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O Direito regula a vida em sociedade
Logo importa compreender o modo de organização da sociedade - a figura do "estado"
- Povo - conjunto de cidadãos ligados a um estado através da nacionalidade, reconhecendo-
lhes assim o gozo de direitos políticos
-Território - espaço limitado por fronteiras, onde o povo se rege pelas suas leis, executadas por
autoridades próprias e com exclusão da intervenção de outros povos
- Poder Politico - faculdade de que e titular um povo de por autoridade própria instituir órgãos
que exerça com relativa autonomia a jurisdição sobre um território
Funções do Estado:
- Funções primárias - funções que os órgãos do poder politico do estado desempenham de
uma forma minimamente vinculada. - Função Politica; Função Legislativa
- Funções Secundárias - funções que os órgãos do poder politico do estado exercem de modo
condicionado - Função jurisdicional: Função administrativa
Estado de Direito:
- Ordenamento jurídico obedece a uma estrutura hierárquica, sendo a lei a principal fonte
- A proteção dos direitos fundamentais, assume um valor essencial ao estado de direito
- São criados mecanismos de controlo da atuação administrativa e de tutela dos direitos dos
cidadãos, a nível gracioso (adm. publica) e a nível contencioso (tribunais)
- Legislação é controlada pelos tribunais, no que diz respeito a conformidade com a
Constituição
Direito tem uma linguagem própria, a terminologia jurídica é normalmente de grande precisão
Contudo também usa "conceitos indeterminados", que exigem esforço extra de interpretação
para determinar o sentido
O estilo é simples, domina a frase curta e o pensamento conciso
Jurista, exerce em 3 planos distintos:
- Plano da descrição ou da fixação do objeto - procura das normas válidas do sistema e a sua
interpretação
- Plano da explicação e sistematização - construção de conceitos jurídicos fundamentais e de
instituições
- Plano da aplicação à realidade - aplicação das normas aos casos concretos da vida
Este esforço de interpretação e sistematização constitui a - dogmática jurídica
Atividade do jurista - baseia-se numa serie de pressupostos filosóficos e políticos
Este pressuposto tem como base fundamental a CRP, a CRP estabelece o quadro os valores
fundamentais da ordem jurídica portuguesa.
Direito objetivo - corresponde a regra ou conjunto de regras, impessoais e abstratamente
enunciadas
Direito subjetivo - poder, faculdade que pertence individualmente a uma pessoa
II – Ramos do Direito
São numerosas as normas que constituem o Direito
A sua divisão em ramos facilita o estudo e individualiza os princípios essenciais
Distinções entre:
- Direito Nacional / Direito Internacional
- Direito Publico/ Direito Privado
Direito Internacional Público - regula predominantemente as relações entre estados e as
organizações internacionais
Direito Interno - regula as relações jurídicas que se desenvolvem no interior de um estado
Direito Público e Direito Privado:
A Summa Divisio é que se estabelece entre direito publico e privado, mas também esta
distinção está em crise, sendo vários critérios propostos para os distinguir:
- Natureza dos interesses prosseguidos
- Posição dos sujeitos na relação jurídica
- Critério do interesse e da qualidade dos sujeitos
- Critério da natureza dos interesses:
Direito Público - quando visam direta e predominantemente a satisfação de interesses públicos
e assecoriamente a interesses privados
Direito Privado - quando direta e essencialmente visam a satisfação de interesses privados
- Segundo o Critério dos sujeitos da relação jurídica:
São de Direito publico-as normas que disciplinam relações jurídicas em que um dos sujeitos
(Estado ou outro) age investido na sua qualidade de autoridade pública
São de Direito privado as normas que disciplinam relações em que nenhum dos sujeitos age na
qualidade de autoridade pública
- Critério do interesse e da qualidade dos sujeitos:
Direito Público - "sistema de normas jurídicas que, tendo em vista a prossecução de um
interesse coletivo, conferem para esse efeito a um dos sujeitos da relação jurídica poderes de
autoridade sobre o outro"
Direito Privado - " sistema de normas jurídicas que, visando regular a vida privada das pessoas,
não conferem a nenhuma delas poderes de autoridade sobre as outras, mesmo quando
pretendem proteger um interesse público considerado relevante"
Principais Ramos do Direito Público:
- Direito Constitucional
- Direito Administrativo
- Direito do Urbanismo
- Direito Financeiro
- Direito Tributário e Fiscal
- Direito Processual
- Direito Penal
Ramos do Direito Privado:
- Direito Privado Comum - Direito Civil (Código Civil)
- Direito Privado Especial - relações entre particulares (Direito Comercial, Mercantil, Trabalho,
etc.)
