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FACUMINAS
A história do Instituto Facuminas, inicia com a realização do sonho de um
grupo de empresários, em atender a crescente demanda de alunos para cursos de
Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a Facuminas, como entidade
oferecendo serviços educacionais em nível superior.
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1 - INTRODUÇÃO
Existem certos direitos que são inerentes a todos os seres humanos, direitos estes
que são considerados substanciais à vida de cada indivíduo. Devido à
imprescindibilidade desses direitos, torna-se necessário que haja uma maior
garantia de que estes serão observados. Dessa forma, ante essa necessidade de
maior garantia destes direitos essenciais, passa a ser necessário que sejam
positivados na Lei Maior de um país. Quando inseridos na Constituição de
determinado país, estes direitos passam a ser tratados como sendo direitos
fundamentais. Tal nomenclatura se dá pelo fato de que tais direitos são tão
essenciais que precisam obrigatoriamente ser observados com muita cautela. Não
são quaisquer direitos que entram para o rol dos fundamentais.
Em se tratando de um princípio, não basta que seja respeitado, é preciso muito mais
que isso, é preciso que exista no ordenamento jurídico ferramentas que possam de
fato assegurá-lo. Assim, é visando a garantia de uma vida com dignidade aos
indivíduos que surgem os direitos fundamentais na Lei Maior de um país.
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Inicialmente analisa-se o conceito, a origem e a importância desses direitos bem
como o porque de serem considerados estes fundamentais, de modo que se possa
compreender porque existem certos direitos que necessitam de uma maior proteção
pelo ordenamento jurídico. Na sequência, trata-se acerca da classificação desses
direitos e os momentos históricos em que surgem e a partir de quais reivindicações
passam a ser atendidos e respeitados.
Por fim, será possível verificar que ao elevar um direito como fundamental é ter uma
maior segurança de efetividade desse direito ou ao menos uma maior segurança
jurídica para reivindicá-lo. Isto porque ainda que tal direito não seja garantido em
sua totalidade, se uma pequena parcela que for atendida, ao menos por um
momento, será a garantia daquilo que foi prometido em 1988 com a promulgação da
Constituição da República Federativa do Brasil.
2 - DIREITOS FUNDAMENTAIS
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que surgem os direitos fundamentais. Deste modo, para uma melhor compreensão
de quais são os direitos considerados fundamentais, destaca-se Jorge Miranda, que
menciona que direitos fundamentais são aqueles direitos ou posições jurídicas
estabelecidas na Constituição. (MIRANDA, 2000, p. 7).
Para Robert Alexy, os direitos fundamentais correspondem a uma das cinco marcas
dos direitos do homem, e em se tratando do objeto dos direitos do homem (neste
caso, os direitos fundamentais), inicia destacando que estes devem tratar de
interesses e carências que devem ser protegidos pelo direito, para, em um segundo
momento ressaltar que tal carência e interesse deve ser tão fundamental que sua
proteção necessite ser fundamentada pelo direito (ALEXY, 2007, p. 45), isto é,
estabelecido na lei maior de um país, a Constituição.
Assim, conforme destacou o autor, estes direitos que merecem uma proteção
especial devem ser de extrema importância para os indivíduos, ou seja, não se trata
de qualquer necessidade, é preciso que de fato seja algo fundamental,
imprescindível para uma existência digna.
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(VERONESE; OLIVEIRA, 2013, p. 55). Sendo que se tratam de direitos que vão
surgindo a partir de novas necessidades, verifica-se que não se tratam de direitos
absolutos, pois conforme leciona Norberto Bobbio:
Deste modo, para que sejam melhores atendidas as novas necessidades originadas
devido ao processo de evolução é que “(...) de cada processo de evolução serão
positivadas uma geração de direitos.” (GARCIA; MELO, 2009, p. 303).
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Neste sentido, traz Norberto Bobbio, que esta evolução torna-se necessária, pois os
direitos são cada vez mais extensos, e “(...) à medida que as pretensões aumentam,
a satisfação delas torna-se cada vez mais difícil”, portanto, há sempre a
necessidade da positivação de novos direitos. (BOBBIO, 2004, p.60).
Para fins de identificação dos direitos fundamentais, em que pese haver diferentes
classificações por parte dos doutrinadores, considerar-se-á aquela que traz como
sendo três as gerações dos direitos fundamentais, quais sejam: os direitos de
primeira geração que trazem o reconhecimento das liberdades, seriam então os
direitos fundamentais do homem como indivíduo, ou seja, são os direitos individuais
que dão certa autonomia ao indivíduo; quanto os direitos fundamentais de segunda
geração, estes consagram os direitos sociais, que seriam os direitos do homem
como membro de uma coletividade; e os de terceira geração, que são os direitos de
solidariedade ou fraternidade, referem-se aos direitos do homem solidário, pois de
um modo geral, este se preocupa também com a humanidade, e não apenas com si
mesmo. (MENDES; BRANCO, 2014, p. 137-138).
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social, e às relações sociais e culturais do indivíduo. (FERREIRA FILHO, 2009, p.
