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Direito da União Europeia - C. P.
I – A INTEGRAÇÃO EUROPEIA COMO UM PROCESSO EVOLUTIVO

1. Origens da Ideia Europeia (de uma Europa unificada)

A tradição europeia deve o essencial do seu conteúdo a vários elementos:

- Raiz de individualismo ateniense (civilização grega);

- Influência da legislação romana (Império Romano);

- Elemento de justiça social de origem judaico-cristã.


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I – A INTEGRAÇÃO EUROPEIA COMO UM PROCESSO EVOLUTIVO

1. Origens da Ideia Europeia (de uma Europa unificada)

1.1. Império Romano (primeira noção política de Europa, embora assente na


força e na conquista; dura cerca de 500 anos entre 27 a.C. e 476 d.C.) e
prolonga-se com Carlos Magno;

1.2. Cristianismo (a autoridade e o prestígio do Papa; nasce ainda no Império


Romano, no Sec. IV, e entra em declínio com a Reforma Protestante, em
1517);

1.3. Império Napoleónico (curto período no Sec. XIX; nova tentativa de


unificação europeia através das armas e da força).
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2. A ideia Europeia no período entre as duas Guerras Mundiais

2.1. Dante e Victor Hugo: os Estados Unidos da Europa;

2.2. Kant e Rousseau: unidade política na Europa;

2.3. Conde Caudenhove Kalergi: movimento paneuropeu (1923);

2.4. Aristides Briand: projeto de união política europeia ante a Assembleia da


Sociedade das Nações (1929);
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3. A (re)construção europeia depois da Segunda Guerra Mundial

3.1. Motivos:
- garantir a segurança e a paz;
- prosperidade;
- recuperação do poder da Europa na cena internacional.

3.2. Discurso de Churchil em Zurique (1946): a resposta da Europa ocidental


ante a Cortina de Ferro levantada pela Europa de Leste, sob a égide do
modelo político comunista e do modelo económico de direção central;

3.3. Congresso de Haia (1947) e as correntes:

- Federalista: integração europeia com base numa federação política

- Pragmática: cooperação mais estreita entre Estados soberanos


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4. Fase da cooperação intergovernamental

4.1. No domínio económico: a OECE (1948), mais tarde (em 1960) OCDE; a
relevância do Plano Marshall de 1947;

4.2. No domínio da paz e da defesa: a UEO (1954);

4.3. No domínio político: o Conselho da Europa (1949).


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Em especial, o CONSELHO DA EUROPA (não confundir com a UE)

- OI de cooperação intergovernamental instituída em 1949 e que apenas


abrange Estados europeus caracterizados pela Democracia, Estado de
Direito e Liberdades individuais e políticas;

- Atualmente tem 47 Estados membros (entre os quais os 27 Estados


membros da UE);

- O seu principal texto jurídico é a Convenção Europeia dos Direitos do


Homem/Humanos - CEDH (a sua designação técnica é Convenção para a
Proteção dos Direitos do Homem e das Liberdades Fundamentais), adotada
em Roma (não confundir com o(s) Tratado(s) de Roma, de 1957) em 1950 e
em vigor desde 1953.

- A CEDH foi alterada e complementada através de protocolos adicionais (até


agora, 14);
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CONSELHO DA EUROPA

- Conta com 6 órgãos (Comité de Ministros; Presidência; Assembleia


Parlamentar; Comissário dos Direitos do Homem; Secretário-Geral), nos
quais se destaca o Tribunal Europeu dos Direitos do Homem/Humanos
(TEDH);

- O TEDH controla o respeito dos direitos fundamentais previstos na CEDH


pelos Estados membros, (i) constatando situações de violação por parte dos
poderes públicos (legislativo, executivo, judicial, político, administrativo)
estaduais, (ii) podendo ainda condenar os Estados no pagamento de
indemnizações aos particulares (individuos ou pessoas coletivas) lesados
por essas violações.
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CONSELHO DA EUROPA

Notas:

- Não confundir o Conselho da Europa com o Conselho Europeu (este é


uma instituição da UE);

- Não confundir o TEDH (Tribunal do Conselho da Europa, sedeado


Estrasburgo) com o TJUE (Tribunal de Justiça da UE, que é a instituição
jurisdicional da UE, sedeada no Luxemburgo, e que se divide em dois
tribunais principais: remissão).
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5. Fase da Integração (supranacional)

5.1. Proposta de Robert Schuman para a Resolução do Problema Franco-


alemão (o papel de Jean Monnet);

A produção do carvão e do aço sob o controlo de uma Alta Autoridade Comum


numa organização que abarcaria a França e a Alemanha e aberta a participação
de outros países europeus;
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5. Fase da Integração (supranacional)

5.2. Tratado de Paris / TCECA (1951/52);

Surge a primeira das Comunidades Europeias: a Comunidade Europeia do


Carvão e do Aço, entre 6 Estados membros;

Como OI de integração supranacional caracterizou-se:


1.º Pela transferência de competências soberanas para a Alta Autoridade
Comunitária;

2.º Pela submissão dos Estados membros e das empresas à legislação


comunitária e a um controlo jurisdicional das suas obrigações;

3.º Pela produção legislativa por uma instituição independente dos Estados.
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5. Fase da Integração (supranacional)

5.2. Tratado de Paris / TCECA

Foram instituições da CECA:

(i) a Alta Autoridade (a qual viria a dar origem à Comissão Europeia);


(ii) o Conselho de Ministros (que deu origem ao Conselho);
(iii) o Tribunal de Justiça (que deu origem ao Tribunal de Justiça da UE);

(iv) a Assembleia (a qual viria a dar origem ao Parlamento Europeu).


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5. Fase da Integração (supranacional)

5.3. Tratado CED (1952);

A Comunidade Europeia de Defesa previa a criação de um exército europeu


unificado, sujeito à autoridade de um Ministro da Defesa Europeu, além de um
projeto de criação de uma Comunidade Política Europeia

- Domínio da defesa e da segurança, logo político e não económico;

- O seu insucesso, devido à recusa da França em ratificá-lo.


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5. Fase da Integração (supranacional)

5.4. Tratados de Roma / TCEE e TCEEA (1957/58);

O insucesso e fracasso do vetor político da integração europeia levou os países a


centrarem os esforços na integração económica, criando a:

- CEE: Comunidade Económica Europeia; e a

- CEEA: Comunidade Europeia da Energia Atómica (ou EURATOM).


