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50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA

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50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA
Manoel Neves

50 TEMAS PARA TREINAR NA


QUARENTENA

Belo Horizonte
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2020
50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA

TEMA 01 7
IMPACTOS DO DESMATAMENTO NO BRASIL 7

TEMA 02 9
CAMINHOS PARA LIDAR COM AS ENCHENTES E COM SEUS REFLEXOS 9

TEMA 03 11
O USO DE AGROTÓXICOS EM DEBATE NO BRASIL 11

TEMA 04 14
O AUMENTO DOS INCÊNDIOS NAS FLORESTAS BRASILEIRAS 14

TEMA 05 15
USINAS HIDRELÉTRICAS E SEUS IMPACTOS 15

TEMA 06 17
AGROECOLOGIA EM DEBATE NO BRASIL 17

TEMA 07 21
DESAFIOS PARA A INCLUSÃO DE PESSOAS COM AUTISMO 21

TEMA 08 23
A INVISIBILIDADE SOCIAL DAS PESSOAS EM SITUAÇÃO DE RUA 24

TEMA 09 27
COMO COMBATER O VANDALISMO E A DEPREDAÇÃO DO ESPAÇO PÚBLICO
BRASILEIRO 27

TEMA 10 29
MOBILIDADE HUMANA E COMPARTILHAMENTO DE VEÍCULOS 29

TEMA 11 30
ISONOMIA NA APOSENTADORIA DOS BRASILEIROS 30

TEMA 12 33
DESAFIOS DO EMPREENDEDORISMO NO BRASIL 33

TEMA 13 35
IMPACTOS DO TRÁFICO DE DROGAS NA SOCIEDADE BRASILEIRA 35

TEMA 14 38
LEGALIZAÇÃO DOS JOGOS DE AZAR EM DEBATE 39

TEMA 15 41

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IMPACTOS DA POLUIÇÃO DO AR EM DEBATE NO BRASIL 41

TEMA 16 43
DIFICULDADES DOS JOVENS PARA INGRESSAR NO MERCADO DE TRABALHO 43

TEMA 17 45
PATRIOTISMO EM DEBATE NO BRASIL CONTEMPORÂNEO 45

TEMA 18 47
AUTOVERDADE NO BRASIL CONTEMPORÂNEO 47

TEMA 19 49
A INTERIORIZAÇÃO DA VIOLÊNCIA NO BRASIL CONTEMPORÂNEO 49

TEMA 20 51
A AUTOTUTELA NO CONTEXTO DA SEGURANÇA PÚBLICA BRASILEIRA 51

TEMA 21 53
EFEITOS DA AMPLIAÇÃO DO ACESSO A ARMAS NO BRASIL 53

TEMA 22 57
EXCLUDENTE DE ILICITUDE EM DEBATE NO BRASIL CONTEMPORÂNEO 57

TEMA 23 63
EFEITOS DO SUPERENCARCERAMENTO NO BRASIL CONTEMPORÂNEO 63

TEMA 24 67
IMPACTOS DA INVERSÃO DA PIRÂMIDE ETÁRIA NO BRASIL 67

TEMA 25 69
ALIENAÇÃO PARENTAL EM DEBATE NO BRASIL 69

TEMA 26 71
OBSTÁCULOS ENFRENTADOS PELA GERAÇÃO Z 71

TEMA 27 76
CAMINHOS PARA O COMBATE À PIRATARIA NO BRASIL 76

TEMA 28 80
AVANÇOS TECNOLÓGICOS E REPRODUÇÃO DAS DESIGUALDADES SOCIAIS 80

TEMA 29 83
NOMOFOBIA NO COTIDIANO DO JOVEM BRASILEIRO 83

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TEMA 30 86
IMPERATIVO DE OPINIÃO NA SOCIEDADE BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA 86

TEMA 31 89
A IDEOLOGIA DO CANCELAMENTO EM DEBATE NO BRASIL 89

TEMA 32 94
A DESVALORIZAÇÃO DA CIÊNCIA NO CONTEXTO NACIONAL 94

TEMA 33 95
EDUCAÇÃO FINANCEIRA EM DEBATE NO BRASIL 95

TEMA 34 96
ENSINO DOMICILIAR EM DEBATE NO BRASIL CONTEMPORÂNEO 97

TEMA 35 99
A REGULAÇÃO DO CONSUMO DE AÇÚCAR NO BRASIL 99

TEMA 36 102
ENSINO A DISTÂNCIA NO BRASIL CONTEMPORÂNEO 102

TEMA 37 105
IMPLEMENTAÇÃO DAS ESCOLAS CÍVICO-MILITARES EM DEBATE 105

TEMA 38 107
A REFORMA DO ENSINO MÉDIO EM DEBATE 107

TEMA 39 109
ENTRAVES À UNIVERSALIZAÇÃO DA MEDICINA FAMILIAR NO BRASIL 110

TEMA 40 111
A SAÚDE DO HOMEM EM DEBATE NO BRASIL CONTEMPORÂNEO 111

TEMA 41 113
ABUSO DE ÁLCOOL NA SOCIEDADE BRASILEIRA 113

TEMA 42 118
MEDIDAS EFICAZES PARA O COMBATE ÀS DROGAS NO BRASIL 118

TEMA 43 128
ESTRATÉGIAS DE PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO-CULTURAL 128

TEMA 44 131

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CRIMINALIZAÇÃO DO FUNK EM DEBATE NO BRASIL 131

TEMA 45 134
LEI DE INCENTIVO À CULTURA EM DEBATE NO BRASIL CONTEMPORÂNEO 134

TEMA 46 139
O USO DA ÁGUA EM DEBATE NO BRASIL 139

TEMA 47 141
DÉFICIT HABITACIONAL NO BRASIL 141

TEMA 48 144
DESAFIOS DOS POVOS INDÍGENAS DO BRASIL DO SÉCULO XXI 144

TEMA 49 146
EVASÃO ESCOLAR NO BRASIL CONTEMPORÂNEO 146

TEMA 50 148
CAMINHOS PARA SUPERAR O ANALFABETISMO FUNCIONAL NO BRASIL 148

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TEMA 01

Impactos do desmatamento no Brasil


TEXTO 01
O desmatamento na Amazônia brasileira praticamente dobrou entre janeiro e agosto, totalizando
6.404,4 km², frente aos 3.336,7 km² no mesmo período de 2018 (+91,9%), segundo dados
oficiais provisórios divulgados em meio à polêmica internacional envolvendo a preservação da
maior floresta tropical do planeta.
Apenas em agosto, 1.700,8 km² foram desmatados, menos do que em julho (quando
quadruplicou), porém mais do triplo do que em agosto de 2018 (526,5 km²), de acordo com o
sistema Deter de alertas de satélite do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
O desmatamento no Brasil se mantinha nos níveis dos últimos anos, porém disparou nos últimos
quatro meses: 738,2 km² em maio (+34,1%), 936,3 km² en junho (+91,7%) e 2.255,4 km² em
julho (+278%), e, agora, 1.700,8 km² em agosto (+91,90%).
Especialistas avaliam que, este ano, o desmatamento poderia chegar, pela primeira vez desde
2008, a 10.000 km². Segundo os mesmos e ambientalistas, a escalada se explica pela pressão
de madeireiros e criadores de gado estimulados pelo apoio do presidente Jair Bolsonaro à
abertura de reservas indígenas e áreas protegidas para estas atividades e a mineração.
Desmatamento na Amazônia do Brasil subiu 91% nos primeiros 7 meses de 2019. Exame. 8 set. 2019. Disponível em: https://
exame.abril.com.br/brasil/desmatamento-na-amazonia-brasileira-aumentou-91-entre-janeiro-e-agosto/. Acesso em: 06 nov. 2019.

TEXTO 02
Há uma íntima relação entre menos vegetação natural e comprometimento de fontes de água.
Fatores como a frequência de chuvas e a diminuição do volume de água em lençóis freáticos
podem ser potencializados pelo desmatamento. […]
Os sistemas se constituem de elementos conectados. As estiagens em si não são novidade, elas
vêm e vão em ciclos Mas pesquisadores apontam que a estiagem em um planeta em média um
grau centígrado mais quente representa um problema mais ‘serio. Uma área que enfrenta uma
seca é ainda mais prejudicada se sofreu desmatamento.
Quais os efeitos do desmatamento no abastecimento de água. Nexo Jornal, 18 mar. 2018. Disponível em: https://
www.nexojornal.com.br/expresso/2018/03/17/Quais-os-efeitos-do-desmatamento-no-abastecimento-de-água. Acesso em: 06 nov.
2019.

TEXTO 03
Como não poderia deixar de ser, o processo de desflorestação traz consigo várias
consequências gravíssimas para o meio ambiente e a própria vida dos seres humanos. Entre
elas, podemos citar:
. redução ou perda completa da biodiversidade;
. exposição do solo aos processos erosivos;
. perda de serviços ambientais;
. desertificação;
. aumento do aquecimento global;
. intensificação do efeito estufa.

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O desmatamento é uma prática agressiva e que leva a grandes prejuízos para o meio ambiente.
Ao mesmo tempo em que existe há milênios, nunca foi tão importante focar em ações que
reduzam a devastação de florestas ao redor do mundo. Afinal de contas, os impactos ambientais
trazidos pelo desmatamento podem levar a graves consequências para a espécie humana.
Desmatamento: como é no Brasil, causas e consequências! Stoodi, 29 nov. 2018. Disponível em: https://www.stoodi.com.br/blog/
2018/11/29/desmatamento-como-e-no-brasil/. Acesso em: 06 nov. 2019.

PROPOSTA DE REDAÇÃO
A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo
de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa
sobre o tema: “Impactos do desmatamento no Brasil”. Selecione, organize e relacione, de
forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

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TEMA 02

Caminhos para lidar com as enchentes e com seus reflexos


TEXTO 01
Devido aos mapeamentos feitos pelo poder público, as mortes são evitáveis, diz o geólogo
Álvaro Rodrigues dos Santos, ex-diretor do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT).
Deslizamentos ocorrem em dois cenários: quando há ocupação de encostas perigosas ou
construção irregular em morros. Em áreas diagnosticadas como de risco muito alto, diz o
pesquisador, é preciso desocupar a região e disponibilizar moradia para a população. […]

Descaso com enchentes matou 2.500 pessoas no país em vinte anos. O globo, 11 fev. 2019. Acesso em: 7 dez. 2019.

T E X TO 02

Desastres naturais: 54,9% dos municípios não têm plano para gestão de risco. Agência IBGE notícias, 05 jul. 2018. Disponível em:
https://agenciadenoticias.ibge.gov.br. Acesso em: 6 dez. 2019.

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TEXTO 03
O planejamento urbano - na verdade, a falta dele - é a raiz do problema. A destruição da mata
ciliar dos rios, a ocupação humana das áreas de várzeas e o desmatamento das encostas estão
diretamente relacionados aos efeitos danosos das chuvas. Como as árvores funcionam como
uma camada impermeabilizadora, o desflorestamento fragiliza o solo e as construções
irregulares o tornam instável, tornando-o mais exposto a deslizamentos.
Os programas de combate às enchentes têm se dedicado à medidas estruturais de ampliação da
capacidade da vazão dos cursos d’água, mas as cidades continuam crescendo de forma
desordenada. As construções deixam o solo impermeável, impedindo que ele absorva a água.
Desta forma, a chuva se acumula. Além disso, lixo e entulho continuam sendo despejados nos
rios e os cursos d’água são canalizados. “É algo kafkiano: investem-se bilhões de reais em obras
estruturais de combate às enchentes e simplesmente não se toma a decisão de parar de
provocar as enchentes”, diz Santos.
No Brasil, os registros de desastres urbanos acontecem em áreas que nunca deveriam ter sido
ocupadas - ou que, se fossem ocupadas, deveriam ter projetos urbanísticos e técnicas de
construção específicas. No entanto, as administrações públicas municipais falham em fiscalizar e
proibir esse tipo de ocupação. “Como pano de fundo propiciador dessas situações, há a
incompetência, a irresponsabilidade, o descompromisso social e, em muitos casos, a conivência
interessada da administração pública”, diz Álvaro Rodrigues dos Santos.
Embora os pesquisadores já compreendam bem o que provoca enchentes e deslizamentos e
existam instrumentos que permitam aos administradores municipais definir regras para uso e
ocupação dos solos, como a chamada Carta Geotécnica, esse conhecimento não é colocado em
prática. “Não possuímos no país uma cultura técnica arquitetônica e urbanística especialmente
adequada à ocupação de terrenos com maior declividade”.
Isso acontece não só em moradias de baixa renda, construídas irregularmente em áreas de
encostas, mas também em projetos públicos e privados de maior porte. Segundo ele, prevalece
a “cultura técnica da área plana”, ou seja: arquitetos e empreiteiros optam por terraplenar os
terrenos nas encostas, construindo platôs para edificar a construção. “Um fatal erro técnico de
concepção”, diz o geólogo.
Por que não dá para culpar só a chuva pelas enchentes e deslizamentos? Nexo Jornal, 14 mar. 2016. Acesso em 7 dez. 2019.

PROPOSTA DE REDAÇÃO
A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo
de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa
sobre o tema: “Caminhos para lidar com as enchentes e com seus reflexos”. Selecione,
organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto
de vista.

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TEMA 03

O uso de agrotóxicos em debate no Brasil


TEXTO 01

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PEREIRA, Elilson, MENDES, Quennia. Ranking dos alimentos mais contaminados por agrotóxico. Morcegada. Disponível em: http://
www.morcegada.unir.br/?p=513. Acesso em: 7 dez. 2019.

TEXTO 02
A expressão Revolução Verde foi criada em 1966, em uma conferência em Washington. Porém,
o processo de modernização agrícola que desencadeou a Revolução Verde ocorreu no final da
década de 1940.
Esse programa surgiu com o propósito de aumentar a produção agrícola através do
desenvolvimento de pesquisas em sementes, fertilização do solo e utilização de máquinas no
campo que aumentassem a produtividade. Isso se daria através do desenvolvimento de
sementes adequadas para tipos específicos de solos e climas, adaptação do solo para o plantio
e desenvolvimento de máquinas.
As sementes modificadas e desenvolvidas nos laboratórios possuem alta resistência a diferentes
tipos de pragas e doenças, seu plantio, aliado à utilização de agrotóxicos, fertilizantes,
implementos agrícolas e máquinas, aumenta significativamente a produção agrícola.
Esse programa foi financiado pelo grupo Rockefeller, sediado em Nova Iorque. Utilizando um
discurso ideológico de aumentar a produção de alimentos para acabar com a fome no mundo, o
grupo Rockefeller expandiu seu mercado consumidor, fortalecendo a corporação com vendas de
verdadeiros pacotes de insumos agrícolas, principalmente para países em desenvolvimento
como Índia, Brasil e México.
Revolução Verde. Site Brasil Escola, 23 jun. 2018. Acesso em: 9 dez. 2019.

TEXTO 03

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Registros de agrotóxicos no Brasil cresce e atinge maior marca em 2018. Folha de S. Paulo, 4 mar. 2019. Disponível em: https://
www1.folha.uol.com.br/mercado/2019/03/registro-de-agrotoxicos-no-brasil-cresce-e-atinge-maior-marca-em-2018.shtml. Acesso em: 7 dez. 2019.

TEXTO 04
De maneira geral, os pesticidas são tóxicos, independentemente de qual composto é usado,
sendo uns menos, e outros mais danosos à saúde humana e ao meio ambiente.
Um dos problemas mais comuns é a contaminação do solo, de lençóis freáticos e de rios e
lagos. Quando o agrotóxico é utilizado, ele chega ao solo e a chuva, ou o próprio sistema de
irrigação da plantação, facilita a chegada dos pesticidas aos corpos de água, poluindo-os e
intoxicando toda vida lá presente.
Um bom exemplo de como esse tipo de produto tóxico funciona pode ser observado em
inseticidas, como os organoclorados e organofosforados. Ambos são bioacumulativos, o que
significa que o composto permanece no corpo do inseto ou de um peixe após sua morte. Se
algum outro animal se alimentar de um ser contaminado, também ficará intoxicado, e assim
sucessivamente, aumentando o alcance do problema.
O uso de pesticidas, inclusive, contribui com o empobrecimento do solo. Estudos mostram que a
utilização de pesticidas reduz a eficiência da fixação de nitrogênio realizada por micro-
organismos, o que faz com que o uso de fertilizantes seja cada vez mais necessário.
Os pesticidas também favorecem o surgimento de pragas progressivamente mais fortes, através
de um processo de “seleção natural”, em que os animais mais resistentes aos agrotóxicos
tomam o lugar das espécies mais suscetíveis. Esse processo também acaba garantindo a
manutenção da produção de agrotóxicos.
Outros problemas que já foram percebidos por estudos são a diminuição do número de abelhas
polinizadoras e a destruição do habitat de pássaros em ambientes onde pesticidas são
utilizados.
Os problemas causados pelos agrotóxicos justificam seu uso? Site ecycle. Acesso em: 7 dez. 2019.

TEXTO 05
O uso excessivo de produtos químicos na agricultura reflete diretamente na saúde do
consumidor. Veja problemas de saúde que podem ser causadas por agrotóxicos:
a) câncer; b) infertilidade; c) TDAH; d) espectro autista; e) doenças nos rins; f) danos ao fígado;
g) alzheimer; h) depressão; i) malformação do feto; j) hipotireoidismo; k) alergias; l) doenças
cardíacas.
12 doenças que podem ser causadas por agrotóxicos. Casa e jardim. 8 ago. 2018. Disponível em: https://
revistacasaejardim.globo.com/Casa-e-Comida/noticia/2018/08/12-doencas-que-podem-ser-causadas-por-agrotoxicos.html. Acesso
em: 7 dez. 2019.

PROPOSTA DE REDAÇÃO
A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo
de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa
sobre o tema: “O uso de agrotóxicos em debate no Brasil contemporâneo”. Selecione,

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organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto
de vista.

TEMA 04

O aumento dos incêndios nas florestas brasileiras


TEXTO 01
Ao contrário do que afirmou o governo federal em agosto de 2019, os incêndios na Amazônia
que desencadearam uma crise internacional naquele mês foram acentuadamente mais altos que
em anos anteriores, aponta um estudo divulgado na sexta-feira (15) na revista científica Global
Change Biology.
Além disso, existem fortes evidências de que o aumento do fogo está relacionado à alta do
desmatamento, afirma a pesquisa. Antes, integrantes do governo haviam atribuído as queimadas ao
período de seca na floresta, a práticas de limpeza de pasto na agricultura e, em um caso, a supostos
costumes de povos indígenas.
A pesquisa, intitulada “Esclarecendo a crise das queimadas na Amazônia” e assinada por
pesquisadores de universidades brasileiras e estrangeiras, usou dados de queimadas e
desmatamento disponibilizados pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) para
chegar às conclusões. A ideia do artigo, segundo os autores, é desfazer a confusão quanto às
queimadas que se sucedeu à crise.
Quais as causas e os tipos de queimadas na Amazônia. Nexo Jornal, 20 nov. 2019. Acesso em: 7 dez. 2019.

TEXTO 02
Ao contrário do que afirmou o governo federal em agosto de 2019, os incêndios na Amazônia
que desencadearam uma crise internacional naquele mês foram acentuadamente mais altos que
em anos anteriores, aponta um estudo divulgado na sexta-feira (15) na revista científica Global
Change Biology.
Além disso, existem fortes evidências de que o aumento do fogo está relacionado à alta do
desmatamento, afirma a pesquisa. Antes, integrantes do governo haviam atribuído as queimadas ao
período de seca na floresta, a práticas de limpeza de pasto na agricultura e, em um caso, a supostos
costumes de povos indígenas.

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A pesquisa, intitulada “Esclarecendo a crise das queimadas na Amazônia” e assinada por


pesquisadores de universidades brasileiras e estrangeiras, usou dados de queimadas e
desmatamento disponibilizados pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) para
chegar às conclusões. A ideia do artigo, segundo os autores, é desfazer a confusão quanto às
queimadas que se sucedeu à crise.
Alter: fogo foi para vender lotes que têm “policial por trás’, diz prefeito. Folha de S. Paulo, 01 dez. 2019. Acesso em: 7 dez. 2019.

PROPOSTA DE REDAÇÃO
A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo
de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa
sobre o tema: “O aumento dos incêndios nas florestas brasileiras”. Selecione, organize e
relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

TEMA 05

Usinas hidrelétricas e seus impactos


TEXTO 01
As hidrelétricas funcionam por meio de grandes turbinas que giram devido à força das águas. A
água passa por tubos que são interligados às turbinas, fazendo-as girar. Cada turbina é
acoplada a um equipamento chamado gerador, formando, assim, a unidade geradora que faz a
transformação da energia mecânica, do movimento das pás da turbina, em energia elétrica.
Como funciona uma hidrelétrica? Aliança, 24 abr. 2017. Disponível em: https://aliancaenergia.com.br/br. Acesso em: 8 dez. 2019.

TEXTO 02
SUBIDA ÍNGREME
Para garantir que peixes migradores, consigam subir o rio para acasalar, uma das maneiras é
construir “escadas” aquáticas. Cada grupo de degraus tem uma área de descanso para que o
peixe não tenha cãibras por esforço muscular na hora da subida
RIO SOFREDOR
O nível do reservatório das hidrelétricas precisa ser mantido em um patamar constante. Para
isso, os técnicos abrem e fecham as comportas dependendo do regime de chuvas. Quem perde
com isso é o rio que recebe a água do lago: a alteração do volume dágua desordena toda a vida
aquática sobretudo nas margens, que enfrentam períodos de seca e inundação
CAOS CLIMÁTICO

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O que antes era uma floresta vira, de uma hora para outra, um lago. Essa mudança aumenta a
quantidade de água que evapora e, por conseqüência, mexe em outros três fatores climáticos: o
total de chuvas, a umidade e a temperatura, que sofre variações de até 3 ºC. Com essa
bagunça, as plantações que sobreviveram à inundação podem ser prejudicadas
SALVAMENTO IMPROVISADO
Parte da fauna que ocupava a região do lago fica ilhada com a inundação. Quando o lago da
barragem de Itaipu foi formado, por exemplo, 30 mil animais foram resgatados e levados a áreas
de reserva. Alguns morreram por não se adaptar ao novo hábitat. O salvamento continua até
hoje: quando as turbinas param para manutenção, os peixes que entram nos dutos são retirados
COMEÇAR DE NOVO
No alagamento para a formação da barragem, muitas espécies vegetais ficam submersas,
reduzindo a biodiversidade. Para diminuir o problema, as construtoras de hidrelétricas têm
programas de reflorestamento em suas margens. A usina de Itaipu, por exemplo, recebeu 20
milhões de mudas no entorno de seu reservatório
PESCARIA ALTERADA
A formação de um lago muda os hábitos da vida aquática, fazendo algumas espécies de peixe
sumirem e outras se multiplicarem. No rio Paraná, os tipos mais numerosos mudaram com a
instalação de Itaipu:
Qual o impacto ambiental da implantação de uma hidrelétrica? Superinteressante, 18 abr. 2011. Disponível em: https://
super.abril.com.br/mundo-estranho/qual-o-impacto-ambiental-da-instalacao-de-uma-hidreletrica/. Acesso em: 8 dez. 2019.

TEXTO 03
Impactos ambientais – como o desmatamento e a perda da biodiversidade – e sociais – como o
deslocamento de milhares de pessoas e os prejuízos econômicos causados a elas – não têm
sido levados em conta e incluídos no custo total desses projetos. Além disso, esses
empreendimentos têm ignorado os cenários de mudanças climáticas, que preveem a diminuição
da oferta de água e, consequentemente, da geração de energia hidroelétrica.
Custos sociais e ambientais de usinas hidrelétricas são subestimados, aponta estudo. Jornal da Unicamp, 7 nov. 2018. Disponível
em: https://www.unicamp.br/unicamp/index.php/ju/noticias. Acesso em: 8 dez. 2019.

PROPOSTA DE REDAÇÃO
A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo
de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa
sobre o tema: “Usinas hidrelétricas e seus impactos”. Selecione, organize e relacione, de
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TEMA 06

Agroecologia em debate no Brasil


TEXTO 01
A  agrofloresta é um sistema integrado de árvores e plantas de diferentes espécies em uma
mesma plantação, com uso zero de fertilizantes ou agrotóxicos.
Nos anos 1970, Ernest Götch, agricultor e pesquisador, começou a fazer experimentos que
combinavam o cultivo de diferentes espécies de plantas no mesmo espaço, como faziam os
fazendeiros europeus até o início do século 20. E reparou que seu feijão ficava mais forte
quando estava próximo de árvores. Melhor ainda depois que essas árvores eram podadas.
Percebeu ainda que não bastava cuidar apenas de uma planta (ou uma espécie): era preciso
cuidar de todo o sistema em volta das plantações. […]
Parecia sem sentido naquela época em que as ideias da revolução verde começavam a dominar
as regras da agricultura.
A população mundial crescia rapidamente e a preocupação era como alimentar essa gente toda.
O jeito era reduzir o tempo até a colheita e aumentar a produção. A solução apareceu, então,
com maquinário pesado, fertilizantes, veneno e sementes selecionadas. Os tratores agilizavam o
processo todo e os produtos químicos criavam artificialmente as condições ambientais certas
para manter a planta saudável. Nessa lógica da monocultura, qualquer outra espécie (insetos e
ervas daninhas) são invasoras e devem ser eliminadas.

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Só que, no meio do processo, o solo se acaba, fica mais compactado e impermeabilizado (ou
seja, seco). A isso ainda se juntam outros problemas, como a erosão, contaminação do meio
ambiente por agrotóxicos, assoreamento de rios, fortalecimento das pragas. E dá-lhe fertilizante
para fazer crescer e veneno para matar.
Assim, a cada novo ciclo, mais cara a produção, mais seco o clima, e menor a biodiversidade.
Em plantações de orgânicos funciona quase do mesmo jeito, mas com insumos naturais. E os
únicos vencedores são os grandes produtores – os Sezefredos e tantos outros agricultores
pequenos não conseguem fechar a conta no azul.
Ernst compreendeu todas as falhas desse modelo. E quanto mais se aprofundava em sua
pesquisa, mais se afastava das ideias da revolução verde. Encontrou na termodinâmica um
conceito para entender como acontecia o impacto negativo da agricultura. É o princípio da
entropia, que mede o desgaste e a desordem de um sistema. Imagine sua – cada vez que você
prepara um prato, a louça aumenta e a sujeira cresce.
Você bagunça aquele espaço. A natureza funciona do mesmo jeito. Quando o homem transforma
o cerrado mato-grossense e as terras da Amazônia em extensas plantações de soja, a natureza
entra em desequilíbrio. A louça se acumula e uma hora a conta chega – menos vida, mais
pragas, pobreza, aquecimento global e seca.
No sul da Bahia, entre as cidades de Ituberá e Piraí do Norte, a conta da Fazenda Fugidos da
Terra Seca andava bem vermelha. E foi para lá que Ernst se mudou em 1984. Comprou 500
hectares de terras improdutivas. “As bananeiras não ficavam de pé. Ficavam deitadas pelo
vento. Vinha a chuva e formava uma grande enxurrada. Depois vinha a seca”, lembra Ernst.
“Diziam que gringo é burro. Que não sabe escolher terra.”
Como mágica
O gringo burro não queria ser mais um a criar o caos. Decidiu se integrar àquele meio, tirar da
natureza sua comida e ganha-pão e ainda assim mantê-la saudável. Se havia entropia, o melhor
era buscar o oposto, a sintropia, a capacidade de reorganização das coisas. Encontrou na
floresta a melhor saída.
Em qualquer área descampada, o mato é o primeiro a aparecer. Essas “ervas daninhas” se
dispersam rapidamente e precisam de poucos nutrientes, então se adaptam melhor à escassez
de recursos. É por isso que o matinho nasce na rachadura da calçada ou domina a paisagem de
Chernobyl. Ele tem um papel fundamental na recuperação do solo, retendo a umidade e
descompactando-o.
Como tem ciclo de vida breve, ainda melhora a fertilidade da terra, por conta da ação dos micro-
organismos que trabalham na decomposição do mato. Mais rico, o solo cria condições para que
plantas cada vez maiores e longevas cresçam. Até que tudo se transforma em uma grande
floresta.
A natureza, porém, não tem pressa. Pode demorar milhares de anos até que ela chegue a seu
clímax – tudo depende da fertilidade do solo e de pássaros e outros animais que espalhem
sementes por lá.
Ernst copiou a natureza e deu a ela a rapidez que a agricultura pede. Criou um sistema de
plantio complexo, com plantas selecionadas para cumprir um papel em cada etapa desse
processo de regeneração natural – com estratos cada vez maiores. Todas as sementes são

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espalhadas ao mesmo tempo, bem adensadas – e a escolha de cada espécie depende também
da função dela na nossa vida.
Alface, rúcula e milho podem fazer o papel do mato. Um pouco maior, a mandioca, por exemplo,
as sucede. É quase como uma família: o brócolis cria o mamoeiro, que cria a trema (uma árvore
nativa), que cria o ingá, que cria o abacateiro, que cria a castanheira. Até que o mamoeiro
cresce, o brócolis desaparece daquele espaço e o estrato da floresta sobe um degrau. Aí a
floresta evolui até chegar aos ipês e cedros – que podem ser cortados e vendidos como toras de
madeira.
Quanto mais complexo o sistema (com maior interação entre várias espécies, inclusive o
homem), mais completa a floresta, maiores as chances de que se torne saudável. “Tenho que
ser uma presença benéfica naquele meio. E não pensar apenas no que eu posso tirar disso. O
resultado é a abundância”, afirma Ernst. Nesse compasso sincronizado, até formigas, tão
combatidas na agricultura convencional, entram na dança.
O papel delas é fazer a poda natural e depositar ainda mais matéria orgânica no solo, fabricando
um adubo verde. E tudo bem se a cotia aparecer para comer castanhas e o tucano devorar o
açaí: em algum momento, eles vão devolver as sementes para o chão e espalhar mudas em um
lugar novo.
Ao homem cabe a tarefa de aprimorar ainda mais a poda – até cortar galhos grandes ou
derrubar árvores inteiras, sem peso nenhum na consciência ou no equilíbrio do ecossistema. É
que perder uns galhos faz um bem danado às plantas. Os microrrizas, uma simbiose entre
fungos e raízes, fazem a festa: começam a produzir ainda mais ácido giberélico, um hormônio
vegetal, que estimula seu crescimento e o de suas vizinhas, já que as raízes se embaralham sob
a terra.
Além disso, a poda permite a entrada de luz, que aumenta em até 70% a taxa de fotossíntese.
Com mais fotossíntese, maior a captação de gás carbônico, responsável pelo efeito estufa, da
atmosfera. Aí quando aquele galho vai para o chão, o carbono fica preso no solo e é liberado aos
poucos durante a decomposição – num tempo bem mais lento do que aconteceria em um solo
sem tanta matéria orgânica.
E como na floresta uma árvore que cai abre espaço para o reinício do ciclo, a retirada de uma
espécie mais velha permite que aquele brócolis que cedeu espaço para o mamão possa voltar a
brilhar por lá.
Esse trabalho coletivo acelera o processo de produção (desde o primeiro ciclo, seja em uma
área de 100 metros quadrados ou de 100 hectares, pelo menos um pé de alface você vai ter),
mas, ao invés de sugar nutrientes, ele enriquece o solo. Com bônus: aumenta a umidade e a
incidência de chuva na região.
E o gringo que não sabia comprar terra viu a Mata Atlântica dominar seus 500 hectares. É de lá
que manda cacau orgânico de primeira qualidade para a Itália e de onde Ernst obtém uma
enorme variedade de frutas e vegetais que, se não vão para a mesa, viram comida para a fauna
que passou a morar lá. A fazenda ganhou até um novo nome: Olhos d’Água, em homenagem às
14 nascentes que ressurgiram.
O que são agroflorestas, a agricultura que copia a natureza? Superinteressante, 4 ago. 2016. Disponível em: https://
super.abril.com.br/ideias/a-revolucao-da-floresta/. Acesso em 8 dez. 2019.
TEXTO 02

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Estudo de caso: a lagarta Hermicoverpa armigera. Blog Bioterra, s.d. Disponível em: http://bioterra.blogspot.com/2018/04/estudo-de-
caso-lagarta-exotica.html. Acesso em: 9 dez. 2019.

TEXTO 03
2.2.1 Vantagens:
a) consegue-se uma melhor utilização do espaço vertical e simulam-se os modelos ecológicos
naturais em sua forma e estrutura;
b) diminuição na taxa de evaporação do cultivo sombreado;
c) maior biomassa regressa ao sistema (matéria orgânica), e as vezes de melhor qualidade;

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d) remoção dos excessos de umidade no solo, mediante a transpiração produzida pela densa
cobertura
vegetal de sombra;
e) reduzem-se os danos causados por ventos fortes, gotas de chuva e diminuição da erosão;
f) recirculação de nutrientes que não são acessíveis ao cultivo;
g) o adubo é melhor aproveitado ao ser capturado pelas raizes das árvores, quando em níveis
mais pro-
fundos do solo;
h) as árvores leguminosas fixam quantidades importantes de nitrogênio;
i) pode haver efeitos benéficos devidos à simbiose, parasitismos e mutualismos e,
j) melhora-se a estrutura do solo (mais agregados estáveis), evitando a crosta dura.
SÃO PAULO. Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo. Uma breve descrição dos sistemas agroflorestais da
América Latina, out. 1991.

PROPOSTA DE REDAÇÃO
A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo
de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa
sobre o tema: “Agroecologia em debate no Brasil”. Selecione, organize e relacione, de forma
coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

TEMA 07

Desafios para a inclusão de pessoas com autismo


TEXTO 01

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Revista Saúde, dez. 2017. Disponível em: https://saude.abril.com.br/especiais/os-diferentes-olhares-sobre-o-autismo/. Acesso em:


25 ago. 2019.

TEXTO 02
Apesar de o autismo ter um número relativamente grande de incidência, foi apenas em 1993 que
a síndrome foi adicionada à Classificação Internacional de Doenças da Organização Mundial da
Saúde. A demora na inclusão do autismo neste ranking é reflexo do pouco que se sabe sobre a
questão. Ainda nos dias de hoje, o diagnóstico é impreciso, e nem mesmo um exame genético é
capaz de afirmar com precisão a incidência da síndrome. “Existe uma busca, no mundo todo,
para entender quais são as causas genéticas do autismo”, explica a Professora Maria Rita dos
Santos e Passos Bueno, coordenadora do núcleo voltado a autismo do Centro de Pesquisa
sobre o Genoma Humano e Células-Tronco do Instituto de Biociências (IB) da USP. “Hoje a
eficiência do teste ainda é muito baixa”, afirma ela. […]

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Uma vez diagnosticado autista, o paciente e sua família enfrentam mais uma barreira: a busca
pelo tratamento. As dificuldades residem, sobretudo, na falta de profissionais preparados para
lidar com o transtorno, sobretudo na rede pública. Para o dr. Vadasz, o problema começa ainda
na formação médica. “Temos centenas de escolas de Medicina, e todas deveriam colocar na
graduação o ensino de autismo para pediatras”, argumenta ele.
OLIVEIRA, Carolina. Um retrato do autismo no Brasil. São Paulo: Comunidade USP, 2017. Disponível em: http://www.usp.br/
espacoaberto/?materia=um-retrato-do-autismo-no-brasil.Acesso em: 25 ago. 2018.

TEXTO 03
O deputado Fábio Trad (PSD-MS), que pediu o debate, lembra que já existe uma lei (12.764/12)
que garante o atendimento aos autistas, mas reconhece que muitas das garantias não se
concretizaram. “Precisamos efetivá-la, para isso precisamos dar condições jurídicas para isso”,
afirma Trad ressaltando que há muitos projetos de lei sobre o assunto em tramitação na Casa.
“Nós precisamos agora criar uma força-tarefa junto aos líderes para pautarmos esses projetos,
votarmos a sua urgência, o seu mérito”, planeja Trad.
Uma das dificuldades para se estabelecer políticas públicas para os autista, segundo o vereador
Fritz, de Campo Grande (MS), é a falta de dados oficiais. Segundo Fritz, existem apenas
estimativas. Ele defende a existência de um cadastro único para definir qual a quantidade de
pessoas que estão dentro do espectro moderado ou severo, por exemplo.
Um dos projetos (PL 6575/16), já aprovado pela Câmara, prevê justamente a inclusão de dados
sobre o autismo no próximo censo populacional.
No início do mês, a Câmara também aprovou outros dois projetos que beneficiam as pessoas
com autismo. Um deles (PL 1354/19) determina prioridade na tramitação de processos judiciais e
administrativos que envolvam quem tem transtorno do espectro autista. O outro (PL 1712/19)
modifica pontos da lei que instituiu a política nacional de proteção aos direitos dos autistas e
encarrega a União de coordenar essa política.
Debatedores apontam dificuldades para tratamento do autismo. Disponível em: https://www2.camara.leg.br/camaranoticias/
noticias/DIREITOS-HUMANOS/574880-DEBATEDORES-APONTAM-DIFICULDADES-PARA-TRATAMENTO-DO-AUTISMO.html.
Acesso em: 25 ago. 2019.

PROPOSTA DE REDAÇÃO
A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo
de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa
sobre o tema: “Desafios para a inclusão de pessoas com autismo no Brasil”. Selecione,
organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto
de vista

TEMA 08

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A invisibilidade social das pessoas em situação de rua


TEXTO 01
Quem vive em calçadas ou sob viadutos atualmente é quase tão invisível para o poder público
quanto para quem passa apressado pelas ruas. A maioria dos municípios brasileiros, 77,3% do
total, não tem pesquisas específicas, e também não existe um levantamento nacional recente
sobre essas pessoas.
A falta desses dados interfere diretamente na elaboração de políticas sociais mais eficientes
para essa população, como observa estudo feito pelo pesquisador Marco Antonio Carvalho
Natalino, especialista em políticas públicas e gestão governamental do Ipea (Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada).
Não se sabe quantas pessoas em situação de rua existem no Brasil. Por que isso é um problema? Nexo Jornal. 26 dez. 2016.
Disponível em: https://www.nexojornal.com.br. Acesso em: 8 dez. 2019.

TEXTO 02
Ao longo de todo o ano passado, assistentes sociais municipais abordaram cerca de 105,3 mil
pessoas nas calçadas da cidade, de acordo com a base de dados disponibilizada no site da
prefeitura. Esse número é 66% maior do que a quantidade de pessoas abordadas na mesma
situação em 2016, quando foram contabilizados 63,2 mil indivíduos, e 88% acima da de 2015. 
Em dois anos, SP vê salto de 66% de pessoas abordadas vivendo nas ruas. Folha de S. Paulo, 22 jun. 2019. Disponível em: https://
www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2019/06/em-dois-anos-sp-ve-salto-de-66-de-pessoas-abordadas-nas-ruas.shtml. Acesso em 8 dez.
2019.

