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SUCESSÃO EM GERAL:
b) Do sujeito (por ato “inter vivos”) = chama-se de sub-rogação pessoal. É a substituição do sujeito de uma
relação jurídica decorrente de um ato inter vivos.
Ex: art. 304 do CC – direito das obrigações (pagamento pelo terceiro interessado – aquele que pode ser
atingido juridicamente pelo inadimplemento (avalista, fiador, sublocatário)).
Não se aplica a regra do art. 304 quando se tratar de alienação fiduciária. Pois, nesta hipótese, haverá
sub-rogacão sempre, mesmo sem ser interessado.
c) Do sujeito (por ato “causa mortis”) = AQUI ESTÁ A MATÉRIA DIREITO DAS SUCESSÕES.
O DIREITO DAS SUCESSOES diz respeito à substituição do sujeito da relação jurídica, em razão da morte do
titular. Entretanto, nem toda sucessão diz respeito ao direito das sucessões.
Logo, nem toda sucessão está abrangida pelo direito das sucessões. Existem sucessões não abrangidas pelo
direito das sucessões. Com isso, percebe-se que o fenômeno sucessório é mais amplo para o direito do que
somente o direito das sucessões.
Obs: É possível dizer que toda e qualquer relação jurídica admite a incidência do direito das sucessões?
Existem relações jurídicas que não admitem a incidência do direito das sucessões. O direito das sucessões
limita-se ÀS RELAÇÕES JURÍDICAS PATRIMONIAIS. Somente tais relações admitem a substituição do sujeito
quando da morte do titular. Ex: crédito, propriedade. Já as relações personalíssimas (EXISTENCIAIS) se
extinguem com a morte do titular. NUNCA SE TRANSMITEM.
Obs: relações patrimoniais que excepcionalmente não admitem a incidência do direito das sucessões:
ENFITEUSE – quando falecido o foreiro, sem deixar sucessores (art. 692, inciso III, CC/16);
USUFRUTO, USO E -- por serem relações baseadas no caráter intuito personae.
HABITAÇÃO
DIREITO AUTORAL – art. 41 – o direito autoral é híbrido, porque:
(Lei 9.610/98) a) é direito da personalidade - É direito da personalidade em relação ao
invento, criação
b) é direito real - É direito real no que diz respeito à exploração, ao exercício
(Dá-se o nome de propriedade intelectual).
3. Terminologias fundamentais.
Os autores mais antigos (Monteiro, Rodrigues) estabelecem que a compreensão dos direitos das sucessões
está em suas terminologias.
AUTOR DA (“DE CUJUS SUCESSIONIS AGITUR)” – (aquele de quem a sucessão se trata).
HERANÇA É o titular falecido do patrimônio transmitido.
Obs: Quem morre sem deixar patrimônio não é “de cujus”.
SUCESSOR É aquele que será convocado para dar continuidade às relações patrimoniais do falecido.
Há duas espécies de sucessor:
LEGATÁRIO
É o sucessor a título singular.
é quando se recebe um bem certo e determinado (um legado). Ex: casa, carro,
quantia em dinheiro.
É SEMPRE TESTAMENTÁRIO.
HERDEIRO
É o sucessor a título universal
Possui um percentual do patrimônio transmitido. É quem recebe um quinhão (fração
ideal do patrimônio transmitido).
PODE SER LEGÍTIMO (previsto em lei – arts. 1829/1790- descendentes, ascendentes,
cônjuge supérstite, companheiro e colaterais até 4º grau). Dentre os herdeiros
legítimos, alguns são necessários, outros facultativos (art. 1.845 do CC).
Obs2: não esquecer a expressão HERDEIRO UNIVERSAL – é quando uma pessoa herda
todo o patrimônio sozinha. Não haverá partilha, mas ADJUDICAÇÃO DA HERANÇA.
LEGADO
vide comentários anteriores
4. Abertura da sucessão e transmissão automática (art. 1784 do CC).
O CC abraça a regra da transmissão automática da herança, com a abertura da sucessão.
Há expressão “Droit de Saisine” que explica o art. 1784 do CC.
Na idade média, os senhores feudais começaram a subtrair patrimônio dos servos que iam morrendo. A
Jurisprudência francesa criou o “saisine” com a intenção de preservar o patrimônio dos servos. Significa a
transmissão automática de todas as relações patrimoniais do falecido. Falecendo o titular, todas as relações
patrimoniais são automaticamente transmitidas aos herdeiros.
