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DPE-RS

Técnico Administrativo

Noções de Direito Processual Civil


Noções de Direito Processual Civil
Lei nº 13.105 de 2015 (Novo Código de Processo Civil). Princípios do processo. Princípio do
devido processo legal. Princípios do contraditório, da ampla defesa e do juiz natural.....................1
Jurisdição. Princípio da inércia..........................................................................................................7
Ação. Condições da ação. Elementos da ação. Classificação.......................................................11
Da Cooperação Internacional. Disposições gerais. Do auxílio direto. Da carta rogatória...............17
Da Competência. Disposições gerais.............................................................................................23
Poder Judiciário da União Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios.......................35
Exercícios........................................................................................................................................36
Gabarito...........................................................................................................................................41

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Lei nº 13.105 de 2015 (Novo Código de Processo Civil). Princípios do processo. Prin-
cípio do devido processo legal. Princípios do contraditório, da ampla defesa e do juiz
natural

— Breve Introdução Acerca dos Princípios Constitucionais do Processo Civil

De antemão, infere-se que os princípios que se encontram inseridos na Constituição Federal possuem como
objetivo colocar limites ao poder do Estado. Isso ocorre pelo fato de eles assegurarem aos jurisdicionados, ga-
rantias relacionadas ao processo para evitar assimetrias e abusos.

Ressalta-se que o mais recente Código de Processo Civil, Lei nº. 13.105/2.015, baseado no neoprocessua-
lismo, procura pautar seus dispositivos com forte base na Constituição Federal Brasileira de 1.988.

Isso se comprova por meio do seu artigo 1º, que se inicia no capítulo I, dispondo das normas fundamentais
e da aplicação das normas processuais. Vejamos:

Art. 1º. O processo civil será ordenado, disciplinado e interpretado conforme os valores e as normas funda-
mentais estabelecidos na Constituição da República Federativa do Brasil, observando-se as disposições deste
Código.

Desta forma, caso ocorra a aplicação por autoridade do Código de Processo Civil de forma adversa à Cons-
tituição Federal, caberá recurso extraordinário junto ao Supremo Tribunal Federal. No entanto, caso o enten-
dimento seja no sentido de que a ofensa foi reflexa à Constituição, caberá recurso especial junto ao Superior
Tribunal de Justiça.

Em relação aos diversos princípios aplicáveis ao Processo Civil, daremos ênfase nos nossos estudos aos
princípios do devido processo legal, do contraditório e da ampla defesa e do juiz natural.

— Princípio do Devido Processo Legal

Cuida-se de princípio disposto no inciso LIV do artigo 5º da Constituição Federal de 1.988, que dispõe:

Art. 5º, LIV - Ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal.

O princípio do devido processo legal concede a todo sujeito de direito, o direito fundamental a um processo
devido, justo e equitativo, uma vez que possui como base de direção todos os demais princípios que deverão
ser observados no processo. Isso ocorre devido à sua grande importância no ordenamento jurídico, tendo em
vista que esse princípio é usado como forma de limitação da Administração Pública, para que esta aja com
respeito aos direitos fundamentais que se encontram reconhecidos nas relações jurídicas de natureza privada.

Obs. importante: De modo geral, as bancas examinadoras de concursos públicos tendem a questionar se
o princípio do devido processo legal se trata de uma cláusula geral. Caso você se depare com uma questão
desse nível, a resposta é afirmativa, pois, pelo fato de ser sim, uma cláusula geral, existe um conteúdo mínimo
desse princípio que deverá ser verificado para que o processo seja considerado devido.

É importante destacar que existe um conteúdo mínimo para a aplicação contumaz do princípio do devido
processo legal que pode ser listado da seguinte forma:

• A observância do contraditório e da ampla defesa com tratamento paritário às partes processuais;

• A proibição de provas ilícitas;

• A publicidade do processo;

• A observância da duração razoável do processo;

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• A garantia do juiz natural;

• A proibição do retrocesso dos direitos fundamentais;

• A necessidade de fundamentação das decisões judiciais;

• A garantia do acesso à justiça.

Além disso, ressalta-se que o devido processo legal é direito fundamental podendo ser compreendido em
duas dimensões, sendo elas:

DIMENSÕES DO DEVIDO PROCESSO LEGAL


Formal/
Legal/Substancial
Procedimental
É composto pelos
Seu conteúdo pressupostos
é composto dos princípios da
pelas garantias razoabilidade e da
fundamentais proporcionalidade

Sobre o esquema acima, de antemão, denota-se que o devido processo legal formal também é chamado de
procedimental, due process, sendo que em sentido formal, pode ser definida a forma tradicional desse princí-
pio, que é correspondente à observância dos princípios processuais na regência dos processos como um todo,
como é o caso do direito ao contraditório, a uma razoável duração do processo, bem como ao princípio do juiz
natural.

Em relação ao devido processo legal substancial, due process, cuja criação veio dos Estados Unidos, desta-
ca-se que ele é considerado de acordo com os trâmites jurisprudenciais do STF, bem como de uma infinidade
doutrinadores brasileiros, como a fonte dos deveres de proporcionalidade e razoabilidade, fato que faz com
que esse princípio imponha que tanto o órgão julgador, bem como o legislador tomem decisões razoáveis e
proporcionais.

O dever de observância plena da proporcionalidade e da razoabilidade se encontra disposto no artigo 8 do


Código de Processo Civil que destaca com grande importância o dever de observância da proporcionalidade e
da razoabilidade no âmbito da aplicação do ordenamento jurídico. Vejamos:

Art. 8 - Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e às exigências do bem comum,
resguardando e promovendo a dignidade da pessoa humana e observando a proporcionalidade, a razoabilida-
de, a legalidade, a publicidade e a eficiência.

Interessante se faz ainda, explicitar que o devido processo legal se aplica às relações jurídicas privadas.
Isso ocorre devido à eficácia horizontal dos direitos fundamentais, tendo em vista que a Constituição Federal,
ao prever direitos fundamentais, passou a admitir sua aplicação nas relações feitas entre particulares, tanto
na fase pré-negocial quanto na fase de execução do negócio jurídico. É o que ocorre no disposto no art. 57 do
Código Civil Brasileiro. Vejamos:

Art. 57 - A exclusão do associado só é admissível havendo justa causa, assim reconhecida em procedimento
que assegure direito de defesa e de recurso, nos termos previstos no estatuto.

Em averiguação ao referido artigo, note-se que para que uma associação venha a excluir um associado de
seus quadros, existe a necessidade da observância de um procedimento específico, não bastando apenas a
simples exclusão.

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Nesse mesmo diapasão, é importante lembrar que em 2005, por meio do informativo de nº. 405, o STF
enfrentou a teoria da aplicação dos direitos fundamentais às relações jurídicas privadas, decidindo em relação
à apreciação de litígios entre clube e associado, que os direitos fundamentais, incluindo-se dentre estes, os
direitos processuais, são aplicáveis às relações entre particulares. A esse fato, dá-se o nome de eficácia hori-
zontal dos direitos fundamentais.

Nesse mesmo patamar, observa-se que o devido processo legal também pode ser aplicado no condizente
ao teor do art. 1.337 do Código Civil Brasileiro, como veremos:

Art. 1.337. O condômino, ou possuidor, que não cumpre reiteradamente com os seus deveres perante o
condomínio poderá, por deliberação de três quartos dos condôminos restantes, ser constrangido a pagar multa
correspondente até ao quíntuplo do valor atribuído à contribuição para as despesas condominiais, conforme a
gravidade das faltas e a reiteração, independentemente de perdas e danos que se apurem.

Parágrafo único. O condômino ou possuidor que, por seu reiterado comportamento antissocial, gerar in-
compatibilidade de convivência com os demais condôminos ou possuidores, poderá ser constrangido a pagar
multa correspondente ao décuplo do valor atribuído à contribuição para as despesas condominiais, até ulterior
deliberação da assembleia.

Perceba, da leitura desse artigo, que o Código Civil prevê que se o condômino apresentar reiterado com-
portamento antissocial, poderá ser punido com sanção pecuniária, ou seja, uma multa. No entanto, para que o
condomínio venha aplicar essa multa, é necessário que este garanta ao condômino, o direito ao contraditório
e à ampla defesa.

Nesta seara, concluindo, vejamos mais um exemplo de possibilidade da aplicabilidade da eficácia horizontal
dos direitos fundamentais.

Trata-se de importante decisão do STJ ao dispor que a sanção prevista para o comportamento antissocial
praticado de forma reiterada por condômino, não pode ser aplicada sem que antes lhe seja dado o direito de
defesa. Vejamos uma parte do julgado que merece destaque:

“A sanção prevista para o comportamento antissocial reiterado de condômino (art. 1.337, parágrafo
único, do CC) não pode ser aplicada sem que antes lhe seja conferido o direito de defesa. De fato, o
Código Civil – na linha de suas diretrizes de socialidade, cunho de humanização do direito e de vivência social,
eticidade, na busca de solução mais justa e equitativa, e operabilidade, alcançando o direito em sua concretude
– previu, no âmbito da função social da posse e da propriedade, no particular, a proteção da convivência cole-
tiva na propriedade horizontal. Assim, os condôminos podem usar, fruir e livremente dispor das suas unidades
habitacionais, assim como das áreas comuns (art. 1.335 do CC), desde que respeitem outros direitos e pre-
ceitos da legislação e da convenção condominial. Nesse passo, o art. 1.337 do CC estabelece sancionamento
para o condômino que reiteradamente venha a violar seus deveres para com o condomínio, além de instituir, em
seu parágrafo único, punição extrema àquele que reitera comportamento antissocial. A doutrina especializada
reconhece a necessidade de garantir o contraditório ao condômino infrator possibilitando, assim, o exercício
de seu direito de defesa. A propósito, esta é a conclusão do enunciado 92 da I Jornada de Direito Civil do CJF:
“Art. 1.337. As sanções do art. 1.337 do novo Código Civil não podem ser aplicadas sem que se garanta direito
de defesa ao condômino nocivo.” Por se tratar de punição imputada por conduta contrária ao direito, na esteira
da visão civil-constitucional do sistema, deve-se reconhecer a aplicação imediata dos princípios que protegem
a pessoa humana nas relações entre particulares, a reconhecida eficácia horizontal dos direitos fundamentais,
que também deve incidir nas relações condominiais, para assegurar, na medida do possível, a ampla defesa e
o contraditório. Ressalte-se que a gravidade da punição do condômino antissocial, sem nenhuma garantia de

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ampla defesa, contraditório ou devido processo legal, na medida do possível, acaba por onerar consideravel-
mente o suposto infrator, o qual fica impossibilitado de demonstrar, por qualquer motivo, que seu comportamen-
to não era antijurídico nem afetou a harmonia, a qualidade de vida e o bem-estar geral, sob pena de restringir
o seu próprio direito de propriedade. Por fim, convém esclarecer que a prévia notificação não visa conferir uma
última chance ao condômino nocivo, facultando-lhe, mais uma vez, a possibilidade de mudança de seu com-
portamento nocivo. Em verdade, a advertência é para que o condômino faltoso venha prestar esclarecimentos
aos demais condôminos e, posteriormente, a assembleia possa decidir sobre o mérito da punição. REsp n.
1.365.279-SP, rel.: Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 25/8/2015, DJe 29/9/2015.

Infere-se por último, que boa parte da doutrina também já dispôs sobre o tema por meio de um enunciado da
I Jornada de Direito Civil do CJF que o aborda. Trata-se do Enunciado de nº. 92/CJF: Art. 1.337. As sanções do
art. 1.337 do novo Código Civil não podem ser aplicadas sem que se garanta direito de defesa ao condômino
nocivo.

— Princípios do Contraditório, da Ampla defesa e do Juiz Natural

Princípio do Contraditório e da Ampla defesa

Originário do princípio do devido processo legal, o contraditório é um dos mais importantes princípios, tendo
aplicabilidade não apenas no âmbito jurisdicional, mas também no administrativo bem como no negocial.

Previsto na Constituição Federal Brasileira de 1.988, o princípio do contraditório é garantia a todos os que
dele venham a precisar em sua defesa. Vejamos o disposto no art. 5º, inciso LV da CFB/1.988:

Art. 5º, LV - Aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegura-
dos o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes.

Destaque-se que o princípio do contraditório se encontra composto de duas importantes garantias ou dimen-
sões, sendo elas: a formal/participação e a substancial/poder de influência. Vejamos como funcionam esses
dois institutos:
• Garantia ou dimensão formal/participação

Diz respeito à dimensão formal do princípio do contraditório. Trata-se da garantia que toda pessoa possui de
ser ouvida, de participar do processo, além de ser comunicada dos atos processuais e de poder manifestar-se
no processo.
• Garantia ou dimensão substancial

Trata-se do poder influenciador das decisões do órgão jurisdicional. É o que também chamamos de poder
de influência da parte, pois, não é suficiente apenas que a parte seja ouvida. A parte também tem o direito
de influenciar na decisão judicial. É essa dimensão que impede, por exemplo, a prolação de decisões que se
encontrem eivadas de surpresa para as partes, levando em conta que as situações que serão submetidas a
julgamento, deverão antes disso, passar pelo contraditório.

Ressalta-se que a garantia ou dimensão substancial do contraditório encontra respaldo no artigo 10 do Có-
digo de Processo Civil, determinando o seguinte:

Art. 10. O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito do qual
não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual deva
decidir de ofício.

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Desta forma, não é permitido que o órgão jurisdicional tome decisões fundadas apenas em argumento,
questão jurídica, bem como questão de fato que não tenha sido submetida de maneira prévia às partes proces-
suais, surgindo, assim, a necessidade de intimação das partes por parte do órgão jurisdicional para que estas
se manifestem a respeito da lide em questão, dando ênfase em especial à razão do exercício democrático e
cooperativo do poder jurisdicional. Tal fato busca evitar também a chamada “decisão-surpresa”, que será con-
siderada nula por violação ao princípio do contraditório.

A título de exemplo, verifica-se que o art. 190 do Código de Processo Civil é permissionário da celebração
de negócios jurídicos processuais atípicos. Assim dispõe o referido diploma legal:

Art. 190. Versando o processo sobre direitos que admitam autocomposição, é lícito às partes plenamente
capazes estipular mudanças no procedimento para ajustá-lo às especificidades da causa e convencionar sobre
os seus ônus, poderes, faculdades e deveres processuais, antes ou durante o processo.

Parágrafo único. De ofício ou a requerimento, o juiz controlará a validade das convenções previstas neste
artigo, recusando-lhes aplicação somente nos casos de nulidade ou de inserção abusiva em contrato de ade-
são ou em que alguma parte se encontre em manifesta situação de vulnerabilidade.

Nesse sentido, verifica-se ainda, que a maioria da doutrina entende que um negócio jurídico processual
celebrado entre as partes possui o condão de reestruturar a conformação do contraditório. E é por esta razão
que o controle judicial do efetivo contraditório está sujeito a ocorrer somente em situações de nulidade, inserção
abusiva em contrato de adesão, bem como de manifesta situação de vulnerabilidade advinda da parte, signi-
ficando que o magistrado não poderia interferir na vontade das partes em relação à forma pela qual decidiram
conformar o contraditório naquele processo específico.