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5. Fase da Integração (supranacional)

5.5. O objetivo das Comunidade Europeias:

Instituídas na década de 50 do século XX e atuando exclusivamente em domínios


económicos, previam a criação de um Mercado Comum (pressupõe a livre
circulação de fatores de produção, designadamente agentes económicos, isto
para além das mercadorias que circulam livremente mesmo numa zona de
comércio livre ou numa união aduaneira, estádios de integração económica que o
mercado comum pressupõe), há muito realizado (remissão).
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5. Fase da Integração (supranacional)

5.6. A reação britânica: a AECL/EFTA (1960)

O Reino Unido ficou à margem das três Comunidades Europeias (só entraria
nelas em 1973, juntamente com a Irlanda e com a Dinamarca) e, perante a
criação daquelas, impulsionou a criação da Associação Europeia de Comércio
Livre (ou European Free Trade Association), que uma OI de cooperação
intergovernamental nos domínios económicos (previa apenas uma zona de
comércio livre, ou seja, livre circulação de mercadorias), da qual Portugal também
fez parte.
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6. O surgimento da UE

6.1. Tratado de Maastricht / TUE (1992/93);

Apenas a partir de 1992/93 podemos falar com propriedade:

- em União Europeia, criada por aquele Tratado, pelos mesmos Estados


membros das Comunidades Europeias (12 na altura)

- em Direito da União Europeia, uma vez que até aí falava-se, apenas, em


Direito Comunitário, termo que ainda permanece e permanecerá

Também é ao Tratado de Maastricht que se deve a alteração da designação do


(Tratado da Comunidade Económica Europeia) TCEE para (Tratado da
Comunidade Europeia) TCE, suprimindo o adjetivo “Económica”.
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6. O surgimento da UE

6.2. Diferença entre UE e CE

Desde a sua criação e até à entrada em vigor do Tratado de Lisboa (2009) a


UE assentou numa peculiar estrutura de três pilares, cada um com os seus
objetivos e instrumentos próprios.

- O Primeiro Pilar era o pilar de integração supranacional e assentava nas três


Comunidades Europeias (CECA, CEE e CEEA);

- O Segundo Pilar era composto pela PESC (Política Externa e de Segurança


Comum) e o Terceiro Pilar era composto pela CJAI (Cooperação nos domínios
da Justiça e dos Assuntos Internos), estes dois pilares de cooperação
intergovernamental.
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6. O surgimento da UE

6.3. Diferença entre Direito da UE e Direito Comunitário

O Direito Comunitário é apenas o relativo às Comunidades Europeias, ou seja,


referente ao antigo primeiro pilar (ou pilar comunitário).

O Direito da UE pode ser utilizado em dois sentidos, um amplo e um restrito;

- Em sentido amplo, abrange todo o Direito da UE (I, II e III pilares), ou


seja, também engloba o Direito Comunitário;

- Em sentido restrito, abrange apenas o Direito do Segundo e do


Terceiro Pilares, deixando de parte o Direito Comunitário, ou seja, o
Direito do antigo primeiro pilar.
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7. Diferença entre o antigo primeiro pilar e os antigos segundo e


terceiro pilares em que a UE se fundou entre o TM e o TL
7.1. A lógica do antigo primeiro pilar

O pilar comunitário (porque formado pelas Comunidades), tratava-se de um pilar


supranacional, i. é, assentava numa lógica de integração.

Significa que nas matérias abrangidas por ele, previstas no então TCE (hoje
TFUE), os Estados membros abdicaram de domínios que pertenceram à sua
esfera de soberania e transferiram essas matérias soberanas para uma
entidade de cariz supranacional, que era a Comunidade Europeia, hoje
absorvida pela UE. E isto tem as seguintes implicações:
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7. Diferença entre o antigo primeiro pilar e os antigos segundo e


terceiro pilares em que a UE se fundou entre o TM e o TL
7.1. A lógica do antigo primeiro pilar (continuação)
1) Passou a ser a CE (em 2009 incorporada na UE) a ter competência para
intervir nessas matérias e a agir sobre os Estados membros, respetivas
empresas nacionais e indivíduos, em detrimento dos Estados membros que
perderam o campo de atuação sobre essas competências.

2) A produção legislativa sobre as matérias abrangidas no então TCE (hoje


TFUE) passou a ser feita pelas instituições comunitárias:
- Comissão Europeia, ao nível da iniciativa;
- Conselho e PE (processo de codecisão) ou somente Conselho (processo
comum de decisão), ao nível decisório,
as quais são independentes dos Estados membros, ficando estes submetidos a
essa legislação (a legislação comunitária).
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7. Diferença entre o antigo primeiro pilar e os antigos segundo e


terceiro pilares em que a UE se fundou entre o TM e o TL
7.1. A lógica do antigo primeiro pilar (continuação)
3) Os atos comunitários emergentes dessa produção legislativa, além de serem
vinculativos (traduzidos em regulamentos, diretivas e decisões), na relação
com o direito interno beneficiam de primado, aplicabilidade direta e efeito
direto.
4) O processo decisório é o típico das organizações de integração, ou seja,
em regra, delibera-se por maioria (ainda que alguns domínios, excecionalmente,
continuem sujeitos a unanimidade).

5) Existência de um controlo jurisdicional sobre o cumprimento das obrigações


assumidas pelos Estados membros e, reflexamente, pelos particulares. A CE
estava – como hoje a UE está – dotada de uma instituição jurisdicional – o TJCE
(atual TJUE) – a quem competia desenvolver essa missão.
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7. Diferença entre o antigo primeiro pilar e os antigos segundo e


terceiro pilares em que a UE se fundou entre o TM e o TL
7.2. A lógica dos antigos pilares intergovernamentais
No segundo (PESC) e no terceiro (CJAI) pilares vigorava uma lógica de
cooperação intergovernamental

Os Estados membros não tinham abdicado/transferido, ainda, a favor de


uma instância supranacional, das matérias aí tratadas, que era a CE

Essas matérias permaneciam no núcleo das matérias soberanas da esfera de


cada Estado membro. Também isto tinha implicações, nomeadamente:
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terceiro pilares em que a UE se fundou entre o TM e o TL
7.2. A lógica dos antigos pilares intergovernamentais (continuação)

1) A Comunidade Europeia não tinha competência para intervir nessas


matérias e atuar sobre os Estados membros, sendo nestes que residia a
competência para agir nesses domínios.

