma tendência para a EU querer assumir
atuaçõ es para além do Estado.
Regulamento das transaçõ es comerciais, regulamento das sentenças, etc.

Hoje, inclusive, estuda-se a criaçã o de uma Procuradoria-Geral da Europa.

 Grandes momentos para a integraçã o da EU


- A partir da Primeira Guerra Mundial
Entre as 2 guerras, há 4 momentos:
1) 1923 – Proposta PAN-EUROPA
Uniã o Pan-Europeia – Wikipédia, a enciclopédia livre
International Paneuropean Union (PAN/EU)

2) 1927 – Manifesto PAN-EUROPEU – Viena


..\..\..\Pan-Europa - Coudenhove Kalergi.pdf

3) 1927 – Os Estados Unidos da Europa – faculdade de Zurique


Winston Churchill

4) 1929-1930 – Memorando de Aristide de Brilhante


Do ponto de vista jurídico, propunha uma Uniã o Federal da Europa – ao modelo
do federalismo dos EUA.
https://repositorio.ul.pt/bitstream/10451/41446/1/6-%20Cristina
%20Pacheco%2c%20Portugal%20e%20o%20Memorandum%20Briand.%20An
%c3%a1lise%20da%20proposta%20de%20uma%20Federa%c3%a7%c3%a3o
%20Europeia...%20-%20189-212.pdf

Texto: 50 anos da Europa – compilaçã o de textos


https://www.europarl.europa.eu/portugal/resource/static/files/pdfs/
60AnosEuropa_VersaoDownload.pdf

A proposta foi apresentada a ONU.


Colocar em comum a gestã o de problemas.
Relaçã o nível Estados / Europa
O tribunal de Luxemburgo é ó timo garante do DUE; garante o princípio da uniformidade
do direito da UE.
Art 267º TFUE; permite na relaçã o judicial que um tribunal nacional questione
Luxemburgo, que tem a ultima palavra
artigo 267 TFEU - Pesquisa Google

É um diá logo que também vale de baixo para cima, nã o é unilateral.


O relevo é o princípio da subsidiariedade: o Estado tem de defender suas pró prias
competências.

Histó ria da integraçã o Europeia até o Tratado de lisboa


Período entre as 2 guerras, aqui estã o os antecedentes pró ximos da gênese da EU.
Fatos Fundamentais:
1) Discurso de Churchill – Zurique – propô s os Estados unidos da europa. Foi um
marco entre as 2 guerras.
2) Momentos federais: Na Europa, tomaram-se caminhos diferentes. Surgiram em
1946 a Uniã o Europeia dos Estados Federalistas. Estes momentos fizeram
congressos (Haia em 1948), onde propunham uma organizaçã o come elementos
acima dos Estados que tomasse decisõ es. É importante pois deu-se uma ideia de
integralidade e integraçã o. Havia, dentre os federalistas, Spinelli, que apresentou
uma proposta de Tratado nos anos 80. A proposta era de integraçã o política:
criaçã o de uma Uniã o Europeia.~
Um dos antecedentes é este deputado Altier Spinelli. Defrontaram-se estas 2
correntes.
Prevaleceu a vertente soberanista.
Afastou-se o federalismo, seguiram o que defendera o UK, que a soberania
refletiu-se na organizaçã o criada e isto marcou a integraçã o europeia: a
integraçã o econó mica.

Criou-se em primeiro lugar o Conselho da Europa, com sede em Estrasburgo.


Criado à imagem de uma organizaçã o internacional:
- Tem uma assembleia parlamentar,
- Tem um comité.
Este conselho foi criado para proteger os direitos fundamentais e o Estado de Direito.

É no â mbito dele que se negocia entre os Estados e o Conselho da europa primeiro texto
de direitos humanos – a Convençã o Europeia dos direitos humanos.
Ate hoje, acedemos diretamente ao tribunal que garante estes direitos humanos.
O cidadã o pode recorrer ao Tribunal dos direitos humanos em Estrasburgo caso sejam
violados seus direitos protegidos.

Ainda hoje o conselho da Europa tem um papel fundamental de proteger os direitos


fundamentais e o Estado de direito. Tem a Comissã o, em Veneza, que acompanha o
estado de direito, que por sua vez acompanha o que se vive em alguns Estados.
Surgiu neste contexto mas mantem-se ate hoje.
No limite, a EU pode abrir o catá logo dos direitos humanos - podemos demandar o
estado português ou a UE.
Faltou apenas a integraçã o econó mica para ocorrer o federalismo.
Em 1951 – linha federalista na Comunidade Europeia do Carvã o e do Aço pois tinha
integraçã o setorial com poderes que geria estes materiais a que os Estados estavam
obrigados.
Na prá tica, quem impulsionou foi Robert Schumann.
Texto: Declaraçã o Schumann
Apresentou em 09/05/1950 em França. O texto tem um contributo importante de Jean
Monet.
Provocou a assinatura do tratado de Paris.

Sua relevâ ncia é:


 Objetivo imediato e mediato: alcançar a paz, evitar nova guerra – era um dos
objetivos propostos. Falou-se mediatamente em federaçã o europeia – a medio e
longo prazo.
 Como se faz? Colocando a gestã o dos materiais sob uma autoridade comum:
Autoridade do Carvã o e do Aço. Hoje é a Comissã o.
 Método: nã o se pode criar a Europa num dia. Método funcional ou método dos
pequenos passos: ir ciando pequenas realizaçõ es concretas para alcançar os fins
propostos.

Na sequência do Congresso de Haia, há evoluçã o tripla:

- Vertente política
- Vertente económica – OECE (plano Marshall), Benelux (econó mica mais limitada no
aduaneiro), criaçã o de uma comissã o econó mica da Europa das Naçõ es Unidas.
A carta verde do seguro tem origem aqui. Serve aqui pois se chama Certificado
Internacional de Seguro Automó vel.
Para permitir que na Europa as pessoas pudessem circular e indemnizar as pessoas
pelos acidentes.
É uma realizaçã o desta comissã o.
- Vertente defesa militar. Surgem aqui a Uniã o da Europa Ocidental e a NATO:
componente europeia e transatlâ ntica.

O fenó meno de evoluçã o da Europa teve diferentes dimensõ es que se cruzaram ao longo
das décadas.
Depois da Declaraçã o de Schumann houve 2 iniciativas que nã o tiveram sucesso pois a
França rejeitou:
 1952- CE de Defesa
 1954 – Tratado Politica Europeia

O UK era soberanista/iluminista e propô s um plano, o plano É den. Visava absorver a


comunidade de integraçã o já criadas. Nã o teve sucesso pois a França e a Alemanha
rejeitaram.
O fracasso da componente política levou apó s 1950 a que houvesse iniciativas para
promover o mercado comum.
Marcos:
- 1955: Conferência de Messines
- 1956: Relató rio que deu origem aos Tratados de Roma – foram assinados em Roma em
1957
Em Roma, foi assinado também o Tratado de fusã o de instituiçõ es – quadro institucional
ú nico da EU na sua génese.
- 1960: Tratado do Conselho da UE e Comissã o da EU
Perdurou da integraçã o de 1952 ate a década de 90, até o tratado de Maastricht.

O fenó meno da integraçã o da EU:


- Assinatura de Tratados Internacionais (multilaterais com critério geográ fico, abertos,
direito de recesso). Pode haver recesso pois esta previsto no tratado.

07703/2023

“Como chegamos da década de 50 até o presente

Houve “momentos de alargamento”

Há , hoje, novidades trazidas pela Conferencia sobre o futuro da EU, retomou-se modelos
antigos.

Quais direitos, nó s, enquanto civis, já exercemos da cidadania europeia? Livre circulaçã o,


capacidade eleitoral ativa, direito de recurso aos tribunais europeus, etc.

Linha do tempo desde 1950 até hoje


Elaboração do Catálogo dos
direitos fundamentais da UE
Alargar a UE
9
Tratado 2º Tratado Tratado Tratado Tratado Convençã o
Paris- CECA Fusã o AUE Amesterdã o Nice Lisboa da UE
1951 1965 1980 1999 2001 2009 2022 2023

1950 1957/58 1972 1992/93 2004


Declaraçã o Tratado Roma 1º Tratado Tratado da EU Tratado Constitucional UE
Schulman 1º Tratado Fusã o Revisã o Maastritch Nunca entrou em vigor

6 10 12

Pelo meio, há um tratado novo que veio marcar a integraçã o política. Antes, havia uma
integraçã o econó mica setorial (do carvã o e do aço).
Depois, passou a haver uma integraçã o econó mica global – um mercado interno com
conjuntura de política.
As políticas comuns antes de Maastrich eram poucas:
 Concorrência
 Transporte
 Agrícola

Há , portanto, 2 tratados institutivos e tratados de revisã o.

A EU foi criada ex novo. A fundaçã o da Uniã o Europeia foi com base em valores: democracia,
Estado de Direito e direitos fundamentais.

Cada tratado tem um intuito.

AUE: completar a integraçã o econó mica, ajudando aos alargamentos à sul : Grécia, Espanha
e Portugal. Começou com 6 Estados, mas houve vá rios alargamentos.

Começam a aparecer novas políticas entre a Europa originá ria e a Europa do Sul.

O QUE tem por isso novas políticas, que tem a ver com o ambiente e a coesã o econó mica e
social.

No Tratado de Amesterdão e no Tratado de Nice, alargou-se o nú mero de Estados, e isto


implicou adaptaçõ es institucionais (quantos comissá rios, como se distribuem os votos,
quantos lugares tem o novo Estado-membro no Parlamento Europeu, etc).

Na distribuiçã o de lugares, há critérios a seguir. O assento tem de refletir a gradaçã o entre


os Estados: critério de populaçã o (quantitativo).

Quantos votos cada Estado tem no Conselho da UE?

Segundo a doutrina, o Tratado de Nice, veio resolver “os restos” que o Tratado de
Amesterdã o nã o havia abordado.

O Estatuto da Cidadania europeia vem da instituiçã o da pró pria EU, mas faltava-lhe o
“catá logo” dos direitos fundamentais.
Antes de haver este catá logo, as fontes de direito dos cidadã os da EU eram:

 DUDH - OJE
 Carta Social Europeia - OJE
 Convençã o Europeia dos Direitos do Homem - OJE
 As respetivas constituiçõ es nacionais dos Estados-membro - OJN
Portanto: OJUE : 0 (no ordenamento Jurídico da Uniã o Europeia)
OJE : ordenamento jurídico dos Estados (que recebiam a nível internacional)
OJN: ordenamento jurídico nacional

O problema dos direitos fundamentais se colocou porque precisava clarificar quem pode
controlar o direito da EU.
No começo da integraçã o, o Tribunal Constitucional da Alemanha e da Itá lia, se
consideravam aptos para apreciar a constitucionalidade dos tratados – se abrogavam esta
competência.

Luxemburgo disse: como nã o há catá logo, vamos buscar “aquelas fontes”. Foi por isso que
depois, em 1992, ficou expresso o elenco dos direito fundamentais, no direito originá rio.

Este catá logo é muito relevante, pois ali estã o todos os direitos conferidos aos cidadã os da
UE.

Este catá logo tem como fonte os tratados e também as fontes tradicionais,
Esta carta inspira-se na CEDH, e devem ser interpretados por esta.

Este catá logo nã o foi elaborado como um tratado internacional, é diferente pois uso um
método novo (método convencional): um grupo de pessoas fizeram o texto e tinham
diferentes legitimidades, em 3 momentos convencionais.

Houve um projeto de Tratado Constitucional para a Europa (TECE), mas nã o entrou em


vigor pois 2 referendos de 2 países, deram negativo para ele.

Houve entã o um período de reflexã o. O Conselho Europeu deu mandato à uma conferencia
intergovernamental, que resultou no Tratado de Lisboa.

O Tratado de Lisboa é muito parecido com o tratado constitutivo, mudaram-se as


terminologias.

Estamos portanto na era do Tratado de Lisboa, com 3 Tratados em vigor:


 Tratado de Lisboa (é revisivo do Tratado da Uniã o Europeia9
 Tratado da Euratom
 Tratado do Funcionamento da EU

Lisboa redenominou a CEE, que passou a chamar-se TFUE.


07/03/2023 – Aula prá tica

TUE – institutivo TFUE – revisão

Aprovado por vá rios Estados-membro Desenvolve regimes, conforme as


Vê a Uniã o como um todo, com uma instituiçõ es exercem as suas competências
divisã o de competências, com valores e
princípios dos Estados-membros

Ambos sã o a base do direito primá rio da EU

DIREITO DA UNIÃ O EUROPEIA: cada autor se refere de uma forma diferente. Alguns usam
Direito das Comunidades, Direito das Comunidades Europeias, etc.

