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UNIP-ARAÇATUBA

TRABALHO CIENTÍFICO DE DIREITO PROCESSUAL PENAL


O PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO E O
PRINCÍPIO DA ECONOMIA PROCESSUAL
Prof.º Me. Paulo C.F. Cacciatori

ACADÊMICOS:
JENER RODRIGO DOS SANTOS RA. A00375-4
THIAGO PEREIRA RA. A60132-5
TURMA DR5P14

UNIP-ARAÇATUBA
1. O Princípio do Contraditório.

Por contraditório entendemos em sentido amplo, a contrariedade de


certo ato ou fato, dos quais, são alegados contra nosso respeito ou contra nossa
argumentação, ou até mesmo contra o nosso pensamento. Dá a ideia de
contrariedade, ou seja, aversão daquilo que afirmamos ou dizemos que o outro não
concorda. Mais profundamente, a palavra “contraditório” traz o seguinte significado:

“Em que há, ou que encerra contradição; oposto.


Que incorre em contradição ou contradições.”

Essa definição etimológica nos traz alusão de que se enseja o


contraditório para o Direito, especialmente para o Direito Processual Penal, pois, é
este o ramo do direito público que estaremos estudando nas próximas linhas,
tratando do assunto de suma importância para esta matéria que é o Princípio do
Contraditório. O princípio do contraditório é um dos mais importantes princípios no
sistema processual penal acusatório. Mas antes de defini-lo, é preciso ter uma
noção do que é princípio.
Em lapidar conceituação, o professor Celso Antônio Bandeira de Melo

ensina que princípio jurídico é:

“mandamento nuclear de um sistema, verdadeiro alicerce dele, disposição

fundamental que se irradia sobre diferentes normas compondo-lhes o espírito

e servindo de critério para sua exata compreensão e inteligência, exatamente

por definir a lógica e a racionalidade do sistema normativo, no que lhe

confere a tônica e lhe dá sentido”.

Os princípios são, portanto, mandamentos jurídicos primaciais e

fundamentais, compostos de valores da cultura sócio-jurídica da sociedade, que

servem de substrato às outras normas jurídicas quando aplicadas na solução de

casos concretos. O princípio em cheque trata do direito assegurado às partes de


serem cientificados de todos os atos e fatos havidos no curso do processo, podendo

manifestar-se a respeito e produzir as provas necessárias antes de ser proferida a

decisão jurisdicional.

Mesmo que o direito ao contraditório sob a ótica do réu tenha estreita

relação com a garantia da ampla defesa, o princípio do contraditório possui maior

abrangência do que o princípio da ampla defesa, apesar de estarem assegurados

juntamente no artigo 5°, inciso LV da Constituição Federal de 1988:

“aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em

geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e

recursos a ela inerentes.”

Conforme reza o artigo supracitado, não devemos confundir um

princípio com o outro, pois são distintos, tendo cada um a sua particularidade dentro

do ordenamento jurídico, principalmente no direito processual penal, e sendo assim,

o contraditório e ampla defesa trabalham juntos na garantia do devido processo legal

(due process of Law).

O princípio do contraditório não beneficia apenas o pólo defensivo da

relação jurídica processual penal, mas também o pólo acusatório, na medida em que

este também deverá ser cientificado dos atos praticados da parte adversária e

podendo assim contrariar esses atos.

Para a garantia plena deste princípio e formação da relação jurídica

processual penal, o Código de Processo Penal em seu artigo 363 declara que, sem

a citação do acusado o processo não será formado, e consequentemente o acusado

não sendo citado não terá ciência de que contra ele corre uma pretensão de punir

imposta pelo Estado.


Concluindo, o princípio do contraditório significa em sentido estrito,

mais precisamente dentro do processo penal, que se o Estado tem uma pretensão

de punir um indivíduo por ter subtraído ou lesado bem jurídico tutelado pela lei penal

de direito material, ou o particular que move ação penal privada por menor potencial

ofensivo a bem jurídico lesado pelo acusado, este tem o direito de contradizer ou

fazer contraprova do que o Estado ou o particular tem intentado contra ele; tem o

direito de ser tratado igualmente em paridade de armas; ter o mesmo número de

testemunhas arroladas pela acusação; é o binômio informação/reação, o que um

faz, o outro tem o direito de fazer.