2) A produção de atos (que – ressalvadas as convenções e mais tarde as


decisões e as decisões-quadro aprovadas no quadro do terceiro Pilar – não
assumiam natureza normativa nem legislativa) sobre as matérias abrangidas pelo
segundo e terceiro pilares era feita pelos Estados membros, reunidos ao nível do
Conselho, que era a única instituição com poder decisório, e não por
instituições comunitárias independentes dos Estados membros.
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terceiro pilares em que a UE se fundou entre o TM e o TL
7.2. A lógica dos antigos pilares intergovernamentais (continuação)
A este propósito destacava-se:
Os Estados membros tinham direito de iniciativa e competência decisória;

A Comissão Europeia ou não tinha poder de iniciativa ou partilhava-o com os


Estados membros, sendo meramente associada aos trabalhos;

O Parlamento Europeu ou não tinha qualquer competência, ou quando a tinha


era meramente consultiva ou informativa, mas nunca decisória.
O Tribunal de Justiça aparecia desprovido que qualquer competência.
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terceiro pilares em que a UE se fundou entre o TM e o TL
7.2. A lógica dos antigos pilares intergovernamentais (continuação)

3) Os atos eram adotados segundo instrumentos normativos tradicionais do


DIP (v. g. convenções, resoluções e recomendações) e não de Direito
Comunitário, os quais, além de não terem eficácia vinculativa (com exceção das
convenções), não gozavam de primado, aplicabilidade direta e efeito direto
sobre o direito interno.

4) O processo decisório era o típico das OI de cooperação, i. é, deliberava-se


por unanimidade, o que implicava a atribuição a cada Estado membro do direito
de veto.

5) Inexistia controlo jurisdicional sobre o cumprimento das obrigações


assumidas pelos Estados membros ou, alternativamente, atribuíam-se escassos
poderes ao TJ, como, por exemplo, uma mera competência interpretativa das
disposições adotadas.
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7. Diferença entre o antigo primeiro pilar e os antigos segundo e
terceiro pilares em que a UE se fundou entre o TM e o TL
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8. Das Comunidades Europeias à União Europeia


A criação da UE deve-se ao TM, assinado em 1992 e que entrou em vigor no dia
1 de Novembro de 1993.

Além de criar a UE, também introduziu, ao nível do então primeiro pilar, grandes
alterações, a saber:
- a instituição da União Económica e Monetária (UEM); e ainda
- a criação da Cidadania da União.

A partir daqui começamos a ter uma verdadeira construção política no projeto


comunitário (daí a supressão do termo “Económica” no nome da CE).
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I – A INTEGRAÇÃO EUROPEIA COMO UM PROCESSO EVOLUTIVO

8. Das Comunidades Europeias à União Europeia


A Cidadania da União (ou europeia) implica que quem tenha a nacionalidade de
um Estado membro da UE seja, por inerência, cidadão (mas não nacional) da união
(cfr. artigos 9.º do TUE e 20.º e ss do TFUE), o que tem implicações a nível civil e
político, como seja:
- a livre circulação e permanência de pessoas (e não apenas agentes
económicos) no espaço dos Estados membros;
- a possibilidade de elegermos e sermos eleitos nas eleições para o Parlamento
Europeu e nas eleições autárquicas em Estados membros diferentes dos da
nacionalidade, desde que se sejam os da residência;
- a possibilidade de, em países terceiros, se beneficiar de proteção
diplomática/consular de um Estado membro diferente do Estado membro da
nacionalidade se este não tiver representação nesses países;
- dirigir petições ao PE, queixas ao Provedor de Justiça Europeu e missivas às
Instituições e órgãos da UE numa das línguas dos Tratados e obter resposta na
mesma língua
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I – A INTEGRAÇÃO EUROPEIA COMO UM PROCESSO EVOLUTIVO

8. Das Comunidades Europeias à União Europeia

A UEM com uma moeda única (euro) e com a criação de instituições próprias,
nomeadamente, o SEBC - Sistema Europeu de Bancos Centrais,
primordialmente responsável pela manutenção da estabilidade dos preços e o
BCE - Banco Central Europeu, que é o órgão chave do funcionamento da UEM,
ao qual compete a definição da política monetária da Comunidade.
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9. A extinção da CE e a eliminação da estrutura de pilares


O Tratado de Lisboa (2007/2009) alterou/reformou o Tratado de Roma (ou TCE) e
o Tratado de Maastricht (ou TUE), entre outros aspetos:

9.1. A absorção da CE pela UE:

Implicou a absorção da CE pela UE, a qual passou a ser dotada de


personalidade jurídica (artigo 47.º do TUE), o que levou a que o TCE fosse
novamente redenominado, agora de (Tratado sobre o Funcionamento da UE)
TFUE, como é atualmente designado.

9.2. A eliminação da estrutura de pilares:

Eliminou, ainda que formalmente apenas (isto porque os domínios PESC


continuam a obedecer a uma lógica de cooperação intergovernamental, cfr. artigo
24.º do TUE), a estrutura de pilares.
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10. Os alargamentos das Comunidades e da UE


10.1. Da Europa dos 6 à Europa dos 28… e depois dos 27.

A UE é composta por 27 Estados membros, em consequência de sete


alargamentos e de uma saída.

Os Tratados de Paris e de Roma contaram com seis Estados signatários:


Alemanha, França, Itália, Bélgica, Holanda e Luxemburgo.
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10. Os alargamentos (e a saída*) das Comunidades e da UE


10.1. Da Europa dos 6 à Europa dos 28… e posteriormente dos 27…
Os sete alargamentos ocorreram em:
- 1.º: 1972/73 e destinou-se ao Reino Unido, à Irlanda e à Dinamarca;
- 2.º: 1979/81 e teve como destinatário a Grécia;
- 3.º: 1985/86, abrangendo Portugal e Espanha;
- 4.º: 1994/95 e reporta-se à Áustria, Suécia e Finlândia;
- 5.º: 2002/2004 e destinou-se a 10 Estados europeus do leste: a Polónia, a
República Checa, a Eslováquia, a Hungria, Malta, Chipre, a Letónia, a Lituânia, a
Estónia e a Eslovénia;
- 6.º: 2005/2007 e visou a Bulgária e a Roménia;
- 7.º e último (até à data): 2012/2013 e visou a Croácia.