86-87).
Com a passar do tempo explicitou-se que não bastava existir apenas a liberdade e
igualdade, pois não é suficiente que cada um aja por si só, é necessário mais que
isso, é preciso que todos pensem no seu próximo e no meio em que vivem, é
preciso que haja solidariedade entre os indivíduos. Assim, devido a esta
necessidade de solidariedade entre os indivíduos é que surgiram os direitos
fundamentais de terceira geração. “Direitos estes que desprendem-se da figura do
indivíduo, destinando-se à proteção de grupos humanos.” (SBROGIO’GALIA, 2007,
p. 127).
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homem que necessitaram de amparo legal para resguardá-las, assim, sendo
possível assegurar aquilo que condiz com os interesses do homem. Contudo, é
importante frisar que, muito embora existam essas classificações das gerações dos
direitos fundamentais, isso não quer dizer que cada geração trata de apenas alguns
direitos específicos, ou que haja exclusividade de certos direitos em cada geração,
muito pelo contrário, pois “(...) essa distinção entre gerações dos direitos
fundamentais é estabelecida apenas com o propósito de situar os diferentes
momentos em que esses grupos de direitos surgem como reivindicações acolhidas
pela ordem jurídica..” (MENDES; BRANCO, 2014, p. 138).
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Assim sendo, tais direitos tornam-se então fundamentais de modo a assegurar uma
vida com mais dignidade para o indivíduo, pois conforme aduz Konrad Hesse “(...)
os direitos fundamentais devem criar e manter as condições elementares para
assegurar uma vida em liberdade e a dignidade humana.” (HESSE, 2009, p. 33).
No entanto, na busca por uma melhor compreensão, Ingo Wolfgang Sarlet inspirado
em Günter Dürig, coloca que por ser uma qualidade inerente à pessoa humana, a
dignidade trata-se de algo irrenunciável e inalienável, e deste modo constitui “(...)
elemento que qualifica o ser humano como tal e dele não pode ser destacado, de
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forma que não se pode cogitar a possibilidade de determinada pessoa ser titular de
uma pretensão a que lhe seja concedida a dignidade.” (SARLET, 2006, p. 41).
Sendo uma qualidade inerente ao ser humano, entende Lara Vanessa Millon, que,
para que seja respeitada a dignidade da pessoa humana é preciso que seja
garantida a liberdade, de modo que as pessoas sejam livres para desenvolver suas
personalidades. Além da liberdade, é necessário ainda que o ser humano jamais
venha ser tratado de modo degradante, humilhante ou de modo que seja ofensivo a
sua dignidade.
Onde não houver respeito pela vida e pela integridade física e moral do ser
humano, onde as condições mínimas para uma existência digna não forem
asseguradas, onde não houver limitação do poder, enfim, onde a liberdade
e a autonomia, a igualdade (em direitos e dignidade) e os direitos
fundamentais não forem reconhecidos e minimamente assegurados, não
haverá espaço para a dignidade da pessoa humana e esta (a pessoa), por
sua vez, poderá não passar de mero objeto de arbítrio e injustiças. Tudo,
portanto, converge no sentido de que também para a ordem jurídico-
constitucional a concepção do homem-objeto (ou homem-instrumento), com
todas as consequências que daí podem e devem ser extraídas, constitui
justamente a antítese da noção de dignidade da pessoa. (SARLET, 2006,
p. 59).
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Entretanto, destaca o autor que pelo fato de que tais valores não eram ainda
positivados no ordenamento jurídico, não havia a possiblidade de o cidadão solicitar
que determinado valor lhe fosse assegurado, não havia meios para exigir algo que
fosse contribuir para sua vida digna se este não estivesse expressamente garantido
em alguma Lei. Dessa forma, se não havia um reconhecimento formal apontando
que aquele valor específico era um direito assegurado, têm-se que não era possível
reivindicar um direito que em regra não existia, ou seja, até existia, mas não era
positivado, não havia um fundamento legal para esta reivindicação.
(MARMELSTEIN, 2009 p. 33).
I - a soberania;
II - a cidadania
(...)
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propôs a reconhecer e adotar tratados em que o Brasil faz parte, conforme
preconiza o art. 5º §§2º e 3º:
Salienta também George Marmelstein (2009 p. 69) que com isso o Constituinte
optou por favorecer os direitos fundamentais com a verdadeira intenção de que tais
direitos sejam de fato respeitados, atendidos, que sejam concretizados e não
simplesmente proclamados.
Deste modo, o indivíduo tem a possibilidade de reivindicar seus direitos, pois desta
vez eles encontram-se positivados, e assegurados pela constituição.
