Você está na página 1de 10

4

O PODER JUDICIÁRIO NA PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS


Joenilson Machado1

Resumo: O presente trabalho apresenta uma breve analise da atual participação do Poder
Judiciário no que se refere a defesa dos Direitos Humanos, bem como, tenta ao longo do texto
assinalar de que forma essa participação pode ser mais concreta. Para tanto tentaremos analisar
de forma sucinta como se dar o entendimento do Poder Judiciário brasileiro no que se refere ao
bom emprego dos aparelhos de proteção a esses direitos. Outro sim, este trabalho espera de
certa forma a curiosidade dos leitores sobre o tema, com o intuito de despertar interesse de
assunto tão importante em toda a sociedade, não somente no âmbito jurídico. Desta forma, a
proposta principal é entender a inclusão da percepção de justiça no dia-a-dia do cidadão
brasileiro e de que forma ocorre o efetivo papel do Poder Judiciário brasileiro no emprego e
promoção dos direitos humanos. Abordaremos brevemente ainda a questão da proteção dos
direitos humanos, no Brasil, se tratar de garantia constitucional que deve ser assegurado não
somente em âmbito interno, mas também no plano internacional.
Palavras chaves: Poder Judiciário; Direitos Humanos; Corte Interamericana de Direitos
Humanos e Proteção.

Abstract: This paper presents a brief analysis of the current participation of the Judiciary in the
defense of human rights, as well as tries throughout the text to point out how this participation
can be more concrete. To this end, we will try to analyze briefly how to give the understanding
of the Brazilian Judiciary with regard to the good use of protective devices for these rights.
Another yes, this work waits in a certain way the curiosity of readers on the subject, in order to
arouse interest of such an important subject throughout society, not only in the legal sphere.
Thus, the main proposal is to understand the inclusion of the perception of justice in the day-
to-day life of the Brazilian citizen and how the effective role of the Brazilian Judiciary in the
employment and promotion of human rights occurs. We will soon address the issue of the
protection of human rights in Brazil, if it is a constitutional guarantee that must be ensured not
only internally, but also at the international level.
Keyword: Judiciary; Human Rights; Inter-American Court of Human Rights and Protection.

1
Graduando em Direito pela Faculdade Regional de Minas Gerais – FACMINAS
Email:bacharelandojoenilson@gmail.com
5

INTRODUÇÃO

O presente trabalho apresenta como objetivo geral demonstrar brevemente o papel do


Poder Judiciário na proteção dos Direitos Humanos no Brasil, haja vista que a Constituição
Federal de 1988 deu origem a visão cidadã da sociedade brasileira e por tanto a
constitucionalização dos Direitos Humanos. Sabendo que surgiu uma grande necessidade na
sociedade no que tange a questão dá proteção e efetivação destes direitos, mas, ainda hoje, há
diversos empecilhos e dificuldades para a realização de tão importantes direitos.

Por uma questão de entendimento didático esse trabalho foi então dividido em 3 (três)
momentos, questão delineados seus objetivos específicos. O primeiro tópico se verificar a
questão histórica ainda que brevemente concernente à afirmação dos direitos humanos,
trataremos ainda seu caráter universal e indivisível estabelecido pela Declaração Universal dos
Direitos do Homem, além de mostrar os aspectos que legitimam e faz necessário cada dia mais
a busca na defesa dos Direitos Humanos de forma jurídica.

Já no segundo tópico desse trabalho abordaremos de forma breve a relação do Poder


Judiciário com a proteção aos Direitos Humanos, verificando e indagando a pesquisa através
de dados quantitativos e qualitativos que são apresentados pelo CNJ, tais dados ajudaram no
entendimento que embora haja um super inchaço na judicialização há uma amplo espaço em
branco no que tange a questão da litigância de interesse público para a defesa de direitos, vez
que na maioria das vezes a judicialização não atinge as esferas mais necessitadas da população.
Nesse mesmo tópico abordaremos sucintamente a questão do Sistema Interamericano de
Direitos Humanos como meio de proteção dos direitos diante da falha ou omissão das
instituições nacionais.

E por fim, no terceiro tópico do presente trabalho será apresentado os reais desafios
experimentados pelo Poder Judiciário na tentativa de proteger os Direitos Humanos.
Apontaremos ainda plausíveis respostas para que esta missão seja fortalecida.