TEXTO 03
Os “moradores de rua” são um grupo heterogêneo, isto é, pessoas que vêm de diferentes
vivências e que estão nessa situação pelas mais variadas razões. Há fatores, porém, que os
unem: a falta de uma moradia fixa, de um lugar para dormir temporária ou permanentemente e
vínculos familiares que foram interrompidos ou fragilizados. […]
Uma Pesquisa Nacional sobre a População em situação de Rua foi realizada pelo Ministério do
Desenvolvimento Social entre os anos de 2007 e 2008 com o objetivo de quantificar e qualificar
todos esses fatores. Quanto aos motivos que levam as pessoas a morar nas ruas, os maiores
são: alcoolismo e/ou uso de drogas (35,5%), perda de emprego (29,8%) e conflitos familiares
(29,1%). Das pessoas entrevistadas, 71,3% citaram ao menos um dos três motivos e muitas
vezes os relatos citam motivos que se correlacionam dentro da perda de emprego, uso de
drogas e conflitos familiares.
Apesar de não ser muito comum, existem pessoas que escolhem por viver nas ruas, também de
acordo com a pesquisa. Embora os principais motivos sejam, por vezes, violências e abusos
domésticos ou desentendimentos dentro da família, afirma-se que existe um grau de escolha
própria para ir para a rua”. A explicação obtida na pesquisa é de que “essa escolha está
relacionada a uma noção (ainda que vaga) de liberdade proporcionada pela rua, e acaba sendo
um fator fundamental para explicar não apenas a saída de casa, mas também as razões da
permanência na rua”. […]
O primeiro ponto a ser ressaltado: a imensa maioria de quem vive nas ruas são homens. Do total
dessa população, 82% é masculina. De toda a população masculina, a maioria é jovem: 15,3%

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são homens na faixa etária dos 18 aos 25 anos. A faixa da idade com o maior número de
homens em situação de rua é a dos 26 aos 35 anos, com 27,1%.
Já a população feminina representa os outros 18% do total de pessoas que vivem em situação
de rua. A maioria das mulheres também é jovem e está nas ruas com idade menor do que a dos
homens: 21,17% delas têm entre 18 e 25 anos e 31,06% têm entre 26 e 35 anos.
Cor da pele: Quanto à cor de pele de todas as pessoas que vivem nas ruas, 39,1% se
autodeclararam pardos na pesquisa; 29,5% se declararam brancos e 27,9% se declararam
pretos. No censo do IBGE – que junta negros e pardos –, contabiliza a população brasileira em
53% de negros e 46% de brancos. Levando em conta a população em situação de rua, se
formos usar o mesmo método, a representação negra é de 67% – bem mais alta que a sua
representação na população brasileira. […]
Ao contrário do que se pode acreditar no senso comum, a maioria dos moradores de rua são
trabalhadores. Grande parte deles, 70,9%, exerce uma atividade com remuneração e 58,6%
afirma ter alguma profissão, mesmo que fazendo parte da chamada “economia informal”, na qual
não há um trabalho fixo, contratação oficial e carteira assinada. As atividades mais praticadas
por eles são as de: catador de materiais recicláveis (27,5%), “flanelinha” (14,1%), trabalhos na
construção civil, “pedreiro” (6,3%), entre outras.
Pessoas em situação de rua: a complexidade da vida nas ruas. Site Politize, 21 set. 2017. Disponível em: . Acesso em: 9 dez. 2019.

TEXTO 04
Além da pobreza extrema, morador de rua vive com a constante ameaça de doenças,
principalmente a tuberculose e as DSTs.
Um tapete velho sob a sombra de uma castanhola, no bairro dos Bancários, em João Pessoa,
faz as vezes de cama para José (nome fictício). No muro do quarto improvisado, onde ele
guarda os poucos pertences, um rabisco faz referência à passagem bíblica que conta a história
de Lázaro, que morreu de lepra e foi ressuscitado por Cristo. Assim como o personagem bíblico
descansava em ‘sono profundo’, como narra a história cristã, José dormia em meio ao barulho
do trânsito. A pele queimada pelo sol e com algumas manchas sinaliza a realidade de quem não
tem um teto e vive constantemente com a vida em risco, sujeito a atos de violência ou a
problemas de saúde.
A vulnerabilidade da saúde é uma constante no dia a dia dos moradores de rua. Tuberculose,
Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs) e escabiose (eczemas na pele) são as principais
enfermidades que acometem essa parcela da população na capital, segundo informações das
equipes do programa ‘Consultório na Rua’. Somente em 2015, a equipe multiprofissional fez 713
atendimentos, realizados principalmente no Centro e na orla, áreas que mais concentram os
usuários.
“A gente sabe que a população de rua é mais susceptível a adoecer, seja pelas condições de
autocuidado, privações do sono e exposição a sol e chuva. Além disso, muitos são andarilhos e
não têm os cuidados necessários com a pele e os pés”, explicou a coordenadora do Consultório
na Rua, Luana Alves.
Essa falta de cuidados relatada pela integrante do programa municipal é visível no rosto e no
corpo de Hildo, que há quatro anos deixou a cidade de Guarabira, no Agreste, para morar na
capital. O biotipo franzino é resultado da alimentação incerta, o olhar distante e  palavras
desencontradas revelam indícios de algum distúrbio psíquico.

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Distúrbios afetam moradores de rua


“Trabalhei como ajudante, na construção. Depois que o trabalho acabou eu fiquei por aqui”,
contou Hildo, morador de rua, revelando que antes de vir para João Pessoa trabalhava como
feirante em Guarabira. Os indícios de problemas psicológicos que já se percebem no semblante
de Hildo são uma das consequências das condições de viver nas ruas.  A coordenadora do
Consultório na Rua, Luana Alves, explica que quem já sofre de problemas psicológicos e vai
morar na rua pode ter as condições de saúde agravada, como também as pessoas que moram
na rua podem adquirir os distúrbios.
“É muito frequente doenças infectocontagiosas, DSTs, doenças de pele. No caso dos problemas
psicológicos, eles podem surgir pelas próprias condições de vida dessas pessoas. Os principais
problemas que a gente encontra são pessoas com depressão, esquizofrenia e ansiedade. O pior
disso tudo é que esses distúrbios podem ser agravados pelo consumo de drogas e álcool”,
detalhou Luana Alves.
Além da pobreza, moradores de rua vivem com constante ameaça de doenças. Jornal da Paraíba, 18 abr. 2016. Disponível em:
http://www.jornaldaparaiba.com.br. Acesso em: 9 dez. 2019.

PROPOSTA DE REDAÇÃO
A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo
de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa
sobre o tema: “A invisibilidade social das pessoas em situação de rua”. Selecione, organize
e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

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TEMA 09

Como combater o vandalismo e a depredação do espaço


público brasileiro
TEXTO 01
Vandalismo é um conceito que se pode utilizar para fazer referência à destruição própria dos
antigos vândalos. É uma conduta destrutiva que não respeita as coisas dos outros e que se
costuma expressar por meio da violência.
O vandalismo é a hostilidade para com as propriedades alheias. Tende a manifestar-se
publicamente com ataques a monumentos, bancos, paredes, muros, etc., seja com a intenção de
transmitir uma mensagem, seja pelo simples fato de destruir os outros.
Uma das formas mais frequentes de vandalismo são os graffiti quando são feitos sem
autorização. Essas pinturas nos muros de uma casa ou numa estátua têm vítimas (o dono da
residência, o Estado) que sofrem danos patrimoniais. Contudo, aqueles que se exprimem por
meio dos grafitis defendem que a liberdade de expressão transcende a propriedade privada ou
os objectos materiais.
Vandalismo. Conceito de. Disponível em: https://conceito.de/vandalismo. Acesso em: 9 dez. 2019.

TEXTO 02
Lei 9.605 Artigo 65
Pichar ou por outro meio conspurcar edificação ou monumento urbano.
Pena
detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.
Pichar é legal? Site DireitoNet. Disponível em: https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/6475/Pichar-e-legal. Acesso em: 8 dez.
2019.

TEXTO 03
Lunetas arrancadas, equipamentos de ginástica quebrados, bebedouros inutilizáveis, placas de
trânsito arrebentadas, monumentos pichados, cabos roubados... O vandalismo que espalha suas
marcas por todas as regiões de Belo Horizonte ficou ainda mais evidente nesta semana, graças
a duas operações da Polícia Civil – uma para combate à receptação de fios de cobre roubados,
outra de combate à pichação. Mas esses são apenas dois, de uma extensa lista de tipos de
depredação em espaços públicos de toda a cidade, cuja reparação acaba pesando no bolso de
todos os cidadãos. Nos primeiros sete meses deste ano, apenas em situações que geraram
intervenção da Guarda Municipal, foram 262 ocorrências, média mensal de 37, ou mais de uma

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a cada dia em BH. Número que não considera a imensa gama de danos menores ou que
simplesmente não chegam ao conhecimento do poder público.
A Prefeitura de BH não tem uma contabilidade geral dos gastos para reparar todos os danos,
mas as despesas da BHTrans dão uma boa ideia do tamanho do prejuízo. No ano passado, a
empresa municipal  gastou cerca de R$ 1 milhão  apenas com consertos, assistência técnica,
compra e reposição de peças em estações de integração e de transferência do Move, assim
como em escadas rolantes e elevadores nas mesmas estruturas, além de semáforos. Apenas
nos primeiros três meses deste ano já foram consumidos por vândalos mais R$ 142,3 mil que
poderiam ter sido investidos em outros setores.
Luneta arrancada, fios roubados, pichação: veja como o vandalismo pesa no seu bolso. Estado de Minas, 28 set. 2019. Disponível
em: https://www.em.com.br. Acesso em: 8 dez. 2019.

PROPOSTA DE REDAÇÃO
A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo
de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa
sobre o tema: “Como combater o vandalismo e a depredação do espaço público
brasileiro”. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos
para defesa de seu ponto de vista.

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TEMA 10

Mobilidade humana e compartilhamento de veículos


TEXTO 01
Os interessados em alugar um carro podem encontrar nos apps Localiza, Movida e Hertz Rent-
a-Car, por exemplo, serviços úteis para a tarefa. Disponíveis em celulares Android ou iPhone
(iOs), as plataformas grátis prometem otimizar o tempo dos clientes ao permitir que todo o
procedimento seja virtual. Os softwares são úteis para quem prefere esse tipo de meio de
transporte, que pode ser reservado por meio de locadoras especializadas ou diretamente com
proprietários de automóveis.
Aplicativo de aluguel de carros: veja seis opções para baixar. Tech tudo. Disponível em: https://www.techtudo.com.br/listas/2019/03/
aplicativo-de-aluguel-de-carros-veja-seis-melhores-opcoes-para-baixar.ghtml. Acesso em: 5 mai. 2019.

TEXTO 02
Belo Horizonte passa longe de ser uma cidade amigável para o ciclista, mas a verdade é que
algumas ciclovias começaram a surgir nos últimos anos. Elas se concentram em duas regiões: a
área central da cidade e a Orla da Lagoa da Pampulha. Se no centro as ciclovias podem ter
grande utilidade no dia a dia, na orla a atividade é mais recreativa – a região lota de ciclistas aos
fins de semana e feriados.
Como alugar bicicletas em Belo Horizonte. 360 meridianos. Disponível em: https://www.360meridianos.com/dica/como-alugar-
bicicletas-em-belo-horizonte. Acesso em: 5 mai. 2019.

TEXTO 03
A Uber deu entrada na noite desta quinta-feira em seu aguardado IPO e, com isso, a empresa de
transporte por aplicativo divulgou números até então inéditos sobre sua operação, incluindo mais
detalhes sobre o Brasil. […] O número de usuários no mundo fechou 2018 em 91 milhões e cresceu
35% em relação a 2017. A Uber tem mais de 22 milhões de usuários no Brasil e mais de 600 mil
motoristas parceiros, estando presente em mais de 100 cidades.
Os números secretos da Uber: US$1 bi no Brasil, US$ 11 bi no mundo. Exame. Disponível em: https://exame.abril.com.br/negocios/
os-numeros-secretos-da-uber-us-1-bi-no-brasil-us-11-bi-no-mundo/. Acesso em: 5 mai. 2019.

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TEXTO 04
Quem viajou há pouco por países da Europa viu como patinetes elétricas se tornaram febre e
parecem até ter tomado lugar das bicicletas compartilhadas. No mesmo sistema de empréstimo,
ganharam preferência e invadiram passeios de muitas cidades. Esse modelo de transporte está
agora prestes a quebrar a rotina da capital mineira. E está previsto para começar a ser visto por
ruas e avenidas a partir de hoje, depois de as bikes conquistarem os belo-horizontinos e
provarem que numa cidade montanhosa os trajetos também podem ser percorridos sobre duas
rodas.
Serviço de aluguel de patinetes elétricas estreia em Belo Horizonte. Estado de Minas. Acesso em: 5 mai. 2019.

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de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa
sobre o tema: “Mobilidade humana e compartilhamento de veículos”. Selecione, organize e
relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

TEMA 11

Isonomia na aposentadoria dos brasileiros


TEXTO 01
Artigo 5: Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, 1988. Disponível em: https://www.senado.leg.br/atividade/const/
con1988/con1988_15.12.2016/art_5_.asp. Acesso em: 8 dez. 2019.

TEXTO 02

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Entenda o que muda na reforma da


previdência. Poder 360, 11 jul. 2019.
Disponível em: https://
www.poder360.com.br/ congresso/
entenda-o-que-muda- na-reforma-da-
previdencia-aprovada- em-1o-turno/.
Acesso em: 8 dez. 2019.

TEXTO 03

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Entenda o que muda na reforma da previdência.


Poder 360, 11 jul. 2019. Disponível em: https://
www.poder360.com.br/ congresso/entenda-o-
que-muda-na-reforma-da- previdencia-aprovada-
em-1o-turno/. Acesso em: 8 dez. 2019.

TEXTO 04
A economia líquida esperada
com as mudanças em 10 anos é de
R$ 10,45 bilhões. Enquanto as
novas regras para o sistema de
inativos e pensionistas
evitarão gastos de R$ 97,3 bilhões,
as mudanças na carreira dos
militares trarão aumento de
custo de R$ 86,85 bilhões para o
Te s o u r o no mesmo período.
Senado aprova aposentadoria militar
com salário integral e sem idade mínima.
Folha de S. Paulo, 4 dez. 2019.
Disponível em: https://
economia.uol.com.br/ noticias/redacao/
2019/12/04/militares- aposentadoria-
senado-reforma-da- previdencia-salario-
integral.htm. Acesso em: 9 dez. 2019.

TEXTO 05
O Senado aprovou em votação simbólica, nesta quarta-feira (4), a reforma da previdência dos
integrantes das Forças Armadas, com a presença no plenário dos ministro da Defesa, general
Fernando Azevedo e Silva, e da Secretaria de Governo, general Luiz Eduardo Ramos. Sem
oposição e com acordo entre líderes, a votação foi rápida —em cerca de 24 minutos. O texto
segue agora sanção presidencial.
A proposta tem vantagens em relação à dos trabalhadores da iniciativa privada e servidores
públicos. Os militares receberão salário integral ao se aposentar, não terão idade mínima
obrigatória e vão pagar contribuição de 10,5% (iniciativa privada paga de 7,5% a 11,68% ao
INSS).

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50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA

Os militares continuam ganhando o mesmo que seu último salário (integralidade) e com
reajustes iguais aos dos ativos (paridade) quando forem para a reserva.
No caso dos servidores públicos civis federais, apenas aqueles que entraram no serviço até
2003 e cumprirem uma das regras de transição poderão se aposentar com integralidade e
paridade. Os demais, assim como trabalhadores da iniciativa privada, terão sua aposentadoria
seguindo um cálculo que leva em conta o tempo de trabalho e que é limitada pelo teto do INSS
(R$ 5.839,45, em 2019).
Senado aprova aposentadoria militar com salário integral e sem idade mínima. Folha de S. Paulo, 4 dez. 2019.
Disponível em: https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2019/12/04/militares-aposentadoria-senado-reforma-da-
previdencia-salario-integral.htm. Acesso em: 9 dez. 2019.

PROPOSTA DE REDAÇÃO
A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo
de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa
sobre o tema: “Isonomia na aposentadoria dos brasileiros”. Selecione, organize e relacione,
de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

TEMA 12

Desafios do empreendedorismo no Brasil


TEXTO 01

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Além das dificuldades de conseguirem investimentos mais expressivos, as mulheres também


encontram outros obstáculos pelo caminho da ascensão dentro do mundo empresarial. Por mais
que 70% dos líderes de negócios concordem que a diversidade de gênero melhora a
performance da organização, o número de mulheres em cargos altos dentro de empresas
cresceu apenas 5% nos últimos quatro anos.
Mesmo com 80% dos empreendedores reconhecendo que muito ainda deve ser feito para que
as mulheres sintam-se atraídas por cargos de liderança, apenas 13% acreditam que essas
mudanças vão realmente sair do papel. Esse desencorajamento no ambiente de trabalho é
refletido em dados: 43% das mulheres veem o medo do fracasso como o principal empecilho
para não abrir a própria empresa. Com os homens, a mesma taxa cai para 34%.
Esse cenário também é responsável pela queda na porcentagem de mulheres que desejam
crescer dentro dos empreendimentos. Estudos revelam que, nos primeiros anos depois de
entrarem em uma empresa, cerca de 60% das mulheres apresenta uma vontade de subir de
cargo, mas esse número cai pela metade à medida que os anos vão se passando e elas não têm
suas habilidades reconhecidas.
Depois de aproximadamente cinco anos, as mesmas mulheres que desejavam ascender de
cargo já se conformaram com a atual posição por acreditarem que não são capazes ou não têm
as habilidades necessárias para conquistar promoções.
Os desafios da mulher empreendedora. Sebrae, 5 mar. 2018. Disponível em: https://www.sebrae.com.br. Acesso em: 8 dez. 2019.

TEXTO 02
A população negra é o grupo que mais abre novos negócios no Brasil, mas é aquele que menos
fatura. De acordo com o Global Entrepreneurship Monitor de 2017, pesquisa realizada em
parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), negros
correspondem a 51% dos empresários do país, porém formam apenas 1% daqueles que
ganham de R$ 60 mil a R$ 360 mil e totalizam 60% dos empreendedores que não lucram nada.
Apesar de maioria dos empreendedores no pais, negros faturam menos no comércio. Época, 30 abr. 2019. Disponível em: https://
epoca.globo.com. Acesso em: 8 dez. 2019.

TEXTO 03
Os microempreendedores individuais (MEIs) do estado de São Paulo que estão em busca de
crédito para investir na melhoria ou na ampliação dos seus negócios têm a oportunidade de
obter empréstimo sem juros por meio do programa Juro Zero Empreendedor, uma parceria entre
o Sebrae/SP e a DesenvolveSP, agência de fomento do Estado de São Paulo.
Com esse programa, que prevê empréstimos de R$ 1 mil a R$ 20 mil, o MEI não precisa de
avalista, tem seis meses de carência e até 36 meses para pagar. Os recursos podem ser
utilizados para compra de máquinas, equipamentos, mercadorias e capital de giro produtivo.
O acesso ao crédito é exclusivo para aqueles MEIs que concluírem um curso dentro do
programa Super MEI, que oferece 50 mil vagas gratuitas em diversas opções de capacitação
técnica no Estado de São Paulo. São opções que abrangem formação inicial dentro de áreas
como construção civil, alimentos e bebidas, beleza e setor automotivo, entre outras.
Até o momento, cerca de 270 MEIs de todo o Estado já foram beneficiados com o programa Juro
Zero Empreendedor. Uma das contempladas foi a empresária Beatriz Romagnoli, que, após um
longo período trabalhando como designer gráfica em grandes empresas, criou a Canecas Mania
e Muito Mais, que faz brindes e souvenirs.

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Governo dará empréstimo de até 20 mil (e sem juros) para meis. Exame, 17 jul. 2018. Disponível em: https://exame.abril.com.br/pme/
governo-dara-emprestimos-de-ate-r-20-mil-e-sem-juros-para-meis/. Acesso em: 8 dez. 2019.

PROPOSTA DE REDAÇÃO
A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo
de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa
sobre o tema: “Desafios do empreendedorismo no Brasil”. Selecione, organize e relacione,
de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

TEMA 13

Impactos do tráfico de drogas na sociedade brasileira

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50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA

TEXTO 01
O Primeiro Comando da Capital detonou há meses as regras do tráfico de drogas no Brasil. E o
fez em grande estilo, matando com armamento antiaéreo, o ‘Rei da Fronteira’, nos limites com o
Paraguai – uma emboscada espetacular que deu à quadrilha as chaves do sul do país.
Agora, o grupo tenta se impor no norte, mas não há lugar para todos os que querem controlar o
negócio da droga no segundo país que mais consome cocaína no mundo.
A ruptura entre o poderoso PCC, de São Paulo, e o Comando Vermelho (CV), do Rio de Janeiro,
as duas maiores facções do crime organizado no Brasil, ficou clara na semana passada com os
corpos decapitados e esquartejados da centena de presos mortos nos estados do Amazonas e
de Roraima.
Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, as outras 25 facções que atuam no Brasil tomaram
partido por um grupo ou por outro, enquanto os grandes chefões nacionais reformulam o
tabuleiro de uma guerra sangrenta.
“O PCC conseguiu ser o primeiro cartel brasileiro de tráfico internacional, o ‘Narcosul’, como o
chamamos, que envolve Bolívia, Paraguai e Brasil”, explicou o promotor Christino.
Dos grandes centros produtores de cocaína – Colômbia, Bolívia e Peru, todos fronteiriços com o
Brasil -, o território brasileiro é um enorme corredor terrestre para o envio de drogas para a
Europa, com escala na África.
Alguns pesquisadores apontam que grupos brasileiros já tentam se aproximar dos chefões das
drogas na Colômbia com a vantagem de oferecer uma das rotas mais importantes do
narcotráfico internacional.
Mas antes, precisam vencer a guerra em casa.
A guerra sangrenta pelo controle do tráfico de drogas no Brasil. Istoé, 10 jan. 2017. Disponível em: https://istoe.com.br/a-guerra-
sangrenta-pelo-controle-do-trafico-de-drogas-no-brasil/. Acesso em: 8 dez. 2019.

TEXTO 02
Nos últimos quatro anos foram "batizados" (admitidos no grupo) 60% dos atuais 30 mil membros.
Boa parte deles foi filiada dentro de um presídio. O sistema penitenciário tornou-se não apenas o
"home office  das organizações criminosas", como já disse  o ministro da Segurança Pública,
Raul Jungmann, como é também a principal fonte de recrutamentos de bandidos.
25 anos de PCC: nascida nas cadeias de SP, maior facção criminosa do país enfrenta hoje disputa interna e grupos rivais. UOL
Notícias, 31 ago. 2018. Disponível em: https://www.uol/noticias/especiais/25-anos-de-pcc.htm. Acesso em: 8 dez. 2019.

TEXTO 03
Surgido em São Paulo, em 1993, o PCC controla hoje 90% dos presídios do estado, onde tem
cerca de 11 mil associados e tenta se impor nacionalmente. Sua prioridade atual parece ser a
consolidação de posições nas regiões Norte e Nordeste. O lugar mais disputado, neste
momento, é o estado do Ceará, onde, na semana passada, a guerra do tráfico provocou mais de
30 ataques contra ônibus, prédios públicos e bancos. A facção dominante no estado é o
Comando Vermelho, mas é lá que o PCC mais cresce e conta com três mil associados. O Ceará
interessa por causa de sua posição logística privilegiada, que inclui os portos de Pecém e
Fortaleza, canais para o tráfico internacional. A sensação diante da Operação Echelon é que
muito se sabe sobre o PCC. Mas nada se faz para contê-lo. Embora nunca tenha sido tão
exposta, a organização criminosa nunca esteve tão forte.

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A facção que mais cresce no mundo. Istoé, 3 ago. 2018. Disponível em: https://istoe.com.br/a-faccao-que-mais-cresce-no-mundo/. Acesso
em: 8 ago. 2019.

TEXTO 04

A influência do PCC em cada estado brasileiro. 25 anos de PCC: nascida nas cadeias de SP, maior facção criminosa do país enfrenta
hoje disputa interna e grupos rivais. UOL Notícias, 31 ago. 2018. Disponível em: https://www.uol/noticias/especiais/25-anos-de-
pcc.htm. Acesso em: 8 dez. 2019.

TEXTO 05
O Brasil ocupa o terceiro lugar no mundo em número de pessoas encarceradas, depois de
“subir” uma posição no ranking do punitivismo, ultrapassando a Rússia em 2016 e ficando atrás
somente da China e dos Estados Unidos, no topo da lista. “Mais de 90% destas pessoas são
homens. Ao menos 64% da população prisional é negra, 55% é jovem, por exemplo. Mas o mais
preocupante é que, enquanto países como Estados Unidos, país com maior número de pessoas
encarceradas, estão mantendo uma linha estável e a China está em curva decrescente de taxas
de encarceramento, o Brasil está em curva ascendente”, analisa Juliana Borges, pesquisadora e
autora do livro O que é encarceramento em massa? (São Paulo: Editora Letramento, 2018), em
entrevista por e-mail à IHU On-Line.
Paradigma do punitivismo coloca o Brasil em terceiro lugar no ranking mundial do encarceramento. Revista Ihu on-line, 6 fev. 2018.
Disponível em: http://www.ihu.unisinos.br. Acesso em 09 dez. 2019.

PROPOSTA DE REDAÇÃO

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A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo
de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa
sobre o tema: “Impactos do tráfico de drogas na sociedade brasileira”. Selecione, organize e
relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

TEMA 14

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Legalização dos jogos de azar em debate


TEXTO 01
A empolgação em torno dos valores financeiros esconde os riscos enormes dessa aposta – que
podem provocar danos irreparáveis para a sociedade, como a proliferação das máfias
internacionais do crime. Indo direto à questão da arrecadação, o argumento mais atraente em
tempos de deficit fiscal, a experiência que o país já teve com jogos legalizados e a que tem hoje
com redes que beiram a clandestinidade, como o caça-níqueis e o jogo do bicho, mostram que a
fiscalização desse tipo de negócio é uma ciência fora de nossos domínios.
O problema é mais cultural que de falta de tecnologia de fiscalização. O mundo dos jogos é,
tradicionalmente, o mundo das máfias internacionais que atuam com sofisticados mecanismos
para escoar o dinheiro movimentado nesses locais por canais paralelos à via legal – terreno fértil
para a corrupção. […]
O risco social da legalização dos jogos de azar é imenso. O noticiário policial exibe
cotidianamente a forma de domínio das máfias dos jogos: execuções, sequestros e outros
crimes violentos. Como assegurar que a legalização não dê proteção federal a empresas que,
fora a fachada, são controladas por criminosos?
A liberação das apostas também representa um risco para a saúde. Em 1992, a Organização
Mundial da Saúde (OMS) colocou o jogo compulsivo no Código Internacional de Doenças, ao
lado da dependência do álcool, da cocaína e de outras drogas. A entidade estima que, entre
aqueles que apostam, 3% enfrentam problemas por causa de jogo, como dívidas ou
desentendimentos familiares, e 2% seriam efetivamente doentes.
Os riscos sociais em torno da legalização dos jogos de azar não compensam a suposta
vantagem como fonte de arrecadação. Com ou sem crise, as discussões em torno das
alternativas fiscais não devem obscurecer o que deve estar sempre entre as prioridades
nacionais de qualquer país: a integridade de seus cidadãos.
O jogo deve ser liberado no Brasil? Época, 20 jun. 2016. Disponível em: https://epoca.globo.com/ideias/noticia/2016/05/o-jogo-deve-
ser-liberado-no-brasil.html. Acesso em: 8 dez. 2019.

TEXTO 02
Enquanto em países da Europa e nos Estados Unidos os jogos de azar são vistos como uma
atividade econômica e de entretenimento, com opções que vão de grandes resorts a cassinos,
desde 1946, a prática desse tipo de aposta foi proibida no Brasil (em 2001 bingos foram
autorizados a funcionar, o que durou até 2004).
Mas frente à crise dos últimos três anos, regularizar os jogos e a construção de cassinos pode
ser uma alternativa para arrecadar impostos e retomar a economia do país. O primeiro passo já
foi dado, com a aprovação da lei 13.756/18, pelo ex-presidente Michel Temer, referente à
regularização das apostas esportivas, no final de 2018.
Segundo dados do Instituto Jogo Legal (IJL), o Brasil deixa de arrecadar, por ano, cerca de R$
15,6 bilhões ao não legalizar apostas e jogo do bicho (valor gerado na ilegalidade). Mas, desde
2015, a Câmara dos Deputados vem tentando reverter esta medida, com a instalação de uma
comissão especial voltada ao marco regulatório dos jogos (PL 442/91, na Câmara, e o PLS
186/2014, no Senado). De lá pra cá, propostas para a  legalização de cassinos, jogo do bicho,
bingos, entre outras modalidades, estão sendo analisadas.

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50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA

Possível liberação de jogos de azar é esperança para aliviar a crise. Gamebrás. Disponível: Disponível em: https://
www.gamesbras.com/apostas-online/2019/4/18/possivel-liberao-do-jogos-de-azar-no-brasil-esperana-para-aliviar-crise-12403.html.
Acesso em: 8 dez. 2019.

TEXTO 03
Os pontos positivos da aprovação da legalização dos jogos de azar
Os pontos positivos seriam a arrecadação de impostos e de tributos, a criação de uma rede de
empregos tanto diretos como indiretos, e colocar o Brasil no mesmo nível de outras economias
que já aprovam essa prática. Mas para que tudo isso aconteça é preciso que o governo tome as
medidas necessárias de forma a ter todas essas ações positivas, já que é preciso um
gerenciamento complexo para garantir tanto uma alta arrecadação de impostos e como também
empregabilidade.
Os pontos negativos da aprovação dos jogos de azar
Os pontos negativos poderiam ser a criação de um lobby dentro dessa indústria, no qual apenas
um grupo seria beneficiado, a possibilidade de corrupção associada, caso a organização do
sistema o permitisse, e até mesmo o vício no jogo do qual algumas pessoas poderiam ser
vítimas. Ao mesmo tempo que esses pontos negativos poderiam acontecer, o governo poderia
realizar programas contra eles de maneira a evitar o lobby, dando oportunidade para todos os
empresários de forma igualitária e também criando políticas de uso consciente dos jogos de
apostas.
Será que os jogos de azar vão ser legalizados no Brasil? Site BNL Data. Disponível em: http://www.bnldata.com.br/sera-que-os-
jogos-de-azar-vao-ser-legalizados-no-brasil/. Acesso em: 8 dez. 2019.

PROPOSTA DE REDAÇÃO
A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo
de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa
sobre o tema: “Legalização dos jogos de azar em debate”. Selecione, organize e relacione,
de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

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TEMA 15

Impactos da poluição do ar em debate no Brasil


TEXTO 01
Um estudo do Ministério da Saúde aponta que o número de mortes classificadas como
decorrentes da poluição do ar aumentaram 14% em dez anos. Foram 38.782 em 2006 para
44.228 mortes em 2016, de acordo com o estudo "Saúde Brasil 2018", divulgado nesta semana
em que é celebrado o Dia Mundial do Meio Ambiente. […]
As doenças isquêmicas do coração ocupam o primeiro lugar na causa de mortes, seguido das
doenças cerebrovasculares e do câncer. Entretanto, houve maior aumento no último grupo.
"Verificou-se, no Brasil, aumento nas mortes por câncer de pulmão, traqueia e brônquios e
doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) atribuídas à poluição em ambos os sexos. No
entanto, os casos em mulheres para câncer de pulmão, traqueia e brônquios (37,6%) e DPOC
(18,9%) foram maiores que nos homens (11,4%)", apontou o ministério da Saúde. […]
A organização também estima que a poluição do ar tenha sido responsável, no ano de 2016, por
cerca de 58% de mortes prematuras por doenças cerebrovasculares (DCV) e doenças isquêmica
do coração (DIC); 18% por doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) e infecção respiratória
aguda baixa; e 6% por câncer de pulmão, traqueia e brônquios.
Mortes causadas pela poluição do ar aumentam 14% em 10 anos, aponta Ministério da Saúde. G1, 7 jun. 2019. Disponível em:
https://g1.globo.com. Acesso em: 8 dez. 2019.

TEXTO 02
No Brasil, apenas 10 unidades federativas monitoram a qualidade do ar, o que contribui para a
falta de ações e políticas públicas para combater a poluição. São eles:  Bahia, Ceará, Espírito
Santo, Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Paraná, Goiás e o Distrito
Federal. […]
"A rede existente é insuficiente no Brasil, que infelizmente não tem a qualidade do ar como uma
prioridade", afirma à GALILEU André Ferreira, diretor-presidente do Instituto de Energia e Meio
Ambiente (IEMA). "A pressão por melhorias não é grande e a demanda para solucionar o
problema é baixa."  
O IEMA é responsável pela Plataforma de Qualidade do Ar, que coleta dados sobre a poluição
do ar nos 10 estados de 2002 até 2017. Os poluentes mais preocupantes, reconhecidos pelos
danos à saúde, são as partículas totais em suspensão (PTS), partículas inaláveis (MP10),
fumaça, dióxido de enxofre (SO2), dióxido de nitrogênio (NO2), monóxido de carbono (CO) e
ozônio (O3) – estes dois últimos são os mais difícieis de combater e, de acordo com o IEMA, não
deve apresentar queda no país pelos próximos anos. 
Mudança climática: do aquecimento da Terra ao colapso ecológico. Nexo Jornal, 16 jun. 2019. Disponível em: https://
www.nexojornal.com.br/explicado/2019/06/16/Mudança-climática-do-aquecimento-da-Terra-ao-colapso-ecológico. Acesso em: 8 dez.
2019.

TEXTO 03
O que precisa mudar?

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. para a energia, é preciso descarbonizar ainda mais, investindo em recursos como vento, sol e
água para gerar eletricidade;
. para os transportes, é preciso investir em veículos de massa, como trens e ônibus, e incentivar
veículos movidos a combustíveis menos poluentes, ou veículos movidos a eletricidade;
. para a construção civil, é preciso implantar inovações tecnológicas de redução de emissões de
gases do efeito estufa;
. para o uso da terra, a agricultura e florestas, é preciso reduzir o desmatamento, conservar
florestas existentes, recuperar terras degradadas e manter boas práticas na agricultura;
. para a população, recomenda-se transformar hábitos de consumo, como de energia e
alimentos, investindo em dietas com menos carne e mais gruas e leguminosas, por exemplo.
Mudança climática: do aquecimento da Terra ao colapso ecológico. Nexo Jornal, 16 jun. 2019. Disponível em: https://
www.nexojornal.com.br/explicado/2019/06/16/Mudança-climática-do-aquecimento-da-Terra-ao-colapso-ecológico. Acesso em: 8 dez.
2019.

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sobre o tema: “Impactos da poluição do ar em debate no Brasil”. Selecione, organize e
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TEMA 16

Dificuldades dos jovens para ingressar no mercado de trabalho


TEXTO 01
Dados divulgados, em setembro de 2017, pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea),
mostram que as maiores vítimas da recessão foram os jovens. No segundo trimestre do ano
passado, do total de desempregados com idade entre 18 e 24 anos, apenas 25% conseguiram
uma nova colocação no mercado de trabalho, enquanto 57% estão desempregados há mais de
um ano.
Os números são resultado da análise de microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios Contínua (PNADC), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo
Jacques Meir, diretor do grupo Padrão – que elaborou outro estudo Millennials e a Geração Nem
Nem, em parceria com a consultoria MindMiners – essa é a geração mais preparada, informada
e educada, mas também a que tem mais desempregados. “Uma das razões para isso é a
inadequação entre a formação acadêmica e o que o mercado exige. A outra é a necessidade de
as empresas, para manter a produtividade, optarem pelos mais experientes na hora de escolher
quem fica”, diz Jacques. (…)
Outro problema frequente dessa geração, de acordo com Milie Haji, gerente de projetos da Cia.
de Talentos, consultoria de seleção e desenvolvimento de carreira de São Paulo, é a falta de
competências emocionais. “Muitas vagas deixam de ser preenchidas porque faltam candidatos
que tenham, por exemplo, controle de suas emoções durante a seleção”.
Jovens são os mais afetados pelo desemprego. Exame, 23 fev. 2018. Disponível em: https://exame.abril.com.br/carreira/jovens-sao-
os-mais-afetados-pelo-desemprego/. Acesso em: 8 dez. 2019.

TEXTO 02

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Geração freelancer: como os jovens vão se virar em um mercado cujas mudanças irão muito além das reformas na legislação. UOL
TAB, 3 jun. 2017. Disponível em: https://tab.uol.com.br/freelancer/#tematico-12. Acesso em: 8 dez. 2019.

TEXTO 03
Allison Andrade, de 25 anos, se formou em Publicidade e tem uma pós no exterior. Conta que ao
terminar o curso, “estava trabalhando satisfeito com as ofertas do mercado”, mas depois de se
especializar no exterior com o intuito de conseguir um melhor salário e posição laboral,
encontrou uma barreira. “Há saturação. As empresas não prezam se a pessoa fez uma boa
faculdade nem uma pós, pelo menos nesta área, o que importa é aceitar trabalhar ganhando
pouco, mesmo sem formação adequada”, lamenta. Andrade resolveu mudar de área e optou por
Engenharia Civil, depois de passar dois semestres cursando os cursos de Ciência e Engenharia
da Computação. Para ele, existe uma melhor perspectiva de salário, já que “a demanda de
engenheiros é grande e o mercado necessita profissionais bem qualificados”. […]
Andrade é o retrato de uma das gerações mais bem preparadas que se frustram ao chegar ao
mercado de trabalho, mas seu perfil não é uma realidade apenas no Brasil. A OCDE, em recente
estudo sobre o impacto da educação no nível econômico do jovem, constatou que isso ocorre a
nível mundial. Rodrigo Castañeda Valle, da área de inovação e medição do progresso
educacional e de habilidades da organização, não acredita que tudo se deva a que o jovem não
saiba direito o que quer. Em alguns países, como o Brasil, “a boa remuneração de técnicos ou
pessoas sem formação superior é um dos fatores que desestimula os jovens a continuarem seus
estudos”. Segundo o estudo, 67% dos brasileiros com o segundo grau estão empregados, contra
55%, de média entre os países da OCDE.
Geração Y: superpreparados e frustrados. El país, 4 fev. 2014. Disponível em: https://brasil.elpais.com/brasil/2014/02/04/sociedad/
1391544951_779657.html. Acesso em 8 dez. 2019.

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sobre o tema: “Dificuldades dos jovens para ingressar no Mercado de trabalho”. Selecione,
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de vista.

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TEMA 17

Patriotismo em debate no Brasil contemporâneo


TEXTO 01
Patriotismo é o sentimento de amor à pátria, aos seus símbolos nacionais,(bandeira, hino,
brasão, vultos históricos, riquezas naturais e patrimônio material e imaterial). Por mais que
sempre, em um passado próximo estivesse ligado a idéia de soberania territorial, hoje em dia é
redefinido por uma visão muito mais abrangente. Por meio de um conjunto de atitudes de
devoção para com a sua pátria, e pela participação socioeducacional cultural pode-se identificar
um verdadeiro cidadão patriota.
Disponível em: http://meuartigo.brasilescola.com. Acesso em: 28 jan. 2015.

TEXTO 02
Em uma época em que cada um luta pela sua própria bandeira, ao mesmo tempo em que é
bombardeado por uma avalanche de notícias sobre escândalos e corrupção, o sentimento de
amor ao Brasil parece ter entrado em crise – assim como a economia e a política. Mas, para o
professor do curso de História da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), José Antonio
Moraes do Nascimento, o patriotismo deve se sobrepor à decepção causada pelos escândalos.
Segundo ele, patriotismo é um sentimento de pertencimento, de respeito e de entrega à nação.
“É agir na defesa do interesse da maioria da população deste País. É defender o Estado de
Direito e a Democracia, que representa a vontade da maioria”, define. A demonstração, portanto,
vai além do respeito aos símbolos nacionais. “Demonstra-se muito mais por meio da luta pelo
País, da defesa das riquezas e dos bens dele e pelo efetivo combate à corrupção, usando os
mesmos pesos e medidas para todos os cidadãos. Não basta respeitar os símbolos se,
juntamente com isso, não vier o respeito para com a maioria dos cidadãos brasileiros”, afirma.
Nascimento observa que, embora as pessoas continuem valorizando o Brasil, os recentes
escândalos políticos abalaram a esperança do povo. Pátria, ao fim e ao cabo, é uma construção,
não um sonho; é um processo de enfrentamento da realidade, não de idealismo; amar a Pátria
significa participar da criação de todos, para todos (...).
Disponível em: plataformaredigir.com.br. Acesso em: 7 ago. 2019.

TEXTO 03

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50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA

O fato é que temos ainda uma democracia muito imatura no Brasil, com baixo envolvimento da
população e uma frágil cultura política. Isso é atestado por estudo da Economist Intelligence
Unit, que todos os anos elabora o Índice da Democracia. Em sua edição mais recente, o estudo
coloca o Brasil como a 51ª democracia de melhor qualidade no mundo, em um grupo de 167
países. Estamos no grupo de “flawed democracies” (democracias falhas, em tradução livre), de
acordo com a classificação dos autores da pesquisa. À nossa frente estão países desenvolvidos
e de longa tradição democrática, mas também vizinhos nossos, como o Chile e o Uruguai, que
assim como nós passaram por ditaduras brutais no século passado. Por que a maioria não se
interessa por política? Sentimento de impotência/descrença: as pessoas não acham que existem
meios de agir na política e promover mudanças. Além disso, muitos não enxergam o potencial de
transformação social que a política possui.
ARAÚJO, Victor Martins Lopes de. Política Nacional de Assistência Social: uma avaliação política. Juiz de Fora: Universidade
Federal de Juiz de Fora, 2013. Dissertação. Mestrado em Serviço Social.

