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Introdução
A Constituição Cidadã, conforme fora alcunhada por Ulysses Guimarães[1], inseriu como
garantia constitucional fundamental o direito à propriedade que deverá atender à função
social e o dispositivo sobre a herança, inclusive sobre a utilização, publicação e reprodução
de obras.
A sucessão de bens estrangeiros, desde que situados no Brasil, continua sendo regulada
pela lei brasileira, em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes
seja mais favorável a lei pessoal do de cujus[2].
Informa o artigo 1.784 do Código Civil Brasileiro que a abertura da sucessão gera a
imediata transmissão da herança aos herdeiros. Porém, como o patrimônio[3] representa
uma universalidade, há necessidade de que seja declarado e partilhado, para que cada
herdeiro possa individualizar o quinhão que lhe cabe.
Denomina-se, pois, inventário a ação que tem por fim a verificação e a distribuição de bens
integrantes do patrimônio da pessoa falecida, distribuindo-se entre aqueles que possuem
direito sucessório.
Por isso, só é cabível a ação de inventário quando há patrimônio a partilhar. Por força de
construção jurisprudencial, quando se admite até o inventário negativo, situação que,
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Quando a sucessão, herança e patrimônio. Quando a sucessão é fundada por lei mediante o
fato jurídico morte, também é chamada de causa mortis.
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Podendo ser sucessão universal quando se refere a toda herança ou parte dela, como
universalidade, ou ainda, pode ser sucessão singular mediante testamento e que visa bens
particulares chamados de legados[8].
Não se pode olvidar de reconhecer a sucessão universal por causa da morte no direito
hereditário e, também por ato inter vivos, no direito empresarial, quando se transfere o
patrimônio de uma sociedade empresária para a outra, como se dá em caso de fusão,
incorporação, cisão ou transformação e, também, no caso de aquisição de todo o patrimônio
social[9].
A sucessão por causa da morte pode ocorrer por disposição de última vontade ou por
disposição da lei. E, por força do droit de saisine[10] dá-se a imediata transmissão da
herança, desde logo, aos herdeiros e sucessores em geral.
Em todo caso, destacam-se três fatos jurídicos, a saber: a) o fato jurídico da morte, aliás,
sem esta, não s pode nem cogitar em sucessão hereditária. O que confirma a regra que
afirma que não existe herança de pessoa viva; b) o fato jurídico da herança; c) a existência
de herdeiros legítimos ou testamentários.
A respeito sobre o exato sentido que se deve dar à palavra “herança” há grande discussão
na jurisprudência pátria. Pois há os que entendam como abrangendo o patrimônio do de
cujus e a cota do herdeiro e, ainda, há outros que não consideram como quinhão de cada
herdeiro.
Ao se ultimar a partilha, destinada cada quinhão para cada herdeiro ou parte de cada
herdeiro, não mais se cogita em herança, mas, sim simplesmente de parte que foi desta e
passou a integrar o patrimônio do herdeiro.
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Há, portanto, que se distinguir, a saber: a) universalidade, como um todo, a que se deve
por equiparação legal, dar tratamento correspondente a um imóvel; b) quota indivisa de
cada herdeiro, parcela ou fração ideal da universalidade; c) quinhão ou fração já partilhado
de cada herdeiro, cuja composição já se conhece, podendo ser homogênea ou heterogênea,
como um só tipo de bens, como por exemplo, imóveis ou vários.
Todo acervo, tanto ativo como passivo é transferido aos herdeiros, no exato momento da
morte. Então, o herdeiro se sub-roga, no que diz respeito à posse da herança, na mesma
situação que o finado desfrutava, é exceção do legatário que recebera a posse apenas após
partilha.
Uma vez realizado o inventário por escritura pública lavrada por tabelião constitui um título
hábil, para fins de registro, e, não somente registro imobiliário podendo, inclusive, ser
usada para levantamento de valores depositados em instituições financeiras.
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Lembrando que a dita escritura pública representa título executivo extrajudicial, podendo
ser utilizado para fins de uma execução forçada, em casos, por exemplo, de um dos
herdeiros não observar a divisão homologada.
Nos casos em que os herdeiros capazes e acordes, mas não queiram o procedimento
extrajudicial, o procedimento adequado será o arrolamento que é uma espécie de
procedimento simplificado e, consequentemente mais célere do inventário.
Deve-se atentar para possível multa na apuração do ITCMD[16] que poderá ser imposta por
órgão fazendário em desfavor do espólio.
Convém lembrar da Súmula 542 do STF que informa que não é inconstitucional, a multa
instituída pelo Estado-membro, como sanção pelo retardamento do início ou da ultimação
do inventário.
Qualquer outra questão mais complexa ou decisão que dependa de outra produção de
prova, deverá ser resolvida através de ação autônoma. É o caso, por exemplo, quando se
dependa de prova pericial, como exame de DNA, quando a parte interessada deverá ajuizar
um procedimento ordinário específico.
Apesar dos bens se encontrarem sob sua posse (administrador provisório) quando da
abertura da sucessão, nem estes e nem os respectivos frutos lhe pertencem, sendo o
patrimônio divido somente na conclusão do inventário.
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A legitimidade para abertura de inventário não é exclusiva, mas sim, concorrente, tratando
de um rol aberto (apertus clausus), uma vez que qualquer dos legitimados, elencados no
artigo 616 do CPC/2015 poderá requerer a instauração dos referidos processos, inclusive o
próprio administrador provisório.
A não observância do prazo de abertura de inventário poderá fazer com que este seja
instaurado de ofício com a nomeação até mesmo de inventariante dativo.
Aliás, o inventariante dativo faz jus a remuneração pelos serviços prestados, que será
arbitrada, por analogia, de acordo com o artigo 1.987 do Código Civil, que trata da
vintena[18] do testamenteiro.
Alerta-se que só podem exercer esse múnus as pessoas capazes plenamente e que não
tenham de algum modo, interessantes conflitantes com os do espólio.
