Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Informativo 1015/STF
TESE FIXADA:
“O artigo 42 da Lei 9.430/1996 é constitucional”.
RESUMO:
É constitucional a tributação de valores depositados em conta mantida junto a
instituição financeira, cuja origem não for comprovada pelo titular — pessoa
física ou jurídica —, desde que ele seja intimado para tanto. Dessa forma, incide
Imposto de Renda sobre os depósitos bancários considerados como omissão de
receita ou de rendimento, em face da previsão contida no art. 42 da Lei
9.430/1996 (1).
Por fim, o acórdão recorrido manteve o lançamento tributário realizado pelo Fisco,
por compreender não comprovada, no âmbito de procedimento fiscalizatório, a
origem das quantias depositadas na conta corrente do contribuinte. Para se chegar à
conclusão diversa, o Supremo Tribunal Federal precisaria incursionar nos fatos e
provas constan-tes dos autos, o que é vedado em sede de recurso extraordinário,
conforme Verbete 279 da Súmula do STF (3).
Informativo 1016/STF
TESE FIXADA:
“É constitucional a fixação de alíquotas de IPI superiores a zero sobre garrafões,
garrafas e tampas plásticas, ainda que utilizados para o acondicionamento de
produtos essenciais ”.
RESUMO:
Em se tratando de embalagens, o que deve ser considerado para fins de seletividade
(art. 153, § 3º, I, da Constituição Federal) (1) é o grau de essencialidade do produto a
ser acondicionado e não da embalagem propriamente considerada.
Com efeito, a CF impõe que o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) seja
seletivo em razão da essencialidade do produto, ou seja, a alíquota do imposto levará
em consideração a importância e necessidade do bem para o consumidor e para a
coletividade. Entretanto, a observância à seletividade e a atribuição de alíquota zero
aos produtos essenciais são fenômenos que não se confundem. É possível que o Poder
Executivo, de acordo com as balizas impostas pelo legislador, estabeleça alíquotas
reduzidas, superiores a zero, a produtos considerados essenciais, sem que isso afronte
o princípio da seletividade. Dessa forma, a essencialidade do produto não é apenas
atendida quando a ele for atribuída a alíquota zero, podendo haver uma gradação
razoável nas alíquotas e, ainda assim, respeitar-se a seletividade.
Informativo 1017/STF
TESE FIXADA:
“É dos Estados e Distrito Federal a titularidade do que arrecadado, considerado
Imposto de Renda, incidente na fonte, sobre rendimentos pagos, a qualquer
título, por si, autarquias e fundações que instituírem e mantiverem”.
RESUMO:
Pertence aos estados e ao Distrito Federal o produto da arrecadação do Imposto
de Renda incidente sobre os rendimentos, quando pagos, por si, respectivas
autarquias e fundações.
Nos termos do que disposto no art. 157, I, da Constituição Federal (CF) (1),
depreende-se haver o constituinte estabelecido distinção considerados o ente
competente e o beneficiado pela receita tributária. Embora a competência impositiva
tenha sido atribuída à União (CF, art. 153, III) (2), cabe aos estados e ao Distrito
Federal a arrecadação, na fonte, do tributo sobre os rendimentos pagos. No ato de
retenção dos valores, dá-se a incorporação, ao patrimônio estadual ou distrital, do
produto arrecadado.
(1) CF: “Art. 157. Pertencem aos Estados e ao Distrito Federal: I - o produto da
arrecadação do imposto da União sobre renda e proventos de qualquer natureza,
incidente na fonte, sobre rendimentos pagos, a qualquer título, por eles, suas
autarquias e pelas fundações que instituírem e mantiverem;”
(2) CF: “Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: (...) III - renda e
proventos de qualquer natureza;”(3) Precedente citado: RE 684.169/RS, relator Min.
Luiz Fux (DJe de 23.10.2012).
TESE FIXADA:
“É constitucional a expressão ‘de forma não cumulativa’ constante do ‘caput’ do
art. 20 da Lei 8.212/1991”.
RESUMO:
É compatível com a Constituição Federal (CF) a progressividade simples
estipulada no art. 20 da Lei 1) 1991/8.212), ou seja, a apuração das contribuições
previdenciárias devidas pelo segurado empregado, inclusive o doméstico, e pelo
trabalhador avulso mediante a incidência de apenas uma alíquota — aquela
correspondente à faixa de tributação — sobre a íntegra do salário de
contribuição mensal.
TESE FIXADA:
“A inadimplência do usuário não afasta a incidência ou a exigibilidade do ICMS
sobre serviços de telecomunicações”.
RESUMO:
As vendas inadimplidas não podem ser excluídas da base de cálculo do tributo,
pois a inadimplência do consumidor final — por se tratar de evento posterior e
alheio — não obsta a ocorrência do fato gerador do ICMS-comunicação.
Com base nesse entendimento, o Plenário, por maioria, apreciando o Tema 705 da
repercussão geral, negou provimento ao recurso extraordinário. Vencidos os ministros
Marco Aurélio (relator) e Edson Fachin.
(1) CF: “Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é
vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: (...) § 6º Qualquer
subsídio ou isenção, redução de base de cálculo, concessão de crédito presumido,
anistia ou remissão, relativos a impostos, taxas ou contribuições, só poderá ser
concedido mediante lei específica, federal, estadual ou municipal, que regule
exclusivamente as matérias acima enumeradas ou o correspondente tributo ou
contribuição, sem prejuízo do disposto no art. 155, § 2.º, XII, g.”
(2) CF: “Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre:
(...) § 2º O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte: (...) XII - cabe à lei
complementar: (...) g) regular a forma como, mediante revogados.”
(3) CF: “Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o
Legislativo, o Executivo e o Judiciário.”
TESE FIXADA:
“É constitucional a imposição tributária de diferencial de alíquota do ICMS pelo
Estado de destino na entrada de mercadoria em seu território devido por
sociedade empresária aderente ao Simples Nacional, independentemente da
posição desta na cadeia produtiva ou da possibilidade de compensação dos
créditos”.
RESUMO:
É constitucional a cobrança antecipada de diferencial de alíquota de ICMS de
sociedade empresária optante pelo Simples Nacional, independentemente de o
contribuinte estar na condição de consumidor final no momento da aquisição.
Cabe destacar, por fim, que a opção pelo Simples Nacional é facultativa no âmbito da
livre conformação do planejamento tributário, arcando-se com bônus e ônus
decorrentes dessa escolha empresarial que, em sua generalidade, representa um
tratamento tributário sensivelmente mais favorável à maioria das sociedades
empresárias de pequeno e médio porte. Nesse contexto, não há como prosperar uma
adesão parcial ao regime simplificado, adimplindo-se obrigação tributária de forma
centralizada e com carga menor, simultaneamente ao não recolhimento de diferencial
de alíquota nas operações interestaduais.
Com base nesse entendimento, o Plenário, por maioria, ao apreciar o Tema 517 da
repercussão geral, negou provimento a recurso extraordinário.
Informativo 1020/STF
TESE FIXADA:
“São inconstitucionais os arts. 47 e 48 da Lei 11.196/2005, que vedam a apuração
de créditos de PIS/Cofins na aquisição de insumos recicláveis.”
RESUMO:
É inconstitucional o complexo normativo formado pelos arts. 47 e 48 da Lei
11.196/2005, que impede empresas, submetidas ao regime não cumulativo, de
compensarem créditos da contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, oriundos
da aquisição de desperdícios, resíduos ou aparas de vários materiais, entre eles,
plástico, papel, cartão, vidro, ferro, aço, cobre, níquel, alumínio, chumbo, zinco e
estanho, além de outros desperdícios e resíduos metálicos.
(1) Lei 11.196/2005: “Art. 47. Fica vedada a utilização do crédito de que tratam o
inciso II do caput do art. 3º da Lei 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e o inciso II
do caput do art. 3º da Lei 10.833, de 29 de dezembro de 2003, nas aquisições de
desperdícios, resíduos ou aparas de plástico, de papel ou cartão, de vidro, de ferro ou
aço, de cobre, de níquel, de alumínio, de chumbo, de zinco e de estanho, classificados
respectivamente nas posições 39.15, 47.07, 70.01, 72.04, 74.04, 75.03, 76.02, 78.02,
79.02 e 80.02 da Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados –
TIPI, e demais desperdícios e resíduos metálicos do Capítulo 81 da TIPI. Art. 48. A
incidência da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins fica suspensa no caso de
venda de desperdícios, resíduos ou aparas de que trata o art. 47 desta Lei, para pessoa
jurídica que apure o imposto de renda com base no lucro real. Parágrafo único. A
suspensão de que trata o caput deste artigo não se aplica às vendas efetuadas por
pessoa jurídica optante pelo Simples.”
RE 607109/PR, relatora Min. Rosa Weber, redator do acórdão Min. Gilmar Mendes,
julgamento virtual finalizado em 7.6.2021 (segunda-feira), às 23:59
TESE FIXADA:
“É constitucional o artigo 5º da Lei nº 9.779/1999, no que autorizada a cobrança
de Imposto de Renda sobre resultados financeiros verificados na liquidação de
contratos de swap para fins de hedge.”
RESUMO:
Havendo saldo positivo na liquidação da obrigação ao termo do contrato de swap
para fins de hedge, é constitucional a cobrança do Imposto de Renda na forma
do art. 5º da Lei 9.779/1999 (1).
Isso porque, havendo aquisição de riqueza ante a operação de swap, incide o imposto,
não importando a destinação dada aos valores. Mesmo se direcionados a neutralizar o
aumento da dívida decorrente do contrato principal, em razão da valorização da
moeda estrangeira, cumpre tributar os rendimentos.
RESUMO:
É constitucional a instituição de taxa pela qual observada equivalência razoável
entre o valor exigido do contribuinte e os custos referentes ao exercício do poder
de polícia, nos termos do art. 145, II, da Constituição Federal.
ADI 6737/PR, relatora Min. Cármen Lúcia, julgamento virtual finalizado em 7.6.2021
(segunda-feira) às 23:59
Informativo 1022/STF
TESE FIXADA:
“É constitucional a inclusão do Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza
-ISS na base de cálculo da Contribuição Previdenciária sobre a Receita Bruta –
CPRB.”
