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PEDRO NAVARRO CORREIA


Advogado
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DOUTO DESEMBARGADOR RELATOR JUIZ DE DIREITO WALDIR
MARQUES da 1ª CÂMARA CIVEL DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por PEDRO NAVARRO CORREIA e tjms.jus.br, protocolado em 10/01/2024 às 14:10 , sob o número WTJM24018006527.
DE MATO GROSSO DO SUL

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjms.jus.br/pastadigital/sgcr/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 2000011-48.2024.8.12.0000 e código A0C91DB.
Autos: 2000011-48.2024.8.12.0000
Agravado: Daniel Paes da Fonseca
Agravante: Estado de Mato Grosso do Sul
Proc: Conhecimento: 0832951-16.2014.8.12.0001
Proc Execução: 0814773-43.2019.8.12.0001

DANIEL PAES DA FONSECA, qualificado nos autos em epigrafe, vem,


por meio de seu advogado com o devido respeito e acatamento de estilo a honrosa
presença de V. Exa. para CONTRARRAZOAR O AGRAVO DE INSTRUMENTO
de fls. 1/6 e que se dá com base no que segue:

Em que pese o exposto na carga recursal trazida pelo AGRAVO DE


INSTRUMNENTO manejado pela Douta Procuradoria Geral de Estado, na figura de seu
Ilustre Procurador, o mesmo é completamente vazio de fundamento. Explica-se!!!

Alega o agravante que a decisão combatida de fls. 572-570 dos autos de


cumprimento de sentença n. 0814773-43.2019.8.12.0001 teria malferido a coisa julgada,
alegando no bojo do recurso que:

“...Ao determinar a remessa dos autos à Contadoria


Judicial para elaboração dos cálculos, o r. Juízo
decidiu pela alteração dos índices de correção
monetária fixados no título executivo de fls. 562/570
dos autos de nº 0832951-16.2014.8.12.0001 (TR até
25/03/2015; IPCA-E após) e determinou a exclusão
da TR e substituindo-o pelo IPCA-E durante todo o
período (fls. 562/570), in verbis:...”

De fato, a decisão de fls. 572-570, dado a inconstitucionalidade da TR como


fator de correção monetária fora substituída pelo IPCA-E por força do decidido junto ao

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Tema 810-STF, o que de modo algum malfere a coisa julgada, haja visto que dispositivos
de lei declarados inconstitucionais são inaplicáveis a espécie.

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No caso aqui tratado resta saber se tem ou não validade ao caso, o teor do
decidido perante o TEMA 810 STF e em contraposição ao TEMA 905 STJ(na parte em
que declara que deve ser preservada a coisa julgada), já que enquanto um declara a
inconstitucionalidade da TR como fator de correção monetária que está no processo sob a
macula da coisa julgada, o outro declara a impossibilidade da alteração da coisa julgada
quanto ao fator de correção monetária.

Pois bem, primeiramente, chama-se ao caso o Principio da Hierarquia das


Decisões Judiciais, eis que sendo o Supremo Tribunal Federal o guardião da Constituição(e
de todas as normas legais do nosso Estado Democrático de Direito), teoricamente entenda-
se que, se este órgão máximo julgador declarou a TR como índice de correção monetária e
inidôneo e inconstitucional, não se permite admitir então que exista em nosso
ordenamento outra regra de hierarquia inferior se contrapondo a tal.

Aqui no caso, existem dois regramentos tratando do mesmo assunto


concretamente, restando então saber qual o utilizável ou válido. Pelo principio da
hierarquia das decisões não resta a menor duvida que o TEMA 810-STF deve prevalecer,
até mesmo porque, este é especifico ao tratar da TR e não propriamente dito sobre fatores
de correção monetária, que ao caso poderia serem outros tantos, como IPGM, INPC, ICC,
etc.

Ademais é consabido que as regras de correção e atualização dos débitos das


Fazendas Públicas é matéria de ordem pública, cite-se para tanto o seguinte julgado:

EMENTA EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. JUROS MORATÓRIOS E


CORREÇÃO MONETÁRIA. POSSIBILIDADE DE ALTERAÇÃO.
MATÉRIA DE ORDEM PÚBLICA. LEI Nº 11.960/2009. RE
870947. INCONSTITUCIONALIDADE PARCIAL NO TOCANTE A
CORREÇÃO MONETÁRIA. APLICAÇÃO DO IPCA-E. EMBARGOS
REJEITADOS.

