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6 de Outubro de 2022

HERANÇA: direito sucessório e alguns pontos relevantes


sobre o tema.

Publicado por Beatriz Sena há 3 horas  392 visualizações

RESUMO

Este artigo expõe uma discussão sobre um assunto bastante relevante:


Herança. Durante nossa vida uma das certezas mais obvias que temos,
além da de pagar tributos, é que um dia iremos morrer e o
questionamento que surge é: para quem e como fica o patrimônio que
construí? Será que somente para meus herdeiros? E se não possuo
herdeiros quem possuirá a detenção de ficar? Como funciona a partilha
da herança? Quando começa a abertura da sucessão? Pode haver a
possibilidade de um terceiro ter direito a uma parcela do patrimônio?
São muitas as indagações e à vista disso a pesquisa que serve de
sustentação para esse artigo possibilita que as dúvidas sobre esse
assunto venham a ser esclarecidas .

Palavras-chave: Herança. Patrimônio. Herdeiros. Sucessão.

INTRODUÇÃO

O artigo apresentado aborda um debate sobre a Herança, analisando,


portanto, os direitos sucessórios que aparecerão com o falecimento de
alguém, melhor dizendo, a sucessão causa mortis. Historicamente, na
Grécia Antiga, Roma por exemplo, era comum o direito sucessório ser
repassado apenas para os homens, pois eles eram vistos como os
responsáveis para cuidar e continuar com o legado deixado.
Entretanto, com a evolução histórica do direito de sucessão, o direito a
herança passou a permitir que os herdeiros fossem tanto homens,
como mulheres, sem diferenciação alguma entre eles, cessando então o
privilégio que era dado aos herdeiros do gênero masculino.
Relacionado ao Brasil, no Código Civil de 1916 podemos mencionar que
o código fazia distinção entre os filhos havidos fora da casamento,
sendo negado a eles qualquer direito sucessório, fazendo com que
somente os filhos que foram concebidos pelo matrimônio desfrutassem
desse direito.

Contudo, com a Constituição Federal Brasileira de 1988 bloqueou-se


essa linha de discurso e compreendeu que ambos os filhos, sejam eles
sucedido de fora ou dentro do casamento dispõem de iguais benefícios.
Em 2002, com o novo Código Civil, foram apresentadas diversas
mudanças no Direito Brasileiro e consequentemente no direito a
herança.

O ponto fundamental desse trabalho é, portanto, demostrar a evolução


do direito de herança, bem como observar quais efeitos que a mesma
afeta na vida dos herdeiros de forma geral, bem como seus requisitos.
Relatar as possíveis complicações e qual o prazo de abertura do
procedimento de inventário.

1. CONTEÚDO DA HERANÇA:

Como determinado no artigo 5º, inciso XXX da Constituição Federal


Brasileira, é garantido ao indivíduo o direito de herança. No que se
corresponde a herança é importante defini-la. A mesma é única e
decorre da morte do titular, conhecido como de cujus e assim seu
patrimônio, suas obrigações e direitos são conduzidos aos seus
herdeiros. Nessa linha de pensamento, Pamplona e Gagliano
conceituam herança simplificadamente como (2017, p. 50):

“[...]Em conceituação simples e precisa, a herança nada mais é do que o


patrimônio deixado pelo falecido. [...]”
A sucessão da herança de acordo com o ordenamento jurídico poderá
ser classificada como legítima ou testamentária. A primeira refere-se
aos herdeiros legítimos (decorre em virtude de lei, sendo essa a regra e
nesse rol de herdeiros destaca-se a espécie de herdeiros necessários).
Já a segunda trata-se de herdeiros testamentários (estabelecido por
meio de testamento e é o ato de última vontade do de cujus).

Diferentemente, se tem a figura do legatário similarmente


(determinado por testamento e destina-se algo específico, coisa certa).
Portanto, pode-se afirmar que herdeiro testamentário e legatário são
coisas distintas.

Em regra é sabido que o conteúdo dessa herança é patrimonial,


econômico, porém não é exclusivo. Na herança há exceções, pois se
desconsidera as relações personalíssimas, como por exemplo os
direitos políticos e as jurídicas que não são patrimoniais, pois entende-
se que existam alguns direitos que não passam aos herdeiros.

Compõe a herança não somente bens imóveis, como exemplificado por


casas, apartamentos como também os móveis como joia, moto, carro,
coleções específicas e toda a gama de relações jurídicas (direitos e
obrigações).

