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DIREITO COMPARADO 1 º ANO ( 2 º Semestre) -

LICENCIATURA EM DIREITO
Universidade Autónoma de Lisboa

A família de Direito da Common Law- Direito Inglês

Discente: Filipa Santos, nº 30000518


Docente: Pedro Trovão do Rosário

15 de maio de 2018 , Lisboa 1


Índice

Introdução______________________________3

Direito Inglês____________________________4

Formação da Common Law_________________5

Características e conceitos fundamentais_______11

Fontes de Direito _________________________13

O ensino do Direito e profissões jurídicas______17

Conclusão_______________________________20

Bibliografia______________________________21

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Introdução
Este trabalho pretende dar uma compreensão mais clara e objetiva do Sistema jurídico
da Common Law, a primeira acepção de Common Law é a de “Direito Comum” ou
seja aquele direito nascido das Sentenças jurídicas dos tribunais de Westminster, onde
a Corte era constituída pelo Rei e estava a ele subordinada , o que acabaria por levar
aos direitos costumeiros e particularidades das tribos daquela época.
Assim a sociedade evoluí ao longo dos anos, e passa por diversos progressos ,
assim o Direito tem de acompanhar sempre a sociedade.
A Common Law tem origem na Inglaterra depois da conquista Normanda, em
resultado da ação Normativa dos tribunais reais de justiça, a compreensão do sistema
jurídico Anglo-Saxónico leva ao conhecimento da formação histórica do direito Inglês.
Neste trabalho examinam-se a origem e desenvolvimento da Common Law, bem como
as fontes de Direito e características da mesma e ainda o ensino do Direito e profissões
jurídicas.

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Direito Inglês
O Direito Inglês é o sistema jurídico da Inglaterra e Gales , é a base da Common
Law , e é um sistema legal utilizado na maioria dos países da Commonwealth , que é
uma organização intergovernamental composta por 53 países membros que cooperam
para promover a democracia, direitos humanos e boa governança.
O Direito Inglês antes da Revolução Americana, ainda era parte do direito dos
E.U.A.
A Inglaterra é conquistada pelos Normandos como estará referido mais á frente e
estes estabelecem a primazia do Direito Inglês , introduzem ainda o feudalismo e
mantiveram o poder através de Barões. A Inglaterra é uma Monarquia Parlamentarista,
com um parlamento que possui autoridade para criar leis sendo que o chefe de estado
tem uma função apenas representativa e diplomática e não possuí qualquer tipo de
poder executivo.
No final da idade média, a Europa começou a assistir ao nascimento dos estados
centralizados nas mãos dos monarcas, no entanto, na Inglaterra tal não se sucedeu, a
monarquia inglesa era bastante poderosa e centralizou o poder. Até ao século V. a
Inglaterra fez parte do império Romano, no entanto a população rejeita o poder de
Roma.
Formação da monarquia Inglesa
A Monarquia Inglesa forma-se com Guilherme I , que conquista Inglaterra e
divide-a em condados, que eram governados por sherifs e estes tinham autoridade
sobre os burgueses e camponeses.
Em 1154 Henrique Plantageneta herda a coroa de Inglaterra e retira o poder
judicial da igreja, colocando-o nas mãos de pessoas por ele indicadas; o seu filho
perdeu feudos para os franceses e para não perder apoio de Roma, assina a Magna
Carta, que limita o poder Monárquico e assim começa a Monarquia Constitucional de
Inglaterra. Por exemplo o rei só podia aumentar impostos com a autorização do
Conselho...

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Em 1689 é assinada a Declaração de Direitos que limitava os poderes do rei e deu
força ao parlamento.