O mais recente é o Direito Constitucional Europeu, e o mais comum é o direito da Uniã o


Europeia

Em 2004, houve um Tratado de Constituiçã o para a Europa. Foi um fracasso pois 2 países
chumbaram no referendo.
Por se chamar “constituiçã o” implicou reticencias e inseguranças.

O Direito Euro Comunitá rio dá para os dois lados. A professora diz isso porque aquilo que
estava por trá s das comunidades, mantem-se hoje.

 Método federalista: os Estados nã o tem soberania


 Intergovernamental: tomada de poderes por unanimidade, todos os Estados tem
que aceitar.

A soberania dos estados se mantem, mas gradualmente há transferência de parcelas de


soberania à EU. – Art. 8º da CRP.

Nã o é exigida a unanimidade para todas as decisõ es.


Na manutençã o deste método comunitá rio, esta palavra desapareceu.

OBS: Nã o usar Direito Europeu


Por que? Porque a EU nã o é constituída por todos os países da Europa.

O Direito da Uniã o Europeia insere-se no Direito europeu, enquanto conjunto dos direitos
desta regiã o do mundo – Europa.
A Europa tem tendência a unir-se, houveram vá rios meios de uniã o com alianças, Império
Romano, Igreja Catolica, etc. Tem este tendência de 2 forças:

 Força das armas


 Força das ideais : com base nisto, chega-se à EU

1) 1939/1945 – auge da 2ª guerra.


Cria-se a base para esta uniã o. Considerava-se criar os Estados Unidos da Europa, à
semelhança dos EUA. Mas isto nã o durou.
2) BeNeLux : 3 Estados.

Entre 1940/1945 tentou-se unir França e Alemanha, sem sucesso.

 Discurso de Zurique: Churchill foi um politico ingles muito conhecido ,apó s a 2ª


guerra. No discurso, apresenta uma proposta de uma Confederaçã o: federaçã o.
Aproximar França e Alemanha. Discursou sobre a necessidade de haver uma
parceria entre França e Alemanha, apelou à constituiçã o dos Estados Unidos da
Europa.
É um discurso relevante. Churchill defendia a criaçã o deste Estado, nã o
pretendeu incluir a Inglaterra nele. A Inglaterra só estava na Commonwealth.

 Discurso de Haia: O discurso de Churcill contribuiu para criar um comité


internacional, por isso convocou-se o congresso de Haia.
Havia 2 vias de unificaçã o:
- federalista
- unionista
Decidiram entã o criar um comité para a Europa Unida. Optou-se pela federalista,
esta nã o se realizou.
Hoje e mais pró ximo da soberanista. A cooperaçã o governamental, onde respeita-
se a soberania dos Estados.
Começou pelo lado econó mico e nã o pela integraçã o politica.
O impacto deste congresso foi o Plano Marshall – 1947
Os objetivos foram cumpridos.
No plano de defesa , a França e o UK uniram-se em Dunquerque, os 2 contra a
Alemanha

Que relevâ ncia teve o Congresso da europa para a integraçã o da Europa? Levou a
criaçã o do Conselho Europeu. Permitiu também a adesã o dos direitos humanos,
numa primeira fase. Esta foi uma antecâ mara para as comunidades europeias.
09/03/2023

Evoluçã o histó rica

Entre os vá rios momentos, houve:

 1952: Tratado de Roma – com 6 Estados


 1973: com 9
 1979/81: com 10
 1986: com 12
 1995: com 15 (Tratado de Amesterdã o e Tratado de Nice)
 2004: com 25
 2007: com 27
 2013: com 28
 2020: com 27 – direito de recesso- saída do UK. Artigo 50ª Tratado da Uniã o,
aprovada pelo Conselho de Ministros. Houve um período transitó rio, houve um
acordo de cooperaçã o entre UK e EU.

REGIME JURIDICO DA INTEGRAÇÃO EUROPEIA

 AUE: ato de alargamento ao Sul. Houve 2 coisas que passaram a ser importantes:
1) O Conselho europeu é uma instituiçã o que aparece pela primeira vez aqui
2) Previsã o da CPE (Cooperaçã o Política Europeia).

 O Tratado de Maastritch instituiu a EU, mas nã o acabou com as comunidades


Europeias que existiam. A metodologia aplicada foi a intergovernamental.
Há uma estrutura de pilares, com 3 pilares:

1) As comunidades que já existiam, que na Declaraçã o de Schulmann com o


método funcional, tem primado, com efeito direto
2) A EU tinha 2 formas existentes:
- politica externa e segurança comum
- cooperaçã o judiciaria em assuntos internos – espaço de liberdade, segurança
e justiça .
Quando Maastrich criou a integraçã o politica, era preciso expressar a
consagraçã o de valores: democracia, Estado de Direito, direitos fundamentais.
Se há integraçã o politica, os cidadã os nacionais tinham de ter um lugar de
destaque .
A ideia de cidadania já estava na década de 50.

3) Ao pretender a integraçã o politica, tem de se refletir no seu método de


funcionamento.

O papel do Parlamento mudou – por causa da legitimidade democrá tica.


O centro decisó rio normativo passou do Conselho para o Parlamento Europeu.

Em 1979 passou a ser eleito por sufrá gio direito e universal.

O Conselho deixou de decidir sozinho os atos normativos.

Hoje, é o processo legislativo ordiná rio da EU ( o PE e o CE podem decidir, mas nenhum


decide sem o outro).

O Tratado de Lisboa veio estender as politicas da EU. Temas foram aparecendo.


Alargou-se as matérias sobre as quais a EU pode atuar.
Hoje, as politicas e açõ es da EU sã o muito vastas.

O cidadã o pode, entretanto, eleger ou referendar.

Os 2 primeiros pilares trouxeram problemas.


A doutrina ensina que a metodologia nã o era idêntica, entre eles. Em parte, esta
metodologia ainda se mantem.

Quando se compara o método do primeiro pilar, quem decide?


Em Maastrich, na integraçã o comunitá ria, quem decidia era o PE e o CE, coadjuvando
pela Comissã o.

O ó rgã o que tinha poder para decisã o nã o estava no PE/CE, estava no ó rgã o
representativo dos Estados : o Conselho de Estado. O ó rgã o que decidiu o 1º pilar, nã o
foi o mesmo que decidiu o 2º e o 3º.

Quais são as maiorias?


Evoluiu de maioria de unanimidade com veto para maioria qualificada.

A regra de deliberaçã o era a maioria qualificada.

As fontes também eram diferentes

 Fontes típicas: regulamentos, diretivas, decisõ es: vinculativas


 Fontes atípicas: recomendaçõ es e pareceres : nã o vinculativas

Os pilares intergovernamentais nã o tinham as mesmas fontes que o 1º pilar.

Uma decisã o é um ato individualizado e concreto, para um ou mais


Um regulamento é um ato obrigató rio com aplicaçã o direta, com carater geral e abstrato.
Aqui, posso invocar, pois é um direito.

A diferença do regulamento para a diretiva, é que a diretiva visa harmonizar o direito


dos Estados-membros e visa vincular os Estados quanto aos fns; tem que transpor a
matéria para o â mbito nacional.

Eu só posso invocar um direito, se o Estado transpor para o direito nacional.


Se nã o transpor, ou transpor mal, só posso invocar este direito se for de forma: clara,
precisa e incondicionada : esta fó rmula foi aplicada pelo Tribunal Europeu.

 Principio da responsabilidade do Estado: se o Estado nã o transpor, nã o podem


ser aproveitadas. Mas as pessoas podem ir ao tribunal nacional, a pedir
indeminizaçã o como se fossem ter este direito, caso a norma já fosse transporta
para o país.

Há sindicabilidade judicial

A instituiçã o da EU, quando foi criada, criou um lote de instituiçõ es (Comissã o,


Parlamento Europeu, Tribunal, etc).

Com o Tratado de Lisboa, criou-se o Tribunal de contas e o BCE – este utimo nã o é como
as outras instituiçõ es. Gere a politica monetá ria com atribuiçõ es exclusivas da EU. Os
Estados já nã o podem emitir moedas pró prias. O BCE é independente, tem
personalidade jurídica autonoma e ó rgã os pró prios. Te, regime jurídico independente.
O banco responde pelas açõ es do banco.

OS TRIBUNAIS DA UE

Inicialmente, era 1. Sofreu fusã o para julgar causas das 3 comunidades. Depois,
dissolveu-se em 2 ó rgã os: Tribunal, e Tribunal de 1ª instancia.
Depois, criaram-se tribunais especializados, e um tribunal da funçã o publica.
Depois, houve uma reforma onde o tribunal da funçã o publica foi extinto.

Ficaram, portanto , 2 tribunais:

 Tribunal Geral: funciona como se fosse de primeira instancia. Foi reforçado, tem
hoje muitos juízes. Julga as açõ es gerais

 Tribunal Superior: há um juiz para cada Estado-membro .Tem uma figura
peculiar: o advogado geral, que atua com independência e apresenta conclusõ es
sobre o caso tratado. De Portugal, o advogado geral ofi o Fr. Poiá s Maduro.
MOMENTOS HISTÓRICOS DA EU

 União Ocidental
Apó s a 2ª guerra mundial, foi assinado em 1948, no Tratado de Bruxelas.
Com 10 estados membros, 6 associados, 6 observadores, 5 parceiras associadas.
Em seu Art 4º dizia que deviam colaborar com a NATO.
A Assembleia é com os representantes parlamentares nacionais.
Lançou satélite e fez operaçõ es.
Em 1997, criou um Comitê Militar.
Passou a constituir a agência da EU.
Foi integrada na EU, e foi dissolvida.

 Declaração Schulmann
Em 1950, 5 anos apos a 2ª Guerra Mundial.
França, ministro Robert Shculmann
Plano de Jean Monnet
Em 1949 – RFA
Objetivo: era a criaçã o de uma federaçã o europeia
Falhava portanto. Porem tinha um novo método: o da integraçã o funcionalista
“Método os pequenos passos “
Supranacionalidade
Interesse comum/ base paritá ria
Anuncia tudo quanto as distintos modelos de integraçã o comunitá ria

Iniciativa CECA 1951


Pressupunha a “solidariedade de facto” – antes de avançar para a Uniã o de
Direito, tem que haver uma solidariedade de facto, isto é um ponto essencial.

Quando se deram estes passos, alterou-se o rumo da integraçã o

 CED – Comissão Europeia de Defesa


A tentativa da CED e a tentativa da CEP.
Apoiado por Jean Monnet – pelos membros da CECA – nã o é ratificado pela
assembleia de França.
Conselho de Ministros: seria o executivo
Em 1954: fim do bloqueio aduaneiro, morte de Estaline, etc.
Houve uma tentativa de “checks and balances” para a CEP
O exército europeu nunca aconteceu. A ideia começa em França, depois ela nega.
14/03/2023

A doutrina trata a Uniã o Europeia de Maastrich como uma estrutura de pilares.

Tudo o que é comum: objetivos,


princípios, valores, cidadania

CE PESC Espaço de Liberdade, Segurança e Justiça

Disposiçõ es Finais

Com o Tratado de Lisboa, passou a ser:

TUE TFUE

Açã o externa PESC


Açã o externa nã o PESC
PESC
PCSD

A estruturaçã o, o conteú do (matéria), há similitude entre Maastrich e lisboa. Entre o


meio de ambos, há o Tratado de Amesterdã o e o Tratado de Nice.
Estes dois tratados prepararam o alargamento, e visavam comunitarizar matérias.

Há 4 diferenças no método, entre um e outro:

 Os principais ó rgã os que o integram;


 Como se tomam as decisõ es;
 As fontes
 As competências.

Quanto mais intergovernamental é a matéria, quem decide é o ó rgã o que representa o


Estado.
Quanto maior intervençã o, nã o há intervençã o do Parlamento Europeu.
Quanto à regra de deliberaçã o: a deliberaçã o tende a fazer-se por unanimidade, e nã o
por maioria qualificada.
Quanto à s fontes: atos legislativos, regulamentos, diretivas. Obriga os Estados quanto
aos fins: é um instrumento de harmonizaçã o de legislaçã o.

O mandato de detençã o europeu permite uma autoridade judicial A pedir à autoridade


judicial B, que o entregue para cumprir a pena criminal.

Há agora o controlo de Tribunal de Justiça da Uniã o Europeia. Quando nasceu a


integraçã o, só havia o método de subordinaçã o.

O Tribunal aprecia as decisõ es

TJUE

TRIBUNAIS NACIONAIS

Os Tribunais Nacionais podem colocar uma questã o ao Tribunal de Luxemburgo. Uma


vez feita a pergunta, vincula. Há a subordinaçã o do primado. Exemplo: a retençã o de
dados em processos crime numa diretiva. O TJUE considerou-a invá lida e isto de
projetou nos Estados.

