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Resumos de Direito da União Europeia

Índice
História do Direito da União Europeia........................................................................................ 1
Comunidade Europeia do Carvão e do Aço................................................................................. 1
Tratado CEE e CEEA...................................................................................................................... 3
Entrada e Saída dos Estados Membros da UE............................................................................. 4
Tratados Modificativos................................................................................................................ 4
Processo de Integração Europeia................................................................................................ 5
Fase de integração económica.................................................................................................... 7
Instituições Europeias............................................................................................................... 10
Fontes de Direito da União Europeia........................................................................................ 15
Princípios da União Europeia.................................................................................................... 17
Competências da União Europeia............................................................................................. 20
Tutela Jurisdicional Efetiva........................................................................................................ 22
Princípio da União de Direito.................................................................................................... 23
Princípio da Efetividade............................................................................................................. 25
Relações entre o Direito da União Europeia e o Direito Interno.............................................. 27

História do Direito da União Europeia


Até 1950, o direito da união europeia não existia, tínhamos o direito interno dos estados,
existiam organizações internacionais, mas todas com características diferentes das que iremos
estudar.
Alargamentos- as bases estão estabelecidas no documento de 1950, a declaração Schuman
O Alargamento é o processo pelo qual os Estados aderem à União Europeia, depois de
preencherem um conjunto de condições políticas e económicas.
Direito da União Europeia surgiu em 1950 cinco anos depois do fim da Segunda Guerra
Mundial, as nações europeias continuavam a braços com a devastação causada pelo conflito
levando a que existisse a necessidade de fusão dos interesses económicos para melhorar o
nível de vida e constituir o primeiro passo para uma Europa mais unida. E nesse mesmo ano
Robert Schuman, ministro dos negócios estrangeiros de França, apresentou uma proposta de
criação de uma Europa organizada, requisito indispensável para a manutenção de relações
pacíficas entre todos os estados europeus e esta declaração vai levar ao nascer destas
matérias, pois lá são transmitidas as ideias desta nova construção que vai criar uma ordem
jurídica. Esta proposta, conhecida como “Declaração Schuman” é considerada o começo da
criação do que é hoje a União Europeia.

Comunidade Europeia do Carvão e do Aço


Schuman propunha criar a Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (CECA), surgindo assim
em 1951, com a assinatura do Tratado de Paris dando se origem à primeira comunidade de
estados, ou seja, a Comunidade Europeia do Carvão e do Aço. Começamos com uma
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organização setorial que é o carvão e o aço. O convite foi feito aos países da Europa e apenas 6
respondem, no artigo 52º TUE encontramos 28 países (riscando o Reino Unido) sendo assim só
27. Os países fundadores foram a França, Alemanha, Itália, Bélgica, Holanda/ Países Baixos e
Luxemburgo (Benelux, sendo este um acordo económico que funcionava antes da criação da
primeira Comunidade, sendo que foi criado em 1932.)
E estes 6 países fundadores elaboram um Tratado (texto jurídico entre Estados e que faça fé
jurídica, e este é feito por um representante de cada Estado. Estamos perante um texto que foi
votado através do acordo de todos, ou seja, só com unanimidade é que irá ser tomada a
decisão. Tendo cada Estado regras diferentes na sua Constituição, cada um dos representantes
traz o texto para casa art.161º i) da CRP sendo a Assembleia da República quem irá aprovar os
tratados) e cada Estado na sua Constituição vai ter um processo interno a que chamamos
ratificação dos tratados (confirmar).
Quando todos os países fizerem isso, é que vão comunicar entre si (depositando essa
confirmação) e só nessa altura é que o tratado vai entrar em vigor, ou seja, aquele texto vai ser
assinado e passa a funcionar na ordem jurídica internacional.
Nota: Nos tratados encontramos sempre duas datas, Tratado de Lisboa(pág.224)  13 de
dezembro de 2007 data em que o texto foi assinado pelos representantes dos países
participantes, artigo 6º do tratado de Lisboa  o presente tratado entra em vigor no dia 1 de
dezembro de 2009
A CECA (Comunidade Europeia do Carvão e do Aço) é a primeira organização de
integração(associação) e esta teve de criar órgãos para funcionar plenamente sendo os seus
órgãos o parlamento europeu, a comissão, o conselho e o tribunal de justiça das comunidades
europeias.
Pelo tratado CECA seis Estados europeus (França, Itália, Alemanha, Bélgica, Luxemburgo e
Países Baixos) decidiram pôr uma autoridade comum todo um setor produtivo.
A CECA tinha, essencialmente, dois tipos de objetivos:
 Políticos - manutenção da paz no mundo;
 Económicos e sociais - tinha como fins a contribuição para a expansão económica, o
aumento do emprego e o relançamento do nível de vida nos Estados-membros …
Os órgãos criados pelo Tratado CECA eram os seguintes:
 A alta autoridade - órgão com poder de decisão;
 A assembleia - formada por delegados dos parlamentos nacionais e detinha somente
um poder de controlo;
 O conselho - formado por representantes dos Estados, partilhando com a alta entidade
poderes de decisão; harmonizar a ação da alta entidade;
 O tribunal - assegurar o controlo de Direito;
Através do CECA, os Estados abdicaram de poderes a favor de uma entidade comum em
setores da sua economia vitais para a época.

Antecedentes dos Tratados CEE e CEEA


Em 1952, avançamos com a ideia de criar uma Comunidade Europeia de Defesa para colocar
no topo a defesa dos países. A ideia foi lançada e fez-se a mesma coisa que se tem de fazer
num tratado internacional, seguindo os mesmos processos, contudo esta não foi criada.
Em 1953, surge uma nova ideia, e esta era a Comunidade Política Europeia, e esta iria gerir em
comum as orientações políticas dos 6 países. A ideia foi lançada e fez-se a mesma coisa que se
tem de fazer num tratado internacional, contudo esta também não foi criada.  foi retomada
no discurso da presidente da comissão em 2022.

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Nenhuma destas ideias foi ratificada(confirmada), pois apesar dos representantes do Estado
dizerem que sim, não houve a confirmação no que diz respeito ao direito interno, e deste
modo, não entrou em vigor.
A Europa só funciona a partir de determinados passos, que significam que nestes 70 anos de
União Europeia só avançaram as ideias que foram longas a serem elaboradas. Por exemplo em
1972, já tratávamos de alguns mecanismos jurídicos para preparar os valores das moedas das
comunidades europeias, contudo só alcançamos a moeda única em 2002.

Chamamos a isto os momentos de reprocesso na Construção Comunitária, pois demos um


passo nas matérias, mas voltamos para trás, sendo que a construção da União Europeia
acontece faseadamente, isto é, por fases.

Tratado CEE e CEEA


Em 1955, membros da CECA voltam a reunir-se para verem se queriam prosseguir nesta
Comunidade, ou seja, nesta construção da Comunidade Europeia do Carvão e do Aço, estes
prosseguiram, mas passado 50 anos a CECA cessou a sua vigência tal como estava previsto no
tratado instituído.

Em 1957, com a assinatura do Tratado de Roma, foi criada a Comunidade Económica Europeia
e a Comunidade Europeia da Energia Atómica. Estes Tratados surgem porque após as duas
guerras mundiais, era necessário existir cooperação, solidariedade, a proteção das minorias, e
a proteção dos direitos humanos, levando assim a existir uma Europa mais unida, defendendo-
se assim dos inimigos da mesma. E a Comunidade Europeia da Energia Atómica surge porque
no cessar da 2ºGuerra Mundial, foram utilizadas bombas atómicas, o que levou á corrida às
armas nucleares, precisando assim de um travão para as mesmas, e com isso surge a
EURATOM.
A Comunidade Económica Europeia tinha então objetivos económicos, sociais e político,
temos o caso da criação de uma União Económica, e estes são objetivos imediatos (a curto
prazo), e monetária e a criação de uma União Europeia, eventualmente de carácter federal,
sendo este um objetivo mediato (a longo prazo). Tendo assim, como objetivos consagrados no
preâmbulo os seguintes:
 A paz e a união cada vez mais estreita entre os povos europeus;
 O estabelecimento de bases comuns do desenvolvimento económico;
 O progresso económico e social;
 A melhoria constante das condições de vida e de emprego dos povos da Europa;
Os objetivos constantes do articulado reconduziam-se à construção de um mercado comum
geral. Para a prossecução destes objetivos, o tratado criou uma estrutura institucional, cujos
principais órgãos eram os seguintes:
 O conselho;
 A comissão;
 A assembleia parlamentar;
 O tribunal de justiça;
As relações entre a comunidade e os seus Estados-membros baseavam-se numa comunhão de
interesses e num vínculo de solidariedade, que tinha consequências, fundamentalmente, ao
nível da repartição de atribuições entre a Comunidade e os seus Estados-membros bem como
ao nível da cooperação entre ambos na execução do Direito Comunitário.

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Os Estados-membros comprometeram-se a adotar as medidas necessárias ao cumprimento
dos objetivos do Tratado e a não adotar quaisquer medidas que pusessem em causa esses
objetivos.
Inicialmente o orçamento comunitário viveu das contribuições dos Estados, tal como sucede,
geralmente, nas Organizações Internacionais, mas a versão originaria do Tratado já previa a
possibilidade de este orçamento dispor de receitas próprias.
O Tratado CEE tinha uma vigência limitada, o que não impediu a modificação da sua
denominação aquando da revisão dos Tratados realizados em Maastricht, passando-se a
chamar Tratado da Comunidade Europeia. Atualmente o TCEE já não existe.
Pelo contrário, o Tratado CEEA que visa promover a utilização da energia nuclear para fins
pacíficos e de desenvolvimento continua a existir mesmo depois do Tratado de Lisboa.

Entrada e Saída dos Estados Membros da UE


A entrada ou saída de Estados-Membros provoca alterações nos tratados?
Não, pois só provoca alterações aos tratados apenas as revisões, ou seja, os tratados
modificativos, porém há alterações de prática, desde logo, nas instituições, pois a entrada ou
saída de estados-membros provoca alterações na vida, nas instituições e nos órgãos da União
Europeia, não existindo só uma mudança do texto dos tratados.
Os critérios para a entrada dos Estados-Membros, estão tipificados no artigo 49º TUE (Critérios
de Copenhaga), tendo também de existir o respeito pelos valores e objetivos da UE
Os critérios para a saída dos Estados-Membros, estão tipificados no artigo 50º TUE, até ao
Tratado de Lisboa não era possível, mas a partir desse tratado (2007), os Estados-Membros
caso cumpram os critérios podem sair, como foi o caso do Reino Unido.
Não obstante o facto de a União Europeia não poder expulsar nenhum Estado-Membro.