Notas importantes

• No processo arbitral também existe a necessidade de respeito ao princípio do contraditório, tendo


em vista que a Lei nº. 9.307/1.996 aduz no artigo 21, significativa previsão nesse sentido. Vejamos:

Art. 21. A arbitragem obedecerá ao procedimento estabelecido pelas partes na convenção de arbitragem,
que poderá reportar-se às regras de um órgão arbitral institucional ou entidade especializada, facultando-se,
ainda, às partes delegar ao próprio árbitro, ou ao tribunal arbitral, regular o procedimento.

§ 2º. Serão, sempre, respeitados no procedimento arbitral os princípios do contraditório, da igualdade das
partes, da imparcialidade do árbitro e de seu livre convencimento.

• Existe relação entre a ampla defesa e o princípio do contraditório, posto que a ampla defesa se trata
de direito fundamental de ambas as partes, vindo a consistir no conjunto de formas adequadas para o exercício
efetivo e adequado do contraditório. Assim, conclui-se que a ampla defesa se encontra condizente ao aspecto
substancial do princípio do contraditório como um todo.

Princípio do Juiz Natural

O princípio do juiz natural é originário da Constituição Inglesa de 1.215, que previa o legítimo julgamento de
seus pares e pela lei da terra. Entretanto, a institucionalização desse importante princípio ocorreu na França por
meio do art. 17 do título II da Lei Francesa de 1.970 que predispunha que “a ordem constitucional das jurisdi-
ções não pode ser perturbada, nem os jurisdicionados subtraídos de seus juízos naturais, por meio de qualquer
comissão, nem mediante outras atribuições ou evocações, salvo nos casos determinados pela Lei.”

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Já no Brasil, salvo a Constituição de 1.937, todas as demais constituições previam o princípio do juiz natural
em seus cadernos. O princípio do juiz natural proíbe a criação de tribunais extraordinários ou de exceção, bem
como a transferência de causa para outro tribunal.

Com previsão legal no art. 5º, inc. XXXVII, da CFB/1.988, esse princípio garante ao jurisdicionado que o
caso a ser julgado, será devidamente realizado composto por um Juiz e por um Tribunal preexistentes, criados
e estabelecidos por lei, significando que esse instituto não será composto somente por Magistrados e servido-
res constituídos para decidir determinado caso, em certo momento - Tribunal de Exceção – que foi constituído
depois do fato em questão ou o chamado post factum. Sobre o assunto, verifiquemos o que dispõe o art. 5º
da CFB/1.988:

Art. 5º (...) XXXVII – não haverá juízo ou tribunal de exceção;

Nesse diapasão, sendo o inciso XXXVII do art. 5º da CFB/1.988 um dos coronários do princípio do juiz na-
tural, busca garantir com eficácia um julgamento justo para os cidadãos por intermédio de órgãos independen-
tes e imparciais, vindo a impedir que sejam criados novos juízos ou tribunais julgadores de fatos que tenham
ocorrido antes de sua criação.

É importante ressaltar que de acordo com a Agência de Notícias do CNJ, como forma de garantia constitu-
cional prevista no art. 5º, incisos XXXVII e LIII da CFB/1.988, o princípio do juiz natural defende o uso regras
objetivas de competência jurisdicional visando garantir a independência e a imparcialidade do órgão julgador.

Assim sendo, trata-se o juiz natural de um juiz encarregado de forma prévia como competente para o julga-
mento de lide específica, vindo a impedir dentre outros aspectos, o abuso de poder, não se admitindo escolha
específica e nem tampouco a exclusão de magistrado de determinado caso em litígio. Como exemplo, podemos
citar o fato de uma vara criminal que cuida de assuntos de latrocínio, dentre outros assuntos pertinentes, não
poder analisar uma ação de família que cuida de assuntos de guarda de filhos, divórcios, etc.

Obs. importante: Havendo mais de uma turma ou vara especializada sobre o mesmo tema, registra-se que
os processos deverão ser distribuídos aos membros da magistratura através de sorteio como forma de garantia
da imparcialidade das decisões.

Extraído da Secretaria de Comunicação do CNJ, vejamos um excelente esquema de exemplo de distribuição


de processos ao juiz natural:

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Por último, é importante frisar e memorizar o disposto no art. 5º da Constituição Federal Brasileira de 1.988
em seus incisos XXXVII e LIII, pois, trata-se de tema bastante cobrado em provas. Registre-se:

Art. 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e
aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à igualdade, à segurança e à proprieda-
de; nos termos seguintes:

(...) XXXVII - Não haverá juízo ou tribunal de exceção;

(...) LIII - Ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente.

Jurisdição. Princípio da inércia

— Conceito

Trata-se a jurisdição de uma das funções do Estado por meio da qual esse Ente busca solucionar os con-
flitos de interesse em caráter coercitivo, vindo a aplicar a lei geral e abstrata aos casos concretos que lhe são
atribuídos.

Entretanto, sendo o poder uno, para que o Estado funcione de maneira adequada, é necessário que haja a
repartição de suas funções. Desse modo, podemos dividir as funções do Estado em:

• Função legislativa: é a atividade de elaboração de normas gerais e abstratas, que se encontram prévias
ao conflito de interesses.

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• Função jurisdicional: trata-se da aplicação dessas normas gerais aos casos concretos que são sub-
metidos à apreciação judicial, que se trata de criação da norma jurídica concreta regedora do caso levado à
apreciação do Poder judiciário.

• Função administrativa: é a atividade que não se encontra ligada à solução de conflitos, porém, possui elo
com a consecução de determinados fins do Estado que estão diretamente ligados à Administração Pública de
modo geral.

Nota importante

A função administrativa não possui caráter substitutivo. Isso ocorre porque os procedimentos administrativos
são solucionados pela própria administração, e não apenas por um agente imparcial. Ademais, diferentemente
das decisões judiciais, as decisões administrativas não adquirem caráter definitivo, podendo, desta forma, ser
revisadas.

Vale à pena mencionar que a jurisdição se diferencia de outras funções do Estado pelo fato de possuir deter-
minadas características que lhe são particulares. Para uma melhor compreensão do assunto, vejamos tais carac-
terísticas de forma esquematizada no quadro abaixo.

CARACTERÍSTICAS DA JURISDIÇÃO

É a substituição das partes pelo Estado-juiz que permite uma solução


SUBSTITUTIVIDADE imparcial e muito mais adequada para a pacificação social desejada.

Apenas as decisões judiciais adquirem, após determinado momento,


caráter definitivo, não podendo mais ser modificadas. Assim, os atos
DEFINITIVIDADE jurisdicionais tornam-se imutáveis, não sendo mais passível de ser
discutidos.

As decisões judiciais possuem força coativa e obrigam os litigantes a


cumpri-las, sendo que sua efetividade depende do uso de mecanismos
IMPERATIVIDADE eficientes de coerção, que passam a impor submissão àqueles que
devem cumpri-las.

Afirma que a lei não pode excluir da apreciação do Poder Judiciário


nenhuma lesão ou ameaça a direito nos termos do art. 5º da CFB/1.988,
inc. XXXV. Mesmo não existindo lei que possa ser aplicada de forma
INAFASTABILIDADE específica a um determinado caso concreto, o juiz não poderá se escusar
de julgar invocando lacuna.
Sob pena de ofensa ao princípio do juiz natural, a função jurisdicional só
INDELEGABILIDADE poderá ser exercida pelo Poder Judiciário, não podendo haver delegação
de competência.

A função jurisdicional não se movimenta de ofício, mas somente por


provocação dos interessados.
INÉRCIA
Só poderá exercer jurisdição aquele que ocupa o cargo de juiz e que
foi regularmente investido nessa função. Assim, havendo ausência de
INVESTIDURA investidura, implicará óbice intransponível para o exercício da jurisdição,
pressuposto processual fundamental da própria existência do processo.

Vale ressaltar que a jurisdição é uma, não comportando assim, distinção de categorias. No entanto, ela pode
ser classificada em alguma espécies, sendo elas a Jurisdição contenciosa e a voluntária, fato que é estabe-
lecido pelo Código de Processo Civil por meio do art. 719, porém, discute-se se a voluntária constitui ou não

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verdadeira jurisdição. O diferencial entre ambas, é que, na primeira, a parte passa a buscar uma determinação
judicial que obrigue a parte contrária, enquanto na segunda, a parte busca uma situação que tenha validade
para ela mesma.

Ademais, na jurisdição contenciosa, a sentença sempre irá favorecer uma das partes em detrimento da
outra, uma vez que ela decide um conflito entre ambas e o juiz deverá dar-lhe uma decisão. Já na jurisdição
voluntária, existe a possibilidade da sentença levar benefícios às duas partes e mesmo que exista uma questão
conflituosa, ela não é colocada diretamente em juízo para apreciação judicial.

Vejamos em síntese, as formas de classificação da jurisdição:


• Quanto ao objeto:

— Civil e penal, sendo que na realidade não se trata exatamente de distinções de jurisdição, mas, sim de
diferenciações de órgãos integrantes da justiça, que poderão se destinar de forma exclusiva ao julgamento de
questões penais ou civis.
• Quanto ao tipo de órgão que a exerce:

— Ao formular as regras e normas de organização judiciária, a Constituição Federal distingue a justiça co-
mum e as justiças especiais, sendo que estas são a trabalhista, a militar e a eleitoral. Já a competência da jus-
tiça comum é supletiva, cumprindo-lhe julgar toda a matéria que não for de competência da especial. A justiça
comum pode ser estadual ou federal.
• Quanto à hierarquia

— Pode ser jurisdição inferior ou superior, de acordo com o órgão incumbido de exercê-la.
• Quanto à competência

— Conforme definição clássica, a competência é a medida da jurisdição, tendo em vista que ela se encontra
apta a quantificar a parcela de exercício de jurisdição que é dada a determinado órgão, em relação às pessoas,
à matéria ou ao território.
• Quanto às principais regras de competência estabelecidas no Código de Processo Civil

— Jurisdição internacional como a decisão estrangeira, a homologação de decisão estrangeira, a jurisdição


exclusiva da justiça brasileira, a competência de foro e de juízo, dentre outras.
• Quanto às regras gerais de competência, formuladas pelas leis federais para indicação do foro
competente

— Competência absoluta e relativa.


• Quanto aos critérios para a fixação de competência

— Critério objetivo, critério funcional e critério territorial.


• Quanto aos princípios

— Vários são os princípios que regem a jurisdição, como por exemplo, o da investidura, da aderência ao
território, da indelegabilidade, inevitabilidade, da inércia, dentre outros.

Nesse bloco de estudos trataremos de forma específica do respeito do princípio da inércia.

— Princípio da Inércia

Dispõe o artigo 2º do Código de Processo Civil que o processo tem início por inciativa da parte, vindo a se
desenvolver por meio de impulso oficial. Logo, para que o judiciário exerça o seu papel, necessário se faz com
que seja provocado.

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Vejamos o que dispõe o art. 2º do Código de Processo Civil de 2.015:

Art. 2º - O processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve por impulso oficial, salvo as exceções
previstas em lei.

Iremos analisar o artigo 2º em duas situações interdependentes, tendo em vista que a inércia nos traz a
compreensão de que o Poder Judiciário apenas irá se manifestar sobre determinada matéria quando for devi-
damente provocado.

Em outras palavras, isso significa que se alguém teve o seu direito violado ou está na iminência de que isso
ocorra, deverá se dirigir ao Estado-Juiz, e rovoca-lo, via regra geral, por meio de petição inicial escrita, para que
esse Ente aplique o Direito ao caso específico.

Assim sendo, o Magistrado não sairá do seu gabinete à procura de pessoas possuidoras de algum direito e
que estejam querendo propor ação em juízo.

Desta maneira, denota-se que o Judiciário deve ser provocado. No entanto, existem casos nos quais o Ma-
gistrado poderá agir de ofício, sem provocação. Como por exemplo, podemos citar o artigo 712 do Código de
Processo Civil que trata do caso de restauração de autos, bem como da herança jacente disposta no artigo
738 do referido diploma legal. Entretanto, note que nestas situações, existe um interesse estatal diretamente
colacionado à própria efetividade do Poder Judiciário.

Situação interessante, trata-se daquela em que se o Estado-Juiz for provocado, pelo princípio do impulso
oficial, deverá, pois, esse Ente dar continuidade à demanda até que seja dada uma determinada solução ao
litígio que fora examinado por ele.

Como exemplo, a respeito de uma das flexibilizações ao impulso oficial, podemos citar o princípio do autor-
regramento da vontade das partes, que se trata de norma fundamental que não se encontra prevista nos doze
primeiros artigos do Código de Processo Civil de 2.015. Desta maneira, o Novo Código acaba por se estruturar
como um lugar composto de liberdade para as partes, porém, devem ser levados em conta os limites que forem
estipulados pela própria codificação.

Podemos citar como evidências de estruturação da lei instrumental baseada no princípio do autorregramento
da vontade das partes, algumas posições do Código em relação ao exposto:

• O estímulo à autocomposição;

• A admissão da homologação judicial de acordo;

• A tentativa de homologar conciliação logo no início do processo;

• A possibilidade de haver inclusão de outros sujeitos e outras lides no acordo do processo.

• A consagração de cláusula geral de negociação, que permite às partes formular acordo sobre o processo.

Nesse mesmo patamar, existe previsão de uma série de negócios processuais típicos, como por exemplo,
a convenção do ônus da prova, o calendário processual, o saneamento de forma consensual, a mudança con-
vencional de audiência , a escolha feita de forma consensual de perito, a escolha convencional da espécie de
liquidação, não deixando de citar também, a possibilidade de mediação, conciliação e arbitragem, bem como a
existência do princípio da cooperação, instituto que se encontra diretamente e intimamente ligado à valorização
da participação das partes dentro de um processo.

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Ademais, é importante salientar que uma das premissas do Novo Código de Processo Civil de 2015, é o
incentivo à autocomposição por meio de eventos dispostos nos parágrafos 1º ao 3º do artigo 3º do referido Di-
ploma Legal, de maneira que o Estado deverá fomentar, dispondo de implementação de viável estrutura, vias
alternativas de resolução de conflitos, utilizando-se da mediação e conciliação para encerrar à lide através de
acordo firmado entre as partes.

Vejamos em síntese, o esquema elucidativo acerca do princípio da inércia no âmbito jurisdicional:

Art. 2º CPC – Nenhum juiz prestará a tutela jurisdicional senão quando a parte ou o
interessado a requerer, nos casos e formas legais.
Princípio da demanda( art 2º do CPC): Só agirá se for provocada pelas
partes.
INÉRCIA Princípio do inquisitivo: Age provocada de impulso oficial e de ofício.
Princípio da demanda: Artigo 2º do CPC/2015.
Utiliza tanto a aplicação da jurisdição contenciosa, quanto da voluntária.

