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DIREITO CIVIL
LINDB e Princípios do Direito Civil
Daniel Carnacchioni
Sumário
Apresentação. . .................................................................................................................................. 4
LINDB e Princípios do Direito Civil. . .............................................................................................. 5
Parte I – Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro.................................................. 5
1. Introdução...................................................................................................................................... 5
2. Fontes do Direito......................................................................................................................... 5
2.1. Analogia....................................................................................................................................... 7
2.2. Costumes.. .................................................................................................................................. 8
2.3. Princípios Gerais do Direito. . .................................................................................................. 8
2.4. Equidade..................................................................................................................................... 9
3. Norma Agendi: a Lei.. ................................................................................................................... 9
3.1. Vigência, Vigor, Eficácia e Validade da Lei......................................................................... 10
3.2. Repristinação da Lei.............................................................................................................. 14
3.3. Eficácia da Lei no Tempo. . ......................................................................................................15
3.4. Eficácia da Lei no Espaço – Regras sobre Direito Internacional Privado.. ..................19
4. Competência e Jurisdição.........................................................................................................21
5. Casamento: Regras sobre Direito Espacial...........................................................................21
6. Prova............................................................................................................................................. 23
7. O Direito Público e as Inovações.. ........................................................................................... 24
Parte II – Princípios Constitucionais do Direito Civil Contemporâneo............................... 34
1. Histórico do Direito Civil........................................................................................................... 34
1.1. Direito Civil Tradicional/Clássico:........................................................................................ 36
1.2. Direito Civil Contemporâneo. . ............................................................................................... 36
1.3. Características do Direito Civil Pós-Positivismo.. ............................................................ 38
2. Princípios Constitucionais e sua Relevância para o Direito Civil....................................40
3. Paradigmas do Direito Civil Contemporâneo. . ..................................................................... 43
4. Diferença Básica entre Cláusula Geral e Conceito Jurídico Indeterminado. . ................44
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Daniel Carnacchioni
Apresentação
Olá, meus amigos, tudo bem?
Em primeiro lugar, gostaria de agradecer à equipe do GRAN CURSOS JURÍDICO pelo convite
para ministrar este curso de Direito Civil. É um enorme desafio, porque o Direito Civil é extenso
e interage com todas as demais matérias, em especial o Direito Constitucional, que o legitima
e fundamenta.
Meu nome é Daniel Carnacchioni e, atualmente, ocupo o cargo de Juiz de Direito do TJDFT,
como titular da 2ª Vara da Fazenda Pública da capital federal. Antes de ingressar na carreira da
magistratura do TJDFT, há quase duas décadas, fui juiz de direito no nobre e encantador Estado
da Bahia, onde tive a oportunidade de conhecer e conviver com o guerreiro povo nordestino,
época em que fui aprovado, em duas oportunidades, para o cargo de juiz de direito do Estado
de Minas Gerais, em concursos públicos sucessivos. Ao final, acabei permanecendo no Distrito
Federal, onde estou até hoje.
Há mais de 15 anos sou professor de Direito Civil e, tento, na medida do possível, apresen-
tar a matéria a partir de outra perspectiva, com foco no fundamento, na razão e na finalidade
dos institutos de Direito Civil, porque somente assim é possível ter compreensão lógica de
todo o sistema para, inclusive, permitir que o aluno tenha a capacidade para conectar todos os
assuntos e temas. Nesse período de magistério, fui e ainda sou professor de várias instituições
de ensino e, em tempos recentes, passei a ter a honra de integrar a equipe do Gran Jurídico.
Nosso Manual de Direito Civil pela editora Juspodivm, onde abordo todos os temas de Direito
Civil, está caminhando para a 4ª edição, o que me deixa muito orgulhoso.
Neste desafio que começamos com essa primeira aula, o curso apresentará teoria e exer-
cícios comentados. A metodologia contempla a exposição dos assuntos e, na sequência, a
resolução de questões de provas. Para facilitar a revisão da matéria, todas as aulas serão fina-
lizadas com um resumo, além de uma lista das questões comentadas, com o gabarito. Caso
reste alguma dúvida, não hesite em postá-la no fórum de dúvidas. A interação com o professor
é um dos diferenciais do nosso curso! Espero que você aproveite bastante o curso.
Aproveite e se entregue intensamente ao Direito Civil. Boa leitura e sucesso.
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1. Introdução
A LINDB, Lei de Introdução às Normas do Direito, (antes denominada Lei de Introdução ao
Código Civil - LICC) não faz parte do Código Civil, embora esteja anexa a ele. Trata-se de norma
sobre direito, ou seja, é um conjunto de normas cujo objetivo é disciplinar as próprias normas
jurídicas (lex legum – norma sobre normas).
A lei em questão estabelece alguns parâmetros genéricos para formação, elaboração, vi-
gência, eficácia, interpretação, integração e aplicação das leis.
A mudança de nomenclatura ocorreu com a finalidade de adequar a aplicação prática e
a abrangência real da lei de introdução ao seu aspecto formal (nome da ementa). A Lei n.
12.376/2010 passou a mencionar que o decreto é de fato, Lei de Introdução às normas do Di-
reito Brasileiro – e não apenas às normas de caráter civil.
A LINDB é destinada ao legislador e aplicador do direito, diferente das demais normas
jurídicas, que, por possuírem o atributo da generalidade são destinadas, em regra, à toda a
comunidade.
A LINDB trata acerca dos seguintes assuntos:
a) Vigência e eficácia das normas jurídicas;
b) Conflito de leis no tempo;
c) Conflito de leis no espaço;
d) Critérios hermenêuticos;
e) Critérios de integração do ordenamento jurídico;
f) Normas de direito internacional privado (arts. 7º a 19)
g) Normas de direito público (arts. 20 a 30)
Querido(a) aluno(a), antes de adentrar propriamente no estudo da LINDB, devemos revisar
conceitos básicos do direito, que podem ser perguntados em forma de questão, ou mesmo,
podem lhes ajudar a resolver questões mesmo quando não lembrarem a redação da lei.
