Você está na página 1de 44

125

| PRODIREITO | DIREITO TRIBUTÁRIO | Ciclo 3 | Volume 1 |


IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES
FINANCEIRAS E OPERAÇÕES DE
CESSÃO DE CRÉDITO E DESCONTO
ANA PAULA DA COSTA HERRERA

■■ INTRODUÇÃO
É importante mencionar que o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), cuja sigla de apenas
três letras é questionada como imprópria por alguns doutrinadores, diante de sua insuficiência,
traz em sua carga não apenas um imposto, mas em realidade cinco impostos (alguns autores
entendem que são quatro) relacionados às operações de crédito, câmbio e seguro e relativas a
títulos ou valores mobiliários.

Inicialmente, cabe saber que o IOF é de competência da União Federal, que, privativamente, na
figura do Presidente da República, pode legislar sobre a matéria, de forma a aumentar ou diminuir
suas alíquotas, mas a competência para a alteração das materialidades e base de cálculo cabe
ao legislador.

A sigla IOF, desde o fim do ano de 2007, vem sendo muito noticiada na imprensa, notadamente em
razão do fato de que os impostos que alberga estão sofrendo mudanças e, a cada dia que passa,
vem sendo mais utilizada pela Receita Federal do Brasil (RFB) para ajudar o Governo Federal a
incrementar a arrecadação.

Será visto que esse tributo, que possui grande vínculo na tributação do mercado financeiro, de
capitais e internacional, vem a cada dia apresentando mudanças nesses mercados, de modo a
afetá-los de forma bastante significativa.

LEMBRAR
O IOF é considerado tributo com função predominantemente extrafiscal, por ser
um instrumento de manipulação das políticas de crédito, câmbio, seguro e títulos
e valores mobiliários, exercício que é realizado pelo Poder Executivo. Mas, desde
2007, tem-se questionando se, de fato, essa função é meramente extrafiscal, posto
que a arrecadação do tributo é a cada dia considerável, percebendo que a finalidade
do Poder Executivo está muito mais próxima da puramente arrecadatória.

O objetivo deste artigo é trazer uma visão ampla sobre a estrutura do tributo, bem como avaliar
os fundamentos e limites constitucionais que o envolvem. Trata-se da delimitação de requisitos
para a alteração de alíquota; busca-se avaliar todas as materialidades possíveis que a sigla
alberga, oportunidade em que será traçada a regra-matriz de incidência tributária (RMIT)
para cada “tipo de IOF”.
126
Feito esse quadro, será abordado um estudo de caso de discussão bastante atual, qual seja, a
|
IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES FINANCEIRAS E OPERAÇÕES DE CESSÃO DE CRÉDITO E DESCONTO

incidência ou não do Imposto sobre Operações de Crédito (IO-Crédito) na cessão de crédito,


que vem sendo comparada ao desconto bancário pela RFB e pela Procuradoria-Geral da Fazenda
Nacional (PGFN).

Tendo em vista que se pensa o Direito como um fato comunicacional, pretende-se efetuar o
estudo em questão utilizando a metodologia do construtivismo lógico-semântico apregoado
por Lourival Vilanova e disseminado no estudo do Direito Tributário por Paulo de Barros Carvalho.

■■ OBJETIVOS
Ao final da leitura deste artigo, o leitor será capaz de

■■ contextualizar histórica e legislativamente o IOF;


■■ explicar a denominação equivocada do IOF;
■■ caracterizar a extrafiscalidade do IOF;
■■ esquematizar a RMIT dos impostos.

■■ ESQUEMA CONCEITUAL

Contextualização histórica
e legislativa do imposto

Denominação equivocada
do imposto

Imposto e extrafiscalidade

Regra-matriz de incidência Observações importantes


do Imposto sobre
Operações de Crédito Noções sobre a expressão
“operações de crédito”
Regra-matriz de incidência
do Imposto sobre
Operações de Câmbio

Regra-matriz de incidência
Noção geral da regra-matriz
do Imposto sobre
de incidência tributária
Operações de Seguros

Regra-matriz de incidência
do Imposto sobre Operações
de Títulos ou Valores Mobiliários

Regra-matriz de incidência
do Imposto sobre Operações
com Ouro, Ativo Financeiro
ou Instrumento Cambial

Estudo de caso

Conclusão
127
■■ CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA E LEGISLATIVA DO IMPOSTO

| PRODIREITO | DIREITO TRIBUTÁRIO | Ciclo 3 | Volume 1 |


A ideia da cobrança de tributo relativamente similar ao IOF da atualidade surgiu na Antiguidade,
em Roma, e foi utilizada em diversos momentos, como o imposto sobre o selo, posto que
sua cobrança estava atrelada à realização de atos e negócios jurídicos. Portanto, vinculado a
operações com caráter financeiro.

Essa forma de exação foi introduzida no Brasil na época colonial. Foi com o Alvará de 24 de abril
de 1801 que passou a ter aplicação em todo o País. Com a Constituição de 1891, a competência
para instituição da taxa de selos era exclusiva dos Estados.

Já na Constituição de 1946, a União passou a ter a competência para a cobrança de impostos,


mediante selos ou estampilhas, sobre negócios de sua economia, atos e instrumentos que
fossem regulados por lei federal, nos termos do art. 15, VI. A Constituição de 1946 permitiu
que o imposto sobre selos passasse a incidir também sobre operações de transferência de
recursos ao exterior.

LEMBRAR
Com a edição da Emenda Constitucional (EC) nº 18, de 1º de dezembro de 1965,
o imposto sobre o selo e a possibilidade de imposto federal sobre transferência
de fundos ao exterior foram extintos. Assim, no art. 14, I, foi atribuída à União a
competência para legislar sobre “operações de crédito, câmbio e seguro, e sobre
operações relativas a títulos e valores mobiliários”.

Na EC 18/1965, o Poder Executivo passou a poder alterar as alíquotas e as bases de cálculo,


desde que observados os limites previstos em lei. Também houve determinação no sentido de que
o produto da arrecadação deveria ser destinado à formação de reservas monetárias.

LEMBRAR
O IOF foi instituído pela Lei nº 5.143, de 20 de outubro de 1966, que, entre outras
providências, regulou a respectiva cobrança e dispôs sobre a aplicação das reservas
monetárias oriundas de sua receita.

Cinco dias após a publicação da citada Lei nº 5.143/1966, o Código Tributário Nacional (CTN)
foi publicado. E é interessante consignar que a Lei nº 5.143/1966 fez a previsão da incidência do
IO-Crédito e do Imposto sobre Operações de Seguro (IO-Seguro) realizadas, respectivamente,
por instituições financeiras e seguradoras.

Já o CTN determinou a incidência sobre operações de crédito, câmbios, seguros e relativas a títulos
ou valores mobiliários. O CTN ainda deixou a faculdade de alteração das alíquotas ou bases de
cálculo do imposto ao Poder Executivo, desde que nas condições e nos limites estabelecidos em lei.
128
A Carta Magna de 1967, embora não tenha apresentado alterações significativas, trouxe a
|
IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES FINANCEIRAS E OPERAÇÕES DE CESSÃO DE CRÉDITO E DESCONTO

extinção da obrigatoriedade de destinação do produto de arrecadação do imposto à formação


de reservas monetárias. A EC 1, de 17 de outubro de 1969, deixou de fazer previsão sobre a
competência dada anteriormente ao Poder Executivo para alteração das alíquotas e das bases
de cálculo do IOF.

A Constituição Federal de 1988 (CF de 1988) trouxe alterações importantes ao IOF: reestabeleceu
a competência do Poder Executivo para modificar as alíquotas, desde que feitas conforme os
limites previstos em lei. Contudo, a CF de 1988 não mais permitiu que a base de cálculo também
pudesse ser alterada pelo Executivo.

Com essa Constituição, passou a ser proibida a afetação da receita de qualquer imposto a órgão,
fundo ou despesa e, assim, o IOF deixou de ser destinado para fins de formação de reservas
monetárias. A Carta Magna trouxe ao sistema jurídico tributário a possibilidade de incidência do
imposto sobre o ouro, quando ativo financeiro ou instrumento cambial, conforme será detalhado
mais adiante.

Em 1994, a Lei nº 8.894, de 21 de junho de 1994, instituiu o Imposto sobre Operações de


Câmbio (IO-Câmbio) e o Imposto sobre Operações de Títulos ou Valores Mobiliários (IO-Títulos).
Posteriormente, foi editada a Lei nº 9.532, de 10 de dezembro de 1997, e em 1999 foi publicada a
Lei nº 9.779, de 19 de janeiro de 1999. Desde já é importante mencionar que, até a edição da Lei
nº 9.779/1999, não existiam muitos conflitos relacionados ao tributo ora em análise.

O Poder Executivo publicou alguns decretos, sendo que o atual Regulamento do IOF (RIOF) é o
Decreto nº 6.306, de 17 de dezembro de 2007, normativo que consolida diversos outros decretos
publicados desde sua edição, publicado em um contexto de possibilidade de fim da Contribuição
Provisória sobre a Movimentação ou Transmissão de Valores e de Créditos e Direitos de Natureza
Financeira (CPMF).

■■ DENOMINAÇÃO EQUIVOCADA DO IMPOSTO


Conforme indicado no item anterior, a denominação IOF surgiu com a Lei nº 5.143/1966, que em
seu art. 1º determina:1

“Art. 1º O imposto sobre operações financeiras, incidente sobre crédito e seguro,


realizadas por instituições financeiras e seguradoras, e tem como fato gerador:

I — no caso de operações de crédito, a entrega do respectivo valor ou sua colocação à


disposição do interessado;
II — no caso de operações de seguro, o recebimento do prêmio.”
129
A partir daí, a nomenclatura “IOF” passou a ser utilizada pelo legislador, pela doutrina e pela

| PRODIREITO | DIREITO TRIBUTÁRIO | Ciclo 3 | Volume 1 |


jurisprudência, provavelmente, em razão da comodidade que a sigla traz. Contudo, essa redução
nessa sigla é muito criticada pela doutrina mais preocupada, diante da falta de cuidado, dado que
não há que se dizer que a CF disponha sobre competência aos entes tributantes para instituição
de impostos sobre operações financeiras.

Além disso, usar a denominação “IOF” como um gênero não pode ser tomado como uma verdade,
já que só isso não denota as espécies, ou seja, as materialidades que de fato quer-se tributar.
Assim, o termo “IOF” é insuficiente e vago, dado que não é compatível com a CF e pode ser
responsável por erro de interpretação.

Pode até ter havido algum intuito nesse sentido, e o contexto da criação do IOF foi contemporâneo
ao momento em que surgiram o sistema financeiro e o mercado de capitais, mas não se pode pegar
o todo pela parte e muito menos afirmar que seja um tributo sobre as operações financeiras,
posto que não recai sobre todas as operações.

Portanto, a sigla “IOF” é muito genérica e não elucida as operações a que o tributo incide.
Falece de generalidade que mais atrapalha do que ajuda, conforme explica o professor Roberto
Quiroga Mosquera, que, em seu livro Tributação no mercado financeiro e de capitais, faz as
seguintes considerações:2

A expressão imposto sobre operações financeiras nada classifica, nada congrega.


Nem todas as operações passíveis de tributação pelos impostos sobre operações
de crédito, câmbio, seguro ou relativas a títulos ou valores mobiliários podem ser
qualificadas e classificadas como operações financeiras. A locução referida só serve
para confundir e atrapalhar, ainda mais, a análise correta das regras-matrizes de
incidência dos impostos previstos no artigo 153, inciso V, do Texto Constitucional. Daí
por que abolimos deste trabalho a utilização da expressão imposto sobre operações
financeiras e da abreviatura IOF, e as substituímos pelas abreviaturas IO-Crédito,
para designar o imposto sobre operações de crédito; IO-Câmbio, para designar o
imposto sobre operações de câmbio; IO/Seguro, para denominar o imposto sobre
operações de seguro; IO-Títulos para designar o imposto sobre operações relativas
a títulos ou valores mobiliários.

Assim, com a finalidade de seguir com uma classificação mais útil à compreensão, a partir deste
momento, serão adotadas abreviaturas utilizadas pelo professor Quiroga Mosquera, incluindo-se
a última abreviatura:

■■ IO-Crédito;
■■ IO-Seguros;
■■ IO-Câmbio;
■■ IO-Títulos;
■■ Imposto sobre Operações com Ouro, Ativo Financeiro ou Instrumento Cambial (IO-Ouro).

O motivo da inclusão da sigla IO-Ouro será tratado quando se traçar a regra-matriz desse imposto,
cuja competência foi delegada com a CF de 1988.
130
|
IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES FINANCEIRAS E OPERAÇÕES DE CESSÃO DE CRÉDITO E DESCONTO

ATIVIDADES

1. Com relação ao IOF na realidade brasileira, marque V (verdadeiro) ou F (falso).

( ) O IOF traz em sua carga três impostos (alguns autores entendem que são quatro)
relacionados às operações de crédito, câmbio e seguro.
( ) O IOF é de competência da União Federal, que privativamente, na figura do
Presidente da República, pode legislar sobre a matéria, de forma a aumentar ou
diminuir suas alíquotas, mas a competência para a alteração das materialidades
e base de cálculo cabe ao legislador.
( ) O IOF é considerado tributo com função predominantemente extrafiscal, por ser
um instrumento de manipulação das políticas de crédito, câmbio, seguro e títulos
e valores mobiliários, exercício que é realizado pelo Poder Executivo.
( ) O IOF, desde 2007, tem sido questionado sobre sua função meramente extrafiscal,
posto que a arrecadação do tributo é a cada dia considerável, percebendo que a
finalidade do Poder Executivo está muito mais próxima da puramente arrecadatória.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.

A) V—V—F—F
B) V—F—V—V
C) F—V—V—V
D) F—F—V—F
Resposta no final do artigo

2. Qual legislação extinguiu o imposto sobre o selo e a possibilidade de imposto federal


sobre transferência de fundos ao exterior?