Por último, verificando-se a importância da provocação à luz do princípio da inércia, tendo em vista que para
agir, o judiciário precisa ser provocado, todo cidadão que se sentir prejudicado ou ameaçado tanto nas relações
particulares, quanto nas de natureza pública, se desejar receber amparo legal para a defesa dos seus direitos,
deverá provocar o judiciário por meio do Estado-Juiz por intermédio da impositura de ação judicial por meio de
petição inicial.

Ação. Condições da ação. Elementos da ação. Classificação

De acordo com GONÇALVES (2012), “A ação é um direito subjetivo público que se exerce contra o Es-
tado, e por meio do qual se postula a tutela ou provimento jurisdicional”. Assim, quando uma ação é
proposta perante o judiciário, percebe-se logo que esta virá a assumir um conceito diverso de acordo
com o provimento jurisdicional que foi solicitado. Desta forma, os referidos conceitos passarão a ser
chamados de classificação ou divisão das ações.

Nesta seara, para que haja melhor compreensão das ações, depreende-se que as ações poderão ser clas-
sificadas perante o direito processual de diversas formas, sendo que no deslinde desse estudo passaremos a
dispor sobre o assunto.

O artigo 16 do Código de Processo Civil, dispõe da seguinte forma a respeito do exercício da jurisdição:

Art. 16 - A jurisdição civil é exercida pelos juízes e pelos tribunais em todo o território nacional, conforme as
disposições deste Código.

Já o artigo 17 da referida Legislação afirma que:

Art. 17 - Para postular em juízo é necessário ter interesse e legitimidade.

Trata-se o referido artigo das condições da ação para que alguém possa postular um juízo.

Ressalta-se que em relação ao conceito de interesse processual, este se encontra constituído pelo binô-
mio necessidade-adequação, vindo a refletir a não dispensabilidade do ingresso em juízo para a obtenção do
bem pretendido utilizado para tanto. Desta maneira, a falta de interesse processual causará o indeferimento da
petição inicial, nos parâmetros do art. 330, inciso III do Código de Processo Civil, acarretando a consequente
prolação de sentença terminativa, segundo o art. 485 do Código de Processo Civil em seus incisos I e VI.

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— Condições da Ação

Art. 17 - Para postular em juízo é necessário ter interesse e legitimidade.

Embora o Novo Código de Processo Civil não utilize mais o título “condições da ação”, denota-se adequada
a continuidade de sua utilização para se referir à legitimidade e ao interesse processual, tendo em vista que tal
instituto é preenchido por requisitos necessários para que o exercício do direito de ação leve a um pronuncia-
mento sobre o mérito da causa, ou meritum causae em deslinde.

O instituto da possibilidade jurídica do pedido foi abolido do direito processual. Contemporaneamente, a in-
viabilidade em tese da demanda passou a integrar o mérito, acarretando a rejeição do pedido nos trâmites do
art. 487, inciso I do Código de Processo Civil.

Em relação ao preenchimento das condições da ação, consideram-se preenchidas tais condições da ação
no momento em que o autor denuncia, na petição inicial, lesão a direito seu, sendo que desta forma, ocorrerá
a verificação da efetiva ocorrência de lesão da matéria de mérito como um todo.

Sobre o averiguamento das condições da ação nos parâmetros da teoria da asserção, resolveu o REsp
1.705.311 da seguinte forma:

“As condições da ação são averiguadas de acordo com a teoria da asserção, razão pela qual, para que se
reconheça a legitimidade ativa, os argumentos aduzidos na inicial devem possibilitar a inferência, em um exa-
me puramente abstrato, de que o autorpode ser o titular da relação jurídica exposta ao juízo” (STJ-3ª T., REsp
1.705.311, Min. Nancy Andrighi, j. 9.11.17, DJ 17.11.17).”

Atualmente em nosso ordenamento jurídico, duas são as condições da ação: a legitimidade e o interesse
de agir. Entretanto, na legislação processual anterior, tais condições eram três, tendo em vista a existência da
possibilidade jurídica do pedido naquele Diploma Legal. Juristas renomados como Liebman, a partir da terceira
edição de seu Manual, passaram a entender que as condições da ação poderiam ser reduzidas a duas sendo
elas: a legitimidade e o interesse. Isso porque este último instituto deteria a possibilidade jurídica do pedido. As-
sim, para esse jurista, todas as vezes que alguém formulasse um requerimento impossível, faltaria o interesse
de agir. A legislação pátria passou a acolher essa solução, vindo a reduzir a duas as condições da ação.

Trataremos destas condições de forma separada para que haja maior facilidade de compreensão. Primeira-
mente abordaremos da legitimidade ad causam e depois do interesse. Vejamos:
• A legitimidade “ad causam”

A legitimidade ad causam se encontra disposta no art. 18 do Código de Processo Civil de 2.015, que assim
predispõe:

Art. 18 - Ninguém poderá pleitear direito alheio em nome próprio, salvo quando autorizado pelo ordenamen-
to jurídico.

Em regra, esse dispositivo explica que as pessoas só podem ingressar em juízo na condição de partes, com
o fito de postulação e defesa de direitos que aleguem ser próprios, mas não alheios, com exceção dos casos
nos quais a lei autoriza uma pessoa em nome próprio, ingressar em juízo para postular ou defender direito
alheio, fato que somente ocorrerá se existir autorização do ordenamento jurídico.

Desta maneira, infere-se que em relação à legitimidade, existem duas grandes searas no Processo, que
são a da normalidade, na qual as pessoas figuram em juízo, na condição de partes para defender interesses e
direitos que aduzem ser próprios, sendo o que acaba acontecendo na maior parte dos processos e que a esta
espécie de legitimidade, que é tida como comum, dá-se o nome de legitimidade ordinária.

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Sendo que existe também a legitimidade da anormalidade que ocorre em situações nas quais um indivíduo
“A” poderá ser autorizado a postular em juízo, em nome próprio, na condição de parte, em defesa dos inte-
resses de “B”, sendo que nestas situações, ocorrerá a legitimidade extraordinária, que também é conhecida
como “substituição processual”.

É de suma importância salientar que a legitimidade extraordinária e a representação não se confundem,


pois, pela representação, caso um menor incapaz, por exemplo necessite ir a juízo para postular um direito de
alimentos, ao ajuizar a lide, ele irá figurará como autor e demandante. No entanto, pelo fato de ser incapaz,
necessário se faz com que seja representado pela mãe, ou por pessoa que tenha a sua guarda no momento. O
incapaz estará atuando em nome próprio, pois, ele é o autor em defesa do seu direito.

Também em relação à legitimidade extraordinária, registra-se que aquele que figura como parte se encontra
apto a postular ou defender direito alheio. Um exemplo disso, é o que acontece se a lei autorizar A Liebmann
ajuizar uma demanda, em nome próprio, porém, na defesa de interesses de B. Haverá um desentendimento,
pois, aquele que figura como parte (B) não é o titular do direito ao passo que o titular do direito (A) não é quem
figura como parte na lide processual.
• Interesse de agir

Contemporaneamente, o interesse de agir trata-se da necessidade, vontade e adequação do provimento de


buscar defesa para si dentro do ordenamento jurídico na procura pela proteção do interesse individual. Nesse
diapasão, entende Chiovenda que “é possível afirmar que o interesse de agir consiste nisso, que, sem a inter-
venção dos órgãos jurisdicionais o autor sofreria um dano injusto”.

A ilustre Ada Pellegrini Grinover, aduz que ainda que nem sempre seja demonstrado de forma clara, outro
requisito necessário à existência do interesse de agir, se trata da adequação do provimento e do procedimento,
uma vez que o Estado irá negar o desempenho de sua atividade jurisdicional caso ocorra do provimento pedido
não se encontrar adequado para atingir o escopo, no caso a ser deslindado.

Denota-se que o interesse de agir, aparece a partir da necessidade de adquirir por meio do processo, a pro-
teção do interesse substancial, vindo assim, a pressupor a lesão de tal interesse e a idoneidade do provimento
solicitado, para protegê-lo e satisfazê-lo. Logicamente o reconhecimento da subsistência do interesse de agir,
não enseja que o autor esteja eivado de razão, vindo a significar somente que a sua demanda se encontra pas-
sível de ser tomada em consideração. Em relação ao mérito e não ao interesse de agir, pertence toda a ques-
tão de fato e de direito relacionada à procedência da demanda, ou seja, à conformidade ao direito da proteção
jurídica pretendida pelo interesse substancial.
Obs. Importantes:
— O interesse de agir advém da relação existente entre a situação antijurídica denunciada e o provimento
que se requer para saná-la por meio da aplicação do direito, sendo que tal relação deverá consistir na correta
utilização do provimento como forma de outorga ao interesse ferido à proteção do direito.
— O interesse não se trata de um requisito apenas da ação, mas sim de todos os direitos processuais, tais
como: direito de defesa, de contradição, de impugnação de uma sentença desfavorável, dentre outros.

Esquematizando as condições da ação, temos:

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CONDIÇÕES DA AÇÃO
LEGITIMIDADE AD CAUSAM INTERESSE DE AGIR
O interesse de agir aparece a partir
da necessidade de adquirir por meio
As pessoas só podem ingressar em juízo na do processo, a proteção do interesse
condição de partes com o fito de postulação substancial, vindo assim, a pressupor a
e defesa de direitos que aleguem ser lesão de tal interesse e a idoneidade do
próprios, mas não alheios, com exceção dos provimento solicitado, para protegê-lo e
casos nos quais a lei autoriza uma pessoa satisfazê-lo.
em nome próprio, ingressar a juízo para O reconhecimento da subsistência do
postular ou defender direito alheio, fato que interesse de agir não enseja que o autor
somente ocorrerá se existir autorização do esteja eivado de razão, vindo a significar
ordenamento jurídico. somente que a sua demanda se encontra
passível de ser tomada em consideração.

ESPÉCIES DE LEGITIMIDADE
ORDINÁRIA EXTRAORDINÁRIA
Trata-se da legitimidade da anormalidade
que ocorre em situações nas quais um
É conhecida como comum e normal. Por
A poderá ser autorizado a postular
meio dela as pessoas figuram em juízo, na indivíduo
em juízo, em nome próprio, na condição
condição de partes para defender interesses
e direitos que aduzem ser próprios. de parte, em defesa dos interesses de B.
É também conhecida como “substituição
processual.”

— Classificação

Para classificarmos as ações de maneira correta, segundo o ordenamento jurídico, é necessário considerar
somente os aspectos que se encontram propriamente ligados à atividade jurisdicional desencadeada. Desta
forma, temos:
• Classificação relativa ao tipo de atividade exercida pelo juiz

Nesta seara, denota-se que as ações podem ser classificadas de acordo com a espécie de atividade que o
juiz é chamado a exercer ao longo do processo. Assim, é possível identificar dois tipos fundamentais de ação,
sendo elas:

A) Ações de conhecimento ou cognitivas;

B) Ações de execução, que formarão processos de conhecimento e de execução.

Obs. importante:

– O que diferencia a ação de conhecimento da de execução é a atividade que o juiz é chamado a desempe-
nhar como um todo, sendo que nas ações de conhecimento, é pedido a ele que seja proferida uma sentença
que irá salientar se o autor tem razão, ou não, e, ainda, se ele possui ou não direito ao provimento jurisdicional
que postulou. Já nas ações de execução, é requerido providências concretas e materiais com destino à satis-
fação do direito.

Em relação às ações de conhecimento ou cognitivas, temos:


• Espécies de Tutela Cognitiva

A) Condenatória;

B) Constitutiva;

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C) Declaratória.
• Espécies de ações de conhecimento

A) Condenatória;

B) Constitutiva;

C) Declaratória.
• Ações de conhecimento condenatórias

São também conhecidas como ações de cognição, cujo fulcro é levar o caso concreto ao juiz para que ele
possa realizar o acertamento do direito. Objetivam a formação de um título executivo judicial, que irá atribuir ao
autor a possibilidade de usar de medidas executivas, trazendo à realidade aquilo que lhe foi reconhecido. Seu
objetivo é o compelimento de alguém ao cumprimento de uma obrigação que não foi adimplida. Exemplo: Réu
condenado a pagar os danos sofridos ao autor, para que sejam cobertos tais danos em decorrência de acidente
de trânsito ocorrido entre ambos.
• Ações de conhecimento constitutivas

Trata-se ação cuja finalidade é modificar, vindo a constituir ou desconstituir a existência de uma relação ju-
rídica. Exemplo: ações de separação judicial ou de divórcio que possuem como foco desconstituir a sociedade
conjugal ou o casamento.

Obs. importantes:

– Assim como ocorre com as ações declaratórias, as ações constitutivas não se encontram objetivadas
a formar um título executivo, posto que o que buscam é tão somente a modificação de uma situação jurídica
indesejada.
– A sentença constitutiva é caracterizada pela criação de um estado jurídico distinto do anterior.

As ações constitutivas podem ser:

A) Positivas: São criadoras das relações jurídicas que até então não existiam no ordenamento.

B) Negativas: São as que desconstituem as relações jurídicas.


• Ações de conhecimento declaratórias

São ações que variam de acordo com o tipo de tutela postulada.

Obs. Importante:

– As ações declaratórias são mais simplificadas que as demais, tendo em vista que nelas o juiz se encontra
limitado a declarar a existência ou inexistência no âmbito de uma relação jurídica. Como exemplo, podemos
citar a existência de dúvida acerca da paternidade de um suposto filho que deseje investigá-la, sendo que para
tal, será necessário apenas que ele ajuíze ação declaratória, por meio da qual o juiz decidirá através de pedido
de exames de DNA e outros, se preciso, se, afinal, o autor da ação é ou não filho do réu.

Destaca-se que as três espécies de ação de conhecimento acima citadas, são os três tipos fundamentais
existentes de acordo com a tutela jurisdicionada desta espécie de classificação da ação.

Entretanto, há um bom tempo, verifica-se que tem sido aceita a existência de dois outros tipos baseados no
mesmo critério, sendo tais ações as mandamentais e as executivas iatu sensu.

Vejamos:

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• Ação mandamental

Não constitui uma forma diferenciada e nem tampouco autônoma de ação cognitiva, tendo em vista que
tanto a mandamental quanto a executiva lato sensu são constituidoras de espécies de ação condenatória. Nes-
se tipo de ação, o magistrado, ao condenar o réu, emite uma ordem permissionária sem a necessidade de um
processo autônomo com vistas a tomar medidas destinadas a proporcionar ao vencedor a efetiva satisfação
de seu direito postulado. Exemplo: ações que possuam como objeto a obrigação de fazer ou não fazer, (arts.
497 e 498 do CPC). Nesse exemplo, caso a ordem judicial seja descumprida, o magistrado poderá determinar
providências para pressionar o devedor, como aplicação da astreinte, que se trata de fixação de multa diária.
• Ação executiva

As ações executivas também constituem exemplos de ações condenatórias, uma vez que por meio delas, a
sentença é cumprida de maneira independente da fase executiva. Exemplo: as ações possessórias e de despe-
jo, quando no curso das tais, no ato de proferimento da sentença de procedência, o magistrado irá determinar
a expedição de mandado para cumprimento, sem que haja a necessidade de um procedimento a mais além
desse, em que o réu tenha oportunidade de manifestar-se ou defender-se.