Convém ainda descrever que a escolha do tema deu-se pela importância que os Direitos
Humanos têm na contemporaneidade e pela necessidade de tais direitos serem efetivados e
legitimamente protegidos pelo Estado, haja vista, a plena efetividade encontrar-se densamente
unida à cidadania e a dignidade da pessoa humana.
6

1. BREVES NOTAS HISTÓRICAS NO ÂMBITO DOS DIREITOS HUMANOS

De forma breve e objetiva ponderando o contexto histórico dos direitos humanos


sabemos que este só foi efetivado e começou a se tornar internacionalizado posteriormente a
Segunda Guerra Mundial. No Brasil, apesar dos Direitos Humanos serem agrupados de maneira
gradativa pelas Constituições foi apenas após a redemocratização do país que deu origem a
Constituição de 1988 que os direitos humanos retornaram sua proteção e que o debate sobre a
dignidade da pessoa humana se tornou necessária e precisa.

Sobre essa questão o mestre doutrinador Norberto Bobbio (2019, p. 203) afirma que os
direitos humanos estão “ligados a dois problemas fundamentais do nosso tempo, a democracia
e a paz”, porquanto a paz consistir em ser o basilar pressuposto para a efetiva proteção dos
direitos do homem. Desta forma, todas as constituições que trazem a dignidade da pessoa
humana como centro e, portanto, os direitos humanos, encontram em sua alicerce o importância
da proteção destes direitos, pois que quando ficamos perante de um governo baseado na força,
existe uma absoluta protrusão com os direitos humanos, sendo excluído, negado e degrado o
valor da pessoa humana. Nesse sentido, Norberto Bobbio (2019, p. 220) explica que há uma
estreita relação entre direitos humanos e Constituição, e entre estes e a Democracia, nas palavras
do autor:

[…] não há democracia sem respeito à dignidade da pessoa humana e sem a


possibilidade jurídica de sua defesa através da constitucionalização das
relações entre governantes e governados. A conquista da cidadania seria
representada pelo Direito a ter Direitos [...].

Diante do exposto não restando duvidas da importância que é a existência dos direitos
humanos e sua importância para as sociedades democráticas. Superando então esse
entendimento, iremos fazer uma breve apreciação quanto à inclusão dos tratados internacionais
que abordam sobre direitos humanos no Estado brasileiro.

Posteriormente a Constituição Federal de 1988 o Brasil passou e continua passando por


processo de constitucionalização e proteção dos direitos humanos, quase no mesmo período
houve começo a grandes ratificações de tratados internacionais que tratam sobre estes direitos.
Contudo, ainda que o Estado brasileiro admitisse e ratificasse vários documentos internacionais
dispor-se assegurar os direitos humanos, planava uma acentuada dúvida no que tange a questão
da hierarquia normativa de tais documentos. E que durou bastante tempo para ser solucionado
tal receio do âmbito do judiciário brasileiro.
7

Sobre essa questão entendemos que mesmo depois a promulgação da Emenda


Constitucional n.º 45/2004, que aferiu o status de constitucional aos tratados e convenções
internacionais sobre direitos humanos aprovados em cada Casa do Congresso Nacional, ainda
havia a questão do status dos tratados e convenções ratificados antes de tal regra ser positivada.
Como meio de tentativa de resolução para tal questão recorremos a tese da supralegalidade,
trazida por Gilmar Ferreira Mendes (2011, p. 86) no RE 349.703, em que segundo esses tratados
e convenções ratificados antes da EC n.º 45, e que não passaram pela aprovação perante o
Congresso Nacional, estariam acima da legislação infraconstitucional, porém abaixo da
Constituição Federal.

No que tange a Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 podemos dizer que
essa internar-se a compreensão hodierna dos direitos humanos e em seguida foi reiterada pela
Declaração de Direitos Humanos de Viena de 1993, aferindo aos direitos do homem o caráter
de universais e indivisíveis. A universalidade abancar no sentido de que os direitos humanos
têm expansão universal, ou seja, o requisito singular para que o indivíduo seja titular dos
direitos é a condição de pessoa humana. Desta forma podemos afirmar que unicidade existencial
e dignidade está diretamente ligada ao valor essencial à condição humana, assim, todo ser
humano, possuí uma dignidade que lhe é inerente e esta é, exatamente, a “dignidade humana”
prevista pela Declaração de 1948. Na visão de BOBBIO (2004, p. 204):

“[...] a ideia de universalidade da natureza humana é bem antiga,


entretanto, a transformação dessa ideia filosófica em instituição
política. [...] o homem possui direitos preexistentes à instituição do
Estado”. (2004, p. 204)

Diante do exposto, podemos afirmar que depois da Declaração de 1948, os direitos


humanos não necessitam mais de fundamentação, ficando garantidos, no entanto, com isso
aparece a ponto de que estes direitos necessitam ser resguardados de maneira eficaz, sendo
justamente a partir daí aparecem instrumentos internacionais de proteção destes direitos. Sendo
que de tais instrumentos realçamos os padrões mínimos de proteção, estabelecidos pelo
consenso internacional.