Afinal, o inventariante é mesmo uma figura central no processo de inventário, razão pela
qual sua nomeação deve ser norteada pela idoneidade do nomeado, por aquele que melhor
represente os interesses do espólio e do regular desenvolvimento do processo, considerando
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ainda o grau de litigiosidade existente entre os herdeiros, bem como a natureza dos bens
inventariados.
A legitimação para promover o inventário (artigos 615 e 616 do CPC) não se confunde com
a de exercer a inventariança. A nomeação do inventariante encontra-se vinculada à ordem
legal de preferência estipulada no artigo 617 do CPC.
Considerando-se que herdeiros menores não podem ser nomeados inventariantes, por
faltar-lhe aptidão e discernimento para o exercício da função, o CPC de 2015 diferentemente
do previsto no Código Buzaid (1973) garante a nomeação de menor por intermédio de seu
representante legal.
Inovou também o Código Fux ao reconhecer que o direito à sucessão aberta, como qualquer
direito patrimonial de conteúdo econômico pode ser transferido por meio de cessão (art.
1.793 a 1.795 do Código Civil brasileiro) ficando o cessionário sub-rogado em todos os
direitos e obrigações do cedente, consequentemente, o cessionário do herdeiro ou legatário
passa a possuir interesse e legitimidade para a inventariança.
Na falta ou impedimento das pessoas com direito à inventariança, o juiz nomeará pessoa
estranha idônea, para servir como inventariante dativo que assume os direitos e os deveres
da inventariança, mas nos termos do primeiro parágrafo do artigo 75 do CPC, não é
representante do espólio em juízo.
Jurisprudência: STJ REsp 105 5633/SP (caráter não absoluto do artigo 990 do CPC/1973)
Convicção do Juízo: STF-RTJ 89/895; RTJESP 55/172 (regime de separação de bens e
inventariança); TJSP Agr. 003 78513490-0 (companheira do de cujus; nomeação como
inventariante).
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Dada a relevância dos bens jurídicos envolvidos, opta-se por atribuir tal tarefa ao órgão
judicial. Enfim, refere-se àquele que a velha doutrina chamava de administração judicial de
interesses privados, o que não significa que não fosse uma atuação jurisdicional.
A referida regra fora mantida pelo Código Fux no artigo 612 com a seguinte redação: O juiz
decidirá todas as questões de direito desde que os fatos relevantes estejam provados por
documento só remetendo para as vias ordinárias as questões que dependerem de outras
provas.
Jurisprudência:
Recurso Especial 1.438.576-SP (2014/0040272-1) Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva.
Recorrente: Rápido 900 de Transportes Rodoviários Ltda. Recorrido Jayme Gonçalves
Brandão Filho – Espólio
EMENTA
Cabe ao órgão judicante, destinatário das provas, acolher ou refutar o conjunto probatório
delineado pelas partes e produzido pelos auxiliares da justiça – como, no caso, o perito -,
em decisão necessariamente motivada, como fez o aresto combatido.
4. O êxito da pretensão recursal depende tanto de se infirmar a certeza que ora se extrai
dos autos acerca da adequação e regularidade das provas periciais quanto de rever as
conclusões de ambas as instâncias de cognição plena pela sua validade. Incidência da
Súmula nº 7/STJ.
5. A mera inversão da ordem procedimental – qual seja, o julgamento da apelação antes de
apreciado o agravo retido interposto -, por si só, não conduz à nulidade do julgamento.
Para tanto, é necessário que seja demonstrado e comprovado que a parte sofreu
prejuízo, o que não ocorreu no presente caso.
6. As instâncias ordinárias afastaram corretamente a existência de enriquecimento sem
causa dos ora recorridos, o que atrai o óbice da Súmula nº 7/STJ.
7. A distribuição da apuração de haveres ao Juízo pelo qual se processou o inventário não
ofende nenhuma norma de direito federal.
Portanto, a “remessa aos meios ordinários” significa, essencialmente, que o juiz deve
processar o incidente pelos meios ordinários, em apartado dos autos do
inventário (grifo meu).
9. O fato de a lei prescrever que o juiz determine a apuração de haveres não exclui do
herdeiro o seu direito subjetivo público de ação, a quem remanesce a faculdade de
propô-la de forma autônoma, conforme foi feito no presente caso.
O inventariante
O critério de escolha do inventariante feito pelo juiz originalmente era previsto no artigo 990
do CPC/1973 que apontava para uma ordem legal de preferência, em que, como
normalmente ocorre em se tratando de direito sucessório, uma classe sucessória exclui a
outra, por exemplo, o cônjuge ou companheiro(a) sobrevivente, desde que casado sob o
regime de comunhão de total ou parcial de bens e que tivesse convivendo efetivamente com
o falecido quando de sua morte (pois, se estiver afastada, dá-se a hipótese de separação de
fato, o que põe fim a vigência do regime matrimonial de bens), o herdeiro que tiver na
posse e administração de bens desde que não haja cônjuge ou companheiro sobrevivente
desde que convivendo com o falecido ou não possa ser nomeado, qualquer outro herdeiro,
ainda que não encartável na hipótese anterior; se nenhum herdeiro se encontrava
administrando o espólio; o testamenteiro, se existente; o inventariante judicial, que é
espécie de auxiliar da justiça e, em última hipótese e, sempre na ausência dos anteriores,
mesmo uma pessoa estranha ao espólio desde que idônea reconhecida pelo juiz.
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Essa ordem de nomeação não implica no exercício de poder discricionário[20] pelo juiz, pois
deve ser obedecida e somente cabível a nomeação de uma classe de herdeiro, se for
impossível a precedente.
Desta forma, ainda que o herdeiro tenha requerido o inventário pedindo a nomeação para a
inventariança, o juiz indeferirá o pedido, se houver cônjuge sobrevivente, nas condições
descritas na lei processual vigente.
As funções inerentes à inventariança devem ser exercidas com zelo, dedicação e com
honestidade e, eficiência.