A) PEC 50/2007.
B) EC 18/1965.
C) Decreto nº 6.306/2007.
D) CF de 1988.
Resposta no final do artigo

3. A Carta Magna de 1967, embora não tenha apresentado alterações significativas,


trouxe a extinção da:

A) possibilidade de incidência do IOF sobre o ouro, quando ativo financeiro ou


instrumento cambial.
B) cobrança e dispôs sobre a aplicação das reservas monetárias oriundas de sua receita.
C) CPMF.
D) obrigatoriedade de destinação do produto de arrecadação do imposto à formação de
reservas monetárias.
Resposta no final do artigo
131
4. Observe as afirmativas sobre a contextualização histórica do IOF.

| PRODIREITO | DIREITO TRIBUTÁRIO | Ciclo 3 | Volume 1 |


I — A Carta Magna de 1967 fez a previsão da incidência do IO-Crédito e do IO-Seguro
realizadas, respectivamente, por instituições financeiras e seguradoras.
II — A EC 1/1969 deixou de fazer previsão sobre a competência dada anteriormente ao
Poder Executivo para alteração das alíquotas e das bases de cálculo do IOF.
III — A Lei nº 8.894/1994 instituiu o IO-Câmbio e o IO-Títulos.

Qual(is) está(ão) correta(s)?

A) Apenas a I e a II.
B) Apenas a II.
C) Apenas a II e a III.
D) A I, a II e a III.
Resposta no final do artigo

■■ IMPOSTO E EXTRAFISCALIDADE
A CF de 1988, em seu art. 153, § 1º — quando concedeu a faculdade ao Poder Executivo para
alterar as alíquotas do IO-Crédito, IO-Câmbio e IO-Seguros, ou relativas a títulos ou valores
mobiliários, desde que atendidas as condições e os limites estabelecidos na lei, sem a sujeição
ao princípio da anterioridade tributária — estabeleceu a função predominantemente extrafiscal
ao tributo ora em análise.

Isso significa que a CF garante ao Poder Executivo o direito de alterar as alíquotas do imposto em
questão dentro do próprio exercício financeiro, sem ter que esperar qualquer período para que a
mudança efetuada seja aplicada. Contudo, não é dado ao Poder Executivo o direito de alterar as
bases de cálculo, o que somente pode ser feito mediante alteração em lei.

Essa liberdade dada ao Poder Executivo implica o fato de tornar esse tributo em um eficiente meio
de controle da política monetária e cambial, de modo que seja classificado entre aqueles tributos
que possuem função extrafiscal.

Mas, ao longo dos anos, percebeu-se que o Poder Executivo não vem utilizando essa exação
apenas como um instrumento de manipulação da política de crédito, câmbio, seguro e de títulos
e valores mobiliários, como deveria ser, diante do propósito do tributo, mas também como uma
rápida e eficiente forma de obtenção de receitas.

Basta um simples retrocesso histórico, com um corte de dezembro de 2007 até dezembro de 2016,
para perceber que, diante da rejeição do Senado Federal à prorrogação da CPMF, o Governo
Federal, em muitas das alterações introduzidas pelos decretos, vem se utilizando do IO-Crédito,
IO-Câmbio, IO-Seguro ou IO-Títulos para simplesmente turbinar a arrecadação tributária.
132
Nesse corte temporal proposto, basta que o leitor se atenha ao fato de que, em 13 de dezembro
|
IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES FINANCEIRAS E OPERAÇÕES DE CESSÃO DE CRÉDITO E DESCONTO

de 2007, o então Governo Lula obteve derrota nas articulações políticas, e a Proposta de Emenda
à Constituição (PEC) nº 50/2007, que previa a prorrogação da CPMF até 2011, foi rejeitada pelo
Senado Federal.

Assim, a partir de 31 de dezembro de 2007, o Governo Federal passaria a ter uma redução de
seu poder de tributação, eis que deixaria de tributar à alíquota de 0,38% a movimentação ou
transmissão de valores e de créditos e direitos de natureza financeira de qualquer operação liquidada
ou lançamento realizado pelas entidades referidas no art. 2º da Lei nº 9.311, de 24 de outubro de
1996 (lei que instituiu a CPMF), que representassem circulação escritural ou física de moeda e de
que resulte ou não transferência da titularidade dos mesmos valores, créditos e direitos.

Na ocasião, o Governo trouxe a lume diversos estudos sobre o rombo que a perda da arrecadação
da CPMF traria e eis que, no dia 3 de janeiro de 2008, em publicação extra do Diário Oficial da
União, o contribuinte foi brindado com o Decreto nº 6.339, de 3 de janeiro de 2008, que alterava
o Decreto nº 6.306/2007 (RIOF), que, além de alterar a alíquota do tributo IO-Crédito para pessoa
física, também incluiu uma alíquota adicional exatamente de 0,38% sobre as operações de crédito,
câmbio e seguro com vigência nesse mesmo dia.

Portanto, como em um passe de mágica, o problema do Governo Federal de arrecadação foi


resolvido em uma mudança, rápida, simples e eficiente no imposto ora em avaliação. Percebe-se
que tal mudança tão repentina obviamente não tinha relação com política regulatória de mercado
de crédito, cambial ou securitário.

Isso porque, em dezembro de 2007, não havia qualquer necessidade de intervenção do Governo
Federal nesses setores que justificassem a mudança tão imediata, de modo que parece que
ocorreram apenas e tão simplesmente para salvar o montante de arrecadação relacionado ao fim
da CPMF do sistema jurídico tributário brasileiro.

Assim, se o aumento da alíquota do tributo não tem relação com a política regulatória aplicada
pelo órgão competente, então não há dúvida de que a extrafiscalidade foi e vem sendo utilizada de
forma inconstitucional pelo Governo, posto que, na opinião da autora deste artigo, não poderiam as
alíquotas do imposto serem majoradas pelo Poder Executivo simplesmente diante de finalidade
arrecadatória, pois a CF de 1988 não concedeu esse poder.

Portanto, a mitigação da legalidade e da exceção ao princípio da anterioridade não pode ser


utilizada pelo Poder Executivo para proceder à arrecadação fiscal. É imperioso que o aumento da
alíquota do imposto sobre crédito, câmbio, seguros e títulos e valores mobiliários seja justificada
pelo Poder Executivo. Todavia, não é isso que se verificou nos últimos quase 10 anos, apenas
tomando o corte temporal proposto neste artigo.
133
Para ter uma simples noção do aumento da arrecadação, basta avaliar as divulgações feitas pela

| PRODIREITO | DIREITO TRIBUTÁRIO | Ciclo 3 | Volume 1 |


RFB, no relatório Análise da arrecadação das receitas federais — dezembro de 20073 (quando
ainda havia a incidência da CPMF) e, posteriormente, em fevereiro de 2008,4 com dados de
arrecadação do IOF já alterados, considerando a extinção da CPMF (Tabela 1).

Tabela 1
ARRECADAÇÃO DAS RECEITAS FEDERAIS
Receitas Dezembro de 2007 Fevereiro de 2008
IOF — I.S/Operações financeiras 820 2.809
CPMF 3.685 900*
Unidade: R$ milhões. *Referente a fatos geradores anteriores, cujo recolhimento ocorreu em fevereiro.
Fonte: Elaborada pela autora.

Vale salientar que ainda está pendente de julgamento a Ação Direta de Inconstitucionalidade
(ADIn) nº 4.002, de 31 de janeiro de 2008, de propositura do Partido Democrata, que discute a
constitucionalidade do Decreto nº 6.339/2008, pelas seguintes razões:

■■ desvio de finalidade;
■■ inconstitucionalidade do adicional de 0,38%;
■■ ofensa ao art. 150, IV, da CF;
■■ violação ao princípio da isonomia, em razão de as alterações do Decreto nº 6.339/2008
introduzirem tratamento diferenciado a idênticas operações de crédito.

Ao longo dos anos, outros decretos foram publicados e trouxeram diversas alterações no RIOF.
Alguns desses decretos, ao que tudo indica, foram feitos com o mesmo ânimo arrecadatório e,
portanto, sem finalidade extrafiscal, como o recente Decreto nº 8.731, de 30 de abril de 2016, que
majorou de 0,38% para 1,10% a alíquota do IO-Câmbio, incidente sobre a aquisição de moeda
estrangeira em espécie.

Em notícia veiculada pelo Jornal Valor Econômico, consta que o coordenador-geral de tributação
da Receita Federal, Fernando Mombelli, justificou que a elevação do IOF iria contribuir para
diminuir o déficit primário do ano ao trazer mais receitas para a União,5 quando na mesma
ocasião ainda enfatizou o impacto arrecadatório estimado em R$ 1,4 bilhão por mês.

Vale ressaltar que o Decreto nº 8.731/2016 foi publicado em 2 de maio de 2016, em plena crise pré-
impeachment da Presidenta Dilma Rousseff, momento histórico tenso, em que a base governista, a
mesma desde 2007, estava, mais uma vez, enfrentando enfraquecimento no Congresso Nacional.
134
■■ NOÇÃO GERAL DA REGRA-MATRIZ DE INCIDÊNCIA TRIBUTÁRIA
|
IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES FINANCEIRAS E OPERAÇÕES DE CESSÃO DE CRÉDITO E DESCONTO

O esquema lógico da RMIT é um modelo padrão sintático-semântico criado pelo professor Paulo
de Barros CarvalhoI como uma demonstração lógica do desmembramento dos componentes
imprescindíveis e básicos para a criação de uma norma jurídica em sentido estrito.

É instrumento metódico cujo objetivo é a compreensão da norma jurídica em um contexto


comunicacional bem estruturado, cuja intenção é garantir que o intérprete possa dissecar o texto
legal para analisar suas partes individualmente.

Esse esquema pode ser aplicado ao estudo de qualquer norma e, apesar de nem todas
apresentarem um critério quantitativo, devem ter um critério de prestação. Tendo em vista que
se elege o campo tributário como objeto desta análise, quando menciona-se regra-matriz, refere-
se à RMIT.

Nem sempre é fácil para o intérprete visualizar as partes da norma com clareza, de modo
que é necessário que ele imprima muitos esforços para preencher com conteúdo semântico o
esquema sintático.

Completar os critérios e elementos desse arquétipo permite que o intérprete da norma possa
esquadrinhar qualquer norma jurídica de incidência, já que toda norma apresenta estrutura
lógica de juízo hipotético condicional, no qual o legislador faz previsão de uma consequência
jurídica, com a premissa de que ocorra o fato descrito no antecedente. A inexistência de qualquer
um desses critérios deve ser encarada pelo analista como um defeito na norma.

Aurora Tomazini de Carvalho,6 em estudo de teoria geral do Direito, diz que a expressão “RMIT não
está imune ao problema da ambiguidade e que esse termo pode ser utilizado em duas acepções:
significando realidades distintas: (i) estrutura lógica; e (ii) norma jurídica em sentido estrito”.

Assim, a teoria da regra-matriz faz referência ao esquema lógico que ajuda na criação e na
organização semântica para se alcançar a norma jurídica, juízo construído pelo intérprete do
Direito após percorrer o percurso gerador de sentido a que já se fez alusão neste artigo.

O recurso epistemológico da RMIT auxilia no trabalho de análise dos planos semântico e


pragmático, por conta da substituição de suas variáveis lógicas pelos conteúdos de linguagem
do Direito Positivo. Reproduz-se o esquema lógico de representação desenvolvido por Paulo de
Barros Carvalho:7

Ht ≡ Cm (v∙c) ∙ Ce ∙ Ct
Njt DSn DSm
Cst ≡ Cp (Sa∙Sp) ∙ Cq (bc∙al)

I Essa construção teórica foi desenvolvida pelo professor com a influência que teve com Alfredo Augusto Becker e
Geraldo Ataliba.
135
Traduzindo em linguagem natural, o Quadro 1 apresenta os significados dos símbolos.

| PRODIREITO | DIREITO TRIBUTÁRIO | Ciclo 3 | Volume 1 |


Quadro 1
SIGNIFICADOS DOS SÍMBOLOS
Njt ■■ Norma jurídica tributária — RMIT.
Ht ■■ Hipótese tributária, antecedente, suposto normativo, proposição
hipótese ou descritor.
≡ ■■ Equivalência.
Cm ■■ Critério material da hipótese — núcleo da descrição fática.
v ■■ Verbo — sempre pessoal e de predicação incompleta.
. ■■ Conectivo lógico, conjuntor.
c ■■ Complemento do verbo.
Ce ■■ Critério espacial da hipótese — condicionante de lugar.
Ct ■■ Critério temporal da hipótese — condicionante de tempo.
Cp ■■ Critério pessoal do consequente, proposição consequente, prescritor
normativo.
Sa ■■ Sujeito ativo da obrigação tributária, credor, sujeito pretensor.
Sp ■■ Sujeito passivo da obrigação tributária, devedor.
Cq ■■ Critério quantitativo da obrigação tributária — indicador da fórmula de
determinação do objeto da prestação.
bc ■■ Base de cálculo — grandeza mensuradora de aspectos da materialidade
do fato jurídico tributário.
al ■■ Alíquota — fator que se conjuga à base de cálculo para a determinação
do valor da dívida pecuniária.
DSn ■■ Dever-ser neutro — conectivo deôntico interproposicional.
■■ É representado por um vetor → e significa que, ocorrida a hipótese,
dever-ser a consequência.
DSm ■■ Dever-ser modalizado — operador deôntico intraproposicional.
■■ É representado por dois vetores sobrepostos, com a mesma direção,
porém em sentidos contrários.
■■ Significa a obrigação do sujeito devedor de cumprir a prestação e, ao
mesmo tempo, o direito subjetivo de que é titular o sujeito pretensor ↔.
136
A teoria da regra-matriz ajudará a fazer o esquema lógico do IO-Crédito, câmbio e seguro e sobre
|
IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES FINANCEIRAS E OPERAÇÕES DE CESSÃO DE CRÉDITO E DESCONTO

as operações relativas a títulos e valores mobiliários, uma das propostas deste artigo. Como já
mencionado, a CF, em seu art. 153, V, concedeu a competência à União para a instituição do
imposto sobre “operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários”.
Assim, há quem entenda que a percussão jurídica é definida em quatro operações diferentes e
assim traçam quatro regras-matrizes do imposto, quais sejam:

■■ IO-Crédito;
■■ IO-Câmbio;
■■ IO-Seguro;
■■ IO-Títulos.

Nesse sentido é a classificação do professor Roberto Quiroga Mosquera. Mas, diante do disposto
na introdução feita pela EC 3, de 17 de março de 1993, que introduziu o § 5º ao art. 153 da CF,
entende-se que é possível a construção de mais uma regra-matriz, qual seja, a IO-Ouro.