TEXTO 04
Desinteresse: há um desinteresse em se aprofundar em política, que se altera apenas em
eventos de grande relevância nacional (vide impeachment). De fato, informar-se
constantemente, ler artigos, teses e livros sobre política dá muito trabalho. Muitas vezes é difícil
encontrar dados confiáveis sobre um assunto e as fontes encontradas simplesmente não se
esforçam em transmitir as informações de forma inteligível ou minimamente imparcial. Além de
tudo, qual o benefício de se empenhar tanto em aprender sobre política? É difícil encontrar
respostas convincentes. Inação: o desinteresse de uns leva à inatividade de outros, que mesmo
interessados em política, se veem perdidos e não sabem por onde começar. O que é preciso
saber? Quanto preciso estudar? Que grupos/organizações/partidos devo frequentar? Faltam
exemplos concretos de ação política na vida da maioria das pessoas.
Qual a importância de se interessar por política? Site Politize. Acesso em: 8 ago. 2019.

PROPOSTA DE REDAÇÃO
A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo
de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa
sobre o tema: “Patriotismo em debate no Brasil contemporâneo”. Selecione, organize e
relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

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TEMA 18

Autoverdade no Brasil contemporâneo


TEXTO 01
Autoverdade é um termo que se refere a desvinculação do indivíduo em relação a discursos
universais ou totalizantes . Contudo, o termo é mais reconhecido como um tipo de falácia que se
aproveita do interlocutor apelando a falsas crenças. São afirmações que não possuem valor
argumentativo, mas que mesmo assim são assimiladas pelo interlocutor desavisado devido ao
seu caráter apelativo e ao relativismo oriundo da pós-modernidade. A autoverdade liberta o
discurso do indivíduo de contingências lógicas e epistemológicas, o que libera sua prática do
rigor de métodos investigativos reconhecidos, fatos verificados e dados confiáveis. A
autoverdade difere da pós-verdade no sentido da valorização de uma verdade pessoal e
autoproclamada ser uma autoverdade até que esta seja usada como uma pós-verdade para
atingir determinado objetivo ou podem emergir autoverdades a partir de uma pós-verdade
proclamada. A autoverdade pode ser entendida como uma desfiguração da verdade em seu
sentido ético. A prática de recorrer a autoverdades em discursos políticos tem sido comum por
políticos como Donald Trump e Jair Bolsonaro.
Autoverdade. EverybodyWiki. Disponível em: https://pt.everybodywiki.com/Autoverdade. Acesso em: 9 dez. 2019.

TEXTO 02
A pós-verdade se tornou nos últimos anos um conceito importante para compreender o mundo
atual. Mas talvez seja necessário pensar também no que podemos chamar de “autoverdade”.
Algo que pode ser entendido como a valorização de uma verdade pessoal e autoproclamada,
uma verdade do indivíduo, uma verdade determinada pelo “dizer tudo” da internet. E que é
expressa nas redes sociais pela palavra “lacrou”.

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O valor dessa verdade não está na sua ligação com os fatos. Nem seu apagamento está na
produção de mentiras ou notícias falsas (“fake news”). Essa é uma relação que já não opera no
mundo da autoverdade. O valor da autoverdade está em outro lugar e obedece a uma lógica
distinta. O valor não está na verdade em si, como não estaria na mentira em si. Não está no que
é dito. Ou está muito menos no que é dito.
Assim, a questão da autoverdade também não está na substituição de verdades ancoradas nos
fatos por mentiras produzidas para falsificar a realidade. No fenômeno da pós-verdade, as
mentiras que falsificam a realidade passam elas mesmas a produzir realidades, como a eleição
de Donald Trum ou a aprovação do Brexit. A autoverdade se articula com esse fenômeno, mas
segue uma outra lógica.
O valor da autoverdade está muito menos no que é dito e muito mais no fato de dizer. “Dizer
tudo” é o único fato que importa. Ou, pelo menos, é o fato que mais importa. É esse
deslocamento de onde está o valor, do conteúdo do que é dito para o ato de dizer, que também
pode nos ajudar a compreender a ressonância de personagens como Jair Bolsonaro e, claro,
(sempre), Donald Trump. E como não são eles e outros assemelhados o problema, mas sim o
fenômeno que vai muito além deles e do qual são apenas os exemplos mais mal acabados.
BRUM, Eliane. Bolsonaro e a autoverdade; como a valorização do ato de dizer, mais do que o conteúdo do que se diz, vai impactar a
eleição do Brasil. In.: El país, 16 jul. 2018. Disponível em: .Acesso em: 9 dez. 2019.

PROPOSTA DE REDAÇÃO
A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo
de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa
sobre o tema: “Autoverdade no Brasil contemporâneo”. Selecione, organize e relacione, de
forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

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TEMA 19

A interiorização da violência no Brasil contemporâneo


TEXTO 01
[…] As maiores taxas de violência estão no Rio Grande do Norte, Acre e Ceará, e têm relação
direta com o tráfico de drogas e o crime organizado. Devido à proximidade com a Bolívia,
Venezuela e Colômbia, por exemplo, o Acre se consolidou como nova rota da cocaína. Já o
Ceará é ponto estratégico de escoamento da droga para a Europa.
Violência recorde reflete a interiorização de facções criminosas. Disponível em: https://www.cartacapital.com.br/sociedade/
violencia-recorde-refl ete-interiorizacao-de-faccoes/. Acesso em: 9 fev. 2019.

TEXTO 02
Mortes nos estados. In.: Anuário brasileiro da segurança pública, 2017.

TEXTO 03
A evolução do número de assassinatos no País, e especificamente no Ceará e em
Fortaleza, apresentada pelo relatório do Mapa da Violência, demonstra que os jovens
continuam sendo os mais vulneráveis a este tipo de crime, quer como vítimas ou
protagonistas, crê o deputado Heitor Férrer (PDT), presidente da Comissão de Direitos
Humanos da Assembleia Legislativa.
“Esse quadro nos leva a acreditar que as políticas públicas com relação aos jovens,
notadamente na questão da educação, ainda estão muito aquém das necessidades.

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50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA

Com isso, toda uma geração vem sendo marginalizada de qualquer possibilidade de
ascensão social”, disse o parlamentar, observando, ainda, que essa geração torna-se,
em muitos casos, uma presa fácil da indústria do crime. “A cada fim de semana, dezenas
de vidas são ceifadas, em uma guerra civil não declarada”, frisa.
Brumadinho pode ser segundo maior desastre industrial do século e maior acidente de trabalho do Brasil. In. Época, 28 jan. 2019.

PROPOSTA DE REDAÇÃO
A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo
de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa
sobre o tema: “A interiorização da violência no Brasil contemporâneo”. Selecione, organize
e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

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TEMA 20

A autotutela no contexto da segurança pública brasileira


TEXTO 01
O presidente assinou nesta terça-feira (15) o decreto que facilita a posse de armas no país. O
texto, no entanto, não tratar do porte.
Entenda, abaixo, a diferença entre posse e porte e sabia o que muda no decreto que
regulamenta o Estatuto do Desarmamento:
. posse de arma de fogo: autorização para manter uma arma de fogo em casa (ou numa
residência de campo, por exemplo) ou no local de trabalho (desde que o dono da arma seja o
responsável legal pelo estabelecimento);
. porte de arma: documento que dá o direito de portar, transportar, comprar, fornecer, emprestar
ou manter uma arma ou munições sob sua guarda. Para sair à rua levando uma arma junto ao
corpo ou para usá-la para caçar, por exemplo, é necessário ter porte de arma.
Mortes intencionais por arma de fogo
45 mil — “O que equivale a 70% das mortes ocorridas no país em um ano”, afirmou Ivan
Marques, diretor executivo do Instituto Sou da Paz. Segundo ele, “seis armas são
comercializadas por hora no país”.
Posse de armas: saiba o que muda com o decreto assinado; decreto facilita a aquisição e registro de armas; texto não trata do
porte. G1, 15 jan. 2019. Acesso em: https://g1.globo.com/politica/noticia/2019/01/15/posse-de-armas-saiba-o-que-muda-com-o-
decreto-assinado-por-bolsonaro.ghtml. Acesso em: 18 mai. 2019.

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TEXTO 02
Em meio a dois pareceres da Câmara e do Senado, apontando a ilegalidade do decreto que
ampliou o porte de armas para 20 categorias, o Congresso Nacional possui instrumentos legais
para invalidado o texto editado pelo presidente. Uma das alternativas é a edição de um projeto
de decreto legislativo, com o poder de revogar os atos editados pelo presidente. […]
Além do Congresso, a ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) deu um prazo de cinco dias
para que o presidente da República explique o decreto assinado nesta semana que flexibiliza o
porte de armas. […] A ministra deve aguardar a resposta antes de decidir se suspende ou não de
forma liminar o decreto.
Entenda como o Congresso pode suspender decreto de armas; Câmara e Senado podem aprovar um texto legislativo para
impedir validade de medida assinada. O globo, 10 mai. 2019. Disponível em: https://oglobo.globo.com/brasil/entenda-como-
congresso-pode-suspender-decreto-das-armas-23655768. Acesso em 19 mai. 2019.

TEXTO 03
Nos primeiros dois meses deste ano, o Brasil registrou uma queda nos índices de homicídio de
25% em relação ao mesmo período do ano passado, de acordo com o Monitor da Violência do
G1, divulgado nesta quinta-feira (18). […]
A queda foi puxada, principalmente, pelos estados do Nordeste, que, juntos, registraram redução
de 34% das mortes violentas. O levantamento mostra que somente no Ceará o índice caiu 58%.
[…]
Razões
“O Ceará é um bom exemplo para demonstrar a multicausalidade das mortes violentas no país.
De um lado, você tem um acordo firmado entre as facções, que perceberam que é possível
chamar atenção do Estado sem ter que matar tanta gente, e do outro há uma maior participação
das forças policiais empenhadas em reduzir a violência na região”, explica Renato Sérgio de
Lima, diretor do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Homicídios têm queda de 25% nos primeiros dois meses de 2019: a queda foi puxada, principalmente, pelos estados do
Nordeste, que, juntos, registraram redução de 34% das mortes violentas. Exame, 18 abr. 2019. Disponível em: https://
exame.abril.com.br/brasil/homicidios-tem-queda-de-25-nos-primeiros-dois-meses-de-2019/. Acesso em: 18 mai. 2019. Adaptado.

TEXTO 04
Na contramão dos homicídios comuns, as mortes por policiais no estado do Rio de Janeiro
seguiram em alta e bateram novo recorde no primeiro bimestre deste ano. Foram 305 óbitos em
janeiro e fevereiro, um a cada quatro horas e meia.
O número é o maior para o período nos últimos 16 anos, início da série histórica. Enquanto isso,
os homicídios dolosos (intencionais) atingiram seu menor patamar em 28 anos, também
considerando os dois primeiros meses do ano: 705, um a cada meia hora. Dois policiais
morreram em serviço no mesmo intervalo de tempo.
Rio de Janeiro tem queda de homicídios, mas alta de mortes por policiais; foram 305 vítimas de operações em janeiro e
fevereiro, um a cada 4h30. Folha de S. Paulo, 25 mar. 2019. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2019/03/rj-tem-
queda-de-homicidio-e-alta-na-letalidade-policial.shtml. Acesso em 18 mai. 2019.

TEXTO 05
O presidente defendeu nesta quinta-feira o chamado excludente de ilicitude para que policiais e
também cidadãos comuns, armados, possam reagir, dentro de casa “ou até em vias públicas”,
desde que “do outro lado o agressor estiver comprovadamente à margem da lei”.

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50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA

O excludente de ilicitude permite que a pessoa reaja a uma agressão ou invasão de domicílio,
por exemplo seja processado mas não seja condenado, mesmo que o agressor morra, por estar
defendendo a si ou a outro.
Presidente defende excludente de ilicitude para cidadão comum; segundo ele, há necessidade de voltar o “direito à autoridade”
para o policial e para o cidadão comum. Terra, 9 mai. 2019. Disponível em: https://www.terra.com.br/noticias/brasil/em-entrevista-a-
radio-bolsonaro-defende-excludente-de-ilicitude-para-cidadao-comum-em-vias-
publicas,7bc715657f5a504285be726b0faeea89t4yrlfk1.html. Acesso em 20 mai. 2019.

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A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo
de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa
sobre o tema: “A autotutela no contexto da segurança pública brasileira”. Selecione,
organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto
de vista.

TEMA 21

Efeitos da ampliação do acesso a armas no Brasil


TEXTO 01
Após o decreto que Jair Bolsonaro assinou no dia 15 de janeiro, qualquer brasileiro maior de 25
anos e sem antecedentes criminais pode ter uma arma em casa – não existe mais a exigência
de comprovar a necessidade. Essa é a chamada “posse de arma”. O porte é outra coisa: a
permissão para andar na rua com um revólver na cinta. Trata-se de um privilégio restrito a
militares, policiais, funcionários de empresas de segurança privada e trabalhadores rurais que
morem em locais distantes, sem policiamento. É assim desde dezembro de 2003, quando foi
assinado o Estatuto do Desarmamento no Brasil.
Ainda que o uso seja restrito, a demanda é grande. Nos últimos 14 anos, o total de registros de
armas aumentou consideravelmente: de 5.459 em 2004 para 42.387 em 2017. Segundo a
Polícia Federal, há no País 646.127 armas legais nas mãos de civis – mais quase 10 milhões
com a polícia e as Forças Armadas. Na hipótese de que cada uma delas esteja com um
brasileiro diferente (não há estatísticas sólidas), temos que 0,3% das pessoas tem arma em
casa. O número exclui armas de militares, caçadores, colecionadores e as sob posse das Forças
Armadas, registradas pelo Exército.

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Pensar em um cenário em que cada brasileiro, do taxista ao CEO de empresa, tenha arma, é
analisar uma realidade semelhante à dos Estados Unidos. Lá, comprar um revólver é quase tão
simples quanto trocar de eletrodoméstico: estima-se que existam quase 400 milhões de armas,
uma média de 121 a cada 100 pessoas – mais armas do que gente. Apenas 3% dos civis, no
entanto, possuem alguma arma. Ou seja, quem tem, tem muitas, mas relativamente poucos
americanos contam com um revólver na gaveta, ou na cinta.
Ainda assim, o exemplo americano permite imaginar como seria um Brasil armado até os dentes.
Para começar, o índice de suicídios iria às alturas. Nos EUA, a maioria das mortes por armas de
fogo acontece dessa forma – incríveis 64,2% dos 37.200 óbitos em 2016. No Brasil, essa
porcentagem é de 4%, ou 1.728 mortes.
Se os mesmos 3% da população do Brasil passasse a andar armada (o que representaria 6
milhões de novas armas em circulação), o total de pessoas que tiram a própria vida todo ano,
proporcionalmente, passaria dos 16 mil. É como se sete Boeings 737 lotados caíssem todo mês.
Há de se considerar, também, que o Brasil já encabeça o ranking mundial de homicídios
causados por armas de fogo do mundo. Foram 63,8 mil só no ano passado. Boa parte causados
por armas ilegais, nas mãos de bandidos. Não há dados recentes sobre o número de armas
ilícitas. A última estimativa, feita em 2010 pelo Sistema Nacional de Armas (Sinarm), falava em
7,6 milhões – mais de dez vezes a quantidade de armas registradas.
Só que boa parte desses tiros fatais sai de armas registradas. Dados do Ministério da Justiça,
também de 2010, indicavam que 30% das armas apreendidas com criminosos tinham origem
legal – ou seja, saíram das mãos da polícia, de militares ou de um civil autorizado. Conclusão: a
tendência é que uma sociedade muito armada também tenha uma criminalidade igualmente
armada, uma vez que os desvios são comuns. No ano passado, a PF recolheu 135 mil armas
nessa situação.
Ainda que nenhuma arma legal jamais acabe na mão de um bandido, a mera existência de mais
armas traria outros problemas. Segundo o Ministério Público, o número de crimes por motivos
fúteis ultrapassa a casa dos 80% em Estados como São Paulo e Santa Catarina. São
classificadas dessa forma as mortes por impulso, que envolvem brigas no trânsito, ciúmes,
vingança ou conflito entre vizinhos, por exemplo. Com mais armas, discussões do tipo teriam
mais desfechos trágicos.
Mesmo quando não há intenção de atentar contra outra vida, estar armado ainda pode ser um
tiro no pé. E, por mais triste que seja, isso não é necessariamente força de expressão. Em 2016,
armas defeituosas da Taurus, maior fabricante nacional e que vende revólveres e fuzis em 70
países, já haviam feito pelo menos 55 vítimas só no Brasil.
Entre os problemas mais comuns há, por exemplo, travas que não funcionam e revólveres que
disparam sem serem acionados. Imperfeições do tipo, aliás, implicariam também mais casos de
familiares feridos por acidentes.
“Mas o cidadão precisa ter, ao menos, alguma chance de se defender”, argumentam muitos.
Afinal, quando o Estado falha, o cidadão deveria poder assumir o direito à própria segurança. Foi
esse um dos sintomas da greve de policiais no Espírito Santo, em 2017, que fez triplicar os
pedidos de registro por lá.
O fato é que, mesmo que você conheça alguma história de sucesso de alguém que reagiu a um
assalto, essa não é a regra. Pelo contrário. Uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Ciências

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Criminais (IBCCRIM) concluiu que uma pessoa armada corre um risco 56% maior de morrer em
comparação a alguém sem arma.
O dado acima vai ao encontro ao analisado por Thomas V. Conti, pesquisador da Unicamp
(Universidade Estadual de Campinas). Entre 2013 e 2017, ele traduziu 48 resumos de pesquisas
sobre armamentos para cravar: 90% delas são taxativas ao dizer que um maior número de
armas aumenta o número de crimes letais.
E se o porte de armas fosse liberado no Brasil? Superinteressante, 24 out. 2018. Disponível em: https://super.abril.com.br/
sociedade/e-se-o-porte-de-armas-fosse-liberado-no-brasil/. Acesso em: 9 dez. 2019.

TEXTO 02
Veja, abaixo, pontos a favor e contra o decreto, citados por políticos e especialistas:
• O decreto levou em conta critério objetivo que identifica locais com alta violência.
• No referendo de 2005, a maioria da população se manifestou a favor do direito de comprar uma
arma.
• Bolsonaro foi eleito pela população e já defendeu abertamente mudanças no Estatuto do
Desarmamento.
• O decreto diminui as dificuldades para comprar e ter a posse de armas.
• Também desvincula a posse de arma da subjetividade do delegado da Polícia Federal, que era
quem autorizava a compra de arma quando a pessoa solicitava com alegação de necessidades
pessoais.
• Com a ampliação da validade do registro de posse, será mais fácil manter os armamentos
legalizados.
• A arma registrada ficará na residência da pessoa que a registrou.
• Atualmente, apenas "as pessoas de bem" estão desarmadas.
• Criminosos terão medo ao invadir uma casa para cometer um assalto.
• A arma de fogo serve como proteção pessoal e é como uma faca, que também pode matar.
• Países como os Estados Unidos permitem que o cidadão tenha uma arma em casa, como
garantia da democracia.
• A circulação de armas vai aumentar – e mais armas significam mais mortes.
• O referendo de 2005 foi sobre o comércio de armas, e não sobre a posse de armas.
• Segundo pesquisa do Datafolha, a maioria da população é contra a posse de armas.
• O decreto considera um estudo de 2016 como referência para permitir a posse de arma e não
leva em conta dados recentes e realidades diferentes entre os estados.
• Levantamentos mostram que a maior parte das armas de fogo utilizadas em ocorrências
criminosas foram originalmente vendidas de forma legítima a cidadãos autorizados, que depois
tiveram a arma desviada ou subtraída.
• O decreto extrapola a competência prevista para o Poder Executivo, e não houve discussão
sobre o assunto no Congresso e na sociedade.
• É um chamariz para a população, mas não trará melhorias para a segurança pública.
• O poder público se omite e entrega o cidadão à própria sorte.
• Mais armas em casa trazem riscos de acidentes com criança, suicídio, briga de casais e
discussões banais.
• Apresenta brechas ao não especificar se haverá fiscalização para checar as informações
declaradas e também ao tratar a posse de arma por comerciantes.
• Haverá menor controle das condições psicológicas e dos antecedentes criminais de quem tem
a posse de arma.

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Posse de arma: leia pontos a favor e contra o novo decreto, de acordo com políticos e especialistas. G1, 15 jan. 2019.
Disponível em: https://g1.globo.com/politica/noticia/2019/01/15/posse-de-arma-leia-pontos-a-favor-e-contra-o-novo-decreto-
de-acordo-com-politicos-e-especialistas.ghtml. Acesso em: 9 dez. 2019.

TEXTO 03
O presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) sinalizou que vai assinar um decreto que permita a
qualquer pessoa com bons antecedentes a autorização para o porte de arma de fogo. A medida
é uma das promessas de campanha do atual presidente.
Antes de falar sobre a medida é preciso lembrar a existência de diversas mudanças desde 2003,
quando entro em vigor o Estatuto do Desarmamento, que impedia os cidadãos de portarem
armas. Com o Referendo sobre o desarmamento a população rejeitou a proibição, mas a
orientação da Polícia Federal era claramente restringir quem poderia ter acesso a armas de
fogo, ou seja, apesar da população rejeitar a restrição o Governo impediu o acesso pela via
administrativa. Já em 2017 a lei foi novamente modificada para tornar o porte de arma de uso
restrito crime hediondo. As modificações legislativas foram feitas sem grandes discussões,
estudos ou coerência, sempre se atendeu a ideologia de quem estava no poder.
Ainda que se facilite o porte de arma, é necessário cuidado. Armar a população traz
preocupação com pois é provável que os índices de criminalidade podem subir se ela for levada
a cabo. Para termos uma ideia dos efeitos, no ano de aprovação do Estatuto do Desarmamento
o índice de homicídio era 36,1 assassinatos para cada 100.000 habitantes, e crescia
vertiginosamente (alta de cerca de 8% ao ano), já em 2017 o índice era 29,9. Ainda que seja
liberada a posse apenas para pessoas sem antecedentes criminais, a tendência é que aumente
um pouco os números de homicídios, pois é comum que esse crime seja passional, seja um ato
impensado.
A situação é ainda mais preocupante se levarmos em consideração a violência doméstica contra
a mulher. Apesar da Lei Maria da Penha o Brasil não foi capaz de reduzir significativamente o
número de mulheres mortas ou agredidas, ao facilitar o porte de arma é possível que a mulher
que sofre violência doméstica seja a mais prejudicada, pois a medida facilitará a entrada de
armas nos lares e o “cidadão de bem” – o homem com ficha limpa e que deseja ter uma arma
para se defender – é um dos principais agressores de suas esposas. Aquela mulher que hoje é
agredida poderá ser morta caso haja facilitação do acesso a armas.
Ademais, o decreto pode contribuir para vender uma falsa sensação de segurança. Existe uma
falsa crença de que a arma pode proteger a pessoa, inclusive a 2.ª Emenda da Constituição
Americana se baseia nisso. Na verdade, andar armado coloca a pessoa em risco, pois ao tentar
se defender de um possível assalto o criminoso pode, ao ver que a pessoa está armada, matar a
pessoa para evitar ser morto. O assaltante utiliza o efeito surpresa para ter sucesso. Se a vítima
tentar sacar é mais provável que tome um tiro, pois o tempo para o ladrão apertar gatilho é
menor do que o tempo que a vítima levará para sacar a arma. Até mesmo policiais, que possuem
exaustivo treinamento com arma de fogo, são orientados a não reagir a assaltos pois a chance
de ser vítima de homicídio é maior do que de evitar o roubo, imagine uma pessoa com escasso
ou nenhum treinamento.
Soma-se a isso o fato do portador da arma de fogo sem experiência poder ter sua arma roubada,
dessa forma termos mais uma arma em circulação nas mãos de criminosos para a prática de
outros crimes. Ainda que entidades ligadas aos direitos humanos e preocupadas com a
segurança pública, como o Instituto Sou da Paz, pressionem o governo para limitar a autorização
para porte de armas a pressão pode surtir pouco efeito, tendo em vista que essa autorização

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depende apenas do Poder Executivo, ou seja, se a orientação do Presidente para a Polícia


Federal for para liberar os portes, há pouco o que possa ser feito pelo Poder Judiciário, uma vez
que no plebiscito a população votou favoravelmente ao armamento da população.
Outra alternativa seria levar a questão à apreciação do STF (Supremo Tribunal Federal). Todo
ato jurídico do executivo pode ser submetido ao STF. Mas primeiro é preciso conhecer o
conteúdo do decreto e, se o mesmo, por exemplo, restringe de alguma forma a liberdade dos
cidadãos.
É importante acrescentar que a situação da legitima defesa não será afetada pelo futuro decreto,
assim como hoje, se alguém matar outra pessoa que está cometendo um crime não deve ser
condenado, mas é normal que a pessoa enfrente um processo e, inclusive, seja submetida a júri
popular. O processo visa evitar que sejam cometidos excessos, pois, por exemplo, uma pessoas
poderia atirar para defender sua propriedade. Mas o uso da força tem que ser moderado.
Imagine que dando um tiro o delinquente fuja. Nesse caso se o proprietário for atrás do invasor
para matá-lo comete homicídio, e isso o decreto não poderá mudar.
O decreto não pode mudar o Código Penal, sendo a que legítima defesa é um instituto previsto
nele, independente da ampliação ou restrição ao porte de armas. O CP só pode ser alterado via
Lei Complementar, que estabelece critérios rígidos, devendo a proposta ser aprovada pelo
Congresso Nacional.
LOZANO, André. Número de homicídios deve aumentar com decreto do porte de armas. Estadão. Disponível em: https://
politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/numero-de-homicidios-deve-aumentar-com-decreto-do-porte-de-armas/. Acesso em: 9 dez. 2019.

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de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa
sobre o tema: “Efeitos da ampliação do acesso a armas no Brasil”. Selecione, organize e
relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

TEMA 22

Excludente de ilicitude em debate no Brasil contemporâneo


TEXTO 01

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Art.  5º  Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade.
BRASIL. Constituição Federal de 1988. Disponível em: https://www.senado.leg.br. Acesso em: 9 dez. 2018.

TEXTO 02
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou nesta segunda (9) que se o
excludente de ilicitude fizesse parte do pacote anticrime aprovado na última quarta (4) pelos
deputados, os policiais da ação que terminou com nove mortos em Paraisópolis não seriam
investigados.
PMs de Paraisópolis não seriam investigados se regra proposta por Moro fosse aprovada. Folha de S. Paulo, 9 dez. 2019.
Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2019/12/pms-de-paraisopolis-nao-seriam-investigados-se-regra-proposta-por-
moro-fosse-aprovada-diz-maia.shtml. Acesso em 9 dez. 2019.

TEXTO 03
O ano de 2019 no Rio já registra o maior número de mortos por policiais desde o início da série
histórica, em 1998. Foram 1.546 até outubro.
A contagem oficial do Instituto de Segurança Pública (ISP) sequer considera ainda os meses de
novembro e dezembro.
O número já é maior do que as 1.534 mortes dos doze meses do ano passado.
Até então, 2018 era o ano com maior número de mortos por policiais.
Os 3 anos com mais mortos por policiais:
2019 - 1.546 [sem contar novembro e dezembro]
2018 - 1.534
2007 - 1.330
Mortes não diminuem violência, diz MP
Um estudo do Ministério Público, divulgado no mês passado, afirma que o aumento do número
de mortes em ações policiais não tem relação direta com a redução da criminalidade no estado.
A pesquisa diz que a letalidade policial não provoca queda no número de crimes.
Também em 2019 outro recorde já havia sido batido: julho foi o mês com o maior número de
mortes de mortes por intervenção policial desde 1998, quando a estatística começou a ser
contabilizada.
Como mostrou o Jornal Nacional no mês passado, a Defensoria Pública diz que as mortes
precisam ser investigadas e as ações dos policiais devem seguir a lei.
“O que a lei determina, o que a lei orienta é a proteção da vida. Então, os casos de letalidade por
policiais precisam ser aqueles casos absolutamente extremos, onde não há nenhuma outra
alternativa”, afirmou o defensor público Pedro Strozenberg.
“Essa ideia de enfrentamento parece que é a solução do problema e parece que nós não
aprendemos em 35 anos que isso não é suficiente", conclui.
Tecnicamente, as mortes em confrontos com a polícia são denominadas "morte por intervenção
de agente do Estado", que ocorre durante a função policial. A denominação foi definida em
portaria do Ministério da Segurança Pública no fim de 2018.

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50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA

Anteriormente, no Rio, esse tipo de ocorrência era registrado como "auto de resistência",
"homicídio decorrente de intervenção policial" e, no ano passado, chegou a ser chamado de
"mortes por intervenção legal", termo que gerou polêmica.
Em 2019, RJ tem maior número de mortes por policiais desde o início da série histórica, diz ISP. G1, 25 nov. 2019. Disponível em:
https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2019/11/25/em-2019-rj-tem-maior-numero-de-mortos-por-policiais-desde-o-inicio-da-
serie-historica.ghtml. Acesso em: 9 dez. 2019.

TEXTO 04
A corregedoria da PM-RJ (Polícia Militar do Rio de Janeiro) investiga denúncias de parcerias
entre policiais e criminosos em pelo menos cinco batalhões na capital e na Baixada Fluminense.
Ao todo, a região possui 23 unidades deste tipo da PM.
Há dois anos, após permissão por lei, a corregedoria passou a instaurar inquéritos sobre PMs
ligados a grupos paramilitares clandestinos. Os casos são acompanhados pelo MPM (Ministério
Público Militar).
Vídeos obtidos pelo UOL com exclusividade registram um flagrante feito pela 3ª DPJM
(Delegacia de Polícia Judiciária Militar), que mostram um caso de pagamento de propina pelo
jogo do bicho na Baixada Fluminense.
Uma sargento desce do carro para entregar 12 envelopes com dinheiro dentro do 20º BPM
(Mesquita), em novembro de 2017. Na ação, os agentes apreenderam mais de R$ 16 mil em
espécie. Dois PMs foram autuados em flagrante.
Segundo a investigação, os valores eram destinados ao 3º CPA (Comando de Policiamento
Intermediário), órgão da Polícia Militar responsável pelos seis batalhões da Baixada. Os
envelopes possuíam códigos que podem indicar a patente dos suspeitos.
Após o flagrante de corrupção, a coronel Cláudia Lovain, então comandante da unidade lotada
em Nova Iguaçu, foi exonerada pela PM.
No mês anterior, o tenente-coronel Marcelo Moreira Malheiros, que estava à frente do 20º BPM,
também já havia sido exonerado por causa das suspeitas de envolvimento dos policiais da
unidade com a contravenção.
Ligação entre PMs e milícia é investigada em pelo menos 5 batalhões do Rio. Notícias UOL, 07 nov. 2019. Disponível em: https://
noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2019/11/07/pm-investiga-apoio-de-homens-fardados-a-milicia-em-batalhoes-do-rio.htm.
Acesso em 9 dez. 2019.

TEXTO 05
O presidente Jair Bolsonaro enviou ao Congresso um projeto de lei que determina as normas
que valem para militares e membros de forças de segurança quando estiverem atuando em
operações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO).
O texto diz, entre outras providências, que estará presumida a "legítima defesa" em algumas
situações de conflito envolvendo policiais e militares.
O anúncio do projeto foi feito durante o lançamento do Aliança pelo Brasil, partido que o
presidente quer criar após sair do PSL.
Desde a campanha eleitoral, Bolsonaro tem dito que pretende mudar a legislação para que
policiais e militares não sejam punidos por suas ações — mesmo quando elas resultam em
mortes.

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50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA

No início do ano, Sergio Moro, ministro da Justiça e Segurança Pública, propôs uma mudança
no Código Penal, criando regras mais amplas para o chamado "excludente de ilicitude". A
proposta aumentava as hipóteses nas quais policiais não seriam punidos caso matassem
alguém durante o trabalho — não apenas em ações de GLO.
No texto de Moro, o agente não seria punido, por exemplo, se provasse que agiu movido por
"medo, surpresa ou violenta emoção". Porém, o projeto ainda não foi votado no Congresso.
Agora, Bolsonaro pretende flexibilizar as hipóteses de legítima defesa nessas operações, como
a que ocorreu no Rio de Janeiro no final do ano passado, quando o Exército assumiu o controle
da Segurança Pública no Estado.
Mas o que seria a "presunção de legítima defesa"? Quais as consequências jurídicas que esse
projeto poderia ter no futuro, caso aprovado? A BBC News Brasil ouviu professores de Direito
para entender como esse aspecto da proposta se encaixaria na legislação brasileira.
O que é legítima defesa e o que diz o projeto?
O Artigo 25 do Código Penal já isenta de culpa o cidadão — inclusive o policial — que age
"usando moderadamente os meios necessários" para defender-se de "agressão, atual ou
iminente", a si ou a outra pessoa. Isso significa que, em caso de um agressão, o policial pode
agir em defesa própria ou de terceiros no momento da ação, ou momentos antes da
possibilidade dela ocorrer.
"No caso de um sequestro de um ônibus, por exemplo, se houver risco de vida para os
passageiros, o policial poderia matar o agressor. Ou em um confronto em que ele esteja em risco
de morrer", explica Mauricio Dieter, professor de Criminologia e Direito Penal da Faculdade de
Direito da Universidade de São Paulo (USP).
"A legítima defesa é um conceito muito sedimentado na doutrina penal. Mas ela não dá carta
branca para a pessoa agir de maneira desproporcional à agressão que ela está sofrendo",
afirma.
Dieter cita um exemplo hipotético do que seria uma ação excessiva. "Digamos que alguém
ameace te dar um soco, mas você tem um fuzil nas mãos. Seria um excesso se você atirasse na
pessoa e a matasse, porque sua reação não é proporcional à ameaça que sofreu. Por isso, a lei
fala em uso moderado dos meios necessários", explica.
O defensor público Gustavo Junqueira, professor de Direito Penal da PUC-SP, explica que a
investigação e o processo penal analisam, caso a caso, se houve excesso ou não no uso da
força.
"Se houve excesso intencional, a pessoa responde por um crime doloso. Se ela se excedeu,
mas não houve intenção, responde por crime culposo. Há também casos em que a pessoa se
excede, mas sem intenção ou culpa. Chamamos esses casos de excesso de exculpante, e a
pessoa não responde por crime", diz.
O novo texto proposto por Bolsonaro traz as razões pelas quais, na visão do governo, justificam-
se mudanças sobre as regras de conduta de militares e agentes de segurança em operações de
GLO.
"O texto se concentra sobre a proteção do direito à vida", diz o documento. "Para tanto,
implementam-se hipóteses de presunção de legítima defesa e de injusta agressão, que buscam

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caracterizar a legítima defesa nos casos em que os militares e agentes atuarem contra condutas
que resultam em risco à vida deles ou de outrem."
No projeto, o governo considera injusta agressão as seguintes situações de conflito: "atos de
terrorismo; conduta capaz de gerar morte ou lesão corporal; restringir a liberdade da vítima,
mediante violência ou grave ameaça; ou portar ou utilizar ostensivamente arma de fogo".
Na prática, segundo especialistas ouvidos pela BBC News Brasil, a aprovação do projeto poderia
facilitar o arquivamento de processos de casos em que policiais se envolveram em mortes
durante ações no âmbito de GLO.
Caso ele seja aprovado pelo Congresso, um caso de morte em decorrência de ação policial
poderia ser arquivado pelo Ministério Público sem a necessidade da análise da Justiça, apenas
com base na "presunção de legítima defesa".
Em tese, hoje o arquivamento já pode ocorrer se as circunstâncias de legítima defesa forem
muito claras e óbvias, diz Dieter.
Para Junqueira, o projeto pode acabar com análise dos casos individualmente. "O governo quer
suprimir a análise do meio necessário, acabar com a necessidade de ponderação caso a caso.
Ou seja, a ideia é facilitar o arquivamento e criar uma dificuldade maior para a investigação",
opina Junqueira.
Para Alamiro Velludo Salvador Netto, professor de Direito Penal da USP, "o Código Penal nunca
excluiu o policial". "Nunca houve uma exclusão de policiais de valer-se da legítima defesa, isso é
um discurso falso. Como vale para o particular, vale para o policial também", afirma.
'Licença para homicídios'
Segundo a professora Carolina Costa Ferreira, coordenadora do Departamento de Estudos e
Projetos Legislativos do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais (IBCCRIM), caso seja
aprovado, o projeto pode ser uma espérice de "licença para homicídios".
"Em essência, esse ponto é contraditório porque, na medida em que se discute a excludente de
ilicitude no caso de legítima defesa como garantia do direto à vida, na verdade (o texto) está
concedendo licença para prática de homicídios sem a investigação adequada", diz Ferreira, que
é doutora em Direito pela Universidade de Brasília (Unb).
"Você presume que a atuação de militares ou policiais em injusta agressão possa justificar
qualquer tipo de ato, ainda que seja muito mais grave do que aquele do qual foram alvo."
Mauricio Dieter, da USP, também critica duramente o projeto: "É uma aventura jurídica, uma
bobagem autoritária. É uma tentativa de criar uma licença para matar em um país que já tem um
índice altíssimo de mortes em decorrência de ações policiais. Por que esse medo do júri? Se o
policial agiu legitimamente, ele vai ser absolvido", diz.
Já Alamiro Velludo Salvador Netto, também da USP, acredita que a flexibilização do conceito de
legítima defesa pode "incentivar o uso da violência desmedida, levando a justiçamentos".
"É óbvio que o policial tem o direito de reagir se colocado em risco, ninguém discute isso. Mas,
se eu tenho uma legítima defesa que tem muitos critérios, isso pode ser interpretado, tanto na
dinâmica dos tribunais quanto no cotidiano policial, como um afrouxamento das ações em que
ela pode ser utilizada", diz.

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50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA

Para Costa, o ponto proposto pelo governo inverte o princípio da presunção de inocência,
prevista na Constituição.
"A Carta estabelece que ninguém deve ser considerado culpado até a condenação transitar em
julgado. Não se pode antecipar a pena sem processo. O que está acontecendo nesse caso é
uma anulação da possibilidade de investigação criminal da conduta desses militares e agentes
de segurança. Isso pode gerar injustiças. Só 7% dos homicídios são investigados no Brasil. O
projeto vai no sentido de ampliar essa impunidade", diz.
“Aventura jurídica” e “licença para matar”: o que dizem juristas sobre excludente de ilicitude em projeto de Bolsonaro. BBC News, 23
nov. 2019. Acesso em: 9 dez. 2019.

PROPOSTA DE REDAÇÃO
A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo
de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa
sobre o tema: “Excludente de ilicitude em debate no Brasil contemporâneo”. Selecione,
organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto
de vista.

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TEMA 23

Efeitos do superencarceramento no Brasil contemporâneo


TEXTO 01
Essa dinâmica de encarceramento contraria a expectativa gerada em 2006, quando uma nova
Lei de Drogas (Lei 11.343/2006) foi instituída no país. O texto substituía uma regra de 1976 e
trazia uma inovação: a distinção entre usuário e traficante. Os crimes definidos pela lei também
diferem: ao passo que a posse para uso pessoal é considerada um delito de ínfimo potencial
ofensivo, o tráfico de drogas é fortemente repreendido. Ao primeiro crime, restou prevista uma
pena alternativa diferente da prisão, como advertência, prestação de serviços à comunidade ou
obrigação de cumprir medidas educativas. Já o tráfico, pela regra, leva à prisão. Em casos desse
tipo, a pena mínima passou de três para cinco anos, podendo chegar a 15.
O que ocasionou, então, o crescimento de prisões? Na opinião do advogado criminalista
Cristiano Maronna, secretário executivo do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais e presidente
da Plataforma Brasileira de Política de Drogas, a falta de definição precisa sobre o que é o uso e
o que é o tráfico de drogas, bem como uma aplicação que ele considera disfuncional da norma.
“O Artigo 33 que trata do tráfico coloca como uma das condutas punidas a cessão gratuita de
drogas de uma pessoa a outra. Isso não é tráfico, o tráfico envolve lucro. Outra coisa é que não
se exige prova. A pessoa flagrada com determinada quantidade é presumida como traficante.
Isso é inaceitável, porque o que se espera é que o Estado prove que aquela pessoa, de fato,
trafica drogas, por meio, por exemplo, do extrato bancário ou por meio de uma investigação, com
testemunhas etc. Nada disso é exigido, como regra, para uma pessoa ser condenada por
tráfico”, afirma.
Na ausência de uma regra nítida, quem acaba fazendo essa distinção, nas ruas, é o próprio
policial. No momento em que isso ocorre, outros aspectos e mesmo preconceitos acabam sendo
levados em consideração. Maronna acrescenta que, “para quem tem carteira de trabalho
assinada, provar que não é traficante não é tão difícil". "Para jovens, negros, moradores de
comunidades e desempregados, essa prova é mais difícil. Então, é muito comum que usuários
negros, pobres e favelados sejam processados e condenados como se traficantes fossem”.
Seletividade penal
Coordenadora do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania e integrante do Conselho
Diretor do International Drug Policy Consortium (IDPC), a socióloga Julita Lemgruber considera
que a própria lei estabelece uma lógica de seletividade penal. Isto porque o Artigo 27 da norma
fixa que “para determinar se a droga destinava-se a consumo pessoal, o juiz atenderá à natureza
e à quantidade da substância apreendida, ao local e às condições em que se desenvolveu a
ação, às circunstâncias sociais e pessoais, bem como à conduta e aos antecedentes do agente”.