“Saisine impede que o patrimônio fique acéfalo”.
A morte gera a transmissão automática das relações patrimoniais do falecido (independe da vontade dos
herdeiros), formando a herança, que é representada pelo espólio. Com isso, forma-se, por força de Lei um
condomínio, que somente será dissolvido pela partilha.
Obs: não se aplicam essas regras de competência quando se tratar de inventário extrajudicial (cartório) –
consensual, não tem incapaz, e não tem testamento. Não existe competência/jurisdição cartorária. O
imposto vai ser pago no estado competente.
Obs: os efeitos decorrentes de saisine não alcançam o legatário, somente o herdeiro. O legatário só recebe
quando houver a partilha (a transmissão é a título singular).
Logo, não será citado nas ações contrárias ao espólio, pois não integra o espólio.
E se o legatário pleitear tutela antecipada. É possível? Sim, desde que preste garantia chamada de CAUÇAO
MUCIANA (real ou fidejussória).
5. Capacidade sucessória.
É a aptidão para ser herdeiro ou legatário. Portanto, prende-se à ideia de atributo sucessório.
No CC, a expressão capacidade sucessória veicula a ideia de capacidade jurídica. Porém não são
confundíveis, sendo a segunda expressão a possibilidade de praticar atos jurídicos pessoalmente.
Já a capacidade sucessória é a aptidão para ser herdeiro ou legatário. Assim, a melhor nomenclatura se
mostra como legitimidade sucessória (aptidão para ser herdeiro ou legatário).
Quem tem capacidade sucessória são as pessoas nascidas ou concebidas (art. 1798 do CC). A sua
verificação se dará no momento da abertura da sucessão, sendo irrelevantes eventuais modificações
posteriores. Ex: uma filha que mata os pais (indigna) e o filho é concebido depois (não terá capacidade
sucessória).
6. Indignidade e deserdação.
6.1 pontos comuns.
Os institutos possuem ponto de afinidade. Ambos são sanção civil (pena) àquele que praticou ato contrário
aos interesses do autor da herança, somente sendo punido com o devido processo legal. Aplica-se o
princípio da intranscedência da pena. Consequentemente, o indigno ou deserdado não recebe, mas os seus
herdeiros recebem como se ele morto fosse.
Constitui um dos casos de sucessão por representação (ou por estirpe), ou seja, quando uma pessoa
recebe no lugar da outra. Os três casos são: INDIGNIDADE, DESERDACAO, PRÉ-MORTE.
6.2 pontos divergentes.
INDIGNIDADE DESERDAÇÃO
Qualquer sucessor, seja herdeiro, seja legatário. é somente dos herdeiros necessários.
É causada por atos praticados antes da abertura da Obs: os herdeiros facultativos não são
sucessão. deserdados, pois não possuem legítima.
será reconhecida por meio de ação ordinária de é por ato praticado antes da abertura da
indignidade, cujo procedimento é comum. Qualquer sucessão.
interessado na indignidade pode promovê-la. Ex: o o instrumento para deserdar é o
descendente do indigno, outros herdeiros. testamento, que deve ser homologado pelo
Obs: discute-se se no conceito de interessado enquadra- juiz (que precisa confirmar se o ato praticado
se o MP. é causa deserdativa e é necessário o devido
Argumentos contrários: O art. 127 da CF estabelece que o processo legal).
MP atuará quando se tratar de interesse social ou somente é cabível ao autor da herança,
individual indisponível. Na indignidade e deserdação, o que é o ofendido.
interesse é patrimonial. Assim, mesmo que haja Não tem prazo, podendo ser feito
incapazes, a disponibilidade do interesse em disputa enquanto vivo for.
cessa a disputa. Não tem prazo.
Argumentos favoráveis – majoritário – enunciado 116 da
Jornada
prazo decadencial de 04 anos para propositura da ação
de indignidade.