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Ainda nesta linha de pensamento e em consonância ao que traz o dispositivo
Constitucional acima, Alexandre de Moraes destaca que sendo um princípio
fundamental, a dignidade da pessoa humana:
Consoante ao que traz Paulo Ricardo Schier (2014, p. 46), é compreensível “(...) o
significado e força simbólicos que foram atribuídos à Constituição de 1988”, uma
vez que veio em um momento tão propício, em que a sociedade realmente clamava
por inúmeras mudanças em vários sentidos. E como complemento deste
posicionamento, concernente à Constituição de 1988, Luís Roberto Barroso (2000,
p. 42) ensina que esta “tem a virtude de espelhar a reconquista dos direitos
fundamentais, (...) simbolizando a superação de um projeto autoritário, pretensioso
e intolerante que se impusera ao País”.
Neste sentido, Paulo Ricardo Schier, sublinha que a Constituição de 1988, devido a
tudo o que consagrou, passou a ser conhecida como sendo uma “Constituição
Cidadã”, porquanto:
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Conhecida como “Constituição Cidadã”, a lei fundamental em vigor
consagrou a democracia, retomou o Estado de Direito, afirmou uma série
de princípios fundamentais pautados na tutela da dignidade da pessoa
humana (...). Consagrou ainda, extenso rol de direitos fundamentais.
Inovou, neste campo, ao incluir um significativo número de direitos sociais
vinculados à ordem econômica, ao trabalho, à cultura etc. Ao mesmo tempo
em que garantiu direitos que já haviam sido incorporados ao patrimônio
histórico e jurídico da comunidade brasileira, também apresentou algumas
respostas para problemas do passado (...) e projetos para o futuro.
(SCHIER, 2014, p. 45).
Referindo-se a este discurso, George Marmelstein (2009, p. 66) acentua que fica
evidente o que a Constituição de 1988 passa a representar, pois ainda que exista a
possibilidade de não ser efetivada, ela apresenta uma postura de coragem “(...) em
favor da redução das desigualdades sociais, dos oprimidos, dos direitos
fundamentais, da democracia e de todos os valores ligados à dignidade da pessoa
humana”.
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Com toda essa valoração dada aos direitos fundamentais e o princípio da dignidade
da pessoa humana, observa-se que realmente trata-se de uma Constituição que se
preocupa em garantir uma vida digna. Deste modo, com inspiração em Volker
Neumann, é que Ingo Wolfgang Sarlet e Mariana Flichtiner Figueiredo (2010, pp. 21-
22) ressaltam que a real garantia para uma vida digna “abrange mais do que a
garantia da mera sobrevivência física, uma vida sem alternativas não corresponde
às exigências da dignidade humana, a vida humana não pode ser reduzida à mera
existência”.
Deste modo, realmente resta claro que a medida em que as pessoas buscam e
começam a reivindicar por mudanças, o Estado tende a responder tais
reivindicações, visando sempre atender os anseios do povo de um modo que
verifique ser o melhor para todos. Assim, observa-se que passou a existir uma maior
necessidade de garantir uma vida digna às pessoas, e com a Constituição de 1988,
o Estado busca então responder tais anseios garantindo uma vida digna ao povo
brasileiro, pois com isso passa a existir uma maior garantia de poder usufruir de
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todos os direitos fundamentais que a Constituição proporciona à sociedade
brasileira.
Percebe-se que para que o indivíduo possa viver dignamente é preciso que lhe
sejam assegurados determinados direitos, e para que isto ocorra, de uma forma
mais garantida, é necessário que estes direitos estejam positivados na Constituição
de um país, para então serem considerados direitos extremamente essenciais à
vida, ou seja, “direitos fundamentais”, direitos sem os quais corre-se o risco de não
se ter uma vida digna de acordo com o que preconiza a Carta Magna.
Dessa forma, tratando-se de direitos fundamentais, e uma vez que como tais visam
assegurar o princípio da dignidade da pessoa humana, verifica-se a tamanha
necessidade da proteção desses direitos, de modo que precisam, de fato, serem
efetivados. Em caso da não efetivação desses direitos, pode- -se dizer que de certa
forma estaria sendo colocada em risco a existência digna do indivíduo, uma vez que
o mecanismo mais forte para garantir a dignidade da pessoa humana, trazida como
fundamento pela Constituição de 1988, são os direitos fundamentais.
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4 – CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
Cabe destacar, que alguns direitos não podem ser titularizados por todos, pois são
outorgados a grupos específicos (como, por exemplo, os direitos dos trabalhadores).
Por isso mesmo, são mutáveis e sujeitos a ampliações, o que explica as diferentes
“gerações” de direitos fundamentais.
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f) Irrenunciabilidade: o titular dos direitos fundamentais não pode deles
dispor, embora possa deixar de exercê-los.
Isso significa que as normas que os instituem não podem ser revogadas ou
substituídas por outras que os diminuam, restrinjam ou suprimam.
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medidas estatais que, sem a criação de outros esquemas alternativos ou
compensatórios, anulem, revoguem ou aniquilem o núcleo essencial desses direitos.
dimensão subjetiva;
dimensão objetiva.
O Título II, conhecido como “catálogo dos direitos fundamentais”, vai do art. 5º até o
art. 17 e divide os direitos fundamentais em 5 (cinco) diferentes categorias:
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O rol de direitos fundamentais previsto no Título II não é exaustivo. Há outros
direitos, espalhados pelo texto constitucional, como o direito ao meio ambiente (art.
