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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___ª VARA CÍVEL DO FORO DA

COMARCA DE _________________________

PROCEDIMENTO COMUM
____________________________________________, nacionalidade,
estado civil, profissaã o, e-mail, portadora da ceé dula de identidade R.G. nº _________________ e inscrito
no Cadastro Nacional de Pessoa Fíésica do Ministeé rio da Fazenda sob nº ________________________,
domiciliada na Rua ________________________, nº ________________, Cidade de Saã o Paulo/SP, por sua
advogada que esta subscreve (procuraçaã o doc. 1), vem respeitosamente aà presença de Vossa
Exceleê ncia, com fundamento nos artigos 319 e 330, paraé grafos 2º e 3º, todos do Novo Coé digo de
Processo Civil e demais disposiçoã es legais aplicaé veis, propor a presente

A Ç Ã O D E N U L I D A D E D E C L Á U S U L A
C O N T R A T U A L A B U S I V A e T U T E L A
A N T E C I P A D A P A R A D E P Ó S I T O D O V A L O R
I N C O N T R O V E R S O P O R D E T E R M I N A Ç Ã O D O
A R T I G O 3 3 0 , P A R Á G R A F O 3 º , D O N C P C

em face do BANCO ____________________, pessoa juríédica de direito privado, inscrito no Cadastro


Nacional de Pessoa Juríédica – CNPJ/MF sob nº _______________________________, com sede na Av.
____________________________________, nº ____, _____________/SP – CEP _______________________, pelas razoã es
de fato e de Direito abaixo aduzidas.

DOS FATOS E RESPECTIVO DIREITO

A parte Autora, desejando adquirir um veíéculo automotor,


mas sem renda suficiente para aquisiçaã o aà vista, socorreu-se do produto (dinheiro) ofertado pela
Instituiçaã o Financeira Reé , de modo a viabilizar a transaçaã o comercial (contrato anexo).

Nada de errado, se naã o fosse o fato da Instituiçaã o Financeira


Reé (aproveitando-se do desejo da parte Autora em adquirir o bem) utilizando-se das
circunstaê ncias sedutoras da compra do carro dos sonhos, ter impingido, no creé dito adquirido
pela parte Autora, elementos leoninos e vedados pela melhor interpretaçaã o do Direito, qual seja,
aquela que decorre do SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL!!!

Consta na claé usula ____ do contrato entabulado entre as


partes, que saã o devidos juros mensais remuneratoé rios, no percentual de ____% a.m. e ____% a.a.,
SEM CONTUDO INFORMAR SE A COBRANÇA EÉ DE FORMA SIMPLES OU COMPOSTA.

Tal informaçaã o (regime de juros) eé CRUCIAL ao consumidor,


dada a diferença estratosfeé rica que a díévida pode chegar, na hipoé tese de utilizaçaã o de regime
composto (o que foi constatado pelo laudo anexo).

1
Ou seja, a omissaã o de referida informaçaã o no contrato
VIOLA O BAÉ SICO DIREITO DE INFORMAÇAÃ O esculpido no artigo 6º, inciso III, do CDC.

E nem se alegue que o SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA


pacificou o entendimento de que a previsaã o no contrato de juros anuais superiores ao
duodeé cuplo dos mensais saã o suficientes a indicar o regime composto, o que autoriza sua
utilizaçaã o (Resp 973.827/RS E SUÉ MULAS 539 E 541).

NÃO PODE O SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA


CONTRARIAR O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, jaé que este ué ltimo eé oé rgaã o MÁXIMO da
Justiça Brasileira.

Para o SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, ainda que constasse


no contrato explicitamente o regime de juros de forma composta, tal praé tica seria proibida, jaé
que a Corte pacificou o entendimento, no sentido de que EÉ PROIBIDO O REGIME COMPOSTO,
MESMO QUE PACTUADO (Sué mula 121).

No dia 01/04/2013, decisaã o posterior inclusive ao


julgamento do Resp 973.827/RS do STJ, o Nobre Ministro DIAS TOFFOLI ao apreciar o RE/Agv de
nº 550.020 ENTENDEU POR MONOCRATICAMENTE DAR PROVIMENTO AO RECURSO PARA
AFASTAR O REGIME DE JUROS COMPOSTOS DAQUELE CONTRATO SUBJUDICE.

Para o Min. DIAS TOFFOLI, o verbete da súmula 121 do


SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL deve ser respeitado e o artigo 5º da MP 2.170-36/01 ESTÁ
COM EFICÁCIA SUSPENSA POR FORÇA DE DECISÃO ORIUNDA DE LIMINAR PROFERIDA NA
Adi 2316 em trâmite naquela Suprema Corte!