Obs. importantes:

– A ação executiva não pode ser confundida com a ação mandamental, uma vez que nela, denota-se que a
determinação não cumprida por intermédio de mandado judicial e quem deverá cumpri-la será o próprio deve-
dor, sendo que o magistrado deverá estabelecer medidas pressionantes, ou, ainda, vir a determinar providên-
cias que visem o asseguramento de resultado semelhante.

– Nas ações executivas lato sensu, caso não haja o cumprimento da obrigação de maneira espontânea, o
próprio Estado se encontrará apto a cumpri-la no lugar do réu. Assim, caso o réu não faça a devolução da coisa,
será expedido um mandado que irá suprimir a coisa do poder deste e, consequentemente a entregar ao autor.

– As classificações de ações mandamental e executiva levam em consideração a atividade jurisdicional


predominante. Desta maneira, sua identificação nem sempre será fácil, bem como para identificar em qual dos
tipos a ação se enquadra, existindo críticos de tais distinção entre ações mandamentais e executivas lato sen-
su, vindo a mencionar que esse tipo de classificação de ações não passa de subtipos de ações condenatórias.

Outros tipos aleatórios de Classificação das Ações


• Em função do direito substancial

Existe nesse tipo de ação, a divisão predominantemente clássica de ações reais, ações pessoais e ações
de estado, sendo estas últimas, também conhecidas como ações prejudiciais no que diz respeito ao direito
reclamado.
• Em função do direito processual

Trata-se da obtenção de tutela estatal dos tribunais, vindo a pressupor um direito anterior de provocar o
exercício da jurisdição, que se trata do direito de acesso à justiça.
• Ações reais

Visam a garantia de um direito real.


• Ações pessoais

Buscam a tutela jurisdicional de direitos pessoais, ou seja, do cumprimento de uma obrigação, nos dizeres de
Moacyr Amaral Santos.

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• Ações prejudiciais

Buscam a tutela do estado de família. São ações imprescritíveis e não admitem a confissão ficta por meio
do fenômeno jurídico da revelia.
• Ações mobiliárias

São ações que versam sobre coisas predominantemente imóveis.


• Ações de Conhecimento

São ações que invocam uma tutela jurisdicional de conhecimento.


• Ações de Execução

São ações provocadoras da tutela jurisdicional de execução que objetivam a efetivação das sanções de sen-
tenças condenatórias e de documentos específicos aos quais a lei atribui o privilégio do ato de executividade.
• Ações Cautelares

São ações que requerem medidas jurisdicionais preventivas ou cautelares, visando o asseguramento dos
efeitos da sentença a ser proferida no processo de cognição ou de execução, sendo considerada nesse caso,
como acessória e provisória, passando a vigorar enquanto é aguardada a decisão da ação principal protocola-
da.
• Ações preventivas ou cautelares

Tem como objetivo assegurar os efeitos da sentença a ser proferida no processo de cognição ou de execu-
ção

Da Cooperação Internacional. Disposições gerais. Do auxílio direto. Da carta rogatória

— Disposições Gerais

De antemão, discorre-se que o Código de Processo Civil dispõe de um capítulo específico para tratar da coo-
peração jurídica internacional. Desta forma, com o advento da globalização dos interesses econômicos, bem
como da facilidade de comunicação e de mobilização das pessoas, tem se tornado frequentes as situações nas
quais um Estado acaba precisando da cooperação do outro para aplicar a justiça de forma mais eficaz, bem
como para fazer com que sejam válidas as decisões proferidas por esse Ente.

Registra-se que o Código de Processo Civil de 2.015 não demonstra um regramento detalhado dos proce-
dimentos pelos quais ocorrerá a cooperação. Porém, o Código ilustra as regras fundamentais que deverão ser
observadas.

Desta feita, aduz-se que o art. 26, predispõe o estabelecimento de que Tratado de que o Brasil fizer parte,
regerá a cooperação internacional. Ocorrendo a ausência dele, a cooperação realizar-se-á com fundamento na
reciprocidade manifestada por meios diplomáticos.

Destaca-se que a cooperação deverá observar alguns requisitos, de caráter geral, estabelecidos no Código
de Processo civil, sendo eles:

A) O respeito às garantias do devido processo legal no Estado requerente;

B) A igualdade de tratamento entre nacionais e estrangeiros, residentes ou não no Brasil, em relação ao


acesso à justiça e à tramitação dos processos, assegurando-se assistência judiciária aos necessitados;

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C) A publicidade processual, salvo nas hipóteses de sigilo previstas na legislação brasileira ou do Estado
requerente;

D) A existência de autoridade central para recepção e transmissão dos pedidos de cooperação;

E) A espontaneidade na transmissão de informações feitas à autoridade estrangeira.

Nesse diapasão, é plenamente vedada a prática de atos que possam contrariar ou produzir resultados que
não sejam compatíveis com as normas fundamentais regedoras da Federação Brasileira.

O atual Código de Processo Civil informa também institutos que são objeto da cooperação internacional.
Vejamos:

• A citação;

• A intimação e notificação judicial e extrajudicial;

• A colheita de provas e obtenção de informações;

• A homologação e cumprimento de decisão;

• A concessão de medida judicial de urgência;

• A assistência jurídica internacional ou qualquer outra medida judicial ou extrajudicial que não seja proibida
pela lei brasileira (art. 27).

De modo claro, o CPC também informa que existem duas formas fundamentais através das quais ocorrerá
a cooperação internacional, sendo elas:

• Por meio de auxílio direto;

• Por meio de carta rogatória.

Em síntese, registra-se que a Legislação vigente, expõe na Seção I, do Capítulo II do Código de Processo
Civil, acerca do instituto das Disposições Gerais da Cooperação Internacional. Vejamos o que diz a Lei:
CAPÍTULO II
DA COOPERAÇÃO INTERNACIONAL
SEÇÃO I
DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 26. A cooperação jurídica internacional será regida por tratado de que o Brasil faz parte e observará:

I - o respeito às garantias do devido processo legal no Estado requerente;

II - a igualdade de tratamento entre nacionais e estrangeiros, residentes ou não no Brasil, em relação ao


acesso à justiça e à tramitação dos processos, assegurando-se assistência judiciária aos necessitados;

III - a publicidade processual, exceto nas hipóteses de sigilo previstas na legislação brasileira ou na do
Estado requerente;

IV - a existência de autoridade central para recepção e transmissão dos pedidos de cooperação;

V - a espontaneidade na transmissão de informações a autoridades estrangeiras.

§ 1º Na ausência de tratado, a cooperação jurídica internacional poderá realizar-se com base em reciprocidade,
manifestada por via diplomática.

§ 2º Não se exigirá a reciprocidade referida no § 1º para homologação de sentença estrangeira.

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§ 3º Na cooperação jurídica internacional não será admitida a prática de atos que contrariem ou que produzam
resultados incompatíveis com as normas fundamentais que regem o Estado brasileiro.

§ 4º O Ministério da Justiça exercerá as funções de autoridade central na ausência de designação específica.

  Art. 27. A cooperação jurídica internacional terá por objeto:

I - citação, intimação e notificação judicial e extrajudicial;

II - colheita de provas e obtenção de informações;

III - homologação e cumprimento de decisão;

IV - concessão de medida judicial de urgência;

V - assistência jurídica internacional;

VI - qualquer outra medida judicial ou extrajudicial não proibida pela lei brasileira.

Assim, todo assunto que for relacionado à Cooperação Internacional no sentido de disposições gerais,
deverá ser tratado de início nos parâmetros ora apresentados pela Lei que rege o assunto no nosso Código de
Processo Civil e por outras legislações pertinentes como Tratados, jurisprudências, etc.

— Do Auxílio Direto

Trata-se o Auxílio Direto de uma forma de cooperação internacional que promove meios legais para que se
possa obter provas a nível transnacional, bem como a comunicação de atos processuais, dentre outros atos
processuais que precisarem ser realizados em país diferente daquele que exerce a jurisdição.

Existem diversos instrumentos viabilizadores da efetivação do princípio da cooperação internacional que


promovem a ajuda mútua entre países. Nesse patamar, o Auxílio Direto se encontra em posição de destaque,
sendo também conhecido como pedido de assistência, pedido de auxílio direto, ou ainda, pedido jurídico direto.

O auxílio direto existe na Federação Brasileira desde 1.965, período importante para a nação brasileira,
quando a Convenção sobre Prestação e alimentos da ONU passou a entrar em vigor. Trata-se o Auxílio Direto
de instrumento usado com frequência na seara do processo penal. Entretanto, esse instituto também é aplicado
à esfera cível, tendo em vista que se encontra previsto no art. 28 do Código de Processo Civil de 2015. Vejamos:

Art. 28 - Cabe auxílio direto quando a medida não decorrer diretamente de decisão de autoridade jurisdicio-
nal estrangeira a ser submetida a juízo de delibação no Brasil

Portanto, trata-se o auxílio direto de uma inovação em relação ao antigo Código de Processo Civil
outrora em vigor no país.

No entendimento de Elpídio Donizetti, o auxílio direto é um instrumento de colaboração internacional por


intermédio do qual, uma autoridade estrangeira recruta o cumprimento de um ato judicial ou administrativo no
território de outro Estado soberano, sendo assim, uma ferramenta processual bastante célere e desburocratiza-
da. Isso ocorre pelo fato de tal ferramenta não ser utilizada em decisão judicial que se encontra sujeita ao juízo
de delibação pelo STJ - Superior Tribunal de Justiça.

Para que o auxílio direto possa se efetivar, são necessárias duas etapas. São elas:

1ª) Fase Internacional

Se dá quando ocorre a formulação do pedido à autoridade central estrangeira contida da previsão do artigo
29 do Código de Processo Civil que dispõe:

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Art. 29 - A solicitação de auxílio direto será encaminhada pelo órgão estrangeiro interessado à autoridade
central, cabendo ao Estado requerente assegurar a autenticidade e a clareza do pedido.

Depreende-se que no instante da ocorrência contida no referido diploma legal, acaba por ocorrer
uma comunicação entre dois ou mais Estados soberanos.
2ª) Fase Nacional

Trata-se da fase na qual a autoridade central do país solicitado se manifestará para atender à solicitação
feita, buscando entrar em contato com os agentes e entidades, nacionais e internacionais, públicos ou privados
que estejam habilitados para contribuir para a execução do pedido no território nacional, nos ditames do artigo
31 do Código de Processo Civil Brasileiro que dispõe:

Art. 31 - A autoridade central brasileira comunicar-se-á diretamente com suas congêneres e, se necessário,
com outros órgãos estrangeiros responsáveis pela tramitação e pela execução de pedidos de cooperação en-
viados e recebidos pelo Estado brasileiro, respeitadas disposições específicas constantes de tratado.

Denota-se que os pressupostos de cabimento do auxílio direto se encontram dispostos no artigo 30 do Códi-
go de Processo Civil de 2015, sendo que podem ser objeto do pedido: “a obtenção e prestação de informações
sobre o ordenamento jurídico e sobre processos administrativos ou jurisdicionais findos ou em curso”, “a colhei-
ta de provas, exceto se a medida for adotada em processo em uso no estrangeiro, de competência exclusiva de
autoridade judiciária brasileira” e “qualquer outra medida judicial ou extrajudicial não proibida pela lei brasileira”.
Assim dispõe o art. 30 com seus incisos I, II e III do CPC/2.015:

Art. 30. Além dos casos previstos em tratados de que o Brasil faz parte, o auxílio direto terá os seguintes
objetos:

I - obtenção e prestação de informações sobre o ordenamento jurídico e sobre processos administrativos ou


jurisdicionais findos ou em curso;

II - colheita de provas, salvo se a medida for adotada em processo, em curso no estrangeiro, de competência
exclusiva de autoridade judiciária brasileira;

III - qualquer outra medida judicial ou extrajudicial não proibida pela lei brasileira.

Entretanto, em interpretação ao referido artigo, infere-se que tais pressupostos não são taxativos, levando
em conta que os casos previstos nos tratados dos quais o Brasil seja parte, também estão sujeitos a ser objetos
de auxílio direto. Tal fato acontece, porque o Superior Tribunal de Justiça já consolidou jurisprudência afirmando
tratar-se o Auxílio Direto de um mecanismo de cooperação internacional aplicável principalmente em situações
de anormalidade que propugnem pela prática de atos, ou pela obtenção de informações de países de fora.

Observações importantes acerca do Auxílio Direto:

– Na ocorrência de atos de natureza jurisdicional, o Auxílio Direto será cabível quando o ato diligenciado se
encontrar relacionado a processo judicial que estiver devidamente submetido à Jurisdição do Estado Brasileiro.
Ou seja, tanto o processamento quanto o julgamento da demanda judicial, deverão ter se passado de forma
integral perante os juízos nacionais para que o auxílio direto seja considerado cabível.

– O fator competente para dispensar o juízo de delibação, nada mais é do que a necessidade de processa-
mento, bem como de julgamento da decisão perante a jurisdição brasileira competente.

– A origem do Auxílio Direto ocorre por meio de uma provocação que vem de autoridade estrangeira que
deseja ver os efeitos que vieram de uma decisão nacional produzidos. Sendo assim, trata-se o auxílio direito de
um instituto visador da efetivação do direito pátrio.

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– Sendo o objetivo da autoridade estrangeira o cumprimento de ato advindo de decisão de jurisdição de
outro país, denota-se que o direito a ser aplicado, será o estrangeiro e, sendo assim, poderá acontecer de tal
direito não se encontrar adequado com os ditames do ordenamento jurídico nacional.

– Na ocorrência da situação hipotética acima, o juízo de delibação que se apresentaria como ferramenta
indispensável e o meio adequado a ser aplicado, seria a Carta Rogatória, tendo em vista que o Auxílio Direto
não se encontra apto para o cumprimento de atos ou decisões advindos de jurisdições internacionais.

– Devidamente predisposto no Código de Processo Civil de 2.015, como ferramenta indispensável da coope-
ração internacional, o auxílio direto visa prestar uma colaboração mais ágil e eficaz entre os Estados estrangei-
ros no que condiz à prática de atos administrativos ou jurisdicionais, necessariamente processados e julgados
pelo Jurisdição Brasileira.

Ante o deslinde discorrido acima acerca do Auxílio Direto, vale à pena conferir o que predispõe a Legislação
pertinente ao assunto, nos parâmetros do Código Civil de 2.015. Vejamos:
SEÇÃO II
DO AUXÍLIO DIRETO

Art. 28. Cabe auxílio direto quando a medida não decorrer diretamente de decisão de autoridade jurisdicional
estrangeira a ser submetida a juízo de delibação no Brasil.

Art. 29. A solicitação de auxílio direto será encaminhada pelo órgão estrangeiro interessado à autoridade
central, cabendo ao Estado requerente assegurar a autenticidade e a clareza do pedido.

Art. 30. Além dos casos previstos em tratados de que o Brasil faz parte, o auxílio direto terá os seguintes
objetos:

I - obtenção e prestação de informações sobre o ordenamento jurídico e sobre processos administrativos ou


jurisdicionais findos ou em curso;

II - colheita de provas, salvo se a medida for adotada em processo, em curso no estrangeiro, de competência
exclusiva de autoridade judiciária brasileira;

III - qualquer outra medida judicial ou extrajudicial não proibida pela lei brasileira.