Tratados Modificativos
Parecido com as revisões constitucionais, pois na União Europeia falamos de revisões aos
Tratados, segundo o artigo 48º TUE. Alguns autores não gostam desta terminologia, porque
para fazer revisões aos tratados devem seguir determinados procedimentos e por isso falamos
em Tratados Modificativos, para nos referirmos aos 5 momentos de alterações aos textos dos
tratados. Quando temos momentos de alterações, retiramos coisas que já não interessam,
acrescentamos coisas que queremos que se concretizem e ajustamos algumas. Pegamos em
tratados internacionais e fazemos revisões, ou seja, fazendo outro tratado, que diz “onde se lê,
deve ler-se x”; são revogados os artigos X, o que acaba por ser uma legislação confusa. Em
2016 temos a Revisão Consolidada dos Tratados, onde as alterações estão todas colocadas nos
sítios corretos e adequados nos Tratados.
Tratados ratificados (assinados)
 1951- Tratado de Paris
 1957- Tratado de Roma
 1965- Tratado de Fusão
 1970- Tratado de Luxemburgo
 1975- Tratado de Bruxelas
 1986- Ato Único Europeu
 1992- Tratado de Maastricht
 1997- Tratado de Amesterdão
 2001- Tratado de Nice
 2007- Tratado de Lisboa

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Em 2004, tivemos uma tentativa de revisão aos tratados que se chamou de Constituição
Europeia, mas que não foi ratificada, portanto, não existe, porém, é importante conhecer este
processo porque vamos iniciá-lo, pois aconteceu através de uma Convenção sobre o Futuro da
Europa, com uma participação dos cidadãos, ou seja, com a opinião dos cidadãos, mas não foi
por isso que não funcionou, foi antes pela ratificação. E é por isso que hoje, a Presidente da
Comissão, lança esta ideia de Convenção da União Europeia sobre o Futuro da Europa que
surgiu em 2004, estando a repensar na ideia de uma nova revisão dos tratados, mas da forma
participativa, portanto, ouvindo os cidadãos, tal como previa a tentativa de revisão de 2004.
Nota: De notar que a última versão dos tratados, é o Tratado de Lisboa assinado em 2007, que
renomeia o Tratado de Roma, para Tratado sobre o funcionamento da União Europeia e temos
depois um conjunto dos temas principais dos nossos tratados, que é o Tratado da União
Europeia. Para além disso, a Carta dos Direitos Fundamentais.
 O Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia foi feito em Roma, no Tratado de
Roma, em 1957, segundo o artigo 358º do Tratado sobre o Funcionamento da União
Europeia.
 O Tratado da União Europeia foi feito em Maastricht, em 1992, segundo o artigo 55º
do Tratado da União Europeia.

Processo de Integração Europeia


As organizações internacionais são muito mais antigas do que o Direito da União Europeia, pois
o Direito da União Europeia só surgiu em 1950, sendo que as organizações internacionais, ou
seja, os Estados soberanos que se juntam com um determinado propósito comum, como é o
caso da Organização das Nações Unidas são anteriores às Comunidades Europeias e continuam
a existir. Às vezes os objetivos podem colidir, ou seja, os objetivos das organizações podem
colidir (serem os mesmos), mas serem organizações diferentes. Todas as organizações
internacionais são organizações de cooperação.
Organização de integração neste caso estamos em pé de igualdade a cooperar, quer dizer que
estamos juntos e integrados, daí termos de aceitar decisões que se calhar não concordamos,
mas que em termos de segurança e proteção é mais benéfico. Portanto, ocorre a criação de
uma organização de Estados que promove a integração dos seus membros que significa que as
decisões vão ser tomadas pela maioria, e que os restantes terão de aceitar esta maioria, como
afirma o artigo 4º nº3 da TUE. Sendo que a União vive de tratados celebrados entre os Estados
em pé de igualdade.
Porque é que há integração europeia?
Os estados decidem integrar a União Europeia para cooperar economicamente, mas também
para evitar uma nova guerra, produzindo assim a paz na Europa, utilizando para o efeito o
direito, isto é, as normas jurídicas pois estas tornam as relações internacionais mais estáveis e
previsíveis, ajudando assim a produzir a paz, celebrando assim tratados.
Sendo que o primeiro Tratado, foi o Tratado de Paris, de 1951, que fundou a Comunidade
Europeia do Carvão e do Aço, e esta surgiu devido ao carvão e aço serem essenciais para fazer
uma guerra, com isto sem carvão e aço não haveria guerra.
Ou seja, existe integração europeia para que seja possível ter:
 Zona de comércio livre
 União aduaneira, tendo assim todos os países a mesma taxa de alfândega
 Mercado comum
 União económica e monetária, que neste caso era o euro
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Sendo estes objetivos da União Europeia, tais como promover a paz, os seus valores e o bem-
estar dos seus povos, conforme o artigo 3º do Tratado da União Europeia.
E com isto a ideia que existia é de que o comércio era a fórmula da paz, porque uma união
económica produz paz, ou seja, a motivação é a economia, isto é, os ganhos económicos.
Nota: O Parlamento Europeu (Assembleia da UE), a Comissão Europeia (Governo da EU) e o
Tribunal de Justiça da União Europeia são instituições/órgãos supranacionais. Os outros
órgãos/instituições são o Conselho Europeu, o Conselho, Banco Central Europeu e o Tribunal
de Contas.
Como podemos explicar o processo de integração?
Federalismo- Federação de Estados, como por exemplo, no Brasil e EUA. São os Estados que
decidem a forma de funcionamento, sendo este um conjunto de Estados Federados que
constituem o Estado Principal.
O que a federação tem de especial é que o governo central tem poucos poderes e
competências. A maioria delas cabem aos governos regionais.
Federação e confederação- No caso da Federação, os Estados Federados, abdicam dos seus
poderes para entregar ao Estado Nacional, e no caso da Confederação o que liga aqueles
atores, é um tratado e não uma Constituição, transferindo assim alguns poderes para o Estado
Nacional, mas também significam que foram menos os poderes.
Federalismo pode explicar a integração na união europeia, pois parece que o processo da
integração europeia parece que vai no sentido da federação, esta é uma teoria interessante,
mas não é muito credível. Contudo a Confederação é a que liga vários Estados a um Tratado,
tal como a União Europeia.
Neo-funcionalismo  explica a existência da integração europeia
O processo de integração não vai propriamente ser liderado pelos Estados, mas sim por
pessoas.
Spill over, quando criamos uma política há problemas por resolver derivados dessa nova
política que necessitam de integrar uma outra, como é o caso de livre circulação de
trabalhadores, mas dessa surge o problema de não haver reconhecimento dos graus do
trabalhador, sendo que isto foi implementado pela União Europeia. Ou seja, esta quer avançar
numa integração política, mas para tal acontecer são necessárias outras políticas para fazer
esta funcionar.
Teoria intergovernamentalismo- são as negociações realizadas entre Estados, isto porque o
Estado está no Conselho, e são eles que decidem a criação de novos tratados, estando estes
presentes ao longo de todo o processo legislativo, tendo estes de ratificar/confirmar.
Em todas as organizações intergovernamentais, a votação é por unanimidade, ou seja, tem de
existir um consenso entre os Estados, sendo estes os donos da integração, porque só avança e
recua se os Estados quiserem.
Nota: Para a comissão (órgão executivo da UE), é necessária uma maioria absoluta. No
conselho da Europa e no conselho da União Europeia, há decisões por maioria simples, por
maioria qualificada e por unanimidade.
O crescimento territorial que acontece através dos alargamentos, sendo estes 7, também
aconteceu aos momentos, faseadamente, e continua em aberto a novos alargamentos, e neste
momento há países em processos de integração, contudo são processos lentos.

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Começamos em 1957 com a criação da CEE com 6 países fundadores (França, Itália, Alemanha,
Bélgica, Luxemburgo, Países Baixos), em 1973 entraram 3 (Dinamarca, Irlanda e Reino Unido),
depois em 1981 mais 1 (Grécia), em 1986 mais 2 (Portugal, Espanha), e durante muito tempo
ficaram 12 países, levando a que isto coincida com as estrelas da bandeira da União Europeia,
mas as estrelas têm outro significado relativos á filosofia nos números e não só. Depois
aumentamos para 15, em 1995 (Áustria, Finlândia e Suécia) tendo cada país um tratado,
portanto dá-se a entrada de 3 países com 3 tratados diferentes, porque é um tratado para
cada país, devido ao processo de ratificação, apesar dos alargamentos acontecerem por
grupos de países. Na desagregação do bloco soviético, em 2004 10 países (Chipre, Eslováquia,
Eslovénia, Estónia, Hungria, Letónia, Lituânia, Malta, Polónia e República Checa) optaram por
aderir à União Europeia. Em 2007, entram 2 países (Bulgária e Roménia) e por fim entra em
2013 a (Croácia), sendo estes os 28 membros da UE segundo o artigo 52º TUE. Neste
momento, temos 19 países inseridos na zona euro, portanto nem em todos os países da União
Europeia circula a moeda única que é o Euro, e consequentemente, dentro da União Europeia
temos a chamada zona euro, estando previsto que a Croácia em janeiro de 2023 venha a aderir
à moeda única do euro, mas ainda não existem confirmações. Tendo estes alargamentos de
obedecer aos critérios presentes no artigo 49º TUE, para que se suceda a entrada de novos
países na UE, tendo também de existir o respeito pelos valores e objetivos da UE.
Entretanto, temos uma exceção que é a saída de um país (Reino Unido), segundo o artigo 50º
TUE. O artigo 50º TUE começou por não existir, e ainda hoje não é uma necessidade porque já
poderiam sair países em constar na lei. Com isto, neste momento são 27 os membros da União
Europeia.
Todas as outras organizações são de cooperar, já a União Europeia é uma organização de
integração, pois há competências que foram cedidas do Estado para a União Europeia, de
forma que foi muito impactante a saída do Reino Unido em 2020, tanto para a União Europeia
como para os outros países. Mas a saída do Reino Unido são atos, tratados que têm tanta
importância como os restantes tratados (TUE; TFUE), contudo não houve alteração aos
tratados, ou seja, o texto dos tratados, temos o caso que por força da saída de um país como já
vimos no artigo 52º TUE, temos de ser nós a riscar o Reino Unido, porque ele continua lá
constado. Se a comissão tem um representante de cada país e um país sai, então a comissão
deixa de ter menos um representante, portanto há consequências institucionais, ao perder
membros, o representante do país sai, segundo o artigo 17º TUE.

Fase de integração económica


Evolução Económica- É o reflexo da evolução comunitária acontecer por fases, isto é, em 1957
surge o Tratado da Comunidade Económica Europeia (Roma) que visa progredir o sistema
económico e os objetivos económicos dos países intervenientes (produção de trabalho,
trabalhadores, produtos, circulação…  liberdade de circulação económica
Os movimentos de integração têm características diferentes e podem distinguir-se várias
formas. Em regra, distinguimos na história da Comunidade fases de integração económica:

1. União Aduaneira;

2. Zona de Comércio Livre;

3. Mercado Comum;

4. Mercado Interno ou Mercado Único;

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5. União Económica e Monetária;
6. União Política.