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“De maneira geral, quem está sendo preso no dia a dia é o jovem negro. Se a polícia pega um
menino branco, que é um estudante universitário, frequenta uma universidade privada e está em
seu veículo próprio, mesmo se estiver portanto uma quantidade grande de drogas, ele não vai
ser considerado um traficante porque a reflexão imediata que o policial faz é: ‘esse cara não
precisa traficar’. Enquanto que um menino negro, da favela, pego na rua, não importa que
justificativa ele der para estar portando aquela quantidade de droga, ele vai sempre ser
considerado um traficante”, a socióloga, que foi a primeira mulher a comandar o sistema
prisional fluminense e já desempenhou a função de ouvidora da Polícia Militar no Rio de Janeiro.
A opção pelo encarceramento e o perfil das pessoas que estão sendo presas são confirmados
pela pesquisa Audiência de Custódia, Prisão Provisória e Medidas Cautelares: Obstáculos
Institucionais e Ideológicos à Efetivação da Liberdade como Regra, feita pelo Fórum Brasileiro
de Segurança Pública a pedido do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). O estudo mostra que,
em relação aos flagrantes por tráfico de drogas, 57,2% das pessoas que passaram por
audiências de custódia foram mantidas presas enquanto aguardavam o julgamento. A incidência
de manutenção da prisão por tráfico é mais frequente do que nos casos de violência doméstica.
Neste caso, 39,8% permanecem encarcerados após a audiência.
O mesmo estudo mostra que jovens e negros são a maioria entre as pessoas que passaram por
esse tipo de audiência no Distrito Federal, no Rio Grande do Sul, na Paraíba, no Tocantins, em
Santa Catarina e em São Paulo, entre 2015 e 2017, locais e período sobre os quais se debruçou
a análise. E aponta possível tratamento judicial mais duro para os negros. Enquanto 49,4% dos
brancos detidos permaneceram presos e 41% receberam liberdade provisória com cautelar, tais
percentuais alcançam 55,5% e 35,2% quando se trata de pessoas negras.
A seletividade é reforçada também pela falta ou precariedade das investigações. Sem
inteligência policial, ações efetivas de controle nas fronteiras e inibição de atos ilícitos entre
policiais e outros agentes de segurança, “as pessoas presas são, no mais das vezes, as
pessoas que atuam nas franjas, são os varejistas que compõem o último elo da cadeia,
enquanto os financiadores, as pessoas que controlam a cadeia mais produtiva e lucrativa, são
praticamente intocáveis. Também em relação a isso, não há uma preocupação em, de fato,
atingir o coração do negócio”, denuncia Cristiano Maronna.
De acordo com dados do Depen, em junho de 2016 eram 176.691 mil pessoas presas por tráfico
de drogas; 20.133 por associação para o tráfico e apenas 4.776 por tráfico internacional.
Questionada sobre a disparidade entre esses dados, Mara Fregapani Barreto afirmou que “não
tem como dizer que a gente está prendendo pouco um ou outro, até porque, numa pirâmide
organizacional, você tem muito mais gente na base do que no comando”.
Lei de drogas tem impulsionado encarceramento no Brasil. Agência EBC, 24 jun. 2018. Disponível em: http://
agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2018-06/lei-de-drogas-tem-impulsionado-encarceramento-no-brasil. Acesso em 10 dez. 2019.

TEXTO 02
Baixa escolaridade, falta de documentos pessoais, dificuldade de inserção no mercado de
trabalho, carência de moradia, abandono da família e preconceito são apenas algumas das
dificuldades enfrentadas por quem deixa a prisão. Egressos de um sistema carcerário
superlotado, que não cumpre seu papel de preparar os detentos para a convivência em
sociedade, a maioria deles acaba voltando para a vida atrás das grades. Em Minas Gerais,
segundo a última pesquisa com dados disponíveis, a taxa de reincidência criminal é de 51,4%, e
diminuir esse índice depende, na avaliação de especialistas, de melhoras nas condições das
prisões e de mais apoio e oportunidades a quem conquistou a liberdade.

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A Lei de Execução Penal (LEP) prevê que é dever do Estado a assistência ao preso. Instalações
higiênicas, instrução escolar e formação profissional são algumas das obrigações do Poder
Executivo, que também deve auxiliar o egresso, inclusive, a conquistar um trabalho. Mas a
superlotação é um obstáculo para o cumprimento da legislação: há 73.948 presos atualmente
em Minas, ocupando 39.328 vagas.
Para a pesquisadora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e coordenadora do
Laboratório de Estudos sobre Trabalho, Cárcere e Direitos Humanos da instituição, Vanessa
Andrade, nas atuais condições dos presídios brasileiros, prender é o primeiro passo em direção
à reincidência criminal.
“Na primeira vez, a pessoa é presa por um crime mais banal; na segunda, é por um ato pior; e
assim por diante. São necessárias políticas públicas efetivas de educação, trabalho, cultura e
infraestrutura para impedir o primeiro encarceramento”, afirma a professora.
A chance de reincidência criminal é maior entre os homens, os mais jovens e os que cometem
crimes contra o patrimônio, como furtos. Além disso, a ressocialização é mais difícil para
pessoas com trajetória criminal longa, segundo os resultados da pesquisa que analisou 800
casos de egressos que deixaram a prisão em 2008. Na ocasião, 411 pessoas voltaram a ser
indiciadas em até cinco anos após cumprir pena ou receber liberdade condicional.
“Não tem que transformar prisão em hotel cinco estrelas, mas cumprir a Lei de Execução Penal
é o básico. Superlotação, ausência de serviços básicos e ociosidade muito elevada no sistema
prisional; tudo contribui para a reincidência”, afirma o especialista em segurança pública e
professor do programa de mestrado e doutorado de ciências sociais da PUC Minas, Luis Flávio
Sapori, que elaborou a pesquisa em parceria com Roberta Fernandes Santos e Lucas Wan Der
Maas.
Segundo ele, a aceitação da família e a reinserção no mercado de trabalho são essenciais para
o período após a prisão. “Se ele consegue essas duas coisas, a chance de reincidência
certamente vai diminuir muito. Um grande desafio é o estigma; as empresas mineiras, de forma
geral, têm muita resistência em contratar egressos dos sistema prisional”, diz.
A pesquisadora Vanessa Andrade pontua também a necessidade de políticas públicas de
acolhimento aos egressos. “Eles são deixados à própria sorte e, quando saem da prisão, são
expostos às mesmas situações que os levaram à prisão, e vira um círculo vicioso”, diz.
Sistema prisional. A Secretaria de Estado de Administração Prisional (Seap) administra 197
unidades prisionais em Minas Gerais, que conta com um total de 38 Apacs.
Trabalho.  A Secretaria de Estado de Administração Prisional (Seap) possui uma diretoria
específi ca que promove a possibilidade de trabalho e profi ssionalização para presos por meio
de parcerias com empresas. Há remuneração e remição de pena (a cada três dias trabalhados,
menos um na pena). Atualmente, 18.269 presos trabalham em Minas, segundo a pasta.
Estudo. Conforme a Seap, 8.124 presos estudam em escolas estaduais que funcionam dentro
dos presídios, no ensino superior a distância e em cursos profi ssionalizantes.
Despreparada, mais da metade dos presos volta à criminalidade. O tempo, 20 mai. 2019. Disponível em: https://www.otempo.com.br/
cidades/despreparada-mais-da-metade-dos-presos-volta-a-criminalidade-1.2183725. Acesso em: 10 dez. 2019.

TEXTO 03
O ano de 2017 começou com o novo capítulo de uma história velha. A morte de 60 detentos em
presídios do Amazonas chamou atenção do país e chocou o mundo.  Mais uma vez, a guerra de

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facções criminosas dentro de presídios brasileiros expôs a fragilidade do sistema penitenciário


do país. Especialistas e profissionais que vivem de perto a rotina dos presídios mostram que o
sistema é falho e contribui para episódios como de Manaus.
As más condições a que presos são submetidos facilitam o crescimento de facções criminosas
dentro dos presídios, nos quais o Estado tem cada vez menos influência. “O que acontece é que
criamos um modelo para impedir a fuga de certos indivíduos, mas você os deixa se virarem lá
dentro. Então, isso facilita a vida de organizações criminosas que tomam conta da cadeia”,
afirmou o doutor em ciência política e ex-secretário de Segurança Pública Guaracy Mingardi.
Segundo ele, o sistema penitenciário sequer pode ser chamado de “sistema”. É uma “coisa
dispersa”, onde cada lugar tem uma regra diferente. De acordo com Mingardi, o Brasil precisa
repensar a situação dos seus presos e o motivo pelo qual estão encarcerados.
“O Brasil é um dos países com o maior número de presos sem nenhum resultado. Existem
pessoas presas por coisas que nem precisaria, e não estou falando de homicídio ou assalto à
mão armada. Precisamos pensar mais em outras formas que não sejam só aumentar o tamanho
das penas”.
Presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Carlos Lamachia disse acreditar
que as cadeias são locais onde pequenos infratores se tornam verdadeiros bandidos. “Acho que
o Brasil prende mal e, quando prende, em determinadas circunstâncias, ainda alimenta o crime.
Encarceramos alguém por um acidente menor. Aí, colocamos essa pessoa dentro de um
presídio, no qual ele vai conviver com presos de altíssima periculosidade”
Secretário de Segurança Pública do Amazonas, Sérgio Fontes afirmou concordar em medidas
que reduzam o número de presos. As audiências de custódia, que aceleram o julgamento para
detidos em flagrante e preveem o uso de penas alternativas à prisão, são um exemplo.
Entretanto,   ele defende a ação da polícia. E explica que a polícia “não escolhe” quem deve
prender.
“Sou totalmente favorável às audiências de custódia, a medidas que procuram encarcerar
menos, mas que não dependem da polícia. Dizem que a gente prende muito e prende mal. Na
verdade, não temos opção. Cometeu o crime, tem de prender. [...] Quem escolhe se permanece
[preso] ou não é o Judiciário”. Para ele, a forma do Estado retomar o controle dos presídios é
investir na disciplina dos presos.
“Eles têm de saber que é o Estado que controla. É preciso retomar, com procedimentos que não
são bem desejados. A tendência da gente é querer paz. Então, vamos abrindo mão, dando
regalias e, quando vemos, o controle foi perdido”. Mingardi lembrou que as estruturas do Estado
são voltadas a prender mais, e não menos.
Más condições das prisões facilitavam crescimento de facções, dizem especialistas. Agência EBC, 14 jan. 2017. Disponível em: http://
agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2017-01/mas-condicoes-das-prisoes-facilitam-crescimento-de-faccoes-dizem-especialistas. Acesso em 10
dez. 2019.

PROPOSTA DE REDAÇÃO
A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo
de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa
sobre o tema: “Efeitos do superencarceramento no Brasil contemporâneo”. Selecione,
organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto
de vista.

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TEMA 24

Impactos da inversão da pirâmide etária no Brasil


TEXTO 01
Iniciada de forma tímida a partir dos anos 1940, a transição demográfica no Brasil se acentuou
após a década de 1960, com o declínio expressivo nos níveis de fecundidade, redução na taxa
de crescimento populacional e alterações na pirâmide etária. Isso resultou no incremento mais
lento do número de crianças e de adolescentes paralelamente ao aumento contínuo da
população em idade ativa e da população idosa.
Pirâmide etária brasileira foi invertida nos últimos 70 anos. Disponível em: http://www.brasil.gov.br/economia-e-emprego/
2016/10/piramide-etaria-brasileira-foi-invertida-nos-ultimos-70-anos. Acesso em: 26 mai. 2019.

TEXTO 02
Uma projeção da população brasileira em 2050 comparada com a população da França em
2005, feita pelo presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Eduardo
Pereira Nunes, em audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), expôs os riscos a
que estão expostos a Previdência Social e o sistema de saúde pública.
Nunes demonstrou que a pirâmide etária da população brasileira de 2050 será muito semelhante
à da França em 2005. Na base, segundo o presidente do IBGE, estão as pessoas de até quatro
anos e no topo estão as com mais de 80 anos.
Feita com base nas tendências de crescimento da população brasileira, identificadas pelo Censo
de 2010, a pirâmide mostra o estreitamento da base, em função da diminuição dos níveis de
fecundidade, e o alargamento do topo, decorrente da redução dos níveis de mortalidade.
Diante de uma situação semelhante, a França foi obrigada em 2010 a fazer uma reforma que
aumentou as idades mínimas de aposentadoria de 60 para 62 anos e de recebimento de pensão
integral de 65 para 67 anos. As mudanças desencadearam greves de âmbito nacional, que
envolveram trabalhadores dos setores privado e público.
Pirâmide etária mostra riscos para a Previdência, alerta IBGE. Senado notícias. Disponível em: https://www12.senado.leg.br/
noticias/materias/2011/06/07/piramide-etaria-mostra-riscos-para-previdencia-alerta-ibge. Acesso em: 27 mai. 2019.

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50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA

TEXTO 03
O  aumento do número de idosos demanda soluções para os problemas que as instituições
hospitalares já começaram a enfrentar e, sobretudo, um redesenho dos sistemas de saúde, com
mudanças importantes no cuidado prestado.
O ritmo acelerado do envelhecimento da população ilustra a magnitude deste desafio. Segundo
a Organização Mundial de Saúde (OMS), a expectativa de vida hoje é de 74 anos e será de 81
anos em 2050. No Brasil, a expectativa de vida aumentou de 43 para 75 anos de 1945 a 2013. A
pirâmide populacional encontra-se em transformação e sofrerá inversão, levando a predomínio
de idosos em relação às crianças. Em 30 anos, o número de idosos quintuplicou e até 2050 será
sete vezes maior. Em nosso país, a alteração da pirâmide etária ocorreu em um terço do tempo
se comparado aos países desenvolvidos. 
A transição epidemiológica acompanha a demográfica. Em nosso meio, a prevalência de
doenças infecciosas e crônicas não transmissíveis demanda maiores recursos e arranjos
peculiares do sistema de saúde.
Esta rápida evolução aumenta a importância e a necessidade de o país administrar e assimilar a
inversão da pirâmide etária com maior rapidez do que os sistemas europeus, que enriqueceram
primeiro, para depois envelhecer. Em alguns segmentos, a população de beneficiários apresenta
hoje a estrutura etária prevista para o ano de 2030. A faixa etária dos acima de 65 anos utiliza
mais os serviços de saúde, sobretudo hospitais, as hospitalizações são mais longas, a
mortalidade maior, bem como as admissões em unidades de terapia intensiva e a taxa de
institucionalização.
Esta nova realidade aponta a urgência de remodelamento do sistema de saúde e de seu
financiamento. Há necessidade de desenvolvimento de serviços voltados para atender à
demanda da população que envelhece rapidamente e em grande quantidade.
Envelhecimento populacional e as repercussões na saúde. Diagnóstico web: gestão de saúde. Disponível em: http://
www.diagnosticoweb.com.br/especiais/envelhecimento-populacional-e-as-repercussoes-na-atividade-hospitalar.html. Acesso em 25 mai. 2019.

TEXTO 04
Com a mudança da estrutura etária brasileira, resultado da redução do número de jovens e do
aumento da população idosa, o Brasil deve passar por profundas transformações
socioeconômicas.
A principal delas diz respeito ao que especialistas chamam de "bônus demográfico" ou "janela de
oportunidades".
O conceito engloba as oportunidades que surgem para o país quando o número de pessoas
consideradas economicamente produtivas (as que o IBGE considera em idade de trabalhar,
entre 15 a 64 anos) é maior do que a parcela da população dependente (ou seja, menores e
idosos que não trabalham).
Calcula-se que em 2013 cada grupo de cem indivíduos em idade ativa sustenta 46 indivíduos.
Segundo as estimativas do IBGE, até 2022 esse número irá caindo – indicando um grande
número de pessoas economicamente ativas. Nesse ano, porém, ocorrerá uma inversão,
chegando em 2033 ao mesmo nível de 2013.
Já em 2060, a proporção deverá ser de 65,9, ou seja, cada grupo de cem indivíduos em idade
ativa sustentará 65,9 indivíduos.

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50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA

Número de idosos no Brasil vai quadruplicar até 2060, diz IBGE. BBC News Brasil. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/
noticias/2013/08/130829_demografia_ibge_populacao_brasil_lgb. Acesso em: 26 mai. 2019.

PROPOSTA DE REDAÇÃO
A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo
de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa
sobre o tema: “Impactos da inversão da pirâmide etária no Brasil”. Selecione, organize e
relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

TEMA 25

Alienação parental em debate no Brasil


TEXTO 01
Art. 227 É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao
jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à
profi ssionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e
comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração,
violência, crueldade e opressão.
BRASIL. Constituição Federal de 1988. Disponível em: https://www.senado.leg.br. Acesso em: 9 dez. 2018.

TEXTO 02

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50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA

Disponível em: https://www.olharjuridico.com.br/noticias/exibir.asp?id=38419&noticia=alienacao-parental-e-abuso-e-pode-causar-


destituicao-do-poder-familiar-explica-advogado. Acesso em: 10 dez. 2019.

TEXTO 03
Alienação parental consiste na interferência psicológica provocada na criança ou adolescente
por um dos seus genitores contra outro membro da família que também esteja responsável pela
sua guarda e vigilância.
O intuito da pessoa que provoca a alienação parental é criar desavenças e sentimentos
negativos na criança em relação a determinado genitor, como o pai ou a mãe, por exemplo.
No Brasil, a alienação parental é considerada um crime, conforme previsto na lei nº 12.318, de
26 de agosto de 2010 (conhecida por “Lei da Alienação Parental”).
Entre as ações que tipificam a alienação parental, conforme estabelecido no artigo 2º da lei,
está:
I - realizar campanha de desqualificação da conduta do genitor no exercício da paternidade ou
maternidade;
II - dificultar o exercício da autoridade parental;
III - dificultar contato de criança ou adolescente com genitor;
IV - dificultar o exercício do direito regulamentado de convivência familiar;
V - omitir deliberadamente a genitor informações pessoais relevantes sobre a criança ou
adolescente, inclusive escolares, médicas e alterações de endereço;
VI - apresentar falsa denúncia contra genitor, contra familiares deste ou contra avós, para obstar
ou dificultar a convivência deles com a criança ou adolescente;
VII - mudar o domicílio para local distante, sem justificativa, visando a dificultar a convivência da
criança ou adolescente com o outro genitor, com familiares deste ou com avós.
Ainda de acordo com a lei, a desqualificação de um dos progenitores através da alienação
parental deve ser punida em proporção com a gravidade do caso, que pode ser desde uma
advertência formal ao alienador até o pagamento de multas e suspensão da autoridade parental.
O que é alienação parental. Significados. Disponível em: https://www.significados.com.br/alienacao-parental/. Acesso em 10 dez.
2019.

PROPOSTA DE REDAÇÃO
A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo
de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa

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sobre o tema: “Alienação parental em debate no Brasil”. Selecione, organize e relacione, de


forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

TEMA 26

Obstáculos enfrentados pela geração Z


TEXTO 01
Eles não conheceram o mundo sem internet, não diferenciam a vida on-line da off-line e querem
tudo para agora. São críticos, dinâmicos, exigentes, sabem o que querem, autodidatas, não
gostam das hierarquias nem de horários poucos flexíveis. São os jovens da Geração Z, que
nasceram depois de 1995, e que agora começam a entrar no mercado de trabalho bastante
confiantes. A chegada dessa nova geração ao meio organizacional já causa certos impactos por
conta das características peculiares desses jovens e vai exigir que empresas se adaptem e
apliquem novas práticas para atrair e reter esses profissionais.
"Eles enxergam o mundo diferente. Sua relação com o tempo é outra, é online, a maneira como
lidam com hierarquias e a autoridade, enfim, tudo é diferente para a geração deste milênio e as
organizações devem se inspirar nela", afirma o doutor em comunicação Dado Schneider. Ele
estuda o comportamento dessa nova geração há anos e acredita que ela será revolucionária.
Hoje, na opinião do especialista, os jovens não se submetem à condições de trabalho que não
os satisfaçam. "Mas não os considero arrogantes, eles apenas sabem o que querem.
Diferentemente da Geração X (nascidos entre o fim de 1960 e 1980), que aceita as normas de
trabalho, e da Geração Y (nascidos entre 1980 e 1995), que finge que aceita, eles são
questionadores e possuem bons argumentos. A verdade é que eles são bastante maduros,
assertivos e vão ser os chefes da geração Y em poucos anos", prevê.
A estudante Mariana Orteblad, de 17 anos, é uma típica nativa digital. Usa o celular o dia inteiro
e,  quando qualquer dúvida surge, não pensa duas vezes, consulta logo o Google. Smartphone,
tablet e redes sociais fazem parte da vida dela para se relacionar com os amigos, assistir a

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filmes e estudar. Segundo a jovem, apenas dessa maneira consegue acompanhar a velocidade
e a abundância de informações. Nas aulas do cursinho, a estudante ainda escreve algumas
anotações a lápis, mas confessa que é muito mais rápida digitando na tela do smartphone.
Mariana vai prestar vestibular para administração a pedidos dos pais, que são de uma geração
em que fazer carreira em uma mesma empresa era sinônimo de segurança financeira e sucesso.
"Eu até tenho vontade de trabalhar em uma multinacional, quem sabe na área de marketing, mas
não para sempre. Meu sonho mesmo é ser atriz de TV. Resolvi fazer duas faculdades, uma de
teatro e outra de administração, caso esse desejo de ser atriz não dê certo. O importante mesmo
é ter prazer no que vou fazer. Acho muito mais importante do que o dinheiro que vou ganhar",
afirma.
Pesquisas mostram, que assim como Mariana, os nativos digitais são menos motivados por
dinheiro que a Geração Y e têm mais ambições empreendedoras. A pró-atividade com relação
aos meios digitais também levam muitos a desejarem ter sua própria start-up. "Eles não
nasceram para serem empregados e sim para empreender e empregar. O trabalho para eles
precisa ser uma extensão da casa. Essa geração vai nos ensinar a ter prazer com o trabalho",
explica Schneider.
A estudante Alessandra Agrumi, de 18 anos, é prova disso. Há um ano, o que começou como
uma brincadeira para ela acabou se transformando em um site, que já possui parcerias com
algumas empresas e que ela pretende transformar em um negócio com patrocinadores. A página
aborda temas de moda e estilo de vida para o público adolescente. Apaixonada por tecnologias,
Alessandra conta que "seu primeiro bom dia e seu último boa noite é para o celular", onde pode
atualizar rapidamente as informações do seu blog no Facebook e no Instagram. Ela também
possui um canal no YouTube em que produz vídeos sobre o mundo da moda. "Quando me
formar em administração, quero ter uma empresa relacionada ao mercado de roupa de luxo e
todas essas redes que venho mantendo serão uma maneira de promover o meu negócio."
Além da veia empreendedora, não é novidade que o costume de se dedicar quase toda a
carreira a uma só empresa veio mudando ao longo das últimas gerações. Porém, foi com a
Geração Z que essa tendência se consolidou. "Até mesmo as empresas já estão aceitando
melhor os currículos dos profissionais que ficam menos tempo em um lugar, com passagens
rápidas por elas. Isso antigamente não era bem visto pelas consultorias que contratam", explica
Diogo Forghieri, gerente regional da Randstad Professionals, especializada em recrutamento e
seleção de profissionais.
Diferentemente da Geração Y, os nativos digitais não têm em mente o conceito "work hard, play
hard". O jargão sempre foi usado pelos jovens que se esforçavam muito no trabalho para ganhar
bem e ter tudo que desejavam. De acordo com a coach Marie-Josette Brauer, os Y gastam com
audácia e poucos limites enquanto que grande parte dos Z prefere economizar. "A geração
anterior cresceu em um momento de economia forte e a atual cresceu com o terrorismo,
complexidade e volatilidade", explica.
Flexibilidade no trabalho
Os nascidos neste milênio não querem abrir mão do seu tempo livre. Não consideram que
trabalhar muito e ficar no escritório horas depois do fim do expediente seja gratificante. Além
disso, eles preferem trabalhar de casa. Oito em cada dez brasileiros da Geração Z exigem
condições de trabalho mais flexíveis que as gerações anteriores, aponta uma pesquisa da
Randstad.

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A estudante de Artes Visuais Yasmim Coolwijk, de 20 anos, atribui sua recente demissão à
pouca flexibilidade da então chefe. A jovem trabalhava em uma loja de roupas, mas foi demitida
na semana passada após  meses de contrato. O motivo? Faltou um dia de trabalho. "Tive uma
festa de formatura de um amigo e no outro dia estava muito cansada e com ressaca. Falei com a
minha ex-chefe que não seria nem um pouco produtivo que eu fosse trabalhar. Dez dias depois,
ela me demitiu explicando que esse comportamento não era aceitável. Ela era muito rígida,
nesse caso foi uma festa, mas ela já não admitia nem 5 minutos de atraso, mesmo se eu
explicasse que estava voltando da faculdade. Ela se esqueceu quantas vezes eu fiz horas extras
no Natal?", explica.
Faltar o trabalho depois de uma festa pode parecer inaceitável aos olhos das novas gerações,
mas as empresas que compreenderem as peculiaridades deste novo grupo profissional e
estiverem dispostas a se adaptarem a essa geração sairão na frente. "O comportamento tanto
dos jovens quanto das organizações está em constante mudança e evolução. As empresas
precisam estar atentas e ter flexibilidade para alinhar suas práticas e programas para estarem
sempre atualizadas, colaborando na retenção e desenvolvimento de futuros talentos", afirma a
gerente de aquisição de talentos da AkzoNobel.
A coach Marie-Josette ressalta, entretanto, que é importante que as companhias se perguntem
se realmente estão prontas para a Geração Z. "Esses jovens podem dar muita dor de cabeça, e
muito grave, se a empresa não atender às suas necessidades, tanto como clientes quanto como
funcionários", afirma.
No campo da carreira, o mercado observa que há uma tendência a que sejam futuros
profissionais com abordagem mais generalista, de acordo com Forghieri, da Randstad
Professionals. Por isso, há uma preocupação por ausência de especialistas em algumas áreas.
"Isso acontece por causa do amplo acesso que a Geração Z tem às informações, por meio da
internet, utilizando ferramentas como smartphones, tablets etc. Eles recebem muita informação,
mas não se aprofundam em nada", afirma.
Conheça a Geração Z: nativos digitais que impõem desafios às empresas. El país, 23 fev. 2015. Disponível em: https://
brasil.elpais.com/brasil/2015/02/20/politica/1424439314_489517.html. Acesso em: 10 dez. 2019.

TEXTO 02
O que é a geração Z. Significados. Disponível em: https://www.significados.com.br/geracao-z/. Acesso em: 10 dez. 2019.

TEXTO 03
Altamente conectados, inovadores, criativos, ágeis e engajados. Mas também ansiosos e com
uma boa dose de resistência à hierarquias e críticas. Abertos à diversidade e preocupados com
a sustentabilidade, não aceitam ofertas que consideram ruins apenas pelo dinheiro, dando mais
valor ao propósito de onde vão trabalhar do que a posições altas na empresa. Preferem horário
flexíveis. E, ainda, estão mais propensos a ser empreendedores e criar relações de trabalho
cada vez mais virtuais.
Talvez você não se encaixe em nenhuma das definições acima. Mas não se preocupe, pois esse
é o perfil do profissional do futuro, que já começa a fazer parte de indústrias, escritórios e
agências por todo mundo. Essas características são comuns — embora não definitivas — da
chamada Geração Z (ou Gen Z), um grupo de pessoas nascidas entre 1995 e 2000 e que,
agora, estão entrando no mercado de trabalho.
— A Geração Z é ligada socialmente por meio dos meios eletrônicos, quer resolver tudo rápido,
leva inovação às empresas e busca, constantemente, melhores desafios na carreira. Eles

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prezam por um ambiente dinâmico para trabalhar, com crescimento profissional acelerado e
liberdade para falar de igual para igual entre todos de uma equipe, e preferem jornadas flexíveis
— define a gerente de RH da UniCarioca, Cristina Telles, que destaca também o grande
potencial deles para a criação e a inovação.
Avessos a críticas
Em contrapartida, outro traço desse grupo recém-chegado ao mercado é a dificuldade de aceitar
críticas.
Outra característica dos “Gen Z” é que, por serem de uma geração que já nasceu dentro de um
universo digital, com acesso rápido às informações, podem ter dificuldades para desenvolver um
raciocínio analítico e mais profundo, além de trazerem um comportamento mais individualista.
O coordenador do curso Master em Liderança e Gestão de Pessoas da Fundação Getulio
Vargas (FGV) e coordenador do módulo de Liderança e Alto Desempenho do Programa CEO
FGV, João Brandão, corrobora que é uma geração engajada, ágil na busca por informações e
com resistência às críticas.
— Uma característica boa dessa geração é saber conciliar bem o trabalho e o lazer e, se a
empresa souber valorizar seu perfil inovador, pode ser bem produtiva. Por outro lado, se levar
uma dura, não sabe o que fazer, pois não tem muito amadurecimento emocional, e não sabe
lidar com barreiras — diz o professor.

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Outra marca dessa nova juventude, aponta o professor, é a vontade de ser protagonista:
— De uma forma geral, esse jovem quer dar opinião e se manifestar. Ele tem uma consciência
social e econômica, valoriza o que é sustentável, e se preocupa em fazer parte da mudança
daquilo que acredita para o mundo. E tende contra o capitalismo, preferindo estar em um lugar
com qual se identifica com o propósito da empresa e do que a faz ganhar mais, por exemplo —
completa
Há duas outras peculiaridades dessa Geração Z. Uma é a propensão para empreender mais. Outra,
que apreciam o trabalho remoto e em poder administrar o próprio tempo. Essas duas características
trazem novas relações de trabalho e reflete em todo o mercado. O home office , por exemplo, que era
uma exceção, passa a ser cada vez mais aceito, levando, inclusive, os empregadores a pensarem em
novas formas de monitoramento.
Trabalhar sem espaço físico, remotamente, é outro modelo que deve ser cada vez mais aceito,
assim como o jovens empreendedores, chefes de si mesmo, que entregam demandas e não
cumprem horários fixos.
Segundo Luis Testa, diretor da Catho, há uma tendência cada vez maior de as pessoas
trabalharem por demanda e remotas, com vínculos diferentes dos tradicionais.
— Essa geração está acostumada a se relacionar entre si e com sua família virtualmente, e não
fisicamente. As empresas estão vendo isso cada vez mais e se estruturando para oferecer o trabalho
remoto — afirma Testa.
De acordo com os especialistas, não devem haver muitos conflitos entre as gerações Z e Y, até
porque a diferença é pequena, de cerca de 10 anos.
Entretanto, a postura frente às chefias deve mudar. Segundo o professor Brandão, diferentemente das
gerações anteriores, que respeitavam a hierarquia sem questionamento, essa é uma geração que,
assim como busca identidade em sua função, quer servir quem admira e acredita que o chefe deve
conquistar seu respeito.
— A geração X, como a do pós-guerra, é aquela que lutou muito e aguentou trabalhos nem tão
bons para dar melhor vida aos filhos, além de vestir a camisa e ser mais obediente aos
superiores. Já a Y, nascida nos anos 80, deu valor ao status, a cargos de liderança e a dinheiro,
mas não aceitava tudo, embora respeitasse as hierarquias. A geração Z, por sua vez, busca a
satisfação. Ela pode trabalhar 14 horas do dia, mas precisa estar engajada. Querem se envolver
em um trabalho em que acreditam e ter sua submissão conquistada — resume Manoela Costa,
gerente executiva da Page Talent, especialista de recrutamento de trainee e estágio.
Geração Z chega ao mercado de trabalho e muda vínculos. O globo. Disponível em: http://oglobo.globo.com. Acesso em: 10 dez.
2019.

PROPOSTA DE REDAÇÃO
A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo
de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa
sobre o tema: “Obstáculos enfrentados pela Geração Z”. Selecione, organize e relacione, de
forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

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TEMA 27

Caminhos para o combate à pirataria no Brasil

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TEXTO 01
O contrabando, a pirataria e a falsificação de produtos geraram um prejuízo à economia nacional
de cerca de R$ 160 bilhões em 2018, segundo um levantamento divulgado nesta sexta-feira (15)
pelo Instituto de Desenvolvimento Econômico e Social de Fronteiras (Idesf) e Associação
Brasileira de Combate à Falsificação (ABCF).
De acordo com a pesquisa, o valor – 14% maior que o registrado em 2017 – é o que a indústria
nacional e os órgãos de tributação deixaram de arrecadar no ano passado com a prática ilegal.
Para os dois órgãos, a forte carga tributária sobre determinados produtos tem impacto negativo
na competitividade com outros mercados, tornando as mercadorias estrangeiras mais viáveis
financeiramente para os consumidores.
“O contrabando e o mercado ilegal crescem exponencialmente, muito disso em virtude também
do aumento da tributação na indústria nacional - que faz com que os produtos originais percam
competitividade -, aliado ao mau momento da economia brasileira e da perda de poder aquisitivo
de boa parcela da população e à esparsa fiscalização nos portos e fronteiras”, destaca o
relatório.
Contrabando e pirataria causaram prejuízo de R$160 bilhões em 2018, aponta pesquisa. G1, 15 mar. 2019. Disponível em: https://
g1.globo.com. Acesso em: 10 dez. 2019.

TEXTO 02

Brasil é o quarto país que mais consome pirataria no mundo, diz estudo. Site Techmundo, 23 mar. 2018. Disponível em: https://
www.tecmundo.com.br/mercado/128532-brasil-4-pais-consome-pirataria-mundo-diz-estudo.htm. Acesso em: 10 dez. 2019.

TEXTO 03

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50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA

Brasil perde R$146,3 bilhões para o mercado informal. Folha de S.


Paulo, 21 mar. 2018. Disponível em: https://temas.folha.uol.com.br/
contrabando-no-brasil/uma-muralha- da-china-por-ano/mercado-ilegal-
cresce-no-pais-em-plena-crise-de- seguranca.shtml. Acesso em: 10
dez. 2019.

TEXTO 04
A apreensão de contrabando no Brasil foi recorde em 2017: a Receita Federal resgatou R$ 2,3
bilhões em produtos irregulares. É o maior valor desde 2010, e representa crescimento de quase
10% em relação a 2016.
Na estimativa da indústria, as perdas para o mercado paralelo saltaram de R$ 89,3 bilhões em
2016 para R$ 100,2 bilhões no ano passado.
Na lista de itens confiscados há de cabelos a aeronaves, de inseticidas a máquinas caça-
níqueis, de pneus para trator a videogames.
No topo do ranking está o cigarro, com 221 milhões de maços recolhidos. Se colocados em linha
reta, alcançariam 26,5 mil quilômetros de comprimento. Mais do que a extensão da Muralha da
China (21,2 mil quilômetros).
A escalada do contrabando. Folha de S. Paulo, 21 mar. 2018. Disponível em: https://temas.folha.uol.com.br/contrabando-no-brasil/
uma-muralha-da-china-por-ano/mercado-ilegal-cresce-no-pais-em-plena-crise-de-seguranca.shtml. Acesso em: 10 dez. 2019.

PROPOSTA DE REDAÇÃO

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50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA

A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo
de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa
sobre o tema: “Caminhos para o combate à pirataria no Brasil”. Selecione, organize e
relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

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TEMA 28

Avanços tecnológicos e reprodução das desigualdades sociais


TEXTO 01
Quem é mais preciso para calcular as chances de um réu cometer novos crimes: um software
utilizado pela justiça americana ou um bando de palpiteiros na mesa de boteco sem nenhuma
formação na área? O resultado, por incrível que pareça, é um empate técnico, de acordo com
um estudo publicado pelos pesquisadores Hany Farid e Julia Dressel, do Dartmouth College. Na
pesquisa, o programa COMPAS, amplamente usado pela justiça dos EUA para prever a
reincidência  criminal, teve sucesso em 65% das previsões, enquanto os humanos acertaram
67% dos chutes.
E se isso já seria preocupante por si só, o cenário fica ainda pior com o conhecimento de que o
tal software tende a prever de maneira equivocada a reincidência criminal de pessoas negras,
apontando o dobro da probabilidade em comparação com brancas. Esse é um caso emblemático
do que tem sido chamado de discriminação algorítmica, quando sistemas matemáticos ou de
inteligência artificial são afetados por informações enviesadas que alimentam seu
funcionamento. Em contrapartida à crença tecnocrática de que a eliminação do fator humano
traria mais clareza e objetividade a processos sensíveis conduzidos por máquinas, o que tem
sido observado é a reprodução de antigos preconceitos.  Em contrapartida à crença tecnocrática
de que a eliminação fator humano traria mais clareza e objetividade a processos sensíveis
conduzidos por máquinas, o que tem sido observado é a reprodução de antigos preconceitos.
Preconceito das máquinas: como algoritmos podem ser racistas e machistas. Tilt: o canal sobre tecnologia do UOL, 24 abr. 2018.
Disponível em: .https://www.uol.com.br. Acesso em: 10 dez. 2019.

TEXTO 02

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50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA

Tranças bonitas e tranças ferias: o algoritmo do Google tende ao racismo. Site Catraca Livre, 2 jul. 2019. Disponível em: https://
catracalivre.com.br/cidadania/trancas-bonitas-e-trancas-feias-algoritmo-do-google-tende-ao-racismo/. Acesso em: 10 dez. 2019.
TEXTO 03
O resultado no site de buscas do Google para quem busca o significado da palavra professora
tem causado polêmica na internet. Isso porque, ao fazer buscas como "professora significado", o
internauta é apresentado com algumas definições, entre as quais "prostituta com quem
adolescentes se iniciam na vida sexual".
O resultado da busca começou a ser comentado nesta terça-feira (22/10), o que fez com que a
palavra professora se tornasse o termo mais procurado no Google. Após a constatação, muitos
internautas passaram a reclamar do resultado. "É extremamente errado, desrespeitoso e
ofensivo. De todos os problemas que a profissão já enfrenta, ainda vem alguém e faz isso",
escreveu uma usuária do Twitter.
Definição é antiga e está nos dicionários
Procurado, o Google informou que trabalha para licenciar conteúdos de dicionários parceiros,
que são exibidos diretamente na busca. "Os resultados incluem usos coloquiais que podem
causar surpresa, mas não temos controle editorial sobre as definições fornecidas por nossos
parceiros que são os especialistas em linguagem. Reconhecemos a preocupação neste caso e
vamos transmiti-la aos responsáveis pelo conteúdo", informou a plataforma. 

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50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA

De fato, o Correio constatou que em diversos sites on-line de dicionários a definição que causou
polêmica aparece. Entre eles, as versões digitais de Houaiss, Michaelis, Aurélio e
Aulete. Também foram consultadas edições impressas de 1999 e 2010 do Dicionário Aurélio e de
2009 do Houaiss. Nas três, também ocorre o registro de prostituta como um dos possíveis
significados de professora.
“Professora” como sinônimo de “prostituta” causa polêmica na internet. Correio Brasiliense, 22 out. 2019. Disponível em: https://
www.correiobraziliense.com.br. Acesso em: 10 dez. 2019.

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de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa
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de vista.