Esse também é o entendimento de André Mendes Moreira e Patrícia Datas Gaia,8 que apontam
cinco materialidades, sendo a quinta a do IOF-ouro ativo financeiro ou instrumento cambial.
O professor Aires F. Barreto, em seu recente livro ISS, IOF e instituições financeiras, também
entende que há cinco tributos, embora faça uma classificação diferente da aqui apresentada:9

[...] é imposto que incide eminentemente sobre contratos, envolvendo sempre


operações, que se desdobram em: (a) de crédito, (b) câmbio, (c) seguro, abrangendo,
ainda, as (d) relativas a títulos ou a (e) valores mobiliários. Rigorosamente têm-se
cinco diferentes impostos, embora com a mesma radicação. Um imposto sobre
operações de crédito, outro sobre operações de câmbio, outro sobre operações de
seguro, outro mais, relativo a títulos mobiliários e, finalmente, mais uma, desta feita
sobre outros valores mobiliários.

Nos próximos itens, serão avaliados os principais aspectos relacionados a cada regra-matriz, mas
que, dado o corte metodológico, optou-se por avaliar de forma mais específica o IO-Crédito,
exatamente por se ter escolhido estudo de caso de IO-Crédito para análise e algumas questões
controversas que o envolvem, motivo pelo qual não se chegou nos mesmos tipos de detalhamentos
das demais regras-matrizes de incidência, dado que esse não é o objetivo aqui.

ATIVIDADES

5. Quando se diz que a CF de 1988 concedeu ao Poder Executivo a faculdade para alterar
as alíquotas do IO-Crédito, IO-Câmbio, IO-Seguro ou IO-Títulos com a possibilidade de
vigência imediata, a quais princípios constitucionais, respectivamente, há referência?

A) Seletividade e princípio da anterioridade nonagesimal.


B) Extrafiscalidade e princípio da irretroatividade.
C) Legalidade e princípio da anterioridade.
D) Extrafiscalidade e anterioridade.
Resposta no final do artigo
137
6. Com relação à extrafiscalidade do IOF, marque V (verdadeiro) ou F (falso).

| PRODIREITO | DIREITO TRIBUTÁRIO | Ciclo 3 | Volume 1 |


( ) A CF de 1988, em seu art. 153, § 1º, estabeleceu a função predominantemente
extrafiscal ao IOF.
( ) A CF de 1988 garante ao Poder Executivo o direito de alterar as bases de cálculo
das alíquotas do IOF.
( ) O Governo Federal vem se utilizando do IO-Crédito, IO-Câmbio, IO-Seguro ou
IO-Títulos para simplesmente turbinar a arrecadação tributária.
( ) A mitigação da legalidade e da exceção ao princípio da anterioridade não pode ser
utilizada pelo Poder Executivo para proceder à arrecadação fiscal.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.

A) V—V—F—F
B) V—F—V—V
C) F—V—F—V
D) F—F—V—V
Resposta no final do artigo

7. A constitucionalidade do Decreto nº 6.339/2008 tem sido questionada na ADIn


4.002/2008 por quais motivos?

............................................................................................................................................
............................................................................................................................................
............................................................................................................................................
............................................................................................................................................
Resposta no final do artigo

REGRA-MATRIZ DE INCIDÊNCIA DO IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES DE CRÉDITO


Já de início é importante deixar claro que o vocábulo “crédito” que a CF traz é ambíguo, de modo
que pode ser utilizado em muitas acepções, podendo ser suporte para vários significados. Mas
tendo em vista o contexto, apenas poderia estar vinculado à expressão “operações”, de modo
que se entende por operações de crédito apenas a troca de bens no presente por bens no futuro.

LEMBRAR
É importante ressaltar que a Lei nº 5.143/1966, em seu art. 1º, prevê a incidência
do IO-Crédito nas operações de crédito realizadas por instituições financeiras na
entrega do respectivo valor creditado ou sua colocação à disposição do interessado.
Em seu art. 2, I, determina que constituirá a base de cálculo do imposto nas
operações de crédito o valor global dos saldos das operações de empréstimo, de
abertura de crédito e de desconto de títulos, apurados mensalmente.
138
Já o Decreto-Lei nº 1.783, de 18 de abril de 1980, em seu art. 1º, I, delimitou o conceito de
|
IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES FINANCEIRAS E OPERAÇÕES DE CESSÃO DE CRÉDITO E DESCONTO

operação de crédito, ao determinar que a alíquota do IO-Crédito faz menção aos “empréstimos
sob qualquer modalidade, abertura de crédito e desconto de títulos”.

Já a Lei nº 9.532/1997, em seu art. 58, inovou quando inseriu no ordenamento jurídico tributário a
incidência do IO-Crédito sobre operações de alienação de direitos creditórios, quando o adquirente
for a pessoa jurídica que desempenhar atividade de factoring. E a Lei nº 9.779/1999, em seu art.
13, também inovou ao fazer a previsão do IO-Crédito nas operações entre pessoas jurídicas ou
entre pessoa jurídica e pessoa física.

Tal como mencionado anteriormente, muitos decretos foram publicados pelo Poder Executivo,
mas o Decreto nº 6.306/2007 consolida todos os atuais decretos sobre o imposto, considerando
as demais regras-matrizes. Pois bem, para auxiliar a traçar a RMIT do IO-Crédito, serão utilizadas
as leis já mencionadas e o Decreto nº 6.306/2007 (RIOF), que indicou as seguintes hipóteses de
incidência do IO-Crédito:10

“Art. 2º O IOF incide sobre:

I — operações de crédito realizadas:

a) por instituições financeiras (Lei nº 5.143, de 20 de outubro de 1966, art. 1º);


b) por empresas que exercem as atividades de prestação cumulativa e contínua de
serviços de assessoria creditícia, mercadológica, gestão de crédito, seleção de riscos,
administração de contas a pagar e a receber, compra de direitos creditórios resultantes
de vendas mercantis a prazo ou de prestação de serviços (factoring) (Lei nº 9.249, de
26 de dezembro de 1995, art. 15, § 1º, inciso III, alínea “d”, e Lei nº 9.532, de 10 de
dezembro de 1997, art. 58);
c) entre pessoas jurídicas ou entre pessoa jurídica e pessoa física (Lei nº 9.779, de 19
de janeiro de 1999, art. 13) [...];”

Assim, verifica-se que se pretende a tributação das operações de crédito realizadas e não apenas
as meras possibilidades de contratação de crédito. Portanto, não há que se falar em incidência
de IO-Crédito apenas na disposição de oferta de contratação do crédito, se este não foi utilizado.

Com isso, verifica-se no art. 3º do Decreto nº 6.306/2007 que o momento de incidência do IO-Crédito
apenas pode ser quando da entrega do montante ou do valor que constitua o objeto da obrigação,
ou sua colocação à disposição do interessado. Senão, veja-se:10
139
“Art. 3º O fato gerador do IOF é a entrega do montante ou do valor que constitua o objeto

| PRODIREITO | DIREITO TRIBUTÁRIO | Ciclo 3 | Volume 1 |


da obrigação, ou sua colocação à disposição do interessado (Lei nº 5.172, de 1966, art.
63, inciso I).

§ 1º Entende-se ocorrido o fato gerador e devido o IOF sobre operação de crédito:

I — na data da efetiva entrega, total ou parcial, do valor que constitua o objeto da


obrigação ou sua colocação à disposição do interessado;
II — no momento da liberação de cada uma das parcelas, nas hipóteses de crédito
sujeito, contratualmente, a liberação parcelada;
III — na data do adiantamento a depositante, assim considerado o saldo a descoberto
em conta de depósito;
IV — na data do registro efetuado em conta devedora por crédito liquidado no exterior;
V — na data em que se verificar excesso de limite, assim entendido o saldo a descoberto
ocorrido em operação de empréstimo ou financiamento, inclusive sob a forma de
abertura de crédito;
VI — na data da novação, composição, consolidação, confissão de dívida e dos negócios
assemelhados, observado o disposto nos §§ 7º e 10 do art. 7º;
VII — na data do lançamento contábil, em relação às operações e às transferências
internas que não tenham classificação específica, mas que, pela sua natureza, se
enquadrem como operações de crédito.

§ 2º O débito de encargos, exceto na hipótese do § 12 do art. 7º, não configura entrega


ou colocação de recursos à disposição do interessado.

§ 3º A expressão ‘operações de crédito’ compreende as operações de:

I — empréstimo sob qualquer modalidade, inclusive abertura de crédito e desconto de


títulos (Decreto-Lei nº 1.783, de 18 de abril de 1980, art. 1º, inciso I);
II — alienação, à empresa que exercer as atividades de factoring, de direitos creditórios
resultantes de vendas a prazo (Lei nº 9.532, de 1997, art. 58);
III — mútuo de recursos financeiros entre pessoas jurídicas ou entre pessoa jurídica e
pessoa física (Lei nº 9.779, de 1999, art. 13).”

Nos termos da Lei nº 9.532/1997, os arts. 4º e 5º do Decreto nº 6.306/2007 indicaram os


sujeitos passivos:10

“Art. 4º Contribuintes do IOF são as pessoas físicas ou jurídicas tomadoras de crédito (Lei
nº 8.894, de 1994, art. 3º, inciso I, e Lei nº 9.532, de 1997, art. 58).

Parágrafo único. No caso de alienação de direitos creditórios resultantes de vendas a


prazo a empresas de factoring, contribuinte é o alienante pessoa física ou jurídica.

Art. 5º São responsáveis pela cobrança do IOF e pelo seu recolhimento ao Tesouro Nacional:

I — as instituições financeiras que efetuarem operações de crédito (Decreto-Lei nº


1.783, de 1980, art. 3º, inciso I);
II — as empresas de factoring adquirentes do direito creditório, nas hipóteses da alínea
b do inciso I do art. 2º (Lei nº 9.532, de 1997, art. 58, § 1º);
III — a pessoa jurídica que conceder o crédito, nas operações de crédito correspondentes
a mútuo de recursos financeiros (Lei nº 9.779, de 1999, art. 13, § 2º).”
140
Em relação à alíquota, conforme previsto no art. 1º da Lei nº 8.894/1994 e no art. 6º do Decreto nº
|
IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES FINANCEIRAS E OPERAÇÕES DE CESSÃO DE CRÉDITO E DESCONTO

6.306/2007, o IO-Crédito é cobrado à alíquota máxima de um vírgula cinco por cento ao dia sobre
o valor das operações de crédito. Mas essas alíquotas são reduzidas, nos termos do disposto no art.
7º do Decreto nº 6.306/2007, conforme o tipo de contribuinte, se pessoa física ou jurídica, sendo que
as pessoas jurídicas optantes pelo Simples Nacional ainda podem gozar de alíquota diferenciada.

É no art. 7º, § 5º, que o Poder Executivo incluiu a alíquota adicional de 0,38%, para recompor a
perda de arrecadação com a CPMF, alíquota essa que vem sendo aplicada desde 3 de janeiro de
2008 para as operações específicas previstas.

O Decreto nº 6.306/2007 ainda prevê no art. 8º as possibilidades de alíquota zero para as


operações de crédito que especifica, sem o prejuízo de incidência da alíquota adicional de 0,38%,
a depender do tipo de operação. Assim, por exemplo, estão sujeitas à alíquota zero do IO-Crédito,
mas possuem incidência da alíquota de 0,38%, as operações de crédito em que:

■■ figure como tomadora a cooperativa;


■■ realizada entre cooperativa de crédito e seus associados;
■■ rural, destinada a investimento, custeio e comercialização, observado o disposto no § 1º do
citado artigo;
■■ realizada por caixa — realizada por caixa econômica, sob garantia de penhor civil de joias, de
pedras preciosas e de outros objetos;
■■ realizada por instituição financeira, referente a repasse de recursos do Tesouro Nacional
destinados a financiamento de abastecimento e formação de estoques reguladores.

Mas há os casos de operações sujeitas à alíquota zero e que não possuem incidência da alíquota
adicional de 0,38%, como, por exemplo, a operação de crédito:

■■ rural, destinada a investimento, custeio e comercialização, observado o disposto no § 1º;


■■ em que o tomador seja estudante, realizada por meio do Fundo de Financiamento Estudantil
(Fies), de que trata a Lei nº 10.260, de 12 de julho de 2001;
■■ efetuada com recursos da Agência Especial de Financiamento Industrial (Finame);
■■ relativa a adiantamento de salário concedido por pessoa jurídica aos seus empregados, para
desconto em folha de pagamento ou qualquer outra forma de reembolso.

O Decreto nº 6.306/2007 também elenca as operações de crédito que possuem isenção, nos
termos das leis específicas. Fazem parte desse rol as seguintes operações de crédito:

■■ para fins habitacionais, inclusive as destinadas à infraestrutura e ao saneamento básico


relativos a programas ou projetos que tenham a mesma finalidade;
■■ operação de crédito realizada mediante conhecimento de depósito e warrant, representativos
de mercadorias depositadas para exportação, em entreposto aduaneiro;
■■ operação de crédito realizada com recursos dos Fundos Constitucionais de Financiamento do
Norte (FNO), do Nordeste (FNE) e do Centro-Oeste (FCO);
■■ efetuadas por meio de cédula e nota de crédito à exportação;
■■ em que o tomador de crédito seja a entidade binacional Itaipu;
■■ para aquisição de automóvel de passageiros, de fabricação nacional, com até 127 cavalos de
força (hp) de potência bruta, segundo a Society of Automotive Engineering (SAE);
■■ em que os tomadores sejam missões diplomáticas e repartições consulares de carreira
(Convenção de Viena sobre Relações Consulares);
■■ contratada por funcionário estrangeiro de missão diplomática ou representação consular
(Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas).
141
Observações importantes

| PRODIREITO | DIREITO TRIBUTÁRIO | Ciclo 3 | Volume 1 |


Dado o necessário corte metodológico, não se adentrará em termos específicos e discussões que
envolvam o importante art. 7º do Decreto nº 6.306/2007, mas esse dispositivo deve ser avaliado
pelo intérprete de forma ainda mais cuidadosa, dada a dificuldade de compreensão e costumeira
confusão de termos e negócios jurídicos relacionados ao mercado da instituição financeira. Além
disso, deve-se verificar:

■■ se há regras específicas sobre a alíquota máxima, conforme o tempo da operação;


■■ se houve prorrogação, renovação, novação, composição e consolidação de dívidas;
■■ se há entrega ou não de novos valores, entre outras situações, que poderão eventualmente
ensejar a aplicação do tributo com alíquota chamada de “complementar”.