Em 1968, passado 10 anos, escrevemos um texto em que o primeiro passo foi criar uma
Comissão Aduaneira, mas não conseguimos concretizar essa realidade porque tivemos de criar
meios, mecanismos, fundos, e, portanto, demoramos 10 anos desde 1958 nessa construção e
só em 1968 é que demos o primeiro passo. A União Aduaneira tem a ver com o funcionamento
das taxas que são pagas pelos produtos na entrada e saída das fronteiras dos países, mas a
criação da União Aduaneira significa que dentro da União dos países-membros, já não existem
essas taxas, fronteiras, entraves, portanto não existe pagamentos da circulação desses
produtos. No entanto, se for importado de um país terceiro, paga-se as taxas aduaneiras,
porque a União Aduaneira protege os países da União Europeia.
O Tribunal de Contas foi criado em 1975, e em 1977 entrou nas suas funções, porque vai haver
taxas comuns, e é necessário que alguém as fiscalize, sendo assim o Tribunal de Contas o
responsável por tal e este também é uma instituição, segundo o artigo 13º TUE.
Em janeiro de 1993, surge o Mercado Interno, caminhando nessa ideia de liberdades de
circulação vamos aprofundando o funcionamento dessas liberdades, passamos a ter liberdade
de circulação de pessoas, serviços e capitais e isto está traduzido nos artigos 45º, 49º, 56º, 28º,
63º do TFUE. Isto é o prosseguir e avançar os objetivos económicos, que se traduz em 5
vertentes pessoas (trabalhadores, estabelecimento, serviços) mercadorias e capitais. Estando
assim o mercado interno previsto no artigo 3º nº3 TUE + artigo 26º e ss TFUE.
Nota: Cada uma das fases anteriores continua hoje necessária e objeto de atenção, sendo
estas cada degrau/elemento que a União Europeia tem.
Tratado de Maastricht, realizado em 1992, alarga-se este conceito aos cidadãos, passando
assim os cidadãos a terem cidadania europeia e a Comunidade a preocupar-se com os
cidadãos.
Todas as organizações de Estado têm um determinado propósito que vem definido no seu
texto jurídico, encontramos atualmente no artigo 2º TUE, sendo estes os valores da União
Europeia e no artigo 3º encontramos alguns dos objetivos, sendo estes genericamente
económicos, mas também sociais e políticos, a compatibilização destes objetivos nem sempre
é fácil, tendo de existir alguma gestão para cada uma destas perspetivas. Porém o caminho
económico não desapareceu, estando este praticamente concretizado, pois há um conjunto de
momentos evolutivos.
O primeiro objetivo era uma União Aduaneira, e esta comporta a livre circulação de
mercadorias em geral, desde que colocados em livre prática nos Estados-Membros estando
prevista no artigo 3º TUE e 28º e ss do TFUE, esta União para funcionar tem de respeitar o
artigo 30º TFUE, isto é, um conjunto de Estados não pode praticar pagamentos alfandegários
entre os Estados membros, mas estabelece umas barreiras para os países externos, estando
em causa, a criação de um orçamento comum que se relaciona também pela necessidade da
existência de um Tribunal de Contas sendo que este foi criado em 1975, apesar de já termos
chegado à União Aduaneira em 1968, mas cada uma destas fases se mantém em permanente
construção/evolução.
Sendo que demoramos 10 anos a construir o ponto de partida que era a União Aduaneira,
desde 1958 até 1968, estando nesta altura perante uma Zona de Comércio Livre, desde 1957,
ou seja, desde o Tratado de Roma e esta foi a base da União Aduaneira, porque esta era uma
zona onde se poderia efetuar trocas de forma livre, funcionando assim durante 10 anos, pois a
União Aduaneira foi alcançada de forma faseada, e num processo lento, sendo esta uma zona

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franca, sem direitos aduaneiros beneficiando países exportadores, mas que a relutância dos
Estados em abdicar da sua soberania no comércio externo limita a Comunidade a iniciar-se
como uma zona de comércio livre, e esta foi primeira e mais rudimentar forma de integração
económica.
O Mercado Interno, onde se acompanha a livre circulação de pessoas (prestações serviços,
trabalhadores, estabelecimento), mas também a livre circulação dos diversos fatores de
produção, trabalho, mercadorias, capitais e iniciativas empresariais, nos termos dos artigos
45º, 49º, 56º, 63º e 28º TFUE. Não é possível termos uma livre circulação de produtos, se não
for acompanhada de uma livre circulação de pessoas. Como é o caso de um agente trabalhar
fora do seu país.
A evolução económica da União Europeia implica também a construção de políticas comuns,
isto é, matérias em que vai ser a União Europeia a decidir, a orientar e a tomar as grandes
decisões de funcionamento, estando estas presentes na noção de Mercado Comum, este
consiste na livre circulação de produtos, mas também de fatores produtivos, ou seja, livre
circulação de pessoas, de serviços e de capitais, e implica a adoção de políticas comuns, como
é o caso:
 Política agrícola comum, artigo 38º a 44º TFUE;
 Política comercial comum, artigo 206º e 207º, TFUE;
 Política da concorrência, artigo 101º a 109º TFUE;
 Política de transportes, artigo 90º a 100º TFUE.
Sendo esta uma construção comum e exclusiva por parte da União Europeia, matérias que
passam para a decisão da própria União Europeia e se situam normalmente nas competências
exclusivas da União Europeia, artigo 3º TFUE.
Em janeiro de 1999, temos a consagração da União Económica e Monetária, mas esta só
atinge o seu fim/objetivo em janeiro de 2002, com a moeda única que é o euro, sendo este um
processo faseado, estando esta prevista no artigo 3º nº4 TUE + artigo 119º e ss TFUE. Nem
todos os países membros da União Europeia conseguem fazer circular uma moeda única,
porque é preciso exercer condições que não são fáceis, e estas estão previstas nos artigos
136º, 140º e 141º do TFUE, contudo também é possível que os Estados não queiram instituir a
moeda única (euro) nos seus países, portanto, esta medida não é vinculativa, o que suscita,
algumas questões, devido à margem de liberdade existente, mas neste sentido há
consequências para ambas as partes. E desta forma, chegamos à União Económica e
Monetária, esta caracteriza-se por uma política económica e monetária comum e um sistema
de câmbios fixos sob uma autoridade monetária comum (Banco Central Europeu), com
convertibilidade obrigatória e ilimitada entre as diferentes moedas nacionais e uma moeda
única emitida por um banco central, segundo o artigo 3º nº 4 TUE e o 119º a 144º TFUE. Reúne
3 elementos: moeda única (desde 2002, o euro), política monetária unificada e controlo
comunitário das taxas de câmbio e reservas monetárias, e a concretização dos objetivos
económicos a atingir, sendo estes o pleno emprego, a estabilidade de preços, taxa de
crescimento e níveis de inflação.
Nota: Entrada da Croácia para a União Económica e Monetária a 1 de janeiro de 2023, a
Croácia para ter aderido à União Económica e Monetária teve de ter cumprido determinados
requisitos previstos nos tratados. A que propósito a Croácia pode ter entrado na união
europeia. Se a zona euro, não abrange os 27 países e se de repente há um país que avança
para esse euro grupo, a lógica é que foi capaz de o fazer, e porque o quis fazer, demonstrando
a sua vontade, e foi capaz porque preenche os requisitos necessários para fazer parte desse
grupo de países.

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Fases dentro da união económica
Em 1999, podemos dizer que se alcançou uma União Económica e Monetária, e isto pressupõe
ao preenchimento de alguns requisitos previstos quase todos no artigo 140º TFUE.
Para participarem na fase de integração precisam de preencher determinados critérios do
artigo 140º TFUE, e nem todos os países querem avançar, e assim aconteceu com o Reino
Unido, Dinamarca e Suécia.
Numa Europa a duas velocidades- há países que avançam em determinados aspetos e vão
caminhando, e outros que ainda não podem, portanto, não estão em condições ou
simplesmente não querem.
A adesão à moeda única e a circulação do euro enquanto moeda, está prevista no artigo 5º nº1
TFUE, sendo atualmente, 19 países cuja moeda é o euro.
A União Política, quando criamos as comunidades europeias, este processo é totalmente novo
e o receio é onde estas organizações vão parar, mas a resposta não é querer criar um Estado, e
com isso esta União surge após o processo de integração porque já existem competências
exclusivas da União, um entendimento nos diferentes níveis, como é o caso do entendimento
entre a Constituição interna com órgãos com determinadas competências, existe uma
estrutura judicial, e acaba por surgir o constitucionalismo multinível, a cidadania europeia e a
Constituição plural.
Liberdades de Circulação
As liberdades de circulação são um dos princípios bem como um dos fundamentos da
Comunidade europeia e mantêm-se na União Europeia (atuais arts.3º nº2 e 1º in fine 3º
parágrafo do TUE). Cada liberdade só se poderá explicar e só se realizará se for acompanhada
pelas outras (ex. a liberdade de circulação de pessoas implica a liberdade de circulação de
mercadorias e de capitais). Liberdades de Circulação:
 Mercadorias – Art.28º do TFUE

 Pessoas – trabalhadores (art.45º do TFUE), estabelecimentos (art.49º do TFUE),


serviços (art.56º)

 Capitais – art.63º do TFUE

Instituições Europeias
Quando falamos em instituições da União Europeia, falamos dos principais órgãos que dão
estrutura de funcionamento desta organização de Estados, presentes no artigo 13º, mas
conforme a expressão do art. 9º TUE, nesta ordem jurídica (UE) encontramos instituições,
órgãos e organismos. As instituições são os mais importantes, presentes no artigo 13º TUE,
órgãos no artigo 4ºTUE e organismos como é o caso da Europol prevista no art.88º TFUE. A isto
chamamos de Direito Institucional, onde estudamos a gênese (como nasceu), a evolução (o
seu desenvolvimento), a base jurídica (artigos) a composição/formação (de cada órgão, como é
eleito, constituído), a presidência (instituições com Presidente), as competências, o auto-
funcionamento (como funciona a instituição), a sede (protocolo que diz respeito às sedes das
instituições) e a atualidade (situações que estão a acontecer na atualidade relativas à UE).
A UE só aparece em 1992, com o Tratado de Maastricht, que cria esta realidade paralela às
Comunidades Europeias, e a UE que hoje estudamos é uma força que nasceu com o artigo 1º
do TUE, com o Tratado de Lisboa de 2007, contudo já temos desde 1951 Comunidades, sendo

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a primeira a Comunidade Europeia do Carvão e do Aço, e devido a isso, em 1952 já existia
Parlamento Europeu, pois nessa altura já existia uma Comunidade singular.
Contudo, em 1952, não tínhamos uma pluralidade de comunidades europeias, e não tínhamos
a União Europeia, temos só neste ano, a CECA, e todas as instituições que existiam eram para o
bom funcionamento da CECA.
Mas mais tarde, com o surgir de novas Comunidades em 1957, tivemos a fusão das instituições
das Comunidades, e com isso as instituições passaram a ser as mesmas para todas as
Comunidades. Isto sucede-se porque em 1957 na data de criação da CEE e da CEEA, deliberou-
se proceder a uma fusão institucional, procedeu-se assim à fusão orgânica das instituições de
controlo das Comunidades, e nesta altura eram o Parlamento e o Tribunal de Justiça. Contudo
esta fusão foi meramente orgânica e não funcional, pois cada uma delas manteve as
competências próprias que lhe são atribuídas por cada um dos Tratados.
Tratado de Fusão- Fusão Institucional
Em 1965, temos o Tratado de Fusão ou Tratado de Bruxelas que vai fundir todas as
instituições, ou seja, estabelecer um conselho único e uma comissão única, existindo assim
uma fusão dos órgãos executivos para as três comunidades europeias, a CEE, a CECA e a
EURATOM. Em 1992 foi assinado o Tratado de Maastricht é o que vai unir todas as
comunidades, existiu a passagem da Comunidade Económica Europeia para o termo
Comunidade Europeia e foi instituída a União Europeia e decorrem vários tratados de adesão à
União Europeia. Sendo que nesta altura Portugal e Espanha ingressaram na União Europeia,
pois os mesmo passaram a ser um Estado Democrático, sendo este um dos requisitos para
entrar na União Europeia. Contudo, já não falamos da Comunidade Europeia, pois por força
das alterações no Tratado de Lisboa, artigo 1º TUE, fala-se hoje apenas em União Europeia,
substituindo-se aquela realidade por esta. É a partir deste momento, que o TUE, realizado em
1992, ganha supremacia em relação ao outro tratado de 1957, que continua válido, mas com
alterações. Este caminho a que chamamos de integração europeia teve alguns momentos de
hesitação, aconteceu que em 1955/56 há uma crise no funcionamento das instituições.
Atualmente, as 4 instituições originárias (Parlamento Europeu; Comissão; Conselho da UE;
TJUE), ainda funcionam, numa unidade relativamente ao Tratado CEEA, estando estas
tipificadas no artigo 13º TUE.
Artigo 13º TUE nº1- Instituições: A União dispõe de um quadro institucional que visa promover
os seus valores, prosseguir os seus objetivos, servir os seus interesses, os dos seus cidadãos e
os dos Estados membros, bem como assegurar a coerência, a eficácia e a continuidade das
suas políticas e das suas ações. As instituições da União são:
 Parlamento Europeu  artigos 14º TUE; 223º-234º TFUE  representa os interesses dos
cidadãos dos Estados-Membros e participa no processo legislativo.
 Conselho Europeu  artigos 15º TUE; 235º-236º TFUE  define objetivos como motor
da União, sem poderes legislativos.
 Conselho  artigos 16º TUE; 237º-243º- TFUE  representa os interesses dos Estados-
Membros e tem poderes legislativos e alguns de execução.
 Comissão Europeia  artigos 17º TUE; 244º-250º TFUE  representa os interesses
próprios da União e tem funções executivas, participando do processo legislativo.
 Tribunal de Justiça da União Europeia  artigos 19º TUE; 251º-281º TFUE  representa
a defesa do Direito e da Justiça na ordem jurídica comunitária, garantindo a sua
interpretação uniforme.
 Banco Central Europeu  artigo 282º a 284º TFUE  foi elevado a instituição pelo
Tratado de Lisboa.