1. Embargos de declaração da parte ré buscando a alteração do


julgado, em relação aos índices de juros e de correção monetária
(art. 1º- F da Lei n. 9.494/97, com redação dada pela Lei n.
11.960/2009).
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2. É cabível a oposição de embargos de declaração contra decisão
judicial que contenha omissão, contradição, obscuridade ou erro

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por PEDRO NAVARRO CORREIA e tjms.jus.br, protocolado em 10/01/2024 às 14:10 , sob o número WTJM24018006527.
material (art. 1.022 do CPC/2015).

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3. No caso concreto, o recurso não impugnou os critérios de
correção monetária e juros moratórios fixados pela sentença, de
forma que, a rigor, não ficou configurada qualquer das hipóteses
para oposição dos embargos.

4. No entanto, o STJ entende que a correção monetária e os juros


de mora, como consectários legais da condenação principal,
possuem natureza de ordem pública e podem ser analisados pelas
instâncias ordinárias até mesmo de ofício, o que afasta suposta
violação de coisa julgada (STJ, Rcl 17529/RJ, Rel. Min. Ricardo
Villas Boas Cueva, DJe 1º.2.2016. STJ, AGRESP 201402289939,
Rel. Min. Herman Benjamin, DJe 5.8.2015). Portanto, a Turma
Recursal pode corrigir o comando fixado na sentença sobre
a forma de correção monetária.

5. Juros e correção monetária. Lei n. 11.960/09. RE 870947.


Inconstitucionalidade parcial no tocante a correção monetária.
Aplicação do IPCA-E.

6. Juros moratórios. Por força do artigo 240 do CPC, os juros de


mora são devidos desde a data da citação válida na forma do
artigo 1º-F da Lei nº 9.494/1997, o qual fixou para os servidores
públicos o percentual de 0,5% ao mês. Registre-se que esse
dispositivo, anteriormente às alterações da Lei nº 11.960/09, foi
objeto de declaração de compatibilidade com a Constituição pelo
STF, no Recurso Extraordinário nº 453.740-1/RJ. A partir do início
da vigência do artigo 1º-F, com a redação dada pela Lei nº
11.960/2009, incidirão os juros aplicados à caderneta de
poupança até junho de 2012 e, a partir daí, observando as
disposições da Lei nº 12.703/12 para as cadernetas de poupança.
que contenha omissão, contradição, obscuridade ou erro material
(art. 1.022 do CPC/2015).

7. Correção monetária. No que se refere à correção monetária, no


RE 870947 (j. 20/9/2017), o STF reconheceu a
inconstitucionalidade do uso da taxa de remuneração básica da
caderneta de poupança (TR), instituída pela Lei n. 11.960/09,
para fins de correção de débitos do Poder Público, por não ser
adequado para recompor a perda do poder de compra. O Supremo
adotou o IPCA-E.

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8. Tratando-se da matéria administrativa, o Manual de Cálculos da
Justiça Federal, com as alterações da Resolução n. 267, de

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2/12/2013, reflete o entendimento exposto acima.

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9. Embargos rejeitados.

Assim e por serem matéria de ordem pública como enunciado acima, os


fatores de correção monetária e juros existente em decisões sob a macula da coisa julgada,
podem inclusive serem revistos de ofício quando dos cumprimentos de sentença.

Dito isto, não merece prosperar a alegação contida no presente recurso, ao


qual diz ser necessária a preservação da coisa julgada que contem dispositivos
inconstitucionais, o que seriam infame ao Estado Democrático de Direito e até mesmo
porque, houve a modulação dos efeitos da decisão retroagindo e atingindo o processo de
execução.

Ante o exposto, dá-se por CONTRARRAZOADO O AGRAVO DE


INSTRUMENTO, devendo o mesmo ser CONHECIDO e IMPROVIDO, e do qual
desde já se requer.

Manifesta-se ainda plena concordância com o julgamento virtual.

Nestes termos pede deferimento.


Campo Grande-MS, 10 de janeiro de 2.024.

Pedro Navarro Correia


OAB/MS 12.414

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