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Registro: 2022.0000529631
ACÓRDÃO
Voto nº 14.652
Agravo de Instrumento nº 2117838-61.2022.8.26.0000
Agravante: COMPRA TOTAL LTDA.
Agravado: COORDENADOR DA ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA DO ESTADODE
SÃO PAULO
4ª Vara da Fazenda Pública da Comarca de São Paulo
Magistrada: Dra. Celina Kiyomi Toyoshima
AGRAVO DE INSTRUMENTO MANDADO DE SEGURANÇA ICMS Decisão que indeferiu a
liminar pleiteada pela agravante Pleito de reforma da decisão Cabimento Agravante que
impugna a cobrança do diferencial de alíquota de ICMS, em razão da necessidade de
obediência ao princípio da anterioridade anual TEMA nº 1.093, de 24/02/2.021, do STF, que
estabeleceu a
necessidade de edição de lei complementar federal a respeito da disciplina, porém modulou
os efeitos de sua decisão para manter válida e eficaz a legislação estadual até o fim do
exercício de 2.021, ressalvadas da proposta de modulação as ações judiciais em curso Após
o julgamento do mencionado tema, houve a edição da Lei Comp. Fed. nº 190, de
05/01/2.022, publicada no diário oficial em 05/01/2.022, que dispôs sobre a matéria
Outrossim, ao definir a forma de cálculo do ICMS nas operações interestaduais quando da
remessa ao não contribuinte do imposto, a referida lei complementar promoveu o aumento
do tributo, o que atrai a aplicação do princípio da anterioridade, disposto no art. 150, III,
“b”, da CF Decisão reformada AGRAVO DE INSTRUMENTO provido, para determinar a
suspensão da exigibilidade do ICMS-DIFAL do exercício de 2.022 nas operações de venda de
mercadorias realizadas pela agravante aos consumidores finais não contribuintes
domiciliados ou sediados neste ente federado, destacando-se que os referidos créditos não
impedem a emissão de certidão de regularidade fiscal nem dão ensejo a atos de cobrança,
ainda que indiretos, até o julgamento final do mandado de segurança.
Trata-se de agravo de instrumento interposto por Compra Total Ltda. contra a r. decisão
(fls. 48), proferida nos autos do MANDADO DE SEGURANÇA, impetrado pela agravante em
face de ato coator praticado pelo Coordenador da Administração Tributária do Estado
de São Paulo, que indeferiu a liminar pleiteada pela agravante, consistente na suspensão
da exigibilidade do ICMS-DIFAL pelo agravado, durante o exercício financeiro de 2.022, nas
operações de venda de mercadorias realizados pela agravante a consumidores finais não
contribuintes domiciliados ou sediados neste ente federado.
Com tais argumentos pede a concessão da antecipação da tutela recursal, para que seja
determinada a suspensão da exigibilidade do ICMS DIFAL nas operações de venda de
mercadorias realizadas pela agravante aos consumidores finais não contribuintes domiciliados
ou sediados neste ente federado, constando expressamente que os referidos créditos não
impeçam a emissão de certidão de regularidade fiscal nem deem ensejo a atos de cobrança,
ainda que indiretos, para que, ao final, seja dado provimento ao presente agravo de
instrumento para a reforma da decisão atacada (fls. 17/18).
instância, por este Relator, para determinar a suspensão da exigibilidade do ICMS DIFAL do
exercício de 2.022 nas operações de venda de mercadorias realizadas pela agravante aos
consumidores finais não contribuintes domiciliados ou sediados neste ente federado,
destacando-se que os referidos créditos não impedem a emissão de certidão de regularidade
fiscal nem dão ensejo a atos de cobrança, ainda que indiretos, até o julgamento final do
presente agravo de instrumento (fls. 54/59).
O recurso é tempestivo.
decidir.
Extrai-se dos autos que a agravante, nos autos do mandado de segurança, pretende a
suspensão da exigibilidade do Diferencial de Alíquota de ICMS (“DIFAL”), que incide sobre a
venda de mercadorias ao consumidor final não contribuinte de ICMS, localizado no estado de
São Paulo, além da abstenção do agravado e de seus agentes em impedir a emissão de
certidão de regularidade fiscal e realizar atos de cobrança, ainda que indiretos, atinentes ao
não recolhimento do mencionado DIFAL, em respeito ao princípio da anterioridade anual.
ICMS.
Assim, a Lei Complementar Federal nº 87, de 13/09/1.996,
buscou regulamentar o ICMS, estabelecendo normas gerais atinentes às hipóteses de
incidência do imposto, contribuinte do tributo, responsabilidade tributária, base de cálculo e
demais critérios.
No entanto, o E. Supremo Tribunal Federal apontou que são válidas as leis estaduais ou
distritais editadas após a Emenda Constitucional nº 87, de 16/04/2.015, que preveem a
cobrança do DIFAL nas operações e prestações interestaduais com consumidor final não
contribuinte do imposto, mas não produzemefeitos enquanto não editada lei complementar
federal dispondo sobre o assunto.
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
III. cobrar tributos:
b. no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou;
produção de efeitos, o disposto na alínea “c” do inciso III do caput do art. 150 da Constituição Federal .
Constituição Federal
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
(...)
III. cobrar tributos:
a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído
ou aumentado;
b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou
aumentou; (Vide Emenda Constitucional nº 3, de 1993)
c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os
instituiu ou aumentou, observado o disposto na alínea b; (Incluído pela Emenda Constitucional
nº 42, de 19.12.2003) (negritei e sublinhei)
irreversibilidade dos efeitos desta decisão”, uma vez que o tributo poderá ser recolhido
posteriormente pelo agravado.