2. Fontes do Direito
Conceito: de “onde vem” ou formas de expressão do direito.
Miguel Reale define fontes do direito como os “processos ou meios em virtude dos quais
as regras jurídicas se positivam com legítima força obrigatória”.
De acordo com Hans Kelsen, fonte do direito é “o fundamento de validade da norma jurídi-
ca, decorre de uma norma superior, válida.”
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Agora, vamos nos aprofundar em cada um dos métodos de integração do art. 4º:
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2.1. Analogia
Consiste em aplicar a uma dada situação que não está prevista em lei uma norma jurídica
próxima (analogia legis ou propriamente dita) ou um conjunto de normas jurídicas que pos-
suem sintonia com aquele caso (analogia iuris). Como exemplo temos a aplicação das regras
do casamento para a união estável.
Veja o exemplo a seguir: aplicação do art. 157, § 2º, do CC, para lesão usuária, prevista na Lei
de Usura. Neste caso, haverá interpretação extensiva, pois o dispositivo somente será aplicado
a outro caso de lesão. Amplia-se o sentido da norma, sem romper seus limites.
Outro exemplo: aplicação do art. 157, § 2º, do CC, para o estado de perigo (CC, art. 156). Nesta
hipótese, haverá a aplicação da analogia, porque o comando legal está sendo aplicado a outro
instituto jurídico, sendo caso de integração.
O PULO DO GATO
As normas de exceção não admitem analogia ou interpretação extensiva. Podemos citar como
exemplo as normas que restringem a autonomia privada ou que diminuem a proteção de direi-
tos relacionados à dignidade da pessoa humana.
Exemplo 1: enunciado 146 III JDC: “nas relações civis, interpretam-se restritivamente os parâ-
metros de desconsideração da personalidade jurídica previstos no art. 50 (desvio de finalidade
social ou confusão patrimonial)”;
Exemplo 2: qualquer negócio ou ato jurídico que envolva a cessão ou a transmissão da proje-
ção dos efeitos patrimoniais dos direitos da personalidade deve ser interpretado restritivamen-
te;
Exemplo 3: art. 114 do CC (os negócios jurídicos benéficos e a renúncia interpretam-se restri-
tivamente).
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2.2. Costumes
São as práticas reiteradas no tempo. A repetição de usos de comportamentos, capaz de
gerar a convicção interna no individuo de uma necessidade jurídica de sua obediência.
Veja o que diz o art. 113 da Lei n. 10.406/02:
Art. 113. Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de
sua celebração.
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2.4. Equidade
A Equidade é forma de integração do direito?
Segundo Aristóteles, a Equidade é a correção do justo legal; ou seja, a correção da lei, quan-
do esta se mostrar extremamente injusta.
A equidade não está prevista na LINDB como forma de integração de lacunas legais, mas o
art. 140, parágrafo único, do CPC prevê que “O juiz só decidirá por equidade nos casos previs-
tos em lei”. Desse modo, entende-se que o sistema jurídico admite a equidade como mecanis-
mo de integração, quando indicado pela própria norma, ou seja, somente em caso de previsão
legal (CDC, art. 7º).
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Assim, normas sem vigência podem ainda estar em vigor. Trata-se do fenômeno da ultrati-
vidade, que nada mais é do que a possibilidade material e concreta de uma lei revogada ainda
produzir efeitos. Tal princípio está diretamente relacionado com a garantia constitucional da
não retroatividade das normas. Como exemplo, temos a aplicação do CC/16 para os fatos
ocorridos durante a sua vigência, ou seja, para os contratos celebrados durante sua vigência.
O CC/2002 também manteve a vigência de vários dispositivos do CC/1916, com o que conferiu
ultratividade para algumas normas específicas, ou “sobrevida”, mesmo após a revogação do
CC/1916 pelo CC/2002 (enfiteuse, sucessão aberta antes do CC).
• Eficácia: é a aptidão da norma para produzir efeitos. Pode ser social, técnica ou jurídica.
A eficácia social ou efetividade da norma diz respeito ao cumprimento do direito por parte
da sociedade. Em outras palavras, é a materialização no mundo dos fatos da dicção da norma.
Eficácia técnica liga-se à presença de condições técnicas para sua produção de efeitos. A
exemplo das normas constitucionais de eficácia limitada.
Eficácia jurídica: refere-se ao poder que toda norma possui, para irradiar efeitos jurídicos, a
exemplo da revogação de norma anterior incompatível.
Hugo de Brito Machado afirma que “vigência é a aptidão para incidir”, enquanto que efi-
cácia seria a “aptidão para produzir efeitos no plano da concreção jurídica”. Ademais, o autor
esclarece que:
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Vigência é qualidade que não admite graduação. Está ou não na lei. Não existe lei mais vigente do
que outra. A eficácia, diversamente, é qualidade sempre relativa. Existem leis mais eficazes do que
outras. Pode-se dizer que não existe lei absolutamente desprovida de eficácia, como não existe lei
absolutamente eficaz.
A vigência está relacionada ao momento em que a norma válida, sob o aspecto formal e ma-
terial, passa a ter força vinculante para os seus destinatários. Veja o que diz a Lei n. 4.657/42:
Art. 1º Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país 45 dias depois de oficial-
mente publicada.
§ 1º Nos Estados, estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se inicia 3 me-
ses depois de oficialmente publicada.
Entrada em vigor
Se a lei for omissa quanto ao início da vigência, aplica-se a regra geral do artigo 1º, entra
em vigor 45 dias após ser publicada. No entanto, se a lei dispuser a data de vigência, prevalece
a norma específica.