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TEMA 29

Nomofobia no cotidiano do jovem brasileiro


TEXTO 01

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Nomofobia: o perigo do uso excessivo do celular no dia a dia. Jornal do Comércio, 3 mar. 2018. Disponível em: https://
jconline.ne10.uol.com.br/canal/cidades/saude/noticia/2018/03/03/nomofobia-o-perigo-do-uso-excessivo-do-celular-no-dia-a-
dia-329915.php. Acesso em: 10 dez. 2019.

TEXTO 02
As pessoas que apresentam uso abusivo do celular têm maior chance de desenvolver
transtornos psiquiátricos como ansiedade, depressão e sintomas de impulsividade, embora a
relação de causa-efeito nem sempre seja fácil de ser estabelecida. Problemas físicos
frequentemente ocorrem, incluindo fadiga, patologia ocular, dores musculares, tendinites,
cefaleia, distúrbios do sono e sedentarismo. Além disso, é evidente a maior propensão em se
envolver em um acidente automobilístico e de sofrerem quedas ao andar.
Nomofobia: a dependência do telefone celular. Este é o seu caso? Veja, 4 abr. 2017. Disponível em: https://veja.abril.com.br/blog/
letra-de-medico/nomofobia-a-dependencia-do-telefone-celular-este-e-o-seu-caso/. Acesso em 10 dez. 2019.

TEXTO 03
Como muitos de sua geração, o estudante L.L., 29 anos, ama computadores. Mas o apego à
tecnologia começou a afetar os estudos, o trabalho, o relacionamento com a família e amigos.
Virou uma forma de evitar as pessoas. Foi quando viu que precisava de ajuda.
L.L. sofre de dependência digital, ou nomofobia (do original "no mobile fobia"), uma patologia
com consequências psíquicas, sociais e físicas.
Em setembro, ele iniciou o tratamento no Instituto Delete, o primeiro do Brasil especializado em
detox digital e que presta atendimento gratuito.
Instalado no Instituto de Psiquiatria (Ipub) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o
Delete foi criado em 2013 pela psicóloga Anna Lucia King e desde então avaliou 800 pessoas
com algum tipo de dependência tecnológica.
"Comecei a perceber que os pacientes tinham dependência de tecnologias como celular,
computador. Uma dependência não natural, mas relacionada a algum transtorno", conta Anna
Lucia
Os recém-chegados passam por uma triagem da equipe multidisciplinar do Delete e são
submetidos a questionários para identificar a origem da dependência.
"Fazemos uma entrevista psicológica. Depois o psiquiatra avalia se há algum transtorno
relacionado. Pode ser transtorno de ansiedade, pânico, obsessão compulsiva, fobia social",
explica Anna Lucia, que cita WhatsApp, Facebook, Instagram e jogos on-line como as
tecnologias com maior registro de dependência.
Tratar os transtornos relacionados - ou transtornos de base - pode exigir medicação. Além de
problemas emocionais, a nomofobia também causa prejuízos físicos.
A fisioterapeuta Mariana King Pádua, que atende no Delete, explica que o uso prolongado de
smartphones, por exemplo, causa tanta pressão no pescoço que faz a cabeça pesar de seis a
dez vezes mais que o normal, devido aos longos períodos em que fica inclinada.
"A musculatura do pescoço não é preparada para sustentar essa carga", explica.
O tratamento é oferecido durante algumas horas por semana e sua duração varia conforme o
caso. Os pacientes são divididos em três categorias: consciente, abusivo e dependente.

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- Linha tênue -O objetivo do tratamento não é demonizar as tecnologias, mas fazer com que os
dependentes aprendam a usá-las de forma saudável.
Exercícios, trocas de experiências e ensinamento da chamada "etiqueta digital", ou seja, as boas
práticas no uso das tecnologias, ajudam a transformar o uso abusivo em consciente.
Segundo o pesquisador e orientador especializado em Mídias Digitais no Delete, Eduardo
Guedes, usar muito a tecnologia por si só não indica dependência, mas todo usuário dependente
sempre a utiliza de forma exagerada.
"O uso abusivo é quando o virtual atrapalha o real, e você perde o controle. Esse nível de perda
de controle é algo muito tênue", explica.
- Uso consciente -A forte presença das tecnologias na vida moderna pode dificultar a
identificação do problema. Muitas vezes, o próprio usuário não percebe como a dependência
afeta sua vida e precisa da interferência de pessoas próximas para procurar ajuda.
Foi o caso do estudante H.B, de 24 anos, levado pela mãe ao Delete, onde trata desde agosto a
dependência em jogos de computador.
"Nem fui eu que notei [o problema]. A gente se acostuma com isso, é difícil largar", conta.
A moderação é difícil de se alcançar em um mundo onde tecnologias como a Internet são
onipresentes.
Segundo relatório da ONU sobre economia da informação, publicado em outubro, o Brasil é o
quarto país mais conectado do mundo em número de usuários na Internet.
O informe "Economia da Informação 2017: Digitalização, Comércio e Desenvolvimento", da
Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD), mostra que em
2015 o país tinha mais da metade da população (120 milhões de pessoas) conectada à Internet,
atrás de China (705 milhões), Índia (333 milhões) e Estados Unidos (242 milhões).
As atividades principais dos brasileiros se relacionam à comunicação (85%), como o envio de
mensagens pelo WhatsApp e o uso de redes sociais como Facebook, Instagram ou Snapchat
(77%), segundo o Comitê Gestor de Internet no Brasil, encarregado da utilização e
desenvolvimento da web no país.
No Brasil, a nomofobia ainda é um tema relativamente novo, mas Coreia do Sul, Japão e China
já consideram essa dependência um problema de saúde pública e têm centros de reabilitação.
Pacientes e terapeutas do Delete acreditam ser possível viver em harmonia com as tecnologias.
"Estou melhorando, fazendo exercícios. O problema do uso intensivo da Internet é que você
acaba deixando outras áreas da vida desguarnecidas", diz L.L.
Anna Lucia explica que o fim do tratamento não significa que os pacientes ficarão sem apoio.
"Muitos naturalmente deixam o grupo, mas fica em aberto. Quando acham necessário, eles
podem voltar", conclui.
Nomofobia: quando o uso de tecnologias vira doença. UOL Notícias, 6 nov. 2017. Disponível em: https://noticias.uol.com.br/ultimas-
noticias/afp/2017/11/08/nomofobia-quando-o-uso-de-tecnologias-vira-doenca.htm. Acesso em: 10 dez. 2019.

PROPOSTA DE REDAÇÃO
A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo
de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa

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sobre o tema: “Nomofobia no cotidiano do jovem brasileiro”. Selecione, organize e relacione,


de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

TEMA 30

Imperativo de opinião na sociedade brasileira contemporânea


TEXTO 01
Os ultracrepidários são pessoas que opinam sobre tudo sem ter conhecimento de quase nada.
São perfis que não hesitam em nos corrigir, em minimizar o nosso valor para se destacar em
qualquer circunstância e no meio de toda conversa.
Os ultracrepidários, longe de estarem em perigo de extinção, parecem estar cada vez mais
presentes. São aquelas pessoas que opinam sobre tudo sem ter conhecimento de nada. Eles
nunca se calam, nos corrigem, têm sugestões para qualquer assunto, querem consertar o
mundo e subestimam os verdadeiros especialistas em uma determinada área.
Ultracrepidários: pessoas que opinam sobre tudo. A Mente Maravilhosa, 13 abr. 2019. Disponível em: https://
amenteemaravilhosa.com.br/ultracrepidarios-pessoas-que-opinam-sobre-tudo/. Acesso em: 11 dez. 2019.

TEXTO 02

ARMANDINHO. Charge. In.: Pinterest. Disponível em: https://br.pinterest.com/pin/540854236480575771/?lp=true. Acesso em: 11


dez. 2019.

TEXTO 03
Wando morreu. E eis que, no dia de sua morte, na quarta-feira, em meio ao luto súbito e
homenagens póstumas de toda ordem (desde versões ilustradas para o hit “Fogo e Paixão” até
piadas sobre um dos temas favoritos do cantor, as calcinhas), o blog Não Salvo – um dos
maiores blogs de humor do Brasil – postou uma foto de Sidney Magal em sua página do
Facebook. Sobre a foto, um texto anunciava “Wando (1945-2012)” e citava um trecho da música
“Borbulhas de Amor”, do Fagner.

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Não era um erro. Foi de propósito, afinal o motivo era brincar com o fato de que as pessoas
acabam confundindo determinadas informações e, no calor da hora, misturam lé com cré.
Os leitores do blog não só entenderam a piada como a passaram para frente, compartilhando a
imagem em seus perfis na rede social. Mas como nem todo mundo conhece o site ou foi avisado
de que aquela imagem veio de um site de humor, não faltaram comentários que não apenas
corrigiam a imagem (“esse não é o Wando!”) como agrediam rispidamente a “ignorância” de
quem postou a informação “errada”.
(Cabe um parêntese rápido sobre essa agressividade típica da internet. Uma vez que não há o
contato próximo, é muito comum que se aproveitem desta frieza e distância da comunicação
online para a exibição de uma fúria ameaçadora. Antes do Facebook, reclamações, acusações e
ameaças ficavam escondidas sob o fato de que não era preciso se identificar para fazer
comentários em sites ou blogs. Depois do Facebook, em que a identificação é capital, essa
raivinha foi transformada em exibicionismo de opinião, com pessoas debatendo
interminavelmente – e apaixonadamente – sobre qualquer assunto que vier à pauta. Seja um
animal morto, uma declaração de um político, o resultado de um jogo ou um programa de TV –
todo mundo tem opinião formada sobre qualquer assunto. Depois dos trending topics do Twitter,
agora temos a polêmica do dia, no Facebook).
Mas é tudo uma questão de contexto. Como observa o fundador do site BuzzFeed, Jonah
Peretti, o Facebook e as redes sociais em geral misturam notícias sérias e fúteis no mesmo
ambiente – afinal, tais notícias interessam a qualquer um. Mas uma coisa é reclamar que a foto
exposta não é do Wando e sim do Sidney Magal. Outra coisa é sair compartilhando qualquer tipo
de informação sem checar de onde ela vem. É um exercício natural à prática do jornalismo que,
aos poucos, está sendo repassado para todo o público não-jornalista.
É fácil acabar com a reputação de uma pessoa em alguns posts no Facebook. O que aconteceu
com a Luíza, aquela, do Canadá, poderia não ser engraçadinho e curioso – e, sim, trágico, caso
o tema fosse diferente de um pitoresco comercial de TV. Misture isso ao fato de que muitos
passam para frente notícias sem nem mesmo checar de quando elas são e que há proliferação
de sites de humor que fingem ser publicações jornalísticas e temos um trem saindo dos trilhos
em nosso inconsciente.
Talvez seja a avalanche de informação, talvez seja algo que eu chamo de “a ressaca da web 2.0”
(que permitiu a qualquer um dizer o que pensa online – e agora estamos vendo todo mundo
dizer o que pensa só pelo simples fato que é possível dizer o que se pensa o tempo todo). Há a
clássica frase de Gilbert Chesterton que, no começo do século 20, disse que “não foi o mundo
que piorou, as coberturas jornalísticas é que melhoraram muito”.
Essa sensação de euforia e paixão – que pode ser boa ou ruim – é uma espécie de
desdobramento da constatação de Chesterton. Tanta informação faz que a gente queira
acompanhar esse ritmo da mesma forma, mas vale o novo ditado “Google before you tweet is
the new think before you speak” (“Usar o Google antes de twittar é o novo pense antes de falar”).
Sem um mínimo de ponderação, mergulhamos de cabeça no redemoinho de informação que
parece nos puxar para baixo. Mas essa força não age sozinho – é preciso que você dê o
primeiro passo. Por isso, calma.
Quem disse que todo mundo precisa ter opinião sobre tudo? Estadão. Disponível em: https://link.estadao.com.br/blogs/alexandre-
matias/quem-disse-que-todo-mundo-precisa-ter-opiniao-sobre-tudo/. Acesso em: 11 dez. 2019.

TEXTO 04

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Conheço algumas pessoas (na verdade, todos nós conhecemos) que, vez por outra estão
envolvidas em alguma polêmica nas redes sociais. Esse é o questionamento: por que tratar a
polêmica dos outros como nossa? Com a maravilha da internet (e das redes sociais), estamos
longe, e, ao mesmo tempo, muito próximos uns dos outros. E isso nos dá a impressão de que
temos direito de comentar tudo que o outro posta. Isso é certo e errado ao mesmo tempo.
Certo porque, quem se joga nas redes sociais, deve estar disposto a receber elogios e críticas. A
pessoa tem que saber que tem gente que passa o tempo todo monitorando a vida alheia, e que
está pronto para bater boca por qualquer assunto. Até por um rato dançando as pessoas
levantam bandeira. Matam virtualmente. Melhor tomar cuidado, senhor internauta!
Errado porque ninguém tem que se importar com que o outro fala. A pessoa tem liberdade para
escrever o que bem entende. É claro que sem ofender ninguém. Realmente existem babacas
que que passam o dia postando besteiras e agressões contra meio mundo, e você fica doido
para retrucar. Mas o melhor que a pessoa faz é não dar atenção a gente assim. Eu prometo que
a polêmica acaba bem mais rápido! Melhor tomar cuidado, senhor internauta!
Com essa, o melhor a se fazer é não se envolver em confusão. Afinal, uma pessoa não briga
sozinha. Aliás, se você não tiver gostado deste texto, deixa como está. Melhor manter a calma
(Mas se for para falar bem, comenta aqui embaixo).
COSTA, Iury. A necessidade de opinar. In.: Tribuna do Ceará. Disponível em: https://tribunadoceara.com.br/blogs/divagando/
cotidiano/a-necessidade-de-opinar/. Acesso em: 11 dez. 2019.

PROPOSTA DE REDAÇÃO
A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo
de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa
sobre o tema: “Imperativo de opinião em debate na sociedade brasileira contemporânea”.
Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de
seu ponto de vista.

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TEMA 31

A ideologia do cancelamento em debate no Brasil


TEXTO 01
A cerimônia do Oscar de 2019 não teve apresentador, lembra? O comediante Kevin Hart havia
sido escolhido para fazer a performance anual com as tradicionais piadinhas entre um prêmio e
outro, mas acabou não subindo ao palco porque foi cancelado.
No início de setembro, numa tentativa de deixar o passado racista para trás, o youtuber sueco
PewDiePie anunciou que iria doar dinheiro para a Liga Antidifamação, uma ONG de Nova York que
combate o racismo contra os judeus. Só que a instituição já foi criticada antes por movimentos de
esquerda e mais ainda pela ultradireita conservadora. Resultado: parte de seus seguidores, de todos
os espectros políticos, decidiu cancelá-lo.
Se você não usa o Twitter, a expressão pode ter soado meio confusa. Mas é isso mesmo: Kevin
Hart e PewDiePie foram cancelados.
As redes sociais cancelam pessoas a valer. Anitta, Taylor Swift e Nego do Borel já foram alvo da
chamada cultura do cancelamento. O termo se refere ao boicote a um artista ou celebridade que
tenha dito ou feito algo considerado moralmente errado — ou politicamente incorreto — pelos
padrões de determinado grupo. […]
É fácil achar um novo cancelado por dia, mesmo que sejam figuras de nicho, como cantores de
K-Pop ou youtubers. Depois de um ou dois dias em alta no Twitter, as hashtags costumam
perder força e os cancelados seguem suas vidas e carreiras.
Essa é uma das grandes críticas nas redes à cultura do cancelamento: ela não parece surtir
tanto efeito assim. […]
A especialista em direitos da mulher Loretta Ross não é contra apontar ações e discursos
preconceituosos. Ela só acredita que o linchamento virtual (antigamente, público e figurado) não
é a melhor maneira de apontar erros alheios. Em um texto de opinião intitulado (em tradução
livre) "Eu sou uma feminista negra. Eu acho que a cultura do cancelamento é tóxica", publicado
no jornal New York Times, ela argumenta que há maneiras melhores de se fazer justiça social.

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Ela compara essa prática ao ativismo da década de 1970, com o qual ela se envolvia como
feminista negra. "Criticava duramente mulheres brancas por não entenderem mulheres negras.
(...) Raramente questionava se a forma como eu abordava o privilégio branco delas era, na
verdade, contraproducente", reflete. Ela ainda lembra das vezes em que lhe passaram o pito
publicamente (em inglês, usa-se o termo call-out, além de cancel), ao usar linguagem
inapropriada para se referir a alguém. "Faz parte da curva de aprendizagem de todo mundo, mas
eu ainda me sentia machucada, envergonhada e na defensiva."
Por que cancelamos
"Em termos de comportamento de grupo, toda vez que a gente aponta alguém e a coloca em
situação de evidência, despersonaliza essa pessoa", afirma Fabiane Friedrich Schütz, doutora
em psicologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, como as pessoas se relacionam
em interações mediadas por tecnologias. Expor e xingar alguém em massa seria, portanto, um
reflexo disso. Esquecemos que aquela figura pública é, no fim das contas, gente como a gente, e
temos mais dificuldade de empatizar.
Essa prática vem desde antes da internet, como observa Loretta, mas é ampliada pelas novas
formas de participação nas discussões sociais, avalia André Luiz Maranhão de Souza Leão,
professor e pesquisador do programa de pós-graduação em Administração da Universidade
Federal de Pernambuco e coordenador do grupo de pesquisa Círculo de Estudos de Fãs, Mídia
e Entretenimento.
"O ser humano, em toda a sua história, sempre usou pessoas públicas e renomadas como uma
referência de comportamento", observa. "Você soma o fato de a vida social ser mais participativa
e engajada a um relacionamento diferente com as celebridades. Nas redes sociais elas se
colocam de forma mais próxima do público, mais vulnerável", avalia Leão.
Com a polarização -- sim, sempre ela -- , defender de forma apaixonada seus princípios pode
parecer ainda mais urgente. Medidas mais radicais, como cancelar alguém em vez de chamá-lo
para um debate (mesmo que online), se tornam usuais.
A psicóloga explica que esse comportamento também reflete nossa necessidade de
pertencimento. Cancelar alguém em grupo ajuda a reforçar uma identidade, para o bem ou para
o mal. "Quando a gente está na internet, tem mais possibilidade de encontrar pessoas parecidas
conosco do que no cotidiano — seja nas potencialidades, seja no que não é tão legal assim",
afirma.
Em defesa do cancelamento
Se por um lado prolifera o movimento contra o cancelamento sob o pretexto de que ele não
serve para educar alguém que fez um comentário preconceituoso, há quem defenda que a
prática é importante para estabelecer limites publicamente.
"É inevitável que a redenção chegará para o cancelado. Mas, antes disso, a melhor ferramenta
continua sendo que a corte da opinião pública exija um pedido de desculpas e use as redes
sociais para cobrar responsabilidade, criando um exemplo para as pessoas do entretenimento
que realmente se importam com as comunidades que consomem seu conteúdo", escreve a
autora Shamira Ibrahim na Vice, no texto “Em defesa da cultura do cancelamento”. Em outras
palavras, ela acredita que o puxão de orelha em público ajuda a prevenir futuros deslizes de
outras celebridades.

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Leão, da UFPE, concorda com esse ponto. "Gera uma situação de cuidado com certas opiniões
que são emitidas, coisas que falamos às vezes por impulso e no fundo revelam certos princípios
e valores que nem sempre vão ao encontro de certos grupos que precisam ser respeitados."
"Por outro lado, me preocupa a tendência do oba-oba. Quando a coisa é feita com base numa
reflexão, numa discussão, quando se trata do levantamento de uma agenda importante em
termos de representatividade, acho que é relevante. Mas às vezes a pessoa simplesmente falou
algo que não agrada e se cria esse cavalo de batalha", avalia o professor. Entre "cancelar o
cancelamento" ou manter tudo como está, há espaço para questionar atitudes preconceituosas e
gerar debates construtivos.
Todo mundo está de mal: o que a cultura do cancelamento diz sobre nós. UOL TAB, 20 set. 2019. Disponível em: https://tab.uol.com.br/noticias/
redacao/2019/09/20/todo-mundo-ta-de-mal-o-que-a-cultura-do-cancelamento-diz-sobre-nos.htm. Acesso em: 12 dez. 2019.

TEXTO 02
Fenômeno nas redes sociais, ato de boicotar figuras públicas que agem de forma considerada
ofensiva é muitas vezes menos efetivo do que gostariam seus adeptos e do que alardeiam seus
críticos
Além dos seus usos mais tradicionais – como deixar de assinar um serviço ou desmarcar um
compromisso agendado –, o verbo “cancelar” tem sido empregado com frequência,
recentemente, para pessoas. O ato de cancelar alguém costuma ser aplicado a figuras públicas
que tenham feito ou dito algo considerado condenável, ofensivo ou preconceituoso.
São inúmeros os exemplos de cancelados, e a lista aumenta a cada semana. O cancelamento é
primeiramente decretado numa rede social, onde gera uma onda de críticas e comentários. Depois
estampa manchetes e, normalmente, é seguido de uma retratação do cancelado, que pode ou não ser
acatada por seus críticos. […]
Cancelar alguém publicamente requer um anúncio, o que torna o alvo do cancelamento objeto
de atenção. Isso seria um contrassenso, na visão do artigo, uma vez que “o objetivo por trás do
cancelamento é muitas vezes negar essa atenção, para que a pessoa perca sua relevância
cultural”. […]
Quais as origens do fenômeno
Internacionalmente, a ideia de cancelar celebridades é relacionada ao movimento #MeToo, série
de denúncias de assédio sexual contra homens poderosos que se espalhou pelo mundo a partir
de 2017, e que fez com que vários agressores fossem “genuinamente ostracizados” em uma
onda cultural de alta velocidade impulsionada pelas redes sociais”, segundo descreve o
jornalista Osita Nwanevu em uma análise na revista americana New Republic.
Em meados de 2018, uma reportagem publicada no jornal New York Times explicava o
fenômeno ao declarar que todo mundo estava cancelado, citando Kanye West, Taylor Swift e
Gwen Stefani, entre outras celebridades.
Esse clamor pela responsabilização de pessoas públicas por seus atos e declarações tem
pautado o comportamento delas nas redes e em  eventos públicos, assim como o de marcas e
outras figuras.
Os impactos: positivos, negativos e nulos

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Muitos daqueles que foram alvo de cancelamentos, ou que se solidarizam com pessoas que
tenham sido criticadas dessa forma, se queixam de uma perseguição inquisitorial que cercearia
o discurso e as ações de comediantes, artistas, políticos e youtubers. […]
“Não existe qualquer zona cinzenta a partir da lógica do espetáculo”, pondera o doutor em
psicologia Leonardo Goldberg. “E a cultura do cancelamento entra nessa esteira de modo
completamente arbitrário, porque [faz parte] da lógica da não contradição, tão presente na
internet. Não existe conversa ou escuta”.
“Acho que o [aspecto] negativo é a forma como a gente lida numa certa cultura do ‘hater’, do
ódio, esquecendo que precisa fazer críticas mais embasadas e ter mais consciência coletiva da
nossa responsabilidade”, disse ao Nexo a colunista e feminista Stephanie Ribeiro.
Os efeitos da cultura do cancelamento, no entanto, são em geral menos efetivos do que os
“canceladores” poderiam desejar e do que os “cancelados” costumam alardear. 
“Às vezes, é uma forma até meio rasa de lidar com questões que são estruturalmente muito
complexas”, afirma Ribeiro. “Não vejo impactos muito reais em relação a manifestações virtuais
que confrontam comportamentos ou falas”. […]
Ela afirma que a duração e o impacto do cancelamento têm “muito a ver com o lugar social que
cada qual desses atingidos ocupa e o peso que a sociedade dá ou não para o que está sendo
apontado”, lembrando do caso do músico Wilson Simonal, um homem negro, “cancelado” pela
classe artística e intelectual na época da ditadura militar por ser visto como informante do
regime.
O autor do artigo da New Republic, Osita Nwanevu, vai ao encontro desses questionamentos sobre o
verdadeiro impacto da cultura do cancelamento, sugerindo um entendimento mundano da questão:
enxergá-la como expressões públicas e corriqueiras de desagrado, manifestadas por pessoas comuns
em novas plataformas.
“Se nos vemos passando vertiginosamente de ultraje em ultraje a cada semana, devemos considerar
que isso nunca custou tão pouco ou resultou em provocadores e ‘contrariadores profissionais’
ganhando tanto”, escreveu.
Embora critique a ausência de diálogo que impede “qualquer operação simbólica que possa
fazer aquela pessoa mudar de opinião, porque ela é simplesmente cancelada”, Goldberg vê de
maneira positiva que as críticas transformam os discursos públicos “em algo atravessado por
uma política daquilo que concerne a população, ao bem maior. Todos aqueles que passam a
emitir discursos públicos vão ter que se haver com aquilo que dizem”.
Além de mostrar que temas como o feminismo e o combate ao racismo estão mais difundidos, o
efeito sobre discursos preconceituosos de figuras públicas também é o aspecto da cultura do
cancelamento que Stephanie Ribeiro identifica como positivo.
“Hoje uma pessoa não pode dar uma entrevista e falar algo racialmente absurdo, porque alguém vai
dizer 'não, isso está errado'.  E aí isso vira uma chuva de comentários e de tuítes, de falas, ações,
respostas, vídeos. É muito positivo perceber que as pessoas estão identificando mais facilmente
determinadas condutas”, disse.
Possível liberação de jogos de azar é esperança para aliviar a crise. Gamebrás. Disponível: Disponível em: https://
www.gamesbras.com/apostas-online/2019/4/18/possivel-liberao-do-jogos-de-azar-no-brasil-esperana-para-aliviar-crise-12403.html.
Acesso em: 8 dez. 2019.

TEXTO 03

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LIMA, Juliana Domingues de. Quais os efeitos da cultura do cancelamento? In.: Nexo Jornal, 1 nov. 2019. Disponível em: https://
www.nexojornal.com.br/expresso/2019/11/01/Quais-os-efeitos-da-cultura-do-cancelamento. Acesso em: 12 dez. 2019.

PROPOSTA DE REDAÇÃO
A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo
de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa
sobre o tema: “A ideologia do cancelamento na sociedade brasileira contemporânea”.
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seu ponto de vista.

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TEMA 32

A desvalorização da ciência no contexto nacional


TEXTO 01
O movimento antivacinação foi incluído pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em seu relatório sobre
os dez maiores riscos à saúde global em 2019. Numa lista em que figuram vírus mortais como os do ebola,
HIV, dengue e influenza, a "hesitação em se vacinar" foi incluída porque "ameaça reverter o progresso feito
no combate às doenças evitáveis por meio de vacinação". "A vacinação é uma das formas mais eficientes,

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em termos de custo, para evitar doenças", afirmou a OMS no documento. "Ela atualmente evita de 2 a 3
milhões de mortes por ano, e outro 1,5 milhão poderia ser evitado se a cobertura vacinal fosse melhorada
no mundo."
Movimento antivacina é incluído na lista de dez maiores ameaças à saúde em 2019. Disponível em: https://oglobo.globo.com/sociedade/saude/
movimento-antivacina-incluido-na-lista-de-dez-maiores-ameacas-saude-em-2019-23413227. Acesso em: 24 mar. 2019.

TEXTO 02
“Pesquise isso você mesmo”, dizem uns aos outros, como relata a psicóloga Asheley Landrum, da
Universidade Texas Tech, que há duas semanas apresentou o resultado de seus estudos sobre os
terraplanistas na Associação Americana para o Avanço da Ciência. O primeiro slide da conferência é
uma imagem de Copérnico, pai da ideia de que a Terra orbita ao redor do Sol, reconhecendo que
estava errado após passar cinco horas vendo vídeos terraplanistas no YouTube. Porque, segundo
Landrum e sua equipe, que analisa esses fenômenos no projeto Crenças Alternativas, o YouTube é a
chave. Todos os terraplanistas se fazem terraplanistas vendo outros terraplanistas no YouTube. E,
uma vez que fazem parte dessa comunidade, é quase impossível convencê-los do seu erro, pois são
ativados mecanismos psicológicos muito poderosos, como o pensamento motivado. Ou seja: eu só
aceito como válidos os dados que me reafirmam; todos os demais são manipulações dos
conspiradores. Como em outros movimentos, se a ciência me contradiz, então a ciência se vendeu.
Você não pode convencer um terraplanista e isso deveria te preocupar. Disponível em: https://brasil.elpais.com/brasil/
2019/02/27/ciencia/1551266455_220666.html. Acesso em 24 mar. 2019.

TEXTO 03
O Ministério da Fazenda limitou o teto do orçamento da Capes com um corte gigantesco. “Se
este teto for mantido”, explica Arbix, “a resposta da Capes vai ser a suspensão do pagamento de
todos os bolsistas de mestrado, doutorado, pós-doutorado a partir de agosto de 2019, o que
significa mais de 90 mil estudantes e pesquisadores  interrompendo suas pesquisas já
contratadas pela Capes”.Outro problema, apontado pelo professor, é a formação de professores
para a educação básica, em que a Capes será obrigada a suspender o pagamento de 105 mil
bolsistas, além de outros programas. A indignação de Arbix se reflete no aumento da distância
entre o Brasil e os países avançados em relação a ciência, tecnologia e inovação. “Não se trata
de privilégios de alguns e sim de formar gerações de pesquisadores, o que sustenta a
qualificação e inteligência do nosso País”, ressalta.
Corte de verba faz Brasil retroceder em pesquisa, inovação e tecnologia. In. Jornal da USP. 6 ago. 2018.

PROPOSTA DE REDAÇÃO
A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo
de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa
sobre o tema: “A desvalorização da ciência no contexto nacional”. Selecione, organize e
relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

TEMA 33

Educação financeira em debate no Brasil


TEXTO 01

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50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA

Dois em cada três adultos podem ser considerados analfabetos financeiros, segundo a maior
pesquisa mundial sobre esse tipo de conhecimento realizada recentemente. Os dados foram
levantados pelo instituto de pesquisa Gallup, que entrevistou 150 mil pessoas de 148 países em
2014. […] A pesquisa colocou à prova os conhecimentos dos adultos sobre quatro conceitos que
seus organizadores consideravam básicos: diversificação de risco, inflação, aritmética e juros
compostos.
Pesquisa mede “analfabetismo financeiros’ no mundo. BBC Brasil, 2015. Disponível em: https//www.bbc.com/portuguese/noticias/
2015/11/151127_analfabetismo_financeiro_lk. Acesso em: 9 jun. 2019.

TEXTO 02
O número de pessoas com o nome sujo ou com dívidas em atraso alcançou 63 milhões em
março segundo dados da Serasa Experian divulgados nesta quarta-feira (24). É o maior patamar
desde o início da série histórica, iniciada em 2016. Com isso, 40,3% da população adulta está
inadimplente no Brasil.
Número de inadimplentes alcança o recorde de 63 milhões em março de 2019, diz Serasa. Disponível em: https://g1.globo.com/
economia/noticia/2019/04/24.ghtml. Acesso em: 7 jun. 2019.

TEXTO 03
Com a homologação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), a Educação Financeira
passa a ser obrigatória a partir de 2018 para crianças do Ensino Fundamental. As escolas terão
até 2020 para implementar todas as mudanças. O Banco Central (BC) foi o responsável pela
iniciativa e participou do processo de elaboração do documento. O objetivo da BNCC é ensinar
conceitos básicos de economia e finanças aos alunos.
A disciplina deverá ser abordada principalmente em Matemática e Ciências da Natureza, mas
poderá aparecer em outras matérias como Historia, por exemplo, mostrando o surgimento do
dinheiro e sua função na sociedade, o consumo em diferentes momentos históricos, etc. A
BNCC orienta a elaboração dos currículos tanto nas escolas públicas quanto particulares nos
ensinos infantil e fundamental. A base curricular do Ensino Médio ainda será avaliada pelo
Conselho Nacional de Educação.
Educação Financeira passa a ser parte do currículo do ensino fundamental. Blog Papelada. Disponível em: http://
blog.papelada.com.br/filhos-e-financas/educacao-financeira-obrigatoria/. Acesso em: 10 jun. 2019.

PROPOSTA DE REDAÇÃO
A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo
de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa
sobre o tema: “Educação financeira em debate no Brasil”. Selecione, organize e relacione, de
forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

TEMA 34

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50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA

Ensino domiciliar em debate no Brasil contemporâneo


TEXTO 01
Anunciado como uma das 35 prioridades dos 100 primeiros dias do governo do novo presidente,
o ensino domiciliar será legalizado por meio de uma medida provisória (MP) a ser publicada nos
próximos dias.
Ensino domiciliar: o que muda com a legislação proposta pelo governo. Huffpost Brasil, 15 fev. 2019. Disponível em: https://
www.huffpostbrasil.com/entry/ensino-domiciliar-damares_br_5c65d2bee4b0aec93d3ce75f. Acesso em 14 mai. 2019.

TEXTO 02
Nos termos do art. 55 do Estatuto da Criança e Adolescente (Lei 8069/90), os pais ou responsáveis
têm a obrigação de matricular seus filhos ou pupilos na rede regular de ensino. “Da mesma forma, o
art. 6º da Lei nº 11.114/05, que alterou a Lei 9394/96 (LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação),
determina o dever dos pais ou responsáveis efetuar a matrícula dos menores, a partir dos 6 anos de
idade, no ensino fundamental”. […]
Especialmente pelo fato de não ser uma prática legalizada no Brasil, os pais que optam pelo
ensino domiciliar podem passar por algumas dificuldades:
. Os pais que não matriculam seus filhos na escola estão sujeitos à aplicação do art. 246 do
Código Penal, referente ao “abandono intelectual”, conforme destaca Consuelo.
. “Muitas famílias que optam pelo ensino domiciliar vivem, assim, na clandestinidade, pois são
perseguidas e processadas pelo Ministério Público”, diz Consuelo.
. Na parte educacional, de acordo com Consuelo, existe dificuldade no preparo de um currículo a
ser seguido, falta disponibilização de orientação e ferramentas para as famílias.
Ensino domiciliar prevê ensino-aprendizagem fora do ambiente escolar. Dicas de mulher, 2019. Disponível em: https://
www.dicasdemulher.com.br/ensino-domiciliar/. Acesso em: 14 mai. 2019.

TEXTO 03
Há um pouco mais de leitores no Brasil. Se em 2011 eles representavam 50% da população, em 2015
eles são 56%. Mas ainda é pouco. O índice de leitura, apesar de ligeira melhora, indica que o brasileiro
lê apenas 4,96 livros por ano – desses, 0,94 são indicados pela escola e 2,88 lidos por vontade própria.
Do total de livros lidos, 2,43 foram terminados e 2,53 lidos em partes. A média anterior era de 4 livros
lidos por ano. Os dados foram revelados na tarde desta quarta-feira, 18, e integram a quarta edição da
Pesquisa Retratos da Leitura no Brasil.
Três em cda 10 são analfabetos funcionais no Brasil, aponta estudo. Época negócios. Disponível em: https://epocanegocios.globo.com/Brasil/noticia/
2018/08/epoca-negocios-tres-em-cada-10-sao-analfabetos-funcionais-no-pais-aponta-estudo.html. Acesso em: 14 mai. 2019.

TEXTO 04
Um estudo conduzido em 35 países para avaliar o status dos professores na sociedade mostrou
que o Brasil é o que menos os valoriza, enquanto a China lidera no reconhecimento aos
educadores.
Brasil é o país que menos valoriza professores, diz estudo. O globo. 4 dez. 2018. Disponível em: https://oglobo.globo.com/
sociedade/educacao/brasil-o-pais-que-menos-valoriza-professores-diz-estudo-china-lidera-23279507. Acesso em: 14 mai. 2019.

TEXTO 05
Há um pouco mais de leitores no Brasil. Se em 2011 eles representavam 50% da população, em 2015 eles
são 56%. Mas ainda é pouco. O índice de leitura, apesar de ligeira melhora, indica que o brasileiro lê

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50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA

apenas 4,96 livros por ano – desses, 0,94 são indicados pela escola e 2,88 lidos por vontade própria. Do
total de livros lidos, 2,43 foram terminados e 2,53 lidos em partes. A média anterior era de 4 livros lidos por
ano. Os dados foram revelados na tarde desta quarta-feira, 18, e integram a quarta edição da Pesquisa
Retratos da Leitura no Brasil.
44% da população brasileira não leem e 30% nunca compraram um livro, aponta pesquisa Retratos da Leitura. Estadão, 18 mai.
2016. Disponível em: https://cultura.estadao.com.br/blogs/babel/44-da-populacao-brasileira-nao-le-e-30-nunca-comprou-um-livro-
aponta-pesquisa-retratos-da-leitura/. Acesso em: 14 mai. 2019.
PROPOSTA DE REDAÇÃO
A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo
de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa
sobre o tema: “Ensino domiciliar em debate no Brasil contemporâneo”. Selecione, organize
e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

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TEMA 35

A regulação do consumo de açúcar no Brasil


TEXTO 01
O Ministério da Saúde e a indústria de alimentos e bebidas querem reduzir o uso de açúcar na
produção de alimentos industrializados em 144,6 mil toneladas até 2022. O acordo foi assinado
pelo ministro Gilberto Occhi e representantes das empresas. Como a quantidade total de açúcar
utilizada pela indústria não foi divulgada, não é possível calcular a redução percentual de açúcar
utilizado nos alimentos.
Os produtos que entraram no acordo são de 23 categorias de alimentos divididos em cinco
grupos. São elas bebidas adoçadas, biscoitos recheados, bolos prontos e misturas para bolos,
achocolatados em pó e produtos lácteos. A diminuição será gradual e a expectativa é que em
2022 a indústria tenha utilizado 144,6 mil toneladas de açúcar a menos.
As associações que selaram o acordo representam 68 empresas, que formam 87% do mercado
desses produtos. As empresas deverão reduzir a quantidade de açúcar utilizado na fabricação
de 47,8% dos produtos — o que equivale a 1.147 itens. Os alimentos que terão a maior
diminuição de açúcar serão os biscoitos e produtos lácteos com a meta de retirar 62,4% e
53,9%, respectivamente. Cada uma das 23 categorias tem uma meta específica de redução.
— Nós estamos começando um processo de redução. Ele é gradativo nos próximos quatro anos.
Dentro daquilo que a própria OMS recomenda, nós vamos buscar que o cidadão tenha
informação — afirmou o ministro da Saúde, Gilberto Occhi. Segundo o ministro, as indústrias
não poderão substituir o açúcar por adoçantes.
A fiscalização será realizada a cada dois anos a partir da assinatura do documento. O Ministério
da Saúde fará a fiscalização por meio dos rótulos dos produtos. A Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (ANVISA) também participará do processo, fará análises laboratoriais para medir a
quantidade de cada ingrediente.
Produtos industrializados são responsáveis por 36% do consumo de açúcar da população
brasileira, segundo o Ministério da Saúde. Os outros 64% são adicionados pelas pessoas no
preparo de alimentos e bebidas. Com o acordo, o Brasil passa a ser um dos primeiros países do
mundo a formalizar essa diminuição, afirmou Occhi.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária também participou da formulação do acordo. O
diretor-presidente da agência, William Dib, acredita que o acordo também é um avanço nas
relações entre o governo e o setor alimentício.
— Existem vários caminhos de melhorar os produtos sem precisar fazer regulamentação. Esse é
um grande exemplo. Como está sendo o programa de redução do sódio. É fundamental para a
saúde da nossa população — afirmou.
Questionado se a indústria alimentícia considera os produtos que serão modificados podem ser
considerados saudáveis hoje em dia, o presidente da Associação Brasileira das Indústrias da
Alimentação (Abia), Wilson Mello, afirmou que a indústria trabalha em uma lógica em que os
alimentos industrializados fazem parte de uma dieta mais completa.
— Não existe o conceito de alimento saudável na indústria. Na indústria, ele é pouco utilizado. O
que nos interessa é uma dieta equilibrada. Há espaço para todo tipo de alimento. A indústria

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50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA

sempre faz investimento em inovação e tecnologia para descobrir novas fórmulas. O que nós
preferimos é fazer uma redução efetiva ao longo do tempo —  afirmou.
Além da Abia, o acordo foi assinado pela Associação Brasileira da Indústria de Biscoitos, Massas
Alimentícias e Pães & Bolos Industrializados (Abimapi), Associação Brasileira das Indústrias de
Refrigerantes e Bebidas Não Alcoólicas (ABIR) e a Associação da Indústria de Lácteos (VIVA
LÁCTEOS).
Saúde do homem: prevenção é fundamental para uma vida saudável. Disponível em: http://www.blog.saude.gov.br. Acesso em:
30 jun. 2019.

