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PRINCÍPIOS DO DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Todo o direito processual é alicerçado em princípios gerais que


regem seu próprio modo de ser. Como se trata de direito públi-
co, o direito processual é fundamentalmente regido por princí-
pios consagradas na Constituição Federal. Art 1º NCPC
Princípio deriva do latim principium, significando origem, come-
ço. É ponto de partida ou fundamento ou causa de um proces-
so. Principio também é norma. Norma é gênero do qual princí-
pios e regras são espécies.
Princípios gerais ou informativos:
Lógico – meios eficazes e rápidos
Jurídico – igualdade no processo e justiça na decisão
Político – máximo de garantia, mínimo de sacrifico individual
econômico – acesso à justiça a todos

NORMAS FUNDAMENTAIS

1-Princípio do Devido Processo Legal (dues process of law)– art


5º inciso LIV da CF
Princípio fundamental que é o sustentáculo de todo o direito
processual e a base da qual decorrem todos os outros princí-
pios.
Sentidos:
- Genérico: vida – liberdade – propriedade
- Material – protege a liberdade de contratar; autonomia da von-
tade; principio da legalidade; proibição do preconceito racial e
todas as outras garantias constitucionais.
- Processual – todos têm direito ao processo para buscar pre-
tensão ou se defender.
Devido processo = processo justo (igualdade de partes – contra-
ditório – sentença fundamentada)..

2-Princípio da Inafastabilidade do controle jurisdicional ou


princípio do direito de ação:
Art 5º inciso XXXV da CF : Nenhuma lesão de direito individual
será subtraída à apreciação do Poder Judiciário.
Art.3º. NCPC
Garante: acesso à justiça com assistência judiciária gratuita –
juiz não pode se recusar a sentenciar – sentença deve ser fun-
damentada.
Arbitragem – não fere - §1

3-Principio da Igualdade – art 5 caput e inciso I da CF – art. 7º.


Todos são iguais perante a lei e merecem tratamento igualitário
no processo
IGUALDADE FORMAL – tratamento igual aos iguais
IGUALDADE SUBSTANCIAL - tratamento desigual aos desi-
guais, na exata medida de suas desigualdades. Ex. Art 180,183
229, 53 NCPC
- Assim também há previsão no art. 6º, VIII CDC:

Art. 6º São direitos básicos do consumidor:


VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a
seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando
for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências;

- Neste dispositivo do CDC, a inversão do ônus da prova é aplicada para que o consumidor,
parte hipossuficiente da relação, possa produzir prova dos fatos que alega, porquanto tais
provas encontram-se, em regra geral, na posse da empresa, parte mais forte da relação, fa-
zendo com que as partes consigam ter paridade de armas no processo (garantir mesmas
oportunidades de atuação no processo).

4-Princípio do Contraditório ou da ampla defesa – art. 5, inciso


LV da CF – art 7º., 9º, art10
- Envolve direito de ação e de defesa (autor e réu)
- manifestação do Estado de Direito
- contraditório = necessidade de dar ciência e oportunidade pa-
ra reação – É ônus
- ciência se dá através de citação e intimação.
- O Contraditório não admite exceções- sem a oportunidade
para defesa o processo é nulo.

podemos exemplificar por meio do acórdão abaixo, onde a não


oportunidade para que a parte apresentasse defesa e com jul-
gamento, fez com que a sentença fosse anulada por ofensa a di-
versos princípios, inclusive o do contraditório.

Recurso Inominado – Sentença Anulada - Juntada de contestação de


documentos, com prolação de sentença, sem que a parte contrária ti-
vesse acesso e se manifestasse sobre aqueles - Cerceamento de defesa
- Violação aos princípios do contraditório ampla defesa. Sem conde-
nação em verbas de sucumbência. (Processo nº: 0023217-
97.2018.8.26.0016, 9ª Turma Cível TJ/SP, Relatora: Eliane da Cama-
ra Leite Ferreira)

5-Princípio do Juiz Natural – art. 5º inciso XXXVII CF


Manifestação do Estado de Direito: ninguém será privado de ser
julgado por juiz investido de jurisdição e imparcial.
Envolve duplo significado : a) órgão investido de jurisdição; b)
impede tribunal de exceção
Justiça especializada – não é exceção
Prerrogativa de foro – não é exceção
Arbitragem- não fere

6 – Princípio da imparcialidade – art. 95 da CF.


O juiz deve ser neutro e equidistante das partes. Para manter
essa neutralidade, o juiz goza de garantias constitucionais.

7- Princípio da Motivação das decisões judiciais – art. 93 IX da


CF
Manifestação do Estado de Direito: O juiz deve fundamentar su-
as decisões –art 489, II Ncpc
8- Princípio da Publicidade dos atos processuais – art. 5º inciso
LX e 93 IX da CF –
Os atos processuais são, em regra, públicos. As sessões secre-
tas do STF estão banidas.
Exceção : – segredo de justiça (art. 11 e 189 NCPC)

9- Princípio da Duração razoável do processo (celeridade) – art


5., inciso LXXVIII – trazido pela emenda constitucional 45/2004
art. Art. 5º, LXXVIII reza : “A todos, no âmbito judicial e admi-
nistrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os
meios que garantam a celeridade de sua tramitação”
–art.4º.NCPC Assegura a todos que o processo termine no me-
nor tempo possível, mas as garantias constitucionais tem que
ser preservadas.
-Não tem o mesmo significado que celeridade
- celeridade a qualquer preço não deve ser o objetivo a ser al-
cançado pelo Poder Judiciário

10- Princípio da proibição da prova ilícita – art. 5º inciso LVI CF


(art.369 NCPC)
ilegal – prova não prevista no ordenamento jurídico
ilícita – prova prevista, mas meio escolhido é ilegitimo.