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 Tribunal de Contas  artigo 285º a 287º TFUE  surgiu para examinar e fiscalizar as
contas, a totalidade de receitas e despesas da União.
E estas estão ordenadas sob a forma de maior importância, ou seja, estão hierarquizadas de
acordo com a sua importância. Artigo 13º nº4 TUE- Instituições/órgãos auxiliares, com
qualidades consultivas ou atribuições especificas- Comité Económico e Social, artigo 301º
TFUE; Comité das Regiões, artigo 305º TFUE;
Cada Instituição só pode atuar nas competências que lhe forem conferidas, segundo o artigo
5º nº1 TUE, sendo este o princípio das competências por atribuição, sendo que este é
realizado a dois níveis, ou seja, a UE só tem o exercício das competências que foram
conferidas, levando a que esta atue unicamente dentro dos limites das competências que os
Estados-Membros lhe tenham atribuído, mas dentro da UE as instituições só têm as
competências que lhe forem atribuídas.
Parlamento europeu
O Parlamento Europeu encontra a sua legitimidade nos cidadãos da UE, segundo o artigo 14º
nº2 TUE.
No caso do Parlamento houve um aumento das atribuições de competências a esta instituição,
estando estas atribuições previstas no artigo 13º nº2 TUE.
Numa primeira fase, os seus membros eram designados por sufrágio universal e indireto pelos
parlamentares dos Estados, mas em 1976, é adotado um ato relativo à eleição dos
representantes ao Parlamento Europeu por sufrágio universal direto, livre e secreto, estando
isto tipificado no artigo 14º nº3 TUE, sendo que o Tratado de Lisboa veio alterar o mandato
dos deputados, e com isso, atualmente os deputados têm um mandato de 5 anos e na
atualidade temos 705 deputados no Parlamento Europeu, sendo que o Parlamento tem como
presidente atualmente Roberta Metsola, e esta foi eleita pelos deputados do Parlamento
Europeu, sendo que no Tratado de Lisboa no artigo 14º TUE está tipificado que os membros
são 750+o seu presidente, mas atualmente, com a saída do Reino Unido, passou se a ter
apenas 705 deputados, contudo este número continua tipificado, para que hajam vagas para
futuros alargamentos.
Artigo 232º TFUE- uma das características das instituições é o poder de auto-organização, isto
é, o poder do órgão organizar-se autonomamente, ou seja, ele próprio é que vai aprovar um
documento que vai regular o funcionamento interno do órgão. Uma das coisas que destaca as
instituições são estas competências, ou seja, esta competência de autorregulação.
Em 1949 tínhamos o Conselho da Europa (COE) e esta é a razão pela qual as comunidades
europeias não preveem qualquer proteção de direitos fundamentais, isto porque o Conselho
da Europa preocupa-se com a proteção dos direitos humanos, e as comunidades europeias
que nascem posteriormente, não tem de se preocupar com essa proteção, pois não cabe nas
competências destas comunidades.
Conselho europeu
Em 1974, foi criado o Conselho Europeu, que é um conjunto de reuniões informais que não
acontecem nos órgãos da Comunidade, ou seja, são informais porque existem para falar
daquilo que se quer, uma vez que não têm pauta/ordem do dia, e este é constituído pelos
chefes de estado ou chefes de governo de cada Estado-Membro, pelo seu Presidente (Charles
Michel), tendo este um mandato de 2 anos e meio, pelo Presidente da Comissão, e conta com
a participação do Alto Representante da União para os Negócios Estrangeiros e a Política de
Segurança, e pode também ser convidado o Presidente do Parlamento Europeu.

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Sendo que, o Conselho Europeu dá à União os impulsos necessários ao seu desenvolvimento e
define as orientações e prioridades políticas gerais, mas pode agora adotar de conteúdo
jurídico, cuja legalidade sofre controlo jurisdicional.
Conselho da União Europeia
No Conselho da União Europeia, existe também uma presidência, mas este Conselho
representa os Estados-Membros, então quem preside o Conselho da UE é um Estado-Membro,
existindo assim uma presidência semestral rotativa de seis em seis meses, este é composto por
um representante por Estado, que normalmente é o Ministro dos Negócios Estrangeiros de
cada Estado-Membro, mas pode estar presente um ministro ou secretário de estado
competente para assuntos de carácter setorial.
COREPER- Comité dos Representantes Permanentes, segundo o artigo 16º nº7 TUE e 240º nº1
TFUE é o órgão auxiliar que assiste o Conselho, encarregado de preparar as decisões, visto que
o Conselho tem reuniões episódicas/secundárias.
Comissão
A Comissão, presente no artigo 17º TUE, é na atualidade a instituição mais relevante, e esta
tem a seu cargo a defesa dos interesses da própria União, pois esta lidera a própria e defende
a mesma, tendo a Comissão os mesmos interesses da União Europeia, pois as prioridades da
Comissão são as prioridades da UE, pois cabe à Comissão iniciar tudo o que importa à União
Europeia, neste caso, os poderes decisórios da União Europeia, uma vez que ela propõe os
assuntos e assume as questões da UE. Uma das preocupações é a política de género, levando a
que passasse a existir uma maior paridade entre comissários femininos e masculinos. A
Comissão é composta por 27 membros, um de cada Estado-Membro da UE incluindo o
presidente, nomeados e eleito, respetivamente, por um período de 5 anos. O presidente é
nomeado pelo Conselho Europeu e é formalmente eleito pelo Parlamento Europeu.
Atualmente a presidente da Comissão Europeia é Ursula von der Leyen.
Organização
A Comissão é constituída por Comissários (pessoas escolhidas segundo critérios de
independência, “empenhamento europeu” e competência – art.17º nº3 in fine 2 do TUE).
Essas qualidades devem manter-se intactas quer durante (art.245º do TFUE) quer depois da
cessação (art.247º do TFUE). O processo de constituição de uma nova Comissão atravessa
vários momentos. A Comissão hoje construída numa cooperação entre o Conselho Europeu e o
Parlamento Europeu. A nomeação dos membros processa-se por fases (art.17º do TUE):

1. O Conselho Europeu, por maioria qualificada, propõe ao Parlamento Europeu um


candidato ao cargo de Presidente da Comissão (nº7 1º paragrafo 1ª parte);

2. O Presidente do Parlamento convida essa individualidade a fazer uma declaração


perante o
3. Parlamento e a apresentar as suas orientações políticas para o exercício do cargo
(art.105º do Regimento do Parlamento Europeu);

4. O Parlamento vota, por maioria dos membros que o compõem, a aceitação do nome
proposto, transmitindo ao Presidente do Conselho o resultado da votação (nº2 1º parágrafo 2ª
parte). Em seguida a designação dos restantes 27 comissários é uma competência de cada
executivo nacional, embora em estreita cooperação com o presidente escolhido da Comissão;

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5. Escolha da lista dos futuros comissários, por convite do Parlamento Europeu ao
Conselho, que a aprova por maioria qualificada e de comum acordo com o Presidente
designado (nº2 segundo parágrafo);

6. Audições públicas prévias efetuadas pelo Parlamento Europeu a cada candidato


indigitado (art.106º do Regimento do Parlamento Europeu). Cada candidato ao cargo de
comissário fará uma declaração e responderá às perguntas que lhe forem feitas;

7. A lista segue para aprovação em bloco pelo Parlamento Europeu, por voto colegial
(nº7 3º parágrafo 1ª parte) – se o Parlamento não der a sua aprovação, o processo repetir-se-
á;

8. Nomeação final pelo Conselho Europeu, deliberando por maioria qualificada (nº7 3º
parágrafo e art.106º do Regimento do Parlamento Europeu);

9. Juramento solene ao assumir funções perante o Tribunal de Justiça da União Europeia.

Com esta construção da Comissão reflete, na sua formação e composição, as tensões próprias
de um equilíbrio entre as pulsões nacionais e o interesse global europeu. Só os nacionais dos
Estados-Membros podem ser membros da Comissão (art.17º nº5 2º parágrafo TUE) e os
membros da Comissão são independentes (art.245º do TFUE). O mandato dos comissários é
de 5 anos e os antigos comissários permanece em funções até à substituição. O Presidente da
Comissão tem funções próprias de liderança (art.248º do TFUE) de carácter político, jurídico e
funcional. Representa a Comissão perante terceiros e dirige internamente a instituição (art.3º
do Regulamento Interno). A substituição dos comissários pode ser individual ou coletiva
(art.246º do TFUE).
Funcionamento
A Comissão é um órgão de indivíduos, de funcionamento colegial em que as deliberações são
adotadas com independência e por maioria dos seus membros (art.250º do TFUE).
A Comissão é, no seu conjunto, responsável perante o Parlamento Europeu (art.17º nº8 TUE)
que lhe pode votar uma moção de censura (art.234º TFUE) que, sendo aceite (algo que nunca
se verificou), provoca a demissão em bloco da Comissão, isto acontece para o correto
funcionamento da estrutura do sistema político da União Europeia.
Competência
Consagra-se o princípio da iniciativa da Comissão nos atos legislativos, função legislativa
(art.17º nº2 do TUE).

O poder de iniciativa legislativa conferido (quase em exclusivo) à Comissão pelos Tratados


implica que compete a esta instituição decidir apresentar, ou não, uma proposta de ato
legislativo. Esse poder é uma das expressões do princípio do equilíbrio institucional (ideia de
que a repartição de poderes no quadro da União Europeia deve ser rigorosamente respeitada,
ou seja, cada instituição deve exercer as suas competências com respeito pelas das outras),
característico da estrutura institucional da União. Ao abrigo dos arts.225º e 241º do TFUE, o

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Parlamento Europeu e o Conselho podem pedir à Comissão que apresente todas as propostas
adequadas para aplicar os Tratados.