Afinal, o inventariante atua como gestor de coisas alheias, sendo que sua atuação no
processo de inventário se limita aos atos compatíveis com os de simples administração.
Com tais finais declarações, o inventariante retrata a situação definitiva da herança a ser
partilhada aos sucessores.
A eventual sonegação patrimonial, intentada pelo inventariante que só pode ser realizada
após a apresentação das últimas declarações, quando o rol patrimonial deve ser descrito de
forma completa (art. 1.996 CC).
Como gestor de coisas alheias naturalmente tem o dever de prestação de contas que devem
ser realizadas em apenso aos autos de inventário (vide artigo 550 do CPC/2015).
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Existem ainda outras atribuições típicas do inventariante conforme previstas no artigo 619
CPC, com referências aos aspectos econômicos que envolvem a relação sucessória.
Diferenciam pela natureza, mas por precisarem de autorização judicial. Mesmo que todos os
interessados[23] sejam maiores e capazes e tenham concordado com determinada medida
a ser implementada pelo inventariante, sem autorização judicial o ato não pode ser
praticado.
Apenas por uma ficção legal a morte do titular do patrimônio, a abertura da sucessão e a
transmissão da herança, aos herdeiros ocorrem em um só momento.
O artigo 1.791 do Código Civil reafirma ideias fundamentais do direito sucessório brasileiro,
a saber: 1. A devolução unitária da herança aos herdeiros; 2. A noção de indivisibilidade do
monte hereditário no momento da abertura da sucessão até a partilha final.
Entre essas modalidades, está a que deriva das uniões estáveis, seja a convencional, seja a
homoafetiva. Frisou que, após a vigência da Constituição de 1988, duas leis ordinárias
equipararam os regimes jurídicos sucessórios do casamento e da união estável (Lei
8.971/1994 e Lei 9.278/1996).
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A tese final firmada, para os devidos fins de repercussão geral, foi aquela conhecida desde o
ano passado: “no sistema constitucional vigente, é inconstitucional a diferenciação de
regimes sucessórios entre cônjuges e companheiros, devendo ser aplicado, em ambos os
casos, o regime estabelecido no artigo 1.829 do Código Civil”.
As despesas e dívidas devidamente comprovadas, nos exatos termos dos artigos 1.997 e
1.998 e do art. 640 do CPC que deverão ser quitadas mediante autorização judicial.
O principal objetivo das primeiras declarações é justamente garantir ao juiz assim como
para os interessados a questão sucessória e a delimitação sucessória e patrimonial.
O CPC de 2015 exige informações mais claras e precisas e a identificação dos herdeiros
deve ser o mais completa e precisa que possível, contendo vários dados, tais como o
endereço eletrônico, fatos pessoais do cônjuge ou companheiro do de cujus.
Lembremos que o sistema registral brasileiro até dezembro de 1975 era disciplinado pelo
Decreto 4.857/1939. E, em 01.01.1976 entrou em vigor a Lei 6.015/1973 que revogou o
decreto anterior definindo Registro de Imóveis, além da matrícula e, serão realizados os
atos de averbação e de registro, conforme o artigo 167 da citada lei.
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A sonegação dos bens do inventário constitui infração que pode ser praticada pelo
inventariante, quando omite intencionalmente, de forma nitidamente dolosa, bens ou
valores, afirmando não existirem outros bens a inventariar.
É curial perceber que a referida enumeração não é exaustiva quanto a remoção, não
podendo decidir discricionariamente, deve-se ater as causas de deslealdade, improbidade
sejam arguidas para a remoção do inventariante.
A decisão que nomeia inventariante, por ser tipicamente interlocutória, desafio recurso de
agravo de instrumento´. Caberá mesma espécie de recurso quanto à decisão que destitui o
inventariante, apesar do processo ser em apenso (artigo 623, parágrafo único do CPC).
Uma vez que constatadas irregularidades na inventariança pode o juízo orfanológico seja de
ofício ou a requerimento promover a remoção do inventariante desde que em fundamentada
decisão, indicando de forma precisa as circunstâncias que o levaram a tanto, indicando,
inclusive quais dos incisos do artigo 622 do CPC, foram aplicadas ao caso concreto.
Também deve obedecer aos termos do artigo 623 do CPC, ordenando a intimação[27] do
inventariante para que, no prazo da lei, quinze dias, oferecer a defesa e indicar quais as
provas que pretende produzir.
Tendo o anterior inventariante sido removido do encargo, não há motivos que justifiquem a
permanência dos bens componentes do espólio sob sua gestão uma vez que deverão ser
administrados pelo novo inventariante nomeado.
O legislador estipulou multa por desídia na entrega de bens do espólio. A multa se constitui
como ferramenta ou auxílio à ordem judicial, conforme deve ser observado no artigo 625 do
CPC.
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Importante sublinhar que a decisão que nomear inventariante, tal como a que o destitui é
interlocutória, sendo passível de ser impugnada por agravo de instrumento.
O inventariante pode ser removido se sua administração conflitar com o objetivo de zelar
pelo espólio (artigo 995 do CPC/1973 correspondente ao artigo 622 do CPC/2015).
A remoção do inventariante que pode ser requerida tanto por qualquer interessado (o
cônjuge supérstite, o herdeiro, o credor do espólio e a Fazenda Pública) bem como pelo
Ministério Público, formará um incidente, que se processa em apenso (art. 623 CPC/2015)
dando o prazo de cinco dias úteis para o inventariante se defender e produzir provas (vide o
artigo 623 do CPC/2015), decidindo o juiz em seguida.
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Dispõe o artigo 611 do CPC/2015 que o prazo para instauração do processo de inventário é
alterado de sessenta dias para dois meses, contados da abertura da sucessão e, ultimado
nos doze meses subsequentes.
Porém, como a norma não impõe sanção para o desrespeito, tratando, pois, de prazos
impróprios. Dificilmente tais prazos não são respeitados. O artigo 611 CPC/2015 prevê que
o juiz prorrogue de ofício ou a requerimento das partes[28].