Hipóteses de indignidade: art. 1814 do CC
a) Homicídio doloso (tentado/consumado) contra o
autor da herança, seu cônjuge ou companheiro,
ascendente ou descendente. Causas deserdativas (art. 1814 do CC + art.
b) Crime contra a honra ou denunciação caluniosa 1961 a 1963 do CC):
contra o autor da herança, seu cônjuge ou a) Homicídio doloso (tentado/consumado)
companheiro. O ascendente e descendente não contra o autor da herança, seu cônjuge
foram alcançados por essa hipótese. ou companheiro, ascendente ou
c) Ato que impeça a manifestação de vontade do autor descendente.
da herança produzir efeitos. Ex: marido que jogou o b) Crime contra a honra ou denunciação
testamento da esposa no mar. caluniosa contra o autor da herança, seu
Obs: trata-se de rol taxativo. Em se tratando de filho que cônjuge ou companheiro. O ascendente
não tentou matar o pai, e praticou auxilio, instigação ao e descendente não foram alcançados por
suicídio merece sanção? O STJ, no REsp 334.773/RJ, essa hipótese.
abraçou a tese da tipicidade finalística, que também c) Ato que impeça a manifestação de
serve para indignidade, deserdação e doação (ingratidão vontade do autor da herança produzir
do donatário, hipótese em que pode ser revogada). efeitos.
Tal tese estabelece que a interpretação desse rol taxativo d) Ofensas físicas.
deve levar em conta a finalidade de cada tipo. Logo, o juiz e) Injúria grave.
pode considerar outras causas, desde tenham a mesma f) Abandono material.
finalidade. g) Relações ilícitas.
Obs: nesse rol, as duas primeiras hipóteses Obs: quem pode ser deserdado é herdeiro
correspondem a crimes. É necessária condenação necessário: ascendente, descendente,
criminal prévia? cônjuge.
A resposta vem do art. 935 do CC – autonomia das As sete causas são aplicáveis aos
instâncias. Não se exige prévia condenação criminal, em descendentes e ascendentes. Já o cônjuge só
face do princípio. Se já houve a condenação criminal, a pode ser deserdado nas três hipóteses de
condenação civil é efeito da ação penal condenatória. indignidade.
Há um caso em que é necessária a prévia condenação
criminal: O DELITO, O CRIME, SOMENTE O JUIZ PENAL
PODE RECONHECER. O JUIZ CIVEL SOMENTE RECONHECE
O FATO JURÍDICO. HÁ UMA DECLARAÇÃO DE FATO.
Assim, quando a lei fala “crime” somente o juiz penal
pode reconhecer. Dessa maneira, em se tratando de
homicídio e denunciação caluniosa, o juiz pode
reconhecer que o homicídio e a denunciação é
indignidade. Já crime contra a honra depende de prévia
condenação criminal.
7.1 Requisitos.
a) Requisito temporal: o negócio deve ser celebrado no lapso temporal compreendido entre a abertura da
sucessão e a partilha. O motivo é simples, pois depois da partilha não é cessão de herança, mas de
direitos próprios (compra e venda ou doação).
Obs: Proibição de pacto sucessório (pacta corvina) – art. 426 do CC – não é possível a cessão de
herança antes da abertura da sucessão. Isso traz contrato nulo.
b) Requisito formal: tem que ser por escritura pública/instrumento público – sem necessidade de registro
no cartório- ou por termos nos autos do inventário, pois a herança é bem imóvel.
c) Requisito subjetivo: a capacidade do cedente.
Obs: se o herdeiro for incapaz, somente se pode celebrar o negócio ouvido o MP com prévia autorização
do juiz.
Obs: exceto na separação absoluta (a lei dispensa), exige-se o consentimento do cônjuge, sob pena de
anulabilidade no prazo de 02 anos. Se o casamento for na separação dos aquestos, o pacto pode
dispensar.
d) Requisito objetivo: o objeto da cessão deve ser uma universalidade, pois a herança é um bem universal.
Considerada a sua universalidade, somente uma universalidade (percentuais) e não bens específicos
podem ser cedidos (ninguém pode dar mais do que possui).
Obs: as únicas hipóteses em que se admite cessão de direitos hereditários de bens singulares é quando
houver a concordância de todos os interessados (Fazenda Pública, eventuais credores, cônjuges),
porque efetivamente são interessados no inventário; ou na cessão de legado.
AÇÕES.
Petição de herança – é para reclamar herança (universalidade).
Reintegração de posse – é pra reclamar a posse de um bem singularmente compreendido.
8. Aceitação de herança.
É ato jurídico em sentido estrito de natureza confirmatória. Portanto, confirma a transmissão automática
de saisine. Logo, tem efeitos retroativos.