RESUMO:
A receita bruta, para fins de determinação da base de cálculo da CPRB,
compreende os tributos sobre ela incidentes.
Diante disso, não é possível à empresa optar pelo novo regime de contribuição por
livre vontade e, ao mesmo tempo, se beneficiar de regras que não lhe sejam
aplicáveis. Abater do cálculo da CPRB o Imposto Sobre Serviços de Qualquer
Natureza (ISS) sobre ela incidente ampliaria demasiadamente o benefício fiscal,
pautado em amplo debate de políticas públicas tributárias, em grave violação ao artigo
150, § 6º, da CF (3), que determina a edição de lei específica para tratar sobre redução
de base de cálculo de tributo.
Com base nesse entendimento, o Plenário, por maioria, apreciando o Tema 1135 da
repercussão geral, negou provimento ao recurso extraordinário. Vencidos os ministros
Marco Aurélio (Relator), Rosa Weber e Cármen Lúcia.
(1) CF: “Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma
direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes
contribuições sociais: (...) § 13. Aplica-se o disposto no § 12 inclusive na hipótese de
substituição gradual, total ou parcial, da contribuição incidente na forma do inciso I,
a, pela incidente sobre a receita ou o faturamento. (Revogado pela Emenda
Constitucional 103, de 2019)”
(2) Lei 12.546/2011: “Art. 7º Até 31 de dezembro de 2020, poderão contribuir sobre o
valor da receita bruta, excluídos as vendas canceladas e os descontos incondicionais
concedidos, em substituição às contribuições previstas nos incisos I e III do caput do
art. 22 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991: (...) Art. 8º Até 31 de dezembro de
2021, poderão contribuir sobre o valor da receita bruta, excluídos as vendas
canceladas e os descontos incondicionais concedidos, em substituição às
contribuições previstas nos incisos I e III do caput do art. 22 da Lei nº 8.212, de 24 de
julho de 1991:”
(3) CF: “Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é
vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: (...) § 6º Qualquer
subsídio ou isenção, redução de base de cálculo, concessão de crédito presumido,
anistia ou remissão, relativos a impostos, taxas ou contribuições, só poderá ser
concedido mediante lei específica, federal, estadual ou municipal, que regule
exclusivamente as matérias acima enumeradas ou o correspondente tributo ou
contribuição, sem prejuízo do disposto no art. 155, § 2.º, XII, g.”
RESUMO:
É inconstitucional a sistemática de incentivo fiscal de ICMS às indústrias paraenses
de produtos industrializados derivados do trigo, prevista no Anexo I do Decreto
4.676/2001 do estado do Pará (Regulamento do ICMS).
(1) CF: “Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é
vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: (...) § 6º Qualquer
subsídio ou isenção, redução de base de cálculo, concessão de crédito presumido,
anistia ou remissão, relativos a impostos, taxas ou contribuições, só poderá ser
concedido mediante lei específica, federal, estadual ou municipal, que regule
exclusivamente as matérias acima enumeradas ou o correspondente tributo ou
contribuição, sem prejuízo do disposto no art. 155, § 2.º, XII, g. (...) § 7º A lei poderá
atribuir a sujeito passivo de obrigação tributária a condição de responsável pelo
pagamento de imposto ou contribuição, cujo fato gerador deva ocorrer
posteriormente, assegurada a imediata e preferencial restituição da quantia paga, caso
não se realize o fato gerador presumido.”
(2) CF: “Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é
vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: (...) II - instituir
tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente,
proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função por eles
exercida, independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou
direitos;”
(3) CF: “Art. 152. É vedado aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios
estabelecer diferença tributária entre bens e serviços, de qualquer natureza, em razão
de sua procedência ou destino.”
Informativo 1023/STF
Isso porque ameaça o pacto federativo e contraria o inc. III do art. 19 da CF/1988 (1)
a definição de hierarquia na cobrança judicial dos créditos da dívida pública da União
aos estados e Distrito Federal e esses aos Municípios.
Com base nesse entendimento, o Plenário, por maioria, julgou procedente o pedido
formulado em arguição de descumprimento de preceito fundamental para declarar a
não recepção, pela CF/1988, das normas previstas no parágrafo único do art. 187 da
Lei 5.172/1966 e no parágrafo único do art. 29 da Lei 6.830/1980, e para cancelar o
Enunciado 563 da Súmula do Supremo Tribunal Federal (STF) (2).
(1) CF/1988: “Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos
Municípios: (...) III - criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si.”
(2) Enunciado 563 da Súmula do STF: “O concurso de preferência a que se refere o
parágrafo único do art. 187 do Código Tributário Nacional é compatível com o
disposto no art. 9º, inciso I, da Constituição Federal.”
Informativo 1024/STF
TESE FIXADA:
“É inconstitucional a incidência do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e
Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de
Comunicação (ICMS) sobre o licenciamento ou cessão do direito de uso de
programas de computador.”
RESUMO:
As operações relativas ao licenciamento ou cessão do direito de uso de “software”,
padronizado ou elaborado por encomenda, são tributáveis pelo Imposto sobre
Serviços (ISS), e não pelo ICMS.
Isso porque trata-se de operações complexas que envolvem obrigações de dar e de
fazer, a exemplo da manutenção de programas, disponibilização de manuais,
atualizações tecnológicas e outras funcionalidades previstas em contrato (1).
Por fim, por maioria, decidiu modular os efeitos dessa decisão para, de maneira
análoga ao decidido nas ADIs 1.945 e 5.659, atribuir eficácia ex nunc, a contar de
3.3.2021, data em que publicada a ata de julgamento das aludidas ações diretas de
inconstitucionalidade. Ressalvou da modulação, porém, as seguintes situações: a) as
ações judiciais já ajuizadas e ainda em curso em 2.3.2021; b) as hipóteses de
bitributação relativas a fatos geradores ocorridos até 2.3.2021, nas quais será devida a
restituição Edição 1024/2021 | 15 INFORMATIVO STF SUMÁRIO do ICMS
recolhido, respeitado o prazo prescricional, independentemente da propositura de ação
judicial até aquela data; e c) as hipóteses relativas a fatos geradores ocorridos até
2.3.2021 em que não houve o recolhimento do ISS ou do ICMS, nas quais será devido
o pagamento do imposto municipal, respeitados os prazos decadencial e prescricional.
Vencido o ministro Marco Aurélio, quanto à modulação.
RESUMO:
É inconstitucional decreto estadual que atribua às empresas geradoras de
energia elétrica a responsabilidade por substituição tributária pelo recolhimento
do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) (1).
Assim, se a substituição tributária não está prevista em lei estadual em sentido estrito,
o decreto, ao tratar originariamente do assunto, inova no ordenamento jurídico e
incide em inconstitucionalidade formal, por ofensa ao princípio da legalidade
tributária.
Com base nesse entendimento, o Plenário, por maioria, em análise conjunta, julgou
prejudicadas as ações diretas quanto ao art. 1º, II, do Decreto 40.628/2019 do Estado
do Amazonas, na parte em que fixou a Margem de Valor Agregado (MVA) de 150%
em relação à energia elétrica, e as julgou procedentes na parte subsistente, declarando
a inconstitucionalidade dos arts. 1º, I e II, e 2º do mesmo decreto. Foram modulados
os efeitos da declaração de inconstitucionalidade, estabelecendo-se que a decisão
produza efeitos a partir do início do próximo exercício financeiro (2022), ficando
ressalvadas as ações ajuizadas até a véspera da publicação da ata de julgamento do
mérito. Vencidos parcialmente os ministros Marco Aurélio e Edson Fachin, que
divergiram tão somente no tocante à projeção dos efeitos da decisão referente à
declaração de inconstitucionalidade.
Informativo 1025/STF
RESUMO:
É constitucional resolução do Senado Federal que fixa alíquota do Imposto sobre
Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) aplicável às operações
interestaduais com bens e mercadorias importados do exterior.
No inciso II do art. 155 da Constituição Federal (CF) (1), que guia toda a disciplina
que se segue em matéria de ICMS, há respaldo à cobrança do referido imposto nas
operações interestaduais com bens e mercadorias importados. No texto constitucional,
afirma-se expressamente que o ICMS pode ser cobrado “ainda que as operações e as
prestações se iniciem no exterior”.
Além disso, de acordo com art. 155, § 2º, IV, da CF (2), compete ao Senado Federal,
por meio de resolução, o estabelecimento das alíquotas de ICMS aplicáveis às
operações e prestações interestaduais.
Com base nesse entendimento, o Plenário, por maioria, julgou improcedente a ação
direta, para reconhecer a constitucionalidade da Resolução 13/2012 do Senado
Federal. Vencidos o ministro Edson Fachin (relator) e o ministro Marco Aurélio.
(1) CF/1988: “Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos
sobre: (...) II - operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de
serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as
operações e as prestações se iniciem no exterior; (Redação dada pela EC 3/1993)”
(2) CF/1988: “Art. 155 (...) § 2º O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte:
(...) IV - resolução do Senado Federal, de iniciativa do Presidente da República ou de
um terço dos Senadores, aprovada pela maioria absoluta de seus membros,
estabelecerá as alíquotas aplicáveis às operações e prestações, interestaduais e de
exportação;”
ADI 4858/DF, relator Min. Edson Fachin, redator do acórdão Min. Gilmar Mendes,
julgamento virtual finalizado em 16.8.2021 (segunda-feira), às 23:59
Informativo 1031/STF
TESE FIXADA:
“É inconstitucional a incidência do IRPJ e da CSLL sobre os valores atinentes à
taxa Selic recebidos em razão de repetição de indébito tributário.”
RESUMO:
Os valores relativos à taxa Selic recebidos pelo contribuinte na repetição de indébito
tributário não compõem a base de incidência do Imposto sobre a Renda das Pessoas
Jurídicas (IRPJ) ou da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL).
Com base nesse entendimento, o Plenário, por unanimidade, ao julgar o Tema 962 da
repercussão geral, negou provimento ao recurso extraordinário para dar interpretação
conforme à Constituição Federal ao § 1º do art. 3º da Lei 7.713/1988 (2), ao art. 17 do
Decreto-Lei 1.598/1977 (3) e ao art. 43, II e § 1º, da Lei 5.172/1966 (Código
Tributário Nacional) (4), de modo a excluir do âmbito de aplicação desses
dispositivos a incidência do imposto de renda e da CSLL sobre a taxa Selic recebida
pelo contribuinte na repetição de indébito tributário.