Há diferença no método, sobre aquilo que o tribunal pode sindicar.

Houve Estados que nã o aceitaram, pois tem a ver com a sindicabilidade.

NOTAS:
a) A comunitarizaçã o: houve parcelas do 3º pilar que foram para o método da
integraçã o.
b) Esta diferença de método ainda hoje é importante. O Tratado de Lisboa acabou
com a estrutura de pilares. A Uniã o sucedeu à CE. Passou a ser una entre entes
judiciais.

Alguma doutrina diz que houve uma falsa eliminaçã o dos pilares, mas ainda é Uniã o com
métodos diferenciados.

Tratado de lisboa:
Tratado da União
+
Tratado de Funcionamento da União Europeia

Os pilares desapareceram na PESC e na Politica Comum de Segurança e Defesa, nã o ficou


no TFUE.
As PESC e a PCSD eram intergovernamentais. Continuou no Tratado da Uniã o.
O método e sua diferença sã o importantes pois a ló gia do afastamento e da legitimidade
democrá tica somos nó s.

As diferenças a propó sito do tratado de Lisboa, mantem-se no novo quadro. Quem


delibera sobre a PESC é o Conselho.
Quanto à s regras de deliberaçã o, a PESC ainda tem a unanimidade.
Quanto à s fontes, continua a nã o haver atos legislativos na PESC.
Aqui se decide por decisõ es: atos individuais.

Em termos de política externa, há ó rgã os específicos.


O PESC de um lado, que tem o papel fundamental / Do outro lado, os restantes, com
proeminência da Comissã o e seu presidente.
Abrange uma á rea de atuaçã o externa com suas pró prias regras.

O que é sindicado no PESC?

- as sançõ es para pressionar os Estados nã o democrá ticos. Sã o as smart sanctions:


servem para pressionar o Estado, congelando bens de pessoas particulares. Primeiro foi
usado na luta contra o terrorismo. Hoje, alargou-se. É um instrumento de política do
PESC.

O artigo 24º TUE diz que a PESC está sujeito à metodologia diferente. A diferença que
havia entre a PESC e o resto, ates, continua agora.

O artigo 40º TUE: espécie de controlo. Se o ato foi aprovado com base na PESC, manda o
CE.

13/03/2023

Conferência sobre o futuro da Europa


conferecia futuro europa relatorio final 2022.pdf

Há paralelismos na conferência, no quadro da integraçã o europeia, implica diferentes


tipos de legitimidade.

É importante no exercício da cidadania.


Há uma ideia de relançamento / reaproximaçã o dos cidadã os da Europa, pois o
afastamento foi sentido dentro de mú ltiplas crises.

A integraçã o ia a correr bem mas houveram crises na Europa, por isso deu-se uma ideia
de relançamento.

Começou em 2017 com a Comissã o sobre o futuro da Europa – a Declaraçã o de Roma.


Houve uma carta aberta da presidência francesa em 2019 para um renascimento
europeu.
O presidente francês falava na ideia de associar os painéis de cidadã os.
No quadro das eleiçõ es para o PE em 2019, a guideline era o novo impulso para a
democracia europeia.

Começou-se a trabalhar para a Conferência de 2020, e houve uma comunicaçã o sobre


isso se deveria organizar – a declaraçã o comum dos presidentes das 3 principais
instituiçõ es, ditando as linhas mestras para esta conferencia.

Era uma estrutura piramidal. Na base, estavam os cidadã os. E mais 2 camadas: o
funcionamento dos painéis de cidadã os europeus e no cimo da pirâ mide, o plená rio da
Conferencia.

Na estrutura de funcionamento piramidal, todos podiam dizer algo de acordo com as


temá ticas, para a integraçã o europeia.

Há um instrumento jurídico: a iniciativa de cidadania permite aos cidadã os participarem


nestes painéis.

A organizaçã o dos painéis de cidadã os europeus: os temas foram condensados em 4


grandes temas.
Cada painel de cidadã os tinha um tema, e desse debate saiu um conjunto de propostas.
Ex: uma proposta que saiu foi acerca da saú de mental.

No topo da pirâ mide (plená rio) ia-se concentrar um debate final – já nã o só com as
legitimidades das convençõ es anteriores, mas a legitimidade popular pela participaçã o
direta, incluindo um certo nú mero destes.

No passado, os cidadã os nã o participavam nestas conferências.


É um marco. Aqui participaram. Veio para ficar, a integrar no processo legislativo
ordiná rio na EU.

O que saiu como resultado, se nã o houvesse atuaçã o das instituiçõ es, iria ficar no vazio.
As concretas decisõ es vã o depender de cada uma delas.
O legislador vai integrar as propostas em seu procedimento. Podem também vir a ser
revisã o de tratado.

No â mbito da legitimidade intergovernamental, no Conselho, houve um documento onde


definiu sua posiçã o. Nã o considerou ser uma conferência para revisã o dos tratados. O
Conselho quis agastar ab initio esta hipó tese.

A natureza jurídica desta declaraçã o comum nã o reveste efeito vinculativo. Era uma
forma de acordo interinstitucional.
A Carta dos direitos fundamentais CELEX_12016P_TXT_PT_TXT.pdf quando saiu, foi uma
proclamaçã o conjunta. Só mais tarde com o tratado de Lisboa teve cará ter vinculativo,
foi acolhendo como direito originá rio, como se fosse um tratado.

Este sentido aqui é de um autolimite. O ó rgã o administrativo pode indicar o que vai
observar. Isto se aplica à EU.

Nó s, cidadã os, podemos intentar uma açã o contra a Comissã o por nã o prosseguir com
nenhuma das 325 medidas e 49 propostas. A prá tica veio demonstrar o empenho das
instituiçõ es em dar seguimento à s propostas e de incorporar na prá tica da Uniã o este
tipo de participaçã o.

Foi representativa em sentido estatístico puro: nã o foram apurados os critérios sobre a


participaçã o. Eram critérios gerais – geraçã o do futuro. Haviam representantes dos
Estados, de gêneros, etc.

Teve um modo mais informal, como alguns avanços se fazem na integraçã o.


As fontes sã o bastante fluídas. Este tipo de participaçã o nã o esta previsto nos tratados,
nem no direito derivado.

Muitas iniciativas se tem feito à margem dos tratados.


Ex: controlo do Estado de Direito. Sã o feitos por instrumentos sem cará ter vinculativo.
Há um parecer, por exemplo, da Polonia e da Hungria, que nã o salvaguardam o direito
da EU.

Estas propostas têm de fazer rever os tratados e ser objetos de leis. Só aí passam a
incorporar a juridicidade, que se mede pela sua sindicabilidade.
Ex: há algumas questõ es que se resolveram fora dos tratados. Foram 49 propostas.
Nã o se resolveram questõ es nos tratados, mas celebrando-se tratados paralelos: o da
estabilidade.
Ex: livre circulaçã o de Schengen.

Há diferentes formas de avançar.


O que aconteceu no pó s Conferencia?
Apresentou-se o relató rio de maio de 2022 até hoje.

Houve 3 linhas seguidas pelo PE, Comissã o e CE que podem convergir:


- iniciativa legistativa
- processo ordiná rio
- revisã o de tratado

O PE nesta matéria adotou algumas posiçõ es que nã o apontam só para o PE exercer suas
competências no processo legislativo.

O PE abrir logo a via da revisã o dos tratados. Já concretizou esta via. Aprovou uma
resoluçã o sua para despoletar a revisã o e apresentou um conjunto de propostas:
minorar quando decide por unanimidade, incrementar o PE como legislador da Uniã o.
Pede que este processo tenha lugar com uma convençã o. O PE diz que a revisã o deve ser
aberta, deve ser efetuada com intervençã o de um começo e uma conferencia
intergovernamental.

Quanto ao CE, já adotou iniciativas. Faz uma avaliaçã o técnica preliminar e revista para
saber que seguimento poderia dar à s propostas: quais poderia fazer sozinho ou quais
iria precisar das outras instituiçõ es.

No Conselho, já começaram debates com as delegaçõ es nacionais.


Os Parlamentos nacionais tem algo a dizer, e as vezes nem sempre a ó ptica é idêntica.

A posiçã o da Comissã o foi a grande promotora da Conferencia. Em 06/2022, aprovou a


concretizaçã o que era “passar à açã o”. Houve um discurso do presidente da Comissã o,
que diz que ai dar seguimento.

- Carta de intençõ es da presidente


- o trabalho para 2023 – 40 iniciativas

Pretende-se agarrar este modelo e integrá -lo no inicio do processo legislativo.

Há 3 temas em particular:
 Reduçã o do desperdício alimentar
 Mundo virtual
 Aprendizagem e mobilidade

Há aspetos inovadores do modelo de debate da integraçã o europeia


Há incertezas quanto à natureza jurídica desta conferencia. O PE e o CE seguiram a ideia
da “autovinculaçaõ ”.

21/03/2023

Na aula anterior, falamos acerca de o PE já ter aberto o processo de revisã o dos tratados,
tem de notificar os parlamentos nacionais.
Há a exceçã o da regra: unanimidade
Os poderes do PE: é o co-legislador, começou com o Maastrich.

ESTRUTURA DA CONFIGURAÇÃO JURÍDICA PÓS TRATADO DE LISBOA

Houve a eliminaçã o formal da estrutura de pilares com 2 consequências:

a) A Comunidade Europeia foi absorvida pela EU.


Ficou o Tratado da EU e o TFUE (herdeiro da CE). Hoje em dia, temos 2 tratados
que regulam a EU. Nã o há hierarquia entre tratados, a (ambos tem o mesmo
efeito jurídico.
b) O Tratado de Lisboa ficou com aquilo que era mais relevante de Maastrich no
Tratado da Uniã o Europeia. Aqui estã o os elementos estruturantes da EU:
objetivos, o que é a EU, quais sã o os valores da EU ( a democracia, o Estado de
Direito e direitos fundamentais). Aqui há um preceito que vem transformar a
natureza jurídica da Carta (que é contemporâ nea do Tratado de Nice) e que foi
vinculativo: acordo institucional.

O Artigo 6º diz que a Carta, mesmo nã o estando reproduzida nos textos, tem o mesmo
valor jurídico dos tratados.
O Estado e as instituiçõ es sã o obrigados a respeitar a Carta.

A Carta passa a ser um padrã o de validade dos atos da Uniã o. Podemos invocar num
tribunal nacional contra o estado para fazer valer um direito.
Esse padrã o pode ser invocá vel.

O Artigo 6º do TUE trata dos valores e fontes.


Essa norma também tem um objetivo muito relevante: onde se diz que a Uniã o vai aderir
à Convençã o Europeia dos Direitos do Homem
-é um catá logo.

As vantagens sã o: quem pode invocar estes direitos em Estrasburgo desde que


esgotados os recursos internos.
Hoje, o Tribunal Europeu dos Direitos do Homem tem tudo a ver com o direito da Uniã o
Europeia.

Hoje, a PESC ainda está hoje na estrutura mas nã o é mais um pilar.


Ex: se a EU vai fazer missã o de combate a pirataria e há violaçã o dos direitos
fundamentais, a pessoa que foi vitima de violaçõ es nã o pode demandar a EU que
determinou a missã o. Por que?
Porque há diferença de método.
Na PESC, o tribunal nã o tem competência. Só há a medida restritiva e controlo no que é
PESC e no que nã o é PESC.

Esta ideia de adesã o da EU à adesã o da Convençã o tem vantagens para os nacionais de


um Estado-membro, com proteçã o acrescida.

Até ao Tratado de Lisboa, nã o havia uma lista de atribuiçõ es de modo fragmentado:


- atribuiçõ es só dos Estados-membros
- atribuiçõ es só da EU
- atribuiçõ es que podem ser exercidas por ambos.

Sã o hoje categorias fundamentais de domínios de atribuiçõ es da EU.


Sempre que há um tratado instituído há sempre o princípio da especialidade das
atribuições : atribuições previstas na lei.

A UE é um ente derivado, criado pelos Estados.

Há também o princípio da competência das atribuições. Ou seja, tem “aquelas


atribuiçõ es”, e nã o tem mais, apenas as atribuiçõ es que a lei lhe dá .

O Artigo 5º do TUE trata disto.

As vantagens da nova previsã o sã o:


 Há uma lista de atribuiçõ es por categorias. Está assente nos primeiros artigos do
TFUE – artigos 2º, 3º e 4º. Primeiramente, elenca-se as categorias: umas sã o
exclusivas da Uniã o, outras sã o partilhadas com os Estados, outras sã o de apoio e
coordenaçã o complementar – Artigo 6º TFUE.
 Cada categoria tem os seus domínios, e no artigo 2º encontramos os traços
essenciais de uma categoria. Ex: moeda ú nica: é da competência exclusiva da EU.
Há poucas competências exclusivas e muitas partilhadas.