A Comissão é a guardiã dos Tratados e esta vela pela aplicação dos Tratados, bem como das
medidas adotadas pelas instituições por força destes e controla a aplicação do direito da
União, sob fiscalização do Tribunal de Justiça. Cabe-lhe assim um direito de ação no
contencioso da UE, por vezes quase em exclusivo, segundo os artigos 158º. 263º, 265º TFUE.
Ao impulsionar as suas prioridades políticas, a Comissão presta, atenção não só a propor nova
legislação, mas igualmente a garantir a adequação da respetiva aplicação e execução, tendo
assim a Comissão uma função executiva, porque propõe e implementa leis da União Europeia,
assegura que os tratados são respeitados e segue a agenda negocial diária da União Europeia,
pois esta tem os mesmos interesses que a UE.

Nota: O Provedor de Justiça (artigo 24º e 228º TFUE), sendo este nomeado pelo Parlamento
Europeu; O Alto Representante da União para os Negócios Estrangeiros e a Política de
Segurança e o Serviço Europeu para a Ação Externa é nomeado pelo Conselho Europeu
(art.18º nº1 do TUE) e conduz a política externa e de segurança comum da União (art.18º nº2
do TUE). É um dos vice-presidente da Comissão (art.18º nº3 e 4 do TUE) e participa nos
trabalhos do Conselho Europeu (art.15º nº2 do TUE).
Características de cada Instituição, previstas nos Tratados:
 Composição- Presidência (Eleições)
 Competências
 Organização e funcionamento

Existem múltiplos organismos, contudo estes por ser inúmeros não são tao importantes como
as instituições, tendo estes apenas um objetivo concreto, temos o caso previsto no artigo 88º
TFUE da Europol, que é a responsável pelo cumprir da lei, esta presta apoio às autoridades
responsáveis pela aplicação da lei em toda a UE, no âmbito de atividades de luta contra a
criminalidade e o terrorismo em todos os domínios da sua competência.

Fontes de Direito da União Europeia


Fontes escritas:
A) Direito originário da União Europeia:

É o direito criado pelos Estados-Membros através de tratados internacionais. Trata-se do


direito que criou e moldou a atual União Europeia, expresso nas normas de diversos tratados
internacionais. Aqui se incluem:

 Os tratados que instituíram as Comunidades e a União Europeia;

 Os tratados de revisão, como é o caso do Tratado de Lisboa;

 Os tratados de adesão;

 Outros tratados que alteram disposições originárias;

 Atos de valor idêntico (art.51º do TUE).


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 Carta dos Direitos Fundamentais (art.6º TUE)

B) Direito derivado da União Europeia:

É o direito que resulta dos tratados institutivos. É constituído pelos atos adotados pelos órgãos
da União Europeia. Pode assumir as formas típicas previstas no art.288º do TFUE:
regulamentos, diretivas e decisões, e ainda recomendações e pareceres.
B.1) Fontes obrigatórias:

B.1.1) Regulamentos:

Os regulamentos são atos diretamente aplicáveis e obrigatórios em todos os Estados-Membros


sem que seja necessária qualquer legislação de aplicação.

Podem resultar do Conselho, da Comissão ou do Conselho e do Parlamento Europeu. Aqui a


palavra importante é uniformizar.

B.1.2) Diretivas:

As diretivas vinculam os Estados-Membros quanto aos objetivos a alcançar num determinado


prazo, deixando, no entanto, às instâncias nacionais e competência quanto à forma e aos
meios a utilizar. Têm de ser transpostas para o direito interno de cada país de acordo com os
seus procedimentos específicos.

Podem resultar do Conselho, da Comissão ou ainda do Conselho e do Parlamento Europeu


(processo legislativo ordinário do art.294º do TFUE), sendo este um processo equilibrado e
partilhado, pois a Comissão começa, ou seja, propõe(dá o impulso) porque é a ela que cabe
saber o rumo da UE e depois o Parlamento (vai dar o aval dos cidadãos europeus que votam
diretamente no Parlamento Europeu) e o Conselho (vai dar o aval dos Estados Membros)
partilham, estando aqui presente o princípio do equilíbrio institucional.

Processo Legislativo Especial- é um processo realizado caso a caso, não sendo assim um
processo tipificado, estando este tipificado no artigo 294º nº2 TFUE.

No caso português, devem ser transpostas através de ato legislativo: lei, decreto-lei ou decreto
legislativo regional, nos termos do art.112º nº8 da CRP, isto acontece porque estas não
produzem efeito direto, quer dizer que são publicadas no Jornal Oficial da União Europeia,
previsto no art.297 TFUE, e elas dirigem-se aos Estados, e os Estados é que têm de legislar
internamente, desta forma, funcionam em 2 graus. No entanto, estas podem ter
excecionalmente efeito direto, porque não foi transposta pelo Estado, uma vez que o Estado
não fez o que devia ter feito. Aqui a palavra importante é harmonizar.

B.1.3) Decisões:

As decisões, que são vinculativas na sua integridade para os seus destinatários, não requerem
legislação de transposição nacional. Uma decisão pode ter destinatários certos e pode ser
dirigida a um ou todos os Estados-Membros, bem como empresas e pessoas singulares.

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Tramites a que devem obedecer:
Os regulamentos, diretivas e decisões devem seguir algumas regras gerais de tramitação
(arts.296º e 297º do TFUE):
- Fundamento (formalidade essencial);
- Assinatura (pelo Presidente de cada uma das instituições – art.297º nº1 e 2 do TFUE);
- Publicação (no Jornal Oficial – art.297º nº1);
- Entrada em vigor (mediante publicação no Jornal Oficial – art.297º nº2).

A exigência dos fundamentos está prevista no art.296º, pelo que se não for fundamento
entendesse que há um vício de violação das formalidades essenciais e pode intentar-se um
recurso de anulação, nos termos do art.263º do TFUE.

B.2) Fontes não obrigatórias:


As recomendações e os pareceres são atos não vinculativos previstos no art.288º 5º paragrafo
do TFUE. Os seus destinatários podem ser outra instituição, os Estados-Membros e até
particulares.
Estes atos não carecem de fundamentação e não são suscetíveis de recurso de anulação
(art.263º do TFUE).

B.2.1) Recomendações:
As recomendações aconselham a adoção de determinado comportamento relativamente a
certas matérias concretas. Apenas se distingue da diretiva pela ausência de obrigatoriedade.
Podem ser emitidas pelo Conselho ou pela Comissão, mas é possível encontrar exemplos de
recomendações de outras instituições.

B.2.2) Pareceres:
Os pareceres, não sendo vinculativos, traduzem a opinião de uma instituição comunitária
sobre qualquer matéria concreta. Também aqui é possível encontrar parecer oriundos das
diversas instituições e por vezes até com carácter vinculativo.
Fontes não escritas:
1. Princípios gerais comuns aos direitos dos Estados-Membros
2. Princípios gerais de direito comuns às nações civilizadas
3. Princípios gerais de Direito Internacional
4. Princípios gerais de Direito da União Europeia
O Tribunal de Justiça respeita os princípios gerais de direito que se inspiram nas tradições
constitucionais comuns aos Estados Membros.
Jurisprudência do Tribunal de Justiça da União Europeia
A jurisprudência inclui os acórdãos dos tribunais comunitários que são hoje numerosos e
resultam das 3 instâncias: TIJUE, Tribunal Geral e Tribunal da Função Pública da União
Europeia.
Nota: A doutrina não considera o costume como fonte de direito da União Europeia.

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Princípios da União Europeia
Direito da União Europeia é um direito de integração, artigo 1º,2º,3º do Tratado da União
Europeia e por isso, por exemplo, na pesca, não pode apenas um país decidir a política
relacionada com a pesca, mas sim num conjunto de opiniões e em pé de igualdade, tendo o
país que aceitar o que a maioria decidir, podendo não lhe ser o que mais lhe convinha.
Esta ideia de união entre os países da Europa pode ter defensores e atacantes, quer dizer que
sempre houve a ideia de unir a Europa, já desde os Romanos com a força militar, depois
destes, várias vezes tentaram, mas não conseguiram tanto, mais uma vez utilizando a força
militar, como foi o caso de Napoleão. Ao mesmo tempo, sempre houve vozes a afirmar ser
impossível esta união, pelas diferenças que se reparavam de Estado para Estados, contudo a
construção da União Europeia foi dada pela união da Europa, utilizando a paz.
Nota: Personalidade Jurídica da UE, hoje, a União Europeia, prevê a sua personalidade jurídica
no art.47º do TUE a que acresce a Declaração 24, Declaração sobre a personalidade jurídica da
União Europeia. Tal faculdade confere-lhe a capacidade para atuar na ordem jurídica
internacional e permite-lhe celebrar acordos internacionais ao abrigo do art.216º do TFUE, à
exceção do BEI (Banco Europeu de Investimento), nenhuma instituição, órgão ou organismo
goza de personalidade jurídica.
Princípio da União de Direito- Desenvolvido pelo Tribunal de Justiça da União Europeia, através
de 4 acórdãos:
“Costa/Enel” – 1968 (Princípio do Primado, colisão entre normas de Direito da União Europeia
e normas de Direito Nacional, prevalece a norma de Direito da União Europeia), portanto o
Direito da União Europeia aplica-se aos Estados, artigo 288º do Tratado sobre o
Funcionamento da União Europeia. Sendo o direito da União Europeia derivado, porque traduz
a permanência do Direito da União Europeia em caso de colisão com o Direito Nacional.
Declaração 17- Declaração sobre o primado do direito comunitário (artigos 1º; 4º nº3; 49º
TUE), as regras dizem que isto tem o efeito direto, ou seja, que se aplica diretamente às
situações humanas para além dos Estados, se houver regras internas que contrariem as regras,
aplica-se o direito da união europeia, porque esta prevalece, mas não provoca mudanças na
outra apenas darão primazia ao direito da união europeia, nos regulamentos existe o efeito
direto, contudo nas diretivas isso não acontece.
Diversamente os Tratados Internacionais Ordinários, o Tratado CEE instituiu uma ordem
jurídica própria que é integrada no sistema jurídico dos Estados membros a partir da entrada
em vigor do Tratado e que se impõe aos seus órgãos jurisdicionais nacionais.
Princípio da Atribuição Competências- artigo 5º do Tratado da União Europeia- Os Estados
abdicam de uma parte da sua soberania quando transferem competências para a União
Europeia.
 “Os Verdes” – 1986- afirma uma violação do princípio da igualdade ao não receber a
subvenção. A partir de certa altura o Tratado CEE não previa a possibilidade de um
particular que fosse afetado por um determinado ato do Parlamento Europeu poder
recorrer ao Tribunal de Justiça da União Europeia, e não podia ser o Tribunal Nacional
a ver a sua situação. O Tribunal de Justiça aceita o caso e diz ter havido uma omissão,
dizendo que não faria sentido excluir uma instituição porque a mesma tinha violado as
normas da União Europeia. Portanto, o Direito da União Europeia aplica-se a todas as
instituições.
 “SEGI” – 2007- após os ataques terroristas do 11 de setembro. Todos os Estados têm
as entidades terroristas que possam estar no território. A SEGI não era uma entidade
terrorista, mas sim uma associação, que nada tinha haver com terroristas. Ora, há uma
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desproteção de uma pessoa coletiva, mas não havia nada que pudesse reclamar os
seus direitos. O Direito da União Europeia não pode deixar os particulares sem tutela
dos seus direitos, e, portanto, o Tribunal de Justiça disse que deveriam ser as regras
alteradas. Portanto surgiu uma união de direitos da União Europeia que protegia os
direitos dos particulares.
 “Associação Sindical de Juízes Portugueses” (ASJP)- 2018- Portugal era devedor e tinha
pedido uma assistência financeira. Para ser dada essa assistência financeira, foi
definido pela Troika condições desta assistência financeira. Para cada tranche/parcela
havia um conjunto de objetivos a ser assegurados, com uma diminuição da
remuneração dos juízes, através do Tribunal de Contas. Uma diminuição da sua
remuneração ia significar uma menor independência. A independência dos juízes está
ligada à tutela jurisdicional efetiva, que está prevista no artigo 19º do Tratado da
União Europeia - Estado de Direito artigo 2º do TUE, rule of law.
O Tribunal administrativo vai perguntar ao Tribunal de Justiça da União Europeia se a
independência faz parte e é um dos corolários do Estado de Direito? O facto de os
Juízes não serem independentes põe em causa o Estado de Direito? E esta diminuição
de retribuição afeta a independência dos Juízes?
O tribunal vai indeferir e vai esclarecer que a independência dos juízes é um
corolário/consequência da União de Direito, mas acaba de dizer que a diminuição não
era significativa nem capaz de pôr em causa a independência dos Juízes e tinha sido
aplicada a todos igual, pelo que não havia uma violação do princípio da igualdade.
Estado- divisão de poderes e que leva que não haja interferência do poder legislativo e
executivo com o poder judicial, sendo isto diferente do equilíbrio institucional na União
Europeia, sendo esta a rule of law.
Nota: Princípio da cooperação leal das relações entre a União e os Estados-Membros – art.4º
nº3 do TUE (a União Europeia é como um casamento).
Em que consiste uma comunidade:
Efetivamente, ao instituir uma comunidade de duração ilimitada, dotada de instituições
próprias, de personalidade, de capacidade jurídica, de capacidade de representação
internacional e, mais especialmente, de poderes reais resultantes de uma limitação de
competências ou de uma transferência de atribuições dos Estados para a Comunidade, estes
limitaram, ainda que em domínios restritos, os seus direitos soberanos e criaram assim, um
corpo de normas aplicáveis aos seus cidadãos e a si próprios.
Características:
 A União Europeia não é um Estado, mas é mais que uma Organização Internacional.
(Sujeitos de DIP: Estados- Organizações Internacionais- Indivíduos)
 Em caso de colisão entre uma norma de direito de União Europeia e uma
 prevalece a norma de direito de União Europeia. Artigo 288º do Tratado sobre o
funcionamento da União Europeia
 Diálogo constitucional- as relações entre os Estados da União Europeia são de
igualdade.
 Direito e Regras que se aplicam diretamente aos particulares que têm instituições
próprias e que tem um conjunto de objetivos e fins que estão previstos nos Tratados.

