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Direito de Vizinhança

(artigos 1277 a 1313, CC)


Será que há harmonia entre os
vizinhos?
Introdução
• O direito de vizinhança é o ramo do
direito civil que se ocupa dos conflitos de
interesses causados pelas recíprocas
interferências entre propriedades imóveis
próximas.
• Não há necessidade, como se
sabe, de serem as propriedades imóveis
contíguas; basta serem próximas para que
possa ter lugar a interferência, que será,
então, coibida pelas normas protetoras dos
direitos de vizinhança.
• Portanto, trata-se de normas que
tendem a compor, a satisfazer os conflitos
entre propriedades opostas com o objetivo de
tentar definir regras básicas
da situação de vizinhança.
• Busca-se, a satisfação de interesses
de proprietários opostos.
• Sob o fundamento do interesse coletivo ou público,
existem basicamente três tipos de restrições aos direito
de propriedade: constitucionais, administrativos e
aquelas fundadas no direito de vizinhança.
• Em sentido jurídico, a vizinhança distingue-se pela proximidade,
pela confrontação, ou pela pouca distância em que se encontrem
as coisas fixada pela contiguidade, defrontação ou confinância.
• Do uso normal da propriedade é um direito previsto no art.
1277,CC.
• Art. 1.277. O proprietário ou o possuidor de um prédio tem o
direito de fazer cessar as interferências prejudiciais à segurança,
ao sossego e à saúde dos que o habitam, provocadas pela
utilização de propriedade vizinha.
• Parágrafo único. Proíbem-se as interferências considerando-se a
natureza da utilização, a localização do prédio, atendidas as normas
que distribuem as edificações em zonas, e os limites ordinários de
tolerância dos moradores da vizinhança.
• Art. 1.278. O direito a que se refere o artigo antecedente não
prevalece quando as interferências forem justificadas por
interesse público, caso em que o proprietário ou o possuidor,
causador delas, pagará ao vizinho indenização cabal.
• Art. 1.279. Ainda que por decisão judicial devam ser toleradas as
interferências, poderá o vizinho exigir a sua redução, ou eliminação,
quando estas se tornarem possíveis.
• Art. 1.280. O proprietário ou o possuidor tem direito a exigir do
dono do prédio vizinho a demolição, ou a reparação deste, quando
ameace ruína, bem como que lhe preste caução pelo dano
iminente.
• Art. 1.281. O proprietário ou o possuidor de um prédio, em que
alguém tenha direito de fazer obras, pode, no caso de dano
iminente, exigir do autor delas as necessárias garantias contra o
prejuízo eventual.
Características do Direito de
Vizinhança
• São características dos direitos devizinhança, em primeiro lugar,
regular situações entre proprietários, estabelecendo
nesse sentido, limitações, restrições ao uso da propriedade, ou
seja, trata se aqui de deveres criados pela lei.

• Outra característica do direito de vizinhança é que não


se busca criar vantagens para os proprietários,
para qualquer prédio, ao contrário, visa-se tão-
somente a evitar prejuízos.

• Mais uma característica do direito de vizinhança: procura-


se, mediante normas que compõem as relações de vizinhança
é coibir as interferências indevidas nos imóveis vizinhos.
Àrvores Limítrofes
(artigo 1282 a 1284, CC)
• As raízes e os ramos das árvores semeadas ou
plantadas, e ainda que nasçam
espontaneamente que ultrapassam a
extrema do prédio poderão ser cortadas até
o plano vertical divisório pelo proprietário do
terreno invadido. Porém, as postadas na linha
divisória pertencem em comum aos
proprietários dos prédios contíguos e desse
princípio decorrem as seguintes
consequências:
• a) cortadas ou arrancadas, devem ser elas repartidas
entre os proprietários confinantes;
• b) igualmente se partilham os frutos pela metade,
quer também naturalmente, quer sejam colhidos e
• c) também são comuns os dispêndios com o corte da
árvore.
• Em resumo: se o tronco da árvore se encontra na linha
divisória a árvore será comum. E se encontra num dos
imóveis, exclusivamente, pertencerá ao proprietário
respectivo, mesmo que as raízes penetrem na
propriedade contígua.
• Art. 1.282, CC. A árvore, cujo tronco estiver na linha divisória,
presume-se pertencer em comum aos donos dos prédios
confinantes.