Por fim, é no § 5º deste art. 7º que o Poder Executivo fez a introdução da alíquota adicional de
0,38% para qualquer tomador de crédito pessoa física ou jurídica, conforme o tipo de operação
de crédito, nos termos em que o RIOF especifica e no mencionado no item sobre extrafiscalidade.
Diante dos dispositivos indicados, é possível traçar a RMIT do IO-Crédito (Quadro 2).

Quadro 2
REGRA-MATRIZ DE INCIDÊNCIA TRIBUTÁRIA DO IMPOSTO
SOBRE OPERAÇÕES DE CRÉDITO
■■ Entregar ou colocar à disposição do interessado valores a título de
Critério
empréstimo sob qualquer modalidade, inclusive abertura de crédito e
material
desconto de títulos.
Hipótese Critério
■■ Território nacional.
espacial
Critério
■■ Há diversos momentos, conforme previsto no art. 3º, § 1º e incisos.
temporal
Sujeito
■■ União.
ativo
■■ Contribuinte: pessoa física ou jurídica que tomar o crédito.
Critério ■■ Responsável tributário:
pessoal Sujeito •• instituições financeiras que efetuarem operações de crédito;
passivo •• empresas de factoring adquirentes do direito de crédito;
•• pessoa jurídica que conceder o crédito, nas operações de
crédito correspondentes a mútuo de recursos financeiros.
■■ Valor global das operações de empréstimos, de abertura de
Consequência crédito e de desconto de títulos.
Base de
■■ Há formas específicas de composição da base que devem
cálculo
ser avaliadas pelo intérprete conforme o tipo de operação
de crédito a ser avaliada no art. 7º do RIOF.
Critério ■■ Pode variar de 0,0082% ao dia (se pessoa física); 0,0041%
quantitativo ao dia se pessoa jurídica, sendo que a empresa mutuária
optante pelo Simples terá alíquota de 0,00137%, para
Alíquota créditos de valor igual ou inferior a R$ 30.000,00.
■■ As alíquotas são específicas, sendo que o intérprete precisa
avaliar conforme o tipo de operação de crédito nos termos
do art. 7º do Decreto nº 6.306/2007.
142
Agora que se traçou a RMIT do IO-Crédito e tendo em vista que se deterá um pouco mais nesse
|
IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES FINANCEIRAS E OPERAÇÕES DE CESSÃO DE CRÉDITO E DESCONTO

imposto, julga-se de crucial importância passar à avaliação da noção conceitual da expressão


“operações de crédito”, que será premissa para a avaliação de estudo de caso.

Noções sobre a expressão “operações de crédito”

Vale a pena trazer a lume a redação da CF quando trata da competência para a instituição do
imposto que ora analisa-se.

“Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:

[...]

V — operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários;”11

Verifica-se que os termos que devem ser fixados como núcleo do critério material são “operações
de crédito”. Em nenhuma outra passagem, a CF, como realmente não deveria fazer, traz a
definição do que seja “operações de crédito”. Já o Decreto nº 6.306/2007, em seu art. 3º, § 3º,
assim define operações de crédito:10

“§ 3º A expressão ‘operações de crédito’ compreende as operações de:

I — empréstimo sob qualquer modalidade, inclusive abertura de crédito e desconto de


títulos (Decreto-Lei nº 1.783, de 18 de abril de 1980, art. 1º, inciso I);
II — alienação, à empresa que exercer as atividades de factoring, de direitos creditórios
resultantes de vendas a prazo (Lei nº 9.532, de 1997, art. 58);
III — mútuo de recursos financeiros entre pessoas jurídicas ou entre pessoa jurídica e
pessoa física (Lei nº 9.779, de 1999, art. 13).”

O ponto que se precisa deixar claro nessa passagem é que há uma celeuma muito importante na
análise da expressão “operações de crédito”, pois é preciso saber o que são essas operações e
quem pode praticá-las.

Como mencionado, há pouquíssima produção científica sobre o tributo em análise. Embora seja
um tributo muito importante, a jurisprudência também não é farta, por isso, não há ainda um
consenso. Pois bem, para avaliar o que são operações de crédito, é importante separar os
termos, para então tentar alcançar a criação de sentido da expressão “operações de crédito”.

Para analisar todas as regras-matrizes do imposto em avaliação, é necessário perceber que a Carta
Magna diz “operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários”.
Assim, percebe-se que o núcleo é o termo “operações” e o complemento é “de crédito”, “câmbio”,
“seguro” ou “relativas a títulos ou valores mobiliários”.
143
E o que são operações? Aires F. Barreto9 ensina que a CF, quando utiliza o termo “operações” no

| PRODIREITO | DIREITO TRIBUTÁRIO | Ciclo 3 | Volume 1 |


art. 153, V, faz isso no mesmo sentido que utiliza no art. 155, II, ou seja, como negócio jurídico
bilateral, em que há manifestação das partes. Tais fatos produzem efeitos jurídicos e daí surge
uma relação que deve ser regulada pelo Direito.

Portanto, não há dúvidas de que não existem “operações” que as pessoas físicas ou jurídicas
realizem consigo mesmas, pois é imprescindível que os fatos ou negócios jurídicos sejam
realizados em relações intersubjetivas, pelo menos bilateral, com manifestação de vontade
das partes contratantes. Passa-se ao significado do termo crédito. No Dicionário Houaiss da
Língua Portuguesa,12 o verbete “crédito” tem várias acepções: “1.Confiança, crença alimentada
pelas qualidades de uma pessoa ou coisa; segurança de que alguém ou algo é capaz ou veraz.
1.1. reserva moral de confiabilidade conferida a uma ou mais pessoas e posta em certo prazo
e/ou condições [...]”.

Quiroga faz citação de Carvalho de Mendonça muito pontual, em que este autor traz as
características que definem a operação de crédito, as quais devem ser trazidas à colação:2

[...] a operação de crédito é aquela mediante a qual alguém efetua uma prestação
presente, contra a promessa de uma prestação futura [...]. A operação de crédito
por excelência é aquela em que a prestação se faz e a contraprestação se promete
em dinheiro. Para o citado autor o essencial na operação de crédito é o intervalo
de tempo existente entre a prestação presente a contraprestação futura. Sem o
denominado “prazo” não há falar em operação de crédito, uma vez que a prestação
e a contraprestação dar-se-iam contemporaneamente e a operação tornar-se-ia
desde logo à vista, perfeita e acabada. Denota-se, daí, também que na operação
de crédito há a presença do elemento “confiança”, isto é, confiança do credor no
devedor, seja em virtude das condições pessoais deste ou, ainda, em razão de
garantias oferecidas por ele.

Assim, tomando as lições de Carvalho de Mendonça, com quem a autora deste artigo concorda,
verifica-se que, para a operação ser considerada como de crédito, é necessário que estejam
presentes os seguintes elementos:

■■ prestação presente contra promessa de prestação futura, desde que em dinheiro;


■■ intervalo de tempo entre as prestações — sem o prazo não é operação de crédito;
■■ confiança do credor no devedor, por razões de condições pessoais ou pelo oferecimento
de garantias.

Portanto, entende-se que a CF, em seu art. 153, V, prevê que o IO-Crédito poderá incidir
sobre negócios jurídicos em que uma pessoa faz uma prestação presente, em razão de uma
contraprestação que será entregue no futuro, sendo que há, necessariamente, um prazo entre
essas duas prestações.
144
Ocorre que há ponto de controvérsia sobre quem poderia se enquadrar entre aqueles que podem
|
IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES FINANCEIRAS E OPERAÇÕES DE CESSÃO DE CRÉDITO E DESCONTO

praticar as operações de crédito. Ou seja, se as operações de crédito sempre são aquelas


realizadas com e entre as entidades financeiras. Roberto Quiroga Mosquera entende que nem
sempre as operações de crédito devem ser realizadas com e entre as entidades financeiras:2

Portanto, o legislador constitucional atribuiu à União uma gama variada de


operações de crédito, passíveis de tributação pelo Imposto previsto no art. 153, V,
do Texto Maior. Cabe ao legislador ordinário, quando do exercício da prerrogativa
que lhe foi atribuída pelo citado art. 153, prescrever, em Lei Ordinária, as operações
de crédito que pretende ver tributadas. Ele poderá elencar todas e quaisquer
operações de crédito ou apenas algumas. Poderá eleger apenas aquelas nas quais
aparece a entidade financeira como parte da relação ou, ainda, aquelas nas quais
as partes são pessoas não financeiras etc.

O Supremo Tribunal Federal (STF) — em ADIn 1.763-8/DF, cuja requerente é a Confederação


Nacional do Comércio (CNC), em sede de decisão liminar sobre a incidência de IO-Crédito nas
operações de factoring — decidiu que o núcleo de incidência possível do imposto não é restrito às
operações feitas pelas instituições financeiras. Senão veja-se a ementa:13

“IOF: incidência sobre operações de factoring (L. 9.532/97, art. 58): aparente
constitucionalidade que desautoriza a medida cautelar.

O âmbito constitucional de incidência possível do IOF sobre operações de crédito não


se restringe às praticadas por instituições financeiras, de tal modo que, à primeira vista,
a lei questionada poderia estendê-la às operações de factoring, quando impliquem
financiamento (factoring com direito de regresso ou com adiantamento do valor do
crédito vincendo — conventional factoring); quando, ao contrário, não contenha
operação de crédito, o factoring, de qualquer modo, parece substantivar negócio
relativo a título e valores mobiliários, igualmente susceptível de ser submetido por lei à
incidência tributária questionada.”

Essa decisão sobre o pedido liminar foi dada pelo Tribunal Pleno em 20 de agosto de 1998 e,
até o momento da elaboração deste artigo, não houve o julgamento do mérito. Mas há aqueles
que entendem que a operação de crédito é atividade típica de instituição financeira, posto que
somente esta possui os pressupostos de coleta, intermediação e aplicação de recursos próprios
ou de terceiros, previstos no art. 17 da Lei nº 4.595, de 31 de dezembro de 1964.

José Arthur de Lima Gonçalves, em estudo sobre a incidência do IO-Crédito em operações de


mútuo realizadas por instituição não financeira, faz uma análise sistemática e chega à conclusão
que o ponto em análise não é a questão subjetiva, mas sim do ponto de vista da natureza financeira
das operações consideradas, conforme verifica-se em verbis:14
145
Em conclusão, pensamos que quem vê no IOC um imposto sobre “crédito” — e não

| PRODIREITO | DIREITO TRIBUTÁRIO | Ciclo 3 | Volume 1 |


sobre “operações de crédito” — está ignorando a Constituição; está desautorizadamente
deslocando o cerne da materialidade da hipótese de incidência do tributo, posta pela
Constituição na “operação”, para aspecto adjetivo — “de crédito” —, com deletérias
consequências para a coerência interna de sentido do sistema constitucional. E
ademais, pensamos que além de ser necessário compreender a noção de crédito
como adjetivo de certas operações constitucionalmente consideradas, é fundamental
aceitar as exigências que a consideração sistemática da Constituição impõe, de forma
a compreender que, na verdade, a expressão operações de crédito representa algo
muito mais restrito — ao âmbito do sistema financeiro nacional, não do ponto de
vista subjetivo, mas sim do ponto de vista da natureza financeira das operações
consideradas — do que uma apressada e literal leitura supõe.

Em suma, operações alcançáveis pelo IOC seriam aquelas que razoavelmente


pudessem estar relacionadas à, ou que impactassem a, atuação da União no que diz
com o dirigismo e a satisfação de “objetivos da política monetária” da Nação brasileira,
com a função administrativa de fiscalizar as operações de estabelecimentos de crédito,
de capitalização e de seguro, com as questões atinentes à produção normativa
em matéria de “comércio exterior e interestadual; instituições de crédito, câmbio
e transferências de valor para fora do país”, com o estabelecimento de “política de
crédito”, com a atividade de “administrar as reservas cambiais do País e fiscalizar as
operações de natureza financeira, especialmente as de crédito, câmbio e capitalização,
bem como as de seguros e de previdência privada”, enfim, com a definição da “política
de crédito, câmbio e seguros e transferência de valores”. (Destaque acrescido.)

Nessa linha, entende-se que o IO-Crédito não incide sobre crédito, mas sim sobre operação de
crédito. E a operação de crédito não pode ser entendida como qualquer operação em que há
transferência de valores. Após essa explicação, passa-se para a avaliação pontual de alguns
casos controversos ora em discussão.

ATIVIDADES

8. Observe as afirmativas sobre a regra-matriz de incidência do IO-Crédito.

I — A Lei nº 5.143/1966, em seu art. 1º, prevê a incidência do IO-Crédito nas operações
de crédito realizadas por instituições financeiras na entrega do respectivo valor
creditado ou sua colocação à disposição do interessado.
II — O Decreto-Lei nº 1.783/1980 determina que constituirá a base de cálculo do imposto
nas operações de crédito o valor global dos saldos das operações de empréstimo,
de abertura de crédito e de desconto de títulos, apurados mensalmente.
III — A Lei nº 9.532/1997, em seu art. 58, inovou ao fazer a previsão do IO-Crédito nas
operações entre pessoas jurídicas ou entre pessoa jurídica e pessoa física.

Qual(is) está(ão) correta(s)?

A) Apenas a I.
B) Apenas a II.
C) Apenas a II e a III.
D) A I, a II e a III.
Resposta no final do artigo
146
9. De acordo com o Decreto nº 6.306/2007, art. 2º, o IOF incide sobre operações de
|
IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES FINANCEIRAS E OPERAÇÕES DE CESSÃO DE CRÉDITO E DESCONTO

crédito realizadas por:

A) transportador aéreo.
B) agente do Sistema Financeiro de Habitação.
C) funcionário estrangeiro de missão diplomática.
D) instituições financeiras.
Resposta no final do artigo

10. Com relação aos responsáveis pela cobrança do IOF e seu recolhimento ao Tesouro
Nacional, marque V (verdadeiro) ou F (falso).

