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Conferência e acesso ao(s) anexo(s) deste documento em www.tjse.jus.br/autenticador. Número de Consulta: 2022001287010-50. fl: 1/6
DECISÃO
Narra que é pessoa jurídica de direito privado e, no exercício de suas atividades, vendem
mercadorias a consumidores finais não-contribuintes do ICMS em diversos estados da federação,
incluindo o Estado de Sergipe.
Relata que, consoante o determinado pelo Supremo Tribunal Federal durante o julgamento do
Recurso Extraordinário n.º 1.287.019/DF, se faz necessária a edição de Lei Complementar para que haja
a cobrança do Diferencial de Alíquota referente ao ICMS.
Explicita ainda que o STF modulou os efeitos do acórdão para 01 de janeiro de 2022, e no dia
05 de janeiro de 2022 foi publicada a Lei Complementar n.º 190/2022 que instituiu e regulamentou o
DIFAL.
Aduz que a Lei Complementar nº 190, de 04 de janeiro de 2022, editada somente em 04/01
/2022, é que regulamenta a cobrança do Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias
e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS)
nas operações e prestações interestaduais destinadas a consumidor final não contribuinte do imposto, mas
que somente poderá produzir seus efeitos em respeito ao princípio da anterioridade nonagesimal e a anual
previsto nas alíneas "b" e “c” do inciso III, do artigo 150, da Constituição da República Federativa do
Brasil de 1988.
Assinado eletronicamente por SIMONE DE OLIVEIRA FRAGA, em 14/06/2022 às 09:08:57, conforme art. 1º, III, "b", da Lei 11.419/2006.
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Por fim, requer a concessão de medida liminar para que seja suspensa a exigibilidade dos
débitos de DIFAL nas operações interestaduais de mercadorias destinadas a consumidor final localizado
neste Estado, de forma que sua exigência somente venha ocorrer com respeito ao Princípio da
Anterioridade Tributária Anual, ou seja, somente a partir de janeiro/2023. No mérito, pugna pela
confirmação da liminar, reconhecendo a inconstitucionalidade e ilegalidade da Lei n° 8.944/2021, que
institui acerca do ato ilegal do Estado IMPETRADO em realizar a cobrança imediata referente ao ICMS-
DIFAL, por ofensa aos preceitos constitucionais p. 26 e tributário da anterioridade (anual ou
nonagesimal) e o da segurança jurídica, bem como ao entendimento já pacificado pelo Supremo Tribunal
Federal, sendo para tanto, restituído todo o valor pago indevidamente durante o exercício financeiro de
2022.
É o breve relato.
Decido.
II – FUNDAMENTAÇÃO
Inicialmente, destaco que, a despeito do autor não juntar comprovante de pagamento das
custas iniciais, verifico que as mesmas foram adimplidas (https://www.tjse.jus.br/scdjinternet/consultas
/detalhesguia/detalhesguia.wsp?tmp_numGuia=202210041098&tmp_exibirvoltar=S)
(...)
A relevância do fundamento não se confunde com a fumaça do bom direito (fumus boni iuris)
. Esta é bem menos que aquela. O fundamento relevante é aquele fundamento plausível, verossímil e
suscetível de acolhimento na sentença mandamental.
Ocorre que tal obrigação tributária, que tinha por fundamento a nova redação dada pela EC nº
87/2015 ao artigo 155, § 2º, VII da Constituição Federal, com a regulamentação inserida noart. 3º, XVI e
§ 12 do RICMS e no Convênio CONFAZ nº 93/2015 ratificado pelo Decreto nº 3.867-R de 02/10/2015,
não pode subsistir no corrente ano.
Como se vê, o Pretório Excelso assentou a invalidade da cobrança do DIFAL sem a edição
em lei complementar, modulando os efeitos da decisão que reconheceu a inconstitucionalidade das
normas do Convênio CONFAZ n.º 93/2015, as quais definem o fato gerador, contribuinte, alíquota e base
de cálculo do tributo, a partir do exercício financeiro seguinte à conclusão do julgamento, justamente o
do corrente ano.
Nesse sentido, ainda que os efeitos do novo Convênio CONFAZ n.º 236/2021 pudessem
retroagir ao dia 01/01/2022, como previsto em sua cláusula décima primeira, o diploma não tem o condão
de, por si só, lastrear a cobrança do DIFAL, pois, repita-se, imperiosa a edição de Lei Complementar
para tanto.
Friso que tal Lei Complementar até foi editada sob o n.º 190/2022, acrescendo o § 2º e
incisos ao art. 4º da Emenda Constitucional n.º87/2015, in verbis:
(...)
Ocorre que, inobstante o teor dos dispositivos supramencionados, certo é que a produção de
seus efeitos não pode se dá antes de noventa dias da publicação da lei, tampouco no mesmo exercício
financeiro desta, qual seja, o do ano de 2022, nos termos da própria Lei Complementar, senão vejamos:
LC n.º 190/2022.
Explico.
Ocorre que a EC 87/2015 não possui efeitos automáticos, impondo-se sua regulamentação
por lei complementar. E essa regulamentação ocorreu apenas com a LC 190/2022, uma vez que o
Supremo Tribunal Federal reconheceu a inconstitucionalidade do Convênio ICMS 93/15.
Assim, apenas com a edição da Lei Complementar 190/2022 é que o diferencial de alíquotas
pôde ser, constitucionalmente, exigido. E não há dúvida de que para aquele contribuinte que, antes dessa
lei complementar, recolhia apenas o tributo em seu estado de origem, a obrigação de recolher a diferença
para o estado de destino quando a alíquota deste é superior à daquele, implica efetiva majoração do
imposto.
Para além disso, ao definir uma nova categoria de contribuintes do imposto (art. 4º, § 2º, da
LC 190/2022), a nova lei criou uma nova relação jurídico-tributária, de modo que para essa nova
categoria de contribuintes, o imposto, que antes da edição da LC 190/2022 não era constitucionalmente
exigível, além de aumento da caga tributária, a LC 190/2022 também implica a criação de um novo
tributo.
E as inovações da lei que possuem a natureza de criação e aumento de tributo também estão
presentes no art. 12, incisos XIV, XV e XVI (quando definem novos fatos geradores) e no art. 13, inciso
IX e X e §§ 3º, 6º e 7º (definição da base de cálculo).
Ressalte-se, por fim, que a própria alínea “c” do inciso III do art. 150 da CF/88 exige a
observância ao disposto na alínea “b”, referindo-se à anterioridade anual, vejamos:
Assinado eletronicamente por SIMONE DE OLIVEIRA FRAGA, em 14/06/2022 às 09:08:57, conforme art. 1º, III, "b", da Lei 11.419/2006.
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(...)
aumentou;
c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei
que os instituiu ou aumentou, observado o disposto na alínea b;(grifo nosso)
III – DISPOSITIVO
Intimem-se.
Cumpra-se.