Art. 31. A autoridade central brasileira comunicar-se-á diretamente com suas congêneres e, se necessário,
com outros órgãos estrangeiros responsáveis pela tramitação e pela execução de pedidos de cooperação
enviados e recebidos pelo Estado brasileiro, respeitadas disposições específicas constantes de tratado.

Art. 32. No caso de auxílio direto para a prática de atos que, segundo a lei brasileira, não necessitem de
prestação jurisdicional, a autoridade central adotará as providências necessárias para seu cumprimento.

Art. 33. Recebido o pedido de auxílio direto passivo, a autoridade central o encaminhará à Advocacia-Geral
da União, que requererá em juízo a medida solicitada.

Parágrafo único. O Ministério Público requererá em juízo a medida solicitada quando for autoridade central.

Art. 34. Compete ao juízo federal do lugar em que deva ser executada a medida apreciar pedido de auxílio
direto passivo que demande prestação de atividade jurisdicional.

— Da Carta Rogatória

Cuida-se a Carta Rogatória de um instrumento jurídico de cooperação processual entre países diferentes,
por meio do qual esses entes se comunicam por intermédio do Poder Judiciário, objetivando a obtenção de
colaboração para a prática de atos processuais

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O objetivo da Carta Rogatória é a realização de atos e diligências processuais nos países de fora. Como
exemplo, podemos citar a audição de testemunhas. Além disso, para que estas cartas sejam cumpridas, as
regras estabelecidas nas Convenções Internacionais deverão ser levadas em conta.

Denota-se que o procedimento da carta rogatória no âmbito do entendimento do STJ é de jurisdição con-
tenciosa, devidamente paramentado no art. 36 e nos seus parágrafos 1º e 2º do Código de Processo civil que
assim dispõe:

Art. 36 - O procedimento da carta rogatória perante o Superior Tribunal de Justiça é de jurisdição contencio-
sa e deve assegurar às partes as garantias do devido processo legal.

§ 1º -  A defesa restringir-se-á à discussão quanto ao atendimento dos requisitos para que o pronunciamento
judicial estrangeiro produza efeitos no Brasil.

§ 2º -  Em qualquer hipótese, é vedada a revisão do mérito do pronunciamento judicial estrangeiro pela au-
toridade judiciária brasileira.

Observações importantes:

– Segundo o entendimento do STJ,” Tratando-se de matéria subsumida na previsão do art. 88 do CPC, a


competência da autoridade judiciária brasileira é relativa, e o conhecimento das ações é concorrente entre as
jurisdições nacional e estrangeira. A prática de ato de comunicação processual é plenamente admissível em
Carta Rogatória. A simples citação não afronta a ordem pública ou a soberania nacional, pois objetiva dar co-
nhecimento da ação ajuizada no exterior e permitir a apresentação de defesa” (STJ Corte Especial, CR 2.497-
AgRg, Min. Barros Monteiro, j. 7.11.07, DJU 10.12.07).

– Segundo o STJ, “Não se exige, tanto na legislação brasileira quanto na americana, que o ato citatório
venha acompanhado de todos os documentos mencionados na petição inicial. Não há falar, desse modo, em
violação dos princípios constitucionais do devido processo legal, do contraditório e da ampla defesa” (STJ-Cor-
te Especial, CR 535-AgRg, Min. Barros Monteiro, j. 23.11.06, DJU 11.12.06).

Nesse diapasão, é importante verificar a legislação reguladora desse importante instrumento processual de
cooperação internacional, bem como das seções de cooperação estudadas anteriormente. Vejamos na íntegra:
SEÇÃO III
DA CARTA ROGATÓRIA

Art. 35. (VETADO).

Art. 36. O procedimento da carta rogatória perante o Superior Tribunal de Justiça é de jurisdição contenciosa
e deve assegurar às partes as garantias do devido processo legal.

§ 1º A defesa restringir-se-á à discussão quanto ao atendimento dos requisitos para que o pronunciamento
judicial estrangeiro produza efeitos no Brasil.

§ 2º Em qualquer hipótese, é vedada a revisão do mérito do pronunciamento judicial estrangeiro pela


autoridade judiciária brasileira.
SEÇÃO IV
DISPOSIÇÕES COMUNS ÀS SEÇÕES ANTERIORES

Art. 37. O pedido de cooperação jurídica internacional oriundo de autoridade brasileira competente será
encaminhado à autoridade central para posterior envio ao Estado requerido para lhe dar andamento.

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Art. 38. O pedido de cooperação oriundo de autoridade brasileira competente e os documentos anexos que o
instruem serão encaminhados à autoridade central, acompanhados de tradução para a língua oficial do Estado
requerido.

Art. 39. O pedido passivo de cooperação jurídica internacional será recusado se configurar manifesta ofensa
à ordem pública.

Art. 40. A cooperação jurídica internacional para execução de decisão estrangeira dar-se-á por meio de carta
rogatória ou de ação de homologação de sentença estrangeira, de acordo com o art. 960 .

Art. 41. Considera-se autêntico o documento que instruir pedido de cooperação jurídica internacional, inclusive
tradução para a língua portuguesa, quando encaminhado ao Estado brasileiro por meio de autoridade central
ou por via diplomática, dispensando-se ajuramentação, autenticação ou qualquer procedimento de legalização.

Parágrafo único. O disposto no caput não impede, quando necessária, a aplicação pelo Estado brasileiro do
princípio da reciprocidade de tratamento.

Da Competência. Disposições gerais 

— Disposições Gerais

Acerca das disposições gerais da competência, entende-se que embora a jurisdição seja una, ela se en-
contra regida por normas de competência definidoras tanto da abrangência, quanto dos limites da atividade
de jurisdição. Assim sendo, por intermédio de tal sistema e organização interna, denota-se a possibilidade de
simplificar e potencializar a atividade essencial do Poder Judiciário que se trata da solução dos conflitos em
cada caso específico e concreto.

Expressamente disposta e regulamentada pelo Código de Processo Civil de 2.015, no Título III, seu teor é
de extrema importância. Congruente, dispõe o artigo 42 do referido diploma legal:

Art. 42 - As causas cíveis serão processadas e decididas pelo juiz nos limites de sua competência, ressal-
vado às partes o direito de instituir juízo arbitral, na forma da lei.

Segundo o jurista Marcus Vinícius Furtado Coêlho, o Código de Processo Civil tratou expressamente da ar-
bitragem em um dispositivo, cujo objeto, é a atividade jurisdicional. Desta forma, de acordo com o predisposto
no §1º do artigo 3º do CPC/2.015, o artigo 42 retro mencionado destaca com ênfase, a arbitragem como forma
de composição de conflitos. Lembrando que a arbitragem é regulamentada pela lei 9.307/1.996, sendo que o
tratamento a ela prestado no Código de Processo Civil, acaba por dar-lhe reforço de posição perante a doutrina
majoritária, embora não unânime, de que ela consiste no exercício da própria atividade jurisdicional por pes-
soas particulares, sendo assim, muito mais do que um equivalente jurisdicional.

Denota-se que o Código de Processo Civil de 1.973 mencionava a instituição de juízo arbitral, mas, em rela-
ção ao Código atual, depreende-se que ele se refere ao direito de fazê-lo. Tal alteração foi benéfica, tendo em
vista que a faculdade se refere a uma liberdade de agir sem que exista do outro lado da relação jurídica, um
indivíduo ao qual se imporá determinado dever.

Aduz o artigo 43 do Código de Processo Civil de 2.015, a respeito da fixação do juízo competente, dispondo
da seguinte forma:

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Art. 43 - Determina-se a competência no momento do registro ou da distribuição da petição inicial, sendo
irrelevantes as modificações do estado de fato ou de direito ocorridas posteriormente, salvo quando suprimirem
órgão judiciário ou alterarem a competência absoluta.

Assim, verificando o seguimento da mesma linhagem do Código anterior, o Código de Processo Civil atual
consagrou a regra da perpetuatio jurisdictionis, segundo a qual “a fixação da competência ocorre no momento
da propositura da ação, não se alterando por modificações subjetivas (quanto às partes) e objetivas (quanto à
causa de pedir e o pedido) do processo. Trata-se de princípio que decorre diretamente da segurança jurídica,
pois, do contrário, o exercício da jurisdição ficaria subordinado à imutabilidade de determinadas situações de
fato (domicílio das partes, por exemplo) com interferências indesejadas ao trâmite do processo”.

Denota-se que o dispositivo de lei lista exceções referentes à regra da perpetuatio jurisdictionis que podem
ser definidas da seguinte forma:

1ª) A primeira exceção surge nas hipóteses nas quais ocorrem a supressão do órgão judiciário, se tratando,
assim, de uma exceção lógica. Isso acontece pelo fato de ela versar a respeito da ausência de possibilidade
prática de perduração da competência, posto que ocorreu extinção da vara em que tramitava o processo.

2ª) Em relação à segunda exceção, trata-se da alteração de competência absoluta. Assim, existindo altera-
ção na competência sob o critério material ou funcional, denota-se que será possível modificá-la. Exemplo: a
criação de uma vara com especialização em matéria específica é um fato que irá atrair a competência de pro-
cessos nesta área e que tramitem ou que vierem a ser ajuizados sobre o tema naquela região.

É importante destacar que além das regras dispostas no Código de Processo Civil, a competência também
se encontra apta a ser definida pelo uso de outras ferramentas normativas. É o que dispõe o artigo 44. Vejamos
na íntegra:

Art. 44 - Obedecidos os limites estabelecidos pela Constituição Federal, a competência é determinada pelas
normas previstas neste Código ou em legislação especial, pelas normas de organização judiciária e, ainda, no
que couber, pelas constituições dos Estados.

Observe que embora estejam respeitadas as limitações da Carta Magna para o efetivo exercício da atividade
jurisdicional para cada órgão específico, o predisposto do mencionado dispositivo não predispôs uma ordem de
prevalência entre as demais fontes normativas correspondentes.

Aduz-se que os dispositivos deslindados delineiam as partes mais importantes acerca das disposições ge-
rais sobre as normas de competência interna, especialmente no condizente à sua fixação, bem como no que
diz respeito às suas fontes normativas. Porém, é importante mencionar algumas observações importantes a
respeito do tema estudado. Vejamos:

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PERPETUATIO JURISDICTIONIS
REGRA EXCEÇÕES
A fixação da competência ocorre no Primeira exceção: Surge nas hipóteses
momento da propositura da ação, não em que ocorrem a supressão do órgão
se alterando por modificações subjetivas judiciário, se tratando, assim, de uma
(quanto às partes) e objetivas (quanto à exceção lógica. Isso acontece pelo fato
causa de pedir e o pedido) do processo. ” de ela versar a respeito da ausência de
possibilidade prática de perduração da
competência, posto que ocorreu extinção da
vara em que tramitava o processo.
Segunda exceção: Trata-se da alteração
de competência absoluta. Assim, existindo
alteração na competência sob o critério
material ou funcional, será possível
modificá-la.

Por último, vale ressaltar a importância do discorrimento de leitura e estudo da lei seca e seus dispositivos
relativos às disposições gerais da competência. Vejamos:
CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL
SEÇÃO I
DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 42. As causas cíveis serão processadas e decididas pelo juiz nos limites de sua competência, ressalvado
às partes o direito de instituir juízo arbitral, na forma da lei.

Art. 43. Determina-se a competência no momento do registro ou da distribuição da petição inicial, sendo
irrelevantes as modificações do estado de fato ou de direito ocorridas posteriormente, salvo quando suprimirem
órgão judiciário ou alterarem a competência absoluta.

Art. 44. Obedecidos os limites estabelecidos pela Constituição Federal, a competência é determinada pelas
normas previstas neste Código ou em legislação especial, pelas normas de organização judiciária e, ainda, no
que couber, pelas constituições dos Estados.

Art. 45. Tramitando o processo perante outro juízo, os autos serão remetidos ao juízo federal competente se
nele intervier a União, suas empresas públicas, entidades autárquicas e fundações, ou conselho de fiscalização
de atividade profissional, na qualidade de parte ou de terceiro interveniente, exceto as ações:

I - de recuperação judicial, falência, insolvência civil e acidente de trabalho;

II - sujeitas à justiça eleitoral e à justiça do trabalho.

§ 1º Os autos não serão remetidos se houver pedido cuja apreciação seja de competência do juízo perante
o qual foi proposta a ação.

§ 2º Na hipótese do § 1º, o juiz, ao não admitir a cumulação de pedidos em razão da incompetência para
apreciar qualquer deles, não examinará o mérito daquele em que exista interesse da União, de suas entidades
autárquicas ou de suas empresas públicas.

§ 3º O juízo federal restituirá os autos ao juízo estadual sem suscitar conflito se o ente federal cuja presença
ensejou a remessa for excluído do processo.

Art. 46. A ação fundada em direito pessoal ou em direito real sobre bens móveis será proposta, em regra,
no foro de domicílio do réu.

§ 1º . Tendo mais de um domicílio, o réu será demandado no foro de qualquer deles.

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§ 2º Sendo incerto ou desconhecido o domicílio do réu, ele poderá ser demandado onde for encontrado ou
no foro de domicílio do autor.

§ 3º Quando o réu não tiver domicílio ou residência no Brasil, a ação será proposta no foro de domicílio do
autor, e, se este também residir fora do Brasil, a ação será proposta em qualquer foro.

§ 4º Havendo 2 (dois) ou mais réus com diferentes domicílios, serão demandados no foro de qualquer deles,
à escolha do autor.

§ 5º A execução fiscal será proposta no foro de domicílio do réu, no de sua residência ou no do lugar onde
for encontrado.

Art. 47. Para as ações fundadas em direito real sobre imóveis é competente o foro de situação da coisa.

§ 1º O autor pode optar pelo foro de domicílio do réu ou pelo foro de eleição se o litígio não recair sobre
direito de propriedade, vizinhança, servidão, divisão e demarcação de terras e de nunciação de obra nova.

§ 2º A ação possessória imobiliária será proposta no foro de situação da coisa, cujo juízo tem competência
absoluta.

Art. 48. O foro de domicílio do autor da herança, no Brasil, é o competente para o inventário, a partilha,
a arrecadação, o cumprimento de disposições de última vontade, a impugnação ou anulação de partilha
extrajudicial e para todas as ações em que o espólio for réu, ainda que o óbito tenha ocorrido no estrangeiro.

Parágrafo único. Se o autor da herança não possuía domicílio certo, é competente:

I - o foro de situação dos bens imóveis;

II - havendo bens imóveis em foros diferentes, qualquer destes;

III - não havendo bens imóveis, o foro do local de qualquer dos bens do espólio.

Art. 49. A ação em que o ausente for réu será proposta no foro de seu último domicílio, também competente
para a arrecadação, o inventário, a partilha e o cumprimento de disposições testamentárias.

Art. 50. A ação em que o incapaz for réu será proposta no foro de domicílio de seu representante ou
assistente.

Art. 51. É competente o foro de domicílio do réu para as causas em que seja autora a União.