Informativo 1033/STF
TESE FIXADA:
“Pertence ao Município, aos Estados e ao Distrito Federal a titularidade das
receitas arrecadadas a título de imposto de renda retido na fonte incidente sobre
valores pagos por eles, suas autarquias e fundações a pessoas físicas ou jurídicas
contratadas para a prestação de bens ou serviços, conforme disposto nos arts.
158, I, e 157, I, da Constituição Federal.”
RESUMO:
Os entes municipais, estaduais e o Distrito Federal possuem direito ao produto da
arrecadação do imposto de renda retido na fonte, incidente sobre rendimentos pagos
por eles e suas respectivas autarquias e fundações a pessoas físicas ou jurídicas
contratadas para a prestação de bens ou serviços.
(1) CF: “Art. 157. Pertencem aos Estados e ao Distrito Federal: I - o produto da
arrecadação do imposto da União sobre renda e proventos de qualquer natureza,
incidente na fonte, sobre rendimentos pagos, a qualquer título, por eles, suas
autarquias e pelas fundações que instituírem e mantiverem; (...) Art. 158. Pertencem
aos Municípios: I - o produto da arrecadação do imposto da União sobre renda e
proventos de qualquer natureza, incidente na fonte, sobre rendimentos pagos, a
qualquer título, por eles, suas autarquias e pelas fundações que instituírem e
mantiverem;”
(2) CTN: “Art. 85. Serão distribuídos pela União: (...) II - aos Estados, ao Distrito
Federal e aos Municípios, o produto da arrecadação, na fonte, do imposto a que se
refere o artigo 43, incidente sobre a renda das obrigações de sua dívida pública e
sobre os proventos dos seus servidores e dos de suas autarquias.”
Informativo 1034/STF
TESE FIXADA:
“1. A ausência de estudo atuarial específico e prévio à edição de lei que aumente
a contribuição previdenciária dos servidores públicos não implica vício de
inconstitucionalidade, mas mera irregularidade que pode ser sanada pela
demonstração do déficit financeiro ou atuarial que justificava a medida.
2. A majoração da alíquota da contribuição previdenciária do servidor público
para 13,25% não afronta os princípios da razoabilidade e da vedação ao
confisco.”
RESUMO:
A falta de estudo atuarial específico e prévio não inviabiliza o aumento da alíquota da
contribuição previdenciária dos servidores.
Conforme o disposto no art. 7º, II, da Lei 8.134/1990 (2), o valor correspondente à
contribuição previdenciária deve ser deduzido da base de cálculo do imposto de
renda. Desse modo, se o servidor sofre um aumento na tributação dos seus
rendimentos pela contribuição previdenciária, também se beneficia de redução do
montante pago a título de imposto de renda.
Informativo 1035/STF
Parâmetros para o cálculo das custas judiciais e das taxas judiciárias - ADI
5688/PB
RESUMO:
É legítima a cobrança das custas judiciais e das taxas judiciárias tendo por parâmetro
o valor da causa, desde que fixados valores mínimos e máximos (1).
O art. 145, II, da Constituição Federal (CF) (2) determina, implicitamente, que a base
de cálculo das taxas cobradas pela prestação de serviço público específico e divisível
deve guardar consonância com o gasto oriundo da atividade estatal (3).
Com base nesse entendimento, o Plenário, por maioria, julgou improcedente o pedido
formulado em ação direta, para declarar a constitucionalidade do art. 3º da Lei
8.071/2006 do Estado da Paraíba (4).
ADI 5688/PB, relator Min. Edson Fachin, redator do acórdão Min. Dias Toffoli,
julgamento virtual finalizado em 22.10.2021 (sexta-feira), às 23:59
Informativo 1037/STF
TESE:
“É constitucional a inclusão do valor do IPI incidente nas operações de venda
feitas por fabricantes ou importadores de veículos na base de cálculo presumida
fixada para propiciar, em regime de substituição tributária, a cobrança e o
recolhimento antecipados, na forma do art. 43 da Medida Provisória nº
2.158-35/2001, de contribuições para o PIS e da Cofins devidas pelos
comerciantes varejistas.”
RESUMO:
É legítima a inclusão do IPI na base de cálculo presumida do PIS e da Cofins, a
ser considerada pelos industriais e importadores de veículos, em regime de
substituição tributária.
Na substituição tributária, a base de cálculo é presumida e corresponde aos fatos
geradores que serão praticados futuramente pelos comerciantes varejistas de veículos,
que não são contribuintes do IPI.
Não há, portanto, como o varejista de veículo dizer que estariam incidindo
contribuições sociais sobre valores que não compõem sua receita, pois destinados à
Fazenda, visto que ele não recolhe IPI aos cofres públicos. O revendedor de
automóveis, quando vende um veículo a um consumidor, não recebe qualquer valor
que posteriormente recolherá à Fazenda Nacional como IPI.
Ademais, nos casos em que a base de cálculo real se mostrar inferior à base de cálculo
presumida, poderá o comerciante varejista de veículos, demonstrando-o, requerer a
restituição da diferença.
Informativo 1040/STF
TESE:
“É constitucional a incidência do ISS no licenciamento ou na cessão de direito de
uso de programas de computação desenvolvidos para clientes de forma
personalizada, nos termos do subitem 1.05 da lista anexa à LC 116/2003.”
RESUMO:
Incide o Imposto sobre serviços (ISS) no licenciamento ou na cessão de direito de uso
de softwares desenvolvidos para clientes de forma personalizada, mesmo quando o
serviço seja proveniente do exterior ou sua prestação tenha se iniciado no exterior.
Para fins de incidência do ISS a que se refere o subitem 1.05 da lista anexa à LC
116/2003 (1), não interessa se o software é personalizado ou padronizado. Existindo o
licenciamento ou a cessão de direito de uso de programa de computação, deve incidir
o imposto municipal, independentemente de o software ser de um ou de outro tipo (2).
A propósito, note-se que, a teor do art. 156, § 3º, da Constituição Federal (4), cumpre
a lei complementar excluir da incidência do imposto em questão exportações de
serviços para o exterior. A ideia é que, a partir do mencionado preceito, a tributação
dos bens ou serviços exportados ocorram no país em que são eles consumidos. Nessa
toada, o país exportador deixa de os tributar e o país importador exerce, sobre os bens
ou serviços importados, a competência tributária pertinente.
Com base nesses entendimentos, o Plenário, por unanimidade, apreciando o Tema 590
da repercussão geral, negou provimento ao recurso extraordinário. No tocante à
modulação dos efeitos, o Plenário atribuiu eficácia ex nunc à decisão, a contar de
3/3/2021, data na qual foi publicada a ata de julgamento das ADIs 1.945 e 5.659.
Informativo 1042/STF
TESE:
“É constitucional a lei estadual ou distrital que, com amparo em convênio do
CONFAZ, conceda remissão de créditos de ICMS oriundos de benefícios fiscais
anteriormente julgados inconstitucionais.”
RESUMO:
É cabível a concessão de remissão, com amparo em convênios CONFAZ, de créditos
de ICMS oriundos de benefícios fiscais declarados inconstitucionais.
Informativo 1042/STF
RESUMO:
A base de cálculo da contribuição prevista pelo artigo 1º da Lei Complementar
110/2001 (1) é compatível com o texto constitucional, mesmo após o advento da
Emenda Constitucional 33/2001.
Ademais, o acréscimo realizado pela EC 33/2001 ao art. 149, § 2º, III, da CF/88 (2)
não estabeleceu um rol exaustivo das bases econômicas passíveis de tributação por
contribuições sociais e de intervenção no domínio econômico. Portanto, a base de
cálculo da contribuição do artigo 1º da Lei Complementar 110/2001, que é o saldo da
conta do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – FGTS, é compatível com o texto
constitucional. Por via de consequência, impõe-se a manutenção da exigibilidade de
seu recolhimento pelo contribuinte.
(3) Precedentes: ADI 2.556; ADI 2.568; RE 878.313; RE 603.624; RE 630.898; ARE
1.311.473 AgR; RE 1.250.692 segundo AgR; ARE 1.349.153; ARE 1.310.658; ARE
1.340.940; ARE 1.309.537; RE 1.000.402 ED; ARE 1.353.467; ARE 1.147.146; e
ARE 1.185.369.
Informativo 1043/STF
RESUMO:
A Lei 8.387/1991 não reduziu favor fiscal previsto pelo Decreto-lei 288/1967 (1),
nem violou o art. 40 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT) (2).
Com efeito, o art. 40 do ADCT garante a manutenção dos favores fiscais outorgados
pelo Decreto-lei 288/1967 e existentes ao tempo da promulgação da Constituição
Federal (CF) de 1988.
Ocorre que, quando a CF foi promulgada, os bens de informática não eram regulados
pelo Decreto-lei 288/1967, mas pela Lei 7.232/1984 (Lei de Informática). Isso se deu
em razão da revogação tácita, já que diante da incompatibilidade entre as duas
normas, prevaleceu a Lei de Informática por ser lei mais nova e especial em relação
ao decreto-lei.
Com base nesse entendimento, o Plenário, por maioria, declarou a perda de objeto da
ação direta em relação ao art. 11 da Lei 10.176/2001 e ao art. 2º, § 3º, da Lei
8.387/1991 e, quanto aos demais dispositivos questionados, julgou improcedente o
pedido formulado. Vencidos, parcialmente, os ministros Marco Aurélio (relator), Rosa
Weber, Edson Fachin e Roberto Barroso.
ADI 2399/AM, relator Min. Marco Aurélio, redator do acórdão Min. Dias Toffoli,
julgamento virtual finalizado em 11.2.2022 (sexta-feira), às 23:59
Informativo 681/STJ
PROCESSO REsp 1.579.967-RS, Rel. Min. Gurgel de Faria, Primeira Turma, por
unanimidade, julgado em 08/09/2020, DJe 09/10/2020
DESTAQUE
As receitas decorrentes das operações de vendas de mercadorias destinadas à
Zona Franca de Manaus devem ser excluídas da base de cálculo da contribuição
previdenciária sobre a receita bruta.