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O TJUE é o intérprete do direito da União Europeia, então aquilo que este vier dizer sobre
como se deve interpretar uma norma de direito da união europeia, faz fé, ou seja, deve ser
observado por todos os Tribunais. Este TJUE (artigo 19º do TUE) está dividido em 3:
o Tribunal de Justiça da União Europeia
o Tribunal Geral
o Tribunal Especializados (não existem neste momento)

A violação do Direito da União Europeia pode ocorrer e os particulares podem intentar uma
ação contra uma instituição, em certos momentos. Em regra geral, os particulares intentam
uma ação uma ação no tribunal nacional, esta ação pode ser contra outro particular ou contra
o Estado que abre o incidente, se o juiz não tiver solução prevista para o caso então terá de
analisar e fazer uma questão prejudicial e é necessário esclarecer esta questão através do
Tribunal de Justiça da União Europeia para ser interpretado pelo mesmo e decidir se há ou não
violação do Direito da União Europeia. Após a decisão o tribunal nacional analisa se o
particular é protegido apesar de saber que o Direito da União Europeia é violado, portanto,
pode não aplicar a decisão do Tribunal de Justiça e estabelecer um diálogo entre o Tribunal de
Justiça da União Europeia e os Tribunais Nacionais. Os Estados perdem uma componente da
sua soberania, mas não a totalidade, e por isso é obrigatório a existência de um diálogo
permanente entre o Tribunal de Justiça da União Europeia e os Tribunais Nacionais. Se por
acaso o Estado não cumprir, há mecanismos que levam, em caso de violação de direito da
União Europeia, a fazer os Estados entrar em cumprimento através de, por exemplo, sanções e
coimas. Sendo que os Tribunais Nacionais são essenciais para que o direito da União Europeia
possa ser aplicado.
União Europeia, e as suas características previstas nos Tratados:
 Território da União Europeia- artigo 52º do Tratado da União Europeia + artigo
355º do Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia.
 População da União Europeia- polução com nacionalidade de um dos 27 países-
membros, segundo o artigo 9º do Tratado da União Europeia e o artigo 20º do
Tratado sobre o funcionamento da União Europeia.
 Línguas- artigo 55º TUE
 Poder Político da União Europeia, sendo estas as instituições e órgãos da União
Europeia, que está prevista no artigo 13º do Tratado da União Europeia; as
funções da União Europeia estão previstas nos artigos 14º; 15º; 16º; 17º do
Tratado da União Europeia; os fins/objetivos da União Europeia estão previstos no
artigo 3º do Tratado da União Europeia.
 Processo Legislativo Ordinário- Artigo 289º nº1 do Tratado sobre o
Funcionamento da União Europeia- Regra. A exceção é o processo legislativo
especial, previsto no artigo 289º nº2 TFUE, e este tem de previr especificamente
que é especial.
 Atos legislativos que existem no direito da União Europeia- Artigo 288º do TFUE
 Publicação dos atos legislativos no Jornal Oficial da União Europeia- Artigo 297º
TFUE

Competências da União Europeia


Estas estão tipificadas no artigo 2º TFUE:
 Competência Exclusiva- artigo 3º TFUE  Princípio da Atribuição (artigo 5 nº1 e nº2
TUE)
 Competência Partilhada- artigo 4º TFUE  Princípio da Subsidiariedade (artigo 5º nº3
TUE); Princípio da Proporcionalidade (artigo 5º nº4 TUE)
20
 Competência Complementar- artigo 5º e 6º TFUE
A criação da União Europeia surge através de Tratados, surgindo assim através do Direito
Internacional, e consequentemente surgem as competências da União Europeia. Dentro destas
Competências, nasce um princípio importante, o princípio da atribuição (artigo 5º TUE),
resultando destes dois princípios (subsidiariedade; proporcionalidade).
Princípio da Atribuição
Quando temos matérias atribuídas à União Europeia, a UE tem esses poderes e quando não
estão previstas nos tratados, é porque são matérias correspondentes do poder do Estado
(artigo 3º do TFUE).
Ou seja, nas matérias de Competência Exclusiva só pode legislar a União, segundo o artigo 2º
do TFUE, e em regra geral os Estados não podem atuar, mas no caso de Regulamentos,
Diretivas e Decisões o Estado pode atuar, ou seja, ele tem de realizar a transposição (passar
por cima) de competências da União, levando a que haja a necessidade de que o Estado atue
nesta competência de forma a exercer a matéria em questão, segundo o artigo 288º TFUE.
Princípio da Subsidiariedade
A união só intervém se os Estados não estiverem a atuar, se todos os Estados estiverem unidos
para atingirem objetivos comuns, por exemplo no caso ambiental do Parque Ecológico, a União
não intervirá. Faz sentido que haja uma visão global da União Europeia no sentido de guiarem
os Estados-membros a atingirem estes objetivos e metas, segundo o artigo 5º nº3 do TUE, e
este está interligado com o Protocolo nº1, porque este vem explicar o papel dos parlamentos
nacionais, e vem atribuir a cada estado e parlamento a impugnação de um ato legislativo que
considerem estar a violar o direito da União Europeia. Relativamente ao Protocolo nº2, este
define as necessidades, e os objetivos só são cumpridos se houver a necessidade de os atingir
a nível central e global. Se esta condição não existir, temos uma violação do Direito da União
Europeia.
Em suma, quem tem à partida competência é o Estado, quando este não atua quem tem
competência é a União Europeia, a União Europeia e os Estados concorrem nestas
competências, vindo dizer que os Estados vêm limitar a competência da União Europeia.
Sobre o princípio da subsidiariedade: para atuação são sempre precisos: insuficiência da ação
estadual e maior eficácia da união, temos de provar que os 2 que foram realizados pelo
tribunal. Sabendo que estas ações ocorrem, com a análise profunda de caso a caso.
Protocolo 1- se a nossa Assembleia da República achar que um determinado ato da União
Europeia em competência partilhada ofende a competência que o Estado já estava a exercer, a
Assembleia da República pode impugnar o ato com o que o protocolo 1 defende. Os Estados,
apesar de terem perdido umas componentes da sua soberania, não perderam totalmente a
sua soberania, portanto, este tipo de competência estabelece uma igualdade entre a união e
os Estados, e desta forma, conseguem preservar a sua soberania. Se o Tribunal de Justiça da
União Europeia decidir contra um Estado, este tem de aceitar, ou sair da União Europeia,
segundo o artigo 50º do TUE.
Contudo, a União Europeia não pode expulsar os Estados, pois isso iria ser contra os seus
objetivos, sendo que a União Europeia apenas pode sancionar ou limitar os seus direitos, tal
como o seu poder de voto do Estado em questão, de acordo com o artigo 7º TUE.
Princípio da Proporcionalidade

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O conteúdo e a forma da ação da União não devem exceder o necessário para alcançar os
objetivos dos Tratados, segundo o artigo 5º nº4 da TUE
Tendo assim a União Europeia segundo o artigo 6º TFUE de “apoiar, coordenar ou
complementar a ação dos Estados membros”, não é possível emitir ordens ou atos
juridicamente vinculativos aos Estados membros. Em caso de conflito entre tradições
constitucionais comuns e um regulamento, prevalece as tradições constitucionais comuns aos
Estados Membros, segundo o artigo 6º TUE.
Dentro destas competências temos de verificar se estão no artigo 4º do TUE.
Quando temos matérias atribuídas à União Europeia, a mesma tem esses poderes, e quando
não estão previstas nos tratados, é porque são matérias correspondentes ao poder do Estado
(artigo 5º nº2 do TUE).
Relativamente aos Direitos das Crianças, a UE só pode legislar nos domínios em que lhe foi
conferida competência nos termos dos tratados (Artigos 2.º a 4.º do TFUE), dado que os
direitos das crianças constituem um domínio intersectorial, é necessário determinar a
competência da União caso a caso.

A falta de previsão de competência ou dos mecanismos de ação não voluntaria permite a


integração de lacunas do próprio direito originário, apontando a doutrina alguns mecanismos:
 Teoria das Competências Implícitas (art.3º nº2 TFUE)
 O recurso ao artigo 352º do TFUE
Teoria das Competências Implícitas, se os poderes atribuídos não especificarem uma
determinada competência, mas ela for necessária para levar a cabo os fins, considera-se que a
União Europeia possui esses poderes. - Artigo 3º nº2 do TFUE
Artigo 352º do TFUE Artigo 2º TFUE. Neste artigo, os Estados aceitaram esta condição 
declaração 18, 20, 41 e 42, os limites das competências para legislar por parte da UE estão
presentes neste artigo.
Declaração 18- vai lembrar que pertencem aos Estados as competências não atribuídas à união
nos tratados.
Declaração 20- lembra a proteção dos dados pessoais.
Declaração 41 e 42- são apenas sobre o artigo 352º do TFUE, e estas vem dizer que não
constitui fundamento para alargar o âmbito das competências da união nem possibilitam
ações por parte da união europeia baseadas exclusivamente no art. 352º do TFUE. Significa
que não há uma tentativa de passar uma carta em branca, mas no âmbito das competências
conferidas nos tratados, que a união europeia não fique com uma extensão de competências,
sendo por isso que nestas matérias existe a necessidade de serem observadas. Os fins servem
para termos a interpretação para estas competências.
Ainda relacionado com estas competências, art.13º nº2 TUE, diz que as próprias instituições
também estão ligadas ao princípio da atribuição, ou sejam não podem exercer competências
que não têm.
Para exercerem competências têm de se seguir pelo artigo 289º do TFUE, se não cumprirem
com o procedimento, há uma violação do Direito da União Europeia. – Processo Legislativo
Ordinário/Especial.