Obs: de acordo com o art. 1.792 do CC, a aceitação de herança é sempre “COM O BENEFÍCIO DE
INVENTÁRIO”, por força de lei. Significa que os herdeiros não respondem por dívidas para além das forças
da herança.
Obs: toda aceitação de herança é irrevogável e irretratável. Caso haja renúncia posterior à sua aceitação, o
tributo gerado pela aceitação se mantém.
Obs: a aceitação pode ser direta (com manifestação de vontade do interessado). Já a indireta (decorre do
credor do renunciante – não é no limite da fração ideal do quinhão, mas sim no limite do crédito do credor.
Se o crédito não for satisfeito, a dívida continua pelo remanescente).
9. Renúncia.
É o ato de despojamento da herança. Portanto, é o repúdio à transmissão automática de saisine. O seu
caráter é retroativo. Assim como a aceitação, é irrevogável e irretratável.
A renúncia exige escritura pública ou termo judicial.
9.1 Classificação.
I – Quanto à estrutura:
a) Renúncia abdicativa – seria uma renúncia pura e simples (“eu não quero”).
b) Renúncia translativa (“in favorem”) – seria a renúncia em favor de um terceiro (“Eu não quero pra mim,
mas para fulano”). Isso caracteriza, em verdade, cessão de direitos hereditários, submetendo-se às suas
regras, inclusive incidência fiscal.
Obs: STJ: REsp 36.076/MG – há precedente de que a renúncia abdicativa não tem incidência fiscal, o que
em sentido contrário leva ao raciocínio de ter efeito fiscal a translativa.
A renúncia abdicativa não pode prejudicar os credores, sob pena de leva-los à aceitação indireta.
SUCESSÃO LEGÍTIMA.
2. Sucessão do descendente.
A sucessão do descendente é norteada por DUAS REGRAS fundamentais:
2.1. Inexistência de tratamento discriminatório entre os descendentes.
Trata-se de uma projeção do princípio constitucional da igualdade entre os filhos.
No CC/16, o filho adotivo não herdava. Agora, herda sim, tendo o mesmo direito sucessório do filho
biológico. Os arts. 41 a 49 do ECA reconhecem o direito hereditário do filho adotivo ( trata-se da
irrevogabilidade da adoção).
Obs: A renúncia NUNCA gera sucessão por representação. Assim, se um herdeiro renunciar, seus filhos não
podem requerer representação. A sua parte será redistribuída.
Obs: se todos os descendentes de um mesmo grau renunciarem, aí sim os descendentes da classe seguinte
serão convocados, pois haverá direito próprio e não representação.
Obs: se todos os netos renunciarem, serão chamados os bisnetos, e, não tendo, segue a ordem de vocação.
Obs: se a sucessão por representação decorre de indignidade ou de deserdação, somente serão chamados
os descendentes. Mas se decorre de pré-morte é possível chamar os demais sucessíveis (segue os demais
sucessíveis).
3. Sucessão do ascendente.
A sucessão do ascendente é norteada por três regras.
3.1. Aplicação da igualdade de origens ou reciprocidade sucessória.
Se há igualdade entre os filhos, há reciprocidade entre os descendentes.
Não há limitação de origem para representação.
Obs: CASAMENTO EM REGIME DE SEPARAÇÃO CONVENCIONAL – a intenção de quem casa é não ter
separação de bens, nem herança. Porém, o CC estabelece que quem casa nesse regime vai deixar herança
ao cônjuge. O CC acaba estabelecendo um direito sucessório para quem casou no regime de separação
convencional. Segundo o professor, parece afronta à liberdade privada.
O STJ já julgou esse caso única vez, tornando-se precedente (força normativa) – REsp 992.749 – MS – o STJ
firmou o entendimento de que, se o casamento é em regime de separação convencional, também elimina o
direito à herança do cônjuge.
Obs: meação e herança incidem sobre patrimônios distintos na sucessão do cônjuge com o descendente.
obs: além do direito à herança e à meação, o CC criou o DIREITO REAL DE HABITACAO em favor do
cônjuge. É direito, reconhecido ao viúvo ou à viúva, de continuar morando no imóvel residencial que servia
de lar para o casal. O direito real de habitação do cônjuge é vitalício (só perde quando morre), e
incondicionado (tem direito, mesmo que constitua nova família).