Nesse ponto, há um princípio importante, que sempre cai em provas de concurso - Princí-
pio da obrigatoriedade simultânea ou vigência sincrônica: estabelecendo que vigência se dá
em todo o território nacional simultaneamente. Também chamado de critério do prazo único.
Se contrapõem ao sistema da vigência progressiva, gradual, sucessiva, aplicável para a vigên-
cia da lei brasileira no Estado estrangeiro em relação à sua aplicação em território nacional.
Vale destacar também que lei antecessora da atual LINDB, adotava o sistema da vigência
progressiva.
§ 3º Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, destinada a correção, o
prazo deste artigo e dos parágrafos anteriores começará a correr da nova publicação.
§ 4º As correções a texto de lei já em vigor consideram-se lei nova.
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Art. 8º A vigência da lei será indicada de forma expressa e de modo a contemplar prazo razoável
para que dela se tenha amplo conhecimento, reservada a cláusula “entra em vigor na data de sua
publicação” para as leis de pequena repercussão.
§ 1º A contagem do prazo para entrada em vigor das leis que estabeleçam período de vacância
far-se-á com a inclusão da data da publicação e do último dia do prazo, entrando em vigor no dia
subsequente à sua consumação integral.
§ 2º As leis que estabeleçam período de vacância deverão utilizar a cláusula ‘esta lei entra em vigor
após decorridos (o número de) dias de sua publicação oficial’
O art. 2º da LINDB prevê outro princípio importante ao enunciar que “não se destinando à
vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue”. Trata-se do princípio
da continuidade ou permanência da lei, esta permanecerá em vigor até que outra a modifique
ou revogue. A exceção fica por conta da lei excepcional ou temporária, que são autorrevogá-
veis (possuem vigência por um período condicional ou temporário) e são ultrativas (os efeitos
dos atos praticados não extinguem com elas).
Como exemplo de norma temporária, podemos citar a Lei n. 14.010/2020, de acordo com
sua ementa dispõe sobre o Regime Jurídico Emergencial e Transitório das relações jurídicas
de Direito Privado no período da pandemia de covid-19, e, em seu art. 3º, caput, dispõe de for-
ma expressa que: “Os prazos prescricionais consideram-se impedidos ou suspensos, confor-
me o caso, a partir da entrada em vigor desta Lei até 30 de outubro de 2020.”. Norma aplicável
também, para os prazos de decadência (§ 2º).
A Revogação encerra a vigência de uma norma por outra, e pode ser:
a) quanto à extensão:
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b) quanto ao modo:
Revogação expressa
Taxativamente prevista na norma
(ou por via direta)
Revogação tácita (ou por Quando seja com ela incompatível ou quando
via obliqua) regule a matéria que tratava a lei anterior
O § 1º admite que a revogação seja expressa ou tácita. Neste ponto, a regra pode parecer
entrar em choque com aquela disciplinada no art. 9º da LC 95/98, que sugere a necessidade
de a revogação ser sempre expressa. Não obstante, tem prevalecido que a revogação tácita é
sim, possível.
Já o § 2º do mesmo artigo apresenta obviedades. A revogação somente pode ser expressa
ou tácita, razão pela qual, caso a Lei nova estabeleça disposições gerais ou especiais a par das
já existentes, não há revogação nem modificação da lei anterior.
A exemplo da Lei dos alimentos gravídicos (Lei n. 11.804/2008) que, ao trazer apenas
acréscimos ao reconhecer o direito a alimentos ao nascituro e à mulher grávida, não revogou
nem alterou o CC/02 em matéria de alimentos.
“Art. 2º
§ 2º A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não
revoga nem modifica a lei anterior.”
Errado.
Por fim, o § 3º trata do fenômeno da repristinação. Por se tratar de um assunto que, frequente-
mente, cai em provas de concursos, abriremos abaixo um tópico para explicar melhor tal fenômeno.
O terceiro e ultimo princípio, de grande importância na LINDB, vem previsto no art. 3º, in
verbis: “ninguém se escusa de cumprir a lei alegando que não a conhece”. Trata-se do Princípio
da Obrigatoriedade da lei. A norma jurídica, geral e abstrata, quando publicada e vigente, obriga
a todos os membros da coletividade ou comunidade que a ela se submete, sem qualquer dis-
tinção. É irrelevante a condição social, cultural, sexual, racial, econômica e pessoal do sujeito.
Tal norma garante a eficácia do sistema e traz segurança jurídica. Há uma presunção relativa
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de que todos conhecem a lei. Relativa, pois admite exceções, como, por exemplo, a norma pre-
vista no art. 139, III, do CC/02, o qual permite a anulação do negócio jurídico por erro do direito.
A lei torna-se obrigatória, passa a ter vigor com a vigência e não com a publicação. Após a
publicação, a lei poderá ou não cumprir o período de vacatio legis.
A fase de elaboração da lei vai desde a iniciativa até a sanção ou veto, ou seja, corresponde
a todo o processo legislativo previsto na CF/88 e na LC 95/98.
A promulgação é a ultima etapa do processo legislativo e consiste na declaração de exis-
tência formal da lei, embora ainda não tenha entrado em vigor.
Por fim, a publicação é o ato que dá publicidade à lei. É a condição para a lei entrar em vigor,
obedecido o período de vacatio legis, se acaso houver.
Há controvérsia na doutrina se o nascimento da lei ocorre com a promulgação ou com o
último ato anterior a ela, já que a promulgação tem o fito apenas de atestar a existência da lei.
No entanto, tal discussão não se mostra relevante para o Direito Civil, já que, para reger um
dado fato jurídico e produzir seus efeitos, a lei deve estar em vigor (e quanto a este momento
não há controvérsia).