Parágrafo único. Se a União for a demandada, a ação poderá ser proposta no foro de domicílio do autor, no
de ocorrência do ato ou fato que originou a demanda, no de situação da coisa ou no Distrito Federal.

Art. 52. É competente o foro de domicílio do réu para as causas em que seja autor Estado ou o Distrito
Federal.

Parágrafo único. Se Estado ou o Distrito Federal for o demandado, a ação poderá ser proposta no foro
de domicílio do autor, no de ocorrência do ato ou fato que originou a demanda, no de situação da coisa ou na
capital do respectivo ente federado.

Art. 53. É competente o foro:

I - para a ação de divórcio, separação, anulação de casamento e reconhecimento ou dissolução de união


estável:

a) de domicílio do guardião de filho incapaz;

b) do último domicílio do casal, caso não haja filho incapaz;

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c) de domicílio do réu, se nenhuma das partes residir no antigo domicílio do casal;

d) de domicílio da vítima de violência doméstica e familiar, nos termos da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de
2006 (Lei Maria da Penha);            (Incluída pela Lei nº 13.894, de 2019)

II - de domicílio ou residência do alimentando, para a ação em que se pedem alimentos;

III - do lugar:

a) onde está a sede, para a ação em que for ré pessoa jurídica;

b) onde se acha agência ou sucursal, quanto às obrigações que a pessoa jurídica contraiu;

c) onde exerce suas atividades, para a ação em que for ré sociedade ou associação sem personalidade
jurídica;

d) onde a obrigação deve ser satisfeita, para a ação em que se lhe exigir o cumprimento;

e) de residência do idoso, para a causa que verse sobre direito previsto no respectivo estatuto;

f) da sede da serventia notarial ou de registro, para a ação de reparação de dano por ato praticado em razão
do ofício;

IV - do lugar do ato ou fato para a ação:

a) de reparação de dano;

b) em que for réu administrador ou gestor de negócios alheios;

V - de domicílio do autor ou do local do fato, para a ação de reparação de dano sofrido em razão de delito ou
acidente de veículos, inclusive aeronaves.

— Da Modificação da Competência

As regras de competência podem ser divididas em absolutas e relativas, sendo que apenas as relativas se
encontram sujeitas à modificação. Tais regras são estabelecidas não para benefício e comodidade dos litigan-
tes, mas, sim para que haja o melhor funcionamento do Poder Judiciário.

Infere-se que poderá haver modificação de competência, a partir do momento no qual as regras de compe-
tência relativa indicarem a competência de um foro A, mas que por circunstâncias específicas tornarem com-
petente para a causa, o foro B.

Além disso, só poderá ocorrer modificação de competência de foro nos casos em que esta for relativa, mas,
jamais de juízo, pois, via regra geral, esta é sempre absoluta.

São causas de modificação de competência: a prorrogação, a derrogação, a conexão e a continência. Veja-


mos em apartado, a definição e atribuição de cada uma delas:
• Prorrogação de competência

De acordo com a súmula 33 do STJ, a incompetência relativa não poder ser conhecida de ofício, cumprindo,
assim, ao réu alegá-la como preliminar de contestação, sob pena de haver preclusão.

Desta forma, caso o réu não se manifeste, denota-se que o foro que antes era originariamente incompetente,
porém, de incompetência relativa, passará a ser totalmente competente, não sendo mais possibilitado a qual-
quer das partes processuais ou ao juiz por conta da preclusão pro judicato, retomar ao assunto. A esse instituto,
chamamos de prorrogação de competência.

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• Derrogação

A derrogação acontece quando há eleição de foro. Tal fato ocorre, quando por contrato e força de acordo
proveniente das vontades, duas ou mais pessoas escolhem determinado foro competente para processar e
julgar futuras demandas passíveis de surgimento e que estejam relacionadas ao contrato celebrado.

Ressalta-se que o Código de Processo Civil em seu art. 63, predispõe que a eleição de foro só é cabível em
ações de direitos e obrigações devidamente fundadas no direito das obrigações. Por sua vez, o parágrafo 1º
do referido diploma, ordena que a cláusula deve constar necessariamente de contrato escrito e se referir de
modo claro e expresso a determinado negócio jurídico.

Lembrando que a respeito da eleição de foro, ela não é permitida nas situações de competência absoluta,
como ocorre com as que envolvem competência de juízo, ou funcional, bem como nas ações reais sobre bens
imóveis.

Ademais, ressalte-se que as regras de eleição de foro não prevalecem sobre as da conexão, ou seja, o fato
de existir foro de eleição não poderá impedir a reunião de ações conexas para que sejam julgadas de forma
agrupada. Além disso, além do foro de eleição obrigar os contratantes, acaba por fazê-lo também aos seus
sucessores, por ato inter vivos ou mortis causa, em casos de herança.

Em relação à eleição de foro em contrato de adesão, que se trata daquele cujas cláusulas são redigidas de
forma completa por um dos contratantes, cabendo ao outro aderir, ou não, pondera-se que existem controvér-
sias sobre a licitude da eleição de foro por parte daquele que redigiu o contrato, sendo que a cláusula poderá
valer, ou não, isso a depender do caso concreto, desde que o direito de acesso à justiça do aderente não seja
prejudicado. Exemplo: Celebração de contrato de empréstimo de pessoa física com um banco com estabe-
lecimento de foro de eleição na capital de outro Estado, ou alguma outra cidade longínqua. Tal cláusula não
poderá ter validade pelo fato de ser prejudicial ao aderente. Porém, se o referido contrato for celebrado entre
duas grandes empresas possuidoras de agências no foro eleito, irá valer, de acordo com a súmula 33 do STJ.

A respeito da nulidade da eleição de foro nos contratos de adesão, infere-se que esta dever ser declarada
de ofício. Isso ocorre, porque o artigo 63, §3º do Código de Processo Civil, apenas consolidou algo que o STJ
já vinha decidindo ao aludir que: “Antes da citação, a cláusula de eleição de foro, se abusiva, pode ser reputada
ineficaz de ofício pelo juiz, que determinará a remessa dos autos ao juízo do foro de domicílio do réu”. Por sua
vez, o § 4º do CPC, veio para acrescentar que caso o réu se o réu já tenha sido citado, será dele a responsa-
bilidade em alegar a abusividade da cláusula de eleição de foro na contestação, sob pena da ocorrência de
preclusão.

Observações importantes:

– De acordo com o disposto no art. 63, § 3º, o juiz deverá conhecer, de ofício, a ineficácia da cláusula de
eleição de foro, tendo em vista que a regra geral, é que a ineficácia seja conhecida de ofício.

– Uma novidade do art. 63, § 3º, são as consequências que antes da citação, a cláusula de eleição de foro,
se abusiva, pode ser reputada ineficaz de ofício pelo juiz, que determinará a remessa dos autos ao juízo do foro
de domicílio do réu.

– Sendo declarada a ausência de eficácia do foro eleito, a competência passará a ser do foro originariamente
estabelecido pela lei. Porém, esta competência será relativa, levando em conta que foi fundada no domicílio
do réu. No entanto, o dispositivo determina que o juiz decline de ofício para o juízo de domicílio do réu, desde
que ele não tenha sido citado.

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– Quando a incompetência relativa advir do reconhecimento de ineficácia de foro de eleição antes da citação
do réu, poderá ser reconhecida de ofício.

– Haverá possibilidade de renúncia ao foro de eleição, caso o autor venha a ajuizar a demanda em outro
foro que não seja o eleito, fato que fará com que a incompetência advinda seja considerada relativa, sendo que
cumprirá ao réu alegá-la como preliminar na contestação.

– Caso o autor não faça o retro mencionado, existirá prorrogação e renúncia tácita ao foro de eleição, só
existindo interesse de o réu alegar a incompetência relativa se ficar demonstrado que o foro de eleição é o mais
benéfico para ele de modo geral.

– Preclusão pro judicato: Trata-se de julgamento implícito ou presumido, como ocorre na hipótese disposta
no artigo 474 do Código de Processo Civil que dispõe: “Passada em julgado a sentença de mérito, reputar-se-
-ão deduzidas e repelidas todas as alegações e defesas, que a parte poderia opor assim ao acolhimento como
à rejeição do pedido”.
• Conexão

Conexão é um mecanismo processual permissionário da reunião de duas ou mais ações em andamento com
o objetivo de que tenham um julgamento em conjunto.

Denota-se que o principal motivo da aplicação da conexão é para que não haja decisões conflitantes.

Desta forma, para que duas ações sejam conexas, necessário se faz com que tenham elementos comuns,
evitando-se, assim, resultados conflitantes, sendo que tal reunião de ações também pode ser justificada por
motivos de economia processual, tendo em vista que com ela, poderá ser feita uma única instrução e prolatada
uma sentença conjunta.

Ressalta-se que o método usado pelo legislador para definir a existência de conexão é o dos elementos da
ação, posto que todo tipo de ação pode ser identificado por três elementos, sendo eles: as partes, o pedido e
a causa de pedir.

Assim sendo, o art. 55, caput do CPC/2.015, predispõe que são conexas duas ações quando lhes for comum
o pedido ou a causa de pedir. Portanto, desde que tenham um elemento objetivo comum, não bastando apenas
que exista coincidência apenas de partes. Porém, nem sempre o uso desse método será suficiente para iden-
tificar quando deverá haver a reunião, sendo necessário que ele seja conciliado com outro método, através do
qual, o julgador deverá se utilizar das razões primordiais para que duas ações sejam reunidas, sendo que em
primeiro lugar, busque evitar decisões conflitantes, e, em segundo lugar, busque favorecer a economia proces-
sual como um todo.

Observações importantes:

– Destaca-se que não se pode justificar a reunião de ações, caso não exista qualquer tipo de risco à existên-
cia de sentenças conflitantes, bem como se a reunião não trouxer nenhuma espécie de proveito de economia
processual. Por esse motivo, o art. 55, § 3º do Código de Processo civil determina que: “serão reunidos para
julgamento conjunto os processos que possam gerar risco de prolação de decisões conflitantes ou contraditó-
rias, caso decididos separadamente, mesmo sem conexão entre eles”.

– A melhor maneira de se identificar a existência da conexão, é verificando se existe a continuidade de correr


em separado os processos perante juízos diferentes, bem como se existe o risco de julgamentos conflitantes.

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– Existindo a continuidade de correr em separado os autos perante juízos diferentes, e existindo risco de jul-
gamentos conflitantes, estará caracterizada a causa de modificação de competência. Caso alguma das ações
já tenha sido julgada, a conexão desaparecerá nos ditames da súmula 235 do STJ.

– Súmula 235 do STJ: “A conexão não determina a reunião de processos, se um deles já foi julgado”.

Em relação ao local no qual se fará a reunião de ações conexas, o art. 286, I, do Código de Processo Civil,
determina que as causas que estiverem relacionadas a outras já ajuizadas por conexão ou por continência, de-
verão ser distribuídas por dependência. Ou seja, a nova ação deverá ser distribuída para o mesmo juízo no qual
já está tramitando a ação anterior e com a qual a ação estiver mantendo relação de conexão ou continência.

Entretanto, pondera-se que nem sempre será possível aplicar esse dispositivo. Isso ocorre porque, ao ajui-
zar nova demanda, de forma eventual, o autor não saberá da existência da anterior. Assim, é possível que duas
ações conexas possam estar tramitando em lugares diferentes, devido ao fato de a nova não ter sido distribuída
por dependência ao juízo onde corria a antiga ação.

Assim, o correto será reunir tais ações, observando-se qual dos juízos se encontra prevento, seguindo a
determinação do artigo 59 do Código de Processo civil, que aduz:

Art. 59 - o registro ou a distribuição da petição inicial torna prevento o juízo.

Ressalta-se que o novo Código de processo Civil colocou fim à duplicidade relativa à causa geradora de
prevenção que existia no Código anterior, posto que no CPC de 1973, existiam dois dispositivos que eram con-
flitantes e que tratavam do mesmo tema, sendo eles os arts. 219 e 106, sendo que o primeiro predispunha que
a prevenção era criada pela citação válida. Já o segundo, que isso ocorria pelo primeiro despacho. Tal situação
se resolvia da seguinte maneira: devido ao fato do art. 106 tratar de ações de competências territoriais iguais,
aduzia-se que a prevenção só era dada pelo primeiro despacho no momento em que os processos de ações
conexas corriam no mesmo foro. Desta maneira, a aplicação do art. 219 acabava por ficar restrita às hipóteses
de ações que corriam em foros diferentes.

Contemporaneamente, O Código de Processo Civil de 2.015 pôs fim à referida duplicidade, sendo que a
prevenção é sempre gerada pelo registro ou pela distribuição da ação, que ocorrerá onde houver mais de um
juiz, nos ditames do art. 284 do CPC.

Em relação ao registro e à distribuição desse tipo de ação, ressalta-se que serão realizados logo após a pro-
positura da ação, que se dá com o protocolo da petição inicial, nos ditames do art. 312 do CPC de 2.015. Desta
forma, havendo duas ações conexas, não será mais relevante, para fins de prevenção, averiguar se correm
no mesmo foro, ou em foros diferentes, sendo necessário apenas observar em que data aconteceu o registro
ou distribuição em ambas as ações, para verificar em qual delas ocorreu primeiro, uma vez que esse juízo se
tornará o prevento.

Referente ao mencionado acima, havendo coincidência de datas, necessário será verificar, sendo possível,
o horário em que aconteceu o registro ou a distribuição, vindo a prevalecer aquele em que tal fato tenha ocorri-
do primeiro. Não havendo esta possibilidade, e se não for possível verificar o horário do registro ou distribuição,
o correto será recorrer à data do protocolo como meio de verificação de qual dos dois processos ele ocorreu
primeiro.

Outro ponto importante, é o caso de a conexão ser causa de modificação de competência, que só será
aplicada em casos de competência relativa. Desta forma, se duas ações são conexas, mas se encontram vin-
culadas aos seus foros por razões de regras de competência absoluta, não será possível reunir tais ações. Isso
pelo fato de as regras de modificação só poderem ser aplicadas à competência relativa. Exemplo: quando uma

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destas ações tramitar perante a Justiça Federal, e a outra ação tramitar pela Justiça Estadual, sendo que tal
questão não é pacífica, posto que caso existam decisões do STJ que entendam que existindo conexão, ambas
as ações deveriam correr sob a responsabilidade da Justiça Federal. Isso por que a Justiça Estadual não pode
julgar ações de competência da Justiça Federal, mas o contrário, é plenamente possível.

A respeito de haver possibilidade de a reunião de processos ser determinada de ofício em casos de conexão,
denota-se que o art. 55, § 1º, do Código de Processo Civil é categórico quanto ao assunto, uma vez que dispõe
que: “Os processos de ações conexas serão reunidos para decisão conjunta, salvo se um deles já tiver sido
sentenciado”. Nesse entendimento, de acordo com a legislação pertinente, a reunião será determinada pelo
juiz, de ofício, mesmo que aconteça de nenhuma das partes solicitar tal pedido, por que a conexão é matéria de
ordem pública, podendo ser conhecida de ofício e a qualquer tempo, desde que nenhum dos processos tenha
sido sentenciado.