Porém, a regra de contagem de prazos em dias não incide para os prazos estipulados em
meses e anos. E, para esses, utiliza-se a regra prevista no artigo 132, §3º do CPC/20155
que determina a apuração com base no período, devendo o prazo se encerrar no dia
correspondente ao início[30].
Vejamos que um prazo estipulado em trinta dias não teria a mesma duração que ao prazo
de um mês. O prazo em dias contar-se-á em dias úteis enquanto que o prazo de um mês
contar-se-á de forma contínua. De sorte que o prazo disposto em dias úteis será maior do
que propriamente o prazo disposto em meses.
Dias úteis são os que excluem os feriados locais, estaduais, municipais instituídos por lei
para efeito forense, também se excluem os sábados e domingos e, ainda os dias em que
não houver o expediente[31] na respectiva unidade judiciária (artigo 216 do CPC)[32].
Esta, por sua vez, corresponde ao primeiro dia útil, seguinte da disponibilização da
informação no Diário da Justiça eletrônico (art. 227, §2º CPC) disponibilizado em sítio da
rede mundial de computadores. Em síntese, se determinada informação foi disponibilizada
na rede em 11.06.2018, considerar-se-á a data da publicação o dia 12.06.2018 e o prazo,
por via de consequência, será contado a partir de 13.06.2018.
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A publicação eletrônica substitui qualquer outro meio de publicação oficial e para quaisquer
efeitos legais, à exceção dos casos que, por lei, exigem a intimação ou a vista pessoal.
Ressalta-se que essa consulta deverá ser feita em até dez dias corridos contados da data do
envio da intimação[33] ao portal, sob pena de considerá-la automaticamente realizada na
data do término desse prazo.
Novidade trazida pelo CPC de 2015 apesar de já sustentado pela doutrina e que se coaduna
com o modelo de processo que se busca implementar no Brasil, sendo pautado pela
observância dos direitos e das garantias constitucionais, a citação dos sucessores deverá ser
feita preferencialmente de forma pessoal, através do correio ou comunicação de atos
processuais por edital (somente realizável quando não for possível se proceder com a
citação real) e, uma vez configurada uma das situações previstas no artigo 256 do CPC.
Antes da referida citação, deve haver a intimação da Fazenda Pública e, caso haja interesse
de incapaz ou de ausente, também deverá haver a intimação do Ministério Público.
Percebe-se que se trata de intimação conforme o artigo 683 do CPC e nem o Ministério
Público e nem a Fazenda Pública não são partes no processo de inventário ou partilha.
Com a juntada aos autos do último aviso de recebimento ou mandado citatório, ou depois
do prazo estabelecido em edital de citação, ou depois de efetivadas intimações da Fazenda
Pública e do testamenteiro.
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No CPC anterior o prazo era de dez dias e, agora, doravante passou a ser de quinze dias. Do
mesmo modo que ocorre, por exemplo, na oposição artigo 683, parágrafo único do CPC, não
tem aplicação a regra do artigo 229 do mesmo diploma legal que prevê a contagem em
dobro do prazo quando os litisconsortes tiverem diferentes procuradores, de escritórios
distintos.
O prazo comum de quinze dias é aplicável inclusive à Fazenda Pública, que não possui
nenhum benefício legal no tocante aos seus prazos processuais, diferentemente do CPC
revogado.
Existe o erro quando o inventariante faz a descrição do bem não correspondente às suas
reais especificações. Por sua vez, há omissão quando se deixa de mencionar a existência de
despesa ou de receita do espólio.
A sonegação pelo inventariante pode ocorrer quando dolosa ou culposamente não relaciona
o bem integrante do espólio; dolosa ou culposamente não traz à colação bem doado pelo de
cujus a herdeiro, que não ele; dolosamente (elemento subjetivo aqui presente in re ipsa)
não traz a colação bem doado pelo de cujus para si, enquanto herdeiro.
Só pode ser imputada a sonegação nas duas primeiras hipóteses depois de verificadas as
condições fixadas no artigo 636 no artigo 1.996 CC/2002; e, por conseguinte, a propositura
de ausência de interesse processual (STJ, REsp 265 859/SP).
Portanto, o inventariante enquanto herdeiro pode ter recebido doação do de cujus, quando
este se encontrava em vida, em relação ao bem deverá colacionar.
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O interessado pode, com base nesse inciso, questionar a prática de sonegação pelo
herdeiro-inventariante, a respeito do que o juiz decide incidentalmente no processo,
observando o disposto no artigo 641 do CPC, para fins de remoção do inventariante.
A insurgência contra a nomeação do inventariante a que se refere o inciso II tem por base
envolvendo a qualidade de herdeiro, o que torna ilegítima sua escolha.
Havendo a necessidade de provas orais, devem as partes serem remetidas para as vias
ordinárias determinando o juiz, o sobrestamento, até o trânsito em julgado da decisão que
apreciar a matéria, da entrega do quinhão que na partilha caberia ao herdeiro cuja
qualidade foi questionada.
Devem ser citados, no processo de inventário, como herdeiros e legatários e, como cônjuge
ou companheiro supérstite, aqueles como tais indicados pelo inventariante na petição de
primeiras declarações.
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Pode ocorrer que o suposto interessado se reputar preterido ao não ser arrolado como
herdeiro, legatário, cônjuge ou companheiro, podendo então pretender a habilitação no
inventário.
Nada obsta que aquele que se diz pretérito, ao invés de requerer sua admissão no processo
de inventário, promova desde logo, em ação própria, perante o juízo cível competente, a
tutela de seu pretenso direito.
As partes são intimadas para que se manifestem em quinze dias, sobre o requerimento, não
se aplica, pois, a regra do art. 229 do CPC referente ao prazo em dobro para os
litisconsortes com advogados distintos[37].
Quando a questão for remetida para as vias ordinárias, o juiz, de ofício, com base em seu
poder geral de cautela, determina a reserva do quinhão do suposto preterido, o qual fica em
poder do inventariante enquanto pender o litígio em torno da matéria.