O artigo 4º aborda uma clá usula geral.


No artigo 2º há as consequências da qualificaçã o. Se sã o exclusivas da EU, os Estados
perderam capacidade de executar esta competência.

É importante os parlamentos nacionais fiscalizarem a EU. Há a representaçã o que se faz


no PE e o principio democrá tico nos parlamentos nacionais.
Quando há uma proposta segundo os preceitos do tratado, os parlamentos nacionais
podem dar cartã o amarelo ou vermelho e podem inviabilizar os processos da EU, pois a
EU tem de justificar como atua.

O princípio da subsidiariedade tem critérios.

Artigo 3ª: atribuiçã o exclusiva


Artigo 4º: atribuiçã o coesã o /mercado interno, energia/ nã o taxativo: sã o competências
partilhadas.

A coordenaçã o das políticas econó micas e da politica externa nã o é exclusiva nem


partilhada. Esta diferença é aplicada pela diferença metodoló gica – artigo 24º TUE.

Artigo 4º TUE: “em especial, a segurança nacional”…. O Tratado elenca e qualifica como
exclusivas, certas atribuiçõ es do Estado.

Artigo 5º TUE: as que nã o foram atribuídas à Uniã o, sã o do Estado.

A EU tem de justificar sua açã o: artigo 5º/3: principio da subsidiariedade, é estruturante


da EU.
23/03/2023

Caraterizaçã o geral da integraçã o europeia apó s Tratado de Lisboa

Estrutura atual da EU.


- atribuiçõ es da EU e novidades que este tratado trouxe

A PESC tem 2 categorias:


 A politica externa
 A segurança comum

Há uma clausula geral de atribuiçõ es partilhadas, é levada a cabo pela Uniã o e pelos
Estados.

O principio democrático: o Tratado de Lisboa veio codificar o acervo na matéria de


democracia. Agora é um valor, antes era um principio.

O conjunto de normas de princípios democrá ticos está no Tratado da Uniã o Europeia.


Quer na democracia representativa, quer na democracia participativa.

A integraçã o de Maastrich assenta em haver uma cidadania. Há um estatuto que se


sobrepõ e ao do nacional, mas concedido pelos Estados.

Preceitos sobre cidadania: artigo 9º TUE, e 18º e ss do TFUE.

Os cidadã os devem participara na vida democrá tica da Uniao, pode significar que
possam ser inseridos num “livro branco”, e esta participaçã o apó s Tratado de Lisboa
considere outras formas de participaçã o.

Outro instrumento de democracia participativa: é possível aos cidadã os fazer uma


iniciativa legislativa europeia indireta. Hoje, o procedimento-regra é pela Comissã o.
Depois vai para o Conselho e para o Parlamento Europeu, para depois tomar-se uma
decisã o.

Artigo 11º TUE: podem propor leis, desde que hajam pelo menos, um milhã o.

Os requisitos sã o dirigidos à Comissã o.


O primeiro foi o Right of Water.

A participaçã o das pessoas funciona a montante, ou a Comissao entende e dá


seguimento. Mas tem que fundamentar.
A Comissao tem um poder discricioná rio de apresentar esta ou aquela proposta.
O tribunal confirmou o poder discricioná rio da Comissaõ .

As iniciativas de cidadania hoje sã o muitas, na Conferencia sobre o futuro da Europa,


estes requisitos nã o se verificaram: saíram de lá , 243 medidas e 49 propostas.

- Schengen começou á margem dos Tratados.


Em 2000, durante a presidência portuguesa, houve um problema na Austria – um
programa considerado contrario à integraçã o europeia. Nã o se aplicou o que estava no
tratado, mas aplicou-se sançõ es à Austria.

Chegou-se a conclusã o que nã o havia violaçã o.

Nas alteraçõ es de Nice – artigo 7º- poderia haver um tripé de sá bios e haver uma fase
prevetiva acerca da violaçã o.

É o caso de aplicaçõ es de sançõ es ao terrorismo : KARRIS/KABRIT.

No quadro do principio democrá tico, há destaque para os parlamentos nacionais.

O Artigo 12º TUE mais o protoclo 1º


Pretende evitar que a Uniã o atue quando o Estado pode atuar.

Na AR, em Portugal há controlo de subsidiariedade.


Os Tratados primam, portanto se o Regimento nã o disser nada, o Parlamento pode a
mesma exercer esta competência.

Em Lisboa, o quadro institucional ú nico foi alargado. Haviam 3 comunidades, e as


instituiçõ es antes de Lisboa, eram as mesmas.

Artigo 13º/1: Há um elenco mais alargado de instituiçõ es da EU.

Sã o ó rgã os (centro de imputaçã o da EU), sã o os ó rgã os mais imporantes.


Há um conjunto de instituiçõ es que prosseguem as atribuiçõ es da EU.

- O Conselho Europeu (no Ato Ú nico Europeu, prá tica das Cimeiras nos anos 60 e 70)
passou a constar do elenco.

Institui-se também 2 funções de controlo:


 Tribunal de Contas: controla o dinheiro da EU
 Tribunal de Justiça da União Europeia: judicial para controlar a aplicaçã o pelo
nível de cima para baixo.

O Tribunal de Luxemburgo controla a atuaçã o do Estado, e também os satos de qualquer


istituiçao da EU.

- BCE: categoria de competência exclusiva: monetária.


Há 3 novidades de preceitos jurídicos:
 Assuntos externos – atual Jose Boul – é o Alto Representante da EU para a politica
externa
 Representaçã o da EU – presidente do Conselho europeu – Ú rsula .
Estas duas novidades sã o formais.
 Apareceu também um ó rgã o, em relaçã o a açã o externa. O Serviço Europeu de
Açao Externa, é um ó rgã o de diplomacia.

Havendo presidente da CE, é rotativo.


Os Estados perderam a presidência em matéria de saú de externa, agora é só do
presidente.
Havendo alto Representante da EU, retitou aos Estados a competência que eles tinham
em matéria de PESC: era um ó rgã o do Conselho.
Cada um dos Estados exerce a presidência rotativa.

28/03/2023

Meio de prossecução dos fins da EU (formas de decidir da EU)

O artigo 3º da TUE em diante diz como se executam as atribuiçõ es da EU.


Processo de tomada de decisã o da EU, tem um processo de formaçã o da vontade, tem de
haver um procedimento de tomada de decisã o.

Tem vá rias modalidades:

1) O processo legislativo
Como se adota os atos normativos na EU.
Há o procedimento legislativo ordinário, que é o herdeiro da codecisã o (do
Tratado de Maastrich). Aprova-se o ato legislativo que intervém em ó rgã o
decisor.
A omissã o de apresentar a proposta de legislaçã o é uma omissã o contrá ria aos
Tratados.
A iniciativa legislativa da Comissã o é significativa.
Há um conjunto de regras de procedimento deste processo ordinário:
- proposta
- transmissã o ao Conselho
- leituras no Parlamento
- pode haver convergências
É um procedimento moroso.
OBS: No site do Eurolex, podemos ver o modelo real de um.
- Entre a iniciativa e o fim, pelo meio, podem intervir 2 ó rgã os consultivos.
O grande instrumento da EU é o procedimento legislativo ordiná rio.
No Tratado de Lisboa também tem o processo legislativo especial: nã o é uma
codecisã o, é quando intervém uma instituiçã o com a participaçã o do outro a
título constitutivo.
2) Percorrendo os tratados todos, há disposiçõ es que se prevê atos sem processo
legislativo.
A natureza legislativa de um ato apó s o Tratado de Lisboa é dada segundo o
procedimento usado: processo legislativo ordiná rio, podendo ser um
regulamento, uma diretiva, uma decisã o.
Temos de ver os tratados, pois eles nos dizem qual deve ser o procedimento
adotado sobre certa matéria.
- Artigos 294º e 275º do TFUE
- Artigo 7º/2: o Conselho Europeu delibera por unanimidade. Para cada matéria,
ver qual o processo de tomada de decisã o que se aplica: a resposta está sempre
nos tratados. Se forem violadas as formalidades, gera um vício de um ato. É
sindicá vel.
O processo é relevante. Todos os comportamentos sã o sindicá veis: estã o sujeitos
á legalidade latu sensu/ regras de maioria deliberativa/ regras de deliberaçã o dos
tratados.

Processo legislativo ordinário


 No â mbito do processo legislativo ordiná rio, o Parlamento Europeu é
um colegislador conjuntamente com o Conselho. Introduzido originalmente ao abrigo
do Tratado de Maastricht, quando se denominava procedimento de codecisã o, este
processo é atualmente o método de tomada de decisão da UE mais utilizado. O TFUE
altera o seu nome e alarga o seu â mbito de modo a abranger á reas de política, tais como:
 cooperaçã o judiciá ria em matéria civil,
 cooperaçã o policial,
 ajuda humanitá ria, e
 medidas em matéria de controlos das fronteiras externas, asilo e imigraçã o.
 O funcionamento do processo legislativo ordiná rio está descrito de forma
pormenorizada no artigo 294.o do TFUE. O Parlamento e o Conselho legislam em pé de
igualdade. As duas instituiçõ es adotam atos legislativos em primeira leitura ou em
segunda leitura. Se, apó s a segunda leitura, as duas instituiçõ es ainda nã o tiverem
chegado a um acordo, é convocado um Comité de Conciliaçã o.
 No â mbito do processo legislativo ordiná rio, as decisõ es sã o adotadas por maioria
qualificada, que se trata de um sistema que assegura:
 que uma decisã o é adotada quando existe uma maioria dos países da UE (55 %
na maior parte dos casos, mas 72 % em alguns casos); e
 que os referidos países representam, pelo menos, 65 % da populaçã o da UE.
 O TFUE introduz igualmente «clá usulas-ponte». Estas clá usulas permitem que o processo
legislativo ordiná rio seja utilizado noutras á reas que geralmente nã o estã o incluídas no
seu â mbito, em determinadas condiçõ es.

Processos legislativos especiais


Os processos legislativos especiais, como o seu nome implica, tratam-se da exceçã o do processo
legislativo ordiná rio. Sã o utilizados em determinadas á reas políticas mais sensíveis.
Contrariamente ao que sucede no caso do processo legislativo ordiná rio, o TFUE nã o contém
uma descriçã o precisa dos processos legislativos especiais. Por conseguinte, as regras para os
mesmos sã o definidas caso a caso com base nos artigos do tratado que estabelecem as condiçõ es
para a sua implementaçã o.
No â mbito dos processos legislativos especiais, o Conselho é, na prá tica, o ú nico legislador. O
Parlamento está simplesmente associado ao processo. Assim, a sua funçã o está limitada
à consulta (tal como ao abrigo do artigo 89.o do TFUE relativo à s operaçõ es policiais
transfronteiras) ou à aprovação (tal como ao abrigo do artigo 86.o do TFUE relativo à
Procuradoria Europeia), consoante o caso.