Por sua vez, a Zona Franca de Manaus constitui área de livre comércio instituída pelo
Decreto-lei n. 288/1967, cujo art. 4º veicula incentivo fiscal especial, estabelecendo
que "a exportação de mercadorias de origem nacional para consumo ou
industrialização na Zona Franca de Manaus, ou reexportação para o estrangeiro, será
para todos os efeitos fiscais, constantes da legislação em vigor, equivalente a uma
exportação brasileira para o estrangeiro".
A propósito, a Segunda Turma tem assim entendido: "a venda de mercadorias para
empresas situadas na Zona Franca de Manaus equivale à exportação de produto
brasileiro para o estrangeiro, em termos de efeitos fiscais, segundo interpretação do
Decreto-lei n. 288/1967, de modo que, com base nesse entendimento consolidado, é
possível concluir que não incide sobre tais receitas a contribuição substitutiva prevista
na Lei n. 12.546/2011" (AgInt no REsp 1.736.363/PR, Rel. Ministro Mauro Campbell
Marques, Segunda Turma, julgado em 06/09/2018, DJe 13/09/2018).
Informativo 682/STJ
PROCESSO EREsp 1.493.162-DF, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Primeira
Seção, por unanimidade, julgado em 14/10/2020, DJe 21/10/2020
DESTAQUE
A nulidade de negócio jurídico de compra e venda de imóvel viabiliza a
restituição do valor recolhido pelo contribuinte a título de ITBI.
Logo, não tendo havido a transmissão da propriedade, já que nulo o negócio jurídico
de compra e venda de imóvel entabulado pelas partes, ausente fato gerador do
imposto em apreço, sendo devida a restituição do correspondente valor recolhido pelo
contribuinte a tal título.
Informativo 683/STJ
PROCESSO REsp 1.421.590-RN, Rel. Min. Gurgel de Faria, Primeira Turma, por
unanimidade, julgado em 17/11/2020, DJe 30/11/2020
DESTAQUE
Os valores auferidos a título de "reembolso de materiais" adquiridos para a
atividade de construção civil não devem ser deduzidos da base de cálculo do
IRPJ e da CSLL pelo lucro presumido.
Informativo 684/STJ
PROCESSO REsp 1.168.001-RS, Rel. Min. Sérgio Kukina, Primeira Turma, por
maioria, julgado em 17/11/2020, DJe 17/12/2020
DESTAQUE
O direito ao crédito presumido de IPI só surge na data de exportação e não na
data de aquisição dos insumos.
Informativo 691/STJ
DESTAQUE
Sociedades simples fazem jus ao recolhimento do ISSQN na forma privilegiada
previsto no art. 9º, §§ 1º e 3º, do Decreto-Lei n. 406/1968 quando a atividade
desempenhada não se sobrepuser à atuação profissional e direta dos sócios na
condução do objeto social da empresa, sendo irrelevante para essa finalidade o
fato de a pessoa jurídica ter se constituído sob a forma de responsabilidade
limitada.
Informativo 692/STJ
PROCESSO EDv nos EAREsp 1.109.354/SP, Rel. Min. Gurgel de Faria, Primeira
Seção, por maioria, julgado em 14/04/2021.
DESTAQUE
A técnica de creditamento, em regra, não se coaduna com o regime monofásico
da contribuição ao PIS e COFINS, só sendo excepcionada quando expressamente
prevista pelo legislador.
Por outro lado, algumas vezes, por opção política, o legislador pode optar pela
geração ficta de crédito, por exemplo, forma de incentivo a determinados segmentos
da economia, como fez o art. 17 da Lei n. 11.033/2004 para os beneficiários do
regime tributário especial denominado REPORTO, caso que não se confunde com os
créditos próprios do regime não cumulativo.
A respeito dos mais diversos benefícios fiscais, a Constituição Federal, no art. 150, §
6º, estabelece que "qualquer subsídio ou isenção, redução de base de cálculo,
concessão de crédito presumido, anistia ou remissão, relativos a impostos, taxas ou
contribuições, só poderá ser concedido mediante lei específica, federal, estadual ou
municipal, que regule exclusivamente as matérias acima enumeradas ou o
correspondente tributo ou contribuição, sem prejuízo do disposto no art. 155, §
2.º, XII, g".
Contudo, esse entendimento (na parte referente à extensão da Lei do REPORTO), foi
superado por ambos os órgãos fracionários que compõem a Primeira Seção do STJ,
tendo sido decidido que o benefício fiscal previsto no art. 17 da Lei n. 11.033/2004
deveria ser estendido a outras pessoas jurídicas além daquelas definidas na referida
lei.
Ocorre que a Primeira Turma, no ano de 2017, alterou seu posicionamento (quanto à
possibilidade de creditamento na monofasia), para entender que "o benefício fiscal
consistente em permitir a manutenção de créditos de PIS e COFINS, ainda que as
vendas e revendas realizadas pela empresa não tenham sido oneradas pela incidência
dessas contribuições no sistema monofásico, é extensível às pessoas jurídicas não
vinculadas ao REPORTO, regime tributário diferenciado para incentivar a
modernização e ampliação da estrutura portuária nacional, por expressa determinação
legal". Nesse julgado, considerou-se que tal benefício era extensível às pessoas
jurídicas não vinculadas ao REPORTO e que o art. 17 da Lei n. 11.033/2004 teria
derrogado, tacitamente, a Lei n. 10.637/2002 e a Lei n. 10.833/2003, porque teria
regulado inteiramente a matéria tratada nos arts. 3º dessas leis.
Informativo 694/STJ
DESTAQUE
O Imposto de Transmissão Causa Mortis e Doação - ITCDM, referente a doação
não oportunamente declarada pelo contribuinte ao fisco estadual, a contagem do
prazo decadencial tem início no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que
o lançamento poderia ter sido efetuado, observado o fato gerador, em
conformidade com os arts. 144 e 173, I, ambos do CTN.
Nos termos do art. 149, II, do CTN, quando a declaração não seja prestada, por quem
de direito, no prazo e na forma da legislação tributária, surge para o Fisco a
necessidade de proceder ao lançamento de ofício, no prazo de cinco anos contados do
primeiro dia do exercício seguinte à data em que ocorrido o fato gerador do tributo
(art. 173, I, do CTN).
Informativo 695/STJ
PROCESSO REsp 1.520.184-PR, Rel. Min. Benedito Gonçalves, Primeira Turma, por
unanimidade, julgado em 04/05/2021.
DESTAQUE
As receitas de royalties provenientes de atividades próprias da cooperativa de
desenvolvimento científico e tecnológico de pesquisa agropecuária, devem
integrar a base de cálculo das contribuições ao PIS e da COFINS.
Por isso, a receita da venda do produto (semente, grãos, mudas etc) e, concomitante,
as receitas de royalties (derivados de seu desenvolvimento) são provenientes das
atividades típicas da cooperativa autora; são indissociáveis, se considerado o fato de
uma receita estar intimamente vinculada com a geração da outra, razão pela qual não
há como se retirar os royalties da base de cálculo das contribuições, tendo em vista
compor a "soma das receitas oriundas do exercício das atividades empresariais
típicas"
Informativo 696/STJ
PROCESSO RMS 52.051-AP, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, Segunda Turma,
por unanimidade, julgado em 11/05/2021.
DESTAQUE
Incide Imposto de Renda sobre verba paga como contraprestação de plantões
médicos.
À toda evidência, como bem ressaltada pela Corte de Origem "apesar de a redação do
art. 5° da Lei Estadual n. 1.575/2011 prever que a remuneração dos plantões médicos
possui natureza indenizatória, não há como fechar os olhos à realidade, posto que tais
pagamentos são habituais, comutativos e de caráter eminentemente retributivo do
serviço prestado mês a mês e não se prestam a ressarcir qualquer gasto ou despesa
extraordinária realizada pelo servidor [...]".
Com efeito, a verba assim instituída se assemelha àquela paga por horas extras aos
demais trabalhadores da iniciativa privada ou servidores públicos, constituindo
evidentemente remuneração, pois corresponde à paga pelo serviço prestado fora dos
horários habituais. Para estes casos (hora extra) é pacífica a jurisprudência deste STJ
no sentido da incidência do imposto de renda.
Informativo 697/STJ
PROCESSO REsp 1.452.963-SC, Rel. Min. Gurgel de Faria, Primeira Turma, por
unanimidade, julgado em 18/05/2021
DESTAQUE
O Adiantamento sobre Contrato de Câmbio (ACC), vinculado à exportação de
bens e serviços, não constitui fato gerador do Imposto sobre Operações
Financeiras - IOF.
Nesse contexto, o ACC não representa uma operação de crédito, embora não se negue
a antecipação de numerário que ela representa. Trata-se de uma operação de câmbio
de forma antecipada, e assim deve ser tributada, pois vinculada a compra a termo de
moeda estrangeira.
Informativo 700/STJ
DESTAQUE
A matriz pode discutir relação jurídico-tributária, pleitear restituição ou
compensação relativamente a indébitos de suas filiais.
A sucursal, a filial e a agência não têm um registro próprio, autônomo, pois a pessoa
jurídica como um todo é que possui personalidade, sendo ela sujeito de direitos e
obrigações, assumindo com todo o seu patrimônio a correspondente responsabilidade
PROCESSO REsp 1.725.452-RS, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Rel. Acd.
Min. Regina Helena Costa, Primeira Turma, por maioria, julgado em 08/06/2021.
DESTAQUE
É ilegal a antecipação do vencimento do benefício fiscal pelo art. 9º da Medida
Provisória n.690/2015, convertida na Lei n. 13.241/2015, sendo imperioso o
restabelecimento da desoneração fiscal objetiva dada ao PIS e à Cofins pelos
artigos 28 a 30 da Lei do Bem até o dia 31 de dezembro de 2018, nos termos do
artigo 5º da Lei n. 13.097/2015, incidentes sobre a receita bruta a varejo de
produtos relacionados ao Programa de Inclusão Digital.
Tal desoneração foi disciplinada pela Lei n. 11.196/2005 para as vendas efetuadas até
31.12.2009 (arts. 28; e 30, II), e, posteriormente, para as alienações até: (i)
31.12.2014, pelo disposto na MP n.472/2009, convertida na Lei n. 12.249/2010; e (ii)
31/12/2018, em razão da superveniência da MP n. 656/2014, convertida na Lei n.