( ) Instituições financeiras que efetuarem operações de crédito.


( ) Empresas de factoring adquirentes do direito creditório.
( ) Pessoa jurídica que conceder o crédito, nas operações de crédito correspondentes
a mútuo de recursos financeiros.
( ) Pessoa física ou jurídica que tomar o crédito.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.

A) V—V—V—F
B) V—F—V—V
C) F—V—F—V
D) F—F—V—V
Resposta no final do artigo

11. De acordo com o Decreto nº 6.306/2007, quais são as operações de crédito que
possuem isenção de IOF?

............................................................................................................................................
............................................................................................................................................
............................................................................................................................................
............................................................................................................................................
Resposta no final do artigo
147
REGRA-MATRIZ DE INCIDÊNCIA DO IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES DE CÂMBIO

| PRODIREITO | DIREITO TRIBUTÁRIO | Ciclo 3 | Volume 1 |


O Quadro 3 apresenta a regra-matriz de incidência do IO-Câmbio.

Quadro 3
REGRA-MATRIZ DE INCIDÊNCIA TRIBUTÁRIA DO IMPOSTO
SOBRE OPERAÇÕES DE CÂMBIO
■■ Realizar operação de câmbio (entrega da moeda nacional
ou estrangeira, ou de documento que a represente, ou
Critério material sua colocação à disposição do interessado, em montante
Hipótese equivalente à moeda estrangeira ou nacional entregue ou posta
à disposição por este).
Critério espacial ■■ Território nacional.
Critério temporal ■■ Ato da liquidação da operação de câmbio.
Sujeito ativo ■■ União Federal.
■■ Contribuinte: compradores ou vendedores
Critério pessoal de moeda estrangeira.
Sujeitos passivos
■■ Responsável: instituições autorizadas a
operar em câmbio.
Consequente
■■ O montante em moeda nacional,
recebido, entregue ou posto à disposição,
Base de cálculo
Critério quantitativo correspondente ao valor, em moeda
estrangeira, da operação de câmbio.
Alíquotas ■■ A máxima é de 25%, mas varia desde 0,0%.

São exemplos:

■■ ingresso no País de receitas de exportação de bens e serviços: 0%;


■■ aquisição de moeda estrangeira em cheques de viagens e para carregamento de cartão
internacional pré-pago, destinadas a atender gastos pessoais em viagens internacionais: 6,38%;
■■ é isenta do IOF a operação de câmbio realizada para pagamento de bens importados.
148
REGRA-MATRIZ DE INCIDÊNCIA DO IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES DE SEGUROS
|
IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES FINANCEIRAS E OPERAÇÕES DE CESSÃO DE CRÉDITO E DESCONTO

O Quadro 4 apresenta a regra-matriz de incidência do IO-Seguros.

Quadro 4
REGRA-MATRIZ DE INCIDÊNCIA TRIBUTÁRIA DO IMPOSTO
SOBRE OPERAÇÕES DE SEGUROS
■■ Realizar operação de seguros (contrato pelo qual se garante algo
contra o risco de eventual dano).
Critério
■■ A expressão “operações de seguro” compreende seguros de vida e
material
congêneres, seguro de acidentes pessoais e do trabalho, seguros de
Hipótese bens, valores, coisas e outros não especificados.
Critério
■■ Território nacional.
espacial
Critério
■■ No ato do recebimento total ou parcial do prêmio.
temporal
Sujeito
■■ União Federal.
ativo
Critério ■■ Contribuinte: pessoas físicas ou jurídicas seguradas.
pessoal Sujeitos ■■ Responsável: as seguradoras ou as instituições
Consequente passivos financeiras a quem estas encarregarem da cobrança
do prêmio.
Base de
Critério ■■ Valor dos prêmios pagos.
cálculo
quantitativo
Alíquota ■■ A máxima é de 25%, mas varia desde 0,0%.

São exemplos com alíquota zero as operações:

■■ de resseguro;
■■ de seguro obrigatório, vinculado a financiamento de imóvel habitacional, realizado por agente
do Sistema Financeiro de Habitação;
■■ de seguro de crédito à exportação e de transporte internacional de mercadorias;
■■ de seguro contratado no Brasil, referente à cobertura de riscos relativos ao lançamento e à
operação dos satélites Brasilsat I e II;
■■ em que o valor dos prêmios seja destinado ao custeio dos planos de seguro de vida com
cobertura por sobrevivência;
■■ de seguro aeronáutico e de seguro de responsabilidade civil pagos por transportador aéreo;
■■ de seguro-garantia.

REGRA-MATRIZ DE INCIDÊNCIA DO IMPOSTO SOBRE


OPERAÇÕES DE TÍTULOS OU VALORES MOBILIÁRIOS
O Quadro 5 apresenta a regra-matriz de incidência do IO-Títulos.
149
Quadro 5

| PRODIREITO | DIREITO TRIBUTÁRIO | Ciclo 3 | Volume 1 |


REGRA-MATRIZ DE INCIDÊNCIA TRIBUTÁRIA DO IMPOSTO
SOBRE OPERAÇÕES DE TÍTULOS OU VALORES MOBILIÁRIOS
■■ Realizar operação de títulos ou valores mobiliários.
■■ Aquela que implica transferência de propriedade desses títulos.
■■ Por títulos ou valores mobiliários, devem ser entendidos os papéis
Critério representativos de bens ou direitos.
material ■■ Podem representar direitos de propriedade de bens, como acontece
com os títulos de participação societária, que corporificam parcelas do
Hipótese direito de propriedade sobre o patrimônio social, ou direitos de crédito.
■■ Exemplos: aplicações financeiras de curto prazo e letras imobiliárias.
Critério
■■ Território nacional.
espacial
Critério
■■ Ato da realização das operações.
temporal
Sujeito
■■ União Federal.
ativo
■■ Contribuintes:
•• os adquirentes, no caso de aquisição de títulos ou valores
mobiliários, e os titulares de aplicações financeiras, nos
casos de resgate, cessão ou repactuação;
•• as instituições financeiras e demais instituições
autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil.
■■ Responsável:
•• instituições autorizadas a operar na compra e venda de
títulos e valores mobiliários;
•• bolsas de valores, de mercadorias, de futuros e
assemelhadas, em relação às aplicações financeiras
realizadas em seu nome, por conta de terceiros e tendo
Critério
por objeto recursos destes;
pessoal Sujeitos
•• a instituição que liquidar a operação perante o beneficiário
passivos
final, no caso de operação realizada por meio do
Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic)
ou da Central de Custódia e de Liquidação Financeira
Consequente de Títulos (CETIP);
•• o administrador do fundo de investimento;
•• a instituição que intermediar recursos, junto a clientes, para
aplicações em fundos de investimentos administrados por
outra instituição, na forma prevista em normas baixadas
pelo Conselho Monetário Nacional;
•• a instituição que receber as importâncias referentes
à subscrição das cotas do Fundo de Investimento
Imobiliário e do Fundo Mútuo de Investimento em
Empresas Emergentes.
■■ É o valor da:
•• da aquisição, resgate, cessão ou repactuação de títulos
e valores mobiliários;
•• da operação de financiamento realizada em bolsas de
Base de
Critério valores, de mercadorias, de futuros e assemelhadas;
cálculo
quantitativo •• de aquisição ou resgate de cotas de fundos de
investimento e de clubes de investimento;
•• do pagamento para a liquidação das operações referidas no
inciso I, quando inferior a 95% do valor inicial da operação.
Alíquota ■■ Máximo de 1,5% ao dia (no máximo).
150
São exemplos com alíquota zero as operações:
|
IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES FINANCEIRAS E OPERAÇÕES DE CESSÃO DE CRÉDITO E DESCONTO

■■ das carteiras dos fundos de investimento e dos clubes de investimento;


■■ do mercado de renda variável, inclusive as realizadas em bolsas de valores, de mercadorias,
de futuro e entidades assemelhadas;
■■ com Certificado de Direitos Creditórios do Agronegócio (CDCA).

REGRA-MATRIZ DE INCIDÊNCIA DO IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES


COM OURO, ATIVO FINANCEIRO OU INSTRUMENTO CAMBIAL
O Quadro 6 apresenta a regra-matriz de incidência do IO-Ouro.

Quadro 6
REGRA-MATRIZ DE INCIDÊNCIA TRIBUTÁRIA DO IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES
COM OURO, ATIVO FINANCEIRO OU INSTRUMENTO CAMBIAL
Critério ■■ Realizar a primeira aquisição do ouro, como ativo financeiro, ou
material instrumento cambial.
Critério
Hipótese ■■ Em todo o território nacional.
espacial
Critério
■■ No momento da operação.
temporal
Critério Sujeito ativo ■■ União Federal.
pessoal Sujeito passivo ■■ É aquele que irá utilizar o ouro como ativo financeiro.
Consequente
Critério Base de cálculo ■■ É o preço da aquisição do ouro.
quantitativo Alíquota ■■ Valor de 1% sobre o valor da aquisição.

ATIVIDADES

12. Com relação à contextualização histórica e legislativa do IOF, marque V (verdadeiro)


ou F (falso).

( ) O imposto sobre o selo foi introduzido no Brasil com a CF de 1779.


( ) Foi na CF de 1891 que a competência para a instituição da taxa de selos foi dada
aos municípios.
( ) Com a CF de 1946, o imposto sobre o selo passou a incidir também sobre operações
de transferência de recursos ao exterior.
( ) O IOF foi instituído pelo CTN, que regulou a respectiva cobrança e dispôs sobre a
aplicação das reservas monetárias oriundas de sua receita.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.

A) F—F—V—F
B) V—F—V—F
C) F—V—F—V
D) F—F—V—V
Resposta no final do artigo
151
13. A expressão “operações de seguros” compreende:

| PRODIREITO | DIREITO TRIBUTÁRIO | Ciclo 3 | Volume 1 |


A) seguros de vida e congêneres, seguro de acidentes pessoais e do trabalho, seguro
de bens, valores, coisas e outros não especificados.
B) seguro de viagem.
C) seguro de vida e acidentes pessoais.
D) convênio médico.
Resposta no final do artigo

14. Sobre os critérios materiais da regra-matriz de incidência do IO-Crédito, IO-Câmbio,


IO-Seguros, IO-Títulos e IO-Ouro, correlacione a primeira e a segunda colunas.

(1) IO-Crédito ( ) Realizar operação de seguros (contrato pelo qual se garante


(2) IO-Câmbio algo contra o risco de eventual dano).
(3) IO-Seguros ( ) Realizar operação de câmbio (entrega da moeda nacional
(4) IO-Títulos ou estrangeira, ou de documento que a represente, ou
(5) IO-Ouro sua colocação à disposição do interessado, em montante
equivalente à moeda estrangeira ou nacional entregue ou
posta à disposição por este).
( ) Realizar operação de títulos ou valores mobiliários.
( ) Entregar ou colocar à disposição do interessado valores a
título de empréstimo sob qualquer modalidade, inclusive
abertura de crédito e desconto de títulos.
( ) Realizar a primeira aquisição do ouro, como ativo financeiro,
ou instrumento cambial.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.

A) 2—1—3—5—4
B) 3—2—4—1—5
C) 4—2—5—3—1
D) 5—1—3—4—2
Resposta no final do artigo
152
■■ ESTUDO DE CASO
|
IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES FINANCEIRAS E OPERAÇÕES DE CESSÃO DE CRÉDITO E DESCONTO

Sobre as operações realizadas pelas instituições financeiras, é importante mencionar


que tais instituições, além de terem como principal negócio a realização de operações
de crédito, também podem, no exercício de suas atividades, realizar cessões de crédito.

Conforme demonstrado em itens anteriores, desde fins de 2007, percebe-se que a vontade
de arrecadação do Governo Federal em relação ao IO-Crédito, IO-Câmbio, IO-Seguros
e IO-Títulos está cada dia mais aguçada.

E, desde essa época, vem-se percebendo a alteração nos entendimentos da RFB, quando
da avaliação de Soluções de Consulta sobre incidência ou não de IO-Crédito em relação
aos negócios jurídicos de cessão de crédito e desconto.

Contudo, para bem avaliar as razões da RFB, julga-se importante que sejam estudados
os negócios jurídicos da cessão de crédito e o desconto, para então conseguir traçar sua
linha de raciocínio. O Código Civil dispõe sobre o negócio jurídico da cessão de crédito
nos arts. 286 a 298. O art. 286 assim dispõe:15

“Art. 286. O credor pode ceder o seu crédito, se a isso não se opuser a natureza da
obrigação, a lei, ou a convenção com o devedor; a cláusula proibitiva da cessão não
poderá ser oposta ao cessionário de boa-fé, se não constar do instrumento da obrigação.”

Assim, de forma bastante simples, para compreender o negócio jurídico da cessão de


crédito, deve-se tomar como exemplo a seguinte situação: um empresário (cedente),
cliente do Ana’s Bank, tem recebíveis referentes a vendas que fez a prazo, mas, diante
de obrigações que deve adimplir antes desse período, decide ceder os direitos creditórios
de suas vendas ao Ana’s Bank (cessionário) para que receba os valores antes do tempo
que receberia.

Ocorre que a cessão de crédito não necessariamente é negócio jurídico que precisa ser
contratado junto à instituição financeira. Portanto, não é contrato bancário, pois qualquer
pessoa, tanto física como jurídica, pode celebrar uma cessão de crédito, tanto na posição
de cedente como na de cessionário.

Importante ressaltar que, quando o banco participa de um negócio jurídico de cessão de


crédito, ele não está na função de intermediador de recursos financeiros, pois está no
papel de quem adquire um ativo, que lhe trará algum resultado favorável.

A cessão de crédito nada mais é do que a alienação de determinado direito de crédito,


ou seja, é uma espécie de compra e venda de crédito. E a contraprestação, na cessão
de crédito onerosa, tem a natureza jurídica de preço, mas nada impede que a cessão
de crédito seja gratuita, o que é comum entre familiares e amigos, mas não realizada
no mercado bancário.

A cessão de crédito pode ser total, quando o cedente transferirá todo o crédito ao cedido,
mas também pode ser parcial, quando o cedente fica na relação obrigacional, quando
retém parte do crédito, mas também poderá sair da relação, caso ceda a outro a parte
que sobrou.
153
Maria Helena Diniz16 explica que o Código Civil brasileiro “não faz menção à cessão

| PRODIREITO | DIREITO TRIBUTÁRIO | Ciclo 3 | Volume 1 |


parcial, mas deixa claro que ela é admissível, diante das vantagens da disposição parcial
do crédito não só para o credor, mas também para o comércio jurídico”. O Quadro 7
apresenta outros tipos de cessão.