Desta forma, o Tratado de Lisboa introduz três tipos de clá usulas:


 as «clá usulas-ponte»;
 as «clá usulas-travã o»;
 as «clá usulas-acelerador».
AS CLÁUSULAS-PONTE
As clá usulas-ponte permitem uma derrogaçã o do processo legislativo inicialmente previsto
nos tratados. Em determinadas condiçõ es, permitem:
 «passar» de um processo legislativo especial para um processo legislativo ordiná rio para
a adoçã o de um ato num determinado domínio;
 «passar» de uma votaçã o por unanimidade para uma votaçã o por maioria qualificada
para a adoçã o de um ato num determinado domínio.
A ativaçã o de uma clá usula-ponte depende sempre de uma decisã o aprovada por unanimidade
pelo Conselho ou pelo Conselho Europeu. Assim, em todos os casos, todos os países da UE devem
estar de acordo antes de poderem ativar essa clá usula.
Além disso, o artigo 48.o do Tratado da UE introduz uma clá usula-ponte geral aplicá vel a todas as
políticas europeias (ver síntese sobre a «revisã o dos Tratados»). Existem ainda 6 outras
clá usulas-ponte específicas aplicá veis a determinadas políticas europeias e que apresentam
algumas particularidades processuais (ver síntese sobre os «processos legislativos»).
AS CLÁUSULAS-TRAVÃO
As clá usulas-travã o dizem respeito a 3 domínios:
 as medidas de coordenaçã o dos sistemas de segurança social dos trabalhadores
migrantes (artigo 48.o do Tratado sobre o Funcionamento da UE (TFUE));
 a cooperaçã o judiciá ria em matéria penal (artigo 82.o do TFUE);
 o estabelecimento de regras comuns para determinadas infrações
penais (artigo 83.o do TFUE).
As clá usulas-travã o foram criadas para permitir a aplicaçã o do processo legislativo ordiná rio a
estes 3 domínios políticos. O processo legislativo ordiná rio é assim atenuado com um
mecanismo de «travã o»: um país da UE pode recorrer ao Conselho Europeu se considerar que os
princípios fundamentais do seu sistema de segurança social ou do seu sistema de justiça penal
sã o postos em causa pelo projeto legislativo em fase de adoçã o. Neste caso, o processo é
suspenso e o Conselho Europeu pode:
 devolver o projeto ao Conselho que dá seguimento ao processo tendo em conta as
observaçõ es formuladas; ou
 pô r definitivamente termo ao processo e solicitar, se necessá rio, uma nova proposta
à Comissã o Europeia.
Desta forma, o interesse das clá usulas-travã o nã o reside apenas no mecanismo proposto mas
também no facto de permitirem o alargamento do â mbito do processo legislativo ordiná rio à s
políticas em causa. Com efeito, a introduçã o deste mecanismo no processo de decisã o permitiu
convencer os países da UE mais relutantes a aplicar o processo legislativo ordiná rio a
determinadas políticas à s quais se aplicava até agora a regra do voto por unanimidade.
AS CLÁUSULAS-ACELERADOR
As clá usulas-acelerador «aceleram» a integraçã o entre determinados países da UE ao facilitar a
aplicaçã o de cooperaçõ es reforçadas em determinados domínios.
Estas clá usulas permitem uma derrogaçã o do processo de instituiçã o das cooperaçõ es
reforçadas. Assim, graças a estas clá usulas, uma cooperaçã o reforçada é considerada autorizada
quando reú ne, pelo menos, 9 países da UE. O Conselho, o Parlamento e a Comissã o sã o assim
simplesmente informados da vontade dos países participantes de estabelecer uma cooperaçã o
reforçada.
Estas clá usulas dizem respeito a 4 domínios:
 a cooperaçã o judiciá ria em matéria penal (artigo 82.o do TFUE);
 o estabelecimento de regras comuns para determinadas infrações
penais (artigo 83.o do TFUE);
 a criaçã o da Procuradoria Europeia (artigo 86.o do TFUE);
 a cooperação policial (artigo 87.o do TFUE).
É de salientar que as clá usulas-acelerador relativas à cooperaçã o e à s infraçõ es em matéria
penal resultam diretamente da ativaçã o das clá usulas-travã o existentes para estes 2 domínios.
Com efeito, sempre que isso acontece e o processo legislativo é interrompido, os países podem
ativar uma clá usula-acelerador e continuar e concluir o processo legislativo entre si, no â mbito
de uma cooperaçã o reforçada.
PRINCIPAIS ATOS
Artigo 48.o do Tratado da Uniã o Europeia

30/03/2023

Processo legislativo ordinário

Artigos 289º e ss do TFUE

O procedimento, passo a passo, está descrito no artigo 294º.

Este processo é adotado quando o tratado o prevê.


Há uma ideia de equilíbrio de poder subjacente: no artigo 293º: a regra da unanimidade
do Conselho.

Atos da EU aprovados. Artigo 289º/2: tomada de posiçã o

Além da grande categoria do Tratado de Lisboa, há mais duas categorias de atos:


 Atos delegados – artigo 290º TFUE
 Atos de execuçã o – Artigo 291º TFUE

A execuçã o dos atos da EU é levada a cabo pelos Estados: em regra. Em alguns casos,
pode haver uma reserva de execuçã o.

Fontes obrigató rias:


 Regulamento
 Diretivas (harmonizam o direito nacional)
 Decisõ es (sã o obrigató rias para todos os sujeitos)
 Atos nã o vinculativos: recomendaçõ es e pareceres.
O conjunto de fontes vai além do 288º TFUE. Exemplo: A Carta foi proclamada em 2000.
Os Estados nã o aceitaram inclui-la no tratado de Nice. A Comissã o, o PE e o CE se
autovincularam.

Artigo 216º TFUE: acordos internacionais: parcerias comerciais internacionais

Há também as medidas restritivas:

Se o Estado nã o cumprir o que foi determinado, aplica-se uma sançã o até que ele cumpra – quem
aplica é Estrasburgo.
O primeiro caso em que Portugal foi condenado na sançã o pecuniá ria (por dia) foi sobre a
revogaçã o sobre a lei velha da responsabilidade do Estado. Lei 48051: previa a responsabilidade
baseada na culpa.

Foi feita uma lei nova em 2007, que continuava a prever o requisito da culpa, mas havia uma
diretiva, que dizia que há responsabilidade objetiva. A Comissã o entendeu que a nova lei violava
a diretiva de recursos por causa do requisito da culpa.
Houve um acó rdã o sobre isto.
Bastava Portugal revogar a lei antiga, ou entã o nã o prever o requisito da culpa.

Houve entã o uma 2ª açã o por incumprimento com a lei nova em 2007. A contenda foi, neste
caso, sobre o valor a pagar.

Há na EU dois tribunais:
- O Tribunal Europeu, que cabe recurso para:
- O Tribunal de Justiça Europeu

O ato restitutivo autó nomo previa as medidas restritivas.

Há duas linhas de sanções:


- contra o terrorismo
- na linha da PESC

Na PESC, há o cará ter intergovernamental que aqui se reflete.

Cooperações reforçadas:
Artigo 20º TUE e 326º e 334º do TFUE

Na Uniã o, há vá rias velocidades: uns Estados andam mais rá pido que outros.

No artigo 20º TUE, diz que uns Estados podem decidir avançar mais rá pido, por decisã o pró pria.

O procedimento de decisã o é pró prio.

Exemplo: Em 2017, houve um regulamento para criar a Procuradoria europeia, para combater
uma conduta lesiva dos interesses da EU: interesses financeiros, nomeadamente nos crimes de
falsificaçã o.
Artigo 46º cooperaçã o estruturada permanente

OBS: A matéria sobre a PESC está o TUE.

11/04/2023

Após o Tratado de Lisboa

1) A EU apó s Lisboa assenta em 2 Tratados com valor jurídico idêntico.

2) Temos uma Uniã o com 2 métodos:


a) Da integraçã o com subordinaçã o jurídica
b) Da intergovernamentalidade
Na histó ria da integraçã o está a forma de deliberaçã o do CE e ao longo do
tratado, consoante o caso.
Uma das propostas é dar mais poder ao PE (ou seja, aos cidadã os) e
diminuir os casos de unanimidade do CE.
3) A integraçã o acaba por conjugar elementos supranacionais da integraçã o com os
intergovernamentais com os elementos federais, sendo que nas atribuiçõ es
exclusivas está a política monetá ria.

INTEGRAÇÃO:
ELEMENTOS SUPRANACIONAIS DE INTEGRAÇÃO +
ELEMENTOS INTERGOVERNAMENTAIS +
ELEMENTOS FEDERAIS

4) Mantem uma ideia antiga da integraçã o diferenciada: com velocidades diferentes.


Ou seja, cada Estado escolhe se quer andar mais rá pido.

NOTAS: A relaçã o entre o nível de cima (supranacional ou federal) e o nível de baixo, nos
Estados-membros.

A integraçã o nasce por via de fontes típicas de direito internacional pú blico: os tratados
internacionais.

Há atos de direito derivado mas só excecionalmente tem efeito vinculativo.

Na natureza jurídica da EU, o que interessa é que há um conjunto de interaçã o entre o nível de
cima e o de baixo. A prossecuçã o dos interesses da EU envolve os 2 níveis.

A ú ltima revisã o da CRP deu lugar autó nomo à s normas europeias.


O artigo 8º, em seu numero 4, diz qual é o valor do DUE em Portugal.
Artigo 8.º - (Direito internacional)

1. As normas e os princípios de direito internacional geral ou comum fazem parte integrante


do direito português.
2. As normas constantes de convençõ es internacionais regularmente ratificadas ou
aprovadas vigoram na ordem interna apó s a sua publicaçã o oficial e enquanto vincularem
internacionalmente o Estado Português.
3. As normas emanadas dos ó rgã os competentes das organizaçõ es internacionais de que
Portugal seja parte vigoram directamente na ordem interna, desde que tal se encontre
estabelecido nos respectivos tratados constitutivos.
4. As disposiçõ es dos tratados que regem a Uniã o Europeia e as normas emanadas das suas
instituiçõ es, no exercício das respectivas competências, sã o aplicá veis na ordem interna, nos
termos definidos pelo direito da Uniã o, com respeito pelos princípios fundamentais do Estado de
direito democrá tico.

Neste nú mero 4, diz que há limites para o processo de integraçã o europeia, há garantias do
Estado de Direito.

Os Estados vã o limitar uma parte da sua soberania quando permitem os Estados façam normas
na Uniã o – princípio da especialidade das atribuições.

A regra é que os tratados tem que ser modificados por acordos entre os Estados e tem de haver
vinculaçã o interna em cada Estado.

Os Estados-membro sã o instrumentos de prossecuçã o de atribuiçõ es da EU quando transpõ e


para a ordem interna.
Os Estados são o 1º garante da EU.
Praticamente todas as á reas do direito nacional sã o afetadas pelos tratados internacionais e
DUE.

A EU impõ e condutas que o DUE protege.


Os Estados aplicam e executam o DUE.

Na EU, sempre houve confrontos entre os 2 níveis.


Nó s aceitamos o DUE, mas com limites. Podemos controlá -lo se ele violar os direitos
constitucionais

Há uma identidade de interpretaçã o.

Na Convençã o Europeia, havia o catalogo dos direitos europeus.

A Itá lia submeteu processo em seu Tribunal Constitucional sobre isto.

 Teoria dos contra limites: quando vã o contra os princípios fundamentais da Constituiçã o


italiana

No DUE, há o contencioso que ocorre por exemplo quando um Estado nã o cumpre as normas
impostas.
Os artigos 258º a 260º TFUE trata da açã o por incumprimento.
O objetivo do contencioso é interpretar o DUE.
O juiz aplica uma sançã o da desconformidade do DUE.

Aplica a sançã o do principio do primado, ao nível da eficá cia (quando a norma de baixo viola a
norma de cima).

O Estado tem “linha vermelha” pois as atribuiçõ es das competências da EU sã o derivadas: quem
dá as atribuiçõ es sã o os Estados.
Na esfera pró pria de cada um, as vezes há harmonia, e as vezes há confrontos.

Ler Acó rdã o 422/20 : primeiro do TC português sobre o Artigo 8º/4 da CRP

Estas relaçõ es sã o complexas e regidas por princípios.


Uns falam em constituiçã o multinível.
Já outros, como Poiá s Maduro, dizem tratar-se de uma constituiçã o plural.

13/04/2023

Relaçõ es entre níveis foi o que abordamos na aula anterior.

Os princípios que regem a relaçã o entre níveis sã o:

 Princípio da subsidiariedade
 Princípio do estado de Direito democrático
 Princípio da cooperação leal
 Princípio da aplicabilidade direta
 Princípio do efeito direto: criado apó s o Acó rdã o Francovich. Cada um de nó s pode
invocar uma norma de DUE. Há um cará ter preciso, claro e incondicional da norma
 Princípio do primado: precedência aplicativa do direito da cima para o espaço da EU.
 Princípio da responsabilidade dos Estados: quando os Estados violem princípios da
EU. O tribunal criou este principio em referencia à violaçã o do dever de transpor uma
diretiva até determinado prazo, findo o prazo, é um corolá rio das condutas. Quando o
tribunal criou este principio, os pressupostos de violaçã o dos Estados quanto á s normas
da Uniã o vêm de cima. Os Estados nã o podem exigir pressupostos mais exigentes. Os
critérios sã o aqueles que Luxemburgo determinou.

É preciso saber a quem se vai imputar a responsabilidade. Nos casos onde há a intervençã o dos 2
níveis, é difícil percebe quem é o responsá vel. Quando há competências partilhadas, nã o é
evidente.

Há 3 acó rdã os importantes na EU:

 FRANCOVICH
 FOTO-FROST: processo de questõ es prejudiciais. Diz respeito entre a cooperaçã o que há
entre o tribunal de Luxemburgo e os tribunais nacionais - Artigo 267º TFUE
 FACTORTAME: primado
O princípio do primado essencial da EU visa a nã o discriminaçã o em razã o da nacionalidade. O
UK quis uma maneira de evitar que as armadas espanholas pilhassem a pesca do UK e registou
os navios. O problema é que nã o pode haver discriminaçã o em razã o da nacionalidade.
O princípio do primado é proeminência do DUE.

Estes acó rdã os sã o muito importantes.