Quando a Fazenda é intimada dos termos da petição das primeiras declarações, para esta
também corre o prazo de quinze dias do artigo 627 do CPC, no qual poderá apresentar
impugnação, contestando o conteúdo das primeiras declarações, ainda que as matérias por
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si passíveis de arguição tenham âmbito mais restrito, ficando circunscrita àquelas que
possam atingir diretamente seu interesse arrecadatório fiscal.
Quando não for caso de impugnar as primeiras declarações, limita-se a Fazenda, no prazo
de quinze dias subsequente ao término do prazo do artigo 627 do CPC, a informar o valor
dos bens imóveis constantes no espólio, levando em conta para tanto, as informações
contidas em cadastro imobiliário.
O prazo de que cuida o artigo 629 do CPC que não é preclusivo, de modo que a Fazenda
Pública não fica impedida de apresentar a informação posteriormente.
A avaliação dos bens do espólio, ao mesmo tempo que a possibilita a determinação do valor
do monte hereditário, viabilizando aos herdeiros a formulação de seus pedidos de quinhão
de maneira mais equânime que possível, tornando concreta ao menos em parte a regra
contida no artigo 648, I do CPC.
Ademais, serve de parâmetro para outras tantas deliberações que eventualmente o juiz
deve tomar no curso do processo de inventário, entre as quais pode ser lembrada a redução
do legado (artigo 645, III do CPC), à limitação dos bens objeto de testamento à parte
disponível do testador.
Enquanto que a prova pericial que é a avaliação (artigo 464 do CPC) que também fica
sujeita às regras que cuidam da matéria entre as quais o impedimento do perito ou
suspeição do perito/avaliador bem como sua substituição (artigo 468, I e II do CPC).
A princípio, o encargo da avaliação fica por conta de servidor concursado, ocupante desse
cargo, inclusive oficial de justiça, nos termos do artigo 154, V do CPC.
Não existindo na comarca quem exerça tal função, deverá o juiz nomear o perito de sua
confiança. Há a possibilidade de usar a regra contida no artigo 471 do CPC atinente à
escolha do perito pelas partes, desde que observados os pressupostos previstos em lei.
A avaliação dos bens do espólio por perito nomeado pelo juiz não é obrigatória. Se não
houver perito e todas as partes forem capazes, sem haver impugnação das partes quanto
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Também não é necessária a avaliação mediante laudo recente feito pelo próprio Estado.
Mas, a avaliação será inexorável quando existir ausente ou incapaz, ou houver
incompatibilidade entre os valores constantes nas primeiras declarações e aqueles indicados
pela Fazenda em sua manifestação; a Fazenda, mesmo sem ter se manifestado no prazo do
artigo 629 do CPC, o qual, não é preclusivo requerer a avaliação; qualquer outro
interessado manifestar a discordância em relação ao valor constante das primeiras
declarações.
Ao se referir às prescrições contidas nos artigos 872 e 873 do CPC, o artigo 631 do CPC
basicamente aponta para o modo de ser do laudo de avaliação e, para a possibilidade de ser
realizada uma segunda avaliação.
Quando o imóvel for suscetível de divisão, naturalmente que sem prejuízo da avaliação do
bem em seu todo considerado sem se descuidar dos princípios de prevenção de litígios
futuros e de máxima comodidade dos coerdeiros e do cônjuge ou companheiro sobrevivente
(artigo 648, II e III do CPC).
Os bens do inventário que estejam situados em comarca diversa daquela em que tramita o
processo de inventário, devem ser avaliados, naturalmente, por carta precatória. A regra é a
da realização da avaliação. Contudo, devido ao alto custo e da demora que gera a
tramitação de carta precatória.
O critério para que o bem seja considerado de “pequeno valor” não deve considerar o
quanto o valor do bem representa, e sim, proporcionalmente ao montante patrimonial do
espólio. Assim, deve ser considerado o custo-benefício entre o valor aproximado que se
espera ser atribuído ao bem e a despesa para que proceda a carta precatória.
Decorrido o prazo para manifestação das partes sore as primeiras declarações, previsto no
artigo 627 do CPC, a Fazenda é intimada para informar, quinze dias, sobre o valor dos bens
imóveis descritos nas primeiras declarações (artigo 629 CPC). Havendo concordância de
expressa da Fazenda, com os valores já indicados na petição de primeiras declarações,
conjugada com a concordância de todas as partes, desde que capazes, no tocante aos
mesmos bens, fica dispensada a realização da avaliação.
Com o transcurso temporal do prazo para a manifestação expressa da Fazenda, seja para
concordar com os valores, ou para indicar que os valores se reputam corretos, poderá o
inventariante requerer a dispensa da avaliação, desde que haja o consentimento, de toas as
partes, que, ademais, deverão ser capazes.
A Fazenda deve ser intimada perante o órgão de Advocacia Pública responsável por sua
representação, conforme prevê o artigo 269, §3º CPC. Ademais, tem-se estabelecido que à
Advocacia Pública é aplicável a regra constante no artigo 246, §1º (art. 270, parágrafo
único do CPC).
O artigo 246, § 1º do CPC, de sua feita, prescreve que as citações e intimações devam ser
realizadas preferencialmente por meio eletrônico. Enquanto que o artigo 633 do CPC
estabelece que a intimação da Fazenda deverá ser feita pessoalmente, a regra cede passo
quando o processo tramitar por meio eletrônico, quando, então, se aplicam as disposições
gerais sobre citação e intimação.
O artigo 634 do CPC cuida de situação inversa da prevista no artigo 633 do mesmo diploma
legal. Se for dispensada a avaliação quando a Fazenda Pública manifestou sua concordância
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com o valor apontado nas primeiras declarações, aqui, fica dispensada quando as partes
concordam expressamente com o valor dos bens declarado pela Fazenda, e quando
chamada a se manifestar nos autos.
Ou seja, intimada segundo os termos do artigo 629 do CPC, a Fazenda comparece aos autos
para declarar os valores de bens imóveis que reputa corretos e, as partes manifestam
concordância com os valores por esta apresentados.