• Art. 1.283,CC. As raízes e os ramos de árvore, que


ultrapassarem a estrema do prédio, poderão ser cortados, até
o plano vertical divisório, pelo proprietário do terreno
invadido.

• Art. 1.284,CC. Os frutos caídos de árvore do terreno vizinho


pertencem ao dono do solo onde caíram, se este for de
propriedade particular.

Passagem Forçada
(artigo 1285 – CC)
• Denominada de servidão de trânsito ou itinerária é a que
autoriza a passagem do proprietário, vizinho por
atravessadouros, passagens, caminhos ou estradas
particulares existentes em propriedade particular, seja a
pé, viaturas ou animais.
• A servidão de passagem institui-se por convenção ou
resulta de imposição legal. Pela lei, a servidão que se
institui é assegurado ao dono do prédio dominante o
direito de passagem em virtude de encontrar-se o mesmo
encravado sem saída para a via pública, fonte ou porto.
• Por outro lado, os donos dos prédios servientes tem o
direito à indenização que se mostre justa e compensativa
pela concessão.
• Art. 1.285, CC. O dono do prédio que não tiver acesso a via pública,
nascente ou porto, pode, mediante pagamento de indenização cabal,
constranger o vizinho a lhe dar passagem, cujo rumo será judicialmente
fixado, se necessário.
• § 1 o Sofrerá o constrangimento o vizinho cujo imóvel mais natural e
facilmente se prestar à passagem.
• § 2 o Se ocorrer alienação parcial do prédio, de modo que uma das partes
perca o acesso a via pública, nascente ou porto, o proprietário da outra
deve tolerar a passagem.
• § 3 o Aplica-se o disposto no parágrafo antecedente ainda quando, antes
da alienação, existia passagem através de imóvel vizinho, não estando o
proprietário deste constrangido, depois, a dar uma outra.
• Haverá a servidão de passagem coativa sempre que da servidão necessitar
o dominante para obter uma saída/entrada para a sua propriedade. Por
isso não se poderia impor nem exigir servidão sobre passagem existente
quando esta não o conduza até a via pública.
Passagem da Cabos e Tubulações
(artigo 1286, CC)
• Mediante recebimento de indenização que
atenda, também, à desvalorização do imóvel
serviente da área remanescente, o
proprietário é obrigado a tolerar a passagem,
através de seu imóvel, de cabos, tubulações e
outros condutos subterrâneos dos serviços de
utilidade pública, em proveito de
proprietários vizinhos, quando de outro modo
for impossível ou excessivamente onerosa.
• Art. 1.286, CC. Mediante recebimento de indenização que
atenda, também, à desvalorização da área remanescente, o
proprietário é obrigado a tolerar a passagem, através de
seu imóvel, de cabos, tubulações e outros condutos
subterrâneos de serviços de utilidade pública, em proveito
de proprietários vizinhos, quando de outro modo for
impossível ou excessivamente onerosa.
• Parágrafo único. O proprietário prejudicado pode exigir que
a instalação seja feita de modo menos gravoso ao prédio
onerado, bem como, depois, seja removida, à sua custa,
para outro local do imóvel.
• Art. 1.287, CC. Se as instalações oferecerem grave risco,
será facultado ao proprietário do prédio onerado exigir a
realização de obras de segurança.
Das Águas
(Artigo 1288, CC)
• Tratadas pelo Código de Águas (Decreto nº 24.643/34). A
matéria tratada no Código Civil diz respeito
exclusivamente às questões relativas ao direito de
vizinhança.
• Art. 1288 do CC: O proprietário ou possuidor do prédio
inferior em topografia é obrigado a receber e escoar as
águas pluviais, nascentes ou correntes que escorram do
superior, sem qualquer indenização.
• O morador do prédio inferior não pode realizar obras
que impeçam ou restrinjam o fluxo normal do
escoamento das águas, mas pode realizar obras que
aliviem seu terreno de danos causados pelo
escoamento.
• O morador do prédio inferior pode exigir a
realização de obras no prédio superior, para
reduzir o impacto da passagem das águas. O
proprietário do prédio superior pode realizar
drenos, sulcos etc para escoamento das águas,
mas não pode proceder de modo a agravar a
primitiva condição do prédio inferior, ou seja,
não pode fazer obras que aniquilem a
funcionalidade do inferior. Art. 1288,CC.
• Art. 1.288, CC. O dono ou o possuidor do
prédio inferior é obrigado a receber as águas