Quadro 7
TIPOS DE CESSÃO DE CRÉDITO
Convencional ■■ Decorre da livre e espontânea vontade entre cedente e cessionário.
■■ Resulta de lei, caso em que, independentemente da vontade, deve ocorrer a
substituição do devedor.
■■ Exemplos: cessão de acessórios; sub-rogação legal; cessão de depositário ao
Legal
depositante que, por força maior, tenha perdido a coisa depositada e recebido outra em
seu lugar, deve entregar a segunda ao depositante e ceder-lhe as ações que no caso
tiver contra terceiros responsáveis pela restituição da primeira (art. 636 do Código Civil).
■■ Resulta de sentença judicial.
Judicial ■■ Exemplos: adjudicação é aquela que ocorre no juízo divisório, com a partilha, quando
os créditos forem atribuídos aos herdeiros do credor.

Quanto à solvabilidade, a cessão pode ser pro soluto e pro solvendo. É pro soluto
quando ocorrer o pagamento total da dívida do cedente para o cessionário, ocorrer a
transferência do crédito e incluir a liberação do cedente. O cedente, quando transfere o
crédito, tem a intenção de extinguir imediatamente a obrigação preexistente e libera-se
dela, independentemente do resgate da obrigação cedida.

É o cessionário que corre o risco da insolvência do devedor, com a restrição de que o


crédito deve existir e pertencer ao cedente, para que a dívida antiga seja considerada
extinta desde o momento inicial da cessão. É pro solvendo quando trata-se da transferência
de direito de crédito cujo objetivo é extinguir uma obrigação, mas que não se extinguirá
logo de início, mas tão somente se o crédito cedido for cobrado.

É importante mencionar que a cessão de crédito pode ser feita com ou sem coobrigação
do cedente. Se for sem coobrigação, o cedente não fica na relação como garantidor do
devedor, caso este não arque com a obrigação.

É possível que haja cessão de crédito em que o cedente, de forma expressa, assuma a
obrigação do adimplemento da obrigação, na hipótese de o devedor não cumprir, situação
em que pode ser incluída no instrumento de cessão de crédito a cláusula de coobrigação.
Nesse sentido é o disposto no art. 295 do Código Civil, que diz:15

“Art. 295. Na cessão por título oneroso, o cedente, ainda que não se responsabilize, fica
responsável ao cessionário pela existência do crédito ao tempo em que lhe cedeu; a mesma
responsabilidade lhe cabe nas cessões por título gratuito, se tiver procedido de má-fé.”

A responsabilidade é limitada ao que for recebido na cessão de crédito, conforme indica


o art. 297 do Código Civil:15

“Art. 297. O cedente, responsável ao cessionário pela solvência do devedor, não responde
por mais do que daquele recebeu, com os respectivos juros; mas tem de ressarcir-lhe as
despesas da cessão e as que o cessionário houver feito com a cobrança.”
154
Qualquer crédito pode ser objeto da cessão e não é requisito que conste de um título,
|
IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES FINANCEIRAS E OPERAÇÕES DE CESSÃO DE CRÉDITO E DESCONTO

mas há alguns tipos de títulos que não podem ser cedidos se já estiverem vencidos, como
aqueles com origem em direitos personalíssimos, crédito alimentício, créditos relacionados
aos vencimentos de funcionários, entre outros.

Se não houver disposição em contrário, a cessão também pode ocorrer em relação aos
acessórios do crédito, ou seja, transmitem-se os direitos pessoais e os reais de garantia,
os direitos de preferência e o direito a juros compensatórios ou moratórios.

A legislação não prevê forma determinada para que o negócio “cessão de crédito” ocorra,
mas o fato é que se aperfeiçoa com a vontade do cedente e cessionário. Para que possa
ser oponível contra terceiros, é necessário que seja celebrado via instrumento público
ou particular, diante de formalidades específicas previstas no art. 654, § 1º, do Código
Civil. Por fim, a cessão produz os seguintes efeitos:

■■ o cedente deve ser responsável pela existência do crédito e pela solvência do devedor;
■■ o cessionário passa a ter os mesmos direitos do credor com todos os acessórios,
assumirá todos os riscos pela insolvência do devedor e poderá prosseguir na causa,
na hipótese de falecimento do cedente, sendo que poderá promover e prosseguir
com a execução.

Já o desconto de títulos é negócio jurídico realizado apenas no ambiente de instituição


financeira autorizada a operar. A noção do vocábulo “desconto” traz a ideia de dedução.
Nesse sentido é utilizado o conceito no ambiente bancário, posto que o desconto designa
dedução de comissão e juros diante da diminuição de prazo em que um crédito é pago
pelo banco a alguém que detém um título de crédito.

Assim, o desconto é uma modalidade de contrato bancário e indispensável para fins


de circulação do crédito bancário, que garante a realização dos negócios. Para fins de
melhor compreensão, basta pensar em um comerciante que vende mercadorias a prazo
e que emite duplicata, aceita pelo comprador.

Tomando a forma de exemplo anteriormente dado, esse comerciante pode descontar a


duplicata no Ana’s Bank, que procede ao desconto de juros, comissões e eventualmente
outras despesas e, assim, antecipa o montante para o comerciante. Ana’s Bank passa
a ser proprietário do título para que possa cobrar do devedor quando do vencimento.

Para os bancos, é um excelente negócio, dado que lucram com o desconto de juros,
comissões e tarifas, o que é um investimento de capital a curto prazo com uma boa
margem de segurança, dado que o crédito é atrelado à garantia de um título de crédito.

Fábio Ulhoa Coelho ensina que “é por meio do desconto de títulos que o Banco
(descontador) antecipa ao seu cliente (descontário) o valor de crédito que este último
titulariza perante terceiro, e o recebe em cessão”.17

Assim, quando ocorre o desconto do título, o banco paga ao seu cliente descontário parte
do valor nominal do título que fora descontado. O ganho do banco está nessa diferença
entre o valor original do título e o que é pago ao descontário.
155
No caso específico do desconto, sempre há coobrigação do descontário ao adimplemento

| PRODIREITO | DIREITO TRIBUTÁRIO | Ciclo 3 | Volume 1 |


do título de crédito descontado. Assim, se o crédito transferido ao banco for adimplido pelo
terceiro devedor, então há a extinção da obrigação entre o banco e o seu cliente descontário.

Contudo, caso o terceiro não pague, o banco pode cobrar do devedor do título descontado;
ou ainda fazer o protesto de títulos ou fazer a cobrança judicial do descontário com base
no contrato de desconto. Sergio Carlos Covello,5 que se dedicou a estudar os contratos
bancários, ensina que, sobre a natureza jurídica, há na doutrina algumas teorias, mas
para ele trata-se de contrato misto:18

Sob o aspecto econômico, o desconto possui relação com o mútuo, porque o


Banco antecipa a importância de um crédito ainda não vencido. O descontário, por
sua vez, obriga-se a restituir essa importância caso o terceiro devedor não cumpra
sua obrigação.

Por outro lado, o crédito dado ao banco tem a função de pagamento pro solvendo
da quantia antecipada.

Assim, se não quisermos cair na teoria do contrato sui generis, é forçoso


conceituarmos o desconto como contrato misto de mútuo e dação de pagamento.

O fato é que a maior parte da doutrina brasileira entende que no desconto há concessão
de determinado crédito, sendo que o empréstimo se consolida mediante a transferência
pro solvendo do título cambial.

Portanto, não há dúvida de que o desconto bancário é operação de crédito. Por esse
motivo, pensa-se estar correta a regulamentação da legislação do IO-Crédito, IO-Câmbio,
IO-Seguro e IO-Títulos, o Decreto nº 6.306/2007, quando assim prescreve em seu art. 3º:10

“§ 3º A expressão “operações de crédito” compreende as operações de:

I — empréstimo sob qualquer modalidade, inclusive abertura de crédito e desconto de


títulos (Decreto-Lei nº 1.783, de 18 de abril de 1980, art. 1º, inciso I);” (Destaque acrescido.)

Ocorre que o mesmo não se dá com a cessão de crédito, em que não há previsão para
incidência de IO-Crédito. Contudo, não é esse o entendimento da RFB, pelo que se pode
verificar das Soluções de Consulta.

Até meados de 2008, o entendimento da RFB era no sentido de que não incidia o
IO-Crédito nas operações relativas às cessões de crédito quando o cessionário fosse
instituição financeira, exatamente diante da falta de previsão legal, e o tributo apenas
incidiria se o cessionário fosse empresa de factoring, cuja incidência tinha base legal.
Nesse sentido:

“Solução de Consulta nº 110, de 25/4/2008 — DISIT 08:19

EMENTA: DIREITOS CREDITÓRIOS. AQUISIÇÃO. INCIDÊNCIA. Não incide o IOF


nas operações de crédito relativas às cessões de direitos creditórios resultantes
de vendas a prazo, quando o cessionário for instituição financeira, por falta de
previsão legal. O imposto somente incidirá quando o cessionário for empresa que
executa atividade de factoring.” (Destaque acrescido.)
156
Contudo, em 2010, ano em que o ex-Presidente Lula tratou os reflexos da crise econômica
|
IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES FINANCEIRAS E OPERAÇÕES DE CESSÃO DE CRÉDITO E DESCONTO

mundial no Brasil como uma “marola”, notou-se que a RFB modificou o seu entendimento
sobre a interpretação da incidência do IO-Crédito nas operações de cessão de crédito.

Nessa ocasião, a RFB deu o entendimento no sentido de que, na cessão de crédito para
instituição financeira, com cláusula de coobrigação, restaria caracterizado desconto e,
por isso, a operação estaria sujeita à incidência do IO-Crédito.

A RFB considerou que a cessão de direitos creditórios para instituição financeira sem
coobrigação não constituiria operação de crédito, conforme é possível verificar pela
ementa da Solução de Consulta a seguir:
“Solução de Consulta nº 283, de 10/11/2010 — DISIT 09:20

EMENTA: CESSÃO DE CRÉDITO. INCIDÊNCIA. A operação de cessão de direitos


creditórios para instituição financeira, com cláusula de coobrigação, caracteriza
desconto, e está sujeita à incidência do IOF/Crédito; por outro lado, a cessão de
direitos creditórios para instituição financeira, sem coobrigação, não constitui
operação de crédito para fins de incidência desse tributo.” (Destaque acrescido.)

Observa-se que a Solução de Consulta nº 283, de 10 de novembro de 2010, simplesmente


trouxe entendimento diferente daquele que vinha sendo dado até meados de 2008 e
passou a considerar a incidência do IO-Crédito em operação de cessão de crédito na
modalidade com coobrigação, contrariando, assim, a melhor interpretação sobre as
normas de Direito Civil e de Direito Tributário, posto que a RFB, provavelmente em razão
de sua necessidade de arrecadação, fez uma mágica interpretativa.

Ocorre que havia divergência de entendimento nas regiões fiscais e outras Soluções de
Consulta foram publicadas, até que a Coordenação-Geral de Tributação (Cosit) precisou
se manifestar sobre um recurso em sede de Solução de Divergência nº 16, de 2 de maio
de 2011, cuja ementa in verbis:
“Solução de Divergência nº 16, de 2/5/2011 — COSIT 2/5/2011:21

EMENTA: CESSÃO DE CRÉDITO. INCIDÊNCIA. A operação de cessão de direitos


creditórios na qual figure instituição financeira na qualidade de cessionária não
está sujeita à incidência do IOF sobre operação de crédito, salvo se, quando do
estabelecimento de cláusula de coobrigação, restar a operação caracterizada
como desconto de títulos.” (Destaque acrescido.)

Ocorre que pareceu que a RFB, mais uma vez, tentou caracterizar o desconto de
títulos como uma espécie de caso de cessão de crédito com coobrigação, sem muitas
explicações. No Diário Oficial da União de 17 de setembro de 2013, houve a publicação
da Instrução Normativa (IN) RFB nº 1.396, de 16 de setembro de 2013, que modificou
as normas relacionadas ao processo de consulta.

Diante das alterações, nos termos do art. 27, II, da IN RFB 1.396/2013, as íntegras das
Soluções às Consultas, com exceção do número do e-processo, dos dados cadastrais do
consulente ou de qualquer outra informação que permita a identificação do consulente e
de outros sujeitos passivos passaram a serem publicadas e não mais apenas as ementas.
O art. 22 da IN inaugurou o conceito de Solução de Consulta Vinculada, cujo objetivo era
solucionar as consultas com mesmo objeto.
157
Assim, em 30 de janeiro de 2014, foi publicada a Solução de Consulta Cosit nº 25, de

| PRODIREITO | DIREITO TRIBUTÁRIO | Ciclo 3 | Volume 1 |


23 de janeiro de 2014, já nas novas regras de publicidade da RFB, de forma que todos
pudessem avaliar, finalmente, as razões da Solução e não apenas a ementa. Com essa
Solução de Consulta, a RFB concluiu o seguinte:22

Por todo o exposto, modifica-se o entendimento anteriormente conferido, segundo


o qual não incidiria o IOF nas operações de crédito relativas às cessões de direitos
creditórios resultantes de vendas a prazo, quando o cessionário for instituição
financeira, por falta de previsão legal, com o imposto somente incidindo quando o
cessionário for empresa que executa atividade de factoring.

O que se entende atualmente é que somente não incide o IOF nas operações de
cessão sem coobrigação de direitos creditórios decorrentes de vendas a prazo,
quando o cessionário for instituição financeira. Todavia, quando do estabelecimento
de cláusula de coobrigação do cedente (ou seja, em operações de cessão de
direitos creditórios a instituição financeira com coobrigação), incide o IOF/Crédito
sempre que restar a operação caracterizada como desconto de títulos, na forma
estabelecida pela Solução de Divergência Cosit nº 16, de 2011.

Por fim, informa-se que, de acordo com o § 4º do art. 16 da IN RFB 740,


de 2007, na hipótese de alteração de entendimento expresso em Solução de
Consulta, a nova orientação desfavorável ao contribuinte alcança apenas os
fatos geradores que ocorrerem após a sua publicação na Imprensa Oficial ou
após a ciência do consulente.

