Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Tema: “Domicílio”
1
ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA, AJAR 206-1/2018 (Parecer de auditor jurídico), disponível em
www.dn.pt, [consultado a 19.11.2022], p. 1.
2
CORDEIRO, A. Barreto Menezes, “Código Civil Comentado I – Parte Geral”, Faculdade de Direito da
Universidade de Lisboa, Almedina, maio de 2020 [consultado a 09.11.2022], p. 329.
3
Idem.
4
Veja-se o artigo 72.º do Código de Processo Civil, que nos diz que “Para as ações de divórcio e de
separação de pessoas e bens é competente o tribunal do domicílio ou da residência do autor”, isto é, aquele
que instaura a ação.
5
ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA, AJAR 206-1/2018 (Parecer de auditor jurídico), [consultado a
19.11.2022], p. 2.
1. DOMICÍLIO VOLUNTÁRIO
Tal como referido, podemos desde logo classificar o domicílio como voluntário
ou legal, sendo que o primeiro provém de um ato de vontade da pessoa a que respeita. O
domicílio voluntário pode ser geral ou especial, conforme melhor se explanará de seguida.
6
GONZÁLEZ, José Alberto, “Código Civil Anotado – Volume I, Parte Geral (artigos 1.º a 396.º)”, Quid
Juris, fevereiro de 2011 [consultado a 09.11.2022], p. 145.
7
CORDEIRO, A. Barreto Menezes, “Código Civil Comentado I – Parte Geral”, p. 330.
a) Domicílio especial profissional
O domicílio voluntário especial profissional corresponde ao local em que a pessoa
exerce a sua profissão e é relevante para as relações a que estas se referem8. Assim, o
domicílio pode coincidir com escritórios de advogados, consultórios médicos, etc.,
dependendo do local onde a profissão é exercida, de acordo com o disposto no n.º 1 do
art.º 83.º do CC. Neste sentido, importa realçar que os trabalhadores por contra de outrem
têm domicílio profissional no local onde prestem o serviço.
Note-se ainda que se a pessoa exercer a sua profissão em lugares diversos, cada
um deles constituirá domicílio para as relações que lhe corresponderem, conforme
disposto no art. 83.º, n.º 2, do mesmo diploma legal.
2. DOMICÍLIO LEGAL
De acordo com o suprarreferido, distingue-se o domicílio voluntário do domicílio
legal, sendo que este último é, em certos casos, fixado por lei. É o que sucede no caso dos
menores e dos maiores acompanhados (art. 85.º do CC), dos empregados públicos (art.
87.º do CC) e dos agentes diplomáticos portugueses (art. 88.º do mesmo diploma legal).
8
Note-se que, como suprarreferido, o domicílio profissional é voluntário visto que na sua origem está um
ato de vontade da pessoa (o exercício da profissão é voluntário) e é especial uma vez que este domicílio só
releva para as relações respeitantes à profissão.
De referir que antes da reforma ao CC (1977) também a mulher casada tinha
domicílio legal, que correspondia ao do marido, tal como preceituava o revogado artigo
86.º do CC. No entanto, o princípio constitucional da igualdade entre os cônjuges,
consagrado no artigo 1671.º do CC, levou à revogação do referido preceito, na linha
geralmente adotada pelas legislações estrangeiras que consagram aquele princípio9.
9
Nos termos do disposto no preâmbulo do Decreto-Lei n.º 496/77, disponível em www.pgdlisboa.pt,
[consultado a 10.11.2022].
Importa referir ainda que a tutela (art. 1921.º e artigos 1927.º a 1972.º do CC) visa
atender o poder parental em situações como falecimento dos progenitores ou quando estão
inibidos/impedidos de educar, aplicando-se a menores e maiores acompanhados. Assim,
domicílio do menor sujeito a tutela é o do seu tutor, tal é como mencionado no art. 85.º,
n.º 3. Note-se ainda que, em caso de os progenitores existirem, mas serem incógnitos, isto
é, não se saber quem são, a lei desiste da residência da família e remete para a do tutor.
Há, por outro lado, um grupo de cidadãos que, por várias razões, não conseguem,
sem apoio ou intervenção de terceiros, exercer os seus direitos, cumprir os seus deveres
ou cuidar dos seus bens – são os designados “maiores acompanhados”, os quais, apesar
de serem maiores de idade, não têm acesso direto a todos os direitos e deveres que outros
maiores de idade teriam, sendo, em algumas circunstâncias, comparados aos menores,
designadamente no que se refere ao seu domicílio. Assim, também os maiores
acompanhados têm domicílio no lugar da residência da família, nos termos conjugados
dos n.ºs 1 e 4 do art. 85.º do CC.
De acordo com o n.º 5 do art. 85.º do CC, quando tenha sido instituído o regime
da administração de bens (art. 1922.º e arts. 1967.º a 1972.º), que se aplica ao menor e ao
maior acompanhado nos termos do art. 145.º/2, o domicílio destes é o do administrador,
nas relações a que essa administração se refere.
Não são aplicáveis as regras anteriores se delas resultar que o menor ou o maior
acompanhado não tem domicílio em território nacional (art. 85.º/6).
GONZÁLEZ, José Alberto, “Código Civil Anotado – Volume I, Parte Geral (artigos 1.º a 396.º)”,
Quid Juris, fevereiro de 2011 [consultado a 09.11.2022].