Vale ressaltar que se a pessoa que faleceu for casada e algo que
pertencia ao casal estiver no nome somente do cônjuge sobrevivente
isto também fará composição a partilha de bens. Em contra partida, as
dívidas e obrigações do morto que não forem de caráter
personalíssimas, compõe-se a herança, como previsto no artigo 1.997
caput do Código Civil. Todavia, os encargos superiores às forças da
herança deixados pelo de cujus não irá ser propagado aos herdeiros,
como destaca o artigo 1.792 do Código Civil.

1. NATUREZA JURÍDICA DO DIREITO À SUCESSÃO


ABERTA:
O direito à sucessão aberta é considerado bem imóvel para efeitos
legais, mesmo que a herança seja composta somente de bens móveis.
Assim dispõe o artigo 80, inciso II do Código Civil de 2002:

“Art 80. Consideram-se imóveis para os efeitos legais:

II- o direito à sucessão aberta.”

Desse modo, vale acentuar que o direito à sucessão aberta tem carácter
imobiliário, visto que o objetivo primordial é reproduzir as regras dessa
natureza imobiliária em suas possíveis cessões. Nesse sentido,
argumentam Pablo Gagliano e Rodolfo Pamblona (2017, p. 53 e 54) :

“[...]A atribuição desta natureza a este direito tem o principal escopo de


imprimir formalismo a sua eventual cessão, pois, como se sabe, a
circulação dos bens imóveis dá-se de forma muito mais criteriosa e
solene. Ora, considerando-se que, durante o curso do inventário ou
arrolamento, o herdeiro poderá ceder a sua quota hereditária (seu
direito à herança ou à sucessão aberta) a outro sucessor ou a terceiro,
deverá observar determinadas formalidades, a teor do art. 1.793 do
CC/2002 (sem equivalente específico no CC/1916), estudado
oportunamente 26, como se estivesse realizando a venda ou doação de
um imóvel. Isso porque o direito à herança tem natureza imobiliária,
pouco importando a natureza do bem (ou dos bens) deixado (s), se
móvel ou imóvel. [...]”

1. INDIVISIBILIDADE DA HERANÇA E SUAS


IMPLICAÇÕES:

Conforme citado no artigo 1.791 parágrafo único do Código Civil,


ampara-se o princípio da indivisibilidade da herança, garantindo que
até a partilha os herdeiros tem direito a posse e propriedade da
herança, sendo assim indivisível e único, disciplinada pelas diretrizes
ao condomínio. Os respectivos efeitos se inicia na abertura da sucessão
até a partilha.
“Art 1.791. A herança defere-se como um todo unitário, ainda que
vários sejam os herdeiros.

Parágrafo único. Até a partilha, o direito dos co-herdeiros, quanto à


propriedade e posse da herança, será indivisível, e regula-se- á pelas
normas relativas ao condomínio.”

É apenas com a partilha que se estabelece o quinhão que consistirá a


cada herdeiro. Diante disso, poderá qualquer dos co-herdeiros
reivindicar em face de terceiro sobre a herança.

Segundo Silvio de Salvo Venosa afirma (2013, p.46):

“[...]Como consequência da indivisibilidade, do condomínio dos


coerdeiros, pode qualquer um deles reclamar a herança, no todo ou em
parte, de terceiros. A reivindicação é titulada a qualquer herdeiro. [...]”

1. DA CESSÃO DE DIREITOS HEREDITÁRIOS E SEUS


REQUISITOS:

De acordo com Carlos Roberto Gonçalves, entende-se por cessão de


direitos hereditários (2017, p. 53):

“[...]Pode-se dizer, assim, que a cessão de direitos hereditários, gratuita


ou onerosa, consiste na transferência que o herdeiro, legítimo ou
testamentário, faz a outrem de todo quinhão ou de parte dele, que lhe
compete após a abertura da sucessão. Sendo gratuita, a aludida cessão
equipara-se à doação; e à compra e venda, se realizada onerosamente.
[...]”

Esta cessão deve ser feita através de escritura pública e não sendo
realizado por intermédio disso, o negócio jurídico torna-se nulo.

Sobre este assunto no Código Civil de 1916 não havia amparo legal.
Contudo, na codificação de 2002 este conteúdo passou a abordado e
previsto no artigo 1.793 do Código Civil.
“Art 1.793. O direito à sucessão aberta, bem como o quinhão de que
disponha o coerdeiro, pode ser objeto de cessão por escritura pública.”