Veja que é correto que sendo a conexão causa de modificação de competência, só será aplicada em casos
de competência relativa, que por sua vez, não pode ser declinada de ofício. Entretanto, existe interesse público
na reunião das ações com o fito de evitar decisões conflitantes.

No condizente à preliminar de contestação, registra-se que o art. 337, VIII, do Código de Processo Civil
preordena que o réu alegue a conexão como preliminar na contestação. Entretanto, caso ele ou o autor rea-
lizem tal ato em qualquer outra fase do litígio, por intermédio de simples petição ou de outra maneira, ainda
assim, não ficará o juiz impedido de reconhecê-la e pelo mesmo motivo, posto que o Ministério Público também
pode requerer a reunião.

• Continência

A continência também é uma espécie de modificação de competência. Sobre o instituto, dispõe o art. 56 do
CPC:

Art. 56. Dá-se a continência entre 2 (duas) ou mais ações quando houver identidade quanto às partes e à
causa de pedir, mas o pedido de uma, por ser mais amplo, abrange o das demais.

Assim como a conexão, a continência enseja a reunião de ações como meio de evitar decisões conflitantes,
mas, existindo nesse caso, um risco bem maior, tendo em vista a exigência de dois elementos comuns que são
as partes e a causa de pedir, bem como a relação existente entre os pedidos. Entretanto, a reunião só será
possível se a ação continente, ou seja, a mais ampla, for proposta de forma posterior à ação contida. Assim,
não existirá utilidade na propositura da ação contida, quando a ação continente já se encontrar em curso, tendo
em vista que o pedido da ação continente abrange o pedido da ação contida, fazendo com que o ajuizamento
posterior acabe gerando, não propriamente a continência, mas, sim um tipo de litispendência parcial, por que o
que se pede na ação contida, já se encontra inserido na ação continente.

Ocorrendo o fato acima, explicita-se que não será caso de reunião de ações, mas sim de extinção sem re-
solução de mérito da ação contida ajuizada de forma posterior, nos ditames do art. 57 do Código de Processo
Civil. Com exceção dessa hipótese, caso exista continência, as ações deverão ser reunidas.

Por último, de acordo com a legislação, no caso de continência, não existirá nenhuma avaliação a ser feita
pelo juiz no que condiz à necessidade de reunião. Isso por que, como o resultado dela decorrente ser ainda
maior, a reunião será necessária. Além do mais, todas as regras válidas para a conexão são aplicáveis à con-
tinência.

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• Prevenção

De antemão, infere-se que existem situações em que há mais de um juízo competente para o julgamento de
determinada causa. Veja por exemplo, uma ação que deva ser proposta perante o Foro Central da Capital do
Estado de Goiás. Acontece que por ali existem mais de 20 juízos cíveis, sendo todos eles competentes, fato que
fará com que haja a necessidade de fixar qual deles será o competente para o trâmite da ação. Desta maneira,
nesta situação, entende o ilustre Cândido Dinamarco, que: “consideradas as situações em que a prevenção
se dá e a dimensão maior que ela assume em certos casos, são de duas ordens as prevenções, segundo os
dispositivos que as estabelecer, a saber:

a) prevenção originária, referente à própria causa em relação à qual se deu; e;

b) prevenção expansiva, referente a outras causas ou mesmo outros processos”.

Ou seja, de acordo com renomado jurista, a prevenção se trata de fator fundamental para fixar a compe-
tência de determinado juízo, quando da existência de mais de um juízo competente para resolver determinada
lide, bem como para identificar qual dos juízos irá trazer para si outras ações, como em casos de conexão ou
continência, por exemplo.

Nos ditames do art. 59 do CPC atual, a prevenção é dada sempre pelo registro ou pela distribuição da peti-
ção inicial.

Ressalta-se com ênfase, a existência da prevenção expansiva, que se trata daquela que relaciona uma ação
nova com uma ação que já fora ajuizada anteriormente e que seja idêntica ou semelhante. Existindo semelhan-
ça, como ocorre nas situações de conexão ou continência, ressalta-se que a nova ação deverá por força de lei,
ser distribuída por dependência para o juízo onde corre a anteriormente ajuizada, nos trâmites do art. 286, I, do
Código de Processo Civil. Porém, sendo as duas ações conexas, ou mantenedoras de relação de continência,
ou caso já tenham sido ajuizadas em juízos diferentes, deverá se aplicar o determinado no art. 58 do CPC,
fazendo-se a reunião no juízo prevento.

Em casos de prevenção em situações de ações idênticas, o art. 286, II do Código de Processo Civil determi-
na que tendo sido extinto o processo sem resolução de mérito e for reiterado o pedido, ainda que em litiscon-
sórcio com outros autores, ou que sejam parcialmente alterados os réus da demanda, a nova demanda deverá
ser distribuída por dependência ao juízo no qual tramitou a antiga demanda.

Por último, é de suma importância entender que também existe prevenção na seara de segunda instância,
sendo que o primeiro recurso protocolado no tribunal, irá tornar prevento o relator para eventual recurso subse-
quente interposto no mesmo processo, ou em processo conexo, nos parâmetros do art. 930, parágrafo único,
do Código de Processo Civil de 2.015.

Para efeitos de maior conhecimento, ressalte-se, sempre a importância de conhecer a Lei seca a respeito
do tema tratado. Vejamos:
CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL
SEÇÃO II
DA MODIFICAÇÃO DA COMPETÊNCIA

Art. 54. A competência relativa poderá modificar-se pela conexão ou pela continência, observado o disposto
nesta Seção.

Art. 55. Reputam-se conexas 2 (duas) ou mais ações quando lhes for comum o pedido ou a causa de pedir.

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§ 1º Os processos de ações conexas serão reunidos para decisão conjunta, salvo se um deles já houver sido
sentenciado.

§ 2º Aplica-se o disposto no caput :

I - à execução de título extrajudicial e à ação de conhecimento relativa ao mesmo ato jurídico;

II - às execuções fundadas no mesmo título executivo.

§ 3º Serão reunidos para julgamento conjunto os processos que possam gerar risco de prolação de decisões
conflitantes ou contraditórias caso decididos separadamente, mesmo sem conexão entre eles.

Art. 56. Dá-se a continência entre 2 (duas) ou mais ações quando houver identidade quanto às partes e à
causa de pedir, mas o pedido de uma, por ser mais amplo, abrange o das demais.

Art. 57. Quando houver continência e a ação continente tiver sido proposta anteriormente, no processo
relativo à ação contida será proferida sentença sem resolução de mérito, caso contrário, as ações serão
necessariamente reunidas.

Art. 58. A reunião das ações propostas em separado far-se-á no juízo prevento, onde serão decididas
simultaneamente.

Art. 59. O registro ou a distribuição da petição inicial torna prevento o juízo.

Art. 60. Se o imóvel se achar situado em mais de um Estado, comarca, seção ou subseção judiciária, a
competência territorial do juízo prevento estender-se-á sobre a totalidade do imóvel.

Art. 61. A ação acessória será proposta no juízo competente para a ação principal.

Art. 62. A competência determinada em razão da matéria, da pessoa ou da função é inderrogável por
convenção das partes.

Art. 63. As partes podem modificar a competência em razão do valor e do território, elegendo foro onde será
proposta ação oriunda de direitos e obrigações.

§ 1º A eleição de foro só produz efeito quando constar de instrumento escrito e aludir expressamente a
determinado negócio jurídico.

§ 2º O foro contratual obriga os herdeiros e sucessores das partes.

§ 3º Antes da citação, a cláusula de eleição de foro, se abusiva, pode ser reputada ineficaz de ofício pelo juiz,
que determinará a remessa dos autos ao juízo do foro de domicílio do réu.

§ 4º Citado, incumbe ao réu alegar a abusividade da cláusula de eleição de foro na contestação, sob pena
de preclusão.

— Da Incompetência

Alegando o réu, como medida preliminar, a incompetência do juízo, seja ela tanto absoluta, quanto relativa,
poderá ele apresentar a contestação no foro de seu próprio domicílio, fato que deverá ser comunicado ao juiz
da causa de forma imediata e precisa e se possível, por intermédio de meio eletrônico.

Existindo mais de um juízo no foro de domicílio do réu, ressalta-se que a contestação deverá ser distribuída
apenas para um deles. Tal distribuição deverá acontecer por dependência para o juízo em que foi distribuída
a precatória de citação do réu, isso, se a citação tiver sido feita por carta precatória. Assim sendo, pondera-se
que o juízo para o qual ela foi distribuída, seja de forma livre ou por dependência e pela contestação do réu, tal
juízo, irá se tornar prevento, caso seja reconhecida a competência do foro do seu domicílio.

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No entanto, alegando o réu a incompetência, seja ela de forma absoluta ou relativa do juízo onde corre o
processo, aduz-se que a audiência de tentativa de conciliação deverá ser feita até que a questão seja definida,
sendo que após a qual, será designada nova data para a realização desta.

Observações importantes:

– Como preliminar de contestação, a incompetência absoluta deve ser arguida. Porém, pelo fato de ser
constituída como matéria de ordem pública, havendo eventual equívoco ou demora das partes em alegá-la,
não implicará o instituto da preclusão. Ademais, de acordo com o art. 64, § 1º do CPC/2.015, a incompetência
absoluta poderá ser alegada a qualquer tempo, bem como em qualquer grau de jurisdição, devendo ser decla-
rada de ofício. Já em relação à incompetência relativa, discorre-se que precisa ser alegada como preliminar em
contestação, sob pena de preclusão.

– Em ato contínuo ao retro mencionado acima, sendo ambas as competências alegadas em contestação,
deverá o juiz ouvir o autor em réplica dentro do prazo de 15 dias. Porém, sendo a incompetência absoluta ale-
gada oportunidade diversa, deverá o juiz ouvir a parte contrária, sendo que em ambas a situações, ele decidirá
imediatamente em seguida a questão da competência, vindo a determinar a remessa dos autos ao juízo com-
petente isso caso venha a acolher a alegação.

– É importante salientar que a incompetência relativa poderá ser alegada pelo Ministério Público nas causas
em que atuar, e que como a própria lei não faz menção a ressalvas, ou a exceções, o entendimento aplicado é o
de que ele poderá fazê-lo mesmo nas atuações como fiscal da ordem jurídica, situação na qual esse órgão não
irá apresentar propriamente a contestação, mas irá se manifestar após as partes. Assim sendo, caberá ao mi-
nistério Público, alegar a incompetência relativa na primeira oportunidade que lhe for dada para falar nos autos.

Em conclusão, sendo acolhida a alegação de incompetência, denota-se que as decisões pronunciadas ou


proferidas pelos juízos incompetentes deverão manter sua eficácia até que outra seja proferida pelo juízo com-
petente, cabendo, desta forma, ao juízo devidamente competente, decidir se irá ratifica a decisão anterior, ou
se irá proferir outra decisão no lugar. Além do mais, enquanto não for proferida outra decisão, ressalta-se que a
decisão anterior permanecerá eficaz nos trâmites do determinado no art. 64, § 4º, do Código de Processo Civil
Brasileiro.

Sobre o assunto, dispõe a Seção III do Código de Processo Civil:


CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL
SEÇÃO II

Art. 64. A incompetência, absoluta ou relativa, será alegada como questão preliminar de contestação.

§ 1º A incompetência absoluta pode ser alegada em qualquer tempo e grau de jurisdição e deve ser declarada
de ofício.

§ 2º Após manifestação da parte contrária, o juiz decidirá imediatamente a alegação de incompetência.

§ 3º Caso a alegação de incompetência seja acolhida, os autos serão remetidos ao juízo competente.

§ 4º Salvo decisão judicial em sentido contrário, conservar-se-ão os efeitos de decisão proferida pelo juízo
incompetente até que outra seja proferida, se for o caso, pelo juízo competente.

Art. 65. Prorrogar-se-á a competência relativa se o réu não alegar a incompetência em preliminar de
contestação.

Parágrafo único. A incompetência relativa pode ser alegada pelo Ministério Público nas causas em que atuar.

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Art. 66. Há conflito de competência quando:

I - 2 (dois) ou mais juízes se declaram competentes;

II - 2 (dois) ou mais juízes se consideram incompetentes, atribuindo um ao outro a competência;

III - entre 2 (dois) ou mais juízes surge controvérsia acerca da reunião ou separação de processos.

Parágrafo único. O juiz que não acolher a competência declinada dever� suscitar o conflito, salvo se a
atribuir a outro juízo.

Poder Judiciário da União Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios

O Poder Judiciário da União é responsável pela administração da justiça federal no país. Nesse contexto, o
Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) é uma das mais importantes cortes de justiça
do Brasil.

O TJDFT é responsável pela jurisdição do Distrito Federal e dos Territórios do Brasil, tendo como missão
garantir a efetividade da justiça, assegurando o cumprimento das leis e dos direitos dos cidadãos. O tribunal é
composto por diversos órgãos, como a Presidência, a Corregedoria, a Primeira e Segunda Instâncias e outros.

A Primeira Instância do TJDFT é responsável pelo julgamento de ações cíveis, criminais e trabalhistas. Já
a Segunda Instância é responsável pelo julgamento dos recursos interpostos pelas partes contra as decisões
proferidas em primeira instância. É importante destacar que a atuação do TJDFT é pautada pelos princípios da
imparcialidade, da independência e da transparência.

O Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios possui ainda diversas áreas especializadas, como
a Vara de Execuções Penais, a Vara de Família e Sucessões, a Vara da Infância e Juventude, a Vara de Fazen-
da Pública e Registros Públicos, entre outras. Essas áreas têm como objetivo proporcionar maior efetividade à
justiça, garantindo que os casos sejam julgados por juízes com expertise em áreas específicas.

Além disso, o TJDFT oferece diversos serviços à sociedade, como o Programa de Conciliação, que busca
solucionar conflitos de forma amigável, o Atendimento Virtual, que permite aos cidadãos fazerem consultas e
solicitações online, e o Núcleo de Práticas Jurídicas, que oferece assistência jurídica gratuita para pessoas de
baixa renda.

Em resumo, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios é uma instituição fundamental para a
garantia dos direitos dos cidadãos brasileiros. Sua atuação é pautada pelos princípios da imparcialidade, inde-
pendência e transparência, e seus serviços são essenciais para a efetividade da justiça em todo o país.

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Exercícios

1. FGV - 2021 - TCE-RO - Técnico Judiciário- O Ministério Público, por intermédio de seu Promotor de Jus-
tiça com atribuição, autorizado pelo ordenamento jurídico, ajuíza uma ação, em nome próprio, na defesa dos
interesses de um incapaz.
Nesse caso, é correto afirmar que o Ministério Público atuará na qualidade de:
(A) legitimado ativo ordinário;
(B) substituto processual;
(C) assistente litisconsorcial;
(D) representante legal;
(E) sucessor processual.