13.097/2015.
Informativo 701/STJ
O art. 74 da Lei n. 9.430/1996 (na redação dada pela Lei n. 10.637/2002 e Lei n.
10.833/2003) explicita que não poderão ser objeto de compensação mediante entrega,
pelo sujeito passivo, de débito que já tenha sido objeto de compensação não
homologada, ainda que a compensação se encontre pendente. Neste ponto, a Lei n.
9.430/1996 é clara ao asseverar que a compensação (de débito que já tenha sido
objeto de compensação não homologada) será considerada como "não declarada" (art.
74, § 3º, inciso V, da Lei n. 9.430/96), e, portanto, impassível de novo pedido de
compensação, independentemente da qualidade do crédito fiscal que seja
apresentado pelo contribuinte, consoante os termos do artigo 74, § 12, inciso I,
da Lei 9.430/1996.
Como se observa, a lei não concedeu margem para que se possa apresentar novos
pedidos de compensação sob os débitos fiscais que não foram homologados,
independentemente do pedido apresentar créditos distintos, porquanto em tais
situações, o débito foi considerado como "não declarado", logo inviável de ser
extinto pelo instituto da compensação fiscal, consoante uma interpretação
restritiva imposta pelo artigo 111, inciso I, do Código Tributário Nacional.
Assim, uma vez considerado o débito não declarado, com a inviabilidade de sua
compensação fiscal, este passivo tributário se tornará exigível para a Fazenda Pública
(Art. 74, § 7º, da Lei9.430/96), não podendo haver a sua extinção pelo instituto da
compensação. Portanto, relativizar tal condição, mediante a apresentação de outro
pedido de compensação, a par da existência de outros créditos pelo sujeito passivo,
permitiria ao contribuinte desvirtuar o instituto, ao suspender a exigibilidade do débito
fiscal ao seu alvedrio, sempre que disponibilizasse de créditos fiscais para tal missão.
DESTAQUE
O ajuizamento de um segundo processo de embargos à execução é fato gerador
de novas custas judiciais, independentemente da desistência nos primeiros antes
de realizada a citação.
Por seu turno, o art. 84 do CPC assim estabelece o que pode ser incluído na categoria
"despesa processual": As despesas abrangem as custas dos atos do processo, a
indenização de viagem, a remuneração do assistente técnico e a diária de testemunha.
Dessa forma, no gênero despesas, podem ser incluídas diversas verbas: indenização
de viagem, remuneração do assistente técnico, diária de testemunha e as custas
judiciais, que têm natureza jurídica de taxa.
Como se sabe, o tributo taxa pode ser cobrado em razão do exercício do poder de
polícia ou em razão do serviço público efetivamente prestado ou colocado à
disposição do contribuinte.
Informativo 702/STJ
DESTAQUE
A redução de 45% dos juros de mora previsto no art. 1º, § 3º, da Lei n.
11.941/2009 para pagamento ou parcelamento de créditos tributários incide
sobre a própria rubrica (juros de mora) em que se decompõe o crédito original, e
não sobre a soma das rubricas "principal + multa de mora".
Percebe-se que qualquer outra interpretação a ser dada ao dispositivo torna inócuas
suas duas últimas partes que estabelecem remissão de 45% (quarenta e cinco por
cento) dos juros de mora e de 100% (cem por cento) sobre o valor do encargo legal.
Isso porque, caso recalculados os juros de mora e o encargo legal sobre débito não
mais existente, não haveria mais nenhum valor sobre o qual pudessem incidir os
percentuais de 45% e 100% de remissão, respectivamente.
Merece transcrição, nesse ponto, o seguinte excerto da referida decisão, que bem
explica a forma de cálculo definida no art. 1º, § 3º, da Lei 11.941/2009: "(...) A
remissão de juros moratórios, portanto, refere-se aos juros que compõem o crédito
tributário e não aos juros que remuneram o depósito judicial. A este respeito,
convém rememorar as parcelas ou rubricas que compõem o crédito tributário:
Principal: é valor do tributo devido ou da multa isolada devida; Multa: é o valor da
multa devida quanto atrelada ao principal, podendo ser de ofício, no caso de infração
à legislação tributária, ou de mora, no caso de atraso no pagamento do principal; Juros
de mora: são os juros incidentes em razão de atraso no pagamento do principal (art.
161, §1º, do CTN, atualmente a SELIC, por força do art. 61, §3º, da Lei n.
9.430/1996). Encargos: demais encargos incidentes sobre a dívida. No caso dos
débitos inscritos em Dívida Ativa da União incide o encargo legal previsto no art.1º,
do Decreto-Lei n. 1.025/1969. (...) Se o contribuinte realiza o depósito integral
após o encaminhamento do débito para inscrição em Dívida Ativa da União, tem-se o
congelamento da seguinte composição do crédito tributário (CT): CT = R$ 100,00
(principal) + R$ 20,00 (multa demora 20%) + R$ 1,20 (juros de mora 1%) + R$ 24,24
(encargo legal 20%) = TOTAL DE R$ 144,36 O depósito, para ser integral, deve ser
feito no valor de R$ 144,36. Se o depósito foi assim efetuado, exige o art. 10, da
Lei n. 11.941/2009, que, antes da transformação em pagamento
definitivo(conversão em renda), seja aplicada a remissão/anistia sobre o crédito
tributário, que passa a ter a seguinte composição (art. 1º, §3º, I, da Lei n.
11.941/2009): CT = R$ 100,00 (principal) + R$ 0,00(anistia de 100% da multa de
mora) + R$ 0,66 (remissão de 45% dos juros de mora) + R$ 0,00 (remissão de 100%
do encargo legal) = TOTAL DE R$ 100,66".
Conclui-se que a redução dos juros de mora em 45% deve ser aplicada, após a
consolidação da dívida, sobre o próprio montante devido originalmente a esse
título (juros de mora), faltando amparo legal para que a exclusão de 100% da
multa de mora e de ofício implique exclusão proporcional dos juros de mora, sem
que a lei assim o tenha definido de modo expresso. Como se vê, exegese em sentido
contrário, além de ampliar o sentido da norma restritiva, esbarra na tese fixada em
recurso repetitivo do STJ, instaurando, em consequência, indesejável insegurança
jurídica nomeio social.
PROCESSO REsp 1.895.557-SP, Rel. Min. Gurgel de Faria, Primeira Turma, por
unanimidade, julgado em 22/06/2021.
TEMA Protesto de CDA. Lei n. 9.492/1997. Norma nacional. Plena eficácia.
Adoção por Fazenda Estadual e Municipal. Possibilidade. Lei local autorizativa.
Desnecessidade.
DESTAQUE
A validade do protesto de CDA emitida por Fazenda Pública Estadual ou
Fazenda Municipal não está condicionada à previa existência de lei local que
autorize a adoção dessa modalidade de cobrança extrajudicial.
Ainda, o Poder Legislativo de cada ente federativo pode deliberar por restringir a
atuação da sua Administração, estabelecendo, por exemplo, condições mínimas de
valor e de tempo, para que a CDA seja levada a protesto, sendo certo que, na ausência
dessas restrições legais ao protesto, não há óbice para que a Fazenda Pública cobre
seu crédito por essa via extrajudicial, que, a toda evidência, é menos grave e onerosa
em comparação com o ajuizamento de execução fiscal.
Informativo 703/STJ
DESTAQUE
O fato de se pagar parte ou totalidade do IRPF sobre o rendimento do
contribuinte ou sobre o resgate do plano e o fato de um plano ser tecnicamente
chamado de "previdência" (PGBL) e o outro de "seguro" (VGBL) são
irrelevantes para a aplicação da isenção prevista no art. 6º, XIV, da Lei
n.7.713/1988 c/c art. 39, § 6º, do Decreto n. 3.000/1999.
Também é de se registrar que esta Corte, por ambas as Turmas de Direito Tributário,
compreende que o destino tributário dos benefícios recebidos de entidade de
previdência privada não pode ser diverso do destino das importâncias correspondentes
ao resgate das respectivas contribuições. Desse modo, se há isenção para os benefícios
recebidos por portadores de moléstia grave, que nada mais são que o recebimento dos
valores aplicados nos planos de previdência privada de forma parcelada no tempo, a
norma também alberga a isenção para os resgates das mesmas importâncias, que nada
mais são que o recebimento dos valores aplicados de uma só vez.
DESTAQUE
O crédito fiscal não tributário não se submete aos efeitos do plano de
recuperação judicial.
Desse modo, se, por um lado, o art. 187 do CTN estabelece que os créditos
tributários não se sujeitam ao processo de soerguimento - silenciando quanto
aqueles de natureza não tributária -, por outro lado verifica-se que o próprio
diploma recuperacional e falimentar não estabeleceu distinção entre a natureza
dos créditos que deram ensejo ao ajuizamento do executivo fiscal para
afastá-los dos efeitos do processo de soerguimento.
Informativo 705/STJ
DESTAQUE
Não cabe a condenação em honorários advocatícios por débito quitado após
ajuizamento da execução fiscal e antes da citação.
Quando o parágrafo primeiro afirma que os honorários são devidos para a execução
resistida ou não resistida, quer dizer, em verdade, que, quando existe a formação da
relação jurídica processual entre exequente e executado, independentemente de
apresentação de defesa em autos próprios ou apartados, existe a incidência honorários
advocatícios.
Essa interpretação decorre não só da leitura do parágrafo primeiro em consonância
com o caput do art. 85, mas também pela leitura do art. 312 do CPC. Esse dispositivo
prevê que a propositura da demanda só produz efeitos para o polo passivo na citação.
Essa previsão é aplicável ao processo de execução por força do disposto no parágrafo
único, do art. 318 do CPC, o qual preconiza que o procedimento comum aplica-se
subsidiariamente aos demais procedimentos especiais e ao processo de execução.
Assim, verifica-se que a sucumbência não poderia recair sobre a parte executada se o
pagamento ocorreu em momento anterior à citação, já que os efeitos da demanda não
a alcançam.