Em 5 de fevereiro de 2014, a RFB editou 13 Soluções de Consultas Vinculadas, de nº


8.001/2014 a 8.013/2014. Recentemente, em 24 de outubro de 2016, foi publicada nova
Solução de Divergência Cosit nº 9, de 23 de setembro de 2016, que revisa a Solução de
Divergência nº 16, de 2 de maio de 2011, cuja ementa é a seguinte:23

“CESSÃO DE CRÉDITO. Incidência.

A operação de cessão de direitos creditórios na qual figure instituição financeira na


qualidade de cessionária sujeita-se à incidência do IOF sobre operações de crédito,
estejam ou não os créditos cedidos corporificados em títulos de crédito, sempre que a
operação seja realizada com o intuito de fornecer crédito ao cedente.

Para tanto, deve estar presente no contrato de cessão de crédito cláusula de coobrigação,
ou, ausente tal cláusula de maneira expressa, o arranjo jurídico e negocial estabelecido
entre as partes deve ter sido configurado de tal forma que o cedente responderá, ao
final, pela eventual inadimplência do sacado/devedor original.

Ficam reformadas a Solução de Divergência nº 16 — Cosit, de 2011 e as Soluções de


Consulta nº 76, de 2008, da SRRF04/Disit, nº 35, de 2009, da SRRF05/Disit, e nº 19, de
2008, da SRRF01/Disit.

Dispositivos Legais: Lei nº 4595, de 1964, art. 17; Decreto-lei 1783, de 1980, art. 1,
inciso I. Parecer PGFN/CAT nº 472/2016, de 6 de abril de 2016.”
158
A RFB esclareceu entender, de fato, que:23
|
IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES FINANCEIRAS E OPERAÇÕES DE CESSÃO DE CRÉDITO E DESCONTO

40. Caso a cessão ocorra sem a coobrigação, certamente o deságio aplicado


ao valor nominal do crédito para cálculo do preço levará em conta o fato de o
cessionário estar adquirindo, juntamente com o crédito, o risco a ele associado, do
devedor original, e por isso o preço será menor do que apenas o desconto de juros
remuneratórios normais de uma operação de desconto.

41. Eventualmente em uma cessão com coobrigação isto também pode ocorrer.
No entanto, se a cessão com coobrigação é utilizada para conceder crédito, a
operação certamente será realizada por preço e em condições tais que o deságio
equivalerá a juros aplicados sobre o valor do crédito, juros estes que seriam
cobrados em um empréstimo para aquele cliente, da mesma forma como ocorre no
desconto. Isto fica claro no próprio arrazoado do recorrente, que afirma ser o preço
calculado com base no valor do crédito cedido sobre o qual é aplicada uma “taxa
de aquisição” pelo prazo a decorrer até o seu vencimento.

42. Também a coobrigação se dará em montante suficiente para que o cessionário


recupere o valor nominal do crédito objeto da cessão cumulado com os encargos
decorrentes do atraso, ou seja, o preço mais despesas de cessão será equivalente
ao valor nominal do crédito, aos quais se acrescentam encargos decorrentes da
mora. A diferença destacada pelo recorrente, portanto, apenas se manifesta como
uma distinção formal (e legal) entre os contratos de cessão e de desconto, mas não
substancial, quando a cessão com coobrigação é utilizada para conceder o crédito.

43. De todo o exposto, podemos afirmar que uma cessão de crédito com
coobrigação do cedente nada mais é que um desconto bancário (que como vimos
é modalidade de empréstimo), caso o cessionário seja uma instituição financeira e
a intenção seja a de conceder crédito.

Ao longo deste artigo, traçou-se todo o percurso gerativo de sentido do IO-Crédito,


IO-Câmbio, IO-Seguro e IO-Títulos. Passou-se pelo histórico da legislação e do intuito
desse tributo, de como a extrafiscalidade vem sendo tratada pelo Poder Executivo,
notadamente desde 2007, momento em que se fez o corte de avaliação até os dias atuais.

Com a finalidade de efetuar este estudo de caso, traçou-se a RMIT do IO-Crédito, avaliou-
se a diferença jurídica entre os negócios de cessão de crédito e desconto, para então
passar ao acompanhamento do entendimento da RFB e perceber que especificamente
sobre o tema é feita uma incrível utilização de analogia para que ocorra uma maior
arrecadação do imposto.

Não se pode deixar de mencionar que o CTN, em seu art. 97, é cristalino ao estatuir
que somente a lei pode estabelecer a instituição de tributos ou a sua extinção. Ora, o
art. 108, § 1º, proíbe expressamente a utilização da analogia para exigência de tributo.

Contudo, mesmo assim, a RFB, conforme verifica-se nas Soluções de Consulta indicadas,
faz letra morta ao disposto nos citados dispositivos e deixa claro sua posição de que é
sim possível fazer a tributação pelo IO-Crédito em cessões de crédito na modalidade de
coobrigação, mesmo sem previsão legal que assim disponha, por entender ser factível
a analogia desse negócio com o desconto, este sim passível de incidência, dado ser
espécie de mútuo.
159
Vale ainda ressaltar que o art. 110, do mesmo CTN, é cristalino quando prevê que a lei

| PRODIREITO | DIREITO TRIBUTÁRIO | Ciclo 3 | Volume 1 |


tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos, conceitos
e formas de Direito Privado, utilizados expressa ou implicitamente pela CF, pelas
Constituições dos Estados ou pelas Leis Orgânicas do Distrito Federal ou dos municípios,
para definir ou limitar competências tributárias.24

A RFB também desconsidera essa disposição, pois claramente altera a natureza da cessão
de crédito com coobrigação, quando afirma na Solução de Divergência Cosit nº 9/2016
que há apenas uma “aparente distinção” entre a cessão de crédito com coobrigação e
o desconto.

Ao que parece, a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) também seguirá a


mesma confusão e chancelará a tributação com a desconsideração do disposto nos arts.
109 e 110 do CTN, conforme pode-se verificar do Parecer PGFN/Coordenação-Geral de
Assuntos Tributários (CAT) nº 472, de 6 de abril de 2016, citado na Solução de Divergência
Cosit nº 9/2016, que, embora afirme que a cessão de crédito e o desconto não se confundem,
conclui que:23

I. Desconto bancário e cessão de crédito pro solvendo não se confundem.


Esta traduz uma forma particular de concessão de crédito pela qual o banco
(descontador), deduzindo previamente as despesas e os juros pactuados, antecipa
ao cliente (descontário) o valor de um crédito vincendo que este titulariza perante
terceiro, e o recebe mediante transferência pro solvendo, isto é com efeito
liberatório subordinado à condição de pagamento. Aquela, por sua vez, consiste um
negócio jurídico de transferência de crédito, por meio do qual o credor (cedente),
independentemente do consentimento do devedor (cedido), transfere, no todo ou
em parte, sua posição na relação jurídica obrigacional a outrem (cessionário),
que recebe os direitos respectivos juntamente com todos os seus acessórios,
salvo disposição em contrário, podendo ser avençada em caráter meramente
especulativo ou se prestar à realização de negócios múltiplos, sem significado e
conteúdo predeterminados.

II. Apesar de o desconto não se resumir à cessão de crédito (eis que pode,
eventualmente, envolver um endosso), esta pode estar embutida naquele, quando
o crédito a ser descontado estiver instrumentalizado em um título gravado com a
cláusula não à ordem, representado por outras espécies de documentos, como
contratos; ou não estiver incorporado a documento algum.

Assim, dado esse panorama, verifica-se que o entendimento firme da RFB é que as
operações de cessão de crédito com coobrigação podem ser avaliadas como operações
de desconto e, portanto, passíveis de incidência de IO-Crédito. Portanto, o contribuinte
que entender que não é possível a tributação deverá buscar seus direitos.
160
|
IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES FINANCEIRAS E OPERAÇÕES DE CESSÃO DE CRÉDITO E DESCONTO

ATIVIDADES

15. A cessão de crédito nada mais é do que a alienação de determinado direito de crédito,
ou seja, é uma espécie de compra e venda de crédito. Sobre os tipos de cessão,
correlacione a primeira e a segunda colunas.

(1) Total ( ) Ocorre quando o cedente fica na relação obrigacional,


(2) Parcial quando retém parte do crédito, mas também poderá
(3) Convencional sair da relação, caso ceda a outro a parte que sobrou.
(4) Legal ( ) Decorre da livre e espontânea vontade entre cedente
(5) Judicial e cessionário.
( ) Resulta de sentença judicial.
( ) Ocorre quando o cedente transferirá todo o crédito
ao cedido.
( ) Resulta de lei, caso em que, independentemente da
vontade, deve ocorrer a substituição do devedor.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.

A) 3—1—2—4—5
B) 1—4—3—5—2
C) 2—3—5—1—4
D) 4—5—3—2—1
Resposta no final do artigo

16. Quanto à solvabilidade, a cessão pode ser:

A) legal e judicial.
B) pro soluto e pro solvendo.
C) de compra e venda.
D) total e parcial.
Resposta no final do artigo
161
■■ CONCLUSÃO

| PRODIREITO | DIREITO TRIBUTÁRIO | Ciclo 3 | Volume 1 |


O IOF é tido como tributo com função predominantemente extrafiscal, por ser um instrumento
de manipulação das políticas de crédito, câmbio, seguro e títulos e valores mobiliários, exercício
que é realizado pelo Poder Executivo. Mas, desde 2007, questiona-se se, de fato, essa função é
meramente extrafiscal, posto que a arrecadação do tributo é a cada dia considerável e percebe-se
que a finalidade do Poder Executivo está muito mais próxima da puramente arrecadatória.

Conclui-se que a mitigação da legalidade e da exceção ao princípio da anterioridade não pode ser
utilizada pelo Poder Executivo para simplesmente proceder à arrecadação fiscal. Na interpretação
da autora deste artigo, é imperioso que o aumento da alíquota do imposto sobre crédito, câmbio,
seguros e títulos e valores mobiliários seja justificado pelo Poder Executivo.

No estudo de caso, verificou-se que a RFB tenta a todo custo igualar os negócios jurídicos da
cessão de crédito com coobrigação ao desconto bancário, para fins de incidência do IO-Crédito, o
que parece ser tributação por analogia e alteração dos conceitos de Direito Privado.

■■ RESPOSTAS ÀS ATIVIDADES E COMENTÁRIOS


Atividade 1
Resposta: C
Comentário: O IOF traz em sua carga não apenas um imposto, mas em realidade cinco impostos
(alguns autores entendem que são quatro) relacionados às operações de crédito, câmbio e seguro
e relativas a títulos ou valores mobiliários.

Atividade 2
Resposta: B
Comentário: Com a EC 18/1965, o imposto sobre o selo e a possibilidade de imposto federal
sobre transferência de fundos ao exterior foram extintos. Assim, no art. 14, I, foi atribuída à União
a competência para legislar sobre “operações de crédito, câmbio e seguro, e sobre operações
relativas a títulos e valores mobiliários”. Na EC 18/1965, o Poder Executivo passou a poder alterar
as alíquotas e as bases de cálculo, desde que observados os limites previstos em lei. Também
houve determinação no sentido de que o produto da arrecadação deveria ser destinado à formação
de reservas monetárias.

Atividade 3
Resposta: D
Comentário: A Carta Magna de 1967, embora não tenha apresentado alterações significativas, trouxe
a extinção da obrigatoriedade de destinação do produto de arrecadação do imposto à formação de
reservas monetárias. A EC 1/1969 deixou de fazer previsão sobre a competência dada anteriormente
ao Poder Executivo para alteração das alíquotas e das bases de cálculo do IOF.
162
Atividade 4
|
IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES FINANCEIRAS E OPERAÇÕES DE CESSÃO DE CRÉDITO E DESCONTO

Resposta: C
Comentário: A Lei nº 5.143/1966 fez a previsão da incidência do IO-Crédito e do IO-Seguro
realizadas, respectivamente, por instituições financeiras e seguradoras. A Carta Magna de 1967,
embora não tenha apresentado alterações significativas, trouxe a extinção da obrigatoriedade
de destinação do produto de arrecadação do imposto à formação de reservas monetárias. A EC
1/1969 deixou de fazer previsão sobre a competência dada anteriormente ao Poder Executivo
para alteração das alíquotas e das bases de cálculo do IOF.

Atividade 5
Resposta: D
Comentário: A CF de 1988 — quando em seu art. 153, § 1º, concedeu ao Poder Executivo a
faculdade para alterar as alíquotas do IO-Crédito, IO-Câmbio, IO-Seguro ou IO-Títulos, desde
que atendidas as condições e os limites estabelecidos na lei, sem a sujeição ao princípio da
anterioridade tributária — estabeleceu a função predominantemente extrafiscal ao tributo ora em
análise. Com isso, a CF garante ao Poder Executivo o direito de alterar as alíquotas do imposto
em questão dentro do próprio exercício financeiro, sem ter que esperar qualquer período para que
a mudança efetuada seja aplicada. Contudo, não é dado ao Poder Executivo o direito de alterar as
bases de cálculo, o que somente pode ser feito mediante alteração em lei.

Atividade 6
Resposta: B
Comentário: A CF garante ao Poder Executivo o direito de alterar as alíquotas do imposto em
questão dentro do próprio exercício financeiro, sem ter que esperar qualquer período para que a
mudança efetuada seja aplicada. Contudo, não é dado ao Poder Executivo o direito de alterar as
bases de cálculo, o que somente pode ser feito mediante alteração em lei.

Atividade 7
Resposta: Ainda está pendente de julgamento a ADIn 4.002/2008, de propositura do Partido
Democrata, que discute a constitucionalidade do Decreto nº 6.339/2008, pelas seguintes razões:
desvio de finalidade; inconstitucionalidade do adicional de 0,38%; ofensa ao art. 150, IV, da
CF; violação ao princípio da isonomia, em razão de as alterações do Decreto nº 6.339/2008
introduzirem tratamento diferenciado a idênticas operações de crédito.