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Tutela Jurisdicional Efetiva
Temos de ter então uma Tutela Jurisdicional do Direito Efetiva, como o Estado de Direito, Rule
of Law. A União Europeia tem de respeitar o princípio do Estado de Direito, tendo assim de
respeitar principalmente os particulares, isto é, as pessoas singulares e coletivas, desta forma,
se virem os seus direitos violados, têm os tribunais de encontrar uma solução para o seu caso.
Os Tribunais Nacionais são o braço direito do Tribunal de Justiça da União Europeia, sendo
tribunais profundamente europeus, tendo o TJUE um regime próprio definido nos Tratados.
Vamos ter um conjunto de direito que rege esta tutela jurisdicional coletiva, os tratados e a
carta dos direitos fundamentais, sendo isto o que está no topo da hierarquia, tendo os Estados
e as instituições de respeitar estas normas.
Temos então esta possibilidade de recurso, no caso de o particular vir um direito seu violado
pelo Direito da União Europeia, recorre como recurso, aos tribunais nacionais. O tribunal vai as
normas de direito da união europeia e aplica este direito, ou seja, os tribunais devem
assegurar as vias necessárias de uma tutela sucessiva para os particulares, aplicando o
princípio do primado, ou seja, prevalece o Direito da União Europeia, em caso de conflito de
uma norma nacional e uma norma europeia, artigo 288º TFUE.
O papel dos tribunais nacionais é de interpretar o direito interno, à luz do direito europeia,
tem a obrigação de não aplicar normas nacionais que sejam contrárias ao direito da união
europeia. E com isto, o juiz nacional também é considerado um juiz europeu, não funciona o
direito da união europeia, se não funcionar o direito nacional, por isso é que há um
permanente diálogo entre os Tribunais Nacionais e o da União Europeia, artigo 267º TFUE,
sobre a validade e interpretação de determinado ato. Portanto, por regra os particulares não
recorrem logo ao Tribunal de Justiça da União Europeia, mas sim intentam uma ação nos
tribunais nacionais. A exceção é recorrer ao tribunal de justiça da união europeia devido ao
particular ver o seu direito diretamente violado, sendo que o respetivo nome tem de vir
discriminado.
Tribunal de Justiça da União Europeia, vem previsto no artigo 19º do TUE, 251º e ss TFUE e no
Protocolo relativo ao Estatuto do TJUE. Este tem incluídos 3 tipos de tribunais que são:
 Tribunal de Justiça propriamente dito
 Tribunais Gerais- antigamente era o de 1ªinstância
 Tribunais Especializados- não existem atualmente
Função: Garantir que o direito da UE é interpretado e aplicado uniformemente em todos os
países da UE e garantir que as instituições e Estados-membros respeitam o direito da UE.
Tribunal de Justiça- (1 juiz para cada Estado-Membro) e 11 advogados gerais. Este vai ser
aplicado de forma uniforme para todos os estados-membros, é aplicado para diferendos entre
Estados-membros e instituições europeias, diferendos entre instituições europeias, e
excecionalmente particulares, empresas ou organizações que considerem que os seus direitos
foram violados, podendo assim recorrer ao TJUE.
Tribuna Geral- tem 3, 5 ou 15 juízes, dependendo do processo, sendo a regra geral 5, mas não
tem advogados gerais, contudo se assim se justificar, nomeia -se um advogado geral.
Quais as ações que podem ser intentadas no Tribunal de Justiça?
 Decisões prejudiciais- Os tribunais nacionais devem garantir a correta aplicação do
DUE nos respetivos Estados. Em caso de dúvidas sobre a interpretação ou validade de
uma norma de DUE, ou possível colisão entre uma norma DUE e uma norma nacional
devem pedir esclarecimentos ao TJUE.
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 Ação por incumprimento- Estado não cumpre o DUE, a ação é desencadeada pela
Comissão ou outro Estado-membro; Estado-membro incumpridor deve corrigir a
situação sob pena de segunda ação e aplicação de multa.
 Recurso de Anulação- Ato legislativo (artigo 288º TFUE) que viole os Tratados ou a
CDFUE, é de análise do Tribunal de Justiça, podendo ser anulado. A carta dos direitos
fundamentais tem o mesmo valor que os artigos dos tratados, neste caso, um ato que
viole um tratado, viola também a carta dos direitos fundamentais, artigo 6º TUE. Um
particular também pode pedir a anulação de um ato da UE que lhe diga diretamente
respeito. Recurso ou ação de anulação: Artigo 263º TFUE  Principal meio processual
de controlo da legalidade dos atos das instituições. Quem pode invocar são as
Instituições, os Estados-Membros, as pessoas singulares e as coletivas, e estas têm
como objetivo o impugnar de atos ilegais.
 Ação por omissão- Um ato que deveria ter sido realizado e não o foi, ou seja, o
Parlamento, Conselho e Comissão têm obrigação de agir em determinadas situações.
Se não o fizerem, os Estados, as instituições e excecionalmente os particulares podem
recorrer ao TJUE.
 Ação de indemnização- Qualquer pessoa ou empresa cujos interesses tenham sido
lesados na sequência de ação ou inação da UE ou do seu pessoal pode recorrer ao
TJUE.
O TJUE tem desenvolvido um conjunto de princípios que não estão nos nossos tratados porque
quem é o intérprete do direito da união europeia é o Tribunal de Justiça da União Europeia,
isto faz com que o DUE seja desenvolvido pelo TJUE. Alguns exemplos são:
 Princípio da União de Direito, Union of Law
 Princípio da Tutela Jurisdicional Efetiva

Princípio da União de Direito


O Direito da União Europeia garante aos particulares a aplicação de direitos que lhes sejam
conhecidos pelo direito da união europeia. Estando esta aplicação relacionada com 3
princípios:
 Primado- Ac. Costa Enel- este diz que a norma nacional não pode ser válida porque se
os tratados têm efeito direto e existe um princípio que defende a superioridade do
DUE em relação ao direito interno, então aplica-se o DUE, estavam aqui criadas as
bases do direito primado, dizendo o acórdão que em caso de conflito entre uma
norma de DUE e uma norma nacional, prevalece a norma de DUE.
 Efeito direto- Ac. Van Gend en Loos (1963) este acórdão explicita que os Estados ao
criarem e integrarem uma Comunidade com instituições próprias, com direitos e
deveres que se impõem diretamente aos particulares, os Estados estão a limitar de
certa forma a sua soberania e com isso a aceitar a aplicabilidade direta do que provir
da Comunidade, através do TCEE, hoje TFUE.
- Ac. Simmenthal- este acórdão prevê o efeito direto leva a que os tratados se
apliquem diretamente no direito nacional, surgindo a pergunta, pode um regulamento
sobrepor-se a uma norma de direito nacional? E a resposta do tribunal foi: ao
instituírem uma comunidade com regras e instituições próprias para a qual
transferiram uma parte da sua soberania, admitiram que houvesse um conjunto de
normas que por força do princípio do primado se vão impor diretamente aos seus
cidadãos.

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Regulamento, este vigora em todo o espaço da UE e vigora para toda a gente que
pertence à UE, estando este previsto no artigo 288º TFUE.
Decisões, é obrigatória em todos os seus elementos. Quando designa destinatário, só é
obrigatória para estes, segundo o artigo 288º TFUE
- Ac. Van Duyn- este acórdão estabelece que uma senhora praticante/adepta da
cientologia quer ir trabalhar na igreja da cientologia do Reino Unido, sendo que esta
poderia devido ao princípio da liberdade circulação. A senhora queria ir trabalhar para
o Reino Unido, mas o tratado prevê uma exceção (por motivos de ordem publica é
possível negar esta liberdade de circulação) argumento do reino unido: a igreja da
cientologia ofende a ordem pública; a senhora quer ir trabalhar nessa igreja, logo a
senhora ofende a ordem pública e assim podemos negar a liberdade de circulação. Na
altura tinha saído uma diretiva não transposta/adaptada do reino unido “a liberdade
de circulação só pode ser restringida por motivos pessoais que possam ser assacados à
pessoa”. Aquilo que o acórdão vai dizer é que naturalmente havia de ser permitida que
uma pessoa singular pudesse invocar essa diretiva em tribunal mesmo que ela não
tivesse sido transposta e em consequência ser garantido o respetivo direito, de
liberdade de circulação. Princípio da Liberdade de Circulação- todo o cidadão é livre
em todas as suas componentes. Em suma, o tribunal vai dizer que naturalmente
haveria de ser permitido invocar a diretiva do Reino Unido em Tribunal mesmo que
não tenha sido transposta/adaptada e em consequência ser garantido o respetivo
direito, sendo este o caso do efeito direto da diretiva. Mas só pode existir efeito direto
vertical, só podendo ser invocada ao Estado, pois este está acima do particular.
Reconhecendo assim esta legitimidade á senhora Van Duyn.
Diretivas- tem uma componente específica, precisa de ser transposta/adaptada para
entrar dentro do ordenamento jurídico do Estado e só esta transposição se irá aplicar
aos cidadãos. Quando o Estado não transpõe/adapta a diretiva, o particular não vê os
seus direitos protegidos, pois esta não se aplica no Estado do mesmo, estando esta
prevista no artigo 288º TFUE.
- Ac. Frateli Constanzo- este acórdão vai opor os irmãos Constanzo à câmara de Milão,
vamos ter um concurso de obras públicas em causa, estes concorrem a um contrato de
obras públicas numa câmara municipal, mas perdem o concurso, porque foram
aplicadas normas nacionais e não as regras da diretiva que deveria ter sido
transposta/adaptada ao Estado, como não foi, não ganharam o concurso. É intentada
uma providência cautelar, à câmara para que possa ser avaliada a causa. Ocorrendo,
da parte do Estado, pois a câmara é um órgão estadual, existe uma violação de direito
da União Europeia, podendo o particular ir direto a esse órgão e ver ser aplicado
diretamente o direito da União Europeia, com isto, o particular pode afirmar que a
Administração Pública tem de aplicar obrigatoriamente o direito da União Europeia,
deixando de ser necessário o tribunal, passando a ser toda a administração pública
obrigada a aplicar o direito da união europeia. Não é permitido o efeito direto
invertido, ou seja, do Estado para as Comunidades, acórdão Berlusconi.
 Interpretação conforme- é o efeito indireto de uma diretiva (relação horizontal) Ac.
Dori, neste acórdão está tipificado que a diretiva não pode ser invocada pela senhora
contra outro particular, só o podendo fazer contra o Estado, e devido a isso o Tribunal
lembra a jurisprudência e diz que de facto, um regulamento é diferente de uma
diretiva, se o legislador quisesse que fossem a mesma coisa, juntava-os num ato
legislativo, se o Estado incumpre, faz sentido que o particular faça valer perante o
Estado, mas sendo os particulares destinatários desta diretiva, então esta não pode ser
invocada. Devia aplicar a lei nacional, mas o juiz interpreta a lei nacional conforme a
diretiva, e por isso, o juiz ao analisar os termos do direito nacional, vai ver quais são os
objetivos da diretiva, podendo ser considerado um efeito indireto, pois uma diretiva

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não pode ter este efeito horizontal, só na vertical, por isso, só pode ter um efeito
indireto.
- Ac. Maribel Domínguez- neste caso a diretiva é transposta/adaptada, mas a senhora
Domínguez tem um acidente logo no início da sua prestação de trabalho e a lei dizia
que ela tinha de trabalhar pelo menos 30 dias para ter ferias. A diretiva dizia que ela
tinha de trabalhar 30 dias para ter férias. O juiz vai dizer que não é preciso ocorrer
uma falta de transposição da diretiva, porque todas as leis nacionais se tiverem na sua
base uma diretiva, têm sempre de balizar a interpretação da lei, e por isso o direito da
união europeia tem de ser sempre o norte da interpretação das leis nacionais.