Formação da Common Law

Período Anglo-saxónico e Formação da Common Law

A common Law é um sistema de Direito elaborado na Inglaterra, tem uma


origem Anglo-Saxónica e influenciou todos os países que politicamente estiveram ou
não associados à Inglaterra. Desenvolve-se originalmente com o Sistema Jurídico da
Inglaterra durante o século XII e XIII e era um conjunto de decisões baseadas no
costume e na tradição. A Common Law é uma criação histórica, devido aos
Normandos muito principalmente , que foram um povo medieval estabelecido no
Norte de França. Assim a conquista Normanda da Inglaterra foi uma ocupação do
reino da Inglaterra por este exército.

Os Anglo-saxões antes da invasão Normanda já tinham desenvolvido um


conjunto de regras semelhantes aos Normandos. Os dois primeiro períodos da história
do Direito Inglês vão do século I ao XV da era cristã , sendo que o período Anglo-
Saxónico tem a fase do domínio romano e a fase do domínio anglo-saxónico; o
período de formação da common law integra a fase de criação dos tribunais da
common law e a fase da crise da mesma.

O domínio Anglo-Saxónico Inicia-se no século V com a invasão de várias


tribos sobre o domínio romano, estas partilham a Inglaterra , maior parte das tribos é
convertida ao Cristianismo e o direito canónico passa a ser aplicado na Inglaterra. As
tribos que se destacaram foram os Anglos e Saxões ficando daqui derivado o nome.
Estas tribos reunira-se, celebraram acordos , e criaram as leis escritas, no entanto, estas
não unificaram o direito Inglês que ainda era costumeiro. Os Anglo-Saxões são assim
apelidados de bárbaros pelos romanos.

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Em 1066 a conquista Normanda acabou com as antigas leis Anglo-saxónicas
tirando alguns costumes locais ; as terras foram divididas em feudos administrados por
vassalos normandos do rei, todos eles falavam francês e desenvolveram o seu próprio
Direito consuetudinário e usavam escriturários ou clérigos literatos em vez de juízes
profissionais uma vez que não os tinham.

fig. 1 e 2 - Migração de Anglos e Saxões

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Formação da Equity

A sua origem remonta à idade média em que o rei , soberano e justiceiro, devia
assegurar a seus súbditos a justiça , sendo que a sua intervenção era legítima nos casos
em que havia conflito.

A common law é marcada por uma rigidez formal, e não permitia ao sistema
ter a liberdade de se adaptar às necessidades sociais, deste modo forma-se um sistema
rival chamado Equity.

A Court of CHancery é um orgão jurisdicional inglês que tem a competência


de resolver injustiças, esta Corte forma definitivamente a Equity.

Quando decorria alguma injustiça, a parte perdedora poderia apelar ao rei e


este, dava a sentença, no entanto houve aqui um descuido, pois este deixa de conseguir
dar conta do recado, passando assim o cargo ao Chanceler , que com o passar do
tempo se torna Jurista , o que originou um conflito entre os dois sistemas tendo-se
chegado a um meio termo onde ambos podiam coexistir. A Equity é assim vista como
algo que aperfeiçoou o sistema Inglês.

A origem da Equity está nos Writs do Chanceler , e antes nos Writs dos reis
anglo-saxões, no entanto só se inicia, quando o conselho do rei se fixa em
Westminster ; o segundo tribunal real como julga causas de interesse da coroa fixa-se
nesta zona , não esquecendo que os Writs do Chanceler eram mais para o caso
concreto do que as regras gerais. Estes Writs eram plenas decisões políticas e
dedicavam-se a estabelecer a paz do reino quando os julgamentos proferidos pelos
tribunais da Common Law não chegavam.É de referir que estas decisões políticas não
tinham natureza jurídica.

O Injunction é um mandato imperativo que tem como objetivo prevenir a


execução de toda a classe dos atos ilícitos , e ordena o cumprimento de uma obrigação,
conforme o direito ditado pela equidade.

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A fase conservadora da Equity

Esta fase vai do século XVI ao século XX.