que correm naturalmente do superior, não
podendo realizar obras que embaracem o seu
fluxo; porém a condição natural e anterior do
prédio inferior não pode ser agravada por
obras feitas pelo dono ou possuidor do prédio
superior.
• Qualquer atuação humana que resulte em
curso de águas ao prédio superior (cultura de
arroz, uso de máquinas, bombas, cisternas
etc) dá direito ao morador inferior de exigir
que elas sejam desviadas, ou, caso as aceite,
receba indenização pelos prejuízos e
desvalorização do imóvel. O dono do prédio
inferior não é obrigado a suportar o fluxo de
água do prédio superior que para ali não
tenha ido por força da natureza.
• Art. 1.289, CC. Quando as águas,
artificialmente levadas ao prédio superior, ou
aí colhidas, correrem dele para o inferior,
poderá o dono deste reclamar que se
desviem, ou se lhe indenize o prejuízo que
sofrer.
• Parágrafo único. Da indenização será deduzido
o valor do benefício obtido.
Limites entre prédios e direito de
tapagem: (artigo 1297, CC)
• Segundo o art. 1297,CC, todo proprietário tem direito de
tapagem, que consiste na faculdade de cercar, murar ou
tapar (colocar tapume, vedação) o seu prédio.
• Todo proprietário tem a faculdade de obrigar seu
confinante a proceder com ele à demarcação entre dois
prédios, estabelecendo por onde deve passar a linha
divisória: ação demarcatória (art. 569, I CPC). Cabível
quando entre os prédios não há nem nunca houve a
fixação da linha demarcatória; ou quando as partes
definiram o traçado da linha, e um deles removeu ou
alterou; ou no caso dos marcos terem sido destruídos,
desapareceram ou se tornaram confusos. Neste caso, trata-
se de ação para aviventação de marcos divisórios.
• Art. 1.297, CC. O proprietário tem direito a cercar, murar, valar ou tapar de
qualquer modo o seu prédio, urbano ou rural, e pode constranger o seu
confinante a proceder com ele à demarcação entre os dois prédios, a aviventar
rumos apagados e a renovar marcos destruídos ou arruinados, repartindo-se
proporcionalmente entre os interessados as respectivas despesas.
• § 1 o Os intervalos, muros, cercas e os tapumes divisórios, tais como sebes vivas,
cercas de arame ou de madeira, valas ou banquetas, presumem-se, até prova em
contrário, pertencer a ambos os proprietários confinantes, sendo estes obrigados,
de conformidade com os costumes da localidade, a concorrer, em partes iguais,
para as despesas de sua construção e conservação.
• § 2 o As sebes vivas, as árvores, ou plantas quaisquer, que servem de marco
divisório, só podem ser cortadas, ou arrancadas, de comum acordo entre
proprietários.
• § 3 o A construção de tapumes especiais para impedir a passagem de animais de
pequeno porte, ou para outro fim, pode ser exigida de quem provocou a
necessidade deles, pelo proprietário, que não está obrigado a concorrer para as
despesas.
Direito de Construir
(artigo 1299 e segtes, CC)
• O proprietário tem o direito de construir em seu imóvel,
respeitados os direitos de vizinhança e as regras
administrativas que determinam exigências técnicas,
sanitárias e estéticas. Art. 1299, CC.
• Bens jurídicos protegidos: saúde, sossego, segurança
(privacidade).
• Logo, tanto a administração quanto particulares podem
embargar obras e construções:
• se a obra invade área do particular;
• se o prédio despeja água sobre seu terreno;
• para impedir que na edificação urbana levantada se abra
janela, terraço ou varanda a menos de 1.5 metro da linha
divisória (art. 1.301) em terrenos urbanos;
• Art. 1.299, CC. O proprietário pode levantar em seu terreno
as construções que lhe aprouver, salvo o direito dos
vizinhos e os regulamentos administrativos.
• Art.1.301,CC. É defeso abrir janelas, ou fazer eirado, terraço
ou varanda, a menos de metro e meio do terreno vizinho.
• § 1 o As janelas cuja visão não incida sobre a linha divisória,
bem como as perpendiculares, não poderão ser abertas a
menos de setenta e cinco centímetros.
• § 2 o As disposições deste artigo não abrangem as aberturas
para luz ou ventilação, não maiores de dez centímetros de
largura sobre vinte de comprimento e construídas a mais
de dois metros de altura de cada piso.

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