Direito Civil:
Divisão tradicional, chamada de classificação germânica do direito civil
Código Civil divide-se em 5 livros:
Parte Geral
Direito das Obrigações
Direito das Coisas
Direito da Família
Direito das Sucessões
Ramos do Direito com natureza Mista:
- Internacional Privado
- Direito de Previdência Social
- Direito Bancário
- Direito Agrário
- Direito do Ambiente
III – O Direito pelas Normas (Fontes Dir. / Feitura das Leis)
Fontes do Direito - modos de formação ou revelação de normas jurídicas
1. Fontes Formadoras - fatos normativos que estabelecem Direito novo, ou seja, criam,
modificam e extinguem jurídicas
(Ex: quando uma lei revoga outra lei)
2. Fontes Reveladoras - factos normativos que desvendam o conteúdo das normas já em vigo,
mas ignoradas pelo público, e que, por esses motivos, têm uma natureza declarativa e não
inovadora
(Ex: a doutrina e a jurisprudência)
Classificação das fontes de Direito;
Fontes Imediatas e Mediatas:
- Fontes Imediatas - são fontes que produzem diretamente normas jurídicas, sem qualquer
subordinação a outra fonte (CC, Lei e normas corporativas)
- Fontes Mediatas - são aquelas que sí são reconhecidas como fontes de direito na medida em
que a lei lhes confere este valor (assentos, usos e equidade)
Fontes Voluntárias e Não Voluntárias:
- Fontes Voluntárias - são as fontes que expressam uma vontade dirigida especificamente à
criação de uma norma jurídica
(Ex: Lei, jurisprudência e doutrina)
- Fontes Involuntárias - são aquelas que não expressam uma vontade dirigida especificamente
à criação de uma norma jurídica (Ex: costume)
Consagração Legal: artigos 1º a 4º CC
Art.º 1 - Lei e Normas Corporativas
Usos - previstos no Artº3 CC, são fonte de Direito na medida em que são acolhidos pela Lei
(Fonte Mediata)
Equidade - prevista no Art.º 4 CC, não se pode considerar uma fonte de Direito, visto não ser
um facto produtor ou revelador de normas jurídicas, mas antes um modo de decisão de casos
concretos de acordo com a sua justiça própria e sem apelo a critérios genéricos
O Costume:
(Noção) - "prática social reiterada com convicção de obrigatoriedade"
- Elemento material ou objetivo - "Corpus" (prática social reiterada ou constante) - prática
seguida pelo povo com uma certa duração
Quanto a prática, verifica-se uma correspondência com o uso. Os usos são práticas sociais
reiteradas sem a convicção de obrigatoriedade
- Elemento espiritual ou subjetivo – “Animus” ou convicção, por parte de quem adota um
costume, de que essa prática é imposta ou permitida pelo Direito.
- Alguma doutrina [que não seguimos] apontam, ainda, outros pretensos requisitos:
▪ Consagração legal
▪ Imposição pelos órgãos do poder político
A relação do costume com a lei:
Contra Legem (Contra a Lei) - verifica-se quando o costume e a lei estão em contradição
[A lei não lhe reconhece qualquer valor jurídico, porque não admite a possibilidade de a lei
cessar a sua vigência por força de um costume que lhe é contrário - Art7º CC]
Praeter Legem - verifica-se quando a norma costumeira não contraria a lei, mas vai além dela,
pois tem por objeto matéria que a lei não regula. Quando tal suceda, o costume pode ter
utilidade na integração de lacunas na lei.