1. O Princípio da Economia Processual

O princípio da economia processual em processo penal é muito

discutido, porque neste insere algumas indagações: se porventura o réu possa ser

prejudicado por algum ato que houve economia processual, se na prática dos atos

processuais este seja muito oneroso ao réu e o que pode ser objeto de economia

processual em processo penal.

Pode caber o principio da economia processual em processo penal?

Essa indagação sugere uma investigação acerca deste princípio.

Temos que, o princípio da economia preconiza o máximo resultado na

atuação do direito com o mínimo emprego possível de atividades processuais.

Alguns exemplos no processo penal deste princípio: não se anulam

atos imperfeitos quando não prejudicarem a acusação ou a defesa e quando não

influírem na apuração da verdade substancial ou na decisão da causa.


O juizado especial cível e criminal elevado a estatura constitucional

(arts. 24, X e 98, I) é outro exemplo do principio econômico.

Pelo mesmo juizado especial o juiz deve buscar sempre a forma mais

simples e adequada à prática do ato processual, de forma a evitar que resultem

novos incidentes processuais.

Como as partes estão sempre presentes ao ato processual, o ideal é

que saia sempre intimado do ato seguinte a ser praticado, evitando diligências de

intimação.

Percebemos que o principio da economia processual é atuante no

juizado especial criminal, que adota o procedimento sumaríssimo, será que este

princípio também pode ser concretizado nos procedimentos ordinário e sumário.

Com certeza cabe o principio nos demais procedimentos, mas ele deve

ser dosado, porque em se tratando de processo penal, temos que outros princípios

não poderão ser infringidos por um mero ato de economia processual.

Alguns doutrinadores entendem que o princípio da economia

processual, em processo penal não vinga, porque o arguido tem o direito de se

defender. Pode até não o fazer, pode concordar em ser julgado por esses fatos e

prepara a sua defesa; e depois até pode nem apresentar contestação. Mas isso não

impede que tenha que haver um novo processo.

Desta forma, diante de tudo que o réu possa abrir mão nada impende

que o seu caso seja visto com a máxima cautela pelo Estado. O fato imputado ao

réu deve ser minuciosamente investigado, utilizando de todos os recursos

necessários para o convencimento do juiz, para que este possa decidir

imparcialmente diante das provas e dos atos praticados, julgar motivadamente, não

podendo este, aproveitar nenhuma forma de ato processual, alegando “economia


processual”, desde que, não prejudique o réu e nem a acusação para aplicar a

sentença.

O princípio da economia processual pode ser aplicado no processo

penal, desde que, este não prejudique outros princípios gerais do processo como o

contraditório, a ampla defesa, igualdade das partes, paridade das armas, persuasão

racional ou do livre convencimento, da inocência, entre outros.

Bibliografia:

1. BANDEIRA MELO, Celso Antonio. Curso de Direito Administrativo. 13 ed. São Paulo: Malheiros,
2001.

2. AVENA, Norberto. Processo Penal Esquematizado. 2 ed. São Paulo: Método, 2010.

3. DA SILVA, Ivan Luiz. Introdução aos princípios jurídicos. Revista de Informação Legislativa. Brasília,
2003, pg. 271.

4. Vade Mecum RT. Ed. Revistas dos Tribunais, ed. 6ª, 2011.

5. DOS SANTOS, Marisa Ferreira; CHIMENTI, Ricardo Cunha. Juizados especiais cíveis e criminais:
federais e estaduais, tomo II. – São Paulo: Saraiva 2004. – (Coleção Sinopses Jurídicas; v. 15);

6. DE ARAUJO CINTRA, Antônio Carlos; GRINOVER, Ada Pellegrini; DINAMARCO, Cândido Rangel.
Teoria geral do processo. São Paulo, Malheiros Editores, 18ª ed., 2002;

7. TOURINHO FILHO, Fernando da Costa; Processo Penal, volume 1 – 28. ed. Ver. E atual. – São
Paulo: Saraiva 2006.

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