Quando uma norma do nível de baixo viola uma norma de cima, há invalidade. É a desaplicaçã o
de uma lei que é contrá ria á Luxemburgo.
Luxemburgo decretou a anulaçã o da providência cautelar emitida pelo UK.
Só o tribunal de Luxemburgo pode considerar um ato da Uniã o, como sendo invá lido.

Um ato da EU nã o pode ter um sentido para um Estado, e outro sentido para outro Estado.

Ver a diretiva sobre a retençã o de dados: Directiva 95/46/CE do Parlamento Europeu e do


Conselho, de 24 de Outubro de 1995

NOTAS SOBRE A NATUREZA JURÍDICA DA UNIÃO EUROPEIA

 O Profº Lucas Piris diz que se trata de uma uniã o de povos e Estados: A Uniã o nã o existe
sem a participaçã o dos cidadã os.
 Tese internacionalista: a EU é criada por Tratados internacionais, desde que os Estados
ratifiquem. Estas relaçõ es de tratados entre Estados dizem mais respeito à s relaçõ es
intergovernamentais, em linha reta. Cria-se um ente com determinadas características.
 Tese supranacionalista: traços de novidade no regulamento jurídico. O regulamento é
uma fonte de subordinaçã o que os Estados aceitam dando uma parcela da sua soberania.
 Tese confederalista: os Estados determinam entre si, mas o alcance da transferência da
soberania é irreversível. A medida que se transfere da parcela de soberania é muito
grande.
 Tese federalista: a EU nã o é um Estado, mas há traços federalistas. Há atividades
exclusivas: a moeda ú nica, por exemplo. Entretanto, há que se considerar que este
federalismo nã o é jurídico. Se a norma nacional violar a norma da EU, tem que ser
afastada. No sistema jurídico da EU, há um ú nico verdadeiro traço de federalismo
jurídico: está no Protocolo 4, no artigo 14º, relativo a BCE. O Estado nã o pode exonerar
um governador do BCE, a nã o ser nos termos restritos previstos na EU ,pois integra as
atribuiçõ es exclusivas da EU.
 O Tribunal Constitucional Alemã o considera ser uma associaçã o de Estados

Há argumentos para todos, há em todos fatores a favor, e fatores contra.

Quando está -se a impugnar coisas na Eu, podem haver.


 Anulaçã o; ou
 Açã o por incumprimento.

Há o contencioso da legalidade: é inspirado no nacional francês e alemã o. Até ao primeiro caso


relacionado com o artigo 14º do Protocolo 4, o contencioso destinava-se ao comportamento das
instituiçõ es.

“SUJEITOS DA ORDEM JURÍDICA DA EU”

Há 3 grandes categorias:

 Estados-membro: donos dos tratados, podem modificá -los e determinar o rumo da


integraçã o europeia. Sã o os promotores da integraçã o e determinam a evoluçã o da EU.
Podem rever os tratados e sair da EU.
 Ó rgã os da UE: sã o transversais. Aqui estã o os ó rgã os dos tratados e também os ó rgã os
especiais:

 Sujeitos infra Estaduais: os particulares ou coletivas.

18/04/2023

SUJEITOS

Estados-membro: países fundadores da integraçã o europeia, sã o os donos dos Tratados.


Determinam o rumo da EU.

Procedimento de revisão dos tratados: Na versã o pó s Lisboa de hoje, está no artigo 48º do
TUE.
Há uma dualidade e trilogia ao mesmo tempo:

Dualidade Trilogia
 Processo de revisã o ordiná ria – artigo Há um processo de revisã o ordiná ria, e um
48º nú meros 2 a 5 do TUE e; processo de revisã o simplificado , com 2 tipos
 Processo de revisã o simplificado de de processos simplificados.
tratados – artigo 48º nú meros 6 e 7 do
TUE

A propó sito do Parlamento Europeu, o processo descrito no artigo 48º/2 do TUE pode ser
alterado por um Estado-membro, pela Comissã o ou pelo PE, que abre o processo de revisã o
formalmente.
O processo de revisã o foi despelotado pelo caso da Ucrâ nia.
O Parlamento Europeu quer reivindicar mais esfera de legislador.

O processo de revisã o ordiná rio pode ser feito com ou sem convocaçã o para uma Convençã o
(esta reú ne vá rios legitimados).

Aqui, o PE abre o processo de revisã o e envia ao Conselho da Uniã o Europeia.


Os parlamentos nacionais têm papel importante.

Há 2 atos jurídicos constitutivos:


 Aprovaçã o – O Parlamento Europeu aplaude
 Ratificaçã o- os parlamentos nacionais ratificam

O processo de revisã o ordiná rio tem tramitaçã o pró pria.


O processo de revisã o simplificado tem tramitaçã o diferente, pois o seu objetivo é diferente
(Parte III do TFUE).

No simplificado, quem delibera é o Conselho da União Europeia: é uma revisã o simplificada.

Sobre o segundo processo simplificado, este é independente do tratado em geral.


Clá usula-ponte: passa da unanimidade para a maioria qualificada.
Passar do processo ordiná rio para o simplificado, é uma exceçã o à regra.
Estas iniciativas tem de ser comunicadas aos parlamentos nacionais: estes tem pode real de
controlo.
Apesar do CUE ser fundamental, nã o afasta os ó rgã os com legitimidade democrá tica.

Podem, contudo, haver alteraçõ es pontuais nos Tratados - artigo 355º/6 do TFUE.

Do ponto de vista dos princípios estruturais da EU para os Estados, devem-se observar:

 O princípio da especialidade das atribuiçõ es


 O princípio da subsidiariedade: aplicam-se à s atribuiçõ es partilhadas (artigos 4º e 5º
TUE). Há critérios para atuar com controlos nos protocolos 1 e 2.
 O princípio da cooperaçã o leal: os Estados devem fazer tudo para o promover. Vale para
o judicial, o executivo e o legislativo.
 O princípio da identidade nacional : identidade constitucional (o TC Alemã o diz que é o
limite do processo de integraçã o).
 O princípio da responsabilidade do Estado: se houver violaçã o do direito da EU. Dentro
dos Estados, os parlamentos tem papel essencial com competências. O artigo 12º TUE
elenca as competências dos parlamentos.

Acerca das instituições/órgãos/organismos da EU: a EU tem uma estrutura ú nica.


Acrescentou-se complexidade.
Tem instituiçõ es – artigo 13º TUE
Tem ó rgã os da EU: consultivos / comités/ ó rgã os nã o consultivos/ provedor europeu/ ó rgã os
em vá rias á reas como o Eurojust/agências da EU que regulam certas matérias, como por
exemplo a Agencia Marítima, a Agencia de medicamentos, etc.

Há também o Provedor de Justiça: ó rgã o de garantia da EU, de controlo da boa atuaçã o das
instituiçõ es.

O Tratado de Lisboa acrescentou 2 ó rgã os:


1) Presidente do Conselho Europeu
2) Alto Representante
Ambas as competências estã o previstas nos Tratados.
Cada previsã o dos ó rgã os nos tratados, expressa um equilíbrio institucional em cada momento.

20/04/2023

A Comissã o prossegue o interesse da integraçã o da UE.


Dentro do bloco das 7 instituiçõ es que o TUE elenca no artigo 13º do TUE, há uma diferente
das outras: o BCE.

É diferente porque integra junto com os Bancos Centrais. É um traço federal pois um Estado nã o
pode exonerar o governador do Banco Central. O BCE tem personalidade jurídica e ó rgã os
pró prios, com dualidade.

Ao longo da integraçã o, o equilíbrio de poder entre estas instituiçõ es principais do artigo 13º
TUE, a evoluçã o espelha diferentes tipos de poderes.
O sentido de “checks and balances” tem mudado ao longo dos tempos.
O PE quer mais poder, quer reivindicar o poder de ser um verdadeiro legislador, por ter
legitimidade democrá tica.

Há matérias em relaçã o as quais o papel do PE é secundá rio, sendo apenas de acompanhamento,


e a Comissã o também. Estamos a falar da PESC, onde a iniciativa é da pró pria PESC.

Essa repartiçã o varia conforme as matérias: o expoente má ximo é a PESC.

Atos típicos: artigo 289º TFUE


Atos delegados: artigo 290º TFUE
Atos de execução: artigo 291º TFUE
Mesmo na aprovaçã o de outros tipos de atos, há uma concentraçã o entre PE, Comissã o e
Conselho da Uniã o Europeia.
A comissã o é uma espécie de “governo Europeu”, com poder executivo que pode executar certos
tipos de atos legislativos.

As relaçõ es entre PE e Comissã o aproximam-se de um governo parlamentar, pois:


 O CE, por maioria qualificada, propõ e ao PE um candidato ao cargo de presidente da
Comissã o – artigo 17º/7 TUE;
 O Alto Representante é sujeito colegialmente ao voto do PE;
 A Comissã o é nomeada pelo PE;
 A Comissã o nomeada é responsá vel perante o PE pois este pode emitir uma monçã o de
censura – artigos 17º/8 TUE + 234º TFUE

O artigo 308º TFUE dispõ e que há outro ó rgã o com personalidade jurídica: o Banco Europeu de
Investimento.

PESC e AÇÃO EXTERNA NÃO PESC

Estã o no Título III que se pode rever na revisã o simplificada, deram origem as agencias e
organismos europeus descentralizados.

Há uma logica de complexidade, inclusive no tema dos bancos.


Depois da crise financeira, fez-se a Uniã o Bancá ria com supervisã o bancá ria, e também foi criada
a Autoridade Europeia de Supervisã o (seguros, reformas, seguros imobiliá rios e riscos
sistémicos).

Na Uniã o Europeia há um fenó meno: a cometologia: podem ser instituídos comités de diferentes
categorias para acompanhar a execuçã o de atos da EU pela Comissã o. Estes comités sã o
regulados em atos de direito derivado.

Princípios gerais relevantes para as instituições da UE

 Principio da especialidade de atribuiçõ es


 Principio da competência de atribuiçã o: só atuam onde lhes foi atribuído
 Principio da subsidiariedade. Domínios em que há competência partilhadas : 4º e 5º TUE
 Principio democrá tico: é fundamental, reflete a legitimidade democrá tica
 Principio da transparência
 Principio da proximidade da atuaçã o dos cidadã os
 Principio dos valores da Uniã o
 Principio da cidadania e dos direitos fundamentais
 Princípio da coerência da atuaçã o da EU – artigo 21º/3 TUE
Há uma coerência vertical: entre a atuaçã o do Estado e a atuaçã o da EU, e uma coerência
transversal: na prossecuçã o pelas instituiçõ es, tem de haver coerência nos domínios
materiais. Nã o pode haver incoerência. O Tratado de Lisboa introduziu a ideia de que a
coerência passou a ser consagrada no artigo 21º TUE. As instituiçõ es que asseguram a
coerência sã o: O Conselho da Uniã o Europeia, a Comissã o, o Alto Representante.
 Principio da solidariedade (no â mbito da crise migrató ria). Há Estados que sã o os mais
fustigados por isso, pois possuem fronteira marítima com outros Estados. Outra vertente
da solidariedade tem a ver com a segurança externa e politica comum: artigo 24º/2 e 3
do TUE. O artigo 42º/2 trata da solidariedade da EU com a NATO.

Os cidadã os sã o destinatá rios de normas, que detém direitos, assentes num catá logo de direitos
fundamentais.
A tutela destes direitos é o catá logo pró prio dos direitos fundamentais e os direitos da cidadania.

27/04/2023

Fontes: há um primado, uma aplicabilidade e uma efetividade.

Há um meio contencioso: processo das questõ es prejudiciais (nã o há federalismo jurídico na EU)
- artigo 267º TFUE.
A estrutura institucional e orgâ nica da EU tem um carater complexo. Há ó rgã os específicos e
especiais.

Principais instituições da EU

As instituiçõ es determinam como a EU avança.


Quando se trata de concretizar os fins que a EU tem, os principais sã o:

- A Comissã o : com iniciativa direta


- O Parlamento Europeu: com iniciativa indireta – poder de decisã o
- O Conselho: poder de decisã o

 Parlamento Europeu:
Representa a legitimidade democrá tica. A partir de 1979, pode-se eleger
democraticamente seus representantes. O PE nã o pode ter mais do que 750 deputados +
Presidente, os quais sã o eleitos por sufrá gio universal. Cada Estado, dentro de um tempo
em comum para todos, faz a votaçã o.
A representaçã o dos cidadã os é proporcional digressivamente para cada Estado, com um
mínimo de 6, e um má ximo de 90 lugares para cada Estado-membro.
O nú mero é fixado por ato derivado: processo de tomada de decisã o atípico.