Quanto a questão do livre acesso ao sistema judiciário, este, encontra-se positivado na


CF/88 em seu art. 5º, XXXV, tal direito é condição para a concretização dos demais direitos
humanos e fundamentais, porquanto, os direitos só permanecem verdadeiramente protegidos,
se for possível pleitear, em presença juízes e tribunais que vem a tomar decisões baseados na
imparcialidade, independentemente de sua efetivação.
8

Por fim, ainda que esteja clara a importância que o direito à proteção judicial e ao acesso
à justiça têm na proteção aos direitos humanos, a rápida análise de aqui nos apresenta que o
Brasil está bem longe de ser um país em que se busca a real efetivação dos direitos humanos e
por conseguinte diminuição das desigualdades sociais pela via judicial. Nesse sentido, na
sequência, abordaremos as questões mais delicadas concernentes ao poder judiciário com os
direitos humanos.

2. RELAÇÃO DO PODER JUDICIÁRIO PARA COM OS DIREITOS


HUMANOS

No que tange a questão dos direitos humanos é imprescindível retirar-se do plano do


ideal e ir para o plano do real, pois, de forma imperativa podemos afirmar que uma coisa é
justificar os direitos do homem, outra coisa completamente diferente é garantir a proteção
efetiva a estes. Assim, quando existe algum tipo de obstáculo ao acesso à justiça, e
consequentemente à proteção dos direitos humanos, a distância entre o legal e o real se
intensifica.

É justamente, nesse contexto que o poder judiciário figura como principal garantidor
dos direitos humanos uma vez que para o senso comum é ao judiciário que se recorre quando
algum direito é violado, independente de quem seja o responsável por esta violação. Para figurar
essa afirmação faz-se interessante transcrever o pensamento de DALLARI (2004, p. 96):

Não basta afirmar, formalmente a existência dos Direitos, sem que as pessoas
possam gozar desses direitos na prática. A par disso, é indispensável também
a existência de instrumentos de garantia, para que os direitos não possam ser
ofendidos ou anulados por ações arbitrárias de quem detiver o poder […]

Diante do exposto, podemos afirmar que além dos direitos humanos serem efetivados
no plano internacional e nacional, serem protegidos, principalmente pelo Poder Judiciários.
Uma vez que é estes o detentor do monopólio das decisões sobre os direitos no Estado
Democrático de Direito. Assim sem dúvidas consistir em imprescindível que tal poder, respeite
e promova a concretização dos direitos humanos de forma acessível e independente.

Ainda sobre essa questão, embora existam aparelhos de proteção dos direitos humanos
e o direito à proteção judicial esteja protegido pelo direito fundamental ao livre acesso à justiça.
Segundo dados do CNJ do ano de 2021 e o IBGE no ano de 2022, dentre as pessoas que estavam
em situação de conflito e buscaram solução para este, apenas 47,8% recorreram ao Poder
9

Judiciário. Sobre essa questão, extraímos da análise dos números do IBGE e do CNJ que quanto
maior a escolaridade dos indivíduos mais eles se declararam como estando em circunstância de
conflito nos últimos cinco anos, já no que tange a questão de renda per capita, entende-se que
os maiores percentuais de indivíduos que ficaram em circunstância de conflito no período
concentram-se nas faixas de renda mais alta.

Para dar subsidio ao tema SADEK (2019, p. 577) adverte que é indispensável “qualificar
o universo de demandas” que são levadas ao Judiciário, de forma que esta fosse em sua grande
maioria demandas de litígios referentes à busca por garantias de direitos. A referida autora,
ainda, evidencia que o Poder Judiciário está deixando de “ser utilizado para a garantia de
direitos e passa a ser procurado principalmente para poder obter vantagens”, e que muitos
magistrados percebem que o maior e real problema do poder Judiciário é o fato deste estar
afastado da população, haja vista que, grande parte da população sobretudo humilde e carente,
considera como problema principal a inacessibilidade ao Judiciário.