O dispositivo não exige, frise-se, que todas as partes sejam capazes. Portanto, mesmo
havendo incapaz, desde que haja manifestação favorável do Ministério Público, dispensa-se
a avaliação diante da concordância de todos. A regra em fim prestigia o princípio da
economia processual, tratando-se de outro caso de negócio jurídico processual típico, que
harmoniza a vontade das partes do espólio, expressada por seu inventariante e da Fazenda
Pública.
Percebe-se que o conteúdo da impugnação pode ser variado, desde sobre o valor atribuído
no laudo a determinado bem, a falha, incorreções, ou omissões no seu conteúdo, até a
existência de vício de vontade (erro, dolo ou coação) imputado ao perito.
No caso de impugnação versar sobre o valor atribuído ao bem, o juiz decide de plano, sem
prejuízo de antes ouvir o perito bem como os demais interessados sobre o conteúdo da
impugnação.
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Cumpre observar que o pronunciamento que julga a impugnação tem natureza de decisão
interlocutória, impugnável através de agravo de instrumento.
Não há estabelecido no CPC vigente um prazo para sua apresentação, que fica, então a
critério do juiz no caso concreto. Pode-se, por analogia, aplicar o prazo de vinte dias,
previsto no artigo 620 do CPC que é previsto para apresentação das primeiras declarações.
A partir das últimas declarações, pode ser imputada a prática de sonegação, diante da
alegação de omissão ou declaração de bens integrantes do espólio.
O Ministério Público, se estiver intervindo no feito, deve ser intimado depois de decorrido
quinze dias para a manifestação das partes e da Fazenda Pública. Pode haver impugnação
às últimas declarações, como também quanto as retificações feitas, sob o fundamento que
são indevidas.
Sobre a temática convém ler os enunciados das súmulas do STF, a saber: 112 – O
impostode transmissão causa mortis é devido pela alíquota vigente ao tempo da abertura da
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É também através dessa decisão que o juiz se pronuncia sobre eventual isenção tributária,
não obstante o artigo 179 do CTN atribuir a competência administrativa à autoridade fiscal
para tanto.
Sendo que o imposto quando a decisão o reconhece, só é devido a partir de seu trânsito em
julgado.
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A colação é habitualmente definida como sendo uma conferência de bens da herança com
outros bens transferidos pelo de cujus, ainda em vida, aos seus descendentes, promovendo
o retorno ao monte hereditário, para realização de equitativa apuração das cotas
hereditárias dos sucessores legitimários.
O conceito de colação pode ser extraído do artigo 2.002 do CC. In litteris: “Os descendentes
que concorrerem à sucessão do ascendente comum são obrigados, para igualar as
legítimas, a conferir o valor das doações que dele em vida receberam, sob pena de
sonegação”.
“Parágrafo único. Para cálculo da legítima, o valor dos bens conferidos será computado na
parte indisponível, sem aumentar a disponível”.
Segundo Eduardo Oliveira Leite, o vigente Código Civil brasileiro adota o sistema de colação
real; “em nosso direito a colação real em substância é a regra, constituindo exceção a
colação ideal (trazer à colação o seu valor), que apenas ocorre quando os donatários já não
mais possuírem os bens doados.E, no mesmo sentido, Arnaldo Rizzardo, Fernando Tartuce e
José Fernando Simão. Já no sentido contrário, opina Zeno Veloso que comenta que o
parágrafo único do artigo 639 do CPC reabre a discussão sobre o valor do bem que deve vir
a ser colacionado, se o da data da liberalidade ou a data da abertura da sucessão.
O CPC de 1973 previa regra diferente, revogando o disposto do Código Civil brasileiro de
1916, determinando, no parágrafo único do artigo 1.014, que o valor do bem a ser
considerado na colação deveria ser o da data da abertura da sucessão.
O vigente Código Civil brasileiro em seu artigo 2.004, mantém inalterada a regra do CPC de
1973, determinando que o valor dos bens sujeitos à colação deve ser computado à época da
abertura da sucessão. As diversas modificações podem gerar equívocos no campo dodireito
intertemporal. A solução de tal conflito aparente encontra-se no disposto no artigo 1.787 do
Código Civil. Aplicar-se-á o critério vigente à época da abertura da sucessão.
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Em consonância com a noção do modelo processual cooperativo, o atual CPC dilata o prazo,
de cinco para quinze dias, para que as partes envolvidas no procedimento possam se
manifestar sobre eventuais doações não colacionadas.
Existindo matéria que reclame maior dilação probatória, o magistrado deverá remeter as
partes para as vias ordinários.
Gisele Leite
Gisele Leite é professora universitária. Mestre em Direito. Mestre em
Filosofia. Doutora em Direito. E-mail: professoragiseleleite@gmail.com
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NOTAS DE FIM
[2] Expressão latina, derivada de “de cujus sucessione agitur“, de cuja sucessão se trata,
utilizada na área jurídica para designar o falecido, usada comumente como sinônimo de
‘pessoa falecida’, numa figura eufemística substitutiva de ‘defunto’ ou ‘morto’.
[4] O inventário negativo tem sido usado como mera providência facultativa, tendo como
fito afastar de plano, a controvérsia, não podendo o juiz ou o cartório competente negar dar
seu prosseguimento uma vez comprovada cabalmente a inexistência de quaisquer bens em
nome do falecido. É possível observar os sólidos julgados sobre o tema presentes na
Jurisprudência de nossos Tribunais de Justiça, a saber: Inventário negativo. Inexistência de
Bens. Extinção do Processo. Apelação Cível. Certeza Jurídica de que a de cujus não deixou
bens, Código Civil Inc. XIII do art. 183, e parágrafo único do artigo 228. Necessidade,
Legitimidade e Interesse do Cônjuge sobrevivente. Sentença Anulada. Recurso Provido. O
Chamado Inventário Negativo não existe em lei, é uma criação da praxe forense, e tem
lugar nos casos em que o de cujos não deixa bens, e quando a lei exige que o cônjuge
supérstite, para casar-se no regime da comunhão, dê a inventário os bens do primeiro
matrimônio, à vista do disposto no inciso XIII do art. 183, e inciso I, do parágrafo único do
art. 228 do Código Civil (1050615 PR 0105062-5. Relator: Ivan Bortoleto, Data.