Ora, se o SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL repudia a


cobrança de juros sobre juros, como as instaê ncias ordinaé rias (inclusive o SUPERIOR TRIBUNAL
DE JUSTIÇA) OUSAM contrariar orientaçaã o daquele EXCELSO TRIBUNAL?

Naã o deveriam...

Assim, em suma, demonstrada CABALMENTE A


ILEGALIDADE DOS JUROS SOBRE JUROS, deve o Judiciaé rio neste caso concreto afastar sua
incideê ncia, determinando o recaé lculo de todo o contrato por um regime simples com juros
lineares!

Não se aponta a cláusula contratual, POIS NÃO CONSTA


CLÁUSULA CONTRATUAL EXPLICITAMENTE CONVENCIONANDO O REGIME DE JUROS QUE
SE PRETENDE EXPURGAR!!!

Se o regime adotado no contrato para amortizar o saldo


devedor fosse simples o valor da parcela seria de R$_________________ (informar valor do laudo)!

Pior, eé o fato do contrato entabulado entre as partes prever


expressamente na claé usula ___ a cobrança CUMULADA da COMISSAÃ O DE PERMANEÊ NCIA, com
juros remuneratoé rios, moratoé rios e multa, afrontando a orientaçaã o pacificada na sué mula 472 do
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA.

Tal praé tica aé de ser corrigida!

Por fim, destaca-se que o Superior Tribunal de Justiça, em


data de 28 de agosto de 2013, julgou o Recurso Especial repetitivo de nº 1.251.331 / RS,
assentando que:

“nos contratos bancários celebrados até 30 de abril de 2008 (fim da vigência da Resolução
CMN 2.303/96), era válida a pactuação dessas tarifas, inclusive as que tiverem outras
denominações para o mesmo fato gerador, ressalvado o exame da abusividade em cada caso
concreto” e

2
“Com a vigência da Resolução CMN 3.518/2007, em 30.4.2008, a cobrança por serviços bancários
prioritários para pessoas físicas ficou limitada às hipóteses taxativamente previstas em norma
padronizadora expedida pela autoridade monetária. Desde então, não mais tem respaldo legal a
contratação da Tarifa de Emissão de Carnê (TEC) e da Tarifa de Abertura de Crédito (TAC),
ou outra denominação para o mesmo fato gerador” (grifos nossos)

Considerando que o contrato ora discutido foi celebrado


APOÉ S ABRIL DE 2008, tem-se que a previsaã o e cobrança das tarifas previstas nas claé usulas ____
saã o ilegais e devem ser restituíédas EM DOBRO, COM INTERPRETAÇAÃ O EXTENSIVA DO ARTIGO
42, PARAÉ GRAFO UÉ NICO DO CDC.

O valor total das tarifas eé de R$_________________.

DA NECESSIDADE DE TUTELA ANTECIPADA PARA CONSIGNAÇÃO


DO VALOR INCONTROVERSO

Nobre Magistrado, A PRIORI, faz-se necessaé rio o


esclarecimento do que eé “introverso”.

Nas liçoã es do RESPEITABILIÉSSIMO Aureé lio (Dicionaé rio da


Lingua Portuguesa) incontroverso eé o mesmo que: manso; o que não possui conflito.

Ou seja, outra conclusaã o naã o haé , senaã o a de que OS


VALORES PREVISTOS NO CONTRATO E GUERREADOS NA PRESENTE LIDE SÃO
CONTROVERSOS, eis que objeto de resisteê ncia pela parte Autora.

A matéria atinente ao direito da parte em pagar ou não


o valor INCONTROVERSO é tratada no artigo 330, parágrafo 3º, do Novo CPC.

O paraé grafo 2º, do artigo 330, do Novo CPC preceitua que a


parte deveraé QUANTIFICAR O VALOR INCONTROVERSO, ou seja, sinalizando de forma
inequívoca que o incontroverso é aquilo que a parte entende como devido e não o
constante no contrato, até porque, se fosse o valor do contrato, a parte não precisaria
quantificar, pois já declarado no negócio!

O paraé grafo 3º do artigo 330 do Novo CPC DETERMINA QUE


A PARTE PAGUE O VALOR INCONTROVERSO, mas NO TEMPO e FORMA CONTRATADOS.

Ou seja, É IMPOSIÇÃO DA LEI QUE OCORRA O


PAGAMENTO DO VALOR INCONTROVERSO, muito embora nada tenha sido tratado no que
toca a obvia resistência dos Bancos em receber tal quantia (no tempo e modo de
pagamento previsto no contrato).