* Em 31 de janeiro de 2020 o Reino Unido saiu da UE (Brexit), tendo sido o


primeiro Estado membro a sair da União.
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10. Os alargamentos das Comunidades e da UE


10.2. Critérios de adesão à UE

Também designados de critérios de elegibilidade, devem ser preenchidos pelos


países candidatos à adesão e foram fixados pelo Conselho Europeu de
Copenhaga, de 1993, sendo três:

- critério político: o Estado candidato deve ter instituições estáveis, que


garantam a democracia, o Estado de Direito, os direitos humanos, o respeito pelas
minorias e a sua proteção;
- critério económico: obriga à existência de uma economia de mercado em
funcionamento e a capacidade para fazer face à pressão da concorrência e às
forças de mercado no interior da União Europeia;
- critério da adoção do acervo comunitário: o país candidato à UE deve ter
capacidade para assumir todas as obrigações dela decorrentes, incluindo a
adesão aos objetivos de união política, económica e monetária (UEM).
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10. Os alargamentos das Comunidades e da UE


10.3. Processo de alargamento da UE

É um processo de aprovação do PE (cfr. artigo 49.º do TUE): nenhum Estado


candidato pode entrar na UE enquanto o PE não aprovar a adesão (sem
embargo do papel das outras Instituições: remissão).
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10.3. Processo de alargamento da UE

10.3.1. Requisitos prévios

- Um Estado candidato à adesão à UE deve, previamente, dispor da


possibilidade de consentir restrições à soberania que a adesão à UE
necessariamente implica.

- É ainda necessário que não se levantem quaisquer dificuldades de natureza


constitucional suscetíveis de impedir o Direito Comunitário e da União de
produzir todos os seus possíveis efeitos na ordem jurídica interna desse
Estado.
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10.3. Processo de alargamento da UE

10.3.2. Pressupostos da adesão

O processo decisório encontra-se regulado no artigo 49.º do TUE.

Dele resulta que são pressupostos da adesão, o Estado candidato:


- Ter a qualidade de Estado europeu;
- Ter vontade de aderir à CEEA e à UE;

- Conformar-se com os princípios políticos (com especial relevância para os


princípios democráticos referidos no artigo 2.º do TUE), económicos e jurídicos
que caracterizam a ordem jurídica europeia.
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10.3. Processo de alargamento da UE

10.3.3. O processo decisório

Do artigo 49.º do TUE resulta que o processo de adesão começa com um pedido
de adesão que o Estado candidato deve dirigir ao Conselho.
O Conselho consulta a Comissão

O Conselho consulta também o PE, o qual tem necessariamente de aprovar a


adesão (aprovado por maioria absoluta dos membros que o compõem, ou seja,
dos deputados em efetividade de funções, i. é, 376 votos pelo menos, embora
neste momento, devido ao Brexit, só se exijam 353), sob pena de o processo não
continuar.
Em caso de aprovação do PE, segue-se a decisão do Conselho no sentido de
aceitar, ou não, a candidatura. O Conselho deliberará por unanimidade.
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10. Os alargamentos das Comunidades e da UE


10.3. Processo de alargamento da UE

10.3.4. O processo de negociações

Sempre que o Conselho decide aceitar a candidatura em causa, inicia-se um


processo de negociação das condições de adesão, o qual é conduzido pela
Comissão sob a orientação do Conselho.

No decurso deste processo de negociações, compete ao Conselho definir as


posições da União relativas ao prosseguimento das negociações.
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10.3. Processo de alargamento da UE
10.3.5. Acordo entre o Estado candidato e os Estados membros (celebração,
ratificação e entrada em vigor): o Tratado de adesão
- Concluídas as negociações, as condições de admissão e as necessárias
adaptações dos Tratados que a adesão determine constituirão objeto de um
acordo de natureza intergovernamental entre todos os Estados membros e o
Estado candidato, o chamado Tratado de Adesão, que formaliza a entrada do novo
Estado membro. Por exemplo: o Tratado de Adesão de Portugal foi celebrado a
12/6/1985.
- Entre as adaptações dos Tratados destaca-se:
a) A recomposição das instituições, dos órgãos e organismos;
b) A ponderação de votos com vista à formação das maiorias.
- Esse acordo deverá depois ser submetido à ratificação por todos os Estados que
nele participem (ou seja, todos os Estados membros e o Estado candidato) em
conformidade dom as respetivas regras constitucionais.
- Após essa ratificação, entrará em vigor na data prevista nesse acordo. Por
exemplo: o Tratado de Adesão de Portugal entrou em vigor a 1/1/1986.
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II – O QUADRO INSTITUCIONAL DA UE: AS PRINCIPAIS
INSTITUIÇÕES E ÓRGÃOS DA UE
1. Quadro institucional

Artigo 13.º do TUE:

- Instituições principais: o Conselho Europeu (instituição de cúpula); o Conselho


(um dos principais legisladores da União); a Comissão (o executivo comunitário);
o Parlamento Europeu (o outro principal legislador europeu); e o Tribunal de
Justiça da UE (instituição responsável pelo controlo jurisdicional).

- Também se destacam, embora com menor importância: o Banco Central


Europeu (dirige a política monetária na UEM) e o Tribunal de Contas Europeu
(fiscaliza o accounting da UE; não tem competência para exigir accoutability).
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II – O QUADRO INSTITUCIONAL DA UE: AS PRINCIPAIS
INSTITUIÇÕES E ÓRGÃOS DA UE
1. Quadro institucional

Princípio das competências por atribuição (decorrência do clássico princípio da


especialidade do fim, mais geral e aplicável às pessoas coletivas): cfr. primeira
parte do n.º 1 do artigo 5.º do TUE. Significa:

- Como OI, a UE apenas pode prosseguir os objetivos que se insiram no


âmbito das atribuições previstas nos Tratados; apenas pode praticar os atos
necessários à prossecução desses fins.

- A UE atua nos limites das atribuições que, explícita ou implicitamente, lhe


são conferidas pelos Tratados e para prosseguir os objetivos que por eles
lhe são fixados.
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II – O QUADRO INSTITUCIONAL DA UE: AS PRINCIPAIS
INSTITUIÇÕES E ÓRGÃOS DA UE
1. Quadro institucional

1.1. Conselho Europeu

Cfr. artigos 15.º do TUE e 235.º e 236.º do TFUE

Não se trata de uma instituição originária, uma vez que somente com o AUE
(1986/87) foi elevado a instituição comunitária. Desde 1974, ano da sua criação
(por iniciativa de Valéry Giscard D’Estaing, na altura Presidente da França), até
1987 (ano da entrada em vigor do AUE) existiu informalmente.
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II – O QUADRO INSTITUCIONAL DA UE: AS PRINCIPAIS
INSTITUIÇÕES E ÓRGÃOS DA UE: o Conselho Europeu
1.1.1. Composição

O Conselho Europeu trata-se da instituição comunitária de cúpula, sendo


composta:

- pelos Chefes de Estado ou de Governo (dependendo do sistema de


governo) dos Estados membros;
- pelo Presidente da Comissão; e
- pelo Presidente do próprio Conselho Europeu (figura criada pelo TL).

