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LICENCIATURA EM GESTÃO DE EMPRESAS

Fiscalidade Empresarial
Ana Arromba Dinis
2023/2024
Imposto sobre Decreto-Lei n.º 442-A/88, de 30 de
novembro*
o Rendimento *Última atualização:
das Pessoas Lei nº 82/2023, de 29 de dezembro

Singulares (IRS)

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Caracterização do IRS
Enquadramento constitucional:
A reforma da tributação do rendimento apresentou-se também como um
imperativo constitucional, uma vez que, face ao disposto no art. 104º, n.º 1 da
CRP:

“O imposto sobre o rendimento pessoal visa a diminuição das desigualdades e


será único e progressivo, tendo em conta as necessidades e os rendimentos do
agregado familiar”.

Assim, a reformulação do sistema de tributação do rendimento, concretizada ao


nível das pessoas físicas pelo IRS, constituiu uma verdadeira recondução do nosso
sistema fiscal às directrizes emanadas pela Lei Fundamental.

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Caracterização do IRS
Art. 103º, CRP:

“1. O sistema fiscal visa as satisfações das necessidades financeiras do Estado


e outras entidades públicas e uma repartição justa dos rendimentos e da
riqueza.

2. Os impostos são criados por lei , que determina a incidência, a taxa, os


benefícios fiscais e as garantias dos contribuintes.

3. Ninguém pode ser obrigado a pagar impostos que não hajam sido criados
nos termos da Constituição, que tenham natureza retroactiva ou cuja
liquidação e cobrança se não façam nos termos da lei.”

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Caracterização do IRS
Preâmbulo CIRS

•  EQUIDADE: Tributação adequada à capacidade contributiva de cada indivíduo


(ou de cada agregado familiar) com vista a uma repartição equitativa da carga
fiscal, alargando-se as garantias dos contribuintes;

•  EFICIÊNCIA: Imposto não deve constituir um entrave ao desenvolvimento


económico, propiciando a necessária receita fiscal sem afetar a abertura do país à
competição internacional num contexto de adesão à então CEE;

•  SIMPLICIDADE: Maior comodidade para os contribuintes, restringindo-se as


obrigações acessórias dos contribuintes e facilitando-se o cumprimento dessas
obrigações.

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Caracterização do IRS
Tendo em conta as respectivas características e modo de funcionamento,
pode dizer-se que o IRS, tendencialmente, é um imposto:

• Sobre o rendimento
• Direto
• Pessoal
• Estadual
• Periódico
• Global (Único)
• Progressivo
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Caracterização do IRS
Algumas características em particular:

• Sobre o rendimento, pois incide sobre o rendimento auferido pelas


pessoas singulares (pessoas físicas) – diferente dos impostos sobre o
património (IMI, IMT e IS) e dos impostos sobre a despesa ou sobre o
consumo (IVA, IEC’s, IA);

• Pessoal, dado que tem em conta as características dos contribuintes,


nomeadamente, a situação pessoal e familiar: n.º de filhos,
casamento/união de facto, deficiência, aposentação, despesas de saúde e
de educação, mínimo de existência, entre outras – o IRC é real pois tem
em conta apenas a matéria colectável;

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Caracterização do IRS
Algumas características em particular:

• Direto, pois incide sobre manifestações directas da capacidade


contributiva como é o caso do rendimento – por oposição aos impostos
indirectos (sobre o consumo)

• Global (Único), pois sobre a globalidade dos rendimentos incide apenas


um único imposto e uma única tabela de taxas, embora os rendimentos
sejam tratados analiticamente de acordo com as especificidades próprias
de cada categoria de rendimentos

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Caracterização do IRS
Algumas características em particular:

• Progressivo, em geral, na medida em que a colecta aumenta mais do que


proporcionalmente à matéria colectável, adoptando-se uma estrutura
progressiva de taxas, consoante o nível de rendimentos, fazendo com que
o “esforço” efectuado pelos contribuintes aumente à medida que
aumentam os rendimentos. A progressividade justifica-se pela
necessidade (imperativo constitucional) de corrigir, através do sistema
fiscal, a distribuição do rendimento (efeito redistributivo).

