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CENTRO UNIVERSITÁRIO FAEMA - UNIFAEMA

DIREITO INGLÊS

Hellen Keiliany 08/03/2023


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A história do Direito Inglês é o resultado de uma evolução histórica ocorrida


no século XI a partir da conquista da Inglaterra pelos normandos. Após a invasão
desses povos o direito partido dos costumes começou a evoluir e se transformar no
que hoje chamamos de Direito Inglês.
A princípio, a Inglaterra era dominada pelos Bretons, no entanto, eles eram um povo
desunido e desorganizado. Os mesmos eram divididos em diversas tribos, muitas,
rivais entre si e espalhadas pela ilha. A falta de união entre as tribos, facilitou a
invasão romana no território e não houve resistência da parte oprimida. A diferença
entre as línguas dos conquistadores e conquistados, fez com que não houvesse
interesse em se aplicar o Direito Romano.
Entre as tribos invasoras repartiram o território entre si, os Anglos e Saxões ao
sul, os Fictes e Scots ao norte ficavam. No entanto, os Saxões acabaram por dominar
os demais povos e impor o seu direito. Os mesmos se converteram por meio da
missão religiosa de Santo Agostinho e consequentemente a Inglaterra se converteu a
essa religião, que é o cristianismo. De modo geral, as tribos invasoras que mais se
desenvolveram foram os anglos e os saxões, e o Sul acabou sendo compartilhado
entre as duas tribos.
As mais antigas regras escritas foram as Leis de Ethelbert, criada pelo
monarca de Kent, o primeiro soberano anglo-saxão a se converter ao cristianismo.
Contudo a total transição do costume para a lei escrita nunca se deu por completo
mesmo em função do estabelecimento oficial das primeiras normas escritas.
Nesta época existiam 3 tipos de jurisdição: a Jurisdição do Rei que decidia por
meio de Writs (escrito); a Jurisdição dos County Courts que aplicavam os costumes
locais com possibilidade de recorrer à justiça do rei; e a Jurisdição Eclesiástica que
aplicava o direito canônico (esse é o primeiro vestígio do surgimento do direito
inglês). Entretanto, a justiça não é centralizada e não há controle do rei nos direitos
que são aplicados.
O falecimento do rei anglo-saxão deu início à disputa pelo trono da Inglaterra,
o fato do monarca não possuir herdeiros, fez com que a responsabilidade de escolher
um sucessor fosse transmitida à Assembleia dos Nobres. Entretanto a coroa inglesa
foi reclamada e disputada por Guilherme I, que, da Normandia resolve partir em
considerado contingente militar para aportar na ilha. As mudanças introduzidas pelo
novo monarca, foram profundas, e sua política de distribuição de solo afetou a
organização e a estrutura da sociedade. Não obstante, com a manutenção dos
costumes, Guilherme começa a impor na Inglaterra uma forma de organização
judiciária, ainda cujas decisões pertinentes aos assuntos do estado eram tomadas em
Westminster, e as demais questões jurídicas, apreciadas nas cortes dos Condados.
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Quando Henrique II assumiu o trono, em 1154, planejou criar um sistema jurídico