O Alto Representante da UE para os Negócios Estrangeiros e Política de


Segurança (que é um órgão da UE) participa nos trabalhos, mas não é membro
de pleno direito (artigo 15.º, n.º 2).
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II – O QUADRO INSTITUCIONAL DA UE: AS PRINCIPAIS
INSTITUIÇÕES E ÓRGÃOS DA UE: o Conselho Europeu
1.1.1. Composição

- Os Chefes de Estado ou de Governo podem ser assistidos por um ministro,


maxime o dos Negócios Estrangeiros; e

- O Presidente da Comissão pode ser assistido por um Comissário (cfr. artigo


15.º, n.º 3, segunda parte),

A acontecer, nem aqueles Ministros nem aquele Comissário são membros do


Conselho Europeu
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II – O QUADRO INSTITUCIONAL DA UE: AS PRINCIPAIS
INSTITUIÇÕES E ÓRGÃOS DA UE: o Conselho Europeu
1.1.2. Competências

Ao Conselho Europeu compete:

- Dar à UE os impulsos necessários ao seu desenvolvimento; e

- Definir as orientações e prioridades políticas gerais da UE (artigo 15.º, n.º


1, do TUE),

Daí que o Conselho Europeu seja um instrumento de concertação política.


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INSTITUIÇÕES E ÓRGÃOS DA UE: o Conselho Europeu
1.1.2. Competências

Todavia, é sobretudo em matéria de PESC que o Conselho Europeu desempenha


o seu papel fundamental, como se retira dos artigos 22.º, n.º 1, e 24.º, n.os 1 e 2,
26.º, n.º 1, do TUE.

Nesta medida, o Conselho Europeu também seja um instrumento de definição


da PESC.
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INSTITUIÇÕES E ÓRGÃOS DA UE: o Conselho Europeu
1.1.2. Competências

Como instituição de cúpula, é um órgão decisório e uma instância de apelo, na


medida em que também aprecia problemas suspensos em níveis inferiores,
nomeadamente no Conselho.
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INSTITUIÇÕES E ÓRGÃOS DA UE: o Conselho Europeu
1.1.2. Competências

Note-se que o Conselho Europeu não exerce funções legislativas (cfr. n.º 1 do
artigo 15.º do TUE); não é legislador da UE
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INSTITUIÇÕES E ÓRGÃOS DA UE: o Conselho Europeu
1.1.3. Funcionamento

O Conselho Europeu reúne, pelo menos, duas vezes por semestre (cfr. artigo
15.º, n.º 3, do TUE), sendo para tal convocado pelo respetivo Presidente: são os
Conselhos Europeus ordinários, os quais reúnem quatro vezes – periodicidade
trimestral – por ano.

O Conselho Europeu pode reunir mais vezes, também por convocação do


respetivo Presidente, em Conselho Europeu extraordinário.

Em regra, delibera por consenso (n.º 4 do artigo 15.º), embora existam várias
situações em que se exige a maioria qualificada.
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INSTITUIÇÕES E ÓRGÃOS DA UE: o Conselho Europeu
1.1.3. Funcionamento

Durante anos, foi uma prática frequente os Conselhos Europeus ficarem


conhecidos pelo nome da cidade onde tinham lugar. Por exemplo, em sede da
presidência portuguesa, no segundo semestre de 2007, os dois Conselhos
Europeus foram de Lisboa.

Não obstante, desde 2002 que ele tem sede em Bruxelas, cidade onde tem
reunido ultimamente.
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INSTITUIÇÕES E ÓRGÃOS DA UE: o Conselho Europeu
1.1.4. Presidente do Conselho Europeu

Desde o TL o Conselho Europeu conta com um presidente permanente, que é


eleito pelos seus membros (por maioria qualificada) para um mandato de dois
anos e meio, renovável uma vez (artigo 15.º, n.º 5). Atualmente, é Charles
Michel (belga; anteriormente foi Donald Tusk, polaco; e antes deste foi Herman
Van Rompoy, luxemburguês).

O Presidente do Conselho Europeu tem os poderes referidos no n.º 6 do artigo


15.º do TUE.
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INSTITUIÇÕES E ÓRGÃOS DA UE
1. Quadro institucional

1.2. Conselho (ou Conselho da UE ou Conselho de Ministros)

Cfr. artigos 16.º do TUE e 237.º e ss. do TFUE

Apresenta uma dupla faceta:


- Por excelência é uma instituição intergovernamental (pois trata-se de uma
instituição representativa dos Estados membros);

- Mas é também uma instituição comunitária (na medida em que também tem
como finalidade realizar os objetivos da UE, mesmo que estes colidam contra os
interesses pontuais de alguns Estados). Prova disto é o Conselho deliberar, em
regra, por maioria qualificada.
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INSTITUIÇÕES E ÓRGÃOS DA UE: o Conselho

1.2.1. Composição

O Conselho é composto por representantes dos Estados membros a nível


ministerial, sendo que esse Ministro terá de ter poderes para vincular o
Governo desse Estado membro (artigo 16.º, n.º 2, do TUE).
Destacam-se, portanto, duas características:
- O nível ministerial; e
- A possibilidade de vincular o Governo do respetivo Estado membro.
Desta última conclui-se que o Conselho tem diferentes composições, ou seja, os
Conselhos são múltiplos e variados dependendo da agenda ou da ordem de
trabalhos (cfr. n.º 6 do artigo 16.º do TUE).
Atualmente e desde o TL existem 10 formações possíveis do Conselho (por
exemplo: Conselho ECOFIN; Conselho JAI). Algumas delas - Assuntos Gerais;
Negócios Estrangeiros – vêm previstas no n.º 6 do artigo 16.º do TUE.
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INSTITUIÇÕES E ÓRGÃOS DA UE: o Conselho

1.2.2. Presidência

Com exceção da Presidência do Conselho dos Negócios Estrangeiros, que


pertence ao ARUNEPS (cfr. artigo 18.º, n.º 3, do TUE), a Presidência do
Conselho (ou dos Conselhos) é rotativa entres os Estados membros e por um
período de seis meses (cfr. n.º 9 do artigo 16.º do TUE), i. é um semestre do ano

- Estado membro que a detém atualmente: Bélgica;


- Presidências portuguesas: 1992 (primeiro semestre), 2000 (primeiro
semestre) e 2007 (segundo semestre). Próxima: 2021 (primeiro semestre).