O IRS é, no entanto, um imposto quase proporcional a partir de um


determinado nível de rendimentos e mesmo proporcional no caso de
rendimentos tributados a taxas especiais e liberatórias.

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Caracterização do IRS

Processo de determinação do IRS

• Fase analítica

• Fase sintética

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Caracterização do IRS
➢ A vertente analítica, manifesta-se na autonomização das diferentes
categorias de rendimentos (seis), no apuramento do rendimento líquido por
categoria e nas regras de comunicabilidade de perdas (resquícios inevitáveis
da tributação parcelar…)

➢ A vertente sintética, traduz-se no percurso que se inicia com a determinação


do rendimento líquido global e termina com a liquidação e a determinação de
uma só dívida de imposto.

É na vertente sintética que o IRS passa de um simples imposto sobre o


rendimento para um imposto pessoal sobre o rendimento mediante a
consagração de elementos de pessoalização no imposto.

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Caracterização do IRS
Deduções Específicas versus Deduções à Colecta
• As deduções específicas de cada categoria são constituídas, em princípio, pelas
despesas e encargos que o contribuinte tem de pagar para obter o rendimento. Já
nos termos da Lei de Autorização Legislativa n.º 106/88 de 17/9, entendia-se que as
deduções específicas deveriam «corresponder aos custos e encargos efectivos e
comprováveis para obtenção do rendimento». Assim, as deduções específicas estão
ligadas à origem e receção de cada espécie de rendimento, sendo aplicadas no plano
analítico do imposto.

• Conceito diferente é o de Deduções à Colecta. Estas operam como factores de


‘síntese’ do imposto, sendo irrelevante a proveniência dos rendimentos, prendendo-
se com a personalidade e reflectindo elementos de carácter pessoal e directamente
relacionados com a situação pessoal e familiar do SP.
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ESQUEMA GERAL DO IRS – PROCESSO DE LIQUIDAÇÃO

CATEGORIAS DE RENDIMENTOS

B E F G H
A Empresariais e profissionais Capitais Prediais Incrementos Pensões
Trabalho Patrimoniais
dependente
Rendimentos Art.º 9º e
Art.º 2º Art.º 3º e 4º Art.º 5º a 7º Art.º 8º Art.º 11º
brutos 10º
Deduções Inexistentes
25º a 27º 28º a 39º 41º 42º a 52º 53º
específicas 40º e 40.º-A

RENDIMENTO LÍQUIDO TOTAL

* TAXAS (GERAIS E ESPECIAIS) Coleta Total


RENDIMENTO COLECTÁVEL ART.º 68.º/72.º
DEDUÇÕES À COLECTA – ART.º 78º
COLETA LÍQUIDA/ IMPOSTO APURADO

Retenções na fonte Pagamentos por conta


IMPOSTO A PAGAR IMPOSTO A RECUPERAR

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IRS - Distribuição por Categorias de Rendimentos

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Informações introdutórias

 Retribuição Mínima Mensal Garantida 2024:

DL n.º 103/2023, de 17/11 - € 820,00

 Indexante de Apoios Sociais 2024:

Portaria n.º 421/2023, de 11/12 - € 509,26

 Pensão Mínima do Regime Geral 2024:

Portaria n.º 424/2023, de 11/12 - € 319,49


Incidência Pessoal

Ficam sujeitas a IRS, as pessoas singulares que residam em território português e as que,
nele não residindo, aqui obtenham rendimentos (art.º 13.º CIRS, n.º1)

RESIDENTES NÃO RESIDENTES

O imposto incide sobre a totalidade O imposto incide unicamente sobre


dos seus rendimentos, ainda que os rendimentos obtidos em
obtidos fora do território nacional território português (art.º 15.º n.º 2)
(art.º 15.º n.º 1) Consideram-se obtidos em território
português os rendimentos
enumerados no art. 18.º

PRINCÍPIO DA FONTE
PRINCÍPIO DA RESIDÊNCIA
Incidência Pessoal

• Âmbito de tributação – residentes versus não residentes – art. 15.º

• a residência assume a posição de elemento de conexão de maior


relevo no âmbito do direito fiscal internacional, e bem assim no
direito fiscal interno, além de que é o factor “residência” que
determina quais as normas tributárias aplicáveis - de entre as normas
de vários Estados (concorrentes) - e que delimita definitivamente o
âmbito da incidência do imposto, demarcando também a extensão
das obrigações tributárias dos contribuintes.
Incidência Pessoal