Disposto em § 1º deste artigo verifica-se que não se abrange pela cessão


de direitos hereditários já realizada anteriormente, os direitos que
forem conferidos aos herdeiros seja por circunstâncias de substituição
ou de direito de acrescer. Empós, como consta que a herança é única,
os seus herdeiros podem até ceder por inteiro ou uma parte dela,
porém jamais poderiam efetuar uma cessão de bens separados, pois até
que se realize a partilha todo bem equivale ao montante e todos
possuem domínio, como destaca-se nos § 2º e 3º deste mesmo artigo.

É importante destacar que o herdeiro que quiser ceder sua parte deve
primeiramente oferecer aos outros co-herdeiros da partilha antes de
ofertar a uma pessoa estranha, pois se tem o direito de preferência. Se
ocorrer a cessão sem que haja a notificação para os demais herdeiros,
poderá, se depositando o preço que foi pago, haver a quota cedida a
estranho no prazo de 180 dias, contados da data da transmissão. Por
fim, se houver vários herdeiros que pretendem exercer o direito de
preferência, serão distribuídos entre eles as quotas hereditárias de
modo proporcional.

1. PRAZO PARA ABERTURA DO INVENTÁRIO:

No inventário é realizado uma listagem no patrimônio que tenha sido


deixado após o falecimento da pessoa e a partir disso se inicia o
procedimento da partilha entre os herdeiros do de cujus.

Anteriormente, no Código Civil Brasileiro de 2002 era previsto no seu


artigo 1.796 que o prazo para abertura do inventário era de 30 dias.

“Art 1.796. No prazo de trinta dias, a contar da abertura da sucessão,


instaurar-se-á inventário do patrimônio hereditário, perante o juízo
competente no lugar da sucessão, para fins de liquidação e, quando for
o caso, de partilha da herança.”
Entretanto, com a entrada do Novo Código de Processo Civil de 2015
em seu artigo 611 o prazo passou a ser de 2 (dois) meses, revogando o
artigo 1.796 do CC e prevalecendo a lei mais recente.

“Art 611. O processo de inventário e de partilha deve ser instaurado


dentro de 2 (dois) meses, a contar da abertura da sucessão, ultimando-
se nos 12 (doze) meses subsequentes, podendo o juiz prorrogar esses
prazos, de ofício ou a requerimento de parte.”

Vale destacar que se o encarregado para a abertura do inventário se


manter estático, pode um terceiro que tiver interesse na partilha da
herança, bem como possuir legitimidade para isso, atuar para tal
abertura.

CONCLUSÃO:

Conforme foi exposto, na Constituição Federal Brasileira se constata a


herança como um direito fundamental, sendo assim protegido pela
mesma em seu artigo 5º . O avanço que ocorreu no Código Civil
Brasileiro de 2002 relacionados a herança são incontestável, como por
exemplo o assunto relacionado a cessão de direitos hereditários que
antes, no código de 1976, não havia previsão legal e somente na
codificação de 2002 foi-se manifestado o assunto.

O direito de herança é uma questão em que todos iremos vivenciar,


pois é em decorrência do falecimento de alguém e como é sabido a
morte é a coisa mais certa que temos na vida e o que fica de
questionamento é qual o tipo de sucessão que será aplicado, quem são
os herdeiros desta herança deixada.

São inúmeras as questões com as quais nos deparemos sobre esta


temática, e portanto, destaca-se que o presente trabalho tem uma
importância significativa no âmbito jurídico brasileiro, principalmente
por se tratar de um fator tão importante que é a herança.

REFERÊNCIAS:
Gagliano, Pablo Pamplona Novo curso de direito civil, volume 7 :
direito das sucessões/ Pablo Stolze Gagliano, Rodolfo Pamplona Filho.
– 4. ed.- São Paulo: Saraiva 2017.

GONÇALVES, Carlos Roberto Direito civil brasileiro, volume 7 : direito


das sucessões/ Carlos Roberto Gonçalves. – 11. ed. – São Paulo :
Saraiva, 2017.

https://trilhante.com.br/curso/nocoes-gerais-de-direito-das-
sucessoes/aula/herancaesua-administracao-2

https://www.direitocom.com/código-civil-comentado/artigo-1796

https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10607841/artigo-1791-da-
lein10406-de-10-de-janeiro-de-2002/

https://www.jusbrasil.com.br/topicos/28891128/artigo-611-da-
lein13105-de-16-de-marco-de-2015/artigos/

VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil, volume 7: direito das


sucessões/ Silvio de Salvo Venosa- 13º ed.- São Paulo: Atlas S.A 2013.

Disponível em: https://beatrizsena70500352.jusbrasil.com.br/artigos/1657568403/heranca-


direito-sucessorio-e-alguns-pontos-relevantes-sobre-o-tema

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