225) e o princípio da anterioridade tributária (art.150, III, “b”). Nesse ponto, vale
ressaltar que os direitos fundamentais relacionados no Título II são conhecidos pela
doutrina como “direitos catalogados”; por sua vez, os direitos fundamentais previstos
na CF/88, mas fora do Título II, são conhecidos como “direitos não-catalogados”.
Nesse sentido, entende o STF que o súdito estrangeiro, mesmo aquele sem
domicílio no Brasil, tem direito a todas as prerrogativas básicas que lhe assegurem
a preservação do status libertatis e a observância, pelo Poder Público, da cláusula
constitucional do due process. Ainda sobre o tema, chamamos sua atenção para
decisão do STF segundo a qual “o direito de propriedade é garantido ao estrangeiro
não residente”.
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Cabe destacar, ainda, que os direitos fundamentais não têm como titular apenas as
pessoas físicas; as pessoas jurídicas e até mesmo o próprio Estado são titulares de
direitos fundamentais.
Seguindo essa linha, o STF já decidiu que assiste aos indivíduos o direito à busca
pela felicidade, como forma de realização do princípio da dignidade da pessoa
humana. (Pleno STF AgR 223. Rel. Min. Celso de Mello. Decisão em 14.04.2008).
O direito à vida não abrange apenas a vida extrauterina, mas também a vida
intrauterina. Sem essa proteção, estaríamos autorizando a prática do aborto, que
somente é admitida no Brasil quando há grave ameaça à vida da gestante ou
quando a gravidez é resultante de estupro.
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Outra controvérsia levada à apreciação do STF envolvia a pesquisa com células-
tronco embrionárias. Segundo a Corte, é legítima e não ofende o direito à vida nem,
tampouco, a dignidade da pessoa humana, a realização de pesquisas com células-
tronco embrionárias, obtidas de embriões humanos produzidos por fertilização “in
vitro” e não utilizados neste procedimento. (ADI 3510/DF, Rel. Min. Ayres Britto,
DJe: 27.05.2010).
Uma vez decifrado o “caput” do artigo 5º da Carta Magna, passaremos à análise dos
seus incisos:
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manifestações do Poder Público – deve ser considerado, em sua precípua
função de obstar discriminações e de extinguir privilégios (RDA 55/114), sob
duplo aspecto: (a) o da igualdade na lei; e (b) o da igualdade perante a lei. A
igualdade na lei – que opera numa fase de generalidade puramente abstrata
– constitui exigência destinada ao legislador que, no processo de sua
formação, nela não poderá incluir fatores de discriminação, responsáveis
pela ruptura da ordem isonômica. A igualdade perante a lei, contudo,
pressupondo lei já elaborada, traduz imposição destinada aos demais
poderes estatais, que, na aplicação da norma legal, não poderão subordiná-
la a critérios que ensejem tratamento seletivo ou discriminatório. (MI 58, Rel.
p/ o ac. Min. Celso de Mello, j.14-12-1990, DJ de 19-4-1991).
Segundo o STF:
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grupos sociais determinados – por meio da atribuição de certas vantagens,
por tempo limitado, para permitir a suplantação de desigualdades
ocasionadas por situações históricas particulares.”(RE 597285/RS. Min.
Ricardo Lewandowski. Decisão: 09.05.2012).
A realização da igualdade material não proíbe que a lei crie discriminações, desde
que estas obedeçam ao princípio da razoabilidade. Seria o caso, por exemplo, de
um concurso para agente penitenciário de prisão feminina restrito a mulheres. Ora,
fica claro nessa situação que há razoabilidade: em uma prisão feminina, é de todo
desejável que os agentes penitenciários não sejam homens.
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porque se assim fosse possível, o Judiciário estaria “legislando”, não é mesmo? O
STF considera que, em tal situação, haveria ofensa ao princípio da separação dos
Poderes.
Sobre esse tema, destaca-se a Súmula Vinculante nº 37: “Não cabe ao Poder
Judiciário, que não tem função legislativa, aumentar vencimentos de servidores
públicos sob fundamento de isonomia.”
José Afonso da Silva classifica a reserva legal do ponto de vista do vínculo imposto
ao legislador como absoluta ou relativa.
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Na reserva legal absoluta, a norma constitucional exige, para sua integral
regulamentação, a edição de lei formal, entendida como ato normativo emanado do
Congresso Nacional e elaborado de acordo com o processo legislativo previsto pela
Constituição.
Como exemplo de reserva legal absoluta, citamos o art. 37, inciso X, da CF/88, que
dispõe que a remuneração dos servidores públicos somente poderá ser fixada ou
alterada por lei específica. Não há, nesse caso, qualquer espaço para
regulamentação por ato infralegal; somente a lei pode determinar a disciplina
jurídica da remuneração dos servidores públicos.