[a lei ignora-o, o art.º 10.º CC não se refere ao costume]
Secundum legem – verifica-se quando a norma costumeira e a norma extraída da lei têm o
mesmo sentido, e devido a esse facto o costume apenas pode ter utilidade interpretativa.
[a lei ignora-o]
A Jurisprudência:
Principais Sistemas de Direito existente no mundo Ocidental:
Sistema Anglo-Saxónico
Sistema romano-germânico
Possíveis casos de jurisprudência como fonte de Direito em Portugal:
- Jurisprudência Uniformizada:
Verifica-se quando os tribunais superiores, diante casos semelhantes, decidem adotar as
mesmas providências para chegar a modos uniformes de decisão.
Pressupostos:
a) a existência de 2 acórdãos contraditórios quando à mesma questão de Direito;
b) a identidade de legislação a aplicar;
c) a possibilidade de interpor recurso para tribunal superior do segundo acórdão.
- O costume jurisprudencial:
Consiste na repetição de julgados que origina um costume na jurisprudência e que, por esse
motivo, leva a formação de novas regras.
As decisões dos tribunais superiores com força obrigatória geral:
▪ Acórdãos do Tribunal constitucional com força obrigatória geral (art.º 281.º, n.º 1 e 3, 278.º,
279.º 119.º, n.º 1, al. g) CRP. São entendidos como fonte de Direito, pois a declaração de
inconstitucionalidade ou de ilegalidade vincula a todos para o futuro.
▪ Acórdãos do Supremo Tribunal Administrativo (art.º 72.º. 73.º e 76.º Código de Processo
dos Tribunais Administrativos). As declarações de ilegalidade de uma norma com força
obrigatória geral pelo STA também vinculam os posteriores aplicadores da norma.
A Doutrina:
- Opiniões dos jurisconsultos sobre uma determinada questão jurídica, que são manifestadas,
por exemplo, em manuais ou pareceres.
- A doutrina é feita pelos teóricos do Direito para ser usada pelos práticos do Direito, por isso,
influencia os poderes legislativo e judicial no exercício das suas funções.
A Lei:
Modalidades de Revogação
I. Revogação Expressa e Tácita
II. Revogação simples e substitutiva
III. Revogação total ou parcial
IV. Revogação global e individualizada
I. Revogação Expressa e Tácita
Revogação Expressa
o Verifica-se quando a lei posterior declara que revoga a lei anterior.
Ex: a lei Y contém um artigo onde se afirma que são revogados os artigos 20.º a
25.º da lei X.
Revogação tácita
o Verifica-se quando existe uma incompatibilidade entre a lei posterior (revogatória)
e a lei anterior (revogada), também denominada “revogação por
incompatibilidade”.
A lei Y dispõe que a nova taxa de IVA de um certo bem é de 13% e a lei anterior, a
lei X, dispunha que a taxa de IVA desse mesmo bem era de 6%
II. Revogação simples e substitutiva
Revogação Substitutiva
o Verifica-se quando a LN, além, de fazer cessar a vigência da lei anterior, também a
substitui por um novo regime.
Ex: a lei Y diz que fica revogada a lei X, e estabelece um novo regime de tributação
de IVA.
Revogação Simples
o Verifica-se quando a LN se limita a declarar a cessação de vigência da lei anterior,
sem mais.
Ex: a lei Y diz que a Lei X se encontra revogada.
III. Revogação Total ou Parcial
Revogação Total (ou abrogação)
o Verifica-se quando a lei anterior cessa integralmente a sua eficácia.
Ex: a lei Y revoga a lei X.
Revogação Parcial (ou derrogação)
o Verifica-se quando só uma parte da lei anterior perde a sua eficácia
Ex: a lei Y revoga o art.º 20.º da Lei Y.
IV. Revogação Global e Individualizada
Revogação Global
o Verifica-se quando uma nova lei regula completamente todo um ramo de Direito.
Art.º 7.º/2 CC.
A expressão “regular toda a matéria” significa regular globalmente (não regular
todas as matérias uma por uma, mas antes fixar uma disciplina genérica).
Revogação Individualizada
o Verifica-se quando uma LN revoga especificamente uma parte da matéria.
Ex: uma nova lei regula as formas de cessação do contrato de arrendamento.