Em 1534 o papa decide não divorciar Henrique VIII e este funda a igreja
protestante Anglicana , que se incorpora na Corte do rei, e a Corte é toda substituída
por Juristas. A mais grave consequência foi que, os novos administradores da justiça
de equidade adotam novos princípios afastando-se dos princípios redigidos pelos
eclesiásticos de natureza romano-canónica. Os Juízes comuns eram contra o poder
concentrado nas mãos do Chanceler, ora dá-se um confronto entre Common lawyer e
Equity lawyers e o rei tem de intervir pessoalmente.

A partir daqui começa uma renovação da Equity , com o reform act de 1832 ,
os tribunais são obrigados a aplicar a common law e a Equity em conjunto, sobre um
procedimento unificado.

FIG 5 -Henrique VIII

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O período moderno do direito inglês:

A modernidade Jurídica , tem início nas primeiras reformas do século XIX e


estende-se ao longo do século XX. Existem duas fases deste período , a primeira é a
fase das grades reformas do Século XIX e a fase dos desafios do século XX.

A fase das grandes reformas começa com a entrada do Ato de reforma de


1832 , que reformou o processo judicial do direito inglês , tanto da Common Law
como da Equity , de seguida começa a expedição do judicature Act que são uma série
de atos do Parlamento , começam na década de 1870 e têm como objetivo fundir o
sistema dos tribunais da Inglaterra e do País de Gales sendo que o primeiro foi o de
1873 e reformou a organização judiciária inglesa de forma radical, e uniu os tribunais
da common Law com os da Equity.

Não esquecendo que, os juristas passam a dar atenção primordialmente ao


conteúdo das suas decisões, o que leva a um desenvolvimento do direito inglês.São
revogadas muitas leis e reestrutura-se o direito inglês que caía em desuso.

Fazendo referência a duas revoluções presentes nesta altura ,


denominadamente a Norte-Americana de 1776 e a Francesa de 1789. Estas
influenciam a história do mundo inteiro , e o jurista inglês Jeremy Bethan fascinado
pela codificação da franca em 1804 , introduz na Inglaterra um direito legislado com
base nas ideias democrático-liberais influenciando o sistema inglês.

FIG 3-Independência dos E.UA FIG 4- Jeremy Bethan


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A crise da Common Law:

No século XX, desenvolve-se uma corrente social que substitui as ideias


liberais , prevalece a teoria do bem-estar social , onde o estado era o agente da
promoção social e económica , o governo regula toda a vida económica e política e
garante os serviços públicos e a proteção da população , começa uma crise da
Common Law pois a sua elaboração jurisprudencial era incompatível com este estado
ativista e encarregado de promover transformações. O crescimento da administração
publica produz uma massa de decretos e regulamentos que o espirito tradicional da
common law não estava preparado.

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Características e conceitos
fundamentais