Na reserva legal relativa, por sua vez, apesar de a Constituição exigir lei formal, esta
permite que a lei fixe apenas parâmetros de atuação para o órgão administrativo,
que poderá complementá-la por ato infralegal, respeitados os limites estabelecidos
pela legislação.
A doutrina também afirma que a reserva legal pode ser classificada como simples
ou qualificada.
A reserva legal simples é aquela que exige lei formal para dispor sobre determinada
matéria, mas não especifica qual o conteúdo ou a finalidade do ato. Haverá,
portanto, maior liberdade para o legislador. Como exemplo, citamos o art.5º, inciso
VII, da CF/88, segundo o qual “é assegurada, nos termos da lei, a assistência
religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva”. Fica bem claro, ao
lermos esse dispositivo, que a lei terá ampla liberdade para definir como será
implementada a prestação de assistência religiosa nas entidades de internação
coletiva.
A reserva legal qualificada, por sua vez, além de exigir lei formal para dispor sobre
determinada matéria, já define, previamente, o conteúdo da lei e a finalidade do ato.
O melhor exemplo de reserva legal qualificada, apontado pela doutrina, é o art. 5º,
inciso XII, da CF/88, que dispõe que “é inviolável o sigilo da correspondência e das
comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no
último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para
fins de investigação criminal ou instrução processual penal”.
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Ao ler esse dispositivo, percebe-se que o legislador não terá grande liberdade de
atuação: a Constituição já prevê que a interceptação telefônica somente será
possível mediante ordem judicial e para a finalidade de realizar investigação criminal
ou instrução processual penal.
Perceba que as denúncias anônimas jamais poderão ser a causa única de exercício
de atividade punitiva pelo Estado. Ou seja, não pode ser instaurado um
procedimento formal de investigação com base, unicamente, em uma denúncia
anônima.
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isso que o escrito anônimo não autoriza, isoladamente considerado, a imediata
instauração de "persecutio criminis".
Por analogia, é possível entender que isso também se aplica àqueles que defendam
publicamente a legalização do aborto. Assim, a defesa da legalização do aborto não
deve ser considerada incitação à prática criminosa.
Concluindo a análise do inciso IV, é importante saber que, que tendo como
fundamento a liberdade de expressão, o STF considerou que a exigência de
diploma de jornalismo e de registro profissional no Ministério do Trabalho não são
condições para o exercício da profissão de jornalista. Nas palavras de Gilmar
Mendes, relator do processo, “o jornalismo e a liberdade de expressão são
atividades que estão imbricadas por sua própria natureza e não podem ser
pensados e tratados de forma separada”.
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proporcional, ou seja, veiculada no mesmo meio de comunicação utilizado pelo
agravo, com mesmo destaque, tamanho e duração. Salienta-se, ainda, que o direito
de resposta se aplica tanto a pessoas físicas quanto a pessoas jurídicas ofendidas
pela expressão indevida de opiniões.
O STF entende que o Tribunal de Contas da União (TCU) não pode manter em
sigilo a autoria de denúncia contra administrador público a ele apresentada. Isso
porque tal sigilo impediria que o denunciado se defendesse perante aquele Tribunal.
No que se refere ao inciso VII, observe que não é o Poder Público o responsável
pela prestação religiosa, pois o Brasil é um Estado laico, portanto a administração
pública está impedida de exercer tal função. Essa assistência tem caráter privado e
incumbe aos representantes habilitados de cada religião.
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VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa
ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-
se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir
prestação alternativa, fixada em lei;
O art. 5º, inciso VIII, consagra a denominada “escusa de consciência”. Essa é uma
garantia que estabelece que, em regra, ninguém será privado de direitos por não
cumprir obrigação legal a todos imposta devido a suas crenças religiosas ou
convicções filosóficas ou políticas. Entretanto, havendo o descumprimento de
obrigação legal, o Estado poderá impor, à pessoa que recorrer a esse direito,
prestação alternativa fixada em lei.
O art. 5º, inciso VIII, é uma norma constitucional de eficácia contida. Todos têm o
direito, afinal, de manifestar livremente sua crença religiosa e convicções filosófica e
política. Essa é uma garantia plenamente exercitável, mas que poderá ser
restringida pelo legislador.
Ou seja, havendo uma obrigação legal a todos imposta, a regra é que ela deverá ser
cumprida. Entretanto, em razão de imperativos da consciência, é possível que
alguém deixe de obedecê-la. Nesse caso, há que se perguntar: existe prestação
alternativa fixada em lei?
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Não existindo lei que estabeleça prestação alternativa, aquele que deixou de
cumprir a obrigação legal a todos imposta não poderá ser privado de seus direitos.
Fica claro que o direito à escusa de consciência será garantido em sua plenitude.
O que você não se pode esquecer sobre esse inciso? É vedada a censura.
Entretanto, a liberdade de expressão, como qualquer direito fundamental, é relativa.
Isso porque é limitada por outros direitos protegidos pela CF, como a inviolabilidade
da privacidade e da intimidade do indivíduo, por exemplo.
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O direito à intimidade e à vida privada, resguarda, portanto, a esfera mais
secreta da vida de uma pessoa, tudo que diz respeito a seu modo de pensar
e de agir.