Princípio da Efetividade
É uma emanação/derivação do princípio da tutela jurisdicional efetiva, portanto, aplicar o DUE
e garantir os direitos dos particulares, e estes, só podem ser salvaguardados se os tribunais
nacionais o fizerem, uma vez que o DUE só funciona se os tribunais nacionais funcionarem, e
estes tribunais são também tribunais europeus.
O papel do juiz é aplicar o DUE, uma vez que se houver conflito entre uma norma de direito
nacional e uma norma de DUE, prevalece a norma de DUE, mas isto não é um poder, é um
poder dever do juiz, tendo de ser obrigado a aplicar o DUE, e pode chegar a ter de
expurgar/retificar a norma de direito nacional, segundo o art. 288º TFUE. (Ac. Costa Enel)
Quando falamos deste poder dever, de facto o juiz é uma figura fundamental, porque o
tribunal só funciona com ele, e é ele que permite a aplicabilidade do DUE e desta forma,
garante-se a tutela jurisdicional efetiva, prevista no Acórdão Associação Sindical de Juízes
Portugueses
A União europeia é uma união de direito, sendo regida pelo “rule of law” /Estado de Direito –
union of law/União de Direito.
A Tutela Jurisdicional Efetiva está prevista no art.º 19 TUE, mas já existia antes dentro do
espaço da união europeia, daí estar consagrada nas declarações e convenções. Se este
princípio não estivesse consagrado, seria na mesma uma indispensável tutela, visto ser uma
tradição constitucional comum aos Estados-Membros, art.º 6 nº3 parte final TUE.
Todas as decisões proferidas pelo Tribunal que afetem os direitos dos particulares devido à
não aplicação do DUE, são passíveis do intentar de uma ação judicial por parte do particular, e
perante um tribunal, uma pessoa que queira exercer os seus direitos, não pode ser impedida.
Os prazos desta ação têm de ser realistas, e neste caso, se não for respeitado, ainda existe o
conhecimento oficioso, portanto, o juiz toma uma decisão por iniciativa própria. Sendo que em
último caso é possível estarmos perante um caso julgado (que já não é possível recorrer).
O princípio da Tutela Jurisdicional Efetiva é um dos corolários (consequências) do princípio do
Estado de Direito. Jurisprudência do Tribunal de Justiça:
 Acórdão Heylens, 15/10/1987
Qualquer violação do DUE pode levar ao intentar de uma ação judicial, e o juiz terá de analisar,
sendo que um particular tem sempre a possibilidade de recorrer a tribunal.
 Acórdão Deville, 29/06/88
Dupla tributação, que não é possível no DUE, e os particulares tinham direito ao reembolso,
mas materialmente não era possível, no entanto, tem de existir sempre a possibilidade pela via
judicial de tentar proteger os seus direitos. Sendo, indispensável a existência de uma via de
direito que permita ao particular recuperar os valores em causa.

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Tendo desta forma, a primeira situação do Direito ao Juiz, das necessidades de tutela do DUE e
da prova.
 Acórdão Johnston, 15/05/1986
Todos os homens tiveram o contrato renovado, e a senhora não, devido ao argumento da
Irlanda do Norte de que as mulheres não tinham jeito para utilizar armas, não devendo estas
exercer profissões que tivesse de usar armas, levando a ser aplicados imperativos decorrentes
da segurança do Estado e da defesa da ordem e segurança pública. A senhora invoca uma
discriminação, e uma violação do DUE. Neste caso, no que diz respeito a provas, temos uma
certidão emitida pelo Governo na qual se afirmava a recusa da renovação do contrato de
trabalho, na qual faria todo o sentido que fosse renovado o seu contrato de trabalho em causa
decorria de imperativos de segurança do estado, segurança e ordem pública, tal certidão
constituía prova plena dos factos invocados e impedia o juiz nacional de conhecer dos
mesmos, sendo uma questão prejudicial ao TJ, o que pode fazer sobre esta situação? O TJ diz
que a valoração daquela prova foi considerada contrária ao Direito Comunitário porque
retirava ao controle jurisdicional efetivo matérias indispensáveis à realização efetiva do
mesmo. Daqui surge o Direito Provatório, para que a senhora possa ver protegido os seus
direitos.
No que toca a prazos processuais de caducidade e prescrição, que deverão ter limites
razoáveis, como é o caso do:
 Acórdão Frateli Constanzo, 22/06/1989
Sobre o conhecimento oficioso, este reconhecia a possibilidade aos juízes de aplicar o DUE, no
caso de as diretivas poderem ser invocadas pelos particulares. Seria contraditório entender
que os particulares têm o direito de invocar perante os tribunais nacionais a diretiva que
preencham as condições, com o objetivo de fazer condenar a administração e, no entanto,
entender que esta não tem o dever de aplicar aquelas disposições afastando-as do direito
nacional que as contrariem, e daqui resulta que, preenchidas as condições exigidas pela
jurisprudência do tribunal para as normas de uma diretiva poderem ser invocadas pelos
particulares perante os tribunais nacionais, todos os órgãos da administração, incluindo as
entidades descentralizadas, tais como as comunas, têm o dever de aplicar aquelas disposições,
sendo estas diretivas não transpostas ou mal transpostas, cabendo assim ao Estado a aplicação
da tutela jurisdicional efetiva e este princípio da efetividade.
 Acórdão Peterbroeck, 14/12/1995
Violado o princípio da liberdade de estabelecimento, e se o prazo foi caducado o juiz pergunta
ao TJ, como é que vai resolver? Este vem dizer que a violação do Direito Comunitário deverá,
independentemente de qualquer norma interna que estatua diversamente, ser do
conhecimento oficioso dos Tribunais nacionais.
 Acórdão Kraaijeveld, 24/10/1996
Compete aos órgãos jurisdicionais nacionais, por aplicação do princípio da cooperação
enunciado no art.º 5.º do Tratado, garantir a proteção jurídica decorrente, para os
particulares, do efeito direto das disposições do direito comunitário não exclui, no entanto,
que possa ser efetuada uma fiscalização jurisdicional a fim de verificar se as autoridades
nacionais não excederam a referida margem de apreciação, por conseguinte, quando por força
do direito nacional, um órgão jurisdicional tem a obrigação ou a faculdade de suscitar ex officio
os fundamentos de direito decorrentes de uma norma interna de natureza coerciva, que não
foram invocados pelas partes, compete-lhe verificar ex officio, no âmbito da sua competência
se as autoridades legislativas ou administrativas do Estado-Membro permaneceram dentro dos
limites da margem de apreciação daquela diretiva. Concluindo, o TJ enuncia que Poder ou

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dever de conhecer oficiosamente o direito da união europeia, quando esse poder ou dever
existir no direito interno.
 Acórdão Oceano Grupo Editorial, 27/06/2000
Interpretação conforme, é o efeito indireto de uma diretiva (relação horizontal), o particular
não pode invocar a diretiva contra outro particular, mas pode invocar a diretiva contra o
Estado.
 Acórdão Cofidis
Interpretação conforme, não há possibilidade de afastar a diretiva e o juiz deveria conhecer
oficiosamente o caráter abusivo. A violação do direito da UE pode consubstanciar uma
violação de ordem pública, daí conduzir ao conhecimento oficioso.
 Acórdão Eco Swiss
Violação grosseira do DUE, mas o juiz tinha a convenção de NY, portanto, o juiz pergunta ao TJ,
se aplica a Convenção ou o direito nacional, ao qual o TJ diz que a Convenção é quando se
trata de uma violação de ordem pública.
Em suma, o conhecimento oficioso tem a ver com os princípios, do efeito direto de uma
diretiva e da aplicabilidade dos Tratados. Para que uma norma possa ser conhecida
oficiosamente é necessário que possa ser invocada em juízo.
 Acórdão Lucchini, 18/07/2007
O Recurso de Revisão dá-se com um caso julgado (decisão proferida não é passível de revisão,
ou seja, não existe mais recursos a tal sentença).
O princípio da efetividade parece exigir que seja possível o recurso extraordinário contra
sentenças dos tribunais nacionais transitadas em julgado que violem o DUE.
O Tribunal de Justiça afirma que “a apreciação da compatibilidade de medidas de auxílios com
o mercado comum é da competência exclusiva da Comissão, sob fiscalização do juiz
comunitário. Esta regra impõe-se na ordem jurídica interna como resultado do princípio do
primado do direito comunitário.”
Por conseguinte, há que responder às questões colocadas que o direito comunitário se opõe à
aplicação de uma disposição do direito nacional que pretende consagrar o princípio da força
do caso julgado … quando a sua aplicação obsta à recuperação de um auxílio de Estado
concedido em violação do direito comunitário e cuja incompatibilidade com o mercado
comum foi declarada por uma decisão da Comissão que se tornou definitiva.
Sentença italiana e Ac. que a confirmou violaram o dever de conhecimento oficioso do direito
comunitário, consubstanciado, nos Ac. Frateli Constanzo, Peterbroeck, Kraaijveld, Eco Swiss,
Oceano, Cofidis.

Relações entre o Direito da União Europeia e o Direito Interno


O facto de a ordem jurídica da União se integrar nas ordens jurídicas dos Estados-Membros,
torna possível identificar diferentes tipos de relacionamento entre elas, que traduzem níveis
maiores ou menores de integração.
Relações de Substituição
Nas relações de substituição o direito dos Estados-Membros pode ser substituído pelo direito
originário ou derivado da União Europeia, que irá ocupar o lugar que antes era ocupado pelas
normas nacionais.
Relações de Harmonização
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Nas relações de harmonização subsiste o direito da União Europeia junto com o direito
interno, devendo haver uma aproximação deste face à legislação da União Europeia – art.112º
nº8 da CRP.
Relações de Coordenação
Nas relações de coordenação, o direito da União Europeia influência o direito nacional dos
diferentes Estados-Membros. A legislação nacional mantém a sua autonomia obedecendo a
interesses e princípios próprios.
Coexistência de Legislações
Há coexistência de legislações entre a ordem jurídica da União Europeia e a ordem jurídica dos
Estados-Membros sem que uma influência na outra. É o que acontece em matéria de direito
da concorrência, em que regulam as mesmas relações, mas com dimensões e preocupações
diferentes, de forma que cada um desempenha uma função própria.

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