Se o falecido tinha filhos que herdaram aquele imóvel, mesmo que o cônjuge não tenha direito à meação,
ela fica no respectivo imóvel até a sua morte.
Se o supérstite tinha imóvel, e o seu cônjuge morre, fica morando no imóvel do falecido.
O STJ entende que o direito real de habitação independe de herança e meação. Além desse fato, é
reconhecido mesmo que exista mais de um bem residencial a partilhar.
Pode-se sustentar a derrotabilidade – forma de sustar a aplicação da regra – HUMBERTO ÁVILA. Essa tese
serve para casos excepcionais, nos quais uma regra que é válida é afastada para casos específicos. Continua
a regra no sistema.
Obs: o direito à herança e o direito à habitação só serão reconhecidos se o cônjuge não estiver divorciado,
separado judicialmente, e separado de fato há mais de dois anos (art. 1830). Em caso contrário, não terá
nem herança, nem habitação.
Cuidado: pois se o cônjuge estiver separado há mais de dois anos, e provar que o casamento se desfez sem
culpa sua, terá direito à habitação (isso é chamado de CULPA MORTUÁRIA ou FUNERÁRIA – Rolph
Madaleno). A doutrina brasileira é UNANIME e estabelece que essa parte é não escrita, pela
impossibilidade de se discutir essa culpa.
5. Sucessão do companheiro.
5.1. Pressuposto da sucessão do companheiro (art. 1.790).
O companheiro sobrevivente terá direito à herança sobre os bens adquiridos onerosamente na constância
da união estável. Sobre esses bens, o companheiro já tem meação, pois sobre eles incide a comunhão
parcial. Assim, conclui-se que na união estável, o direito à herança incide sobre os mesmos bens sobre os
quais incide a meação. Portanto, o companheiro terá direito à herança somente sobre os bens comuns.
Sobre os particulares, não terá nem herança, nem meação.
c) Companheiro sozinho.
Nesse caso, o companheiro não recebe sozinho (como acontece com o cônjuge). Ademais, vai concorrer
com os colaterais recebendo somente os bens comuns, no percentual de 1/3.
Os bens particulares ficam todos para os colaterais.
Se não tem sequer colateral, o art. 1790, caput, estabelece que o companheiro sobrevivente participará
da sucessão do outro, somente sobre os bens comuns. OS BENS PARTICULARES VÃO PARA A FAZENDA
PÚBLICA.
OBS: Maria Berenice Dias e a maioria esmagadora dos autores faz interpretação sistêmica, observando o
inciso IV de forma dissociada do caput do art. 1790, informando que a totalidade da herança é tudo,
inclusive os bens particulares, privando a Fazenda Pública.
Obs: a Lei 9.278/96, art. 7º estabelece que o companheiro tem direito real de Habitação. Trata-se, nesse
caso, de direito vitalício, condicionado. Se a companheira sobrevivente constituir nova família, extingue-se
automaticamente o direito de habitação. A maioria dos autores defende a inconstitucionalidade de tal
condicionante (Berenice Dias, Zeno Veloso, Rolf Madaleno).
Obs: O STJ (na Arguição de inconstitucionalidade no REsp 1. 135.354 – PB), foi arguida a
inconstitucionalidade do art. 1790 no sentido de que fosse norteada pelas mesmas regras do cônjuge. O STJ
não conheceu o REsp e estabeleceu ser do STF a necessidade de solução da dúvida.
SUCESSAO TESTAMENTÁRIA.
1. Noções conceituais.
O testamento é negócio jurídico pelo qual se dispõe de patrimônio para depois da morte. Em outras
palavras, trata-se de negócio jurídico mortis causa.
Pegadinha: trata-se de conceito incompleto, pois o testamento além de estipular previsões patrimoniais
para depois da morte, comporta também outras manifestações de vontade, quais sejam,
a) reconhecimento de filho,
c) Deserdação
d) Nomeação de tutor
e) Instituição de bem de família.
f) Etc (outras manifestações de vontade).
Obs: perceba-se que no Brasil não é comum se encontrar testamentos. Zeno Veloso estabelece
argumentos convincentes: questão econômica (a maioria da população não tem patrimônio para
transmitir); questão cultural (Religiosa. A morte é algo velado); as pessoas, que muito provavelmente o
titular do patrimônio gostaria de contemplar, já o estão pela sucessão legítima.