O direito à honra, blinda, desse modo, o sentimento de dignidade e a
reputação dos indivíduos, o “bom nome” que os diferencia na sociedade.
O direito à imagem, defende a representação que as pessoas possuem
perante si mesmas e os outros.
A intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas são invioláveis: elas
consistem em espaço íntimo intransponível por intromissões ilícitas externas. A
violação a esses bens jurídicos ensejará indenização, cujo montante deverá
observar o grau de reprovabilidade da conduta. Destaque-se que as indenizações
por dano material e por dano moral são cumuláveis, ou seja, diante de um mesmo
fato, é possível que se reconheça o direito a ambas indenizações.
As pessoas jurídicas também poderão ser indenizadas por dano moral, uma vez que
são titulares dos direitos à honra e à imagem. Segundo o STJ, a honra objetiva da
pessoa jurídica pode ser ofendida pelo protesto indevido de título cambial, cabendo
indenização pelo dano extrapatrimonial daí decorrente.
É importante aqui destacar que o STF considera que para que haja condenação por
dano moral, não é necessário ofensa à reputação do indivíduo. Assim, a dor e o
sofrimento de se perder um membro da família, por exemplo, pode ensejar
indenização por danos morais.
Além disso, com base nesse inciso, o STF entende que não se pode coagir suposto
pai a realizar exame de DNA. Essa medida feriria, também, outros direitos humanos,
como, por exemplo, a dignidade da pessoa humana e a intangibilidade do corpo
humano. Nesse caso, a paternidade só poderá ser comprovada mediante outros
elementos constantes do processo.
Sobre esse tema, é importante, ainda, destacar que o Supremo Tribunal Federal
(STF) entende que é válida decisão judicial proibindo a publicação de fatos relativos
a um indivíduo por empresa jornalística. O fundamento da decisão é a
inviolabilidade constitucional dos direitos da personalidade, notadamente o da
privacidade.
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Outra relevante decisão do STF diz respeito à privacidade dos agentes políticos.
Segundo a Corte, esta é relativa, uma vez que estes devem à sociedade as contas
da atuação desenvolvida. Mas isso não significa que quem se dedica à vida pública
não tem direito à privacidade. O direito se mantém no que diz respeito a fatos
íntimos e da vida familiar, embora nunca naquilo que se refira à sua atividade
pública.
O direito à privacidade também foi objeto de análise do STF na ADI 4815, na qual
se avaliou a necessidade de autorização prévia para a publicação de biografias. Em
exame, estava um conflito entre direitos fundamentais: de um lado, a liberdade de
expressão e de manifestação do pensamento; do outro, o direito à intimidade e à
vida privada.
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Conforme Alexandre de Moraes, a inviolabilidade do sigilo de dados (art.5º, XII)
complementa a previsão do direito à intimidade e vida privada (art. 5º, X), sendo
ambas as previsões uma defesa da privacidade e regidas pelo princípio da
exclusividade.
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as informações sejam consideradas indispensáveis pela autoridade
administrativa competente.
Em sua decisão, o STF deixou claro que os dados fornecidos pelas instituições
financeiras às autoridades fiscais continuarão sob cláusula de sigilo. Os dados,
antes protegidos pelo sigilo bancário, passarão a estar protegidos por sigilo fiscal.
Assim, não seria tecnicamente adequado falar-se em “quebra de sigilo bancário”
pelas autoridades fiscais.
No caso concreto, analisado pelo STJ, um Prefeito Municipal havia sido denunciado
pelo Ministério Público em razão da prática de crimes. Em razão disso, foi impetrado
habeas corpus alegando-se que as provas que motivaram a ação penal seriam
ilegais. Segundo os argumentos do impetrante, as provas seriam ilegais por terem
sido colhidas mediante quebra de sigilo bancário determinado pelo Ministério
Público, sem qualquer ordem judicial.
Ao examinar o caso, o STJ decidiu que são lícitas “as provas obtidas por meio de
requisição do Ministério Público de informações bancárias de titularidade de
prefeitura municipal para fins de apurar supostos crimes praticados por agentes
públicos contra a Administração Pública”.
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Há que se mencionar, todavia, que o TCU tem competência para requisitar
informações relativas a operações de crédito originárias de recursos públicos. Esse
foi o entendimento firmado pelo STF no âmbito do MS 33.340/DF. No caso concreto,
o TCU havia requisitado ao BNDES informações relativas a operações de crédito.
Mas aqui atenção! Não é que o TCU possa determinar a quebra do sigilo bancário.
Segundo o STF, “as operações financeiras que envolvam recursos públicos não
estão abrangidas pelo sigilo bancário”. Há uma relativização do sigilo dessas
informações frente ao interesse de toda a sociedade de conhecer o destino dos
recursos públicos.
O STF entende que os dados bancários somente podem ser usados para os fins da
investigação que lhes deu origem, não sendo possível seu uso quanto a terceiros
estranhos à causa (STF, INq. 923/DF, 18.04.1996).