Se a lei C revoga a lei B, a qual, por sua vez, já havia revogado a lei A, esta última não vol-
tará a produzir efeitos, pois, em regra, no Brasil, não se admite a repristinação. Ou seja, não se
admite que a lei A volte a viger em razão da revogação da lei B.
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Está correta nos termos da LINDB, Art.2º, § 3º: “Salvo disposição em contrário, a lei revogada
não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência”.
Certo.
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De acordo com o § 2º do artigo 6º, consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu
titular, ou alguém por ele, possa exercer, como aqueles cujo começo do exercício tenha termo
pré-fixo, ou condição preestabelecida inalterável, a arbítrio de outrem. De acordo com Caio Mario:
Neste ponto, é preciso ter cuidado para o seguinte: não confunda o referido artigo da LIN-
DB com o art. 125, do CC, que diz: Subordinando-se a eficácia do negócio jurídico à condição
suspensiva, enquanto esta se não verificar, não se terá adquirido o direito, a que ele visa.”. Isso
porque, enquanto o art. 125 trata acerca do direito adquirido em razão de um negócio jurídico
(direito à própria prestação), o art. 6º, § 2º, da LINDB trata acerca do direito adquirido resultan-
te de lei (direito a ter direito).
Outra distinção importante é no que se refere à expectativa de direito que se configura
quando não estiverem presentes todos os fatos exigíveis para a aquisição do direito. Seu titu-
lar tem apenas a expectativa, esperança que um dia possa ser titular do referido direito. Um
exemplo disso ocorre quando há um conjunto de regras que autorizam a aquisição de um di-
reito após o cumprimento de fatos predeterminados. Se o pretenso titular ainda não cumpriu
os fatos necessários, não poderá alegar direito adquirido em face de novo conjunto de regras.
Por isso, é que se afirma que não há direito adquirido a regime jurídico (não há direito adquirido
para mantença de normas jurídicas, estas, assim como a sociedade são dinâmicas). Veja o
seguinte julgado do STF:
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acordo com a lei, por exemplo, um contrato. Tais atos jurídicos são protegidos por mudanças
supervenientes da lei.
c) Coisa julgada
Por fim, denomina-se coisa julgada material, a autoridade que torna imutável e indiscutí-
vel à decisão de mérito não mais sujeita a recurso, ou seja, a decisão de mérito que transitou
em julgado.
No entanto, tratando-se de direitos disponíveis, as partes poderão dispor dos seus direitos,
mesmo após o reconhecimento em sentença transitada em julgado.
O efeito negativo da coisa julgada impede que a mesma causa seja discutida em outro pro-
cesso, com as mesmas partes, mesma causa de pedir e mesmo pedido. Já o efeito positivo da
coisa julgada vincula o juiz ao que foi decidido em demanda anterior, com decisão protegida
pela coisa julgada material ao julgar uma segunda demanda.
No entanto, vale destacar que quem faz coisa julgada é o dispositivo. De modo que, modifi-
cadas a situação fática e jurídica que serviu de base e fundamento para a decisão, é plenamen-
te possível em face dos limites objetivos da coisa julgada que uma nova decisão seja proferida
modificando a situação a partir de então, ou seja, para o futuro. Explicando melhor: se uma
pessoa ganha judicialmente o direito a receber algum auxílio governamental, modificada a lei
na qual tal auxílio fora fundamentado, excluindo o referido benefício, o referido titular perde o
direito ao auxílio, não havendo que se falar em impedimento pela coisa julgada. Não pode ser
alegado, nem mesmo o óbice do direito adquirido, haja vista, como já dito, a inexistência de
direito adquirido frente a regime jurídico.
É certo que, atualmente, há certa relativização da coisa julgada – em especial quando esta
for inconstitucional (RE 363.889 – STF); bem como em ações investigatórias de paternidade
julgadas improcedentes quando não existia exame de DNA no Brasil.
A irretroatividade não é regra absoluta, cedendo em alguns casos em razão de outros prin-
cípios constitucionais de alto relevo ou por razões de políticas legislativas, que podem reco-
mendar, em determinadas situações, a retroatividade da lei, atingindo os efeitos dos atos jurí-
dicos praticados sob o império da norma antiga.
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Logo, a retroatividade, é exceção, e trata-se de fenômeno no qual uma lei é aplicada para
fatos anteriores à sua vigência. Segundo alguns doutrinadores, a retroatividade pode ocorrer
em graus, podendo ser:
(i) retroatividade de grau máximo (restitutória) – a lei nova retroage para atingir os atos ou
fatos já consumados (direito adquirido, ato jurídico perfeito ou coisa julgada).
(ii) retroatividade em grau médio – a lei nova, sem atingir a causa finitae, retroage para
atingir os efeitos do fato passado, efeitos esses que se encontram pendentes.
(iii) retroatividade de grau mínimo (mitigada, temperada): ocorre quando a lei nova incide
imediatamente sobre os efeitos futuros dos atos ou fatos pretéritos, não atingindo, no entanto,
nem os atos ou fatos pretéritos nem os seus efeitos pendentes.
O STF, no RE n. 226.855 decidiu que as leis que afetam os efeitos futuros de contratos cele-
brados anteriormente são retroativas (retroatividade mínima), afetando a causa, que é um fato
ocorrido no passado, ou seja, os efeitos futuros dos fatos ocorridos sob a vigência da lei antiga
podem ser atingidos pela Lei nova (retroatividade mínima).