TEXTO 02

Brasil é o quarto maior consumidor de açúcar. Ministério da Cidadania: Secretaria Especial do Desenvolvimento Social, 21 jun.
2016.

TEXTO 03
OPINIÕES SOBRE A REGULAÇÃO DO CONSUMO DE AÇÚCAR
Para o endocrinologista Fábio Trujilho, vice-presidente do Departamento de Obesidade da Sbem, falta
discutir restrições de publicidade de alimentos para crianças, por exemplo. “É essencial ir muito além
desse acordo e adotar medidas que conscientizem a população dos riscos do consumo exagerado de
açúcar”, destaca.
[…]
Na opinião da nutricionista Laís Amaral, do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (IDEC), também é
necessário coibir a venda de produtos desbalanceados nas cantinas escolares. “Devemos facilitar as

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50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA

escolhas saudáveis e dificultar as não saudáveis”, resume. As críticas ao pacto não param por aí.
“Acordos voluntários são pouco eficazes porque as metas são baseadas no teor máximo de açúcar em
cada categoria de alimento. Isso significa que haverá uma diminuição apenas nos itens com valores
realmente excessivos”, explica Laís. “Na prática, é apenas um controle de danos com metas pouco
ambiciosas”.
[…]
Divergências à parte, não dá para negar que o paladar brasileiro precisa de um treino. “Até por uma
herança cultural, gostamos muito de doces. Nosso paladar é semelhante ao do português”, compara Olga
Amâncio, presidente da Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição (Sban). “Até pouco tempo atrás,
todo mundo adoçava suco de fruta. Hoje em dia, nem tanto. É preciso ensinar à população que muitos
alimentos já são doces por natureza”, ressalta a nutricionista.
[…]
O educador físico Antonio Lancha Jr., professor da Escola de Educação Física e Esporte da Universidade
de São Paulo, endossa as palavras de Olga. “Tem gente que coloca açúcar até em achocolatados”, conta.
E ele traça outra reflexão: hábitos alimentares não são mudados por decreto. “Por que as pessoas
escovam os dentes todos os dias? Porque isso foi estimulado na infância”, exemplifica. “Mudança de
comportamento passa por uma questão educacional. Muitas vezes, orientar uma criança é capaz de
promover uma alteração no padrão familiar”, completa.

A caça ao açúcar dos alimentos industrializados. Revista Saúde, 11 mar. 2019.

PROPOSTA DE REDAÇÃO
A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo
de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa
sobre o tema: “Desafios na inclusão de pessoas com autism no Brasil”. Selecione, organize
e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

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TEMA 36

Ensino a distância no Brasil contemporâneo


TEXTO 01
O preconceito contra a educação a distância (ou EAD) parece estar com os dias contados no
país. De acordo com o censo EAD.BR, feito pela Associação Brasileira de Ensino a Distância
(Abed), 2017 registrou um número recorde de matriculados: 7.773.828. Os cursos que têm
ampliado seu número de alunos são os de nível superior e de pós-graduação lato sensu,
segundo o relatório. O Censo da Educação Superior, realizado pelo Instituto Nacional de
Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), confirma a tendência: enquanto o
ensino presencial apresentou queda nas matrículas, a EAD registrou um crescimento de 17,6%
de 2016 para 2017. Os alunos dessa modalidade são quase 1,8 milhão, ou 21,2% do total de
matriculados em todo o Ensino Superior.
Educação a distância: um modelo que só cresce. Revista Forbes, 2019..
TEXTO 02
Em 2007, os gastos com aquisição de tecnologia, laboratórios, softwares e serviços de
internet consumiram 71,8% dos investimentos das instituições. Em 2009, além do
investimento em tecnologia, também houve destaque para gastos com estrutura física
(aquisição de equipamentos e acervos para bibliotecas e bancos de dados). Fredric Litto,
presidente da Abed e pesquisador do tema há mais de 40 anos, ressalta que só essa
infraestrutura não faz uma Educação a distância de qualidade. "Igualmente importante é
o investimento em conteúdo. Por isso, no momento de procurar uma faculdade a
distância, não cabe se deslumbrar com inúmeros itens tecnológicos apresentados e
achar que o curso é bom pela simples presença deles", alerta. Deve-se ficar de olho
principalmente no material didático. As instituições picaretas costumam investir pouco,
terceirizando essa produção, o que pode afetar de forma direta a qualidade.
As instituições de ensino a distância investem mais em tecnologia do que em conteúdo. In.: Revista Nova Escola, 2018.

TEXTO 03
Se você se refere a quem acompanha a aprendizagem, sim, é verdade. Em EAD, esse
profissional, chamado tutor, tem contato direto com os alunos e é o responsável por tirar as
dúvidas e avaliar a participação deles nas tarefas. O grande problema é que a formação dos
tutores exigida por lei é muito baixa. Eles devem apenas ser formados na área em que vão fazer
a tutoria há, pelo menos, dois anos. "Um curso só será bom e atingirá seu objetivo (fazer com
que todos aprendam), quando esses profissionais forem capacitados a assumir sua função",

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50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA

ressalta Alda Carlini. O professor especialista (sim, ele também existe em EAD) prepara os
materiais didáticos, organiza as situações de aprendizagem, constrói as propostas de trabalho e
orienta as intervenções dos tutores. A formação desse profissional, na boa EAD, não deixa a
dever nada à das presenciais. "As normas do MEC são claras: os docentes responsáveis pelas
disciplinas do presencial também devem ser responsáveis pela modalidade dele a distância", diz
Alda. "Nas avaliações de qualidade do ministério, os critérios são os mesmos, como o grau de
titulação dos profissionais", completa. Dados da Abed mostram que 40% das instituições contam
com mestres e doutores formados especificamente em Educação a distância e mais de 50% têm
especialistas na área, além de outras titulações acadêmicas.
Comparação de utilização de fontes renováveis e não renováveis para a geração de energia elétrica no Brasil e no mundo.
Empresa de pesquisa energética, 2018. Disponível em: ele.gov.br/pt/abcdenergia. Acesso em 28 set. 2019.

TEXTO 04

Pela primeira vez, vagas no Ensino Superior a distância superam o presencial. UOL Educação, 2019.

TEXTO 05

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50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA

Com a proposta de facilitar o acesso à educação superior para aqueles que têm dificuldades de
conciliar os estudos com sua rotina, a modalidade de Educação a Distância está crescendo a
passos largos no país. Passou de 843 mil ingressantes em 2016 para 1,073 milhão no ano
seguinte, um aumento de mais de 27%. No Estado, o ritmo de crescimento também é forte e
está perto dos 26%. E a área que puxa para cima parte dessa oferta é a de formação de
professores. Diante desse cenário, a organização Todos pela Educação fez um estudo para
avaliar se o elevado número de cursos a distância levaria a uma queda na qualidade da
preparação dos futuros educadores. O resultado aponta que, nas avaliações do Ministério da
Educação após a conclusão da faculdade, o desempenho daqueles que fizeram EAD tem sido
pior do que dos formados presencialmente. Entre os que concluíram o curso a distância, 75%
estão abaixo da pontuação 50 no Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade), em
uma escala de 0 a 100. Esse índice é de 65% em relação aos concluintes de cursos presenciais.
Educação a distância cresce, mas qualidade não acompanha. A gazeta, 2019.
PROPOSTA DE REDAÇÃO
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de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa
sobre o tema: “Ensino a distância no Brasil contemporâneo”. Selecione, organize e
relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

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TEMA 37

Implementação das escolas cívico-militares em debate


TEXTO 01
O presidente assinou nesta quinta-feira (5), um decreto que regulamenta a adesão ao Programa
Nacional das Escolas Cívico-Militares.
Ao ser lembrado pelo governador Ibaneis Rocha (MDB) de que no Distrito Federal algumas
escolas recusaram o modelo militar, Bolsonaro foi taxativo. “Me desculpa não tem de aceitar, tem
de impor.”
A fala do presidente contraria um dos requisitos para adesão ao programa — o fato de ser
voluntária e necessitar da realização de consultas públicas.
O governo federal pretende implementar essa gestão em 216 instituições até 2023 — com 54
lugares por ano. Questionado sobre a fala de Bolsonaro, o ministro da Educação, Abraham
Weintraub, reforçou que a adesão ao programa é voluntária. Mas disse que há fila de pais e
gestores interessados. E ponderou que a “última palavra” para os assuntos do governo é do
Executivo.
A ideia é que os militares atuem em tutorias e na área administrativa. Eles não vão substituir os
professores dentro da sala de aula, por exemplo.
Devem ser contratados militares da reserva, por meio de processo seletivo. A duração mínima
dos serviços é de dois anos, prorrogável por até dez.
O contrato com os militares pode ser cancelado a qualquer momento. Os profissionais vão
ganhar 30% da remuneração que recebiam antes de se aposentar.
Em geral, a justificativa da gestão compartilhada com a PM é a de trazer mais segurança e
disciplina para as escolas em áreas de risco social. Em Goiás, já há 60 escolas estaduais
militarizadas, com avaliação positiva do governo. Como o modelo é recente, não há estudos
conclusivos mostrando melhor desempenho dos alunos.

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50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA

Em uma apresentação local, o MEC mostrou um slide que dizia que as escolas cívico-militares
tinham Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) superior às escolas públicas civis,
mas, questionado pela reportagem, não soube explicar como foram calculados os dados. (…)
Para toda regra não cumprida é realizada uma ocorrência e o aluno perde pontos. Cabelos fora
do padrão, por exemplo, constituem falta leve. Estudam na escola filhos de policiais militares, a
maioria, e de civis. (…)
Para a presidente executiva do movimento Todos Pela Educação, Priscila Cruz, é mais uma
política que vai tirar recursos e tempo de gestão, em vez de investir em formação dos
professores e adoção de tempo integral nos colégios. “A militarização é a confissão deste
governo da sua incapacidade de formular e implementar políticas educacionais consagradas
pelas experiências nacionais e internacionais”, diz.
Governo quer 54 escolas cívico-militares e fala em “impor” modelo. Revista Exame, 2019.

TEXTO 02
Esses 12.561 alunos dos colégios militares correspondem a 0,07% do total de 17,1 milhões de
estudantes em instituições públicas do país,  nos mesmos anos escolares. Ou seja, trata-se de
uma fatia ínfima de alunos - e com acesso restrito a civis. Além disso, o custo de um aluno no
colégio militar é 2,7 vezes superior ao da rede pública de ensino.
Enquanto o custo médio anual estimado de um estudante de escola pública do sexto ao nono
ano é de R$ 5,9 mil, segundo o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais),
cada aluno custa R$ 16 mil ao ano no colégio militar, de acordo com o Exército. O valor se
aproxima da despesa anual por aluno nas universidades públicas,  O valor se aproxima da
despesa anual por aluno nas universidades públicas, estimado em R$ 21,8 mil.
Bolsonaro quer um colégio militar em cada capital até 2020. UOL confere, 2018.

TEXTO 03
O governo ainda não explicou se vai bancar eventuais custos extras que as escolas possam ter
com as novas regras militares.
Se os alunos tiverem de usar fardas, por exemplo — que custam mais caro que os uniformes
normais das redes estaduais — não está claro se quem vai bancar é o governo federal ou as
secretarias.
"Nas escolas que atualmente adotam o modelo de parceria cívico-militar, fora do programa, na
verdade as escolas acabaram gastando mais dinheiro", diz Costin, citando casos de unidades na
Bahia e em Goiás.
Nem o salário dos militares é pago pelo governo federal, é dinheiro do orçamentos locais que é
utilizado. "Você desvia a política educacional, a energia e os recursos da educação que já são
escassos para profissionais que não são da área", analisa Costin.
O que o governo ainda precisa explicar sobre o funcionamento das escolas cívico-militares. BBC Brasil, 2019. Disponível em: https://
www.bbc.com/portuguese/brasil-49982226. Acesso em: 12 out. 2019.

TEXTO 04
Algumas das principais entidades especializadas em educação criticaram a adoção do modelo
porque toma como modelo escolas militares ligadas ao Exército. "O investimento por aluno é três
vezes maior do que na escola regular de turno parcial, faz seleção de alunos e atende a uma

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50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA

parcela com nível socioeconômico mais alto", afirmou o movimento Todos Pela Educação (TPE).
[…]
Em outro ponto do artigo, as entidades apontam que a militarização como "política educacional
fere o direito universal à educação de qualidade para todos os cidadãos", já que haverá
investimento em algumas escolas, enquanto "as demais escolas das redes públicas regulares
padecem em precárias condições infraestruturais, tecnológicas, pedagógicas e de pessoal".
Escola cívico-miliar: veja perguntas e respostas sobre o modelo defendido pelo governo Bolsonaro. G1, 2019. Disponível em: https://
g1.globo.com/educacao/noticia/2019/09/05/escola-civico-militar-veja-perguntas-e-respostas-sobre-o-modelo-defendido-pelo-governo-
bolsonaro.ghtml. Acesso em: 13 out. 2019.

PROPOSTA DE REDAÇÃO
A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo
de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa
sobre o tema: “Implementação das escolas cívico-militares em debate”. Selecione, organize
e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

TEMA 38

A reforma do Ensino Médio em debate


TEXTO 01

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50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA

Principais mudanças propostas na reforma do Ensino Médio. Folha de S. Paulo, 22 set. 2016. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/educacao/
2016/09/1815821-leia-perguntas-e-respostas-sobre-as-mudancas-no-ensino-medio-do-pais.shtml. Acesso em: 12 dez. 2019.

TEXTO 02
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um documento de caráter normativo que define o
conjunto orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais que todos os alunos devem
desenvolver ao longo das etapas e modalidades da Educação Básica.
Conforme definido na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB, Lei nº 9.394/1996),
a Base deve nortear os currículos dos sistemas e redes de ensino das Unidades Federativas,

www.manoelneves.com Página 108 de 149 Manoel Neves


50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA

como também as propostas pedagógicas de todas as escolas públicas e privadas de Educação


Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio, em todo o Brasil.
A Base estabelece conhecimentos, competências e habilidades que se espera que todos os
estudantes desenvolvam ao longo da escolaridade básica. Orientada pelos princípios éticos,
políticos e estéticos traçados pelas Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica, a
Base soma-se aos propósitos que direcionam a educação brasileira para a formação humana
integral e para a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva.
Fonte: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/bncc-ensino-medio/. Acesso em: 12 dez. 2019.
TEXTO 03
A última versão da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para o ensino médio foi entregue
pelo Ministério da Educação (MEC) ao Conselho Nacional de Educação (CNE) nesta terça-feira
(3). Esta é a segunda etapa na definição das diretrizes do que será obrigatoriamente ensinado
nas escolas de todo Brasil: a primeira etapa foi concluída com a finalização da base específica
para o ensino infantil e fundamental, que deve ser implementada até 2020.
O documento prevê que apenas as áreas de linguagens e matemática deverão ser oferecidas
aos estudantes obrigatoriamente nos três anos do ensino médio. As outras áreas podem ser
distribuídas ao longo dos três anos a critério das redes de ensino.
Durante o evento, o ministério anunciou que vai elaborar um guia para orientar as escolas na
implementação dos itinerários formativos, que deverão somar 1.200 horas do ensino médio – o
currículo básico vai somar 1.800, disse o MEC.
A entrega ocorreu um ano depois de o ministério entregar a versão para a educação infantil e
para o ensino fundamental, e um ano e meio depois de a pasta anunciar o adiamento da Base
do ensino médio.
Base Nacional Curricular (BNCC) do Ensino Médio é entregue pelo MEC: veja o documento. G1, 3 abr. 2018. Acesso em: 12. dez.
2019.

PROPOSTA DE REDAÇÃO
A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo
de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa
sobre o tema: “A reforma do Ensino Médio em debate”. Selecione, organize e relacione, de
forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

TEMA 39

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50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA

Entraves à universalização da medicina familiar no Brasil


TEXTO 01
O médico que faz residência em medicina de família pode acompanhar, por exemplo, crianças,
fazer prevenções ginecológicas, urológicas e, caso veja necessidade, encaminhar o paciente
para um especialista. Em alguns países, esse profissional é chamado de clínico geral, médico
generalista. […] A finalidade dessa especialidade é conhecer e acompanhar as pessoas por toda
a vida, dentro do seu contexto e das suas complexidades.
Você sabe o que o médica da família faz? In.: Nossa saúde: a gene cuida melhor do que é nosso. Disponível em: http://
www.nossasaude.com.br/dicas-de-saude/voce-sabe-o-que-o-medico-da-familia-faz/. Acesso em: 24 mar. 2019.

TEXTO 02
O ministro da Saúde, Arthur Chioro, apresentou hoje (11) em Brasília o balanço do primeiro ciclo
de aplicação do programa Mais Médicos, que leva cerca de 9 mil médicos a cidades do interior
do país. De acordo com os dados enviados ao ministério pelas prefeituras e coordenações
estaduais do programa, atualmente há 89 profissionais ausentes de seus postos de trabalho.
Quatro deles são cubanos que trabalham no país por meio do convênio com a Organização
Panamericana de Saúde (Opas), cinco são estrangeiros e 80 são brasileiros.
Evasão de médicos brasileiros é 20 vezes maior que a de cubanos. In.: Rede atual saúde. Disponível em: https://www.redebrasilatual.com.br.
Acesso em: 24 mar. 2019.

TEXTO 03
Entre especialistas e entidades de saúde existe o diagnóstico de que não faltam médicos no
país. O Brasil tem quase meio milhão de profissionais formados em medicina --o equivalente a
2,18 médicos para cada mil habitantes. A média chega perto da taxa dos países da OCDE
(Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), que é de 3,4 médicos para
cada mil habitantes. A média chega perto da taxa dos países da OCDE (Organização para a
Cooperação e Desenvolvimento Econômico), que é de 3,4 médicos para cada mil habitantes. O
problema é a distribuição desigual brasileira. Para citar dois exemplos extremos, enquanto  no
Rio de Janeiro há 3,55 médicos a cada 100 mil habitantes, no Maranhão a razão é de 0,87. A
mesma distorção é visível quando se compara os números das grandes cidades e dos pequenos
municípios. Quem mora nas capitais conta com 5,07 médicos por mil habitantes, contra 1,28 do
interior.
Mais Médicos foi a mais bem-sucedida tentativa de interiorização de médicos. In. UOL Notícias. Disponível em: https://
noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2018/12/12/brasil-tenta-levar-medicos-para-rincoes-ha-50-anos-mais-medicos-foi-
bem.htm. Acesso em : 24 mar. 2019

PROPOSTA DE REDAÇÃO
A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo
de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa
sobre o tema: “Entraves à interiorização da medicina familiar no Brasil”. Selecione, organize
e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

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50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA

TEMA 40

A saúde do homem em debate no Brasil contemporâneo


TEXTO 01
Os homens brasileiros vivem, em média, 7,2 anos a menos que as mulheres. Entre as causas de
morte prematura estão à violência e acidentes de trânsito, além de doenças cardiovasculares e
infartos. Por isso o Ministério da Saúde implementou, em 2009, a Política Nacional de Atenção
Integral à Saúde do Homem. Um dos principais objetivos é promover ações de saúde que
contribuam para a compreensão da realidade singular masculina e propiciar um melhor
acolhimento no Sistema Único de Saúde (SUS).
Angelita Herrmann, coordenadora de Saúde do Homem do Ministério da Saúde, ressalta a
importância de conscientizar o sexo masculino da importância de se cuidar. “É preciso chamar
atenção dos homens para o auto cuidado. Homem não é super herói, eles precisam quebrar o
mito de serem fortes o tempo todo. Essa cultura do não se olhar é que faz com que os homens
morram antes das mulheres”, disse.
A adoção de hábitos saudáveis, a prática de atividade física regular, a alimentação balanceada e
o uso moderado de bebidas alcoólicas são cruciais para diminuir estes agravos evitáveis. A
identificação precoce de doenças aumenta as chances de um tratamento eficaz. Por isso, alguns
exames devem fazer parte da rotina dos homens. “É preciso prestar atenção no corpo e ficar
atento aos sinais que ele envia. O cuidado deve ser diário. Mudanças de hábitos alimentares,
com menos alimentos gordurosos e ultra processados são fundamentais. Evitar estes
comportamentos de risco é a chave para uma vida mais longa e saudável”, disse a
coordenadora.
Saúde do homem: prevenção é fundamental para uma vida saudável. Disponível em: http://www.blog.saude.gov.br. Acesso em:
30 jun. 2019.

TEXTO 02

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50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA

Novembro reforça a atenção do homem para a sua saúde em geral. Disponível em: http://www.mt.gov.br. Acesso em: 5 jul. 2019.

TEXTO 03
Medidas para prevenir doenças e complicações: a) praticar, no mínimo, 30 minutos diários de
atividade física de três a cinco vezes por semana; b) prezar por uma dieta rica em frutas
verduras, legumes, grãos e cereais integrais, e com menos gordura, principalmente as de origem
animal; essa atitude ajuda a manter o peso adequado, evitando o sobrepeso; c) durante as
relações sexuais, usar sempre camisinha, para prevenir doenças sexualmente transmissíveis,
entre elas, ais, sífilis e gonorreia; d) ingerir alimentos ricos em cálcio diariamente e ficar exposto
ao sol todos os dias, de 10 a 15 minutos, antes das 10h e após as 16h, para fixar e ativar a
vitamina D, responsável pela absorção do cálcio no organismo; e) aferir a pressão arterial
regularmente (no mínimo, uma vez por ano); f) procurar um urologista anualmente para realizar
exames preventivos: homens a partir dos 50 anos de idade (ou 45, se houver casos de câncer
de próstata na família); f) evitar a ingestão excessiva de álcool e não fumar.
Dicas para a saúde do homem. Disponível em: http://unimed.coop.br. Acesso em: 5 jul. 2019.

TEXTO 04
Em 2007, de acordo com os últimos levantamentos, 16 milhões de mulheres foram ao
ginecologista, enquanto somente 2 milhões de pessoas passaram em um urologista, especialista
que também atende mulheres. O homem tem medo de ir ao médico, de diagnosticar doenças,
talvez por seguir o arquétipo de herói.” É com essas palavras que o presidente da Sociedade
Brasileira de Urologia (SBU), o médico Aguinaldo Nardi, ressalta a importância de implantar
políticas públicas para a saúde do homem no país, além de campanhas para erradicar o câncer
de próstata e de pênis.
Ele esclarece que apesar de o câncer de pênis ser raro (representa 2% de todos os tipos de
câncer no país), em algumas regiões do Norte e Nordeste a incidência desse tumor é muito
maior que a do de próstata. O motivo é que ele está associado a baixas condições
socioeconômicas e também à má higiene íntima. “No ano anterior, nós tivemos mil amputações
de pênis no Brasil. No Maranhão, aparece um caso novo a cada 16 dias. Nossos índices são
iguais aos da África e superiores aos da Índia. É preciso levar atendimento médico a essas
regiões urgentemente”, diz o presidente da SBU.
Câncer de pênis tem incidência maior que o de próstata em algumas regiões. Disponível em: http://drauziovarella.uol.com.br. Acesso
em: 7 jun. 2019.
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A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo
de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa
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TEMA 41

Abuso de álcool na sociedade brasileira


TEXTO 01
O CISA (Centro de Informações sobre Saúde e Álcool) acaba de lançar um panorama completo
sobre o consumo de bebidas alcoólicas no Brasil entre 2010 e 2017. O documento reúne
pesquisas feitas nesse período por entidades como Ministério da Saúde e Organização Mundial
de Saúde (OMS) e mostra, no geral, uma redução na ingestão de cerveja e companhia.
O consumo per capita de álcool entre 2010 e 2016 caiu 11% no país – de 8,8 para 7,8 litros ao
ano. Nesse mesmo intervalo, os transtornos psiquiátricos relacionados às bebidas tiveram uma
leve diminuição: se antes 5,6% população sofria com ela, agora esse número é 4,2%.
Novas legislações, como a Lei Seca, que endurece as regras sobre beber e dirigir, e a Lei
número 13.106/2015, que torna crime a oferta de álcool para menores de 18 anos, contribuem
para esses resultados, segundo o CISA.
Mas ainda há desafios, como o Beber Pesado Episódico (BPE). É aquele porre ocasional, que
faz um mal danado para o organismo. No Brasil, a taxa de pessoas com esse costume subiu de
12,7% para 19,4%, enquanto, no mundo, ela desceu de 20,5% para 18,2%. Estamos na
contramão.
Dois públicos merecem atenção especial. Apesar da legislação, mais adolescentes estão
tomando cerveja, uísque e afins – o aumento é maior entre as meninas.
Na outra ponta, as internações decorrentes do álcool subiram entre os idosos. Lembre-se de que
eles estão mais sujeitos aos efeitos nocivos dos drinques.
Bebida e direção
O relatório destaca que, depois da Lei Seca, de 2008, o Brasil se tornou um dos 15 países que
estabelecem tolerância zero para beber e dirigir. Em dez anos de legislação, os óbitos causados
por acidentes de trânsito caíram 27,4% nas capitais. Segundo um estudo divulgado em 2017
pelo Centro de Pesquisa e Economia do Seguro (CPES), essa regulação evitou 41 mil mortes
entre 2016 e 2018.
Mas, de acordo com a OMS, em 2016 o álcool esteve relacionado a 36,7% dos acidentes de
trânsito com homens e a 23% dos com mulheres no Brasil. Ou seja, beber e conduzir ainda é
aceitável para muita gente.
Bebida e adolescência

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50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA

Em média, a primeira experiência da garotada com o álcool acontece cedo. Em média, aos 12
anos de idade, segundo a última edição da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE).
Além disso, o índice de jovens entre 13 e 15 anos que dão suas tragadas aumentou de 50,3%
para 55,5% em três anos. No Rio Grande do Sul, essa prevalência chega a 68%.
Outro destaque do relatório do CISA envolve o sexo feminino. Mais meninas estão
experimentando álcool – e o consumindo com mais regularidade do que antes.
Quando questionadas sobre embriaguez, 26,9% das adolescentes entre 13 e 17 anos relataram
ao menos um episódio do tipo, contra 27,5% dos rapazes. Essa diferença entre os sexos era
maior em 2012 e vem se estreitando também em outras faixas etárias.
Um levantamento recente traz tanto boas como más notícias sobre o impacto das bebidas alcoólicas no Brasil. Saúde, 3 jul. 2019.
Disponível em: https://saude.abril.com.br/medicina/consumo-de-alcool-cai-11-no-brasil-mas-aumenta-entre-jovens-e-idosos/. Acesso
em: 19 dez. 2019.

TEXTO 02
Dados inéditos do Ministério da Saúde apontam que 17,9% da população adulta no Brasil fazem
uso abusivo de bebida alcoólica. O percentual é 14,7% a mais do que o registrado no país em
2006 (15,6%). Mesmo com o percentual menor, as mulheres (11%) apresentaram maior
crescimento em relação aos homens (26%), no período de 2006 a 2018. Em 2006, o percentual
entre as mulheres era de 7,7% e entre os homens, 24,8%.
Os dados são da Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças crônicas
por Inquérito Telefônico (Vigitel), de 2018, divulgados nesta quinta-feira (25), durante Reunião da
Comissão Intergestores Tripartite (CIT), em Brasília (DF).
A pesquisa apontou ainda que o uso abusivo entre os homens é mais frequente na faixa etária de 25
a 34 anos, 34,2% e entre as mulheres nas idades de 18 a 24 anos (18%). O menor percentual entre
os homens e mulheres, foram observados em pessoas com 65 anos e mais, sendo, 7,2% entre
homens e 2% em mulheres. O percentual de consumo abusivo entre os brasileiros tende a diminuir
com o avanço da idade, em ambos os sexos.
“O consumo abusivo de álcool entre as mulheres teve um aumento significativo, em decorrência
da mudança de comportamento. Elas estão mais presentes no mercado de trabalho e com uma
vida social mais ativa. A estratégia do Ministério da Saúde para reduzir esse aumento expressivo
é melhorar a informação. Trabalhar a informação sobre os malefícios do álcool, explicar sobre o
consumo regular e social mais sustentável. Entendemos que precisamos intensificar ainda mais
a informação não só para esse grupo, mas para toda a população”, ressaltou o secretário de
Vigilância em Saúde, Wanderson Oliveira.
É considerado ‘uso abusivo de álcool’, a ingestão de quatro ou mais doses entre as mulheres e
cinco ou mais doses de bebidas alcoólicas entre os homens, em uma mesma ocasião, nos
últimos 30 dias. O Ministério da Saúde alerta que o consumo de qualquer tipo de bebida
alcoólica pode trazer danos imediatos à saúde ou a médio e longo prazo. O uso abusivo de
álcool é uma pauta intersetorial e também um fator de risco que influencia negativamente dois
aspectos: aumento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNTs); e o aumento de
agravos, como acidentes e violência.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), não existe volume seguro de álcool a ser
consumido, porque ele é tóxico para o organismo humano e pode provocar doenças mentais,
diversos cânceres, problemas hepático, como a cirrose, alterações cardiovasculares, com riso de

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50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA

infarto e acidente vascular cerebral e a diminuição de imunidade. Além de ser responsável por
episódios de violência física contra si ou contra outras pessoas.
Mortalidade
Dados inéditos de mortalidade do Ministério da Saúde apontam que 1,45% do total de óbitos
ocorridos entre os anos de 2000 a 2017 estão totalmente atribuídos à ingestão abusiva de
bebidas, como doença hepática alcóolica. Quando verificado o número de mortes entre os
sexos, os homens morrem aproximadamente nove vezes mais do que as mulheres por causas
totalmente atribuídas ao álcool. Os óbitos excluem acidentes e violências e outras causas
parcialmente atribuídas.
De acordo com a OMS, em todo o mundo, mais de 3 milhões de homens e mulheres morrem
todos os anos pelo uso nocivo de bebidas alcoólicas. Ao todo, 5% das doenças mundiais são
causadas pelo álcool.
Ações
O Ministério da Saúde por meio da Política Nacional de Saúde Mental oferta de forma gratuita, o
atendimento as pessoas que sofrem com a dependência alcoólica. Os serviços disponíveis
compreendem as estratégias e diretrizes adotadas pelo país para organizar a assistência às
pessoas com necessidades de tratamento e cuidados específicos em saúde mental. Abrange a
atenção a pessoas com necessidades relacionadas a transtornos mentais como depressão,
ansiedade, esquizofrenia, transtorno afetivo bipolar, transtorno obsessivo-compulsivo etc, e
pessoas com quadro de uso nocivo e dependência de substâncias psicoativas, como álcool,
cocaína, crack e outras drogas.
O acolhimento dessas pessoas e seus familiares é uma estratégia de atenção fundamental para
a identificação das necessidades assistenciais, alívio do sofrimento e planejamento de
intervenções medicamentosas e terapêuticas, se e quando necessárias, conforme cada caso. Os
indivíduos em situações de crise podem ser atendidos em qualquer serviço da Rede de Atenção
Psicossocial, formada por várias unidades com finalidades distintas, de forma integral e gratuita,
pela rede pública de saúde.
Os principais atendimentos em saúde mental são realizados nos Centros de Atenção
Psicossocial (CAPS) que existem no país, onde o paciente recebe atendimento próximo da
família com assistência multiprofissional e cuidado terapêutico conforme o quadro de saúde de
cada paciente. Nesses locais também há possibilidade de acolhimento noturno e/ou cuidado
contínuo em situações de maior complexidade.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Consumo abusivo de álcool aumenta 42,(% entre as mulheres, 25 jul. 219. Disponível em: http://
saude.gov.br/noticias/agencia-saude/45613-consumo-abusivo-de-alcool-aumenta-42-9-entre-as-mulheres. Acesso em: 13 dez. 2019.

TEXTO 03
Doenças do fígado
O álcool consumido é metabolizado pelo fígado e, por isso, esse órgão tem grande potencial de
ser lesionado. A doença alcoólica de fígado é diretamente influenciada pela quantidade consumida
de álcool e pelo uso crônico, isto é, ao longo de vários anos. Estima-se que entre 90% e 100% dos
bebedores pesados crônicos desenvolvam doença hepática gordurosa (acúmulo de gordura no
fígado) como consequência precoce e ainda reversível. Com a manutenção do consumo, o álcool
pode causar inflamação do órgão - hepatite alcóolica. Até 40% desses casos podem evoluir para
cirrose - inflamação crônica irreversível do fígado que altera sua capacidade de funcionar

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50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA

adequadamente. Os sintomas da insuficiência hepática, ou seja, do mau funcionamento do fígado,


como náuses e vômitos, redução de apetite, amarelamento da parte branca dos olhos e da pele, e
maior propensão a sangramentos, só aparecem quando um grande e irreversível dano ao órgão já
ocorreu. Já os sinais, que podem ser identificados com exames complementares, como alteração
de enzimas hepáticas, e das frações de proteínas, são alterados anteriormente.
Problemas gastrointestinais
O consumo excessivo de álcool pode causar lesões e inflamação no aparelho digestivo, como
esôfago e estômago, com sangramentos, vômitos e sintomas de refluxo, como azia e dor na
porção superior do abdômen. Além disso, o álcool interfere na secreção do suco gástrico
(secreção produzida pelo estômago) e no tempo de esvaziamento estomacal, interferindo na
digestão e no risco para desenvolvimento de úlceras.
Pancreatite
A pancreatite (inflamação do pâncreas) aguda é um quadro grave e muitas vezes exige que o
indivíduo se dirija a serviço de pronto-atendimento para controle dos sintomas, como dor
abdominal intensa. A repetição de quadros de pancreatite aguda pode levar à pancreatite
crônica, com mau funcionamento do pâncreas de forma irreversível, o que causa outros
problemas para a saúde. O abuso de álcool é a principal causa de pancreatite. Em geral, ocorre
com o passar de 5 a 10 anos de consumo pesado e mantido. Como consequência, sabe-se que
a taxa de mortalidade de pacientes com pancreatite alcoólica é cerca de 36% mais elevada do
que para a população geral.
Neuropatia periférica
Aproximadamente 10% dos indivíduos alcoolistas desenvolvem um quadro de deterioração do
funcionamento dos nervos dos pés e das mãos, resultando em sintomas de dormência,
formigamento e outras alterações de sensibilidade. Os sintomas podem melhorar com a
abstinência do álcool.
Problemas cardíacos e vasculares
O uso pesado de álcool aumenta a liberação de hormônios relacionados ao estresse que atuam
na contração de vasos sanguíneos e influenciam na pressão arterial, podendo causar
hipertensão. Além disso, o consumo pesado por período prolongado de álcool também leva ao
aumento da fração nociva do colesterol (conhecido como LDL), triglicerídeos, e à alteração no
funcionamento de plaquetas. Assim sendo, eventos como arritmias, inflamação do músculo
cardíaco (miocardiopatia) e infartos agudos são consequências possíveis do alcoolismo. A
mesma lógica que funciona para o prejuízo das artérias do coração, chamadas de coronárias,
também existe para artérias de outros órgãos do corpo, como o cérebro; portanto, o beber
pesado e crônico também aumenta o risco para acidente vascular cerebral.
Prejuízos cerebrais
O álcool atua como depressor do sistema nervoso central, interferindo diretamente em
mecanismos cerebrais. Seu uso excessivo pode causar dificuldades no raciocínio, como
resolução de problemas simples, além de alterar o senso de perigo e o comportamento.
Problemas de insônia e má qualidade do sono, com sensação de um sono “fragmentado”, são
queixas comumente associadas ao uso abusivo de bebidas alcoólicas. O uso pesado e crônico
pode prejudicar ainda o equilíbrio e a coordenação motora, devido ao seu efeito tóxico no
cerebelo, além da diminuição dos reflexos, aumentando as chances de acontecerem quedas.

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50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA

Ainda, em indivíduos alcoolistas existe o risco de quadros de demência. Deficiências vitamínicas,


como a da vitamina B1 (tiamina), contribuem para o risco de demência alcoólica, um quadro
grave e irreversível.
Disfunções imunológicas
Pode ocorrer enfraquecimento e prejuízo no funcionamento do sistema imunológico com o uso
pesado crônico de álcool, aumentando o risco de infecções, como pneumonia e tuberculose. Tal
padrão de consumo de álcool interfere na contagem de células brancas no sangue e altera a
capacidade de combater infecções. Além disso, durante o período inicial de intoxicação alcoólica
pode ocorrer um estado pró-inflamatório, o que aumenta a chance de complicações se houver
algum acidente ou lesão, ou se o indivíduo apresentar alguma doença pré-existente.
Anemia
Quadros de desnutrição relacionados ao uso pesado de álcool (o uso crônico de 4 a 8 doses ao
dia, em média), e por muito tempo, podem ocorrer tanto por adotarem dieta nutricionalmente
pobre como pela diminuída absorção de nutrientes no trato gastrointestinal. A deficiência de
vitamina B12 ou ácido fólico, somada ao efeito tóxico do álcool, pode levar à anemia macrocítica
ou megaloblástica. Neste quadro, a formação de glóbulos vermelhos (hemácias) fica alterada,
levando a pior funcionamento e capacidade de levar o oxigênio às células do corpo.
Osteoporose
O consumo crônico de álcool ao longo da vida pode influenciar na saúde dos ossos,
especialmente no processo de mineralização óssea, aumentando o risco de desenvolvimento de
osteoporose em idades mais avançadas. O grande perigo da osteoporose é o maior risco de
fraturas. Sabe-se ainda que o álcool pode interferir no equilíbrio metabólico do cálcio e na
produção de vitamina D, o que pode contribuir para complicações ósseas. Para as mulheres, o
consumo excessivo de álcool está relacionado ao maior aumento da perda óssea em todas
idades.
Câncer
O consumo pesado de álcool está associado a vários tipos de câncer, como de boca, esôfago,
laringe, estômago, fígado, colón, reto e de mama. Os agentes causadores não são todos
conhecidos, mas sabe-se que especificamente o acetaldeído – um produto do metabolismo do
álcool - pode ter efeitos cancerígenos.
CENTRO DE INFRORMAÇÃO SOBRE SAÚDE E ÁLCOOL. Alcoolismo: 10 danos à saúde. Disponível em: http://www.cisa.org.br/
artigo/6552/alcoolismo-10-danos-saude.php. Acesso em: 13 dez. 2019.

TEXTO 04
Depressão
O álcool tem um efeito depressor sobre o sistema nervoso central e aumenta o risco de
perturbações de humor e de depressão, que se revelam pelos sintomas habituais, desinteresse,
perda ou aumento de peso, perturbações do sono, fadiga, perda de energia ou agitação,
pensamentos negativos, diminuição da capacidade de pensamento ou concentração, e nos
casos mais severos, pensamentos suicidas.
Abstinência
Ocorre quando, após um período de alcoolismo intensivo, há uma paragem no consumo ou uma
redução abrupta e significativa das quantidades ingeridas. Pode revelar-se algumas horas

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50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA

depois ou surgir até quatro a cinco dias após esse momento e os sintomas são: taquicardia,
tremores nas mãos, insónia, náuseas e vómitos, alucinações, inquietação, agitação e ansiedade.
Nos casos mais graves, a situação de delirium tremens é acompanhada de febre, convulsões e
confusão mental.
Demência
A memória é frequentemente afetada não só pela ação do álcool como pela má nutrição, que
torna frequente nos alcoólicos a carência de vitamina B1, essencial para a manutenção da
capacidade de armazenar novas memórias. “A degradação da memória, causada pelo consumo
excessivo de álcool, pode perdurar e inclusive agravar-se ao longo dos anos”, alerta José
Fernando Santos Almeida.
Psicose
Induzida pelo álcool, consiste sobretudo em alucinações e ideias delirantes (ideias falsas que
resistem a toda a argumentação lógica e ao teste da realidade). Afeta 3% dos dependentes do
álcool. “Há pessoas mais suscetíveis a sofrerem uma psicose do que outras e a durabilidade da
psicose dependente de inúmeros fatores (manutenção do consumo, vulnerabilidade, história
prévia de psicose, concomitância de consumos de outras substâncias, etc.).”
Secretaria de Saúde do Estado do Tocantins. Transtornos mentais causados pelo alcoolismo. Disponível em: https://saude.to.gov.br/
vigilancia-em-saude/doencas-transmissiveis-e-nao-transmissiveis-/dant/fatores-de-risco/alcoolismo/. Acesso em: 13 dez. 2019.