Por fim, destaca-se que, para o STF, não é necessária a oitiva do investigado para a
determinação da quebra do sigilo bancário. Isso porque o princípio do contraditório
não prevalece na fase inquisitorial (STF, HC 55.447 e 69.372, RE 136.239, DJ de
24.03.1995).
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Questão central para que se possa compreender o alcance desse dispositivo
constitucional é saber qual é o conceito de “casa”.
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mesmo sem o consentimento, desde que amparado por ordem judicial (durante o
dia) ou, a qualquer tempo, em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar
socorro.
Nesses crimes, exige-se uma pronta resposta das autoridades policiais, que devem
ingressar no domicílio sem autorização judicial. Entretanto, essa prática pode dar
ensejo ao abuso de autoridade, uma vez que um policial pode vir a ingressar em
domicílio sem que tenha indícios relevantes de que um crime está sendo praticado
em seu interior.
Por fim, vale destacar que a doutrina admite que a força policial, tendo ingressado
na casa de indivíduo, durante o dia, com amparo em ordem judicial, prolongue suas
ações durante o período noturno.
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último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei
estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual
penal;
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escritório profissional, os policiais apreendam o disco rígido (HD) de um computador
no qual estão armazenados os e-mails recebidos pelo investigado. Nesse caso,
entende a Corte que não há violação do sigilo da comunicação de dados. Isso
porque a proteção constitucional é da comunicação de dados e não dos dados em
si. Em outras palavras, não há, nessa situação, quebra do sigilo das comunicações
(interceptação das comunicações), mas sim apreensão de base física na qual se
encontram os dados.
Com o mesmo argumento, o STF considerou lícita a prova obtida por policial a partir
da verificação, no celular de indivíduo preso em flagrante delito, dos registros das
últimas ligações telefônicas. A proteção constitucional, afinal, é concedida à
comunicação dos dados (e não aos dados em si).
ordem judicial;
existência de investigação criminal ou instrução processual penal;
lei que preveja as hipóteses e a forma em que esta poderá ocorrer;
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O art. 5º, inciso XII, como é possível verificar, é norma de eficácia limitada. É
necessário que exista uma lei para que o juiz possa autorizar, nas hipóteses e na
forma por ela estabelecida, a interceptação das comunicações telefônicas.
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O STF também reconhece que “é válida a prova de um crime descoberta
acidentalmente durante a escuta telefônica autorizada judicialmente para apuração
de crime diverso”. Assim, se o juiz havia autorizado uma interceptação telefônica
para apurar um crime de homicídio e descobre-se que um dos interlocutores
cometeu o crime de sequestro, a prova será válida no processo referente a este
crime (sequestro).
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interceptação telefônica;
escuta telefônica
gravação telefônica.
A escuta telefônica, por sua vez, é a captação de conversa telefônica feito por um
terceiro, com o conhecimento de apenas um dos interlocutores. Por sua vez, a
gravação telefônica é feita por um dos interlocutores do diálogo, sem o
consentimento ou ciência do outro.
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Segundo o STF, havendo a necessidade de coleta de prova via gravação
ambiental (sendo impossível a apuração do crime por outros meios) e
havendo ordem judicial nesse sentido, é lícita a interceptação telefônica.
Cabe destacar ainda que o STF considerou constitucional o exame da Ordem dos
Advogados do Brasil (OAB). Para a Corte, o exercício da advocacia traz um risco
coletivo, cabendo ao Estado limitar o acesso à profissão e o respectivo exercício.
Nesse sentido, o exame de suficiência discutido seria compatível com o juízo de
proporcionalidade e não alcançaria o núcleo essencial da liberdade de ofício. No
concernente à adequação do exame à finalidade prevista na Constituição assegurar
que as atividades de risco sejam desempenhadas por pessoas com conhecimento
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técnico suficiente, de modo a evitar danos à coletividade, aduziu-se que a
aprovação do candidato seria elemento a qualificá-lo para o exercício profissional.
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Esta deverá ter fins pacíficos, e apresentar ausência de armas;
Deverá ser realizada em locais abertos ao público;
Não poderá frustrar outra reunião convocada anteriormente para o mesmo
local;
Desnecessidade de autorização;
Necessidade de prévio aviso à autoridade competente.
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Presentes esses requisitos, restará caracterizada uma associação, a qual estará,
por conseguinte, sujeita à proteção constitucional. Destaque-se que a existência da
associação independe da aquisição de personalidade jurídica.
Por fim, como nenhum direito fundamental é absoluto, nem mesmo a autonomia
privada das fundações, entende o STF que:
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claras limitações de ordem jurídica, não pode ser exercida em detrimento ou
com desrespeito aos direitos e garantias de terceiros, especialmente
aqueles positivados em sede constitucional, pois a autonomia da vontade
não confere aos particulares, no domínio de sua incidência e atuação, o
poder de transgredir ou de ignorar as restrições postas e definidas pela
própria Constituição, cuja eficácia e força normativa também se impõem,
aos particulares, no âmbito de suas relações privadas, em tema de
liberdades fundamentais.”