11 – Princípio do duplo grau de jurisdição – não previsto ex-


pressamente na Constituição Federal. (art. 93, III, 102, III,
105,III, )Não há garantia constitucional.
O princípio indica a possibilidade de revisão, por via de recurso,
das causas já julgadas pelo juiz de primeiro grau. Garante um
novo julgamento por parte dos órgãos da jurisdição. Esse prin-
cípio funda-se na possibilidade de decisão injusta ou errada

Além da Constituição Federal, existem outros princípios consa-


grados em lei ordinária:

12- Princípio da demanda ou princípio da ação–


Art 2, 141, NCPC

Indica a atribuição à parte da iniciativa de provocar o exercício


da função jurisdicional visando a satisfação de uma pretensão.
A jurisdição é inerte e para sua movimentação exige a provoca-
ção do interessado. Decorrência do princípio da imparcialidade.

13- Princípio do impulso oficial – (ART. 2º. Ncpc)– o processo


começa por iniciativa da parte, mas se desenvolve por impulso
oficial.
É o princípio pelo qual compete ao juiz uma vez instaurada a
relação processual mover o procedimento de fase em fase até a
conclusão da função jurisdicional. Ele garante a continuidade
dos atos procedimentais e de avanço até a decisão definitiva.
(sistema das preclusões)

14- Princípio da disponibilidade – liberdade de apresentar, ou


não, sua pretensão em juízo, bem como apresentá-la da manei-
ra que melhor lhe aprouver ou até renunciar a ela.
Esse princípio somente sofre limitação quando o próprio direito
material é indisponível, por prevalecer o interesse público sobre
o privado.
Penal = indisponibilidade

15- Princípio da lealdade –


(art 77,78,80,81, 143,360,139, 774 NCPC)
As partes devem agir no processo com dignidade, preservando o
comportamento ético. Devem debater com elevação e urbanida-
de. (moralidade e probidade).
Princípio da boa-fé – art. 5º. NCPC

16-Princípio da economia e instrumentalidade das formas


Economia: máximo resultado com o menor emprego possível de
atos processuais
Instrumentalidade – se o ato atingiu sua finalidade, a nulidade
pelo desapego a forma deve ser deixada de lado.
(art 377, 239§1º.NCPC)

17- Princípio da oralidade: Utilização da palavra falada. No pro-


cesso civil é misto: oral e escrito.

Daí decorre:
Princípio da concentração – todos os atos devem ser praticados
na mesma oportunidade.
Princípio da imediatidade – prova produzida na presença do ju-
iz.
Princípio da identidade física do juiz: – o juiz que presidiu a
audiência é obrigado a proferir a sentença, salvo se foi promovi-
do, aposentado, transferido, removido ou afastado.
Imediatidade e identidade física não mais constantes do NCPC

18-princípio dispositivo: o juiz depende da iniciativa da partes


na instrução da causa.
No processo civil, cabe às partes a prova de suas alegações – o
juiz julga conforme o que consta dos autos – verdade formal.
(No processo penal vigora o princípio da verdade real.)
Esse princípio tem sido mitigado face ao caráter público do pro-
cesso. O juiz não pode mais ficar como mero espectador. Assim,
vigora também o princípio da livre investigação das provas: Pode
determinar provas de ofício quando julgar necessário . O juiz
tem a faculdade e não a obrigação. A obrigação de provar é das
partes.
(art 370 NCPC)
Daí decorre o princípio da persuasão racional ou livre conven-
cimento motivado – o juiz é livre para avaliar provas, mas deve
fundamentar sua decisão.

19-Princípio da Cooperação – todos os sujeitos do processo de-


vem cooperar entre si, para que se obtenha, em tempo razoável,
decisão de mérito justa e efetiva (art. 6º. NCPC)

20- Princípio da eficiência – o magistrado deve procurar, no e-


xercício da jurisdição, atender aos fins sociais e às exigências
do bem comum, resguardando e promovendo a dignidade de
pessoa humana e observando a proporcionalidade, a razoabili-
dade, a legalidade, a publicidade e a eficiência. – art. 8º NCPC

21- Principio da Primazia do julgamento mérito prevê que o Ju-


diciário deve procurar, ao máximo, resolver o mérito das de-
mandas que lhes são submetidas à apreciação.
- Para tanto, devem determinar o saneamento dos vícios exis-
tentes, ainda que considerados insanáveis.
A nulidade do processo ou a extinção sem julgamento do mérito
devem ser decretadas apenas quando não exista a menor possi-
bilidade de saneamento.
Exemplos: arts 338 e 339, art 139, IX CPC XV

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