PROPOSTA DE REDAÇÃO
A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo
de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa
sobre o tema: “Abuso de álcool na sociedade brasileira”. Selecione, organize e relacione, de
forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

TEMA 42

Medidas eficazes para o combate às drogas no Brasil


TEXTO 01
Uma das mais amplas pesquisas já feitas sobre consumo de drogas lícitas e ilícitas no Brasil foi
divulgada na última semana pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). O 3° Levantamento
Nacional sobre o Uso de Drogas pela População Brasileira entrevistou em 2015, cerca de 17 mil
pessoas com idades entre 12 e 65 anos, em todo o Brasil, com o objetivo de estimar e avaliar os
parâmetros epidemiológicos do uso de drogas. […]
Esse é o primeiro levantamento com abrangência nacional. Veja alguns dos principais pontos:
- 46 milhões de brasileiros de 12 a 65 anos beberam pelo menos uma dose de bebida alcoólica
nos 30 dias anteriores a pesquisa.
- Dois milhões e trezentos mil apresentaram comportamentos de dependência do álcool.
- Quase 5 milhões de brasileiros (4,9 milhões) disseram que usaram alguma droga ilícita nos 12
meses anteriores à pesquisa. E o percentual é maior entre jovens de 18 a 24 anos.
- A maconha foi a droga ilícita mais consumida (7,7% usaram pelo menos uma vez na vida).

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50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA

- A cocaína foi a segunda droga ilícita mais consumida (3,1% disseram que já usaram)
- 1 milhão e 400 mil pessoas entre 12 e 65 anos disseram que usaram crack alguma vez na vida
(0,9% dos entrevistados).
Pesquisadores envolvidos no levantamento alertaram que, como a pesquisa foi feita em
domicílios, não leva em conta a quantidade de usuários nas ruas.
CONSELHO REGIONAL DE FARMÁCIA DO ESTADO DE MINAS GERAIS. Levantamento da Fiocruz revela panorama do uso de
drogas lícitas e ilícitas no Brasil, 12 ago. 2019. Disponível em: https://www.crfmg.org.br/site/noticias/levantamento-da-fiocruz-revela-
panorama-do-uso-de-drogas-licitas-e-ilicitas-no-brasil. Acesso em: 14 dez. 2019.

TEXTO 02
O Brasil está enfrentando atualmente um crescimento no abuso de drogas que precisa ser
lidado. Todavia, os países emergentes não podem se dar ao luxo de gastar os seus recursos na
implementação de uma política de proibição eficiente dado que nem mesmo os países
desenvolvidos, apesar de todos os seus recursos, têm sido capazes de fazê-lo.
A implementação do controle através da legalização, por outro lado, é muito mais simples e
a  autofinanciável. O suposto aumento nos gastos com a saúde pública poderia ser facilmente
coberto pela verba economizada com o fim do combate ao tráfico ostensivo (o orçamento para
segurança pública no estado do Rio de Janeiro será de R$ 11,6 bilhões em 2016, mais de 14%
do total, valor que é superado apenas pela saúde e educação) e com a diminuição do ineficiente
e custoso sistema presidiário (um preso custa em média R$ 2.500 por mês, enquanto que um
estudante universitário das instituições públicas custa menos de um terço desse valor –
aproximadamente R$ 790 por mês). […]
Ter um dependente químico na família hoje em dia vem se tornando comum, na família de
muitas pessoas. Fazer um tratamento com o dependente químico ou alcoólatra é extremamente
necessário, mais é preciso atenção em saber se a clínica de recuperação tem um trabalho
confiável.
Se as pessoas têm problemas relacionados a drogas com seus filhos ou outro familiar próximo e
estão preocupadas, há na clínica de recuperação possível sucesso. O Brasil, seguindo a
tendência mundial, entendeu que usuários e dependentes não devem ser penalizados pela
justiça com a privação de liberdade.
Esta abordagem em relação ao porte de drogas para uso pessoal tem sido apoiada por
especialistas que apontam resultados consistentes de estudos, nos quais: a atenção ao usuário/
dependente deve ser voltada ao oferecimento de oportunidade de reflexão sobre o próprio
consumo, em vez de encarceramento.
Assim, a justiça retributiva baseada no castigo é substituída pela justiça restaurativa, cujo
objetivo maior é a ressocialização por meio de penas alternativas: Tratamento psicológico para
dependentes químicos.
O usuário deve ter acesso a um acompanhamento psicológico desde os primeiros momentos da
internação em uma clínica especializada, pois dessa forma a readaptação poderá ocorrer da
melhor maneira possível. Afinal, esse profissional poderá ajudá-lo a lidar melhor com as
situações que fizeram com que ele utilizasse substâncias químicas como válvula de escape.
Além disso, o tratamento psicológico para dependentes químicos irá contribuir para que alguns
dos distúrbios causados pela abstinência sejam aliviados. É válido ressaltar que tanto os

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psicólogos quanto os psiquiatras podem fazer esse tipo de acompanhamento, tudo depende do
quadro clínico do usuário.
A intervenção desse profissional pode ocorrer de diversas maneiras, ela irá variar de acordo com
as necessidades dos usuários. A técnica adotada só poderá ser definida depois da análise do
caso pelo psicólogo ou psiquiatra, onde serão identificadas as causas da dependência e definida
a forma de tratamento.
As técnicas adotadas pelo profissional poderão ser modificadas na medida em que ele perceber
de que maneira o usuário está reagindo ao tratamento psicológico para dependentes químicos,
visando assim atingir resultados duradouros e satisfatórios. Segundo pesquisa com fundador
Fernando Casoto foi informado que ao longo de 16 anos a procura de familiares e amigos vem
aumentando de forma gradativa a cada ano e o número de internação de forma significativa.
Profissionais: a clínica de Recuperação Grupo Casoto por exemplo conta com profissionais
altamente qualificados, que prezam o bom ensino e aplicação do Programa Terapêutico, que
deve alcançar resultados eficazes em todos as áreas do paciente.
Drogas: com números alarmantes, Brasil segue em sentido contrário às tendências de tratamento em clínica de recuperação para
dependência clínica. Revista Exame, 8 mai. 2018. Disponível em: https://exame.abril.com.br/negocios/dino/drogas-com-numeros-
alarmantes-brasil-segue-em-sentido-contrario-as-tendencias-de-tratamento-em-clinica-de-recuperacao-para-dependencia-quimica/.
Acesso em: 14 dez. 2019.

TEXTO 03
Como estamos lidando com o problema?
O modelo atual de combate às drogas busca nada mais nada menos que a abstinência completa
das substâncias ilegais. Qualquer outro resultado que não passe pelo abandono dessas
substâncias de uma vez por todas é considerado um fracasso. O argumento para chegar lá é
forte: quem não largar o baseado ou a seringa vai para a cadeia.
Essa guerra tem três frentes de batalha. A primeira é tentar acabar com a oferta, ou seja,
combater os fornecedores, os narcotraficantes. A Polícia Federal brasileira, que apreende
toneladas de entorpecentes todo ano, trabalha nessa frente. Outro exemplo saído desse front foi
a substituição de cultivo realizada na Bolívia e no Peru, pela qual os agricultores receberam
incentivos para trocar a lavoura de coca por outras culturas.
A segunda frente de combate é a redução da demanda. Há duas maneiras de convencer o
sujeito a não usar drogas, ou seja, de prevenir o uso das drogas. Além de ameaçar prendê-lo,
processá-lo e condená-lo – ou seja, reprimi-lo –, pode-se tentar educá-lo: ensinar-lhe os riscos
que determinada substância traz à sua saúde e colocá-lo em contato com pessoas que já foram
dependentes.
A terceira frente de batalha é o tratamento. Chegar à eliminação das drogas não pelo ataque à
oferta ou ao consumo, mas tratando aqueles que já estão dependentes da droga como vítimas
que precisam de ajuda médica em vez de algozes que merecem repressão policial.
Das três estratégias, a que tem recebido mais atenção e recursos é, disparado, o combate ao
tráfico.
Após sucessivos aumentos do orçamento destinado à guerra contra as drogas, os Estados
Unidos são hoje o país que mais gasta com isso. Há 18 anos, o país dispendia 2 bilhões de
dólares nesse combate. No ano 2000, o governo federal, sozinho, torrou 20 bilhões nessa guerra
– outros 19 bilhões foram gastos por Estados e prefeituras. Desse total, 13,6 bilhões (68%)

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foram usados no combate ao tráfico de drogas e 6,4 bilhões (32%) destinaram-se a ações de
redução da demanda. Destes últimos, porém, mais da metade acabou financiando a repressão:
prisão, investigação e processo de usuários. As campanhas educativas receberam 3 bilhões.
Em 1998, houve uma tentativa de correção de rumos. Em uma reunião da assembléia geral da
ONU (com a presença do então presidente americano Bill Clinton e de Fernando Henrique
Cardoso), a entidade fez uma recomendação, que todos os países membros assinaram, de que
deveria haver mais equilíbrio entre os recursos destinados à redução da oferta e da demanda.
Mas isso ainda não aconteceu.
A abordagem atual funciona?
Os burocratas resistem a admitir, mas o mundo já perdeu a guerra contra as drogas. É essa a
opinião unânime dos estudiosos do assunto, desde a conservadora e prestigiada revista inglesa
The Economist até o ex-ministro da Justiça José Carlos Dias, um dos mais liberais dentre os que
já ocuparam a cadeira. Um bom resumo da opinião desses experts é a declaração de Bruce
Michael Bagley, Ph.D. em Ciência Política na Universidade da Califórnia e consultor sobre tráfico
e segurança pública: “A política antidrogas é um fracasso. As drogas estão mais baratas, mais
puras e mais acessíveis do que nunca. E o consumo de drogas aumenta ao redor do mundo”.
Traduzindo suas palavras em números: no combate à oferta, as forças policiais apreendem
apenas 20% da droga em circulação. Já pelo flanco da demanda, os tratamentos que visam a
abstinência curam só 30% dos usuários. “Eu não sustentaria por um dia sequer uma campanha
de vacinação que fracassasse em 70% dos casos”, diz o médico Fábio Mesquita, coordenador
do programa de DST/Aids da Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo e vice-presidente da
Associação Internacional de Redução de Danos.
De fato, se estivéssemos vencendo, o inimigo não estaria tão viçoso. A ONU estima que o tráfico
movimenta 400 bilhões de dólares no mundo, equivalente ao PIB do México. Para comparar, a
indústria farmacêutica global fatura 300 bilhões; a do tabaco, 204 bilhões; a do álcool, 252
bilhões.
O irônico é que a própria repressão sustenta esse vigor, graças a uma famosa lei de mercado –
“quanto maior o risco, maior o lucro”. No caso da heroína, essa margem chega a ser de 322
000%. Um quilo de ópio custa 90 dólares no Afeganistão e 290 000 dólares nas ruas
americanas. E 90% do preço final fica com os traficantes do país consumidor.
Correndo subterrâneo, esse rio de dinheiro vira uma fonte inesgotável de corrupção. No Brasil, a
CPI do Narcotráfico calculou que o tráfico emprega pelo menos 200 000 pessoas no país, mais
que o Exército, cujo efetivo é de 190 000 pessoas. Exercendo o trabalho para o qual é paga,
essa gente causa outros problemas, como o aumento da criminalidade. É evidente: quem se
dispõe a enfrentar a lei atrás de lucros enormes não vai se prender a outras convenções sociais.
Na Inglaterra, um estudo da Universidade de Cambridge calculou que dependentes de drogas
são responsáveis por 32% dos crimes. “Mas, ao contrário do que se pensa, a violência não é
decorrente do uso da droga, mas do comércio ilegal”, diz Mesquita. Sua opinião é confirmada
por pesquisa da Universidade de Columbia, em Nova York: 21% dos presos por atos violentos
em 1999 nos Estados Unidos cometeram seus crimes apenas sob o efeito do álcool, 3% haviam
usado crack ou cocaína e 1%, heroína. Os demais estavam sóbrios.
Por outro lado, há nas cadeias uma multidão de pessoas pouco violentas presas por envolver-se
com drogas. Nos Estados Unidos, são 400 000 pessoas (20% da população carcerária), sendo

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180 000 por posse e 220 000 por tráfico. Detalhe: só em 12% dos casos houve arma de fogo
envolvida. Ou seja, há 340 000 presos por envolvimento não-violento com drogas.
Enfim, são altos os custos da atual abordagem sobre as drogas. Mas os benefícios compensam?
Nem de longe. Há, hoje, 180 milhões de usuários de drogas no mundo, segundo a ONU. Pior:
dados de 112 países divulgados no mês passado pela entidade mostram que o consumo de
maconha, cocaína, heroína e anfetamina aumentou em 60% das nações entre 1996 e 2001.
Além disso, triplicou a produção mundial de ópio e dobrou a de coca, entre 1985 e 1996.
Exceção à regra, os Estados Unidos reportam uma redução de consumo desde os anos 70, mas
são poucos os que atribuem essa redução à ação oficial. “A repressão tem mais a ver com o
ritmo natural de uma epidemia: as pessoas vêem que quem usa tem problemas e, então, não
usam”, diz o economista Peter Reuter, professor do Departamento de Criminologia na
Universidade de Maryland, consultor do governo americano e considerado um dos maiores
especialistas do mundo no tema.
Restaria uma justificativa moral para a manutenção da atual política: se a maioria acha que a
guerra vale a pena, que se respeite a democracia. Mas nem nos Estados Unidos isso acontece:
mais de 75% dos americanos acreditam que a guerra contra as drogas está sendo perdida.
O Estado tem o direito de proibir o uso?
Roberto (nome fictício) foi preso fumando um baseado. Encarcerado, ele ficou matutando sobre
a periculosidade de seus colegas de cela: um aplicou o golpe do bilhete premiado em uma
velhinha; o outro tentou roubar um banco; e o terceiro matou a mulher. “E eu?”, pergunta-se.
“Mereço ser isolado da sociedade? Quem eu ameaço estando em liberdade, além de mim
mesmo?”
Em favor de seu cliente, o advogado de Roberto poderia citar a revista inglesa The Economist,
que abraça a tese do filósofo John Stuart Mill: “A respeito de si mesmo, sobre seu corpo e
mente, o indivíduo é soberano”. Esse raciocínio não só inocentaria Roberto, como impediria o
Estado de se meter sobre o que cada um faz consigo.
Mas há uma brecha na teoria: se Roberto, depois de anos fumando maconha, tiver um câncer, o
Estado terá que tratá-lo. O prejuízo seria coletivo. “O direito coletivo suplanta o individual. Todo
mundo tem direito à propriedade, mas, se o Estado quer abrir uma avenida onde está sua casa,
você vai ter que se mudar”, diz Wálter Maierovitch. Ou seja, se o simples uso da droga – não se
trata aqui de crimes ou acidentes envolvendo usuários sob o efeito da droga, que são outra
história – acarreta um custo social, o Estado teria o direito de se intrometer. Além disso, é dever
do Estado proteger o cidadão. A obrigatoriedade do cinto de segurança segue o mesmo
raciocínio.
“O detalhe”, diz Maierovitch, que é juiz aposentado, “é que há infrações cíveis, administrativas e
criminais. O trato criminal serve para situações que geram intranqüilidade social, o que não é o
caso do usuário de drogas. Ele deve ser resgatado, não criminalizado.”
É o que faz hoje Portugal, cuja legislação serve de modelo: lá, o porte de drogas é proibido, mas
não criminalizado. A punição para os infratores é a mesma – para ficar no mesmo exemplo – de
quem não usa cinto de segurança, ou seja, uma multa.
É preciso lembrar, porém, que o Estado em geral representa os interesses dos grupos mais
influentes. “Nos Estados Unidos, a classe média, que tem grande influência sobre a opinião

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pública, tem muito medo de ver suas crianças envolvidas com drogas”, diz o cientista político
Bruce Bagley.
Em muitos casos, e em especial no americano, os grupos mais próximos da burocracia são
puritanos. “As drogas foram proscritas na América por americanos idealistas, que acreditavam
que a natureza humana poderia ser tornada perfeita, que a virtude deve triunfar sobre o vício”,
diz o historiador Richard Davenport-Hines.
Para o médico Fábio Mesquita, interesses econômicos também pesaram na decisão. “A
maconha foi proibida, entre outras razões, por pressão da indústria farmacêutica, que produzia
substâncias que disputavam com a erva o mercado dos remédios para abrir apetite, reduzir dor e
enjôo.”
Para Milton Friedman, prêmio Nobel de Economia e defensor da legalização das drogas, a
demora da burocracia oficial na correção da política contra as drogas é típica. “Em uma empresa
privada, um programa fracassado é abortado assim que se detecta seu insucesso, para evitar
prejuízo ainda maior. Um programa governamental ruim, não. Alega-se sempre que ele precisa
ser um pouco diferente, um pouco maior e um pouco mais caro”, disse ele, em 1992, à revista
alemã Der Spiegel.
Duelo de ideias
Conheça os argumentos de quem defende a criminalização e os de quem a combate
Por que usar drogas deve constituir um crime
1 – Fazem mal à saúde
Maconha provoca câncer, cocaína aumenta as chances de isquemia e ataque cardíaco. Além
disso, o uso de drogas reduz a auto-estima e aumenta a chance de depressão
2 – Causam dependência
Cocaína, heroína e maconha causam vício com o uso freqüente. Estatísticas indicam que até
10% dos usuários de maconha ficam dependentes
3 – Incitam a violência
Na Holanda, 5 000 dos 25 000 dependentes de drogas são responsáveis por cerca de metade
dos crimes leves. Na Inglaterra, eles respondem por 32% da atividade criminal
4 – As mais leves levam às mais pesadas
Quase todos os usuários de drogas pesadas já consumiram maconha. O governo americano diz
que fumar maconha aumenta em 56% a chance de consumo de outra droga
5 – Sem punição, o uso vai aumentar
A Holanda liberou o uso de maconha e ele subiu 400%. Nos Estados Unidos, o uso de álcool
caiu 50% com a Lei Seca (1920-33) e só voltou ao nível anterior em 1970
6 – Causam prejuízo à sociedade
Usuários de drogas consomem mais recursos do sistema público de saúde e têm produtividade
menor
7 – Pervertem quem as usa

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O uso da droga transforma pessoas produtivas em indolentes, responsáveis em inconseqüentes,


cidadãos em párias
Por que as drogas devem ser descriminalizadas
1 – A criminalização faz mal à saúde
Tratar o uso como crime mantém os usuários longe do serviço de saúde. E o produto ilegal,
vendido sem controle, é tão perigoso para a saúde quanto remédio sem bula
2 – Repressão não cura dependência
Criminalizar o uso afugenta os usuários ocasionais, mas não os viciados. E encarcerar
dependentes não os livra da droga. Há tráfico nas cadeias
3 – Criminalidade cairia
A maior parte dos crimes relacionados a drogas decorre do comércio ilegal, não do uso ou do
efeito psicoativo das substâncias. Além disso, o tráfico financia a compra de armas
4 – As mais leves não levam às mais pesadas
As pesquisas que fazem essa associação não são conclusivas. Como explicar, por exemplo, que
a maioria das pessoas que usa maconha não migra para drogas mais pesadas?
5 – Descriminalizar reduz os danos
Descriminalizar não significa liberar, apenas parar de tratar o usuário como criminoso. A droga
pode continuar proibida e o uso pode ser combatido com campanhas educativas
6 – A sociedade nada ganha com a criminalização
Hoje, quem lucra são os produtores, os traficantes, o mercado financeiro, a indústria de armas e
as forças de repressão
7 – Cada um faz o que quer consigo mesmo
Ninguém tem o direito de dizer o que cada pessoa faz com o próprio corpo, desde que não
cause prejuízo a ninguém
Que mal causam o usuário e o traficante?
Descriminalizar a droga pode fazer sentido quando se trata de um sujeito inofensivo como
Roberto. Mas o que dizer dos inúmeros casos de pessoas que, sob efeito de uma substância
psicoativa – legal ou ilegal –, furtam, roubam e matam? E dos traficantes, que, segundo a
Secretaria da Segurança Pública de São Paulo, são responsáveis pela maioria das chacinas na
cidade?
Cada caso merece tratamento diferente, mas é bom lembrar que a maioria dos usuários é como
o Roberto, nada ameaçador. Segundo Arthur Guerra de Andrade, psiquiatra do Grupo
Interdisciplinar de Estudos de Álcool e Drogas, da USP, e coordenador do curso médico da
Faculdade de Medicina do ABC, há vários tipos de usuários, de acordo com seu grau de
dependência.
O primeiro é o usuário experimental. Nos Estados Unidos, no que diz respeito à maconha,
metade das pessoas com menos de 40 anos, uns 70 milhões de pessoas, já experimentaram a
droga. O segundo tipo é o usuário ocasional como o Roberto, que usa drogas socialmente. Uma
pesquisa do governo americano mostra que, nos últimos 12 meses, 25 milhões de pessoas

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(12,4% da população maior de 12 anos) haviam usado alguma droga ilegal. Desses, metade
havia feito uso no último mês. Os usuários severos, o terceiro tipo, que precisam de tratamento,
são 3,6 milhões (1,7% da população).
O dependente é um problema para a sociedade porque ele perde o controle, consome a droga
em situações de risco, causa acidentes e comete crimes. “Medidas repressivas reduzem o
número de usuários ocasionais, mas a quantidade de dependentes, que é o que importa, não
diminui”, diz Dartiu Xavier. E qual é a vantagem de impedir que usuários ocasionais de álcool ou
drogas consumam essas substâncias? Além disso, há dependentes de todo tipo de coisa: sexo,
jogo, comida e até trabalho. “Tem gente viciada em sexo, que transa com vários parceiros sem
camisinha e transmite doenças. Mas nem por isso vamos proibir o sexo”, diz Xavier. Se essas
pessoas causam acidentes ou cometem crimes, essas atitudes é que precisam ser penalizadas.
Para o economista Peter Reuter, a repressão só funciona se for um meio de obrigar as pessoas
a levar a sério seus problemas com as drogas. “A política atual não tem sentido porque só tem
sentido punitivo. E a punição não pode ser um fim em si mesmo”, diz.
De fato, experiências em curso sugerem que o que traz resultados é tratar, não reprimir o
dependente. Na Suíça, clínicas de tratamento para dependentes de heroína recuperam dois
terços dos pacientes e reduzem em 60% seus contatos com a polícia. Criminalizar o uso, porém,
aumenta a distância entre o usuário e o remédio de que ele precisa. Na Holanda, onde a
maconha é vendida legalmente e há bastante tolerância ao uso de drogas, 80% dos usuários
estão em contato com os órgãos de saúde pública. No Brasil, menos de 2%. “O problema da
droga é um problema de saúde e de educação”, afirma o ex-ministro José Carlos Dias.
O traficante, por sua vez, mereceria tratamento mais duro. “O fornecedor visa o lucro, o controle
de partes da sociedade e o domínio de território. Ele causa dano social maior”, diz Wálter
Maierovitch, ex-secretário nacional antidrogas. Se bem que o pequeno traficante, que vende a
droga para manter o vício, se aproxima bastante da condição de vítima. “Ele deveria ter punição
mais branda. Na prisão, ele só vai ser aperfeiçoado no crime”, diz Dias.
Como seria o mundo se as drogas fossem legalizadas?
Conheça as vantagens e as desvantagens de viver em um mundo onde o uso de drogas
fosse liberado
Que ninguém se iluda: o primeiro efeito da legalização das drogas seria o aumento imediato do
consumo, por várias razões. Primeiro, o preço cairia muito. Segundo Mark Kleiman, da
Universidade da Califórnia, o custo de produção e distribuição da cocaína equivale a 5% do seu
valor atual. Uma porção de maconha custaria o mesmo que um saquinho de chá. Não bastasse
esse incentivo, o estigma social do usuário seria menor: ninguém precisaria esgueirar-se para
fumar um baseado. Ou seja, o acesso às drogas, por mais rigorosa que fosse a legislação
regulando seu comércio, seria muito mais fácil e seguro do que é hoje. Resta saber que regras
adotar para cada droga.
Alguns, como Milton Friedman, ganhador do prêmio Nobel de Economia, acham que todas as
drogas deveriam ser vendidas como são os remédios: pela indústria farmacêutica. Em seu
mundo ideal, ele já vislumbra a heroína light e a cocaína de baixo teor. A idéia parece
extravagante e acarreta várias desvantagens, mas teria pelo menos um benefício inconteste:
obrigaria os usuários a procurar um médico, o que permitiria ao governo saber quantas pessoas
consomem o quê no país. E drogas produzidas legalmente teriam controle de qualidade. Hoje, a
cocaína vendida em São Paulo chega a ter 93% de impurezas.

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Se bem que, no Brasil, esse benefício talvez não se concretizasse. Anfetaminas, por exemplo,
são vendidas sob prescrição médica por aqui. Resultado: somos os maiores consumidores da
droga. “O controle sobre medicamentos é muito ruim no país”, diz Fábio Mesquita. Não que a
burla ocorra só aqui. Nos Estados Unidos, é proibido vender álcool a menores de 21 anos, mas
87% dos estudantes do ensino médio já tomaram uns tragos. Maconha, porém, só passou pelos
pulmões de 46% deles. A diferença deve-se ao fato de que o uso da erva é crime.
Para o sociólogo Luiz Eduardo Soares, deveríamos legalizar as drogas aos poucos, começando
pela maconha, que seria tratada como o álcool e a nicotina. “O álcool em nada difere das drogas
ilegais. E estamos perdendo a guerra contra o álcool? Não. Estamos convivendo e aprendendo,
difundindo o autocontrole, evitando efeitos sobre terceiros, coibindo a propaganda.”
A legalização permitiria taxar a venda de drogas. O dinheiro poderia financiar a prevenção e o
tratamento de usuários. Diante dos preços atuais, mesmo um super imposto de 500% quebraria
o comércio ilegal. O tráfico se transformaria em um negócio tão pouco atraente quanto é hoje o
contrabando de cigarros.
Some-se a isso um controle sobre as armas e a criminalidade despencaria, diz Soares. “Os
problemas socioeconômicos iriam se manifestar em algum lugar, mas o número dos crimes com
morte cairia, porque o número de armas cairia e a fonte de financiamento para comprá-las
estaria seca.” Os morros do Rio, por exemplo, poderiam ser finalmente reintegrados à cidade.
Existem alternativas eficientes?
Da maneira como foi formulada, a guerra contra as drogas está perdida desde o dia em que
alguém escolheu como meta a erradicação completa e total. Tal façanha era e sempre foi
impossível, admitem os especialistas. Mas o fato é que só agora isso saltou aos olhos da
intelligentsia. “Nunca encontrei um administrador público que acreditasse de verdade que
acabaria com as drogas. Mesmo os funcionários da agência americana de combate às drogas, a
DEA, admitem isso quando conversam conosco”, diz o sociólogo Luiz Eduardo Soares.
Constatado o erro, os agentes públicos buscam agora uma meta que substitua a antiga utopia. E
estão encontrando alternativas promissoras. A mais difundida é a redução de danos, que evita o
erro anterior. Já que erradicar as drogas é impossível, tenta-se reduzir os estragos que elas
causam aos usuários e à sociedade. Ou seja, as mortes, as doenças e o crime. Faz parte desse
espírito, por exemplo, oferecer seringas a usuários de drogas injetáveis para evitar que eles
compartilhem agulhas e contraiam doenças. Ou, como ocorre mundo afora, substituir uma droga
ilegal por outra que cause menos prejuízo à saúde. “A redução de danos é claramente o
caminho que os estudiosos e o mundo todo estão indicando”, diz Bruce Bagley.
A mais revolucionária experiência em curso hoje ocorre na Suíça. Lá, quem quiser usar heroína
pode obtê-la de graça do governo. Parece piada, mas o Estado construiu clínicas para os
usuários, com direito a parede branquinha, maca com lençol, seringa e até um enfermeiro para
aplicar a injeção. Resultado: o tráfico e as mortes por overdose acabaram, todos os usuários
estão sob cuidados médicos e muitos estão deixando o vício.
O Brasil também anda experimentando. Em São Paulo, dependentes de crack foram
estimulados a consumir maconha. “Em oito meses, 68% deles largaram as duas drogas”, diz
Dartiu Xavier, um dos autores da experiência, até então inédita.
Atrás de opções, os agentes públicos estão redescobrindo as campanhas de educação e
prevenção. Segundo o instituto de pesquisas americano Rand Corporation, nos anos 90 esses
programas foram 12 vezes mais efetivos que o combate ao tráfico e o encarceramento.

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Mas nem os críticos da atual política querem paz para os traficantes. Nesse campo, as
sugestões procuram otimizar o combate. O ex-secretário nacional antidrogas, Wálter
Maierovitch, tem sua fórmula: controle eletrônico das transações financeiras, regulamentação
dos paraísos fiscais e vigilância sobre os químicos necessários para a produção das drogas.
Drogas leves levam a drogas mais pesadas?
Entre os estudiosos, a “teoria da escadinha”, como é conhecida essa hipótese, é aceita por
alguns e condenada por outros. As pesquisas existentes sobre o assunto, longe de esclarecer,
são lenha extra para a fogueira. André Malbergier, coordenador do Grupo Interdisciplinar de
Estudos de Álcool e Drogas da Unifesp, faz parte do grupo que defende essa tese e tem
argumentos razoáveis. Primeiro, diz ele, o uso inaugural serviria para quebrar o gelo. “A pessoa
que consome algo que altera seu estado de consciência fica mais vulnerável a usar outras
substâncias que mexam com isso”, diz André. No caso de drogas ilegais, o uso romperia uma
barreira moral. “O sujeito usa uma vez e não recebe punição. Pronto. Está aberto o caminho
para outras ilegalidades”, diz ele. Por fim, existe a facilidade social. “O consumidor de maconha
tem maior probabilidade de conhecer o usuário – e o traficante – de uma substância mais forte e
mais letal”, afirma.
Há dados epidemiológicos que apóiam a teoria da escadinha. Segundo o órgão oficial americano
de prevenção ao uso de drogas, quem usa maconha tem 56% mais chances de vir a consumir
outro tipo de droga.
Quem critica a teoria da escadinha afirma que tais pesquisas são direcionadas. “Pergunta-se ao
usuário de heroína se já usou maconha e liga-se uma coisa à outra. Se usarem o método em
outros hábitos, vão descobrir que usar cigarro, beber cerveja, andar de ônibus e ter cachumba
também leva a drogas mais pesadas”, diz o médico Fábio Mesquita.
Para Dartiu Xavier, que também não crê na teoria da escadinha, não existem drogas leves e
pesadas. Tudo depende de como o usuário se relaciona com elas. Para um alcoólatra, que
metaboliza bem o álcool, cerveja é droga pesada e cocaína, não. Para alguém que não tem
limites alimentares, doce pode causar dependência. A escadinha sugere que uma droga
desemboca na outra, mas a maioria dos usuários de maconha a abandona espontaneamente.
“Quase todos os usuários de heroína ou cocaína já fumaram maconha, mas a maioria dos
usuários da erva não consome heroína ou cocaína”, diz o economista Peter Reuter.
Drogas: o que fazer a respeito. Superinteressante, 31 dez. 2001. Disponível em: https://super.abril.com.br/saude/drogas-o-que-
fazer-a-respeito/. Acesso em: 14 dez. 2019.

PROPOSTA DE REDAÇÃO
A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo
de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa
sobre o tema: “Medidas eficazes para o combate às drogas no Brasil”. Selecione, organize e
relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

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TEMA 43

Estratégias de preservação do patrimônio histórico-cultural


TEXTO 01
O patrimônio cultural de uma comunidade diz respeito a tudo aquilo que a identifica com aquele
espaço. A ideia de patrimônio cultural agrega desde prédios, ruas, praças e monumentos que
dizem das modificações e sobreposições da formação da dinâmica urbana de uma comunidade,
até aspectos antropológicos que dizem da formação de um grupo humano como a língua, os
ritos, as crenças e os costumes.
Nos últimos tempos, com o avanço tecnológico, a crise de paradigmas das ciências, o encurtamento
das distâncias entre os países e culturas, temos buscado cada vez mais referências que nos ajudem a
reconstruir o caminho que nos trouxe até aqui. Na atualidade tudo muda o tempo todo. O que é hoje
amanhã não é mais. É desse processo de consciência da transitoriedade da sociedade que tomamos
consciência da nossa efemeridade enquanto sujeitos históricos e então adquirimos a noção de
continuidade e perpetuação. É daí que provém a necessidade da preservação do patrimônio histórico e
cultural e de políticas que contemplem essa necessidade.
Porém, vale destacar que uma política de preservação patrimonial acontece de forma democrática,
com a participação de diversos segmentos de uma comunidade. Afinal essa política interfere
diretamente sobre aquilo que deve ser preservado e consequentemente instituído como referência
para a construção da história local. É preciso que todos se apropriem dessa discussão para que ela
não represente apenas as ânsias de poucos e possa contemplar a diversidade. O patrimônio histórico
e cultural é aquilo que nos dá unidade, enquanto homens e mulheres de uma determinada
comunidade, mas não podemos esquecer que essa unidade é fruto das diferenças, sejam elas
regionais, étnicas, sociais, ideológicas, de religião, de gênero, etc.
Conhecer o nosso passado e preservar a memória e a cultura é requisito para as ações no
presente.   É sabendo sobre como procederam aqueles que nos antecederam, nas mais
diferentes situações, que agimos criticamente, espelhando-nos ou não em suas ações. Refletir
sobre a memória é valorizar o passado e seus legados, é ser sujeito da construção da história, e
isso é um pressuposto básico para o exercício da cidadania.
Memória e patrimônio: por que preservar? Blog Patrimônio Jovem, 08 mai. 2010. Disponível em: https://
patrimoniojovem.wordpress.com/2010/08/05/memoria-e-patrimonio-por-que-preservar/. Acesso em: 15 dez. 2019.

TEXTO 02
O abandono de prédios tombados pela União, estado e municípios, ou de valor histórico, embora
não reconhecido pelos órgãos de proteção, é um dos pontos nevrálgicos do patrimônio cultural.
Essa triste realidade lidera a lista de investigações do Ministério Público de Minas Gerais
(MPMG), que concluiu levantamento sobre indicadores da situação extrajudicial em 255
comarcas mineiras. Destacando que 86% das promotorias de Justiça no estado (dados de 2014)
atuam na defesa do patrimônio cultural, o titular da Coordenadoria das Promotorias de Justiça de
Defesa do Patrimônio Cultural e Turístico (CPPC/MPMG), Marcos Paulo de Souza Miranda,
estima em 25% o percentual de procedimentos relacionados exclusivamente à degradação de
igrejas, capelas, casarões, prédios públicos e outros monumentos.
A falta de segurança das construções históricas, principalmente no combate a incêndio e contra

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descargas atmosféricas, representa fator de risco. “Mas há também a destruição deliberada de


imóveis históricos tombados, como ocorreu no ano passado em São João del-Rei, na Região do
Campo das Vertentes”, conta o promotor. Localizados atrás da Igreja de São Francisco, em área
protegida pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), os imóveis foram
destruídos, contrariando todas as disposições legais. “Os responsáveis estão respondendo
judicialmente. Ocorreu um fato absurdo, pois eram bens de grande valor cultural”, lamenta
Marcos Paulo.
O promotor de Justiça enumera várias situações que comprometem a riqueza cultural de Minas
e denotam a falta de sensibilidade de determinados setores econômicos. Uma delas é a Ponte
Marechal Hermes, nos limites entre Pirapora e Buritizeiro, na Região Norte. A estrutura
completou 92 anos em novembro e demanda urgente restauração. A partir de ação do MPMG e
do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha), a juíza Renata
Souza Viana, de Pirapora, determinou a recuperação completa das passarelas laterais e
ordenou a substituição de todos os pranchões de madeira, incluindo troca e fixação dos
parafusos. No entanto, a Ferrovia Centro Atlântica recorreu ao Tribunal de Justiça (TJMG).
“Muitos empreendedores falam em projetos de sustentabilidade, mas, na prática, é apenas
retórica”.
No campo da espeleologia (grutas e cavernas), Marcos Paulo cita o estado crítico da Lapa
Vermelha, em Pedro Leopoldo, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Destacado como
Monumento Natural, a Lapa Vermelha, onde foi encontrada Luzia, o esqueleto humano mais
antigo das Américas, “está em processo erosivo, em completo abandono”. Preocupado com as
ameaças e ao mesmo tempo esperançoso com maior sensibilidade da população, o titular do
CPPC pede providências urgentes também para a Matriz de Jequitibá, a 104 quilômetros de BH,
e a Fazenda Boa Esperança, em Belo Vale, pertencente ao Iepha. Em entrevista recente ao
Estado de Minas, a nova presidente da instituição, Michele Arroyo, afirmou que a recuperação da
propriedade rural está entre suas prioridades.
Na cruzada contra a destruição do patrimônio cultural mineiro, a CPPC dispõe de equipe técnica
formada por arquitetos e historiadores. “Esse suporte é fundamental para o bom desempenho do
trabalho. Em 2014, foram produzidos 70 laudos e 156 notas técnicas, totalizado 226 trabalhos
periciais para embasar os trabalhos dos promotores de Justiça”, conclui Marcos Paulo.
Abandono é o maior problema do patrimônio cultural em Minas. Estado de Minas, 16 mar. 2015. Disponível em: https://
www.em.com.br/app/noticia/gerais/2015/03/16/interna_gerais,627904/abandono-e-o-maior-problema.shtml. Acesso em: 15 dez. 2019.

TEXTO 03

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LATUFF. Charge. Diário do Centro do Mundo, 02 set. 2018. Disponível em: https://www.diariodocentrodomundo.com.br/wp-content/
uploads/2018/09/latuff-600×424.jpg. Acesso em: 15 dez. 2019.

PROPOSTA DE REDAÇÃO
A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo
de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa
sobre o tema: “Estratégias de preservação do patrimônio histórico-cultural brasileiro”.
Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de
seu ponto de vista.

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TEMA 44

Criminalização do funk em debate no Brasil


TEXTO 01
Uma sugestão legislativa que propõe o fim do funk no Brasil tramita no Congresso Nacional
desde o início do mês de maio. A polêmica ideia de acabar em definitivo com atividades
relacionadas ao ritmo musical é de autoria do microempresário Marcelo Alonso, 46, um
webdesigner paulistano que nutre uma profunda “cólera” pelo estilo.
Criador do site “Funk é lixo”, Alonso até flerta com a política em alguns momentos da entrevista.
“Posso entrar para política para defender nossos valores morais, que estão sendo destruídos”,
avalia. Casado e pai de um adolescente, ele mora numa casa simples em um subúrbio próximo
à cidade de Guarulhos, região metropolitana de São Paulo. […]
O autor da ideia, o microempresário Alonso, rebate o pesquisador. Para ele, os chamados bailes
“pancadões” são somente um recrutamento marginal organizado nas redes sociais por e para
atender criminosos, estupradores e pedófilos. “O funk faz apologia ao crime, fala em matar a
polícia. Sou pai de família e se eu não me preocupar com o futuro, amanhã só teremos
marginais”, diz Alonso.
Quase sem fôlego quando conclui as frases, Alonso emenda: “Os pancadões ou fluxos são
arruaças, um quebra-quebra que danifica o patrimônio público, sem contar a falta de respeito
para com a mulher, classificando-a como: cachorra, cadela, novinha, safada, puta, biscate.”
O microempresário acredita que as pessoas que curtem a batida da música abraçam uma
apologia do mal. “Isso é crime. Essa turma usa a bunda como cérebro para convencer
principalmente as crianças, adolescentes ou a mente em formação”, dispara. “Uso o meu
intelecto para conscientizar os pais, pessoas de bem, formadores de opinião, policiais, pessoas
ligadas à Justiça para mudar este cenário”. […]
O discurso de defesa da ideia está pronto na ponta da língua: “Não existe preconceito e, sim
conceito formado de que o funk é lixo. Aliás, funk não é lixo, até porque o lixo pode ser
reciclado”, provoca Alonso.
Proposta que pretende acabar com funk chega ao Senado. Istoé, 14 jun. 2017. Disponível em: . Acesso em: https://istoe.com.br/
romario-relator-proposta-fim-funk. Acesso em: 15 dez. 2019.