Até ao TL a Presidência dos Conselhos estendia-se ao Conselho Europeu, sendo


certo que aquele Tratado criou a figura do Presidente do Conselho Europeu,
entregue a uma personalidade: remissão para a matéria deste último.
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INSTITUIÇÕES E ÓRGÃOS DA UE: o Conselho
1.2.2. Presidência
A importância de um Estado membro deter a Presidência dos Conselhos
apresenta-se evidente por:
- razões de prestígio e de promoção desse Estado na cena internacional; e
por
- representar uma magistratura de influência, em que quem a detém tem a
oportunidade de deixar a sua marca na agenda política europeia. Por exemplo,
em 2007 Portugal associou o nome da sua capital ao Tratado reformador (o
TL).

Atualmente, as agendas políticas das Presidências do Conselho da UE já não


são definidas apenas por um único Estado membro e nos seis meses em que
este ocupa a respetiva presidência, mas antes tripartidamente por três Estados
membros (uma troika de Estados membros) e durante 1 ano e meio.
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INSTITUIÇÕES E ÓRGÃOS DA UE: o Conselho
1.2.3. Competência
As competências do Conselho vêm previstas no n.º 1 do artigo 16.º do TUE, onde
devemos distinguir entre funções partilhadas e não partilhadas com o PE. Assim:

A) – A função orçamental; e
– A função legislativa são partilhadas com o PE;

Por outro lado:


B) – A função de definição das políticas (subordinado ao Conselho
Europeu); e
– A função de coordenação (articulando-se com a Comissão) são
funções não partilhadas.

Destaca-se o exercício do poder legislativo, previsto logo em primeiro lugar, o


que faz do Conselho um dos principais legisladores da UE (aliás, sempre o foi).
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INSTITUIÇÕES E ÓRGÃOS DA UE: o Conselho
1.2.4. Funcionamento
O Conselho tem sede em Bruxelas, onde reúne por convocação do respetivo
Presidente e por iniciativa deste ou de outro dos seus membros ou ainda da
Comissão (cfr. artigo 237.º do TFUE).
O Conselho conta com um Comité de Representantes Permanentes: o
COREPER (que é um órgão da UE), previsto no n.º 7 do artigo 16.º do TUE e no
artigo 240.º do TFUE, que prepara os seus trabalhos.

O COREPER, por sua vez, é assistido por Grupos de Trabalho, compostos por
técnicos/peritos

O Conselho conta ainda com um Secretário-Geral (artigo 240.º, n.º 2, do TFUE),


que o assiste.

O Conselho tem um regulamento interno onde o seu funcionamento está


descrito (a que se refere o artigo 240.º, n.º 3, do TFUE).
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INSTITUIÇÕES E ÓRGÃOS DA UE: o Conselho
1.2.4. Funcionamento
Em termos de deliberação, a regra é a da maioria qualificada (n.º 3 do artigo
16.º do TUE), que combina três critérios, (i) um relativo aos membros do
Conselho (pelo menos 55%), (ii) outro relativo ao número de Estados membros
(no mínimo 16) e (iii) outro relativo à população da UE (pelo menos, 65%) que
aqueles Estados representam. Exceções a esta regra:
a) Quando a proposta não é apresentada pela Comissão nem pelo ARUNEPS
a primeira percentagem eleva-se para 72%, mantendo-se a segunda nos 65%
(n.º 2 do artigo 238.º do TFUE)
b) Quando nem todos os membros do Conselho participem na votação,
mantêm-se as percentagens, mas deixa de se exigir o número mínimo de 16
Estados; os 65% referem-se à população dos Estados membros em causa (al.
a) do n.º 3 do artigo 238.º do TFUE)
c) Também há algumas matérias sujeitas a maioria simples ou relativa (artigo
238.º, n.º 1, e 240º, n.º 3, do TFUE)
d) Tal como há algumas matérias sujeitas a unanimidade (como por exemplo
a matéria fiscal, cfr. artigo 113.º TFUE, na qual só o Conselho pode legislar).
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INSTITUIÇÕES E ÓRGÃOS DA UE: o Conselho
1.2.4. Funcionamento
Quando uma proposta de um ato legislativo (que é um ato de direito derivado) é
transmitida pela Comissão ao Conselho, não são os Ministros que se irão debruçar
sobre ela imediatamente, mas sim os peritos que integram os grupos de trabalho,
os quais analisaram a proposta a nível técnico.
Analisada a nível técnico, a proposta sobe ao COREPER, cujos membros são o elo
de ligação entre os peritos dos grupos de trabalho e os Ministros. O COREPER
delibera quer sobre questões técnicas (aquelas onde não houve decisão nos grupos
de trabalho), quer sobre questões políticas. As questões técnicas têm de ficar
fechadas no COREPER, o mesmo não se exigindo em relação às questões políticas.
Em função disso o COREPER elabora um relatório final em relação à
proposta, a qual sobe ao Conselho em Ponto A ou em Ponto B:
Ponto A: não há questões pendentes, competindo aos ministros aprovar a
proposta;
Ponto B: existem questões políticas pendentes que serão discutidas pelos
ministros, sendo a proposta aprovada ou rejeitada em função do resultado dessa
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INSTITUIÇÕES E ÓRGÃOS DA UE
1. Quadro institucional

1.3. Comissão Europeia (ou Comissão)

Cfr. artigos 17.º do TUE e 244.º e ss. do TFUE


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INSTITUIÇÕES E ÓRGÃOS DA UE: a Comissão
1.3.1. Composição
Um nacional de cada Estado membro, o que significa que atualmente temos 27
comissários (artigo 17.º, n.º 4 do TUE); um dos quais é o seu Presidente, outro é
o ARUNEPS, que é um dos vice-presidentes da Comissão.

A tensão entre a vontade de reduzir o número de comissários (v. g. para dois


terços do número de Estados membros) – o que obrigará a implementar um
sistema de rotatividade, pois haverá períodos de tempo em que alguns Estados
membros não nomeiam comissário – de forma a tornar a instituição mais
funcional e a oposição dos Estados membros a essa redução. A tentativa falhada
do TL (cfr. artigo 17.º, n.º 5).