Como meio de tentar amenizar essas situações de inacessibilidade dos direitos humanos,
o Sistema Interamericano acaba se constituindo como aparelho ativa na proteção e garantia dos
direitos humanos quando as instituições nacionais fracassam, excluemvou omitem esses
direitos sociais. Incluso neste aparelho são denunciados, à Comissão e à Corte Interamericanas,
diversos episódios de abusos de direitos. Em que após tais denúncias, os governos dos Estados-
membros são pressionados e vigiados de forma que resolvam as situações e que as violações
cessem. Dentre os anos de 1970 e 1998, foram impetrados, contra o Estado brasileiro,
aproximadamente 60 casos em presença a Comissão Interamericana de Direitos Humanos, em
meio a estes casos segundo dados extraídos do CNJ mais de 70% consistir em casos
relacionados a abusos cometidos pela polícia militar, acredita-se que isso ocorra devido ao
autoritarismo do regime militar, em analise a esses dado verificamos que 90% dos casos
submetidos ao Sistema Interamericano as vítimas são pessoas de classes sociais pobres.

Por fim, convém deixar registrado nessa pesquisa que dentre as principais funções
atribuídas à Comissão Interamericana, está a de promover o respeito e a defesa dos direitos
humanos e de servir como órgão consultivo aos Estados-membros, possuindo funções políticas
e jurídicas. Atualmente, qualquer pessoa pode apresentar petição individual informando casos
de violações de direitos humanos nos Estados-membros, entretanto, a grande maioria dos casos
são encaminhados por entidades não governamentais de âmbito nacional e internacional. Para
um melhor entendimento da importância do Sistema Interamericano na defesa dos Direitos
10

Humanos, demonstrar-se-á, na sequência, os desafios e as perspectivas para o fortalecimento


do poder judiciário na proteção dos direitos humanos.

3. DESAFIOS E PERSPECTIVAS PARA O FORTALECIMENTOS DO PODER


JUDICIÁRIO NA PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS

Posteriormente a toda análise concernentes aos direitos humanos no âmbito nacional e


internacional e a estreita relação da litigância desses direitos no Estado brasileiro, compete
assinalar as plausíveis soluções no Poder Judiciário frente o acesso a justiça n garantia e defesa
dos Direitos Humanos. Conforme podemos notar no desenvolvimento do presente trabalho,
ainda que o direito à proteção judicial se encontre positivado em nossa Constituição por meio
do direito fundamental ao livre acesso à justiça, a grande maioria da população tem esse direito
concretizado de forma plena e eficaz.

Essas pessoas que não chegam a litigar por seus direitos, no geral são as pessoas que
ocupam as camadas da população que sofrem com as desigualdades sociais e econômicas.
Nesse sentido, podemos afirmar que, no bojo central dos motivos pelos quais as classes menos
favorecidas não tenham acesso ao Judiciário está a questão econômica, pois é justamente da
impossibilidade de pagamento que surgem outros empecilhos, dentre eles a morosidade do
judiciário e sua burocracia que por vezes geram a sensação de injustiça social, principalmente
nos menos favorecidos e abastados economicamente.

Para esta problemática, COMPARATO (2019, p. 108) destaca três barreiras que
precisam ser superadas para que todos os indivíduos tenham seus direitos garantidos, a primeira
corresponde à “garantia de assistência jurídica para os pobres”, consistente não apenas na
prestação de assistência judicial e extrajudicial, mas também pela educação quanto aos direitos;
a segunda apresenta-se “na representação dos direitos difusos”, vez que os direitos humanos
devem ser vistos de maneira coletiva e não individualizada; e a terceira diz respeito a
“informalização de procedimentos de resolução de conflitos”, como a simplificação de
procedimentos e a valorização da solução por meios extrajudiciais e de composição.

Nesse sentido, podemos afirmar que para uma forma efetiva melhora social seria
primeiramente, a inclusão dos direitos humanos nas matérias dos concursos para magistratura,
Ministério e Defensoria Públicos, como meio de tentar aproximar os operadores do Direito aos
problemas concertes a questão da efetividade e proteção dos direitos humanos. Um exemplo de
isso é o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, que inseriu a disciplina de
11

direitos humanos no exame nacional da OAB,. Outro meio seria requalificar os operadores que
já atuam no Direito, de forma que o Judiciário se torne um poder mais próximo da sociedade e
mais responsável com a questão dos direitos humanos.

Uma outra proposta seria a introdução da disciplina de direitos humanos no ensino


superior de todos os cursos superiores na grade curricular das universidades, bem como, de
disciplinas afetas e a inclusão dos direitos humanos nas matérias clássicas dos cursos de direito.
A adequação do currículo escolar mostra-se necessária uma vez que desde a criação das
primeiras faculdades de Direito até os dias atuais, os currículos dos cursos de Direito, em sua
maioria, são estruturados com base no individualismo do Processo Civil, Empresarial e
Tributário, o que fomenta a cultura do litígio de interesse individual e deixa de lado os pleitos
de cidadania.