14.08.2001. 5ª Câmara Cível.
[5] Para a doutrina contemporânea, a coesão patrimonial vem sendo explicada pelo vínculo
objetivo, segundo o qual patrimônio é o conjunto de bens coesos pela afetação a fim
econômico determinado, ou seja, é uma universalidade de direitos, com a destinação que
lhe der seu titular. Neste sentido, a ideia, segundo Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo
Pamplona, está englobada o complexo de direitos reais e obrigacionais de uma pessoa,
ficando de lado todos os outros que não tem valor pecuniário, nem podem ser cedidos,
como os direitos de família e os direitos puros de personalidade (direitos extrapatrimoniais).
Por fim cumpre salientar que o patrimônio pode ser ativo ou passivo, respectivamente,
direitos e obrigações, líquido ou bruto, o primeiro é o conjunto de créditos deduzidos os
débitos e o último somente os créditos sem dedução dos débitos.
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[10] O direito de saisine teve seu nascedouro na Idade Média, naquela época, quando
ocorria a morte do servo, era exigido dos seus sucessores um determinado pagamento para
sua respectiva imissão. Por voltar do século XIII (diversamente do sistema romano) surge a
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A declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá ser requerida depois de
esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável da morte.
Um exemplo de morte presumida sem decretação de ausência é o óbito do Amarildo Dias de
Souza, ajudante de pedreiro, desaparecido, em 2013, na Rocinha- Rio de Janeiro/RJ, morte
presumida reconhecida pela Justiça considerando que ele estava em perigo de vida. Na
morte presumida há a probabilidade da morte; não a certeza.
[13] No Código Civil Brasileiro, este princípio sucessório encontra-se disposto no artigo
1.527, que garante a transmissão “desde logo” aos herdeiros legítimos e testamentários,
encontrando-se, desta forma, assentada a transmissão imediata da posse e da propriedade.
O Código Civil destaca a transmissão não só do domínio, mas também da propriedade, visto
que domínio tem um significado bem mais restrito que propriedade, como pode-se extrair
da lição do Professor San Tiago Dantas.
[15] Impróprios, a seu turno, são os prazos atinentes aos atos praticados pelo juiz.
Diferentemente dos prazos próprios, entende-se que os impróprios, uma vez
desrespeitados, não geram qualquer consequência no processo, o que, do ponto vista da
efetividade do processo, é lamentável. Afinal, se, como leciona Carlos Maximiliano, deve-se,
sempre que possível, atribuir algum efeito útil às palavras constantes da lei, os prazos nela
previstos estão lá para serem observados. Acreditar que o juiz pode desrespeitar os prazos
a este destinados vai de encontro à garantia constitucional da duração razoável do processo
(art. 5o, LXXVII, da CF/88).
Podemos citar como exemplos de prazos impróprios os descritos no art. 226 do CPC: prazo
de 5 (cinco dias) para proferir despacho; prazo de 10 (dez) dias para as decisões
interlocutórias e de 30 (trinta) dias para as sentenças.
[18] Como critério para a fixação da vintena, que poderá variar entre o mínimo de 1% e o
máximo de 5% sobre a herança líquida, mas não para ensejar a sua supressão”, afirmou o
ministro. Os demais ministros da 3ª Turma seguiram o voto do relator e, por unanimidade,
mantiveram o pagamento do prêmio ao testamenteiro. Vide Recurso Especial 1.207.103/SP
[1] Numa leitura apressada desse dispositivo poderia levar o intérprete a pensar que o
Código Fux abolira essa peculiar modalidade da função jurisdicional. Mas não é bem assim.
Com algumas modificações, os procedimentos especiais de jurisdição voluntária continuam
regulados no CPC vigente. Integram o Capítulo XV do Título III (Dos Procedimentos
Especiais) do Livro I da Parte Especial (Do Processo de Conhecimento e Do Cumprimento de
Sentença). Os procedimentos de jurisdição voluntária encontram se disciplinados nos arts.
719 a 770. Há pedidos que processar-se-ão segundo um procedimento comum ou padrão
(art. 725) e muitos outros para os quais há procedimentos típicos ou nominados (a partir do
art. 726). O procedimento especial referente à especialização da hipoteca legal foi excluído
do Código, de modo que o aplicador do Direito deve observar as regras dispostas no Código
Civil de 2002 (arts. 1.489 e seguintes) e na Lei de Registros Públicos (Lei nº. 6.015/73). A
notificação e interpelação mudou de status. Era procedimento cautelar e doravante passou
a figurar no rol dos procedimentos de jurisdição voluntária. Também para o divórcio e a
separação consensuais, bem como para a extinção consensual de união estável e a
alteração do regime de bens do matrimônio, há previsão de procedimento de jurisdição
voluntária. Lembremos que no CPC/73 apenas a separação consensual era contemplada.
Finalmente, a ratificação dos protestos marítimos e dos processos testemunháveis formados
a bordo passaram a figurar no rol dos procedimentos especiais de jurisdição voluntária
previstos no CPC/2015.