Assim, diante da inconsisteê ncia da lei nesse sentido


(impossibilidade de pagamento do incontroverso na forma prevista no contrato – boleto emitido
pelo credor), deve o Judiciário, por equidade e apego ao Decreto 4657/42, AUTORIZAR O
DEPÓSITO EM JUÍZO DO INCONTROVERSO, adequando o verdadeiro espíérito da lei.

Assim, dada a PROBABILIDADE DO DIREITO e o RISCO DE


DANO IRREPARAÉ VEL, DE DIFIÉCIL OU INCERTA REPARAÇAÃ O; E, POSSIBILIDADE DE
REVERSIBILIDADE DA DECISAÃ O, conforme determina o artigo 300 e ss do Novo Coé digo de
Processo Civil, eé evidente que a parte Autora faz jus a obtençaã o de jurisdiçaã o de urgeê ncia, para o
fim de consignar em Juízo o valor incontroverso, segundo o método GAUSS, por conta do
comando processual estabelecido no artigo 330, parágrafo 3º, do NCPC, sem que, para
tanto, seja considerada inadimplente e/ou em mora a parte Autora.

DA JUSTIÇA GRATUITA

3
A parte Autora eé hipossuficiente, naã o tendo, portanto,
nenhuma condiçaã o de arcar com as custas e despesas processuais, sob pena de prejudicar o seu
proé prio sustento e o sustento de sua famíélia, conforme declaração anexa.

Ademais, a proé pria situaçaã o dos autos de demonstra de


super endividamento familiar eé reveladora de crise financeira. Se considerarmos que o valor da
causa eé significativamente elevado e que a incideê ncia da taxa judiciaé ria seraé expressiva,
concluiremos que negar a justiça gratuita a parte eé impossibilitaé -la de ter acesso ao judiciaé rio!

Logo, naã o haé dué vida quanto a sua situaçaã o de


hipossuficieê ncia financeira, sendo necessaé ria a concessaã o da gratuidade da justiça.

DOS PEDIDOS

Por todo o exposto, requer-se aà Vossa Exceleê ncia que julgue


procedente os presentes pedidos para:

a) seja DEFERIDA A TUTELA ANTECIPADA, para o fim de


autorizar a parte Autora a consignar nestes autos, os valores mensais incontroversos, na
monta de R$________________, relativo as parcelas vincendas, de modo a elidir eventual mora
da parte postulante até que se julgue o mérito definitivo da presente demanda (artigo
330, PARÁGRAFO 3º, do NCPC);

b) proceder a substituição do REGIME DE JUROS


OCULTO NO CONTRATO de PRICE para GAUSS (repita-se: oculto no contrato – só há menção
à taxa de juro mensal e anual na cláusula Quadro Resumo), CUJOS VALORES
DECORRENTES DE REFERIDA CORREÇÃO E QUE CONSTITUIRÃO O INDÉBITO SERÃO
APURADOS EM SEDE DE LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA (SÚMULA 381 DO SUPERIOR
TRIBUNAL DE JUSTIÇA E ARTIGO 330, PARÁGRAFO 2º, do NCPC);

c) determinar a devolução em DOBRO dos valores


cobrados a título de “tarifas e taxas bancárias”, previstas na cláusula “quadro resumo” do
contrato entabulado entre as partes, eis que seu pagamento se mostra indevido.

d) determinar o expurgo da cobrança cumulada de


juros remuneratórios, juros moratórios e multa com a comissão de permanência
previstas na cláusula, mantendo-se somente esta última a título de encargo de mora, cujos
valores serão apurados em sede de liquidação de sentença.

e) informar ao Juíézo que a parte Autora naã o possui interesse


pela conciliaçaã o; e

f) provar o alegado pelas seguintes provas:

 documentos carreados com a petiçaã o inicial; e

 prova pericial para demonstrar as irregularidades alegadas na peça, cuja inversaã o do


oê nus da prova eé de rigor, pois hipossuficiente o consumidor a luz do artigo 6º, inciso VIII
do Coé digo de Defesa do Consumidor.

g) o deferimento da justiça gratuita em favor da parte


Autora, haja vista sua escassa situaçaã o financeira, conforme declaraçaã o de pobreza anexa.

Daé -se aà causa o valor de R$ _______________________________ (vide


artigo 292 do NCPC)

Termos em que,
Pede Deferimento.
___________________, ___ de _____________ de ____________
4
________________________________________________
Advogado
OAB/SP _______________

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