Não há muito a se falar sobre esse inciso: apenas que ninguém pode ser obrigado a
se associar (filiar-se a um partido político, por exemplo) ou a permanecer associado.
Caso cobrado o inciso, isso acontecerá em sua literalidade.
Apresentada essa distinção, cabe-nos afirmar que o art. 5º, XXI, CF/88, é um caso
de representação processual. As associações poderão, desde que expressamente
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autorizadas, representar seus filiados judicial e extrajudicialmente. OU seja, poderão
atuar em nome de seus filiados e na defesa dos direitos destes.
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nesses casos, ressalvadas algumas exceções determinadas constitucionalmente,
dar-se-á mediante prévia e justa indenização em dinheiro.
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XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade competente
poderá usar de propriedade particular, assegurada ao proprietário
indenização ulterior, se houver dano;
Esse inciso trata da requisição administrativa, que ocorre quando o Poder Público,
diante de perigo público iminente, utiliza seu poder de império (de coação) para usar
bens ou serviços de particulares...
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requisite administrativamente bens, serviços e pessoal de outro. Tal prática
ofenderia o pacto federativo, e, além disso, o art. 5º, XXV da Constituição limita o
alcance da requisição administrativa à propriedade privada, não cabendo
extrapolação para bens e serviços públicos.
Por meio desse inciso, o legislador constituinte deu, à pequena propriedade rural
trabalhada pela família, a garantia de impenhorabilidade. Com isso, visou à proteção
dos pequenos trabalhadores rurais, que, desprovidos de seus meios de produção,
não teriam condições de subsistência.
Entretanto, a impenhorabilidade depende da cumulação de dois requisitos:
exploração econômica do bem pela família;
origem na atividade produtiva do débito que causou a penhora.
Assim, afirma-se:
Nota-se, também, a exigência, pela CF, de lei que defina quais propriedades rurais
poderão ser consideradas pequenas e como será financiado o desenvolvimento das
mesmas. Tem-se, aqui, reserva legal.
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XXVIII - são assegurados, nos termos da lei:
Protege-se, por meio desses incisos, o direito do autor. Perceba que, enquanto
viver, este terá total controle sobre a utilização, publicação ou reprodução de suas
obras. Só após sua morte é que haverá limitação temporal do direito.
Com efeito, o art. 5º, inciso XXVII, dispõe que o direito autoral é transmissível aos
herdeiros apenas pelo tempo que a lei fixar. Nesse sentido, como se verá, o direito
ao autor diferencia-se do direito à propriedade industrial, presente no inciso XXIX do
mesmo artigo.
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O direito de herança foi elevado à condição de norma constitucional pela primeira
vez na CF/88. Até a promulgação da vigente Constituição, ele era objeto, tão-
somente, de normas infraconstitucionais.
Como se depreende do inciso XXXI, a fim de resguardar mais ainda esse direito, a
CF garantiu que, no caso de bens de estrangeiros localizados no País, seria
aplicada a norma sucessória que mais beneficiasse os brasileiros sucessores.
Assim, nem sempre será aplicada a lei brasileira à sucessão de bens de
estrangeiros localizados no País; caso a lei estrangeira seja mais benéfica aos
sucessores brasileiros, esta será aplicada.
A Constituição Federal de 1988 prevê o direito à vida no artigo 5º, como foi
mencionado, que está situado no campo dos direitos e garantias fundamentais, e
mais especificamente, nos direito e deveres individuais e coletivos. O referido
direito é garantido à todos os brasileiros e aos estrangeiros, mesmo que somente
estejam transitando no país, também já mencionado no presente estudo.
O direito à vida é o direito mais primordial direito humano, e que deve ser se
concedido diante de sua dimensão que abrange o direito de nascer, o direito de
permanecer vivo, o direito de alcançar uma duração de vida comparável com os
demais cidadãos, e o direito de não ser privado da vida por meio de pena de
morte.
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A Carta Magna, no entendimento de Alexandre de Morais, deverá assegurar o
direito à vida considerando primeiramente o direito de permanecer vivo, e também,
o direito a ter uma vida digna, promovendo sua subsistência.
Na sequência, o artigo 196 inicia a seção específica sobre o tema, e conceitua que
a saúde é direito de todos e dever do Estado, que deverá atuar por meio de
medidas sociais que caminhem no sentido de reduzir o risco de doenças e de
possibilitar a aquisição de todos do direito à saúde. No curso, a Constituição prevê
as diretrizes de tais medidas, que são:
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Compreende-se que o direito à dignidade do ser humano é o alicerce do
ordenamento jurídico e da organização democrática do país.
Acerca do direito à felicidade, temos que, este ainda não configura direito
expressamente previsto na Constituição Federal, entretanto há a proposta de
emendá-la, em seu artigo 6º, para a seguinte redação, conforme a PEC n.19/2010
do Senador Cristovam Buarque:
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infância, a assistência aos desamparados, na forma
desta Constituição.
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