No Colégio de Comissários, há dois que se destacam: o Presidente da


Comissão (neste momento cargo ocupado por Ursula von der Leyen, comissária
alemã), com as competências previstas no n.º 6 do artigo 17.º, e um dos vice-
presidentes (artigo 18.º, n.º 4, do TUE): o ARUNEPS (neste momento cargo
ocupado por Josep Borrell, que é o comissário espanhol).
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INSTITUIÇÕES E ÓRGÃOS DA UE: a Comissão

1.3.1. Composição
Os comissários têm de ser independentes face aos interesses dos Estados
membros a que pertencem (artigo 17.º, n.º 3, 2.º e 3.º parágrafos, do TUE e
artigo 245.º do TFUE), ou seja, os comissários agem prosseguindo o interesse
geral da UE (artigo 17.º, n.º 1, do TUE) e não os interesses dos respetivos
Estados membros que os indicaram.

A duração do mandato dos comissários é de 5 anos (artigo 17.º, n.º 3, 1.º


parágrafo, do TUE), ou seja, o mandato da Comissão coincide com o mandato
dos membros do Parlamento Europeu. Porquê?

Porque a Comissão Europeia responde politicamente perante o PE (cfr. n.º 8


do artigo 17.º do TUE).
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INSTITUIÇÕES E ÓRGÃOS DA UE: a Comissão
1.3.1. Composição
Quanto ao processo de nomeação, temos que distinguir em função do membro da Comissão:
- O Presidente é proposto pelo Conselho Europeu (considerando os resultados das
eleições europeias), deliberando por maioria qualificada (cfr. artigo 17.º, n.º 7, do TUE),
mas a sua eleição é feita pelo PE, deliberando por maioria absoluta (cfr. artigo 17.º, n.º
7, do TUE).
Tal eleição é precedida de um debate de investidura (cfr. artigo 17.º, n.º 7, do TUE), no
qual o Presidente apresentará ao PE as ideias que pretende levar a cabo, caso seja eleito.
- O ARUNEPS é nomeado pelo Conselho Europeu, deliberando por maioria qualificada,
mas com o acordo do Presidente da Comissão (cfr. artigo 18.º, n.º 1, do TUE).

- Os Comissários são propostos pelo Conselho, com o acordo do Presidente da


Comissão, e tendo em conta as propostas dos Estados membros (cada Estado membro,
com exceção de dois, o do Presidente e o do ARUNEPS, propõe um comissário) – cfr.
artigo 17.º, n.º 7, 2.º parágrafo.

Após, todos os Comissários (onde se inclui o Presidente e o ARUNEPS) são sujeitos


colegialmente a um voto de aprovação pelo PE (artigo 17.º, n.º 7, 3.º parágrafo, do
TUE), sendo nomeados pelo Conselho Europeu deliberando por maioria qualificada.
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INSTITUIÇÕES E ÓRGÃOS DA UE: a Comissão
1.3.2. Competências

Vêm referidas nos n.os 1 e 2 do artigo 17.º do TUE e são cinco grandes competências:

A primeira trata-se de uma competência genérica:

1.ª) Promover o interesse geral da UE, tomando as iniciativas adequadas para o


efeito;
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INSTITUIÇÕES E ÓRGÃOS DA UE: a Comissão
1.3.2. Competências

As demais quatro são competências específicas:

2.ª) Velar pela aplicação dos Tratados e das medidas adotadas pelas instituições por
força destes, além de controlar a aplicação do Direito da UE, sob a fiscalização do
TJUE;
Portanto, a Comissão zela pela fiscalização da legalidade comunitária, daí que a
Comissão também seja chamada de “guardiã dos Tratados”.
3.ª) Executar o orçamento e gerir os programas; e coordenar, executar e gerir as
políticas comunitárias.
São estas competências que permitem qualificar a Comissão Europeia como
uma espécie de Executivo ou Governo da UE.
4.ª) Com exceção dos domínios da PESC (que é conduzida pelo ARUNEPS - cfr. artigo
18.º, n.º 2, TUE), assegurar a representação externa da UE.
5.ª) Participar no processo legislativo através de um direito quase exclusivo de
iniciativa (n.º 2 do artigo 17.º do TUE); bem assim tem competência para aprovar
atos não legislativos (delegados e de execução) i. é, competência normativa própria.
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INSTITUIÇÕES E ÓRGÃOS DA UE: a Comissão
1.3.2. Competências
Destacam-se duas:
O PODER DE INICIATIVA LEGISLATIVA

Genericamente, significa que para que um ato comunitário de direito derivado


(regulamento, diretiva ou decisão) seja adotado é necessário que a Comissão
apresente a proposta, porque esta instituição detém praticamente o monopólio de
iniciativa da atividade legislativa da UE.
A Comissão, em regra, apresenta uma proposta ao Conselho e ao PE para
decisão (naquele a que se chama processo legislativo ordinário – antigo
processo de codecisão – previsto nos artigos 289.º, n.º 1, e 294.º do TFUE ).
Ou então, a proposta é apresentada ao Conselho (ou ao PE), competindo ao
PE (ou ao Conselho) apresentar um parecer (num dos vários processos
legislativos especiais, genericamente referidos no artigo 289.º, n.º 2, TFUE.
Mas quase sempre a autoria da proposta é da Comissão. Daí que a Comissão
seja o motor da UE: praticamente, todo o normativo comunitário depende das
propostas que ela apresente.
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INSTITUIÇÕES E ÓRGÃOS DA UE: a Comissão
1.3.2. Competências
Destacam-se duas:
A GUARDIÃ DOS TRATADOS
Também é à Comissão que compete zelar pelo cumprimento das normas da UE,
quer por parte dos Estados membros, quer por parte dos particulares (em especial
das empresas), quer das próprias instituições comunitárias.
Perante um incumprimento de normas europeias por parte dos Estados membros,
a Comissão pode instaurar contra o Estado infrator ações por incumprimento.

Pode ainda inspecionar, levantar autos de infrações e aplicar coimas às


empresas por violação de regras comunitárias sobre a proteção da concorrência.

Pode fiscalizar ações ou omissões das outras instituições comunitárias que violem
o Direito Comunitário, instaurando, respetivamente, ou recursos de anulação ou
ações por omissão.
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INSTITUIÇÕES E ÓRGÃOS DA UE: a Comissão
1.3.3. Funcionamento

A Comissão tem um regulamento interno (a que o artigo 249.º do TFUE alude)


no qual esse funcionamento é regulado de forma detalhada.