Atividade 8
Resposta: A
Comentário: A Lei nº 5.143/1966, em seu art. 1º, prevê a incidência do IO-Crédito nas operações
de crédito realizadas por instituições financeiras na entrega do respectivo valor creditado
ou sua colocação à disposição do interessado. Em seu art. 2º, I, determina que constituirá a
base de cálculo do imposto nas operações de crédito o valor global dos saldos das operações
de empréstimo, de abertura de crédito e de desconto de títulos, apurados mensalmente. Já o
Decreto-Lei nº 1.783/1980, em seu art. 1º, I, delimitou o conceito de operação de crédito, ao
determinar que a alíquota do IO-Crédito faz menção aos “empréstimos sob qualquer modalidade,
abertura de crédito e desconto de títulos”. A Lei nº 9.532/1997, em seu art. 58, inovou quando
inseriu no ordenamento jurídico tributário a incidência do IO-Crédito sobre operações de alienação
de direitos creditórios, quando o adquirente for a pessoa jurídica que desempenhar atividade de
factoring. E a Lei nº 9.779/1999, em seu art. 13, também inovou ao fazer a previsão do IO-Crédito
nas operações entre pessoas jurídicas ou entre pessoa jurídica e pessoa física.
163
Atividade 9

| PRODIREITO | DIREITO TRIBUTÁRIO | Ciclo 3 | Volume 1 |


Resposta: D
Comentário: De acordo com o Decreto nº 6.306/2007, art. 2º, o IOF incide sobre operações
de crédito realizadas “por empresas que exercem as atividades de prestação cumulativa e
contínua de serviços de assessoria creditícia, mercadológica, gestão de crédito, seleção de
riscos, administração de contas a pagar e a receber, compra de direitos creditórios resultantes
de vendas mercantis a prazo ou de prestação de serviços (factoring) (Lei nº 249, de 26 de
dezembro de 1995, art. 15, § 1º, inciso III, alínea d, e Lei nº 9.532, de 10 de dezembro de 1997,
art. 58); c) entre pessoas jurídicas ou entre pessoa jurídica e pessoa física (Lei nº 9.779, de 19
de janeiro de 1999, art. 13)”.

Atividade 10
Resposta: A
Comentário: De acordo com o 5º do Decreto nº 6.306/2007, são responsáveis pela cobrança do
IOF e pelo seu recolhimento ao Tesouro Nacional: “I — as instituições financeiras que efetuarem
operações de crédito (Decreto-Lei nº 1.783, de 1980, art. 3º, inciso I); II — as empresas de
factoring adquirentes do direito creditório, nas hipóteses da alínea b do inciso I do art. 2º (Lei nº
9.532, de 1997, art. 58, § 1º); III — a pessoa jurídica que conceder o crédito, nas operações de
crédito correspondentes a mútuo de recursos financeiros (Lei nº 9.779, de 1999, art. 13, § 2º)”.

Atividade 11
Resposta: O Decreto nº 6.306/2007 elenca as operações de crédito que possuem isenção
de IOF, nos termos das leis específicas. Fazem parte desse rol as operações de crédito para
fins habitacionais, inclusive as destinadas à infraestrutura e ao saneamento básico relativos a
programas ou projetos que tenham a mesma finalidade; operação de crédito realizada mediante
conhecimento de depósito e warrant, representativos de mercadorias depositadas para exportação,
em entreposto aduaneiro; operação de crédito realizada com recursos dos FNO, do FNE e do
FCO; efetuadas por meio de cédula e nota de crédito à exportação; em que o tomador de crédito
seja a entidade binacional Itaipu; para aquisição de automóvel de passageiros, de fabricação
nacional, com até 127 hp de potência bruta, segundo a SAE; em que os tomadores sejam
missões diplomáticas e repartições consulares de carreira (Convenção de Viena sobre Relações
Consulares); contratada por funcionário estrangeiro de missão diplomática ou representação
consular (Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas).

Atividade 12
Resposta: A
Comentário: O imposto sobre o selo foi introduzido no Brasil na época colonial, pelo Alvará de 10 de
março de 1779 e, com o Alvará de 24 de abril de 1801, passou a ter aplicação em todo o País. Com
a Constituição de 1891, a competência para instituição da taxa de selos era exclusiva dos Estados.
Na Constituição de 1946, a União passou a ter a competência para a cobrança de impostos,
mediante selos ou estampilhas, sobre negócios de sua economia, atos e instrumentos que fossem
regulados por lei federal, nos termos do art. 15, VI. A Constituição de 1946 permitiu que o imposto
sobre selos passasse a incidir também sobre operações de transferência de recursos ao exterior.
O IOF foi instituído pela Lei nº 5.143/1966, que, entre outras providências, regulou a respectiva
cobrança e dispôs sobre a aplicação das reservas monetárias oriundas de sua receita. Cinco dias
após a publicação da citada Lei nº 5.143/1966, o CTN foi publicado. E é interessante consignar
que a Lei nº 5.143/1966 fez a previsão da incidência do IO-Crédito e do Imposto sobre Operações
de Seguro (IO-Seguro) realizadas, respectivamente, por instituições financeiras e seguradoras.
164
Atividade 13
|
IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES FINANCEIRAS E OPERAÇÕES DE CESSÃO DE CRÉDITO E DESCONTO

Resposta: A
Comentário: O Decreto-Lei nº 1.783/1980, art. 1º, II e III, e também o § 1º, do art. 18, do Decreto
nº 6.306/2007 conceituam que “a expressão ‘operações de seguro’ compreende seguros de vida
e congêneres, seguro de acidentes pessoais e do trabalho, seguros de bens, valores, coisas e
outros não especificados”.

Atividade 14
Resposta: B
Comentário: Os critérios materiais da regra-matriz de incidência são IO-Crédito (entregar ou
colocar à disposição do interessado valores a título de empréstimo sob qualquer modalidade,
inclusive abertura de crédito e desconto de títulos), IO-Câmbio (realizar operação de câmbio);
IO-Seguros (realizar operação de seguros), IO-Títulos (realizar operação de títulos ou valores
mobiliários) ou IO-Ouro (realizar a primeira aquisição do ouro, como ativo financeiro, ou
instrumento cambial).

Atividade 15
Resposta: C
Comentário: A cessão de crédito pode ser total, quando o cedente transferirá todo o crédito ao
cedido, mas também pode ser parcial, quando o cedente fica na relação obrigacional, quando
retém parte do crédito, mas também poderá sair da relação, caso ceda a outro a parte que sobrou.
Maria Helena Diniz explica que o Código Civil brasileiro “não faz menção à cessão parcial, mas
deixa claro que ela é admissível, diante das vantagens da disposição parcial do crédito não só
para o credor, mas também para o comércio jurídico”. A cessão convencional decorre da livre
e espontânea vontade entre cedente e cessionário. A cessão legal resulta de lei, caso em que,
independentemente da vontade, deve ocorrer a substituição do devedor. A sessão judicial resulta
de sentença judicial.

Atividade 16
Resposta: B
Comentário: Quanto à solvabilidade, a cessão pode ser pro soluto e pro solvendo. É pro soluto
quando ocorrer o pagamento total da dívida do cedente para o cessionário, ocorrer a transferência
do crédito e incluir a liberação do cedente. O cedente, quando transfere o crédito, tem a intenção de
extinguir imediatamente a obrigação preexistente e libera-se dela, independentemente do resgate
da obrigação cedida. É o cessionário que corre o risco da insolvência do devedor, com a restrição
de que o crédito deve existir e pertencer ao cedente, para que a dívida antiga seja considerada
extinta desde o momento inicial da cessão. É pro solvendo quando trata-se da transferência de
direito de crédito cujo objetivo é extinguir uma obrigação, mas que não se extinguirá logo de início,
mas tão somente se o crédito cedido for cobrado.
165
■■ REFERÊNCIAS

| PRODIREITO | DIREITO TRIBUTÁRIO | Ciclo 3 | Volume 1 |


1. BRASIL. Senado Federal. Lei nº 5.143, de 20 de outubro de 1966. Diário Oficial da União, Brasília, DF,
24 out. 1966. p. 12203.

2. MOSQUERA, R. Q. Tributação no mercado financeiro e de capitais. São Paulo: Dialética, 1999.

3. BRASIL. Receita Federal. Coordenação-Geral de Previsão e Análise. Análise da Arrecadação das


Receitas Federais: dezembro de 2007. Disponível em: <http://idg.receita.fazenda.gov.br/dados/
receitadata/arrecadacao/relatorios-do-resultado-da-arrecadacao/arrecadacao-2007/analise-mensal-
dezembro-2007/view>. Acesso em: 15 maio 2017.

4. BRASIL. Receita Federal. Coordenação-Geral de Previsão e Análise. Análise da Arrecadação das


Receitas Federais: Fevereiro/2008. Disponível em: <http://idg.receita.fazenda.gov.br/dados/receitadata/
arrecadacao/relatorios-do-resultado-da-arrecadacao/arrecadacao-2008/analise-mensal-fevereiro-2008/
view>. Acesso em: 15 maio 2017.

5. PUPO, Fábio; MEIBAK, Daniela. Governo eleva IOF em compra de moedas. Jornal Valor Econômico,
Brasília, v. 17, n. 3996, 03 maio 2016.

6. CARVALHO, A. T. Curso de teoria geral do direito. São Paulo: Noeses, 2009.

7. CARVALHO, P. B. Curso de direito tributário. São Paulo: Saraiva, 2007.

8. MOREIRA, A. M.; GAIA, P. D. A não incidência do IOF - crédito sobre os contratos de conta corrente entre
empresas do mesmo grupo econômico. In: CARVALHO, P. B. (Coord.); SOUZA, P. (Org.). 50 Anos do
Código Tributário Nacional. São Paulo: Noeses, 2016. p. 39–60.

9. BARRETO, A. F. ISS, IOF e Instituições Financeiras. São Paulo: Noeses, 2016.

10. BRASIL. Senado Federal. Decreto nº 6.306, de 14 de dezembro de 2007. Diário Oficial da União, Brasília,
DF, 17 dez. 2007. p. 2.

11. BRASIL. Constituição Federal (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Diário Oficial da
União, Brasília, DF, 5 out. 1988.

12. HOUAIS, Antônio. HOUAISS Dicionário da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2004.

13. BRASIL. Supremo Tribunal Federal. ADI-MC n° 1.763-DF, Tribunal Pleno, Rel. Ministro Sepúlveda
Pertence. Diário de Justiça, 26 set. 2003.

14. GONÇALVES, J. A. L. Incidência do imposto sobre operações de crédito em operações de mútuo


realizadas por instituições não financeiras. In: ROCHA, V. O. (Org.). Grandes questões atuais do direito
tributário. São Paulo: Dialética, 1999. v. 3.

15. BRASIL. Congresso Nacional. Novo Código Civil. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Diário Oficial
da União, Brasília, DF, 11 jan. 2002. Seção 1. p.1.

16. DINIZ, M. H. Curso de direito civil brasileiro: v. 2 - teoria geral das obrigações. São Paulo: Saraiva, 2007.
166
17. COELHO, F. U. Curso de direito comercial: direito de empresa. 12. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. v. III.
|
IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES FINANCEIRAS E OPERAÇÕES DE CESSÃO DE CRÉDITO E DESCONTO

18. COVELLO, S. C. Contratos bancários. 4. ed. São Paulo: Leud, 2001.

19. BRASIL. Ministério da Fazenda. Secretaria da Receita Federal. Solução de Consulta nº 110 de 25 de
Abril de 2008. Disponível em: <http://decisoes.fazenda.gov.br/netacgi/nph-brs?s10=&s9=NAO+DRJ/$.
SIGL.&n=-DTPE&d=DECW&p=1&u=/netahtml/decisoes/decw/pesquisaSOL.htm&r=1&f=G&l=20&s1=&s
3=110&s4=&s5=DIREITOS+CREDIT%D3RIOS&s8=&s7=>. Acesso em: 15 maio 2017.

20. BRASIL. Ministério da Fazenda. Secretaria da Receita Federal. Solução de Consulta nº 283
de 10 de novembro de 2010Disponível em: <http://decisoes.fazenda.gov.br/netacgi/nph-
brs?s10=&s9=NAO+DRJ/$.SIGL.&n=-DTPE&d=DECW&p=1&u=/netahtml/decisoes/decw/
pesquisaSOL.htm&r=1&f=G&l=20&s1=&s3=283&s4=&s5=CESS%C3O+DE+CR%C9DITO&s8=&s7=>.
Acesso em: 15 maio 2017.

21. BRASIL. Ministério da Fazenda. Secretaria da Receita Federal. Solução de Divergência nº 16 de 02 de


maio de 2011. Disponível em: <http://decisoes.fazenda.gov.br/netacgi/nph-brs?s10=&s9=NAO+DRJ/$.
SIGL.&n=-DTPE&d=DECW&p=1&u=/netahtml/decisoes/decw/pesquisaSOL.htm&r=1&f=G&l=20&s1=&s
3=16&s4=&s5=CESS%C3O+DE+CR%C9DITO&s8=&s7=>. Acesso em: 15 maio 2017.

22. BRASIL. Ministério da Fazenda. Secretaria da Receita Federal. Solução de Consulta nº 25 - Cosit.
Disponível em: <http://www.receita.fazenda.gov.br/publico/Legislacao/SolucoesConsultaCosit/2014/
SCCosit252014.pdf>. Acesso em: 15 maio 2017.

23. BRASIL. Ministério da Fazenda. Secretaria da Receita Federal. Solução de Divergência nº 9 - Cosit, de
23 de setembro de 2016. Disponível em: <http://sijut2.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/anexoOutros.
action?idArquivoBinario=41704>. Acesso em: 15 maio 2017.

24. BRASIL. Congresso Nacional. Código Tributário Nacional. Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966. Diário
Oficial da União, Brasília, DF, 27 de out. 1966. p. 12452.

REFERÊNCIAS RECOMENDADAS
HERRERA, A. P. C. A responsabilidade tributaria e a instituição financeira. 2011. 265 f. Dissertação
(Mestrado em Direito) - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2011.

Como citar este documento

HERRERA, Ana Paula da Costa. Imposto sobre operações financeiras e operações de


cessão de crédito e desconto. In: Instituto Brasileiro de Estudos Tributários, et al. (Org.).
PRODIREITO: Direito Tributário: Programa de Atualização em Direito: Ciclo 3. Porto Alegre:
Artmed Panamericana; 2017. p. 125-166. (Sistema de Educação Continuada a Distância, v. 1).

Você também pode gostar