Registre-se, por fim, tratar o caso concreto de execução fiscal ajuizada pela Fazenda
Pública Municipal, na qual não há previsão de encargos da dívida ativa de forma
automática, hipótese diversa da Fazenda Pública Federal, em que o art. 1º do
Decreto-lei 1025/69 prevê a cobrança de20% (vinte por cento) sobre o valor do
crédito, montante esse que substitui a condenação em honorários de sucumbência.
Informativo 706/STJ
DESTAQUE
1) Regra geral, os juros de mora possuem natureza de lucros cessantes, o que
permite a incidência do Imposto de Renda;
2) Os juros de mora decorrentes do pagamento em atraso de verbas alimentares
a pessoas físicas escapam à regra geral da incidência do Imposto de Renda, posto
que, excepcionalmente, configuram indenização por danos emergentes;
3) Escapam à regra geral de incidência do Imposto de Renda sobre juros de
mora aqueles cuja verba principal seja isenta ou fora do campo de incidência do
IR.
Informativo 709/STJ
DESTAQUE
O benefício fiscal do pagamento unificado de tributos, previsto no art. 2º da Lei
n. 12.024/2009, na redação dada pela Lei n. 13.097/2015, é aplicável até o final do
contrato firmado até31/12/2018, com a conclusão da obra contratada.
O contrato firmado é uma condição objetiva para o gozo do benefício fiscal e este será
usufruído "por" aquele, ou seja, durante a vigência ou sobrevivência daquele. Assim
como compreenderam os juízos de primeiro e segundo graus, a interpretação do
dispositivo legal é a de que o benefício fiscal é devido "pelo" contrato.
Desse modo, enquanto o contrato não se exaurir, o benefício fiscal também não estará
exaurido: o recolhimento unificado e a vida do contrato estão correlacionados
normativamente. A fórmula temporal está relacionada ao benefício fiscal, mas
também ao próprio contrato, de modo que a sua aplicação se conecta ao surgimento e
duração contratual.
Informativo 710/STJ
PROCESSO EREsp 1.580.304-RS, Rel. Min. Sérgio Kukina, Primeira Seção, por
unanimidade, julgado em 16/09/2021, DJe 23/09/2021.
PROCESSO REsp 1.858.965-SP, Rel. Min. Sérgio Kukina, Primeira Seção, por
unanimidade, julgado em 22/09/2021. (Tema 1054)
TEMA Execução fiscal. Recolhimento antecipado das custas para a citação postal
do devedor. Exigência indevida. Exegese do art. 39 da Lei n. 6.830/1980. Tema
1054.
DESTAQUE
A teor do art. 39 da Lei n. 6.830/1980, a fazenda pública exequente, no âmbito
das execuções fiscais, está dispensada de promover o adiantamento de custas
relativas ao ato citatório, devendo recolher o respectivo valor somente ao final da
demanda, acaso resulte vencida.
Sobre a natureza dos valores despendidos para realização do ato citatório, este
STJ tem entendimento antigo no sentido de que a "citação postal constitui-se
ato processual cujo valor está abrangido nas custas processuais, e não se
confunde com despesas processuais, as quais se referem ao custeio de atos não
abrangidos pela atividade cartorial, como é o caso dos honorários de perito e
diligências promovidas por Oficial de Justiça" (REsp 443.678/RS, Rel. Min.
José Delgado, Primeira Turma, DJ 07/10/2002).
PROCESSO REsp 1.894.736-PR, Rel. Min. Gurgel de Faria, Primeira Turma, por
unanimidade, julgado em 21/09/2021.
DESTAQUE
O repasse referente à participação que o município faz jus sobre o ICMS
compensado com precatório se dá com a aceitação desse último com forma de
quitação do crédito tributário, não estando condicionado (o repasse) ao momento
em que o crédito estampado no precatório for efetivamente disponibilizado em
espécie, segundo a ordem cronológica.
Por outro lado, não há na lei federal nenhuma disposição postergando o momento do
repasse da participação do ICMS compensado com precatório à ordem cronológica de
efetivo pagamento dos créditos nele estampados.
Informativo 712/STJ
No que diz respeito à base de cálculo do PIS e da COFINS, os arts. 1º, §§ 1º e 2º, das
Leis n.10.637/2002 e 10.833/2003, dispõem que as referidas contribuições sociais
incidem sobre o total das receitas auferidas no mês pela contribuinte, que compreende
a receita bruta de que trata o art.12 do Decreto-Lei n. 1.598/1977 e as demais receitas,
excluindo-se apenas as receitas taxativamente elencadas em lei.
Informativo 713/STJ
PROCESSO EAREsp 1.125.139-PR, Rel. Min. Laurita Vaz, Corte Especial, por
maioria, julgado em 06/10/2021.
TEMA Energia elétrica. Empréstimo compulsório. Cessão de crédito.
Necessidade de notificação do devedor. Art. 290do Código Civil. Ação de
cobrança pelo credor-cessionário. Citação. Requisito cumprido.
DESTAQUE
A citação na ação de cobrança ajuizada pelo credor-cessionário é suficiente para
cumprir a exigência de cientificar o devedor acerca da transferência do crédito.
Nesse contexto, decidiu o acórdão embargado da Segunda Turma que "a validade da
cessão de créditos oriundos da devolução de empréstimo compulsório sobre
energia elétrica submete-se não apenas ao preenchimento dos requisitos insertos
no art. 104 do CC, como também ao fato de a devolução do empréstimo
compulsório não se dar mediante a compensação dos débitos com valores
resultantes do consumo de energia, ficando sua eficácia sujeita à notificação do
cedido (art. 286 do CC)." Asseverou ainda que, "a cessionária não se
desincumbiu do ônus de notificar formalmente a parte devedora - Eletrobrás.
Cabe ressaltar que, diferentemente do alegado pela agravante, a proposição do
cumprimento de sentença, por si só, não equivale à notificação formal da
devedora. Deveria, no caso, a cessionária dar ciência da cessão à Eletrobrás
antes da propositura da cobrança judicial." (AgInt no AREsp 1.125.139/PR, Rel.
Ministro Francisco Falcão, Segunda Turma, DJe 27/08/2018).
Por sua vez, o acórdão paradigma da Terceira Turma consignou a tese de que
"a ausência de notificação do devedor a respeito da cessão de crédito, não
pode ser alegada pelo credor [rectius: devedor] quando esse teve conhecimento
da cessão quando citado na ação executiva." (AgRg no AREsp 545.311/SP, Rel.
Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva, DJe 23/03/2015).
Cabe ressaltar que, segundo precedente deste Tribunal Superior, "[a] falta de
notificação do devedor sobre a cessão do crédito não torna a dívida inexigível
(art. 290 do CC/02)" (REsp 1.882.117/MS, Rel. Ministra Nancy Andrighi,
Terceira Turma, DJe 12/11/2020).
DESTAQUE
Na Execução Fiscal, quando não incluídos como encargo na CDA, os honorários
provisórios arbitrados no despacho do juiz que ordena a citação devem observar
o percentual estabelecido no art. 827 e não as faixas do art. 85, § 3°, ambos do
Código de Processo Civil/2015.
PROCESSO REsp 1.445.843-RS, Rel. Min. Gurgel de Faria, Primeira Turma, por
unanimidade, julgado em 05/10/2021.
Com efeito, a tese de que seria aplicável o benefício fiscal do art. 17 da Lei
n. 11.033/2004 não encontra respaldo na orientação firmada pelo Superior
Tribunal de Justiça, pois tal dispositivo, em razão da especialidade, não
derrogou a Lei n. 10.637/2002 e a Lei n. 10.833/2003, bem como não
desnaturou a estrutura do sistema de créditos estabelecida pelo legislador para
a materialização do princípio da não cumulatividade, quanto à COFINS e à
contribuição ao PIS.
Informativo 714/STJ
TEMA EDcl no RE 574.706/PR (Tema 69). Modulação dos efeitos pelo STF. Fato
superveniente. Adequação de julgado. Conhecimento do recurso e relação com o
objeto recursal. Requisitos. Necessidade.
DESTAQUE
Para a adequação de determinado julgado, após a modulação dos efeitos de
decisão pelo Supremo Tribunal Federal, é necessário que o recurso tenha sido
conhecido e que haja relação entre o objeto recursal e o fato superveniente.
DESTAQUE
O acréscimo determinado pelo § 21 do art. 8º da Lei n. 10.865/2004
(incluído pela Lei n. 12.844/2013) majorou de maneira linear, em 01 ponto
percentual, todas as alíquotas para a COFINS-Importação tratadas neste
artigo.
O debate entre norma geral e norma especial tem lugar quando há antinomia
aparente de normas. No caso, não há antinomia quando um dispositivo
estabelece uma alíquota (ainda que seja zero) e outro, posterior, estabelece uma
adição de alíquota, no mesmo artigo de lei, ainda que tal adição alcance um
conjunto maior de itens.
Informativo 716/STJ
DESTAQUE
É possível o protesto da CDA desde a entrada em vigor da Lei n. 9.492/1997.
Informativo 717/STJ
PROCESSO EREsp 1.770.495-RS, Rel. Min. Gurgel de Faria, Primeira Seção, por
unanimidade, julgado em 10/11/2021.
DESTAQUE
A pretensão em mandado de segurança que visa exclusivamente a declaração do
direito à compensação de eventuais indébitos recolhidos anteriormente à
impetração, ainda não atingidos pela prescrição, não importa em produção de
efeito patrimonial pretérito, aproveitando apenas o valor referente a indébitos
recolhidos nos cinco anos anteriores ao manejo da ação mandamental.
Acrescenta-se, por oportuno, que esta Corte Superior orienta que a impetração
de mandado de segurança interrompe o prazo prescricional para o ajuizamento
da ação de repetição de indébito, entendimento esse que, pela mesma ratio
decidendi, permite concluir que tal interrupção também se opera para fins do
exercício do direito à compensação declarado a ser exercido na esfera
administrativa, de sorte que, quando do encontro de contas, o contribuinte
poderá aproveitar o valor referente a indébitos recolhidos nos cinco anos
anteriores à data da impetração.
PROCESSO REsp 1.599.065-DF, Rel. Min. Regina Helena Costa, Primeira Turma,
por unanimidade, julgado em 09/11/2021.