2. FGV - 2021 - TCE-RO - Técnico Judiciário- Menor, com 16 anos de idade, intentou ação indenizatória em
face do condutor do veículo que o havia atropelado, causando-lhe lesões corporais.
Para tanto, o autor outorgou instrumento de mandato ao advogado contratado para lhe patrocinar a causa, sem
estar assistido pelo representante legal.
O vício processual em questão é:
(A) carência de ação, por ilegitimidade ativa ad causam;
(B) falta de capacidade de ser parte, em relação ao autor;
(C) falta de capacidade para estar em juízo, em relação ao autor;
(D) falta de capacidade postulatória;
(E) não há vício.

3. FGV - 2021 - TCE-RO - Técnico Judiciário- O Tribunal de Justiça do Estado ZZ, ao julgar recurso de ape-
lação, conferiu à Lei federal nº XX interpretação divergente da que lhe fora atribuída pelo Tribunal de Justiça
do Estado YY.
Nesse caso, exauridas as instâncias ordinárias e preenchidos os demais requisitos exigidos, o acórdão proferi-
do pelo Tribunal de Justiça do Estado ZZ é suscetível de ser impugnado mediante:
(A) reclamação, a ser julgada pelo Supremo Tribunal Federal;
(B) recurso ordinário, a ser julgado pelo Superior Tribunal de Justiça;
(C) recurso especial, a ser julgado pelo Superior Tribunal de Justiça;
(D) recurso extraordinário, a ser julgado pelo Supremo Tribunal Federal;
(E) incidente de uniformização de jurisprudência, a ser julgado pelo Conselho Nacional de Justiça.

4. FGV - 2021 - TJ-RO - Técnico Judiciário- Em cada juízo haverá um ou mais ofícios de justiça, cujas atri-
buições serão determinadas pelas normas de organização judiciária.
Dentre as hipóteses abaixo, aquela que configura incumbência do escrivão ou chefe de secretaria é:
(A) efetuar avaliações, quando for o caso, e auxiliar o juiz na manutenção da ordem;
(B) verter para o português as declarações das partes e das testemunhas que não conhecerem o idioma
nacional;

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(C) manter a guarda e a conservação de bens penhorados, arrestados, sequestrados ou arrecadados no
curso do processo;
(D) fornecer certidão de qualquer ato independentemente de despacho, observadas as disposições referen-
tes ao segredo de justiça;
(E) manter sob sua guarda os autos, não permitindo que saiam do cartório, ainda que tenham que seguir à
conclusão do juiz.

5. FGV - 2021 - TJ-RO - Técnico Judiciário- O Ministério Público, por intermédio de seu Promotor de Justiça
com atribuição, autorizado pelo ordenamento jurídico, ajuíza uma ação, em nome próprio, na defesa dos inte-
resses de um incapaz.
Nesse caso, é correto afirmar que o Ministério Público atuará na qualidade de:
(A) legitimado ativo ordinário;
(B) substituto processual;
(C) assistente litisconsorcial;
(D) representante legal;
(E) sucessor processual.

6. FGV - 2018 - TJ-SC - Técnico Judiciário Auxiliar- Maria e Fátima foram citadas em uma demanda indeni-
zatória proposta por João, sob o rito comum. Após audiência de mediação, que restou infrutífera, apenas Maria
constituiu procurador, que apresentou contestação. O juiz decretou a revelia de Fátima e, finda a fase instrutó-
ria, julgou procedente o pedido formulado por João em face de ambas as rés.
Maria, para interpor o recurso de apelação, deverá observar o prazo:
(A) simples de 10 dias úteis;
(B) simples de 15 dias úteis;
(C) dobrado de 20 dias úteis;
(D) dobrado de 30 dias úteis;
(E) dobrado de 30 dias corridos.

7. FGV - 2018 - TJ-SC - Técnico Judiciário Auxiliar- uma empresa particular, pedindo o ressarcimento de
dano material de 50 mil reais. Funcionando como fiscal da ordem jurídica, o Ministério Público requereu a
produção de prova pericial para a instrução do feito. As partes não se opuseram ao requerido pelo Ministério
Público, tendo o perito estipulado o valor de seus honorários em dez mil reais para a elaboração de sua perícia
técnica, o que foi deferido pelo juízo.
Nesse sentido, incumbe:
(A) ao autor adiantar os dez mil reais referentes ao valor da perícia;
(B) ao Ministério Público adiantar os dez mil reais referentes ao valor da perícia;
(C) à empresa ré adiantar os dez mil reais referentes ao valor da perícia;
(D) ao Poder Judiciário adiantar os dez mil reais referentes ao valor da perícia;
(E) ao Poder Executivo adiantar os dez mil reais referentes ao valor da perícia.

8. FGV - 2018 - TJ-SC - Técnico Judiciário Auxiliar- De acordo com o Código de Processo Civil em vigor, é
correto afirmar, no tocante aos prazos processuais, que:
(A) devem eles ser contados em dias corridos;

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(B) o ato processual praticado antes de seu termo inicial deve ser reputado intempestivo;
(C) ficam eles suspensos entre os dias 24 de dezembro e 07 de janeiro, inclusive;
(D) não havendo regra legal ou prazo fixado pelo juiz, será de cinco dias o prazo para a prática do ato a cargo
da parte;
(E) salvo disposição em contrário, são eles contados incluindo-se o dia do começo e o do vencimento.

9. FGV - 2018 - TJ-SC - Técnico Judiciário Auxiliar- Citado regularmente, o réu ofereceu contestação no quin-
to dia do prazo de que dispunha para tanto. Mas, depois de protocolizada a sua peça de bloqueio, lembrou-se
ele de outra tese defensiva que lhe seria aproveitável, não suscitada em sua contestação e tampouco sendo
cognoscível ex officio pelo juiz. Assim, optou o demandado por ofertar nova contestação, o que fez no décimo
segundo dia após o da juntada do mandado de citação.
Nesse cenário, deve o juiz:
(A) deixar de receber a segunda contestação, em razão da preclusão temporal;
(B) deixar de receber a segunda contestação, em razão da preclusão lógica;
(C) deixar de receber a segunda contestação, em razão da preclusão consumativa;
(D) receber a segunda contestação, já que apresentada dentro do prazo legal;
(E) receber a segunda contestação, em homenagem às garantias da ampla defesa e do contraditório.

10. FGV - 2022 - Senado Federal - Consultor Legislativo - Direito Civil, Processual Civil e Agrário- O manda-
do de segurança está incluso nos denominados remédios constitucionais, possuindo grande aplicação prática
em face de atos da Administração Pública. A seu respeito, assinale a afirmativa correta.
(A) Existem vedações legais à concessão de liminar em mandado de segurança. Entre elas, inclui-se a veda-
ção à liminar para liberação de mercadorias provenientes do exterior, considerada constitucional por decisão
do Supremo Tribunal Federal em controle concentrado de constitucionalidade.
(B) A autoridade coatora é aquela responsável pela prática do ato impugnado, quer por ação, quer por omis-
são. A título de exemplo, a autoridade delegante de poderes administrativos é considerada como coatora
em face de atos praticados pelo delegatário no exercício de competência delegada, contra ela cabendo o
mandado de segurança.
(C) O mandado de segurança tem como requisito a prova préconstituída para demonstração da existência e
extensão do direito do impetrante. Todavia, a controvérsia sobre a questão jurídica submetida à apreciação
judicial, desde que comprovado documentalmente o direito alegado, não impede a concessão do mandado
de segurança.
(D) O direito de recorrer em face da sentença no writ não se estende à autoridade coatora, tendo em vista
que esta não integra o polo passivo do mandado de segurança, o qual é composto apenas pela pessoa
jurídica de que esta faz parte.
(E) De acordo com a Lei do Mandado de Segurança, o mandado de segurança coletivo é meio adequado
para a defesa de direitos difusos lesados pela Fazenda Pública.

11. FGV - 2022 - AGE-MG - Procurador do Estado- No julgamento de um recurso de agravo de instrumento,
interposto contra decisão que havia julgado parcialmente o mérito da causa, após colhidos os três primeiros
votos, obteve-se um resultado por maioria, no sentido do provimento do recurso, com a reforma da decisão de
primeiro grau.
Na sequência, suspendeu-se o julgamento e convocaram-se outros dois julgadores para o prosseguimento
imediato da sessão. Retomado o julgamento com a presença dos novos julgadores, mas antes da colheita de
seus votos, o magistrado que proferiu o voto vencido alterou seu posicionamento anterior para aderir àquele

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precedentemente sustentado pelos seus pares. Nesse momento, o Presidente do órgão colegiado encerrou a
sessão de julgamento, afirmando que não haveria mais necessidade da ampliação do colegiado, pois agora
inexistente a divergência.
Nesse cenário, é correto afirmar que a conduta do presidente do órgão colegiado foi
(A) acertada, uma vez que somente incide a técnica de ampliação do colegiado quando o julgamento for não
unânime, o que não aconteceu.
(B) equivocada, uma vez que a revisão do voto vencido, após a convocação dos novos julgadores, não afas-
ta a incidência da técnica de ampliação do colegiado.
(C) acertada, uma vez que não incide a técnica de ampliação do colegiado em sede de agravo de instru-
mento.
(D) equivocada, uma vez que não poderia permitir a alteração do voto vencido, já que havia se encerrado o
primeiro julgamento.
(E) equivocada, uma vez que na ampliação do colegiado se impõe um novo julgamento, com novos julgado-
res, não podendo se aproveitar os votos anteriores.

12. FGV - 2022 - TRT - 16ª REGIÃO (MA) - Analista Judiciário - Área Judiciária- De acordo com o enten-
dimento do Superior Tribunal de Justiça e do Código de Processo Civil, sobre o cumprimento de sentença, é
correto afirmar que
(A) é possível penhorar único imóvel residencial de pessoa solteira, já que esta condição não se enquadra
na definição de bem de família da Lei nº 8.009/90.
(B) para o reconhecimento da fraude à execução é indispensável que seja apresentada a averbação da pe-
nhora ou da execução pelo credor.
(C) o termo inicial da prescrição intercorrente será contado a partir da ciência da primeira tentativa infrutífera
de localização do devedor ou de bens penhoráveis e será suspensa, por uma única vez, pelo prazo máximo
de um ano.
(D) a suspensão do processo poderá ser determinada em virtude da não localização do executado ou de
bens penhoráveis apenas no processo de execução de quantia certa, por ser procedimento incompatível
com o cumprimento de sentença da mesma obrigação.
(E) a decisão judicial que reconhece a exigibilidade de obrigação de pagar submetida ao cumprimento pro-
visório, poderá ser levada a protesto depois de transcorrido o prazo de quinze dias, diante da ausência de
pagamento voluntário.

13. FGV - 2022 - TJ-GO - Juiz Leigo- Sobre a coisa julgada, é correto afirmar que:
(A) a correção de erro material não se sujeita aos institutos da preclusão e da coisa julgada por constituir
matéria de ordem pública cognoscível de ofício pelo julgador;
(B) a extinção do processo por falta de legitimidade ad causam produz coisa julgada material, impedindo a
discussão da matéria em processo diverso;
(C) o pronunciamento judicial sem assinatura transitado em julgado produz coisa julgada material, impedindo
a discussão da matéria em processo diverso;
(D) a sentença transitada em julgado não pode ser modificada pelo julgador, ainda que para a correção de
erro material, pois forma coisa julgada material;
(E) o pronunciamento judicial sem assinatura transitado em julgado produz coisa julgada formal, extinguindo
o processo sem impedir a discussão da matéria em processo diverso.

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14. FGV - 2022 - TJ-DFT - Analista Judiciário - Área Judiciária- Recebendo a petição inicial de uma ação de
execução fundada em título extrajudicial, o executado, depois de validamente citado, promoveu o depósito de
importância em valor inferior àquela pretendida pelo exequente.
Reputando, contudo, o crédito satisfeito em sua integralidade, o juiz extinguiu a execução.
Para obter a reforma desse provimento junto ao órgão ad quem, deverá o exequente manejar:
(A) recurso de agravo de instrumento;
(B) recurso de apelação;
(C) recurso de embargos de declaração;
(D) recurso ordinário-constitucional;
(E) mandado de segurança, por se tratar de provimento irrecorrível.

15. FGV - 2022 - TJ-TO - Técnico Judiciário - Apoio Judiciário e Administrativo- Alegando padecer, na época,
de incapacidade, Alexandre, representado por seu curador, intentou ação em face de José e Paulo, pleiteando
a declaração de nulidade do contrato que com eles havia celebrado.
Nesse cenário, é correto afirmar que se está diante de um litisconsórcio:
(A) passivo, facultativo e simples;
(B) passivo, necessário e simples;
(C) passivo, necessário e unitário;
(D) ativo, facultativo e simples;
(E) ativo, facultativo e unitário.

16. FGV - 2020 - TJ-RS - Oficial de Justiça- Quanto ao agravo de instrumento, é correto afirmar que:
(A) é recurso manejável perante o juízo a quo, que, sem exercer o controle de admissibilidade, o encami-
nhará ao tribunal;
(B) é cabível para impugnar decisões interlocutórias proferidas na fase de cumprimento de sentença;
(C) é interponível no prazo de 10 (dez) dias, a contar da intimação da decisão interlocutória;
(D) o seu desfecho, por votação não unânime que confirme a decisão, enseja a técnica do julgamento com-
plementar;
(E) é cabível para impugnar decisão indeferitória da gratuidade de justiça, ainda que este tema conste em
tópico da sentença.

17. FGV - 2022 - TRT - 13ª Região (PB) - Técnico Judiciário - Tecnologia da Informação- A partir de 2006,
com a publicação da Lei 11.419, que trata da informatização do processo judicial, os tribunais começaram a
criar sistemas próprios de processos eletrônicos. Para ampliar a integração entre os sistemas do poder judici-
ário, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) criou o Processo Judicial Eletrônico (PJe) com o objetivo de ser o
único sistema do Judiciário; no entanto, essa iniciativa acabou gerando sistemas derivados pelos tribunais que
fizeram modificações em suas instalações locais. Considerando a Resolução CNJ nº 335, de 2020, que institui
a Plataforma Digital do Poder Judiciário Brasileiro (PDPJ-Br), assinale V para a afirmativa verdadeira e F para
a falsa.
I. A PDPJ-Br foi concebido para integração de sistemas públicos (como PJe, eproc e PROJUD) e privados
(como o e-SAJ.
II. O CNJ patrocina o sistema PJe como principal motor da atual política para a gestão de processo judicial ele-
trônico e integração de todos os tribunais do país com a política de sistema de processos eletrônicos públicos
e não onerosos.

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III. A plataforma PDPJ-Br busca solucionar a dificuldade de integração no poder judiciário permitindo que os
sistemas públicos sejam conectados e que os sistemas privados possam consumir módulos da PDPJ-Br, sendo
descartada a opção do sistema PJe como sistema de Processo Eletrônico prioritário do Conselho Nacional de
Justiça.
As afirmativas são, respectivamente,
(A) F, F e V.
(B) F, V e V.
(C) F, F e F.
(D) V, V e V.
(E) V, V e F.

Gabarito

1 B
2 C
3 C
4 D
5 B
6 B
7 A
8 D
9 C
10 C
11 B
12 C
13 A
14 B
15 C
16 B
17 E

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