A ú ltima composiçã o do Parlamento Europeu para a legislatura de 2019-2024 foi afixada


pela Decisã o 2018/937 de junho de 2022 – a partir da saída do UK, sã o 707 deputados,
sendo: 21 para Portugal, 96 para Alemanha e 6 para Malta e Chipre, por exemplo.

A Decisã o 2022/2518 fixa a populaçã o dos Estados-membros da EU.


A populaçã o é relevante para as tomadas de decisã o do Conselho.
Sobre as competências do PE:
- competência orçamental juntamente com o Conselho – artigo 314º TFUE
- competência legislativa
- controlo politico e soluçõ es sobre a Comissã o: 234º/226º/227º/225º/230º/233º

Estatutos adotados pelo PE:


- regulamento interno dos ó rgã os – 223º
- adoçã o de estatuto dos partidos políticos – 224º

Tem sessã o anual – artigo 229º


Tem sessõ es extraordiná rias: 229º/2

A votaçã o é por maioria: artigos 231º e 232º

Os deputados eleitos sã o agora organizados por grupos de políticos, sendo 7 grupos


atualmente.

 Conselho Europeu:
Tem legitimidade integrativa conforme os artigos 13º e 15º TUE, e 235º e 236º TFUE
Tem mais impulso politico na EU, nele tem assento o Chefe político da EU.
É composto pelo presidente do Conselho, com mandato de 2 ½ anos.

Competências:
Sã o competências gerais, de impulso do desenvolvimento da UE, definindo as
prioridades.
Tem competências para:
- eleiçã o do pró ximo Presidente;
- adota por unanimidade, por iniciativa do PE e com aprovaçã o destes, uma decisã o que
determine a composiçã o do PE - artigo 14º/2 / 2º pará grafo TUE
- tem poderes para vincular o Governo do respetivo Estado-membro e exercer o direito
de voto – artigo 16º/2.
- fixa as formaçõ es dos Conselhos (com exceçã o dos Negó cios Estrangeiros)- artigo 31º/
2 e 4 do TUE
- processos de tomada de decisã o da EU, nomeadamente os processos por
incumprimento dos valores da EU (artigo 7º/2 TUE) e determinaçã o dos objetivos da
PESC – artigo 22º TUE

Abaixo do Conselho Europeu, há o Conselho da Comissã o.


OBS: Nã o confundir NUNCA o Conselho da Uniã o Europeia com o Conselho Europeu.

O Conselho Europeu tem ó rgã os pró prios:


- a assembleia parlamentar
- os ministros

A Comissã o Europeia está para o Conselho Europeu, como a Carta está para a Uniã o
Europeia.
02/05/2023

Conselho: reparte o poder legislativo e a funçã o orçamental. Tem também funçã o de


coordenaçã o – artigo 16º TUE
Há proteçã o da presidência do Conselho

Funções:
1) Com a Comissã o e o Alto Representante, assegura a coerência com os Estados
2) Elabora a execuçã o da PESC (tudo o que é PESC, é do Conselho) Artigos
48º/49º/50º TUE: O Conselho tem papel fundamental na PESC.

A Comissã o aqui nã o tem a iniciativa que tem em outras matérias.


O Conselho é um ó rgã o intergovernamental. Sua composiçã o reflete aos representantes dos EM.

O Conselho nã o tem uma só formaçã o, tem vá rias, consoante as matérias que trata.
Tem um Presidente mas os Estados, por rotaçã o, presidem.

A Decisã o 908/2009 com a versã o Nº 2016/1316 estabelece a lista das presidências rotativas.
Há um trio de presidência com rotatividade de 6 meses.

Regra de deliberaçã o do Conselho: hoje é a maioria qualificada.


Há casos de unanimidade (no Conselho e no CE).

Artigo 238º/4 TFUE: a abstençã o construtiva nã o impede a deliberaçã o do Conselho por


unanimidade.

Até 2014 os patamares da maioria qualificada eram:


1) 1º patamar: a distribuiçã o de nú mero de votos do Conselho
2) 2º patamar: nú mero de Estados
3) 3º patamar: percentagem da populaçã o (apó s Tratado de Lisboa).

A preocupaçã o era nã o deixar que alguns poucos Estados grandes decidissem, por isso há
minoria de bloqueio de 4 Estados Membro.

Esses 2 patamares sã o mais exigente quanto à PESC.


A proposta da Comissã o é uma garantia de que a proposta reflete o interesse da integraçã o
europeia.

No Conselho há equilíbrio entre Estados grandes, médios e pequenos.


Na Comissã o, há um comissario por EM: há equilíbrio.
A comissaria de Portugal neste momento é Elisa Ferreira.

Artigo 17º/ nú meros 7 e 8: investidura da Comissã o


Tem uma característica fundamental: uma vez investida a comissã o, ela é independente.
Deve exercer com total independência dos Estados e de outras instituiçõ es.
Uma competência fundamental da Comissã o é a prossecuçã o do interesse geral da integraçã o da
EU e a prossecuçã o da legalidade da EU. Ela é considerada a guardiã dos Tratados.

A Comissão também tem:


- Competência de representaçã o da EU.
- Tem competências pró prias (só ela pode exercer), como o auxilio aos Estados, e as regras de
concorrência, sendo a politica da concorrência é perseguida pela Uniã o e pelos Estados.
- competência de negociaçã o: o Conselho confere à Comissã o negociar os tratados
internacionais.
- a Comissã o aprova os relató rios anuais sobre a boa aplicaçã o do DUE (atos atípicos).

O Presidente da Comissã o tem competências pró prias.


O Alto Representante tem a sua indicaçã o feita pelo CE e tem o chapéu intergovernamental. Ele é
o vice-presidente da Comissã o e tem a presidência do Conselho na formaçã o do MNE.

A comissã o pode ter uma monçã o de censura pelo PE.

04/05/2023

Tribunal de Justiça
É uma instituiçã o desdobrada em 2 tribunais, que repartem entre si os meios contenciosos:
1) Tribunal Geral
2) Tribunal de Justiça (com advogados gerais e um juiz por cada EM).

Tudo o que é açã o contra um Estado, e da competência do Tribunal de Justiça.

As questõ es prejudiciais sã o pelo TJUE: para garantir a uniformidade de aplicaçã o do DUE.

Nas fontes de DUE, a jurisprudência do Tribunal da Uniã o tem grande e relevante importâ ncia na
ordem jurídica da EU.
Nos acó rdã os, promove a integraçã o com a respetiva interpretaçã o do Direito. Atualiza a criaçã o
jurisprudencial de princípios, que nã o estã o escritos nos Tratados. Ex: primado, efeito direto,
principio da responsabilidade do Estado, etc.

Hoje o TJ tem um papel na promoçã o do valor de Estado de Direito, e um exemplo disso sã o as


açõ es de incumprimento contra a Poló nia.
O TJ é muito relevante, cria princípios pró prios e sua jurisprudência tem um lugar que em regra
um tribunal nã o tem.

O acó rdã o de FRANKOVICH fala sobre o principio da responsabilidade da Uniã o.


O acó rdã o BRASSERIE DIU PECHART fala sobre a fixaçã o dos pressupostos para a
responsabilizaçã o dos Estados.

A esfera pró pria do DUE é o primado.


O que o juiz faz na pratica, é aplicar o primado e desaplicar a norma naquele caso em concreto,
aplicando assim a sançã o do primado.
Se houver uma queixa de um Estado internamente, é ao Provedor de Justiça nacional.
Se houver uma queixa de um EM, é o Provedor de Justiça Europeu (formula recomendaçõ es).

DIREITOS FUNDAMENTAIS E CARTA

1º Havia a consagraçã o esporá dica dos direitos fundamentais nos Tratados


2º houve uma evoluçã o do TJ, que passou a proteger os direitos fundamentais por via dos
princípios gerais: pelas constituiçõ es nacionais e pelas convençõ es, que vigoravam como
princípios gerais de direito.

A partir de Maastrich, consagrou-se a proteçã o dos direitos fundamentais e as fontes materiais


de direitos fundamentais.

A Carta nã o vinculativa foi observada do Tratado de Nice ao Tratado de Lisboa, mas trouxe 2
novidades:
- os direitos fundamentais estavam elencados (maioritariamente), passando a ser vinculativa;
- proteçã o do CE: aderiu-se à Convençã o Europeia para a proteçã o.

Contudo, a adesã o formal à Carta ainda nã o ocorreu. Para que houvesse o entendimento de se
aderir, precisou-se alterar a Convençã o – o que ocorreu no protocolo 14.

Há um projeto de 2013 e um parecer negativo do TJ sobre esta adesã o – artigo 218º TFUE.
Agora, há uma renegociaçã o com vistas a adesã o para ultrapassar os comentá rios negativos do
TJ.

CDFUE Artigos 51º a 54º: interpretaçã o e integraçã o da Carta.


A Carta difere os conceitos dos princípios – artigo 52º/5. Os direitos sã o subjetivos e os
princípios devem ser observados e aprovados.

NOTA: Ver o Praesidium nas anotaçõ es à Carta, nos artigos 2º, 3º e 4º da CEDH.

Quem está obrigado à Carta?


O Estado (se estiver em causa o DUE), os ó rgã os, instituiçõ es e organismos da Uniã o.
Quando o assunto nã o disser respeito ao DUE, os Estados nã o estã o obrigados pela Carta.

Há correspondência entre a Carta e a Convençã o?


A Convençã o é o standard, é o mínimo de proteçã o. A Carta tem sentido mais alargado de
proteçã o.

09/05/2023

Carta- aspetos mais importantes


Só os direitos subjetivos devem ser protegidos.
Os interesses devem tornar-se legislaçã o para serem invocá veis.

A aplicabilidade do DUE implica o respeito pela Carta. Isso tem gerado conflitos com os
Tribunais Constitucionais, inclusive o Alemã o, como por exemplo na base de dados na luta
contra o terrorismo (pode haver assuntos relacionados com o DUE e outros que sã o de cariz
nacional, por isso neste caso nã o se coloca a questã o prejudicial9.

Exemplos de situações:
a) Se disserem: vamos apreender dados da net dos operadores nacionais.
As empresas atuam no mercado interno, os Estados tem de respeitar
a Carta.

b) Se disserem: quando os ó rgã os de instruçã o criminal nã o apreenderem os


dados, vamos tomá -los de alguém.
Aqui não se palica a Carta mas sim a CRP, o DIP e a legislação
interna.

Traços essenciais do regime da Carta

1) O sentido e o â mbito que estã o na Carta tem correspondentes na CEDH.


Devem ter o mesmo â mbito de proteçã o. A CEDH é o nível mínimo de proteçã o da Carta.
O TJ já disse vá rias vezes, como no caso DOROBANTU, como a Carta está incorporada no
DUE

2) A ideia de maior nível de proteçã o dos direitos fundamentais.


Há um problema do nível de proteçã o. Ver acó rdã o Melloni: caso da emissã o de um
mandato onde pedia-se à Espanha para a pessoa cumprir pena em Itá lia.
Estava em causa o princípio do reconhecimento mú tuo.

3) Aplica-se aqui as restriçõ es se houve ofensas aos direitos fundamentais, com a


observâ ncia do princípio da proporcionalidade. Artigo 54º Carta: proibiçã o do abuso de
direito.

4) A Carta tem como fonte material a CEDH. Na relaçã o do TEDH com o sistema da Carta, os
Estados sã o parte e sã o demandados por violaçã o nos casos alusivos aos emigrantes.

Há uma doutrina que o Tribunal tem evitado: em princípio podemos controlar a integraçã o da
EU.
O Tribunal Europeu tem a mesma postura: admite que controla a violaçã o da Convençã o, mas
abstém-se a apreciar quanto ao nível de proteçã o da Carta.

Hoje os Estados podem ser demandados no CEDH quando estã o a aplicar o DUE.
Na ú ltima década, o Tribunal de Luxemburgo tem um diá logo uniformizante com o TEDH com
alguma tendência na proteçã o dos direitos fundamentais.
Efeitos Jurídicos da Carta

 É vinculativa – obriga os Estados e a EU


 Dever de respeito e observâ ncia por ela pois promove os direitos fundamentais
 Faz a interpretaçã o da autoridade nacional
 Há sindicabilidade: É um parâ metro de validade do comportamento dos Estados e da
Uniã o
 Há 3 princípios fundamentais que tem a ver com a sindicabilidade:
a) Princípio da autonomia processual: enquanto a EU nã o disciplinar o
contencioso dos EM, estes tem autonomia para isso
b) Princípio de equivalência: o meio processual para defender um direito da
EU nã o pode ser mais gravoso do que os meios nacionais.
c) Principio da efetividade mínima: os meios que o Estado organiza nã o
pode tornar responsá vel ou excessiva a concretizaçã o do direito.

O TJ pode aplicar sançõ es para os Estados.