DESTAQUE
Configura ilegalidade exigir das empresas prestadoras de serviços de telefonia a
base de cálculo da Contribuição ao PIS e da Cofins integrada com os montantes
concernentes ao uso da estrutura de terceiros - interconexão e roaming.
DESTAQUE
O IOF incide nas movimentações decorrentes das operações de "conferência
internacional de ações" de sociedade estrangeira no aumento do capital social de
empresa brasileira.
Sendo assim, resta evidente que o contribuinte realizou oferta de ações no exterior a
fim de captar determinada quantia em moeda estrangeira. É o que basta para
caracterizar a operação de câmbio que se sujeita tanto ao IOF quanto à CPMF,
consoante a jurisprudência desta Casa, nesse sentido: REsp. n. 1.316.221/SP, Segunda
Turma, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em15/12/2015.
Informativo 718/STJ
PROCESSO REsp 1.872.759-SP, Rel. Min. Gurgel de Faria, Primeira Seção, por
unanimidade, julgado em 18/11/2021. (Tema 1092)
DESTAQUE
É possível a Fazenda Pública habilitar em processo de falência crédito tributário
objeto de execução fiscal em curso, mesmo antes da vigência da Lei n.
14.112/2020, e desde que não haja pedido de constrição de bens no feito
executivo.
O juízo falimentar, por outro lado, nos termos do que estabelece a Lei n. 11.101/2005,
é "indivisível e competente para conhecer todas as ações sobre bens, interesses
e negócios do falido, ressalvadas as causas trabalhistas, fiscais e aquelas não
reguladas nesta Lei em que o falido figurar como autor ou litisconsorte ativo".
DESTAQUE
É incabível o aproveitamento de crédito da Contribuição ao PIS e da
COFINS decorrentes de aquisição de insumos sujeitos à alíquota zero,
quando ocorrerem saídas tributadas.
DESTAQUE
O seguro de vida VGBL não integra a base de cálculo do ITCMD.
Informativo 719/STJ
PROCESSO REsp 1.377.019-SP, Rel. Min. Assusete Magalhães, Primeira Seção, por
unanimidade, julgado em24/11/2021. (Tema 962)
DESTAQUE
O redirecionamento da execução fiscal, quando fundado na dissolução irregular
da pessoa jurídica executada ou na presunção de sua ocorrência, não pode ser
autorizado contra o sócio ou o terceiro não sócio que, embora exercessem
poderes de gerência ao tempo do fato gerador, sem incorrer em prática de atos
com excesso de poderes ou infração à lei, ao contrato social ou aos estatutos, dela
regularmente se retirou e não deu causa à sua posterior dissolução irregular,
conforme art. 135, III do CTN.
A Primeira Seção do STJ, ao julgar, sob o rito dos recursos repetitivos, o Recurso
Especial1.101.728/SP (Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, DJe de 23/03/2009),
fixou a tese de que "a simples falta de pagamento do tributo não configura, por si só,
nem em tese, circunstância que acarreta a responsabilidade subsidiária do sócio,
prevista no art. 135 do CTN. É indispensável, para tanto, que tenha agido com
excesso de poderes ou infração à lei, ao contrato social ou ao estatuto da empresa"
(Tema 97 do STJ). No mesmo sentido dispõe a Súmula 430/STJ ("O inadimplemento
da obrigação tributária pela sociedade não gera, por si só, a responsabilidade solidária
do sócio-gerente").
É firme a jurisprudência desta Corte no sentido de que, à luz do art. 135, III,
do CTN, não se admite o redirecionamento da execução fiscal, quando fundado
na dissolução irregular da pessoa jurídica executada, contra o sócio e o terceiro
não sócio que, embora exercessem poderes de gerência ao tempo do fato
gerador, sem a prática de ato com excesso de poderes ou infração à lei, ao
contrato social ou aos estatutos, dela regularmente se retiraram e não deram
causa à sua posterior dissolução irregular.
PROCESSO REsp 1.805.226-SP, Rel. Min. Sérgio Kukina, Primeira Turma, por
unanimidade julgado em 09/11/2021, DJe19/11/2021.
DESTAQUE
É legítima a incidência do ISSQN nas prestações de serviços de reparos navais
em embarcações de bandeira estrangeira em águas marítimas no território
nacional.
Também a Segunda Turma do STJ teve ensejo de se pronunciar sobre o tema ao julgar
o AgInt no AREsp 1.446.639/SP, firmando o entendimento de que, "para que haja
efetiva exportação do serviço desenvolvido no Brasil, ele não poderá aqui ter
consequências ou produzir efeitos".
Por fim, não se sustenta a tese de que, por se tratarem de embarcações que
ostentariam o status de território estrangeiro, caracterizada estaria a exportação
do serviço para o exterior do País, capaz de arredar a incidência do ISSQN,
como dispõe o art. 2º, I, da LC 116/2003. Tal percepção, em verdade, exsurge
infirmada pela literalidade do art. 3º, § 3º, da LC 116/2003, que assim
preceitua: "Considera-se ocorrido o fato gerador do imposto no local do
estabelecimento prestador nos serviços executados em águas marítimas..."; logo,
bem se constata que o legislador, para fins de incidência do tributo, não fez
qualquer distinção quanto à nacionalidade da embarcação ou do equipamento
atendidos pelo serviço, não cabendo ao intérprete, portanto, empreender tal
distinção.
PROCESSO REsp 1.872.153-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, Quarta Turma, por
unanimidade, julgado em 09/11/2021.
DESTAQUE
É cabível o pedido de habilitação de crédito da Fazenda Pública na falência
desde que suspensa a execução fiscal.
Desse modo, é certo que os créditos tributários não se submetem ao concurso formal
(ou processual) instaurado com a decretação da falência ou com o deferimento da
recuperação judicial; vale dizer, não se subordinam à vis attractiva (força atrativa) do
juízo falimentar ou recuperacional, motivo pelo qual as execuções fiscais terão curso
normal nos juízos competentes, ressalvada a competência para controle sobre atos
constritivos dos bens essenciais à manutenção da atividade empresarial e para
alienação dos ativos da falência, que recaem sobre o juízo da insolvência.
É que, embora seja o único credor "que não participa da Assembleia Geral de
Credores e não se submete ao plano de recuperação, o Fisco colabora com a
recuperação da empresa mediante o parcelamento dos créditos tributários [...]
Dessa forma, a contribuição do Fisco acontecerá de forma automática,
estabelecendo dilatação dos prazos para pagamento, aliviando as necessidades
de fluxo de caixa das empresas e propiciando a regularização de sua situação
fiscal", exatamente o que veio a ocorrer com a Lei n. 13.043/2014, que previu
parcelamento especial para devedores em recuperação judicial.
Na falência, é vedado que o fisco utilize duas vias processuais para satisfação
de seu crédito - a denominada garantia dúplice: a execução fiscal e a
habilitação de crédito -, sob pena de bis in idem, ressalvada a possibilidade de
discussão, no juízo da execução fiscal, sobre a existência, a exigibilidade e o
valor do crédito, assim como de eventual prosseguimento da cobrança contra
os corresponsáveis (LREF, art. 7º-A, § 4º, II). A suspensão da execução, a que
alude a mesma regra (inciso V), afasta a dupla garantia, a sobreposição de
formas de satisfação do crédito, permitindo a habilitação do crédito na falência.
DESTAQUE
O credor fiduciário, antes da consolidação da propriedade e da imissão na
posse no imóvel objeto da alienação fiduciária, não pode ser considerado
sujeito passivo do IPTU, uma vez que não se enquadra em nenhuma das
hipóteses previstas no art. 34 do CTN.
Nesse contexto, ganha relevância a previsão feita nos arts. 27, § 8°, da Lei
9.514/1997 e 1.368-B, parágrafo único, do CC/2002, quando declaram que sobre
o credor fiduciante recaem todos os encargos (especial atenção dada aos
tributos) incidentes sobre o bem apenas com a consolidação da propriedade e
após a imissão da posse.
Informativo 721/STJ
DESTAQUE
A multa por descumprimento do prazo para reexportação no regime de
admissão temporária deve ser calculada sobre o valor aduaneiro da
mercadoria, em razão da licitude da revogação do art. 106, inciso II, "b",
do Decreto-Lei n. 37/1966 do art. 709, pelo Decreto n. 6.759/2009
(RA-2009) e o ADI/SRF n. 4/2004.
Com efeito, não há especialidade possível do art. 106, inciso II, "b", do
Decreto-Lei n. 37/1966 frente ao art. 72, I, da Lei n. 10.833/2003, isto porque
este último se refere também especificamente ao descumprimento de prazos
dentro do regime aduaneiro especial de admissão temporária, que é justamente
a matéria daqueloutro. Aliás o prazo para reexportação é justamente o núcleo
do regime de admissão temporária, excluir do bojo do art. 72, I, da Lei n.
10.833/2003 justamente este prazo é esvaziar de todo o dispositivo.
Informativo 723/STJ
PROCESSO REsp 1.437.550-RJ, Rel. Min. Benedito Gonçalves, Primeira Turma, por
unanimidade, julgado em 14/12/2021.
DESTAQUE
Não incide ICMS-Comunicação sobre o serviço de prestação de capacidade de
satélite.
Os satélites disponibilizados não passam, portanto, de meios para que seja prestado o
serviço de comunicação, sendo irrelevante para a subsunção tributária que se
argumente no sentido que há retransmissão ou ampliação dos sinais enviados.
Primeiro porque os satélites refletem as ondas radioelétricas que sobre eles incidem,
espelhando-as tão somente; segundo, porque não tem participação no tratamento das
informações, não contratando com o emissor ou receptor destas; em terceiro lugar,
segundo a doutrina, "porque nada recebe pela reflexão em si mesma considerada, não
se podendo falar, portanto, em serviço autônomo da cessão onerosa da capacidade
espacial, muito menos em serviço de comunicação".
Informativo 723/STJ
PROCESSO AREsp 1.904.780-SP, Rel. Min. Gurgel de Faria, Primeira Turma, por
unanimidade, julgado em 14/12/2021
DESTAQUE
O recolhimento do tributo a município diverso daquele a quem seria
efetivamente devido não afasta a aplicação da regra da decadência prevista no
art. 173, I do CTN.