• Assim, quando exista agregado familiar:


Incidência Pessoal

• Pode, no entanto, ser exercida a opção pela tributação conjunta:

Processo n.º: 752/2022-T, Declarações conjuntas…


Incidência Pessoal
UNIÕES DE FACTO

• A Lei n.º 7/2001, de 11 de Maio, determinou a adopção de medidas de


protecção das uniões de facto. Requisitos legais: viver em união de
facto, em condições análogos às dos cônjuges, há pelo menos 2 anos e
não se enquadrar em nenhuma das excepções previstas na referida Lei.
• Da mesma forma como para os casados, hoje em igualdade de
tratamento, os unidos de facto são, por regra, sujeitos a tributação
separada, podendo optar pela tributação conjunta, ficando sujeitos às
mesmas regras quanto ao agregado familiar, deduções,
responsabilidade,…
• Ofício Circulado n.º 20183, de 03.03.2016 - prova da união de facto pode ser efetuada mediante qualquer meio legalmente
admissível. declaração emitida pela junta de freguesia competente + declaração de ambos os membros da união de facto, sob
compromisso de honra + certidões de cópia integral do registo de nascimento de cada um deles
• nota: a situação pessoal e familiar dos sujeitos passivos relevante para efeitos de tributação é aquela que se verificar no último
dia do ano a que o imposto respeite (31/12)
Incidência Pessoal

Por seu lado, para efeitos do IRS, o agregado familiar é constituído por (art.º 13º n.º 4
CIRS):

Os cônjuges, não separados judicialmente de pessoas e bens, ou os unidos de


facto, e os respectivos dependentes;
Cada um dos cônjuges ou ex-cônjuges, respectivamente, nos casos de separação
judicial de pessoas e bens ou de declaração de nulidade, anulação ou dissolução
do casamento, e os dependentes a seu cargo;

O pai ou a mãe solteiros e os dependentes a seu cargo;


O adoptante solteiro e os dependentes a seu cargo;
Incidência Pessoal

Consideram-se Dependentes (art. 13.º, n.º 5):


os filhos, adoptados e enteados, menores não emancipados e menores sob tutela. Poderão, contudo, optar pela
tributação autónoma se administrarem a totalidade dos seus rendimentos

Os filhos, adoptados e enteados maiores, bem como aqueles que até à maioridade estiverem sob tutela,
relativamente aos quais se verifiquem cumulativamente os seguintes requisitos:
1) não ter mais de 25 anos;
2) não ter auferido anualmente rendimentos superiores à RMMG;

Poderão, contudo, optar pela tributação separada, constituindo-se como sujeitos passivos autónomos, cabendo-
lhe, igualmente, obrigações declarativas próprias

Os filhos, adoptados, enteados e os sujeitos a tutela, maiores, inaptos para o trabalho e para angariar meios de
subsistência. Também neste caso, podem estas pessoas optar pela sua tributação como sujeitos passivos
autónomos
Os afilhados civis que até à maioridade estiveram sujeitos à tutela de qualquer dos sujeitos a quem incumbe a
direção do agregado familiar, que não tenham mais de 25 anos nem aufiram anualmente rendimentos superiores
à RMMG - Poderão, contudo, optar pela tributação separada
Incidência Pessoal
• Saliente-se que, em qualquer dos casos, não pode o mesmo indivíduo fazer
parte de mais de um agregado familiar ou, sendo sujeito passivo autónomo,
integrar outro agregado (sem prejuízo do disposto no n.º 8 do artigo 22.º -
exercício em comum das responsabilidades parentais…).