Por fim, mas não menos importante, uma outra solução seria o incentivo da advocacia
pro bono, de forma que os escritórios privados de advocacia possam promover a defesa de
direitos de grupos socialmente vulneráveis. Diante do exposto, percebe-se que a real dificuldade
referente à utilização do Judiciário na defesa dos direitos humanos está no distanciamento deste
Poder com a população. Sobretudo a população mais necessitada e vulnerável, que na maioria
das vezes não conseguem demandar seus direitos judicialmente, quer por não terem
conhecimento e porque não detém de recursos financeiros.

Por fim entendemos aqui que, a mais perfeita configuração do Poder Judiciário
desempenhar seu papel de protetor e garantidor dos direitos humanos consistir na ampliação e
democratização do acesso ao Judiciário, bem como, garantir meios de reduzir a distância entre
o Judiciário e a população, de forma que este esteja mais atento a defesa dos direitos coletivos
e difusos, na busca de casos paradigmáticos que consigam de alguma forma suscitar
jurisprudência para os casos individuais de proteção dos direitos humanos.

4. CONCLUSÃO

Sem delongas entendemos aqui que da análise do presente trabalho foi constatado de
forma breve e inicial que o Poder Judiciário tem enorme papel na proteção dos Direitos
Humanos, sobretudo depois da Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948, onde à
constitucionalização destes direitos pela Constituição Federal de 1988 prevê dentre os direitos
fundamentais o direito ao livre acesso à justiça.
12

No decorrer dessa pesquisa observamos ainda que os dados coletados do IBGE e do


CNJ deixou claro que embora haja um considerável número de processos em andamento no
Brasil, a expressividade desses processos envolve interesses do Poder Público e interesses
puramente individuais, de formar que apenas uma pequena parcela, quase insignificante esta
relacionadas à garantia dos direitos. Sobretudo porque a via judicial não vem sendo utilizada
de maneira otimizada pelos movimentos sociais. Foi verificado ainda no âmbito dessa pesquisa
que o acesso à justiça não vem sendo aplicado de maneira democrática conforme deveria ser
garantida inclusive por nossa Constituição, pois, as parcelas menos favorecidas financeiramente
e vulnerável da sociedade, não levam os seus conflitos e violações de direitos à via judicial.

Por fim, no exame cuidados dos possíveis motivos pelos quais o Poder Judiciário não
chega a ser utilizado em maior volume na defesa dos Direitos Humanos e consequente
distribuição de justiça, concluímos que essa questão se dá muitas vezes por desconhecimento,
e, que necessitamos de forma urgente de uma ampliação/democratização do acesso ao
Judiciário, além de meios que consigam efetivamente ocasionar uma diminuição na distância
entre os operadores do Direitos e a população de forma a gerar o aprimoramento da litigância.
De forma então a gera uma consistente seletividade de demandas a fim de edificar uma
jurisprudência asseguradora dos Direitos Humanos. Entendemos então que todos as possíveis
soluções apresentadas nessa pesquisa seriam os melhores caminhos para que o Poder Judiciário
consiga cumprir com seu papel de protetor e garantidor dos Direitos Humanos. Convém ainda
deixar explicito que esse trabalho não tem o intuito de se encerrar por aqui, mas sim de ser o
princípio de uma longa reflexão sobre a questão o poder judiciário na proteção dos direitos
humanos.
13

REFERÊNCIAS
BOBBIO, Norberto. A era dos direitos. Nova. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2019.
COMPARATO, Fábio Konder. A afirmação histórica dos direitos humanos. 9. ed. São
Paulo: Saraiva, 2019.
CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. Justiça em números 2015: ano-base 2014.
Brasília: CNJ, 2021.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Pesquisa nacional
por amostra de domicílios: Características da vitimação e do acesso à justiça no Brasil em 2009.
Rio de Janeiro: IBGE, 2022.
PIOVESAN, Flávia. “A Litigância dos Direitos Humanos no Brasil: Desafios e
Perspectivas no Uso dos Sistema Nacional e Internacional de Proteção”. In: Direito e mudança
social: projetos de promoção e defesa de direitos apoiados pela Fundação Ford no Brasil. Org.
Denise Dourado Dora. 1ed. Rio de Janeiro: Renovar e Ford Foundation, 2002, v. 1, p. 165-200.
______. Temas de direitos humanos. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2019.
SADEK, Maria Tereza Aina. “Acesso à Justiça: porta de entrada para a inclusão social”.
In: LIVIANU, R., cood. Justiça, cidadania e democracia. Rio de Janeiro: Centro Edelstein de
Pesquisa Social, 2019.
______. “Acesso à Justiça: Um direito e seus obstáculos”. Revista USP. São Paulo:
USP, n. 126, 2021.

Você também pode gostar