A Comissão delibera por maioria e não por unanimidade, como retiramos do


artigo 250.º, do TFUE, isto porque a Comissão Europeia é uma instituição
supranacional, logo defende os interesses da UE; trata-se de uma instituição
pura de integração.
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INSTITUIÇÕES E ÓRGÃOS DA UE: a Comissão
1.3.4. Cessação antecipada de funções dos comissários
Individualmente:
Demissão compulsiva dos comissários: Um comissário que deixe de preencher
os requisitos necessários ao exercício das suas funções (por exemplo, perdendo a
sua independência) ou tenha cometido falta grave, pode ser demitido
compulsivamente pelo TJUE, a pedido do Conselho ou da Comissão (artigo
247.º do TFUE).
Demissão voluntária dos comissários: Qualquer comissário também pode
demitir-se voluntariamente, ou por iniciativa do próprio ou a pedido do
Presidente da Comissão (cfr. artigo 17.º, n.º 6, 2.º parágrafo, do TUE).

Demissão compulsiva do ARUNEPS: se o Conselho Europeu, deliberando por


maioria qualificada e com a concordância do Presidente da Comissão, o decidir
(cfr. artigo 18.º, n.º 1, do TUE).
Demissão voluntária do ARUNEPS: pode demitir-se por decisão própria ou a
pedido do Presidente da Comissão (cfr. artigos 17, n.º 6, 2.º parágrafo, 2.ª parte,
do TUE).
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INSTITUIÇÕES E ÓRGÃOS DA UE: a Comissão

1.3.4. Cessação antecipada de funções dos comissários


Coletiva ou colegialmente:

A forma de cessação de funções da Comissão enquanto colégio (não dos


comissários individualmente) é através da aprovação de uma moção de censura,
prevista nos artigos 17.º, n.º 8, do TUE e 234.º do TFUE, por parte do PE, já que
esta instituição controla politicamente a Comissão..

Decorrência do princípio da responsabilidade política dos executivos diante


dos parlamentos.

Uma moção de censura aprovada por maioria de 2/3 dos votos expressos,
desde que corresponda à maioria dos deputados ao PE em efetividade de
funções, implica que a Comissão Europeia seja obrigada a cessar funções.
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INSTITUIÇÕES E ÓRGÃOS DA UE
1. Quadro institucional

1.4. O Parlamento Europeu

Cfr. artigos 14.º do TUE e 223.º e ss. do TFUE


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INSTITUIÇÕES E ÓRGÃOS DA UE: o Parlamento Europeu
1.4.1. Composição

O PE é composto por representantes dos cidadãos da UE (cujos interesses


defende) eleitos por sufrágio universal, direto, livre e secreto por 5 anos
(artigo 14.º, n.os 2 e 3 do TUE)
Portanto, trata-se de uma instituição comunitária dotada de legitimidade
democrática direta (aliás, a única).
O número de deputados não pode ser superior a 750, mais o respetivo
presidente (portanto, 751 ao todo, mas com o Brexit o número de deputados
reduziu para 705), que atualmente é David Sassoli (italiano).

Nenhum Estado membro pode ter menos que 6 deputados (por exemplo, malta
elege 6), tal como nenhum Estado membro pode ter mais do 96 (por exemplo, a
Alemanha elege 96). Portugal elege 21 eurodeputados.
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INSTITUIÇÕES E ÓRGÃOS DA UE: o Parlamento Europeu
1.4.2. Funcionamento

Pode funcionar de três formas distintas: em sessão plenária (em Estrasburgo


onde tem sede); em comissões parlamentares e em grupos parlamentares
(em Bruxelas).

Os deputados não se organizam por nacionalidades, mas por grupos políticos.


Existem atualmente 9; por exemplo o PPE (Partido Popular Europeu); os S&D
(Socialistas e Democratas); os Verdes, etc.

Normalmente vota por maioria dos votos expressos, portanto, maioria relativa
(mais votos a favor do que contra) – cfr. artigo 231.º do TFUE

O seu funcionamento é definido no seu regulamento interno (cfr. artigo 232.º do


TFUE).
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1.4.3. Competências

Ao PE cabem essencialmente três competências:

I.ª Começa por ser uma instância de controlo político da Comissão Europeia,
(artigo 14.º, n.º 1, TUE) através de cinco mecanismos principais:

a) Elege o Presidente da Comissão, que antes de ser eleito é submetido a um


debate de investidura ante o PE (cfr. artigos 14.º, n.º 1, e 17.º, n.º 7, do TUE).
Igualmente, o PE que aprova a designação de toda a Comissão enquanto
órgão colegial (artigo 17.º, n.º 7, 3.º parágrafo, do TUE);

b) Pode votar moções de censura sobre a Comissão (artigo 17.º, n.º 8, do TUE
e 234.º do TFUE), as quais, se forem aprovadas pela maioria que o TFUE exige
(maioria de 2/3, desde que igual à maioria dos membros que compõem o PE),
implica a demissão em bloco da Comissão;
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1.4.3. Competências

Ao PE cabem essencialmente três competências:

I.ª Começa por ser uma instância de controlo político da Comissão Europeia,
(artigo 14.º, n.º 1, TUE) através de cinco mecanismos principais:

c) Pode constituir comissões parlamentares de inquérito, as quais são


temporárias e analisam alegadas infrações ao Direito Comunitário ou alegados
casos de má administração (artigo 226.º do TFUE);
d) Pode dirigir à Comissão Europeia questões escritas e orais (artigo 230.º, 2.º
parágrafo, TFUE);

e) Pode pedir à Comissão Europeia que lhe apresente propostas (artigo


225.º TFUE).
Lic. em Solicitadoria
Direito da União Europeia - C. P.
II – O QUADRO INSTITUCIONAL DA UE: AS PRINCIPAIS
INSTITUIÇÕES E ÓRGÃOS DA UE: o Parlamento Europeu
1.4.3. Competências

Ao PE cabem essencialmente três competências:

II.ª Participa nos processos decisórios legislativos (artigo 14.º, n.º 1, TUE):

a) Nos processos especiais de decisão normalmente é convidado a emitir um


parecer (artigo 289.º, n.º 2, do TFUE), sendo uma instância consultiva (por
exemplo, veja-se o n.º 2 do artigo 23.º do TFUE);

b) No processo legislativo ordinário, com poderes legislativos, embora não


exclusivos já que os partilha com o Conselho (artigo 289.º, n.º 1, do TFUE).
Lic. em Solicitadoria
Direito da União Europeia - C. P.
II – O QUADRO INSTITUCIONAL DA UE: AS PRINCIPAIS
INSTITUIÇÕES E ÓRGÃOS DA UE: o Parlamento Europeu
1.4.3. Competências

Ao PE cabem essencialmente três competências:

III.ª O PE tem ainda uma participação ativa na elaboração e aprovação do


orçamento da UE (artigos 14.º, n.º 1, do TUE, e 314.º do TFUE).

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