No entanto, Nelson Rosenvald faz o alerta de que:
forçoso é reconhecer, outrossim, a aplicação imediata da lei nova às relações jurídicas continuati-
vas – isto é, as relações jurídicas iniciadas na vigência da lei anterior e que se protraem no tempo,
mantendo-se após o advento da lei nova. No que concerne às relações continuativas (também cha-
madas de trato sucessivo), a sua existência e sua validade, ficam submetidas à norma vigente ao
tempo de seu início. No entanto, a sua eficácia, estará, inarredavelmente, submetida à nova norma
jurídica. De qualquer sorte, é certo que essa incidência da lei nova aos efeitos das relações continu-
ativas exige respeito ao ato jurídico perfeito, ao direito adquirido e a coisa julgada. Um bom exemplo,
pode ser lembrado com a incidência do novo limite de multa (cláusula penal em taxas condominiais
não pode exceder 2% ao mês, imposto pelo CC/02). Na legislação antecedente a multa poderia ser
fixada no limite de 20% ao mês. Assim sendo, indaga-se, um condomínio constituído antes da vigên-
cia do CC/02 poderia continuar cobrando a multa de 20% pelo atraso no pagamento da taxa mensal?
A resposta é não. Estando todo e qualquer condômino submetido ao limite de 2% ao mês, mesmo
aqueles constituídos antes da vigência do atual Codex, uma vez que em se tratando de relação jurí-
dica continuada, sua eficácia, estará, seguramente, submetida à legislação vigente.
Outra exceção em que também haverá retroatividade mínima, também diz respeito ao pre-
ceito de ordem pública, que, nos termos do parágrafo único do art. 2.035 do CC: “Nenhuma
convenção prevalecerá se contrariar preceitos de ordem pública, tais como os estabelecidos
por este Código para assegurar a função social da propriedade e dos contratos.”
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Exemplo: não dizem se o casamento é valido ou não, se o indivíduo tem ou não direito à herança.
Assim, as normas de DPI são instrumentais, auxiliares, pois apenas indicarão se é o direito
estrangeiro ou o direito nacional que resolverá a questão.
Para aplicação da norma estrangeira, exige-se uma regra de conexão. Os elementos de
conexão podem ser pessoais (nacionalidade, domicílio), reais (localização do imóvel) e condu-
cista (celebração e execução de contrato).
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Para incidência do DPI, o pressuposto é a conexão espacial. Para ficar mais claro, veja,
caro(a) aluno(a), um exemplo em que está ausente a conexão espacial: dois brasileiros se ca-
sam no Brasil, adquirem bens no Brasil e dissolvem a sociedade conjugal no Brasil; agora, um
exemplo em que está presente a conexão espacial: brasileiro se casa com italiano na França,
lá residem, adquirem bens e resolvem vir morar no Brasil.
Veja o que diz o art. 7º da LINDB: “Art. 7º A lei do país em que domiciliada a pessoa determi-
na as regras sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de
família.”.
Errado.
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• Sucessão: utiliza-se da norma mais favorável em relação aos bens de estrangeiro morto,
situado do Brasil, em favor do cônjuge e dos filhos (art. 10, § 1º).
Obs.: Se a obrigação for constituída por contrato ou decorrer de contrato, afasta-se a regra
do caput e aplica-se a regra especial do § 2º do art. 9º. Nessa situação, a obrigação
reputa-se constituída no lugar em que residir o proponente. É o lugar de residência do
proponente e não o lugar da proposta ou da constituição do contrato que definirá a
legislação aplicável à relação jurídica contratual.
No caso de sucessão por morte ou por ausência, segue a regra acima disposta, sendo
aplicável, a lei do país em que o defunto ou o desaparecido tenha domicílio, qualquer que seja
a natureza e a situação dos bens. Aplica-se a teoria da unidade sucessória. A sucessão será
regida pela lei do local de domicílio do falecido. Não são relevantes a nacionalidade e o local
da situação dos bens.
A sucessão de bens de estrangeiros situados no País será regulada pela lei brasileira em
benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, ou de quem os represente, sempre que não lhes
seja mais favorável a lei pessoal do de cujus. Tal disposição do art. 10, § 1º, repetido pelo art.
5º, XXXI, da CF, constitui exceção ao critério do último domicílio, pois, se a lei de nacionalidade
do de cujus for mais favorável ao cônjuge ou filhos, será esta então aplicável.
A lei do domicílio do herdeiro ou legatário regula a capacidade para suceder.
4. Competência e Jurisdição
De acordo com o art. 12 da LINDB é competente a autoridade judiciária brasileira (na rea-
lidade, possui jurisdição) quando for o réu domiciliado no Brasil ou aqui tiver de ser cumprida
a obrigação (mesmo sentido do art. 21 do CPC/15, que vai além e inclui as ações que tenham
por fundamento fato ou ato praticado no Brasil). Nesses casos, a jurisdição é concorrente com
outros países estrangeiros. Nessas hipóteses, se houver jurisdição prestada no estrangeiro, a
sentença será válida e eficaz no Brasil após ser homologada pelo STJ (CF, art. 105, I, “i”). Não
há litispendência entre as ações no Brasil e no estrangeiro (CPC/15, art. 24). No entanto, tal
norma não se aplica às hipóteses de jurisdição exclusiva (CPC, art. 23 e LINDB, art. 12, § 1º).
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Mas atenção, pois o § 5º do art. 961 do CPC dispõe que a sentença estrangeira de divórcio
consensual produzirá efeitos no Brasil, independentemente de homologação pelo STJ. Poderá
ser levada a cartório para registro, independentemente de qualquer atividade judicial.
Em relação à homologação de sentença estrangeira, os arts. 15 a 17 da LINDB preveem re-
quisitos indispensáveis para sua homologação (à semelhança do art. 963 do CPC). Assim, será
executada no Brasil a sentença proferida no estrangeiro que reúna os seguintes requisitos:
a) haver sido proferida por juiz competente;
b) terem sido as partes citadas ou haver-se legalmente verificado à revelia;
c) ter passado em julgado e estar revestida das formalidades necessárias para a execução
no lugar em que foi proferida;
d) estar traduzida por intérprete autorizado;
e) ter sido homologada pelo STF (no entanto, após a EC 45/04 tal competência passou a
ser do STJ).