[21] Aquele que foi nomeado para o exercício da inventariança não terá qualquer direito à
remuneração, exceto se for dativo, ou seja, se não representar a herança, não podendo, em
razão disso, demandar nem ser demandado em nome do acervo hereditário, ressalvada na
hipótese de processos referentes à sua qualidade de administrador dos bens. Doutro giro, o
inventariante dativo terá jus ao percebimento da quantia desembolsada no interesse de
todos. “Os honorários do inventariante dativo devem atender ao trabalho desenvolvido e ao
tempo da duração do encargo. Em tese não devem ser fixados antes da conclusão do
inventário”. Todos os atos praticados pelo inventariante dativo são submetidos à fiscalização
dos herdeiros, sob a superintendência do magistrado. Contudo, há atos que não são
praticados pelo inventariante, tais como: hipotecar, doar, empenhar, dividir bens do espólio,
obrigar-se cambialmente, contratar honorários advocatícios sem aprovação dos interessados
ou expressa autorização do juiz. In: RANGEL, Tauã Lima Verdan. A Figura do Inventariante
no Direito Sucessório: Breves Argumentos. Disponível
em: http://www.conteudojuridico.com.br/artigo,a-figura-do-inventariante-no-direito-
sucessorio-breves-argumentos,40458.html Acesso em 20.06.2018.
[22] Art. 620 CPC. Dentro de 20 (vinte) dias contados da data em que prestou o
compromisso, o inventariante fará as primeiras declarações, das quais se lavrará termo
circunstanciado, assinado pelo juiz, pelo escrivão e pelo inventariante, no qual serão
exarados: I – o nome, o estado, a idade e o domicílio do autor da herança, o dia e o lugar
em que faleceu e se deixou testamento; II – o nome, o estado, a idade, o endereço
eletrônico e a residência dos herdeiros e, havendo cônjuge ou companheiro supérstite, além
dos respectivos dados pessoais, o regime de bens do casamento ou da união estável; III –
a qualidade dos herdeiros e o grau de parentesco com o inventariado; IV – a relação
completa e individualizada de todos os bens do espólio, inclusive aqueles que devem ser
conferidos à colação, e dos bens alheios que nele forem encontrados, descrevendo-se.
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12/08/2021 Apostila: Inventário & Partilha | Juristas
[28] Com o Código Fux o protagonismo das partes fora ampliado sensivelmente. Tratando-
se de direitos que admitam autocomposição, os artigos 190 e 191 do CPC/2015 permitem
acordo procedimental e calendarização dos atos processuais, o que significa que poderão as
partes alterar os prazos mesmo que peremptórios.
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12/08/2021 Apostila: Inventário & Partilha | Juristas
[30] A rigor, um prazo judicial fixado em dois meses é menos extenso porque se conta de
forma contínua. Enquanto que o prazo fixado em sessenta dias, é mais extenso, porque se
conta apenas em dias úteis. Qualquer que seja a natureza do prazo, pode o juiz prorrogá-lo
por até dois meses nas comarcas, seção ou subseção judiciária onde for difícil o transporte
(art. 222, CPC/2015). Em caso de calamidade pública, a prorrogação não tem limite (art.
222, § 2º, CPC/2015). O art. 225 do CPC/2015 traz a possibilidade de renúncia expressa ao
prazo estabelecido exclusivamente em favor de determinada parte. Se o prazo for comum, a
renúncia só tem eficácia se ambas as partes abdicarem expressamente do prazo a que
estão submetidas.
[31] Se o expediente forense for encerrado antes ou iniciado depois da hora normal ou se
houver interrupção da comunicação eletrônica, os dias do começo (termo inicial) e do
vencimento (termo final) também serão protraídos para o primeiro dia útil seguinte ao
restabelecimento do serviço (art. 224. § 1º, CPC/2015).
[32] O artigo 216 do CPC, por sua vez, considera como feriado e, portanto, como dia não
útil, o sábado, o domingo e os dias em que não há expediente forense. Da análise dos dois
dispositivos é fácil concluir que o vigente CPC elasteceu os prazos, possibilitando uma
“duração favorável” maior para a prática de determinados atos processuais. Não se pode
deixar de reconhecer que a contagem dos prazos somente em dias úteis acarretará mais
problemas do que benefícios. Na contagem de prazos contínuos, de antemão se sabe que
dia vence o prazo de quinze dias. Ao revés, na contagem em dias úteis, há que se verificar
quais os dias são “inúteis” (sábados, domingos e feriados) e, a partir de então, ir somando
os dias úteis. Não é por outra razão que de regra os comerciantes não vendem para pagar
em trinta, sessenta ou noventa dias úteis. Na prática comercial, pelo menos quando
favoráveis ao vendedor ou ao prestador do serviço, os prazos são contínuos. Infelizmente,
lamenta-se que o legislador pátrio, mais uma vez, em vez de facilitar, tenha complicado.
[33] Se inviável a intimação por meio eletrônico e não houver na localidade publicação em
órgão oficial, incumbirá ao escrivão intimar de todos os atos do processo os advogados das
partes (artigo 273, caput). Preferencialmente a intimação deve ser realizada sempre que
possível por meio eletrônico (artigo 270, caput do CPC/2015).
[34] Vige a regra de que a dedução de questões processuais ou de mérito devem ser feitas
oportunamente, existindo termos processuais para regular sua oportunidade, sob pen da
ocorrência de preclusão. Como é sabido, o instituto da preclusão normalmente opera em
fases, seccionando abstratamente o procedimento, estabelecendo limites para a formulação
de deduções. Por vezes, permite-se a persistência de tais questões, estas observam novos
limites e certos condicionantes, sempre mais rígidos pelo perpassar das fases processuais.
Portanto, no regime vigente, as partes não possuem a liberdade incondicionada para
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suscitar as questões, já que estas estão sujeitas a uma série de preclusões, sempre mais
rígidas quanto mais se aproxima do final do processo. Há uma gradual e progressiva
sucessão de freios à subsistência de questões, principalmente processuais, um efetivo
sistema de obstáculos ordenados pelo tempo e estágios processuais.
[36] Estão sujeitos à sobrepartilha os bens situados em local remoto da sede do juízo onde
se processa o inventário. Na sobrepartilha será observado o processo de inventário e de
partilha. A sobrepartilha correrá nos autos do inventário do autor da herança, vide o artigo
670, §1º, inciso II do CPC/2015.
[39] O valor dos bens a serem conferidos na partilha será aquele que tiverem ao tempo da
abertura da sucessão, vide o artigo 639, parágrafo único do CPC/2015.
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