O Kings Council é o concelho do rei , e centra-se em torno do mesmo.O rei é


auxiliado por este concelho, que é dividido em Grande conselho e pequeno conselho,
o conselho grande dá origem ao parlamento inglês , o pequeno dá origem aos tribunais
clássicos reais.
A justiça era administrada pelos tribunais do condado, no entanto, Henrique III
torna-se o primeiro rei Plantageneta em 1154 e institucionaliza a Common Law ,
criando um sistema jurídico unificado e comum a todo o reino.Este Direito
desenvolve-se por meio de decisão dos tribunais e não mediante atos legislativos ou
executivos, ou seja o direito é criado e aperfeiçoado pelos juízes, assim estes possuem
autoridade para cria-lo, aqui o Direito baseia-se mais na Jurisprudência do que no
texto da lei e neste contexto caso haja dúvidas o poder Judicial é que se encarrega de
legislar e interpretar as normas.
Devido a uma formação histórica peculiar, o direito inglês e os que adotaram o
regime de common law , estruturam-se sobre princípios, categorias e conceitos
distintos dos que vigoram na Europa continental.
Uma primeira característica é a importância conferida às regras de processo,
aos poucos a partir destas regras ,o direito inglês passa a definir direitos e obrigações.
A próxima característica é a importância dada, ás regras de distinções em que se separa
o ratio decidendi, que é a razão de decidir e são os fundamentos determinantes da
decisão ou seja , os passos necessários para decidir um caso ; do obter dictum que é o
dito de passagem , ou seja, é aquilo que é dito durante um julgamento; aqui só a
primeira deve ser seguida. Outra característica é a rule of precedent, que é a decisão
judicial tomada á luz de um caso concreto e que pode servir de diretriz para o
julgamento posterior de casos análogos , sente-se com a escola da exegese uma
necessidade, de haver homogeneidade ,que só o stare decisis era capaz de assegurar ,
este mesmo é a obrigatoriedade de cumprimento de decisões proferidas , em sede de
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controle de constitucionalidade abstrata pois possui um efeito vinculativo, tanto em
relação ao prolatador da sentença , como aos outros orgãos do poder . Outra das
características deste sistema é o facto de o juiz ser um mero árbitro entre as partes , a
seguir é a importância dos status ou da Statue law que começam com a Magna carta de
1225 , e são as leis escritas e emanadas pelo parlamento, em caso de conflito ,
permanecem os mesmos pois aqui o poder do parlamento não encontra limites , a não
ser diante da comunidade Europeia atualmente. O primeiro Statue que é muito
importante, tem o nome de Statue of Westminster de 1275 e obriga a julgamento com a
presença de júri, em casos criminais e de disputa territorial, o segundo é o Statue de
Gloucester e limita a jurisdição dos tribunais locais , o próximo é o Statue de
Westminster de 1825 e confirma os morgadios, possibilita que a propriedade fosse
usada para pagamentos de dívidas , liberalizou a possibilidade de apelação para um
tribunal superior...O próximo é o Statue de 1290 e limita a concessão de novos direitos
feudais. A próxima característica assenta na importância da disciplina legislativa, onde
a modernidade a exige, como por exemplo nas relações económicas e no direito
comunitário. Por fim cabe ainda dizer que o Direito inglês possui uma grande
capacidade de adaptação e mudança e molda-se a factos , sendo que se adapta muito
bem a novas sociedades formadas.
Os “Writs” são uma ordem judicial, uma concessão de ordem , para determinar
algo, são assim ações que garantem a eficácia dos direitos individuais , é referente
assim ao Habeas Corpus.

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Fontes de Direito

A Estrutura da Common Law , é baseada nos já referidos Writs, podemos


encontrar aqui alguma semelhança ou influência Romana pois estes também tinham
em consideração estas ações judiciais.

A Common Law é essencialmente criada pelos juízes dos tribunais de


Westminster a partir do Século XIX , estes juízes dedicavam-se ao estudo do Direito ,
no entanto não tinham qualquer formação como era costume, eles eram assim
formados como advogados no entanto não tinham universidade.

A principal fonte do direito inglês é a Jurisprudência, seguida da lei,


desempenhando um papel secundário temos o costume, a doutrina e a razão.

Jurisprudência
Relativamente à Jurisprudência, os ingleses distinguem as jurisdições em dois
conceitos, nomeadamente a alta justiça, que é administrada pelos tribunais superiores,
e a baixa justiça, que é administrada por uma série de jurisdições.

O tribunal superior é composto pela Câmara dos Lordes , pelo Appelate


Committee(Comité de Apelação) e pelo Judicial Committee of the privy Council
(Committee judicial do conselho privado).O primeiro é a instância máxima para a
Inglaterra e país de Gales; o segundo é instância máxima para os países ligados à Grã-
Bretanha excluindo estes dois que já foram mencionados. De seguida temos ainda a
Câmara dos Lordes.