Se houver de aplicar a lei estrangeira, ter-se-á em vista a disposição desta, sem considerar
qualquer remissão por ela feita a outra lei. As leis, atos e sentenças de outro país, bem como
quaisquer declarações de vontade, não terão eficácia no Brasil quando ofenderem a soberania
nacional, a ordem pública e os bons costumes (arts. 16 e 17 da LINDB). A ordem pública deve
estar baseada em valores e princípios constitucionais.
Ainda em relação à homologação de sentença estrangeira, se a decisão for proferida por
países que integram o Mercosul, em razão do Protocolo de “Las Leñas”, o procedimento é mais
célere, mas não dispensa a necessária chancela do STJ.
O § 7º do art. 7º da LINDB dispõem que: “Salvo o caso de abandono, o domicílio do chefe
da família estende-se ao outro cônjuge e aos filhos não emancipados, e o do tutor ou curador
aos incapazes sob sua guarda”. Tal parágrafo não está em sintonia com a CF/88 porque faz
referência a “chefe de família”, figura que não se coaduna com a igualdade de direitos e deve-
res entre os cônjuges e companheiros. Mais correto é o mandamento do art. 76 do CC: “Têm
domicílio necessário o incapaz, o servidor público, o militar, o marítimo e o preso. Parágrafo
único. O domicílio do incapaz é o do seu representante ou assistente; (...)”
Se a pessoa não tiver domicílio, será considerado o domicílio o local de sua residência ou
naquele em que se encontre (LINDB, art. 7º, § 8º e CC, art. 71).
6. Prova
A LINDB também disciplina a questão da prova de fatos ocorridos no exterior. O art. 13
dispõe que a prova dos fatos ocorridos em país estrangeiro rege-se pela lei que nele vigorar,
quanto ao ônus e aos meios de produzir-se, não admitindo os tribunais brasileiros provas que a
lei brasileira desconheça. Portanto, o ônus e os meios de prova são aqueles estabelecidos pela
lei do país onde o fato ocorreu. Não se admite, entretanto, prova cujo meio não é reconhecido
pela legislação brasileira.
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O CPC brasileiro adota o princípio da atipicidade das provas (art. 369), ou seja, além dos
meios de provas previstas em lei, também são admitidas as não previstas, desde que obser-
vados meios lícitos e morais. O sistema processual brasileiro é aberto, pois não especifica os
meios que podem ser utilizados para a demonstração da verdade dos fatos. O uso de provas
atípicas não é ilimitado, pois deve respeitar os direitos e garantias fundamentais de natureza
processual e material.
Se o juiz não conhecer a lei estrangeira, poderá exigir de quem a invoca prova do texto e
da vigência (LINDB, art. 14 e regra semelhante ao CPC, art. 376). O juiz, em caso concreto,
verificará a pertinência de se determinar a prova do teor e da vigência de lei estrangeira que é
alegada pelas partes.
Art. 20. Nas esferas administrativa, controladora e judicial, não se decidirá com base em valores
jurídicos abstratos sem que sejam consideradas as consequências práticas da decisão.
A norma busca evitar que as decisões proferidas tanto em âmbito judicial, quanto admi-
nistrativo, apresentem apenas argumentos principiológicos vagos e imprecisos, sem
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a devida fundamentação, ou seja, sem explicar o motivo concreto de sua incidência no caso.
Tem, assim, o objetivo de reforçar a responsabilidade decisória estatal, em face da existência
de normas jurídicas indeterminadas, e que, por isso, admitem diversas hipóteses interpretati-
vas, e, portanto, mais de uma solução.
De acordo com o parecer da CCJ da Câmara dos Deputados, tal mudança se justificou pela
falta de capacidade de as normas regularem todas as atividades humanas, cabendo aos ope-
radores do Direito interpretá-las a aplicá-las com base em princípios e direitos fundamentais.
O referido relatório ressalta que, apesar de os princípios adaptarem melhor a complexidade
da sociedade, sobretudo em um momento de evolução tecnológica, sua simples aplicação
conferiria margem para amplas divergências interpretativas e contribui para o aumento da in-
segurança jurídica.
Os professores Carlos Ari Sundfeld e Bruno Meyerhof Salama fazem as seguintes observações
sobre a referida norma:
O projeto de lei sugere um art. 20 para a LICC. Ele trataria das decisões judiciais, administrativas
e controladoras (dos tribunais de contas, hoje ativos e interventivos) que se baseiem em “valores
jurídicos abstratos” (que podem ser entendidos como princípios). É fácil entender a importância
de uma norma desse tipo. Como hoje se acredita cada vez mais que os princípios podem ter força
normativa – não só nas omissões legais, mas em qualquer caso – o mínimo que se pode exigir é
que juízes e controladores (assim como os administradores) pensem como políticos. Por isso, a
proposta é que eles tenham de ponderar sobre “as consequências práticas da decisão” e considerar
as “possíveis alternativas” (art. 20, caput e parágrafo único).
Exemplo: dignidade da pessoa humana, moralidade, bem-estar e justiça social, meio ambiente
ecologicamente equilibrado.
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Quando o art. 20, in fine, afirma a necessidade da observância das consequências práticas
da decisão, a norma busca evidenciar a necessidade de o julgador analisar a realidade fática
apresentada, que não deve se desvincular da conclusão final tomada na decisão.
A norma se aplica para as decisões proferidas nas esferas administrativa (ex.: PAD), con-
troladora (ex.: julgamento das contas de um administrador publico pelo TC) e judicial (ex.: ACP)
O utilitarismo de Jeremy Bentham e John Stuart Mill afirma que as ações são boas quan-
do tendem a promover a felicidade, maximizar a utilidade e o prazer. Bentham propunha, por
exemplo, a criação de um reformatório para abrigar mendigos, reduzindo a presença deles nas
ruas. Para ele, quanto mais mendigos nas ruas, menor é a felicidade dos transeuntes.