• Quando as responsabilidades parentais são exercidas em comum por mais do


que um sujeito passivo, sem que estes estejam integrados no mesmo
agregado familiar, os dependentes considerados como integrando (art. 13.º,
n.º 9):
➢O agregado do sujeito passivo a que corresponder a residência
determinada no âmbito da regulação do exercício das responsabilidades
parentais;
➢O agregado do sujeito passivo com o qual o dependente tenha identidade
de domicílio fiscal no último dia do ano a que o imposto respeite, quando,
no âmbito da regulação do exercício das responsabilidades parentais, não
tiver sido determinada a sua residência ou não seja possível apurar a sua
residência habitual.
Incidência Pessoal

Mas atenção ao artigo 22.º, n.º 8, quando os dependentes, nas


situações referidas no n.º 9 do artigo 13.º, tiverem obtido rendimentos.
Nestes casos, devem esses rendimentos:

▪ Ser incluídos na declaração do agregado em que se integram;


▪ Ser divididos em partes iguais a incluir, respetivamente, em cada
uma das declarações dos sujeitos passivos, em caso de residência
alternada estabelecida em acordo de regulação do exercício das
responsabilidades parentais em vigor no último dia do ano a que o
imposto respeita.
(Para este efeito, devem os sujeitos passivos, comunicar no Portal das Finanças, até
15 de fevereiro do ano seguinte àquele a que o imposto respeita, a existência de
residência alternada)
Incidência Pessoal

Situação dos dependentes nos casos de separação / divórcio


Guarda atribuída apenas a Guarda partilhada Guarda partilhada
um progenitor (responsabilidades parentais a (responsabilidades parentais a
ambos os progenitores) com ambos os progenitores) com
residência exclusiva residência alternada

Dependente Integra o agregado familiar Integra o agregado familiar do Determinação do agregado familiar de
do progenitor que tem a progenitor com quem reside (art. acordo com art. 13.º, n.º 9, al. b))
guarda. O outro progenitor 13.º, n.º 9, al. a))
pagará uma pensão de
alimentos
Rendimentos do 100% na declaração do 100% na declaração do progenitor Declarados por ambos os
dependente progenitor que tem a guarda que tem a guarda (art. 22.º, n.º 8, al. progenitores (50% cada) – art, 22.º,
a)) n.º 8, al. b)
Dedução pessoal do 100% na declaração do 100% na declaração do progenitor Repartida por ambos os progenitores
dependente (art. progenitor que tem a guarda que tem a guarda (50% para cada ou outra %
78.º-A) comunicada à AT até 15/2) – art. 78.º,
n.º 9 a 11)
Restantes deduções 100% na declaração do Repartidas por ambos os Repartidas por ambos os progenitores
à coleta relativas ao progenitor que tem a guarda progenitores (50% para cada ou (50% para cada ou outra %
dependente outra % comunicada à AT até 15/2) – comunicada à AT até 15/2) – art. 78.º,
art. 78.º, n.º 9 a 11) n.º 9 a 11)
Incidência Pessoal
CONCEITO DE RESIDÊNCIA – art. 16.º
➢ A residência configura-se como um conceito basilar em termos de
determinação da sujeição pessoal ao IRS;
➢ Residência fiscal versus domicílio fiscal
“[A] noção de residência ou domicílio para efeitos de delimitação da esfera de incidência das
normas tributárias de cada Estado é também distinta da noção de domicílio tributário de
direito interno e que é um domicilio especial pelo qual a lei refere a um lugar bem
determinado, o exercício de direitos e o cumprimento dos deveres estabelecidos pelas
normas tributárias, localizando o sujeito passivo com vista a fixar a circunscrição territorial
em cuja área se situem os serviços de administração competentes para a prática de actos
relativos à situação fiscal do contribuinte”. Alberto Xavier (Direito Tributário Internacional, 2.ª Ed.,
Almedina, Coimbra, 2009, p. 281)

“[É] ponto assente que o conceito de residência não se confunde com o conceito de
domicílio fiscal, definido no artigo 19º da LGT como local da residência habitual, pois que o
conceito de domicílio fiscal não tem em vista determinar a lei tributária aplicável a certa
situação, mas tão só fixar territorialmente os serviços (locais e regionais) da administração
tributária competentes para lidar com o contribuinte no que se refere à sua situação
tributária (Acórdão do TCA Norte, de 17.09.2015 (Processo: 00546/10.2BEVIS)

“Fica desde logo evidenciada a falta de correspondência necessária, ou tão-pouco de


sinonímia, entre os conceitos de «residência fiscal» e «domicílio fiscal»” (Processo nº 680/2022-T)
Incidência Pessoal