O alto tribunal de justiça Inglesa é dividido em três , sendo que a primeira é


The Queens Bench Division (O banco da Rainha), The Chancery Division (Secção de
Chancelaria) e The Family Division(Secção de família). O alto tribunal de justiça tem
um presidente, um chefe de justiça , ainda tem um vice chanceler e muitos juízes.

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O Banco da Rainha(Queen´s Bench Division) é feito para resolver questões
referentes à confiança, casos de receita, liquidação de empresas, falências, concordatas
etc.

A secção de Família resolve as causas referentes à família, incluíndo divórcios ,


pensões , casamentos , testamentos etc.

A Crown Court é a Corte da Coroa e vincula apenas matéria criminal , é um


tribunal criminal de primeira instância. É composto por juízes da Alta Corte e o
recrutamento é feito por advogados nomeados pela Rainha.

Não esquecendo de frisar a Court of Appeal (tribunal de recurso) que é também


vinculada ao Alto tribunal de justiça, é assim especializada em recursos , a sua
composição é feita pelos senhores da justiça ,sendo estes dezasseis. As questões são
atribuídas a um grupo de juízes , composto por três pessoas que decidem pela maioria.
Existe ainda uma divisão criminal que tem como composição um juiz-
presidente , que por sua vez é um senhor da justiça , e dois juízes do Banco da Rainha.

A terceira e última instância deste sistema é composta pela Câmara dos Lordes
e pelo comité judicial do conselho privado.

A Câmara dos Lordes tem uma função legislativa e jurisdicional e ainda discute
políticas nacionais e internacionais. O Comité Judicial faz parte da Câmara dos
Lordes ao lado da comissão de apelação.

A origem dos Lordes remonta ao Concílio do Rei ou da Cúria Régia, frisando


que , este conselho era o Conselho privado do rei e após a invasão franca foi dividido
em Grande Conselho e Pequeno Conselho.

O Pequeno Conselho dá origem aos tribunais da Common Law. O parlamento


Inglês é bicameral. Há a Câmara dos Comuns e a Câmara dos Lordes.

O Comité judicial do conselho privado faz parte da Câmara dos Lordes , antes
e como referido era o Conselho privado do rei e a sua competência apenas se resigna
ao julgamento de recursos provenientes de classes de tribunais superiores , as decisões
deste Comité são designadas de pareceres, cuja função é resolver ou arranjar solução
aos conflitos da Coroa Inglesa.
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Os Tribunais Inferiores são compostos pela Jurisdição Comum e Pela
Administrativa. A Comum é composta por Jurisdição Civil e Criminal , sendo que a
Civil é expressa pelos County Courts ( tribunais do Condado) , enquanto que a
Criminal expressa-se nos Tribunais de Magistratura.

Os County Courts eram divisões militares chamadas Centúrias e Decúria ,


conforme fossem formadas por 10 ou 100 homens, o mais antigo de cada um dos
grupos era o chefe militar e eles também exerciam um papel de magistrados nas suas
divisões , sendo chamados de Count que significa ancião. Havia portanto uma Corte
destes Anciãos.

Os Tribunais de Magistrados eram os juízes da paz , e ainda os juízes de polícia


e eles julgam casos dentro destes conceitos. Em matéria criminal , as infrações de
menores são julgadas por magistrados; simples cidadãos aos quais são conferidos o
título de juiz da paz, estes não são juristas mas exercem as suas funções com
assistência de um secretário. Em numerosos casos , os acusados podem solicitar o seu
julgamento pelos magistrados e têm a vantagem de não poderem ser condenados por
mais de seis meses no entanto os mesmos não beneficiam da presença de um júri.

Em matéria administrativa há diversos organismos , muito variados e são


denominados de Bancadas, Comissões ou Tribunais.Assim os litígios são apreciados
por estes primeiro antes de serem submetidos ao supremo tribunal de justiça. Todos os
organismos estão sob controle do Alto tribunal de Justiça , e do tribunal da Coroa.
Todas as decisões passam pelo tribunal superior de justiça sendo que estes falados
organismos têm mais um carácter persuasivo.