Tal teoria sofre duras críticas, em especial por violar direitos fundamentais, quando de sua
aplicação.
Assim, apesar da linha tênue entre o consequencialismo e o utilitarismo, é plenamente pos-
sível que o julgador decida, com argumentos consequnecialistas, sem utilizar das premissas
utilitaristas.
O STF, em muitas de suas decisões, utiliza de argumentos consequencialistas. O exemplo
mais marcante está previsto na própria Lei n. 9.868/99 (Lei da ADI), que, em seu art. 27, as-
segura a modulação dos efeitos da decisão de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo,
tendo em vista razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse social.
Um exemplo dado por Marcio Cavalcante: em tese, pela aplicação do art. 20 da LINDB, o
juiz poderia deixar de condenar o Estado a fornecer a um doente grave determinado tratamen-
to médico de custo muito elevado sob o argumento de que os recursos alocados para fazer
frente a essa despesa, fariam falta para custear o tratamento de centenas de outras pessoas
(“consequências práticas da decisão).
Prosseguindo, o referido jurista ressalta com razão de que esse art. 20 revela uma enorme
contradição. Isso porque ele defende que o julgador não deva decidir com base em “valores
jurídicos abstratos”, sem que seja considerada as consequências práticas da decisão. Ocorre
que a própria Lei n. 13.655/2018, introduziu na LINDB uma série de expressões jurídicas abs-
tratas, como, por exemplo: “interesses gerais da época”, regularização de modo “proporcional
e equânime”, “obstáculos e dificuldades reais do gestor, “orientação nova sobre norma de con-
teúdo indeterminado”.
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Parágrafo único. A decisão a que se refere o caput deste artigo deverá, quando for o caso, indicar
as condições para que a regularização ocorra de modo proporcional e equânime e sem prejuízo aos
interesses gerais, não se podendo impor aos sujeitos atingidos ônus ou perdas que, em função das
peculiaridades do caso, sejam anormais ou excessivos.
Exemplo: ao anular uma licitação eivada de fraude, o administrador deve demonstrar que essa
medida é necessária e adequada para resguardar a moralidade administrativa, e considerando
que houve prejuízo ao erário não seria possível a convalidação (possível alternativa).
Art. 21. A decisão que, nas esferas administrativa, controladora ou judicial, decretar a invalidação
de ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa deverá indicar de modo expresso suas
consequências jurídicas e administrativas.
Parágrafo único. A decisão a que se refere o caput deste artigo deverá, quando for o caso, indicar
as condições para que a regularização ocorra de modo proporcional e equânime e sem prejuízo aos
interesses gerais, não se podendo impor aos sujeitos atingidos ônus ou perdas que, em função das
peculiaridades do caso, sejam anormais ou excessivos.
1
NETO, Floriano de Azevedo Marques et. al. Resposta aos comentários tecidos pela Consultoria Jurídica do
TCU ao PL n. 7.448/2017. Conjur [s.d]. Disponível em: < https://www.conjur.com.br/dl/parecer-juristas-reba-
tem-criticas.pdf>. Acesso em: 1 de ago. 2021
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O art. 22 traz a lume o que alguns juristas denominam de primado da realidade. Em resu-
mo: significa que a realidade deve sempre ser observada, no que tange a interpretação das
normas sobre gestão pública.
Art. 22. Na interpretação de normas sobre gestão pública, serão considerados os obstáculos e as
dificuldades reais do gestor e as exigências das políticas públicas a seu cargo, sem prejuízo dos
direitos dos administrados.
§ 1º Em decisão sobre regularidade de conduta ou validade de ato, contrato, ajuste, processo ou nor-
ma administrativa, serão consideradas as circunstâncias práticas que houverem imposto, limitado
ou condicionado a ação do agente.
§ 2º Na aplicação de sanções, serão consideradas a natureza e a gravidade da infração cometida,
os danos que dela provierem para a administração pública, as circunstâncias agravantes ou atenu-
antes e os antecedentes do agente.
§ 3º As sanções aplicadas ao agente serão levadas em conta na dosimetria das demais sanções de
mesma natureza e relativas ao mesmo fato
a norma em questão reconhece que os diversos órgãos de cada ente da Federação possuem re-
alidades próprias que não podem ser ignoradas. A realidade de gestor da União evidentemente é
distinta da realidade de gestor em um pequeno e remoto município.
No entanto, fica o alerta de que se trata de norma perigosa. Isso porque pode ser utilizada
como uma brecha para vencer comandos legais impositivos, sob a falácia das contingências
da realidade.
As dificuldades orçamentarias não podem ser invocadas como defesa, para não imple-
mentação de políticas públicas mínimas (a teoria da reserva do possível não pode ser invoca-
da diante da garantia do mínimo existencial).
Assim, a diretriz a se seguir na interpretação da norma, pelos órgãos de controle, é de que
a realidade não pode vencer a garantia de direitos fundamentais da coletividade.
Por fim, o § 2º do referido artigo elenca as circunstâncias que devem ser levadas em con-
sideração na aplicação das sanções:
a) a natureza e a gravidade da infração cometida;
b) os danos que dela provierem para a administração pública;
c) as circunstâncias agravantes ou atenuantes, e
d) os antecedentes do agente.
No art. 23 e 24 da LINDB, há a consagração do direito à segurança jurídica previsto no art.
5º, caput da CF, que visa, em sua vertente objetiva, a garantia da certeza e estabilidade das
relações ou situações jurídicas; e em sua vertente subjetiva a proteção à confiança legítima.