A Comissã o aplica sançõ es à s empresas.
A sançã o jurídica é a ineficá cia: o juiz nã o pode aplicar aquela norma pro violaçã o do DUE, caso a
norma ponha em causa um direito fundamental.
A Carta obriga a que todos os poderes do Estado nã o a contrariem.

16/05/2023

CEDH – Adesão

O projeto de adesã o é um projeto antigo.


Só com o Tratado de lisboa é que ficou uma previsã o de que a EU aderirá à Convençã o Europeia
dos Direitos Humanos. (Para a professora, é uma previsão de meios, não pode ser uma obrigação
de fins pois implica celebrar um tratado que envolva outros EM).

Intuito da adesão:
Em geral, é melhorar a proteçã o dos direitos fundamentais da Europa, de forma mais alargada.
O valor mais alargado da adesã o é se a EU aderir, o sistema da CEDH deixa de apreciar somente
os Estados, mas passa a apreciar a pró pria EU.

Hoje, o TEDH aprecia os EM, incluindo os EM da Uniã o (mesmo quando aplicam o DUE, como nos
casos de asilo político).
Se a Uniã o aderir, o TEDH passa a poder demandar a EU em Estrasburgo.

A CEDH tem direitos iguais aos da Carta.


Ao aderir, pode demandar-se nesta sede.

O protocolo 14 diz respeito ao CEDH. Sem este protocolo, nã o podia projetar-se a adesã o.
Questões jurídicas quanto a adesão:

1) Saber a quem se vai imputar a responsabilidade: aos EM ou á Uniã o?


É um problema de imputaçã o, responsabilidade e co-responsabilidade.
Está ligada a matéria de atribuiçõ es. É preciso entã o saber quem está a atuar.

2) A quem se vai imputar a responsabilidade do caso) O tribunal de Estrasburgo ou de


Luxemburgo?
Há a possibilidade de o Tribunal de Estrasburgo intervir quando o TJ nã o tenha
intervido, na questã o concreta. Há meios contenciosos diferenciados.
As açõ es por incumprimento estã o no artigo 258º a 260º TFUE.

3) Possibilidade de fazer intervir previamente o Tribunal de Luxemburgo antes do Tribunal


de Estrasburgo decidir.

Neste aspeto, as fontes de direito do DUE podem ter 2 categorias:


- acó rdã os celebrados só pela Uniã o
- acó rdã os mistos.

Mecanismo do protocolo 16: os tribunais nacionais podem colocar o mesmo sistema antes de
julgar.

As questõ es prejudiciais interpretam, dã o validade e só podem ser por questõ es colocados por
tribunais nacionais.
Entretanto as questõ es prejudiciais sã o facultativas, mas seus efeitos sã o sempre vinculativos.

A questã o da adesã o só foi retomada em 2019.


A Comissã o é a negociadora conforme dispõ e o artigo 218º TFUE – ius tractum da Uniã o.

Questões que fazem parte da renegociação:


- tem de haver mecanismos específicos – artigo 3º do projeto
- funcionamento das petiçõ es interestaduais
- pedidos de parecer segundo o Protocolo 16. (Portugal ainda nã o aderiu a este Protocolo).
- princípio da confiança mutua entre os EM.

Está sujeito ao Conselho, e como é um acordo misto, os EM tem de aprovar.

Qual é o valor que o CEDH traz aos direitos dos particulares?


É demandar a EU sozinho, mas somente para direitos previstos na CEDH e nos Protocolos.

NOTAS sobre as fontes:


O resultado que sai de um processo legislativo, integra as fontes do direito da EU:

1) Tratados: direito originá rio


2) Princípios gerais de direito: primado, efeito direto, etc
3) Direito derivado. Artigo 288º x recomendaçõ es e pareceres x atos delegados e atos de
execuçã o
4) Acordos internacionais: expressã o do ius tractum. Artigo 218º pela EU (pelas outros, é
regulado pela Convençã o de Viena).

23/05/2023

Revisão Geral da matéria e dúvidas

O Tratado de Lisboa nã o tem autonomia, é revisivo.


Há uma atualizaçã o sobre os valores da EU.

Há 2 disposiçõ es essenciais:
- O artº 2 e o art 7º do TUE. Poder de sancionar os riscos de violaçã o manifesta, e sançõ es
quando seja declarado que o EM violou o DUE.

A Conferencia sobre o futuro da Europa debruçou-se sobre isto e deu propostas de melhora
dos instrumentos de controlo do Estado de Direito.

Novos instrumentos apó s o Tratado de Lisboa:


- produçã o de direito derivado atípico onde a Comissã o veio instituir novo quadro para o Estado
de Direito, em 2014.
- O art 7º TUE é um quadro complexo e muito exigente em deliberaçã o (mais exigente – sã o as
maiorias qualificada), e em algumas fases exige a unanimidade.

Este processo que foi pensado na década de 90 chegou ao momento de aplicar-se na prá tica.
A Comissã o (como o procedimento é muito exigente e há o risco de violaçõ es sistêmicas do
Estado de Direito), entendeu que nã o é á gil, pode por em perigo o poder judicial.

Os protocolos têm valor de tratado.

Há maior incisã o dos parlamentos nacionais.


Há maior rigor sobre o princípio da subsidiariedade e da proporcionalidade
Os Bancos Centrais têm natureza de federalismo jurídico
O protocolo sobre o Estatuto do Tribunal de Justiça auxilia nas questõ es prejudiciais
A Carta tem força de direito originá rio.
A Comissã o entendeu que era muito difícil aplicar o artigo 7º e a açã o por incumprimento só
funciona quando se viola o DUE. A Comissã o quis criar um procedimento administrativo a
montante do artigo 7º:
1) 1ª ETAPA:
a) A Comissã o avalia a situaçã o do EM
b) Emite um parecer (o Estado é ouvido)
c) Aprecia a resposta do EM
d) Emite uma recomendaçã o sobre o Estado de Direito (fez isso à Poló nia, onde emitiu um
parecer e uma recomendaçã o mas nã o teve efeito prá tico. A Comissã o despelotou a fase
preventiva do processo pelo incumprimento qualificado, mas nã o chegou a lado
nenhum).

O novo quadro da Comissã o desde 2014 nã o surtiu efeito, nã o se passou da fase preventiva.

2) 2ª ETAPA:
a) Na sequência de varias iniciativas do PE que propunha o diá logo estruturado sobre o
Estado de Direito, a Comissã o aprovou e instituiu um mecanismo sobre o Estado de
direito
b) Aqui, há um ato de direito derivado atípico: relató rios sobre Estado de Direito
c) Aprecia e diz o que está mal. No relatório de 2022, apresentou recomendações ao EM,
tal como fazia no novo quadro.
d) Problema: as recomendações não são vinculativas. Tem um efeito político de
transparência por indiciar o que está mal no EM, mas não tem grande eficácia nem é
vinculativa.

3) 3ª ETAPA:
a) Adoçã o de instrumento com natureza vinculativa
b) Reveste a natureza de regulamento ou diretiva
c) Aprovou-se um regulamento.
d) Em 2020, aprovou-se no quadro orçamental de 2021-2027, este regulamento
plurianual.
e) Serve para identificar violaçõ es do principio do Estado de Direito, o princípio da
legalidade, etc.
f) A Comissã o pode propor medidas ao Conselho, de ordem financeira. Pagamentos a
ser feitos ou suspensã o de benefícios ao EM que cometeu tal violaçã o.
g) Se o Conselho adotar estas medidas, o EM fica sem receitas.

NOTAS:
Este instrumento é o ú nico que obriga o Estado, e nã o considera a violaçã o como um fim, mas
como um meio: sã o para por termo ao orçamento, há uma afetaçã o direta dos interesses
financeiros da EU.
Até hoje é o ú nico instrumento de proteçã o financeira da EU.

Há 2 fatos importantes:

1) A Comissã o pode aprovar a chamada orientaçõ es a que se autovinculou. Estas


orientaçõ es sã o sobre a aplicaçã o deste regulamento plurianual.
2) Este regulamento foi impugnado pela Poló nia e pela Hungria e o TJ disse que o
regulamento é vá lido. Os argumentos destes países eram:
- Tinha a ver com as atribuiçõ es e competências: a EU nã o tinha competências para
aprovar este conteú do;
- Nã o é possível aprovar isso sem considerar o artigo 7º TUE.

A invalidade deste regulamento foi posta em causa, mas mesmo assim entrou em vigor.

O papel mais importante da proteçã o do Estado de Direito compete ao TJ:


- em questõ es prejudiciais – artigo 19º TUE;
- em casos de incumprimento,
- em casos de recurso de anulaçã o.

30/05/2023

INSTRUMENTOS DO ESTADO DE DIREITO

O Regulamento de 2020 traz proteçã o ao orçamento da UE. É de condicionalidade financeira,


sendo o ú nico instrumento jurídico vinculativo. Já foi aplicado na prá tica na Hungria e na Polonia
(esta ultima com 1 parecer e 5 recomendaçõ es).

Aplicou-se este regulamento e considerou-se se havia violaçã o do princípio do Estado de Direito.


Entendendo que havia, propô s ao Conselho a adoçã o de medidas.

Há uma dificuldade de eficá cia destes instrumentos: o artigo 7º/1 acerca do PE e da Comissã o:
nã o foi possível chegar a um consenso sobre a maioria que deve haver nestes casos.

O relató rio do Estado de Direito contem recomendaçõ es, mas este relató rio nã o tem efeito
vinculativo.

Sobre o Estado de Direito, a jurisprudência do TJUE tem um papel relevante.

Na Conferencia sobre o futuro da Europa, houve um painel que se pronunciou sobre o Estado de
Direito e apresentou propostas: extensã o dos mecanismos de condicionalidade financeira à
todas as outras á reas.

Temos de saber se as instituiçõ es da EU vã o dar seguimento à s propostas.

A adoçã o destes vá rios instrumentos novos dá -se em paralelo com o fato de o TJ ter um papel de
proteçã o do Estado de Direito, enquanto valor da Uniã o.

A jurisprudência aqui fundamenta-se em 3 vertentes:

1) A afirmaçã o de que o Estado de Direito está em conexã o com o artigo 19º TUE (tutela).
Os tribunais nacionais juntamente com Luxemburgo têm a tutela e a garantia do Estado
de Direito.
2) O tribunal a propó sito das questõ es prejudiciais, aprecia as violaçõ es dos princípios do
Estado de Direito, em particular a independência judicial – vale para o nível de cima e
para o nível de baixo.
O caso mais importante é o L & M. Tem a ver com as falhas sistémicas do sistema judicial.
Queria saber se podia recusar um mandato invocando o visado.
Sem independência nã o há tutela, nem garantia.
Pode haver situaçõ es onde o juiz pode avaliar o direito fundamental, que prejudica o
sistema judicial.
O tribunal nã o diz o que sã o as falhas sistémicas.

3) Houve a sistemá tica condenaçã o da Poló nia por açã o por incumprimento. Violaçã o do
DUE e do princípio do Estado de Direito.
As açõ es por incumprimento podem ser em 1º ou 2º grau.
A Poló nia nã o executou a decisã o do tribunal, e tem que pagar uma multa até cumprir.
O tribunal veio buscar esta jurisprudência sobre o Estado de Direito e seguiu o caminho
da abertura.

A jurisprudência do tribunal compagina artigos e contribui para consolidar o Estado de Direito.

Exemplo disto foi o modo como o Tribunal (no caso dos juízes portugueses), fixou o que se
entende por independência do poder judiciá rio. Esta independência ocorre em 2 esferas:

Independência interna Independência externa

Sobre a imparcialidade e distanciamento das Autonomia sem vinculaçõ es, com superiores
partes do litígio. hierá rquicos
Dever de imparcialidade para se julgar os Nã o Subordinaçã o em relaçã o a quem quer
casos que seja
Considera-se o direito fundamental de poder
obter uma decisã o imparcial

O acó rdã o sobre os juízes portugueses é um marco sobre os valores da Uniã o.

Neste acó rdã o, os juízes diziam que nã o podiam ter cortes salariais pois sua profissã o nã o
permite que aufiram rendimentos de outra atividade profissional.

Críticas:
O tribunal nã o densificou o conceito de Estado de direito e o conceito de deficiência (falha)
sistêmica.

No TEDH, há um procedimento chamado acórdão piloto.


Ocorre quando há uma violaçã o de um Estado que gera muitas queixas.
Ex: a lei inglesa que dizia que os detidos nã o podiam votar. Gerou muitas queixas ao TEDH.

Neste acó rdã o piloto, quando se decide um caso, os outros casos ficam logo resolvidos.
Nestes acó rdã os, identifica-se primeiro a violaçã o estrutural, e infere respeito à independência
do sistema judicial.

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