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Lei
A Lei tem uma grande relevância como fonte de direito , ela é dividida em lei
propriamente dita e disposições variadas tomadas para a execução da lei , que são
assim a legislação subsidiária.

A constituição na Inglaterra é predominantemente jurisprudencial , e garante as


liberdades fundamentais limitando o livre arbítrio das autoridades.

Segundo teorias clássicas, a lei seria uma fonte secundária de direito ,


corrigindo apenas alguns princípios.

Não é que a lei seja inferior à Jurisprudência na Inglaterra mas contudo o


direito Inglês é essencialmente Jurisprudencial devido à tradição.

Costume
O Direito Inglês não é consuetudinário. Apesar da common Law poder retirar
de algumas das suas regras vários costumes, não quer dizer que o Costume esteja aqui
alicerçado como fonte primordial do Direito Inglês.

A Common Law fez desaparecer o direito consuetudinário, toda a importância


lhes é retirada por uma regra que exige que a sua existência seja anterior a 1189.
Quando um costume é consagrado pela lei ou jurisprudência, ele perde o caráter
consuetudinário, e não pode ter evolução, sendo esta uma das suas grandes
características.

Em matéria Constitucional , existe um costume que não é reconhecido carácter


jurídico mas este domina a vida política inglesa “O júri é apenas uma instituição para a
qual o juiz tem livre liberdade de recorrer ou não para formar o seu juízo” e o costume
impõe que se recorra a ele.

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Doutrina e razão

Certas obras doutrinárias escritas por juizes, receberam a qualificação de


autoridade, tendo autoridade comparável à que a lei tem.
A razão serviu de base para a elaboração da Common Law , ela continua a ser
inesgotável e os tribunais continuarão a recorrer a esta , tanto para preencher lacunas ,
como para fornecer uma evolução do sistema, a razão representa uma função
interpretadora da lei , existem normas baseadas na razão.
Caso não haja um texto legal , um costume aplicável ou um precedente , o juiz
da common law aplica a razão, esta razão é o raciocínio dos juizes para resolver o
conflito concreto.

O ensino do Direito e profissões jurídicas

Magistratura
No Sistema Judicial da Inglaterra e do país de Gales , os tribunais são
presididos por juizes com estatutos diferentes, que podem trabalhar a tempo inteiro ou
parcial. Os Magistrados ou juizes da paz , tratam cerca de 95% dos processos penais
de Inglaterra e País de Gales, mais de 30000 exercem funções localmente e trabalham
um mínimo de 26 meios-dias por ano.

Juizes a tempo Inteiro temos o Lord Chief Justice, que ocupa o topo da
hierarquia do sistema judicial Inglês e do país de Gales , torna-se o mais alto juiz
devido a uma lei de Reforma Constitucional de 2005 , que removeu funções ao Lorde
Chancellor. Este Lord Chief é presidente da Divisão Criminal do Tribunal de Apelação
e Chefe da Justiça Criminal.
Temos ainda os Chefes de Secção , que são quatro juizes superiores, que
chefiam várias secções como o presidente da secção Queen´s Bench; o presidente da
secção de família e o Chanceler do Tribunal Superior.
De seguida encontramos os Juizes de recurso , que exercem funções no
tribunal de recurso; os juizes do tribunal superior , que exercem funções neste mesmo

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tribunal que aprecia os processos civis mais complexos, e os processos penais de
maior gravidade do tribunal da Coroa, como por exemplo os homicídios; depois os
juizes de Comarca que julgam processos civis e a maior parte do seu trabalho ocorre
em gabinete e não audiências. Por último temos os High Court masters e registrars que
tratam de aspetos processuais, julgando os processos civis das secções Chancery e
Queens Bench.