Obs: O art. 1863 do CC estabelece a proibição de testamento conjuntivo – simultâneo entre duas pessoas;
recíproco com concessões mútuas; retribuição.
No que diz respeito ao testamento, há ampliação da capacidade sucessória, quando se tratar de sucessão
testamentária – herança ou legado (art. 1799):
a) As pessoas jurídicas
b) As pessoas jurídicas a serem constituídas com o patrimônio recebido (fundações)
c) A prole eventual (o filho que alguém vai ter), deve ser concebida no prazo de 02 anos contados da
abertura da sucessão.
Obs: não há óbices que seja por meio de adoção, salvo restrição expressa (raciocínio de Cristiano).
Obs:
CAPACIDADE TESTAMENTÁRIA (TESTADOR) – É VERIFICADA NO MOMENTO DA ELABORAÇAO DO
TESTAMENTO.
CAPACIDADE SUCESSÓRIA (BENEFICIÁRIO) – É VERIFICADA NA ABERTURA DA SUCESSAO.
Com relação às antecipações de herança (doação a legítima é calculada (de acordo com o enunciado
para filhos, sem ressalva de que o bem sairia da 119 da Jornada, na data da abertura da sucessão
cota disponível), se o bem ainda existir; se o bem não existir, na
data da liberalidade) – o fundamento é a proibição
de enriquecimento sem causa.
3. Espécies de testamento.
O testamento pode se apresentar a partir de dois grandes grupos:
TESTAMENTOS ORDINÁRIOS TESTAMENTOS ESPECIAIS (EXTRAORDINÁRIOS).
ELABORADOS EM CONDICOES NORMAIS ELABORADOS EM SITUACOES EXCEPCIONAIS.
Podem ser público, cerrado (secreto) ou particular; podem ser marítimo/aeronáutico ou militar.
todos tem forma própria todos tem forma própria
exigem duas testemunhas, à exceção do particular exigem duas testemunhas.
que exige três.
3.1.TESTAMENTO PÚBLICO
É aquele elaborado pelo testador, de viva-voz, na presença de duas testemunhas e na presença da
autoridade notarial (ex: tabelião, cônsules –fora do Brasil). É uma narrativa da declaração de vontade.
A característica mais notória é a publicidade da declaração.
Tem que ser redigido em língua portuguesa (art. 13 da CF).
O mudo não pode fazê-lo. Porém, é permitido ao analfabeto e ao cego (nesta hipótese, além da presença
das duas testemunhas e da autoridade, exige-se a presença de terceira pessoa que assinará o testamento a
rogo do cego ou analfabeto).
Não pode ser elaborado com base em perguntas e respostas, pois teria afrontada a essência
personalíssima.
Há somente um caso em que o conteúdo do testamento cerrado será conhecido por mais alguém além
do testador, é quando o testador sabe ler, mas não sabe ou não pode escrever. Nessa hipótese, a
autoridade recebe o testamento, vai coser o testamento e entregue ao tabelião na presença das
testemunhas.
esse testamento pode ser em língua estrangeira (antes da homologação requer tradução juramentada) e
somente será aberto pelo juiz das sucessões.
3.2.TESTAMENTO PARTICULAR.
Características: a forma e o conteúdo são livres. Será elaborado como bem entender o testador. Pode
elaborar mecanicamente (escrevendo), etc. somente se exige que leia o seu conteúdo na presença de três
testemunhas, podendo ser feito em língua estrangeira, desde que as testemunhas compreendam seu
conteúdo.
Traz consigo alto grau de insegurança, pois não é registrado em lugar algum.
O código exige homologação judicial da validade do testamento particular, para garantir a sua segurança e
validade. ATENÇAO: Há uma exceção (art. 1.879 do CC), na qual se permite ao testador elaborar
testamento particular de próprio punho, sem testemunhas, declaradas no testamento (Nesse caso,
continua sendo exigida homologação judicial).
Obs: TODOS OS TESTAMENTOS ESPECIAIS EXIGEM HOMOLOGAÇAO JUDICIAL, EM RAZAO DO ALTO GRAU
DE INSEGURANÇA. ADEMAIS, CONTAM COM CONDIÇAO DE CADUCIDADE, QUAL SEJA, EXIGÊNCIA DE
QUE TESTADOR MORRA DURANTE A CIRCUNSTÂNCIA ESPECIAL. NÃO FALECENDO, DISPORÁ DO PRAZO
DECADENCIAL DE 90 DIAS PARA RATIFICAR O TESTAMENTO, SOB PENA DE CADUCIDADE.