Vê-se que, pela própria natureza do lançamento por homologação, faz-se necessário
que a edilidade tenha conhecimento da ocorrência do fato gerador, seja através da
declaração formal promovida pelo contribuinte ou do recolhimento do tributo aos seus
cofres.
Informativo 723/STJ
DESTAQUE
O REINTEGRA não pode ser estendido de forma automática para as vendas
destinadas a toda e qualquer Área de Livre Comércio - ALC.
Nesse contexto, a venda de mercadorias para empresas situadas nas ALCs de Boa
Vista/RR e Bonfim/RR são equivalentes a uma exportação, sendo o caso de fruição do
REINTEGRA em razão das mercadorias destinadas a esta área.
Por outro lado, conforme já decidido pela Segunda Turma deste Superior Tribunal de
Justiça, no Resp 1.861.806/SC (Rel. Min. Mauro Campbell Marques, DJe
21/09/2020), se a venda de mercadorias para empresas situadas nas ALCs de
Tabatinga/AM, Guajará-Mirim/RO, Brasileia, Cruzeiro do Sul e Epitaciolândia/AC,
Macapá e Santana/AP deixou de ser equivalente a uma exportação, não há que se falar
em fruição do REINTEGRA em razão das mercadorias destinadas a esta área.
Informativo 966/STF
TESE:
“A norma imunizante contida no inciso I do § 2º do art. 149 da Constituição
Federal (CF) (1) alcança as receitas decorrentes de operações indiretas de
exportação caracterizadas por haver participação negocial de sociedade
exportadora intermediária.(Trading companies ou ECEs)”
RESUMO:
“...
O colegiado julgou procedente o pedido formulado na ADI, para declarar a
inconstitucionalidade do art. 170, §§ 1º e 2º, da Instrução Normativa (IN) da
Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) 971/2009 (2). Além disso, deu
provimento ao recurso extraordinário, a fim de reformar o acórdão impugnado e
conceder ordem mandamental, assentando a inviabilidade de exações baseadas nas
restrições presentes no art. 245, §§ 1º e 2º, da IN da Secretaria da Receita
Previdenciária (SRP) 3/2005 (3), no tocante às exportações de açúcar e álcool
realizadas por intermédio de sociedades comerciais exportadoras.
Dessa maneira, depreendeu que o escopo da imunidade contida no art. 149, § 2º, I, da
CF é a desoneração da carga tributária sobre transações comerciais que envolvam a
venda para o exterior. É evitar a indesejada exportação de tributos e permitir que os
produtos nacionais se tornem mais competitivos no exterior, contribuindo para a
geração de divisas e o desenvolvimento nacional. Destacou que a desoneração das
atividades ligadas à exportação aparece como tendência explícita da CF, o que pode
ser comprovado por regras que disciplinam a imunidade do IPI e do ICMS.
Considerada a finalidade da norma imunizante, não há como simplesmente cindir as
negociações realizadas no âmbito das exportações indiretas, de modo a tributar as
operações realizadas no mercado interno e imunizar exclusivamente a posterior
remessa ao exterior. Tributar a operação interna onera em verdade a exportação inteira
e fere inclusive a livre concorrência.
Informativo 1002/STF
TESE:
“É constitucional a flexibilização da legalidade tributária constante do § 2º do
art. 27 da Lei 10.865/2004 (1), no que permitiu ao Poder Executivo, prevendo as
condições e fixando os tetos, reduzir e restabelecer as alíquotas da contribuição
ao Programa de Integração Social (PIS) e da Contribuição para o Financiamento
da Seguridade Social (Cofins) incidentes sobre as receitas financeiras auferidas
por pessoas jurídicas sujeitas ao regime não cumulativo, estando presente o
desenvolvimento de função extrafiscal.”
RESUMO:
A constitucionalidade da flexibilização do princípio da legalidade tributária deve ser
verificada de acordo com cada espécie tributária e à luz do caso concreto.
Exige-se maior presença do legislador no tratamento de tributo que possua alto grau
de coatividade, como é a exação cujo pagamento não decorra de benefício imediato
conferido ao contribuinte. A característica da retributividade imediata reduz o grau de
coatividade dos tributos: o patrimônio afetado do contribuinte acabará sendo, de
alguma forma, compensado imediatamente.
As normas editadas pelo Poder Executivo que majorem alíquotas da contribuição para
PIS/Pasep e a Cofins devem observar a anterioridade nonagesimal (CF, art. 150, III,
“c”) (2).
É constitucional a revogação pela Lei 10.865/2004 das normas legais que davam ao
contribuinte direito de apurar, no âmbito do sistema não cumulativo de cobrança da
contribuição ao PIS/Pasep e da Cofins, créditos em relação a despesas financeiras
decorrente de empréstimos e financiamentos.
(1) Lei 10.865/2004: “Art. 27. O Poder Executivo poderá autorizar o desconto de
crédito nos percentuais que estabelecer e para os fins referidos no art. 3º das Leis nº s
10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003,
relativamente às despesas financeiras decorrentes de empréstimos e financiamentos,
inclusive pagos ou creditados a residentes ou domiciliados no exterior. (...) § 2º O
Poder Executivo poderá, também, reduzir e restabelecer, até os percentuais de que
tratam os incisos I e II do caput do art. 8º desta Lei, as alíquotas da contribuição para
o PIS/PASEP e da COFINS incidentes sobre as receitas financeiras auferidas pelas
pessoas jurídicas sujeitas ao regime de não-cumulatividade das referidas
contribuições, nas hipóteses que fixar.”
(2) CF: “Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é
vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: (...) III – cobrar
tributos: (...) c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a
lei que os instituiu ou aumentou, observado o disposto na alínea b;”
(3) CF: “Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é
vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: (...) III – cobrar
tributos: (...) b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os
instituiu ou aumentou;”
(4) CF: “Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma
direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes
contribuições sociais: (...) § 6º As contribuições sociais de que trata este artigo só
poderão ser exigidas após decorridos noventa dias da data da publicação da lei que as
houver instituído ou modificado, não se lhes aplicando o disposto no art. 150, III,
‘b’.”
(5) CF: “Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma
direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes
contribuições sociais: (...) § 12. A lei definirá os setores de atividade econômica para
os quais as contribuições incidentes na forma dos incisos I, b; e IV do caput, serão
não-cumulativas.”
Informativo 1021/STF
TESE:
“Não cabe mandado de segurança contra atos de gestão comercial praticados por
administradores de empresas públicas, sociedades de economia mista e
concessionárias de serviço público (Lei 12.016/2019, art. 1º, § 2º) (1).”
RESUMO:
O ajuizamento do mandado de segurança é cabível apenas contra atos praticados no
desempenho de atribuições do Poder Público [Constituição Federal (CF) art. 5º,
LXIX] (2). Atos de gestão comercial são atos estranhos à ideia da delegação do
serviço público em si. Esses atos se destinam à satisfação de interesses privados na
exploração de atividade econômica, submetendo-se a regime jurídico próprio das
empresas privadas.
(1) Lei 12.016/2009: “Art. 1º (...) § 2º Não cabe mandado de segurança contra os atos
de gestão comercial praticados pelos administradores de empresas públicas, de
sociedade de economia mista e de concessionárias de serviço público.”
(2) CF/1988: “Art. 5º (...) LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger
direito líquido e certo, não amparado por ‘habeas-corpus’ ou ‘habeas-data’, quando o
responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de
pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público;”
(3) Lei 12.016/2009: “Art. 7º Ao despachar a inicial, o juiz ordenará: (...) III – que se
suspenda o ato que deu motivo ao pedido, quando houver fundamento relevante e do
ato impugnado puder resultar a ineficácia da medida, caso seja finalmente deferida,
sendo facultado exigir do impetrante caução, fiança ou depósito, com o objetivo de
assegurar o ressarcimento à pessoa jurídica.”
(4) CPC/2015: “Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver
elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao
resultado útil do processo. §1º Para a concessão da tutela de urgência, o juiz pode,
conforme o caso, exigir caução real ou fidejussória idônea para ressarcir os danos que
a outra parte possa vir a sofrer, podendo a caução ser dispensada se a parte
economicamente hipossuficiente não puder oferecê-la.”
(5) Precedente citado: ADI 975/DF MC, relator Min. Carlos Velloso (DJ de
20.6.1997).
(6) Lei 12.016/2009: “Art. 7º Ao despachar a inicial, o juiz ordenará: (...) § 2º Não
será concedida medida liminar que tenha por objeto a compensação de créditos
tributários, a entrega de mercadorias e bens provenientes do exterior, a reclassificação
ou equiparação de servidores públicos e a concessão de aumento ou a extensão de
vantagens ou pagamento de qualquer natureza. (...) Art. 22. No mandado de segurança
coletivo, a sentença fará coisa julgada limitadamente aos membros do grupo ou
categoria substituídos pelo impetrante. (...) § 2º No mandado de segurança coletivo, a
liminar só poderá ser concedida após a audiência do representante judicial da pessoa
jurídica de direito público, que deverá se pronunciar no prazo de 72 (setenta e duas)
horas.”
ADI 4296/DF, relator Min. Marco Aurélio, redator do acórdão Min. Alexandre de
Moraes, julgamento em 9.6.2021
ITBI
“O fato gerador do imposto sobre transmissão inter vivos de bens imóveis (ITBI)
somente ocorre com a efetiva transferência da propriedade imobiliária, que se dá
mediante o registro.”
STF. Plenário. ARE 1294969 RG, Rel. Min. Presidente, julgado em 11/02/2021
(Repercussão Geral – Tema 1124).
Súmula Vinculante 40
A contribuição confederativa de que trata o art. 8º, IV, da Constituição Federal, só é
exigível dos filiados ao sindicato respectivo.
Súmula vinculante 58
Inexiste direito a crédito presumido de IPI relativamente à entrada de insumos isentos,
sujeitos à alíquota zero ou não tributáveis, o que não contraria o princípio da não
cumulatividade.
Súmula vinculante 57
A imunidade tributária constante do art. 150, VI, d, da CF/88 aplica-se à importação e
comercialização, no mercado interno, do livro eletrônico (e-book) e dos suportes
exclusivamente utilizados para fixá-los, como leitores de livros eletrônicos
(e-readers), ainda que possuam funcionalidades acessórias