CONCEITO DE RESIDÊNCIA – art. 16.º


Serão residentes as pessoas que no ano a que respeitam os rendimentos:

Tenham permanecido em território português por mais de 183 dias,


seguidos ou interpolados, em qualquer período de 12 meses com início ou
fim no ano em causa (critério da permanência) – “corpus”
Tendo permanecido por tempo inferior ao referido no ponto anterior,
disponham em território português, num qualquer dia do período referido
na alínea anterior, de habitação em condições que façam supor intenção
atual de a manter e ocupar como residência habitual (neste caso a residência
assenta na convicção de que a permanência prevista no ponto anterior vai continuar)
– “animus”
Em 31 de Dezembro sejam tripulantes de navios ou aeronaves, desde que
aqueles (tripulantes) se encontrem ao serviço de entidades com residência,
sede ou direcção efectiva em território português

Desempenhem no estrangeiro funções ou comissões de carácter público ao


serviço do Estado português.
Incidência Pessoal
CONCEITO DE RESIDÊNCIA – art. 16.º

• O estatuto de residente adquire-se, alternativamente, pela permanência no território


português por mais de 183 dias, seguidos ou interpolados – sejam quais foram as
intenções do sujeito – ou pela intenção de residência em Portugal, expressa por aqueles
que, tendo embora permanecido por menos tempo, disponham no território
português, em 31 de Dezembro, “de habitação em condições que façam, supor a
intenção de a manter e ocupar como residência habitual”
• Em consequência da definição da residência fiscal ser matéria regulada pelo direito
interno de cada Estado, apenas haverá necessidade de recurso ao disposto nas CDT em
situações de dupla residência, em que alguém tem “contactos prolongados com mais
de uma ordem jurídica” estabelecendo-se um conjunto de diversas regras especiais (de
desempate) cuja aplicação determinará a residência em apenas um dos Estados que
reclamam a residência fiscal de um determinado sujeito passivo
• Não se encontra qualquer base legal que permita fundar a interpretação de que a
residência fiscal só pode ser provada através de certificado de residência fiscal, desde
logo porque existem países que não emitem certificados de residência fiscal - Processo
nº 129/2023-T
Incidência Pessoal

CONCEITO DE RESIDÊNCIA – art. 16.º

• Para efeitos de aplicação do conceito de residência, considera-


se como dia de presença em território português qualquer dia,
completo ou parcial, que inclua dormida no mesmo (n.º 2 do
artigo 16.º).

• Tendo passado a vigorar, no âmbito do CIRS, a regra da


tributação separada, passou a estabelecer-se, quanto à
residência, que a mesma é aferida em relação a cada sujeito
passivo do agregado (n.º 5 do artigo 16.º).

• Assim, deixou de fazer sentido a regra anteriormente vigente e


prevista no n.º 2 do artigo 16.º, que estabelecia o regime da
residência por atração…
Incidência Pessoal

CONCEITO DE RESIDÊNCIA – art. 16.º


Residência fiscal parcial

• As pessoas que preenchem uma das condições previstas


nas alíneas a) ou b) do n.º 1 do artigo 16.º do CIRS
tornam-se residentes desde o primeiro dia do período de
permanência em território português (salvo quando
tenham aí sido residentes em qualquer dia do ano
anterior, caso em que se consideram residentes neste
território desde o primeiro dia do ano em que se verifique
qualquer uma das condições referidas).
Incidência Pessoal

CONCEITO DE RESIDÊNCIA – art. 16.º


Residência fiscal parcial
EXEMPLO:

Um jogador de futebol, cidadão residente em Portugal, que


saiu do nosso país e passou a jogar e residir em França a
partir de 30 de Abril.
Antes da Reforma do IRS, este cidadão seria considerado em
Portugal, no ano em causa, como não residente para todo o
ano.
A partir de 1/1/2015, verificando-se a situação descrita, este
cidadão terá o estatuto de residente em Portugal de 1/1 a
29/4 e o estatuto de não residente a partir de 30/4.
Incidência Pessoal

Residência nas regiões autónomas – art. 17.º

Para que um sujeito passivo seja considerado residente numa


Região Autónoma é necessário (n.º 1 e 2) – regime regra:

• Seja considerado residente em território português, nos termos


do art.º 16º CIRS;
• Tenha residência habitual numa Região Autónoma;
• Nela esteja registado para efeitos fiscais;
• Tenha permanecido na Região Autónoma por mais de 183 dias no
ano a que respeitam os rendimentos (critério da permanência).
Incidência Pessoal

Regime supletivo: Quando não for possível determinar essa permanência, são
considerados residentes no território de uma Região Autónoma os que ali
tenham o seu principal centro de interesses, considerando-se como tal o local
onde se obtenha a maior parte da sua base tributável

• Cat. A – no local onde é exercida a actividade;


• Cat. B – no local do estabelecimento ou onde é exercida;
• Cat. E – no local do estabelecimento a que se deve imputar o pagamento;
• Cat. F e G no local onde se situam os imóveis;
• Cat. H – no local onde são pagas ou colocadas à disposição.
Incidência Pessoal

Rendimentos obtidos em território nacional – art. 18.º

O art. 18º CIRS enumera quais os rendimentos que, por considerados obtidos em
território nacional, estão sujeitos a imposto, sendo o respectivo titular um não-residente
no nosso país (art. 15º n.º 2 CIRS:
Verificamos que a tributação irá ocorrer quando aqui se situar a fonte dos rendimentos:

• Fonte Financeira – als. a), b), c), d), f), g), l) e n);
• Fonte Física – al. h) (rendimentos de imóveis);
• Local do exercício da actividade – al. e) (estabelecimentos estáveis) (nas als. m) e
o) será o local da execução dos serviços)
• Situações híbridas - als. i) e j).
Incidência Pessoal
Tributação dos não residentes – resumo
Tributação limitada aos Rendimentos obtidos
rendimentos obtidos em TN em TN – art. 18.º
– art. 13.º, n.º 1 e 15.º, n.º 2

Regra geral de tributação:


Retenção na fonte a título definitivo – taxas liberatórias, sem obrigação declarativa

▪ Cat. A – 71.º, n.º 4, a) – 25% Art. 71.º, n.º 5 (sem RF até RMMG – serviços a 1
▪ Cat. B (não imp. EE) – 71.º, n.º 4, a) – 25% única entidade)
▪ Cat. H – 71.º, n.º 4, c) – 25%
▪ Cat. E – art. 71.º, n.º 1, a) – 28% (exceto prop. Intel. e industrial, 71.º, n.º 4, b) – 25%)
Sem ▪ Cat. G – incrementos patrimoniais art. 9.º, n.º 1, b) e c) – art. 71.º, n.º 4, d) – 25%
prejuízo Exceções – obrigação declarativa (mod. 3)
das CDT
▪ Cat. B - Rendimentos obtidos através de EE – tributação final à taxa especial de 25%, art.
72.º, n.º 6, a)
▪ Cat. F – tributação final à taxa especial de 28% ou 25%, art. 72.º, n.º 1, e) e n.º 2
▪ Cat. G – mais-valias (exceto as de imóveis) – tributação final à taxa especial de 28%, art.
72.º, n.º 1, a) e c)
▪ Cat. G – mais-valias de imóveis – englobamento obrigatório; exclusão de 50%; tributação
às taxas gerais art. 68.º, com base em todos os rendimentos obtidos (22.º, n.º 10)
Incidência Real

Art. 1º - Base do imposto

O IRS incide sobre o valor ANUAL (art. 143.º) dos rendimentos das seguintes
categorias, depois de efectuadas as respectivas deduções e abatimentos:

• Categoria A – Rendimentos do trabalho dependente

• Categoria B – Rend. empresariais e profissionais

• Categoria E – Rendimentos de capitais

• Categoria F – Rendimentos prediais

• Categoria G – Incrementos patrimoniais

• Categoria H – Pensões
Incidência Real

Art. 1º - Base do imposto

Sujeição dos rendimentos:

• Mesmo quando provenientes de actos ilícitos;


• Quer em dinheiro quer em espécie;
• Seja qual for o local onde se obtenham, a moeda e a forma por que sejam
auferidos.

• “Deduções” – Deduções específicas existentes em todas as categorias à


excepção da Categoria E (Categoria G, apenas nas mais-valias)
Fiscalidade
Empresarial

Ana Arromba Dinis

adinis@ipca.pt

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