Obs: o direito brasileiro admite o chamado CODICILO (PEQUENO TESTAMENTO) – trata-se de disposição
para o funeral ou para pequenos legados (é aquilo que não ultrapasse 10% do patrimônio liquido). Tem
forma livre e dispensa testemunhas, mas exige a capacidade testamentária. Tem objeto próprio.
É possível a coexistência de codicilo e testamento. E o codicilo pode revogar o testamento naquilo que for
possível.
Obs: havendo testamento e/ou codicilo (havendo disposição de ultima vontade), exige-se intervenção do
MP como fiscal (art. 999 do CPC) e não se admite inventário em cartório.
Atenção: o prazo das cláusulas restritivas é feito pelo testador. Silente, todavia, presume-se o prazo
máximo, qual seja, A VIDA DO BENEFICIÁRIO (cláusula vitalícia) (Assim, quem recebe herança/legado com
cláusula restritiva, transmite sem cláusula restritiva). Dessa forma, conclui-se que a cláusula restritiva
transforma o proprietário em usufrutuário.
DEBATE IMPORTANTE: Há uma grande discussão sobre a possibilidade ou não de clausulação de restrição
da legítima. É possível determinar cláusula restritiva sobre a legítima? Resposta: sobre a parte disponível
não há dúvida acerca da possibilidade de clausular, mesmo para os filhos (VUNESP ENTENDE QUE PODE)
NO BRASIL, O DIREITO À HERANÇA É DIREITO CONSTITUCIONAL (ART. 5º, INCISO XXX DA CF). ASSIM, DE
SAÍDA, A RESPOSTA É NEGATIVA, POIS O HERDEIRO NECESSÁRIO NÃO PODE SER TRANSFORMADO EM
USUFRUTUÁRIO. O FILHO TEM DIREITO À HERENÇA, NÃO PODENDO A LEGÍTIMA SER CLAUSULADA
COMO REGRA. PORÉM, O ART. 1.848 DO CC ESTABELECEU EXCEÇAO, SOMENTE QUANDO HOUVER JUSTA
CAUSA INDICADA PELO TESTADOR NO TESTAMENTO E HOMOLOGADA EM JUÍZO.
SILVIO RODRIGUES ESTABELECE QUE ESSA POSSIBILIDADE DE CLAUSULAR LEGÍTIMA É ESTRANHA, POIS
FOMENTARÁ DISCÓRDIA ENTRE OS HERDEIROS, DEVENDO SER PROVADA PELO HERDEIRO CLAUSULADO
A SITUAÇAO CONTRÁRIA.
CONCEITO: é o ato pelo qual o juiz faz com que o testamento que excede a legítima, volte ao seu limite,
restabelecendo-se. PODE SER DETERMINADA DE OFÍCIO PELO JUIZ, ao detectar o excesso, durante a
homologação do testamento ou durante o inventário.
6. Direito de acrescer.
É preciso observar o testamento beneficiando mais de uma pessoa simultaneamente. Se o benefício é
disjuntivo não há discussão sobre o direito de acrescer. Ex: estabelece-se os percentuais.
A discussão sobre o acréscimo só é relevante se o benefício é conjuntivo. Ex: deixar uma casa para Carla e
Arlete.
Se a cláusula é conjuntiva e um dos beneficiários não pode (indignidade/deserdação); ou não quer
(renúncia), e não há substituto, ocorrerá o direito de acrescer.
7. O testamenteiro.
O testamenteiro é pessoa indicada para fazer valer a declaração de vontade do testador.
É alguém que o testador dará a missão pelo testador. É por isso que o testamenteiro tem legitimidade no
art. 988 do CPC, para requerer a abertura do inventário. Poderá ser inventariante se assim indicou o
testador.
Ademais, assume responsabilidades civis (se não cumprir pode ser responsabilizado pelos sucessores) e
criminais (não pode dar declaração falsa, por exemplo).
Não tem privilégios, mas responsabilidades. Exatamente por isso que se não for herdeiro ou legatário, o
juiz fixará remuneração chamada de PRÊMIO/VINTENA no percentual de 1% a 5% sobre o total da herança.
Nessa hipótese, o juiz utilizará os mesmos parâmetros do arbitramento de honorários advocatícios.