TEXTO 02
É profundamente lamentável que a música brasileira tenha chegado a esse ponto, depois de ter
encantado o planeta com a bossa nova, o chorinho, o samba de raiz. Isso é o reflexo da falta de

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cultura de um país que tem um ensino sucateado pelas aprovações automáticas. O que esperar do
funk, das pessoas que se submetem a um pancadão? Seria o cúmulo da vergonha considerar um
tipo de música tão vulgar e ridícula como forma de manifestação cultural. Isso sem falar que os
bailes funk servem para ajudar a fazer apologia ao tráfico de drogas e armas, que todos já sabem,
com letras que fazem exaltar a violência, o crime e a prostituição.
Não que o funk seja a causa disso tudo, mas ele exalta valores que perpetuam essa realidade. É
no funk que bandidos viram heróis em suas letras malfeitas e sem poesia. A naturalização da
violência, já tão presente na vida de jovens e crianças que crescem em comunidades carentes, a
desvalorização da vida e a busca inconsequente por ascensão social só colaboram para maiores
índices de morte, tortura, estupro etc. São aspectos do funk que infligem frustração e sofrimento
em seres humanos. Os valores das famílias e do amor são trocados pelas facções e pela cultura
do estupro.
O funk está ligado à banalização do crime e à vulgaridade. […]
Funk não é cultura da favela. É cultura dos bandidos. Os que moram na favela não consideram os
traficantes como heróis, como o funk canta. Não odeiam policiais como o funk canta. Respeitam
mulheres e crianças. Enfim, o funk não representa o pobre. Defender o funk é defender que o
morador da favela continue refém do tráfico.
Tomo o partido do deputado, apesar de compreender – mas não concordar com – os pontos do
editorial. A grande falácia que identifico é a seguinte: parte-se de uma premissa verdadeira –
outros ritmos começaram subversivos, atacados com base em argumentos parecidos – e chega-
se a uma conclusão equivocada – tudo que é subversivo hoje pode virar cultura legítima
amanhã.
O mesmo fenômeno se observa nas artes. A arte abstrata veio desafiar a clássica, muita coisa
que era rotulada como subversiva ou feia caiu no gosto popular depois, e talentos foram
reconhecidos enquanto antes havia apenas desconfiança. A arte contemporânea marcou seu
lugar na história da arte.
Daí se passou para algo totalmente sem sentido, absurdo até:  qualquer  coisa que choca hoje,
que é vista como ruim, terá o status de arte amanhã. Na verdade,  quanto mais chocante e
horrorosa  uma “obra de arte” para os padrões atuais, maior é a probabilidade de ela ser tida
como incrível no futuro. Chegamos, assim, ao cocô como “arte”.
Esse é um fenômeno da modernidade, em que o relativismo estético e moral chegou ao seu
ápice. Na “marcha dos oprimidos”, tudo que é visto como ruim, mas feito por “minorias”, precisa
ser aceito, aplaudido, elogiado. Caso contrário é puro preconceito da elite. Quebrar todos os
tabus da moralidade burguesa é a coisa mais fantástica do mundo.
Não dá para engolir isso. Portanto, mesmo entendendo que o alerta feito pelo jornal é válido,
lembrando que algumas coisas antes consideradas nefastas se tornaram aceitas e até louváveis
do ponto de vista cultural, fico do lado do deputado: o funk,  em linhas gerais, é podre, pura
apologia ao que não presta, de uma pobreza artística ímpar. Não dá para colocar a nona sinfonia
de Beethoven ao lado de uma típica música de funk e simplesmente dizer que “tudo é arte”, pois
dessa forma nada é arte.
Se em algum dia o funk for se depurando e sobrar alguma coisa que preste, tudo bem: serei o
primeiro a reconhecê-lo como traço cultural. Mas hoje não dá para fazer isso, não dá para repetir
com Caetano que o funk é “lindo” e que Anitta tem muito talento. Essa postura é típica ou de elite

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culpada da esquerda caviar ou de subversivo que tem em mente apenas o ataque a todos os
valores morais caros à classe média burguesa.
Que me perdoem os “esclarecidos sem preconceitos”, mas eu não consigo chamar funkeiro de
artista. Tenho mais respeito pelo conceito de arte, que deve exigir mais dos seres humanos, sua
busca pela transcendência, não pelo que há de pior e mais efêmero em nossas vidas.
CONSTANTINO, Rodrigo. O funk é uma legítima manifestação cultural ou sinal da decadência de nossa era? Gazeta do povo, .
Disponível em: https://www.gazetadopovo.com.br/rodrigo-constantino/artigos/o-funk-e-uma-legitima-manifestacao-cultural-ou-sinal-
da-decadencia-de-nossa-era/. Acesso em 15 dez. 2019.

TEXTO 03
A mãe de uma adolescente de 17 anos ferida durante uma confusão após a ação da polícia
militar na madrugada deste dominGo (1) em um baile funk na comunidade de Paraisópolis, na
Zona Sul de São Paulo, disse que a jovem levou uma garrafada na cabeça e um golpe de
cassetete nas costas dados por um policial. […]
Segundo a mãe da vítima, a polícia preparou uma emboscada para os adolescentes que
estavam no evento. […]
A mãe continuou: “É uma rua com duas ou três saídas. Eles (os policiais) fecharam e coagiram.
Atiraram com arma de fogo. Bateram com cassetete, foram (uso de) spray de pimenta.
“Os policiais fecharam a rua. Teve corre-corre, pisoteamento de adolescente. Gás de pimenta,
bala de borracha, e ainda estavam agredindo pessoas. Foi um policial que tacou garrafa de vidro
na minha filha.”
A adolescente descreveu o momento em que foi atingida. “Eu não sei o que aconteceu, só vi
correria, e várias viaturas fecharam a agente. Minha amiga caiu, e eu abaixei para ajudá-la”,
disse.
“Quando me levantei, um policial me deu uma garrafada na cabeça. Os policiais falaram que era
para colocar a mão na cabeça.” […]
“Chegaram atirando em todo mundo. A gente estava no baile e primeiro veio a bomba.
Começaram a cair as pessoas, passando mal, e a desmaiar, sendo pisoteadas. Ficamos
encurralados. Não tinha para onde correr, para onde ir. Muita gente caindo já morta, a polícia
atirou. Muitas pessoas tentavam salvar a própria vida. Vi muito sangue e escutei bastante
barulho de tiro”, disse a jovem.
A mãe definiu: “Foi meio tenso, a polícia queria saber se meu filho estava no baile funk. É uma
guerra ao pobre. Se fosse nos Jardins (bairro de classe alta de SP), a coisa seria bem diferente.
Até a forma da polícia abordar é diferente. O problema não é o funk, é a cultura da periferia, é o
lazer”.
“Foi uma emboscada da polícia”, diz mãe de adolescente ferida em Paraisópolis; PM diz que suspeitos atiraram. G1, 1 dez. 2019.
Disponível em: https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2019/12/01/foi-uma-emboscada-da-policia-diz-mae-de-adolescente-ferida-
em-paraisopolis-pm-diz-que-suspeitos-atiraram.ghtml. Acesso em 15 dez. 2019.

PROPOSTA DE REDAÇÃO
A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo
de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa
sobre o tema: “Criminalização do funk em debate no Brasil”. Selecione, organize e relacione,
de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

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TEMA 45

Lei de Incentivo à Cultura em debate no Brasil contemporâneo


TEXTO 01
A Lei Rouanet foi criada em 1991, durante o Governo Fernando Collor, para que o Estado
assumisse sua missão intrínseca de fomentar a cultura brasileira – que vivia uma fase
especialmente cinzenta de sua existência, com uma produção nacional de filmes, por exemplo,
que tendia a zero. Hoje, 25 anos depois de sua criação, a avaliação de especialistas da área é
que ela e outras que seguem o seu modelo, como a Lei do Audiovisual (à qual aplicam os
longas-metragens), cumpriram a sua tarefa: só em 2015, quase 6.000 projetos foram aprovados
nos moldes da Rouanet e financiados com dinheiro de isenção fiscal (quase 4 bilhões de reais
no mesmo ano). O Brasil engatou numa crescente cultural, a oferta na área disparou e a lei que
nasceu a partir de estudos sobre outras leis nacionais de incentivo, como a francesa, se tornou o
principal financiador da cultura do país.
A Lei Rouanet há anos é alvo de polêmicas, com o questionamento público a projetos
financiados, mas a polarização política da crise levou ela de vez  para o centro da discussão.
Esse peso ideológico se acentuou com a extinção (e posterior recriação) do Ministério da Cultura
pelo presidente, Michel Temer. Para intensificar o debate, nas últimas semanas foi protocolado
na Câmara dos Deputados o pedido de abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito
para investigar possíveis irregularidades na concessão de incentivos fiscais. Concordando com a
lei ou não, há um ponto pacífico: é preciso elucidar do que estamos falando:
O que é?

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A Lei Federal de Incentivo à Cultura, de número 8.313, mais conhecida por Rouanet, foi criada
em 1991 pelo diplomata e filósofo Sérgio Paulo Rouanet, que foi ministro de Collor. Ela
estabelece que pessoas jurídicas e físicas podem doar parte de seu imposto de renda para
apoiar projetos culturais (4% no caso das jurídicas, 6% no das físicas). A lei não permite, além do
incentivo fiscal, recursos diretos do Governo federal.
Como funciona?
A Rouanet é uma lei de mecenato. Alguém ou alguma empresa com uma ideia de um projeto
cultural pode formatá-lo em certos moldes específicos, com as informações devidas, e protocolá-
lo em um sistema para que ele seja analisado por especialistas do Ministério da Cultura. Uma
vez admitido e aprovado, esse projeto ganha um selo da Lei Rouanet e assim poderá ser
apresentado a empresas ou pessoas interessadas em apoiá-lo doando parte de seu imposto. O
dinheiro é do Estado, porque representa um imposto, mas quem decide seu destino é o pagador
desse imposto – o mecenas.
Pontos críticos
A principal crítica à lei Rouanet é justamente essa: que ela dá o poder a uma empresa ou a uma
pessoa que não necessariamente detém conhecimentos sobre arte e cultura (e também sobre a
importância cultural ou artística de determinado projeto para a sociedade) de escolher o que
apoiar.
O ex-ministro da Cultura Juca Ferreira (PT), por exemplo, costumava dizer que “os
departamentos de marketing das empresas terminam decidindo” que projetos verão a luz, muitas
vezes guiados por interesses próprios, não nacionais. “É uma parceria público-privada em que o
dinheiro é público e a decisão é privada”, resumiu.
Nesse contexto, critica-se também que artistas famosos sejam frequentemente contemplados,
em detrimento de outros menos conhecidos. O texto da lei não veta, no entanto, que isso
aconteça. Porém, se durante a análise a proposta for considerada de viabilidade comercial, o
famoso pode ter seu projeto recusado.
Mesmo assim, um projeto aprovado pela Rouanet pode dar lucro, já que a lei possui dois
mecanismos para isso. Um terceiro mecanismo, o Fundo Nacional de Cultura, serviria para
estimular aquelas atividades não rentáveis num contexto de mercado, e a possibilidade de atrair
investimento privado na forma de patrocínio. Critica-se, também, a centralização de recursos no
eixo Rio-São Paulo, que aparece com o maior número de projetos aprovados.
Polarização política
Em meio à crise política e a tentativa de fechamento do MinC por Temer, políticos e cidadãos
comuns, críticos ao Governo de Lula e Dilma, intensificaram suas críticas à Lei  Rouanet,
afirmando que essa seria mais “uma maneira de gente de esquerda mamar nas tetas do
Governo”. O Governo Temer não tem endossado a crítica geral ao mecanismo. O ministro
interino da Cultura, Marcelo Calero, disse, durante a primeira coletiva como titular da pasta, que
a a Lei Rouanet estava sendo “satanizada”.
Lei Rouanet explicada. El País, 29 jun. 2016. Disponível em: https://brasil.elpais.com/brasil/2016/06/29/cultura/
1467151863_473583.html. Acesso em 19 dez. 2019.

TEXTO 02
Principal fonte de financiamento da cultura brasileira, a Lei Rouanet é alvo de críticas por
autorizar incentivos fiscais a artistas populares e produções com potencial lucrativo, e também

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por concentrar os investimentos na região Sudeste do país. Para especialistas entrevistados


pelo R7, ajustes na lei resolveriam as polêmicas e tornariam mais justa a divisão de recursos na
área da cultura.
Além de instituições, festivais e exposições culturais, que estão entre os maiores captadores via
Lei Rouanet, grandes musicais e artistas reconhecidos também levantam recursos para seus
projetos por meio da isenção fiscal — o governo deixa de receber de grandes empresas uma
pequena parte do imposto de renda, em troca do investimento em projetos culturais. […]
O advogado Samir Selman Jr., especialista em direitos artísticos e proprietário de uma empresa
que trabalha com projetos de pequeno porte na Lei Rouanet, defende uma revisão dos
investimentos para artistas considerados populares. Na sua opinião, a solução seria reduzir o
valor de teto dos projetos e igualar o cachê artístico, “sem distinção entre artista grande da MPB
e um músico instrumental”.
“Você não pode dizer para o artista grande que ele não vai usar a Lei Rouanet, porque todos têm
oportunidade [de usar]. Mas se diminuírem o teto do cachê e o valor dos projetos, o artista que
não precisa disso vai ficar desestimulado. Qualquer um poderá se beneficiar, mas terá que se
submeter a um pagamento máximo, aí você acaba com projetos duvidosos”, afirma Selman Jr.
[…]
Outra crítica à Lei Rouanet trata da concentração de recursos no Sudeste do país. Desde 2010,
quando o montante captado via Lei Rouanet foi de R$ 1,2 bilhão em média, a região concentra
entre 77% e 80% dos investimentos.
Nesse caso, parte da explicação é fiscal. Como a lei só permite a isenção por meio do imposto
de renda, e como a região Sudeste é a que mais contribui, naturalmente os investimentos seriam
concentrados nessa região.
No entanto, há uma regra da Rouanet que limita o número de empresas investidoras: apenas as
companhias sob regime de lucro real podem fazer investimentos.
“Esse mecanismo afunila os investimentos, porque a lei diz que apenas grandes empresas
podem investir", afirma Menezes. “A grande maioria das empresas no Norte e no Nordeste
pagam pelo lucro presumido. Então, quando se criou a lei, era sabido que era concentrador e
que iria beneficiar mais a região onde as grandes empresas estão instaladas”, explica.
Para equalizar essa questão, Sérgio Paulo Rouanet também pensou em outro mecanismo para
tornar mais justa a distribuição de recursos para a cultura. Trata-se do FNC (Fundo Nacional da
Cultura), que foi pensado para projetos com menor atratividade do ponto de vista empresarial.
Até 2003, os recursos liberados via incentivo fiscal e por meio do FNC eram semelhantes, de
acordo com o ex-secretário de Fomento do MinC. Desde então o fundo perdeu espaço, após
sucessivos cortes no orçamento do ministério, enquanto a isenção fiscal ficou mais robusta.
“Até 2003 você tinha um certo equilíbrio. Eram cerca de R$ 300 milhões para investimentos dos
empresários e R$ 300 milhões para projetos sem capacidade de sedução. Hoje é liberado R$
1,3 bilhão por meio de incentivo, enquanto o FNC não chega a R$ 50 milhões. O fundo, que
resolveria em parte a concentração existente no centro-sul do país, perdeu a função”, diz
Menezes.
"Se a gente permitisse que a fonte de financiamento também viesse das empresas sob lucro
presumido, você teria uma distribuição bacanérrima no Brasil todo", diz o ex-secretário de
Fomento e Incentivo do MinC, setor responsável justamente pela Lei Rouanet. Quando esteve à

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frente da secretaria, ele tentou a alteração, mas foi impedido pela Receita Federal, que temia
alta na renúncia fiscal, o que significaria perda de arrecadação. 
"Eles nunca aceitaram, sempre barraram. Mas o  que a gente propunha não era aumentar a
renúncia, mas dividir em mais empresas, porque na hora que você fizer isso você vai ter dono de
padaria financiando grupo de teatro da cidade dele com R$ 500 por mês", explica Menezes.
Em nota ao R7, a assessoria de imprensa do MinC informou que editou a Instrução Normativa nº
5, de dezembro de 2017, com "medidas de desconcentração".
"Foi estabelecido aumento de 50% no valor limite de projetos integralmente executados nas
regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste e de 25% para a região Sul, Minas Gerais e Espírito
Santo. Também houve aumento nos valores admitidos para remuneração dos responsáveis por
fazer a captação de recursos dos projetos. O limite é de 10% do valor do projeto, mas sobe para
15% nas regiões Norte, Nordeste ou Centro-Oeste e 12,5% na região Sul e em Minas e no
Espírito Santo", informa a nota.
Ajusestes na Lei Rouanet resolveriam polêmicas, dizem especialistas. Notícias R7, 9 nov. 2018. Disponível em: https://
noticias.r7.com/brasil/ajustes-na-lei-rouanet-resolveriam-polemicas-dizem-especialistas-03122018. Acesso em 15 dez. 2019.

TEXTO 03
Após o presidente criticar produções audiovisuais de temática LGBT pré-selecionadas em um
edital para TVs públicas, o governo decidiu suspender o processo de seleção das obras. A
portaria que veta o edital foi assinada pelo ministro da Cidadania, Osmar Terra e publicada no
Diário Oficial da União (DOU) na manhã desta quarta-feira (21).
Segundo a portaria publicada nesta quarta, o documento ficará suspenso pelo prazo de 180
dias, com a possibilidade de ser prorrogado pelo mesmo período. Decisão aponta como
justificativa a “necessidade de recompor os membros do Comitê Gestor do Fundo Setorial do
Audiovisual (CGFSA)”.
Ainda de acordo com a portaria, após a definição da nova composição do grupo, será
“determinada a revisão dos critérios e diretrizes para a aplicação dos recursos do FSA (Fundo
Setorial do Audiovisual), bem como que sejam avaliados os critérios de apresentação de
propostas de projeto”.
Assim que o resultado foi publicado, Bolsonaro publicou uma imagem da notícia do jornal “O
globo” em sua conta no Instagram, mas sem legendas.
“Certíssimo. Valorizou a família. Aprovado. Que comece a choradeira. Não somos obrigados a
assistir a essa porcaria”, escreveu o deputado estadual Capitão Assumção (PSL), nos
comentários. Outros seguidores também escreveram mensagens parabenizando a decisão do
governo.
Governo Bolsonaro cumpre promessa e suspende edital com filmes de temática LGBT. Huffpost Brasil, 21 ago. 2019. Disponível
em: https://www.huffpostbrasil.com/entry/veto-filmes-lgbt-bolsonaro_br_5d5d612ce4b0d043dd7400a1. Acesso em: 15 dez. 2019.

TEXTO 04
Nome próprio
A expressão “Lei Rouanet” deixará de ser usada nas comunicações oficiais do governo. O
dispositivo passará a ser divulgado apenas como “Lei Federal de Incentivo à Cultura”. O governo
também lançou uma nova logomarca e um novo site para divulgar ações no âmbito da lei.
Investimentos máximos

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Haverá diminuição dos investimentos máximos permitidos por projeto e por carteira (conjunto de
projetos por empresa) por ano. O valor máximo por projeto caiu de R$ 60 milhões para R$ 1 milhão.
O máximo por carteira caiu de R$ 60 milhões para R$ 10 milhões. A ideia, segundo o ministro, é
melhorar a distribuição dos recursos e estimular pequenos e médios produtores culturais. A nova
regra tem exceções: ficam de fora projetos de restauração de patrimônio tombado e construção de
cinemas em cidades pequenas, por exemplo. Feiras literárias, festas populares e datas
comemorativas nacionais terão limite maior de R$ 6 milhões - no vídeo, o ministro cita como
exemplos o Natal Luz de Gramado (RS) e o Festival Folclórico de Parintins (AM).
Ingressos gratuitos
A cota mínima de ingressos gratuitos, distribuídos a famílias de baixa renda, passa de 10% para
20 a 40% do total de entradas. A distribuição será feita em parceria com as prefeituras e os
centros de assistência social - atualmente, são 8.292 centros em 5.547 cidades. Outros 10% dos
ingressos deverão ser vendidos a preço popular (o valor passou de R$ 75 na regra anterior para
até R$ 50).
Fora do eixo
A nova regra prevê medidas para descentralizar os projetos culturais do eixo Rio - São Paulo.
Proponentes poderão dobrar o número de projetos inscritos em cidades historicamente pouco
contempladas com iniciativas culturais. Nas regiões norte, nordeste e centro-oeste, a
flexibilização é de 100%. Na região sul e em Minas Gerais e Espírito Santos, até 50%.
Contrapartidas
Como contrapartida de “formação e capacitação”, produtores, gestores culturais e artistas
deverão promover ao menos uma ação cultural educativa relacionada a cada projeto
incentivado, em colégios, comunidades ou outros lugares indicados pelas prefeituras. A
proposta, segundo o ministro, é formar espectadores e estimular novos talentos. Por enquanto,
não há detalhes dessas medidas.
As 5 mudanças do governo Bolsonaro na Lei Rouanet. Nexo Jornal, 23 abr. 2019. Disponível em: https://www.nexojornal.com.br/
expresso/2019/04/23/As-5-mudanças-do-governo-Bolsonaro-na-Lei-Rouanet. Acesso em 15 dez. 2019.

TEXTO 05
A Comissão de Cultura da Câmara dos Deputados aprovou na segunda-feira, 4, uma proposta
que permite a utilização da Lei Rouanet para eventos promovidos por igrejas. Hoje, a lei já
reconhece como manifestação cultural a música gospel e os eventos a ela relacionados, exceto
aqueles promovidos por igrejas.
A proposta aprovada foi apresentada pelo deputado Vavá Martins (Republicanos-PA). O partido
de Vavá é ligado à Igreja Universal do Reino de Deus, comandada pelo bispo Edir Macedo.
O projeto original pretendia incluir a música gospel promovida por igrejas como manifestação
cultural passível de utilização dos mecanismos de fomento da Lei Rouanet. O texto de Vavá
Martins ampliou a medida para qualquer tipo de música religiosa e eventos a ela relacionados,
inclusive promovidos por igrejas.
“Acreditamos que as igrejas também devem ser beneficiadas pelos mecanismos de fomento
previstos na Lei de Incentivo à Cultura ou Lei Rouanet, reconhecendo o notável papel
evangelizador que essas instituições religiosas cumprem”, disse Vavá Martins.

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50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA

A proposta ainda precisa passar pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara e, se
aprovada, poderá ir direto ao Senado.
Mudança
A aprovação da proposta na comissão ocorre no momento em que o governo avalia colocar um
nome ligado aos evangélicos no comando da Secretaria Especial de Cultura, que foi transferida
hoje do Ministério da Cidadania para o Ministério do Turismo.
O órgão está sem titular desde quarta-feira, 7, quando o economista Ricardo Braga, que estava
há dois meses na função, foi exonerado para assumir a Secretaria de Regulação e Supervisão
da Educação Superior do Ministério da Educação.
O porta-voz da Presidência, Otávio Rêgo Barros, confirmou ontem que um dos nomes que são
avaliados pelo presidente Jair Bolsonaro para ocupar o cargo é o do ex-deputado federal Marcos
Soares (DEM-RJ), filho do pastor R. R. Soares, da Igreja Internacional da Graça de Deus. Além
de Marcos, o atual diretor do Centro de Artes Cênicas (Ceacen) da Funarte, Roberto Alvim, é
cotado ao cargo.
Proposta que permite usar Rouanet para financiar evento de igreja avança. Revista Exame, 7 nov. 2019. Disponível em: https://
exame.abril.com.br/brasil/proposta-que-permite-usar-rouanet-para-financiar-evento-de-igreja-avanca/. Acesso em: 15 dez. 2019.

PROPOSTA DE REDAÇÃO
A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo
de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa
sobre o tema: “Lei de incentivo à cultura em debate no Brasil contemporâneo”. Selecione,
organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto
de vista.

TEMA 46

O uso da água em debate no Brasil


TEXTO 01
A água que você não vê. Conteúdos Educar. Disponível em: http://www.conteudoseducar.com.br/conteudos/arquivos/3919.pdf.
Acesso em: 15 dez. 2019.

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50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA

TEXTO 02
A ONU divulgou nesta terça-feira (24) um alerta mundial sobre os efeitos da escassez
de  água.  Água para beber, água para comer, para produzir a comida, para higiene, limpeza.
Água para trabalhar e para gerar energia para trabalhar. E se ela falta?
O relatório das Nações Unidas, divulgado nesta terça-feira (24), alerta: muitos países estão perto
de enfrentar situações de desespero e conflito por falta d’água. Isso seria uma barreira não só à
saúde das populações, mas também ao crescimento econômico e à estabilidade política.
Segundo os pesquisadores, daqui a apenas dez anos, 48 países não terão água suficiente para
as suas populações. Isso atingiria quase três bilhões de pessoas. E até 2030, a demanda  por
água doce no planeta deverá ser 40% maior do que a oferta.
O relatório destaca o desafio de administrar a oferta de água no meio de tantas
mudanças climáticas. Mas também aponta como a corrupção é um enorme ralo de dinheiro que
chega a absorver 30% do que poderia ser usado em projetos de abastecimento e saneamento
básico. […]
A ONU recomenda que a agricultura busque técnicas para usar menos água sem comprometer a
produção. Que a geração de energia preserve a água e o meio-ambiente. Que os  governos
sejam rápidos e transparentes na busca de melhorias.
ONU divulga alerta mundial sobre efeitos da escassez de água. G1, 01 fev. 2015. Disponível em: http://g1.globo.com/jornal-nacional/
noticia/2015/02/onu-divulga-alerta-mundial-sobre-efeitos-da-escassez-de-agua.html. Acesso em: 15 dez. 2019.

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50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA

TEXTO 03
Segurança hídrica
“A água potável e segura e o saneamento adequado são fundamentais para a redução da
pobreza, para o desenvolvimento sustentável”, enfatiza Ban Ki-moon, secretário-geral da ONU
até 2016. Estudos das entidades internacionais demonstram que o abastecimento de água e a
disponibilidade de saneamento para cada pessoa deve ser contínuo e suficiente para usos
pessoais e domésticos. Estes usos incluem água para beber, saneamento pessoal, lavagem de
roupa, preparação de refeições e higiene pessoal e do lar. A OMS avalia que são necessários
entre 50 a 100 litros de água por pessoa, por dia, para assegurar a satisfação das necessidades
mais básicas e a minimização dos problemas de saúde. A organização recomenda, por exemplo,
para uma mulher lactante que tenha uma atividade física, mesmo que moderada, a ingestão de
7,5 litros por dia. Mas a maior parte das pessoas que têm problemas de acesso a água limpa
usa apenas cerca de cinco litros por dia, correspondentes a um décimo da quantidade média
diária utilizada nos países ricos apenas para descarregar privadas, revelou o Relatório do
Desenvolvimento Humano 2006 do Programa da ONU para o Desenvolvimento (PNUD), “A água
para lá da escassez: Poder, pobreza e a crise mundial da água”.
Direito humano à água
Para a OMS a preservação do direito humano à água deve ser um fim em si mesmo e um meio de
consubstanciar os direitos genéricos da Declaração Universal dos Direitos Humanos e outros
instrumentos com vínculo jurídico, inclusive o direito à vida, à educação, à saúde e a um alojamento
adequado. A escassez e a luta pelo recurso natural em vários países levou a ONU a reforçar o tema
“segurança hídrica” na agenda de debates do seu Conselho de Segurança. Em 1992, lançou o Dia
Mundial da Água. A entidade também definiu alguns parâmetros básicos necessários à segurança
hídrica, cujo conceito é: “Capacidade de uma população de salvaguardar o acesso sustentável a
quantidades adequadas de água de qualidade para garantir meios de sobrevivência, o bem-estar
humano, o desenvolvimento socioeconômico; para assegurar proteção contra poluição e desastres
relacionados à água, e à preservação de ecossistemas em um clima de paz e estabilidade política”.
Crise hídrica afeta milhões de pessoas no mundo e ameaça segurança alimentar. Disponível em: http://www4.planalto.gov.br/consea/
comunicacao/noticias/2017/julho/crise-hidrica-afeta-milhoes-de-pessoas-no-mundo-eameaca-seguranca-alimentar. Acesso em: 15
dez. 2019.

PROPOSTA DE REDAÇÃO
A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo
de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa
sobre o tema: “O uso da água em debate no Brasil”. Selecione, organize e relacione, de forma
coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

TEMA 47

Déficit habitacional no Brasil

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50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA

TEXTO 01
O déficit habitacional refere-se à quantidade de famílias em condições de moradia inadequadas.
Ou seja, que residem em construções que precisam ser inteiramente repostas, porque foram
feitas com material precário e não duradouro; casos de coabitação – famílias que dividem uma
mesma casa ou uma quantidade excessiva de pessoas no mesmo quarto; além do aluguel
inadequado, quando uma família compromete mais de 30% da renda com aluguel.

Isso quer dizer que o déficit corresponde ao número de residências que precisam ser
construídas para que todas essas famílias sejam devidamente acomodadas.
Déficit habitacional é de 80 mil. Gazeta On-line, 12 mar. 2015. Disponível em: https://www.gazetaonline.com.br/noticias/economia/
2015/03/deficit-habitacional-e-de-80-mil-1013892680.html. Acesso em 15 dez. 2019.

TEXTO 02
Lançado em 2009 para oferecer moradia para a população, o Programa Minha Casa, Minha Vida
pouco contribuiu para reduzir o déficit habitacional, principalmente entre a população de baixa
renda.
Além da falta de moradias, existe também o déficit habitacional qualitativo (residências, próprias
ou não, com carência de infraestrutura básica ou de regularização fundiária). Em 2014, de
acordo com a Fundação João Pinheiro, havia 11,3 milhões de famílias morando em locais com
falta de iluminação elétrica, rede geral de abastecimento de água, rede de esgotamento sanitário
e coleta de resíduos sólidos.
Os números são ainda mais alarmantes se vistos na perspectiva do número de pessoas que
vivem nessa situação. O IBGE estima que cada família brasileira possua, em média, 3,3
pessoas. Dessa forma, em 2014, mais de 57 milhões de brasileiros viviam em condições
inadequadas.
Minha Casa, Minha Vida. Portal Dori, 21 fev. 2018. Disponível em: http://www.portaldori.com.br/2018/02/21/minha-casa-minha-vida-
nao-reduziu-deficit-habitacional-afirma-estudo/. Acesso em: 15 dez. 2019.

TEXTO 03
O termo  déficit habitacional  é utilizado para se referir ao número de famílias que vivem em
condições de moradia precárias. Esse déficit está associado às moradias que estão em risco, e
que se necessita de uma nova construção, o que é diferente de moradias inadequadas, que
estão associadas à qualidade de vida da pessoa no local, como a falta de  água potável,
recolhimento de esgoto, acesso à energia elétrica, telefonia fixa, recolhimento de lixo, entre
outros fatores que interferem na qualidade de vida da população. O déficit habitacional se refere
à necessidade física de novas moradias para a solução de problemas sociais e específicos de
habitação, e é calculado a partir de quatro componentes, esses somados de forma em
sequência para que haja uma compreensão dos parâmetros que envolvem a necessidade das
novas habitações.
O primeiro componente do déficit habitacional é em relação às habitações precárias, os
domicílios precários, que consideram os domicílios rústicos e os domicílios improvisados. O
segundo componente do déficit habitacional é a coabitação familiar, que considera os cômodos e
a as famílias secundárias que convivem juntas e necessitam de novas moradias.O terceiro
componente do déficit habitacional é o ônus excessivo do aluguel urbano, que corresponde às
famílias urbanas que ganham como renda familiar até três salários mínimos, que vivem em
moradias alugadas com valor de 30% de sua renda, ou seja, pagam cerca de 30% de sua renda
no aluguel do imóvel. O quarto e último componente do déficit habitacional é o adensamento

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excessivo em domicílios alugados, que corresponde aos domicílios alugados que tem mais de
três moradores por dormitório.
Déficit habitacional. InfoEscola. Disponível em: https://www.infoescola.com/geografia/deficit-habitacional/. Acesso em: 15 dez. 2019.

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A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo
de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa
sobre o tema: “Déficit habitacional no Brasil”. Selecione, organize e relacione, de forma
coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

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TEMA 48

Desafios dos povos indígenas do Brasil do século XXI


TEXTO 01
Não se sabe com exatidão o número de indígenas que habitavam o Brasil antes da chegada dos
colonizadores (1500), porém, estima-se que houvesse entre 4 e 5 milhões de índios em terras
brasileiras. Esse número foi drasticamente reduzido em consequência dos massacres realizados
pelos colonizadores e, posteriormente, os conflitos com fazendeiros e garimpeiros que invadiram
terras indígenas. Conforme dados da Fundação Nacional do Índio (Funai) existem, atualmente,
460 mil índios residindo em aldeias no Brasil, correspondendo a 0,25% da população brasileira.
São mais de 107 milhões de hectares (12% do território brasileiro) divididos em 656 diferentes
áreas indígenas. No entanto, a população indígena no Brasil é maior, pois esses números não
incluem os índios que residem em locais fora de aldeias, estima-se que esses somam cerca de
100 mil.
A população indígena no Brasil. Disponível em: http://mundoeducacao.bol.uol.com.br. Acesso em: 15 mai. 2018.

TEXTO 02

Está difícil evangelizar tribos indígenas, alerta Igreja de Bebedouro. Disponível em: http://adalagoas.com.br. Acesso em 15 mai.
2018.

TEXTO 03
O índice é bastante superior à média nacional. Em 2007, foi de 65 indígenas por cada 100 mil
habitantes, contra 4,7 pessoas a cada 100 mil em todo o Brasil.

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50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA

Estudiosos associam o alto número de suicídios entre as tribos à insuficiência de terras, à falta
de perspectiva de ter territórios demarcados e ao confinamento em reservas indígenas.
Os índices de homicídio também são alarmantes. Relatórios de violência do Cimi mostram que,
nos últimos anos, o Mato Grosso do Sul vem liderando "o triste ranking de estado mais
assassino de indígenas":
"Os Guarani-Kaiowá são um povo que está sendo culturalmente e politicamente assassinado.
Ora pela falta de vontade política do governo, ora por pistoleiros, a mando de fazendeiros",
considera Flávio Machado.
Na carta dos Pyelito Kue, eles afirmam que quatro pessoas da comunidade já foram mortas,
duas por suicídio e duas "em decorrência de espancamento e tortura de pistoleiros das
fazendas".
"Já perdemos a esperança de sobreviver dignamente e sem violência em nosso território antigo,
não acreditamos mais na Justiça Brasileira", afirma o documento.
Carta sobre morte coletiva de índios gera comoção e incerteza. In.: BBC Brasil. Disponível em: http://www.bbc.com/portuguese/
noticias. Aceso em 15 mai. 2018.

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A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo
de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa
sobre o tema: “Desafios dos povos indígenas no Brasil do século XXI”. Selecione, organize
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TEMA 49

Evasão escolar no Brasil contemporâneo


TEXTO 01

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50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA

Uma nova e preocupante evasão escolar. Revista Istoé, 2018. Disponível em: . Acesso em 14 out. 2018.

TEXTO 02
Alguns principais fatores relevantes que contribuem para o alto índice de abandono.
. Gravidez precoce (352%)
. Necessidade de complementação de renda familiar (234%)
. Desestruturação familiar (95%)
. Defasagem (série/idade) (77%)
. Gênero (20%)
. Escolaridade dos pais (3,5%)
São vários fatores e as mais diversas causas da evasão escolar ou infrequência do aluno. No
entanto, levando em consideração os fatores determinantes da ocorrência do fenômeno, pode se
classificá-las da seguinte maneira:
. Escola;
. Aluno;
. Pais/Responsáveis e Social.
PEREIRA, Michele Cezaretti. Evasão escolar: causas e desafios. In.: Revista Núcleo do Conhecimento. Disponível em: https://
www.nucleodoconhecimento.com.br/educacao/evasao-escolar. Acesso em: 13 out. 2019.

TEXTO 03
Art.  6º  São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o
transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a
assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.
Constituição Federal de 1988. Disponível em: https://www.senado.leg.br/atividade/const/con1988. Acesso em: 12 out. 2018.

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de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa
sobre o tema: “Evasão escolar em debate no Brasil contemporâneo”. Selecione, organize e
relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

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50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA

TEMA 50

Caminhos para superar o analfabetismo funcional no Brasil


TEXTO 01
Três em cada dez jovens e adultos de 15 a 64 anos no País - 29% do total, o equivalente a cerca
de 38 milhões de pessoas - são considerados analfabetos funcionais. Esse grupo têm muita
dificuldade de entender e se expressar por meio de letras e números em situações cotidianas,
como fazer contas de uma pequena compra ou identificar as principais informações em um
cartaz de vacinação. Há dez anos, a taxa de brasileiros nessa situação está estagnada, como
mostram os dados do Indicador do Alfabetismo Funcional (Inaf) 2018.
Três em cada 10 são analfabetos funcionais no Brasil, aponta estudo. Época Negócios, 2018. Disponível em: https://
epocanegocios.globo.com/Brasil/noticia/2018/08/epoca-negocios-tres-em-cada-10-sao-analfabetos-funcionais-no-pais-aponta-
estudo.html. Acesso em: 1 jun. 2019.

TEXTO 02
Relatório recém-divulgado pela Varkey Foundation, entidade que atua na melhoria da profissão
docente, expõe como os cidadãos enxergam o professor de seu país – se o valorizam ou não.
Em uma escala de zero a 100, em que quanto mais alto o número, maior é o prestígio do
professor, o Brasil fez dois pontos, o que o levou à última posição do ranking. A pesquisa Global
Teacher Status Index 2018 foi feita em 35 países e abrangeu entrevistas com mil pessoas de 16
a 64 anos. […]
Além do baixo prestígio, os educadores brasileiros foram considerados pouco respeitados pelos
alunos. Entre os entrevistados, 91% concordam com essa afirmação.
O diretor executivo do Instituto Singularidades, Miguel Thompson, acredita que falta uma política
de Estado para a formação inicial do professor, pois a universalização da educação básica levou
a um aumento do número de docentes. Essa expansão, contudo, não foi acompanhada de uma
formação de qualidade, aponta.
Anna Helena Altenfelder, presidente do Conselho de Administração do CENPEC (Centro de
Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária), vai na mesma linha do diretor
do Singularidades e ressalta que, diante do aumento de professores, o governo ainda diminuiu o
salário dos docentes. “Tudo isso fez a educação se desvalorizar e a própria formação docente
também. A ampliação do acesso deveria ter acontecido com qualidade. Esse é o nosso grande
desafio como país: prover educação de qualidade para todos”, enfatiza.
Tereza Perez, diretora presidente da Comunidade Educativa CEDAC, acrescenta que o “docente
foi tratado por muito tempo como um executor, e não como uma pessoa que pensa, reflete, que
tem ideias e conhecimentos”. Valorizá-lo, portanto, implica dar-lhe autonomia e melhores
condições de trabalho.
Brasil é o país que mais desvaloriza o professor. Revista de Ensino Superior, 2018. Disponível em: https://
revistaensinosuperior.com.br/brasil-desvaloriza-professor/. Acesso em 2 jun. 2019.

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50 TEMAS PARA TREINAR NA QUARENTENA

TEXTO 03
O grupo de analfabetos funcionais reúne os analfabetos absolutos, que assinam o nome com
dificuldade, mas conseguem eventualmente ver preços de produtos, conferir troco, ligar para um
número de telefone e identificar um ônibus pelo nome; e os rudimentares, que só leem o
suficiente para localizar informações explícitas em um texto curto, sabem somar dezenas, mas
não conseguem identificar qual operação matemática é necessária para resolver um problema,
por exemplo.
De acordo com a pesquisa, entretanto, mesmo com suas dificuldades, os analfabetos funcionais
são usuários frequentes das redes sociais. Entre eles, 86% usam WhatsApp, 72% são adeptos
do Facebook e 31% têm conta no Instagram. […]
Um dos reflexos do baixo nível de alfabetismo no contexto digital é que estas pessoas ficam
mais vulneráveis à desinformação, especialmente memes, imagens manipuladas e usadas em
contexto falso, segundo Christine Nyirjesy Bragale, vice-presidente de comunicação do The
News Literacy Project.
Como o analfabetismo funcional influencia a relação com as redes sociais. BBC Brasil, 2018. Disponível em: https://www.bbc.com/
portuguese/brasil-46177957. Acesso em: 1 jun. 2019.
PROPOSTA DE REDAÇÃO
A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo
de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa
sobre o tema: “Caminhos para superar o analfabetismo funcional no Brasil”. Selecione,
organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto
de vista.

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