A tempo parcial, os juizes são geralmente nomeados por um período não


inferior a cinco anos e estes são:
Juizes adjuntos do tribunal superior; Juizes adjuntos de comarca etc.
Os tribunais especializados apreciam cerca de 800000 processos por ano , e
funcionam através de um coletivo que inclui um presidente , com formação jurídica
apoiado por vários especialistas. Não existe Juri e o juiz de um tribunal especializado
não pode aplicar penas de prisão.

A procuradoria da Coroa é uma autoridade independente , responsável por


levar a tribunal os casos investigados pela polícia, é supervisionada pelo Procurador-
Geral , que responde perante o Parlamento, tanto a Inglaterra como o País de Gales
estão divididos por 42 zonas, e cada uma é chefiada por um procurador-chefe da
Coroa. A procuradoria da Coroa é chefiada pelo Diretor dos Procuradores Públicos, e
este toma decisões acerca dos casos mais complicados. Os funcionários da
Procuradoria da Coroa aconselham a polícia e analisam provas , e apresentam os
processos no tribunal.

Barristers e Advocates (Advogados), aqui a ordem dos advogados é o orgão


regulador de todos eles , foi criado para zelar pelos interesses da profissão,para aplicar
iniciativas estratégicas e promover padrões , honra e independência da Ordem. Os
Barristers são consultores jurídicos individuais especializados, trabalham em grupo e
representam os clientes nos tribunais superiores. Os Solicitadores proporcionam aos
clientes uma assistência jurídica profissional , patrocínio judicial e representação
jurídica , a maioria deles faz parte de sociedades de solicitadores.
Os Notários formam o terceiro ramo mais antigo das profissões jurídicas ,
todos eles têm formação jurídica, no entanto fazem exames de admissão diferentes dos
advogados, depois de admitidos podem exercer em qualquer local, elaboram e emitem

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documentos e atos notariais e podem prestar aconselhamento relativamente à
preparação de testamentos, a questões de sucessão , heranças etc.

Os advogados especializados em marcas e patentes , são assim consultores


especializados em marcas, modelos e direitos de autor e prestam serviços dentro
dessas competências.
Por último temos os funcionários judiciais e os conselheiros jurídicos ; os
funcionários judiciais são conselheiros dos juizes de paz, têm de ter 5 anos de
experiência mínima e aconselham os juizes em matéria processual , tanto dentro como
fora do tribunal, são também responsáveis pela gestão e formação dos conselheiros
jurídicos , pela qualidade dos serviços prestados entre outros. Os conselheiros
juridicos têm assento no tribunal e aconselham os magistrados em matéria de direito e
praticas processuais.
O ensino inglês apresenta um caracter particular , os estudantes têm de passar
pelo “Inns of Court” onde estudam a Common Law e a prática do foro , para que se
possam tornar Barristers. O “Inns of Court” são os albergues da Corte , são seminários
dos tribunais , o plano de cursos compreende o Direito Romano; Direito Internacional
Público e Privado; Direito Constitucional Inglês e das Colónias ; Common Law e
Statue Law ...

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Conclusão

No período Anglo-Saxónico a Inglaterra é invadida por vários povos e as leis


não eram conhecidas, de seguida forma-se a Common Law dando-se uma unificação
do direito , esta torna-se insuficiente e forma-se a Equity que é baseada na lei moral e
no direito Canónico , após estas duas vertentes entrarem em conflito juntam-se e
coexistem.
O Direito é centrado no processo , destacando-se como fonte a Jurisprudência
seguida da Lei e desempenhando um papel secundário o costume a doutrina e a razão.
A Common Law influenciou o direito de diversos estados.

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Bibliografia

https://e-justice.europa.eu/content_legal_professions-29-ew-pt.do?member=1

http://indexlaw.org/index.php/rpej/article/view/1294/pdf

www.fd.unl.pt/docentes_docs/ma/JCA_MA_13101.ppt

http://www.tradulex.com/LIS2011/soares.pdf

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