que aplicasse uma lei comum para toda a Inglaterra, sem exceções. Era evidente que
não seria possível mudar os costumes do local sem causar um tremendo desastre,
então pensou que seria mais seguro pegar os princípios e costumes já existentes e
ajusta-los. O rei Henrique II ficou conhecido como aquele que conseguiu unificar as
leis da Inglaterra e criar o sistema da Common Law.
O direito inglês apresenta quatro instituições orgânicas, que são a base de
todo o sistema da Common Law, são o direito que se desenvolveu em certos países
por meio das decisões dos tribunais, e não mediante atos legislativos ou executivos.
Sendo esses: O The King´s Council que é o conselho do rei, tendo a continuação da
forma de organização do período anterior (dos reis anglo-saxônicos). Nele o rei é
auxiliado pelas principais figuras do reino os seus ministros e em especial o
Chanceller; O The King´s Council que com o passar do tempo é dividido em dois
grandes órgãos: O Conselho Comum que deu origem ao parlamento inglês e ao
Conselho Seleto (que dá origem aos 3 clássicos tribunais reais) que tem por
finalidade julgar conflitos agrários em termo de posse e propriedade; O King´s Writ é
uma ordem escrita do rei mandando que um funcionário seu cumpra o que nela está
pedindo, no início era apenas um meio administrativo, porém com Henry II se
transforma em mandamentos dos juízes dos tribunais da coroa; O King´s Inquest
trata-se da inquisição do rei para assuntos fiscais do império. Um funcionário do rei
sai de feudo em feudo perguntando aos residentes sobre o que havia nas suas
propriedades e assim estipulava os impostos; E por fim a Doctrine of King´s Peace é
a fonte primitiva da justiça penal civil, a qual cabe aos tribunais reais avocar para si o
julgamento de particulares ou funcionários que violem os costumes locais ou as
ordens do rei.
A Common Law, marcada pela rigidez formal, não permitia ao sistema a
liberdade de se adaptar às necessidades sociais que surgiam com o decorrer do
tempo, gerando assim, injustiças. Nesta conjuntura, surgiu um sistema rival chamado
Equity (equidade). Quando acontecia alguma injustiça durante um julgamento dos
Tribunais Reais, a parte perdedora tinha a chance de apelar para o rei. Assim, o
sucumbente deveria não só apelar aos Tribunais de Westminster, como também
dirigirse aos Chanceleres e pedir para levar seu caso ao monarca.
Durante um período, parecia que a Common Law seria trocada pela Equity, um
novo sistema, apoiado pelos reis e pela população, mas isso não aconteceu,
principalmente pela resistência dos juristas e do Parlamento, que apoiavam a
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Common Law contra os reis. Após um grande conflito entre os dois tipos de tribunais,
decidiu-se estabelecer um meio termo, onde os dois sistemas coexistiriam, mas não
perfeitamente, pois a Equity teria que se adaptar, não poderia ir contra as decisões
tomadas pelos tribunais da Common Law, devendo respeitar à jurisprudência.
A principal fonte do direito inglês é a jurisprudência, seguida da lei. Desempenhando
papel secundário, estão o costume, a doutrina e a razão.
Na Jurisprudência os ingleses distinguem as jurisdições em dois tipos: a alta
justiça administrada pelos Tribunais Superiores, e a baixa justiça administrada por
uma série de jurisdições inferiores. Os Tribunais Superiores não se limitam a resolver
processos, pois suas decisões constituem precedentes que devem ser seguidos no
futuro. As Jurisdições Inferiores são formadas pelos tribunais de condado, cujos
juízes, designados juízes de circuito, desempenham um papel essencial na
administração da justiça civil inglesa, exercendo uma competência que lhes foi
atribuída por lei.
Uma segunda fonte do direito inglês é a Legislação, que foi dividida e é a
principal legislação do Direito Inglês, sendo elas, Legislação Literal e Legislação
Delegada. A lei é uma fonte que traz apenas corretivos e adjunções aos princípios,
devendo ser interpretadas pelos tribunais. A lei desempenha, na Inglaterra de hoje,
uma função que não é inferior à da jurisprudência. Contudo, o direito inglês continua
a ser essencialmente jurisprudencial devido à tradição e ao fato de a jurisprudência
orientar o seu desenvolvimento em certos setores que se mantêm muito importantes.
O direito inglês não é consuetudinário, ou seja, os costumes não é uma regra
obrigatória. Quando um costume é consagrado pela lei ou pela jurisprudência, ele
perde seu caráter consuetudinário, para se tornar uma norma jurisprudencial
submetida à regra do precedente. Por isso o direito inglês pôde retirar algumas regras
dos vários costumes locais outrora em vigor.
Na Inglaterra, certas obras doutrinárias, escritas por juízes, receberam a
qualificação de livros de autoridade, alcançando tal prestígio que, nos tribunais, se
consideraram repositórios autorizados do direito da sua época. Depois da supressão
do formalismo, no século XIX, a função da Doutrina se ampliou.
Quanto à Razão, esta serviu de base para a elaboração da Common Law.
Enquanto regras mais acuradas não forem estabelecidas, a razão continua a ser a
fonte inesgotável, a qual os tribunais recorrerão, tanto para preencher as lacunas do
sistema de direito inglês como para guiar a evolução deste sistema.
O direito inglês não apresenta rupturas históricas, mas apenas continuidade O
período moderno do Direito Inglês se projeta por todo o século XX até os dias atuais,
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dividindo o período em duas eras: Era das Grandes Reformas (século XIX) e Era dos
Grandes Desafios (século XX).
A Era das Grandes Reformas ocorreu a edição de dois estatutos ou leis
primordiais que dão um novo rumo ao direito. O primeiro momento é o da entrada em
vigor do Reform Act de 1832 que reformou o processo judicial do direito inglês tanto
da Common Law quanto da Equity durante o reinado do rei Willian IV. O segundo
momento é o da expedição Adjudicature Act de 1873, que reformou a organização
judiciaria inglesa unindo os tribunais da Common Law e da Equity durante o reinado
da rainha Vitória.
Ja a Era dos Grandes Desafios fez com que os juristas ingleses passassem a
dar mais atenção para o conteúdo de suas decisões possibilitando decisões mais
delineadas. O desenvolvimento de uma legislação do direito inglês possibilitou um
tratamento mais adequado as questões emergenciais, que não seguem o ritmo dos
tribunais. O que mais se modificou nos tribunais de justiça foi a presença do júri, que
não é mais essencial. O processo é preparado para destacar os desacordos para
que, durante a audiência pública (The Day in Court) esses pontos sejam elucidados
por técnicas de provas orais, como testemunhas, e a decisão deve ser imediatamente
tomada.

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