Assim prevê o art. 23 que:
Art. 23. A decisão administrativa, controladora ou judicial que estabelecer interpretação ou orienta-
ção nova sobre norma de conteúdo indeterminado, impondo novo dever ou novo condicionamento
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de direito, deverá prever regime de transição quando indispensável para que o novo dever ou con-
dicionamento de direito seja cumprido de modo proporcional, equânime e eficiente e sem prejuízo
aos interesses gerais [consagração dos regimes de transição e a modulação dos efeitos de decisão
administrativa baseada em novo entendimento].
Por regime de transição entende-se o regime jurídico de passagem, que possui duração
temporária, que busca oferecer condições diferenciadas para viabilizar o cumprimento de nova
interpretação jurídica aos seus destinatários que, sob o regime anterior, encontravam-se em
posição mais benéfica. Como se fosse uma modulação dos efeitos.
O CPC/15 também traz a modulação dos efeitos das decisões, no entanto, proferidas pelo
STF, nos seguintes termos:
Art. 927.
§ 3º Na hipótese de alteração de jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal e dos tribu-
nais superiores ou daquela oriunda de julgamento de casos repetitivos, pode haver modulação dos
efeitos da alteração no interesse social e no da segurança jurídica.
Com isso, o legislador buscou, através do primado da razoabilidade, que o julgador consi-
dere os custos e o tempo necessário para que os administrados se adaptem ao novo cenário.
Nessa linha de raciocínio, o art. 24 consagra a permanência das relações e situações ju-
rídicas já constituídas com base no direito e em orientações gerais da época, ainda que haja
posterior mudança de orientação geral:
Art. 24. A revisão, nas esferas administrativa, controladora ou judicial, quanto à validade de ato,
contrato, ajuste, processo ou norma administrativa cuja produção já se houver completado levará
em conta as orientações gerais da época, sendo vedado que, com base em mudança posterior de
orientação geral, se declarem inválidas situações plenamente constituídas. Parágrafo único. Consi-
deram-se orientações gerais as interpretações e especificações contidas em atos públicos de cará-
ter geral ou em jurisprudência judicial ou administrativa majoritária, e ainda as adotadas por prática
administrativa reiterada e de amplo conhecimento público.
O art. 30 da LINDB encerra o primado da segurança jurídica afirmando que “as autoridades
públicas devem atuar para aumentar a segurança jurídica na aplicação das normas, inclusive
por meio de regulamentos, súmulas administrativas e respostas às consultas”. E no seu para-
grafo único dispôs que “os instrumentos previstos no caput deste artigo terão caráter vinculan-
te em relação ao órgão ou entidade a que se destinam, até ulterior revisão.”
Segundo Jorge Reinaldo Vanossi, “segurança jurídica consiste, pois, no conjunto de condi-
ções que tornam possíveis as pessoas o conhecimento antecipado e reflexivo das consequên-
cias diretas de seus atos e de seus fatos à luz da liberdade conhecida”.
Paula de Barros Carvalho destaca a característica da bidirecionalidade da segurança jurí-
dica passado/futuro. Quanto ao passado, exige-se um único postulado: a irretroatividade. No
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que aponta para o futuro, muitos são os expedientes principiológicos necessários, Como, por
exemplo, a garantia do direito adquirido, do ato jurídico perfeito, da coisa julgada, bem como o
uso da interpretação trazida por diversas normas, em especial, da analisada acima.
Nos arts. 26 e 27, a lei trás a possibilidade da celebração de termos de compromisso e
ajustamento de conduta na administração pública, entre autoridades públicas e particulares.
A inserção desse dispositivo é mais um exemplo do abandono de uma administração pública
autoritária, para uma administração pautada na consensualidade e participação. Nessa estei-
ra, ao invés da atuação unilateral e impositiva da vontade administrativa, a solução para o caso
concreto, deverá ser construída a partir do consenso e da participação social.
Não é a vigência da norma jurídica que será contrastada, mas sim a sua melhor interpreta-
ção, em razão do alto grau de indeterminação de grande parte de seus comandos. A lei retira
do administrador a responsabilidade de buscar a melhor interpretação da norma e traz a pos-
sibilidade de solução negociada.
Mostra-se indispensável a prévia manifestação do órgão jurídico (procuradorias) para a re-
alização desse compromisso, bem como audiências públicas, em casos de maior repercussão.
Ainda, o art. 27 permite ao julgador a imposição de compensação, em prol daquele que
tenha sofrido prejuízos anormais ou injustos, ou que tenha auferido benefícios indevidos resul-
tantes do processo ou da conduta, comissiva ou omissiva, dos envolvidos no âmbito judicial,
administrativo e controlador.
O art. 28 trata acerca da responsabilidade do agente público por decisões ou opiniões téc-
nicas no caso de dolo ou erro grosseiro.
Art. 28. O agente público responderá pessoalmente por suas decisões ou opiniões técnicas em
caso de dolo ou erro grosseiro.
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a razão para isso é simples. Uma disposição legal que estipule responsabilidade do juiz por erro
grosseiro (culpa) seria inconstitucional por tolher, de forma desproporcional a independência judi-
cial, afrontando a separação de poderes.” Bem como pelo fato de que “a decisão judicial é natural-
mente passível de recurso. Assim toda decisão judicial que fosse reformada em instância superior,
poderia, em tese, ser considerada como errada.
Também não seria aplicável aos membros do Ministério Público, da Defensoria Pública e
da Advocacia Pública, haja vista, possuírem disposições especificas, que não foram revogadas
pelo art. 28 da LINDB, em razão do princípio da especialidade, que disciplinam responsabilida-
de apenas em caso de dolo ou fraude (CPC/15, arts. 181, 184, e 187).
Por fim, o art. 29, traz a possibilidade de consultas públicas, em qualquer órgão ou poder,
quando da edição de atos normativos pela autoridade administrativa (salvo os de mera orga-
nização interna, onde não se faz necessária tal consulta). Trazendo assim o reforço da legi-
timidade democrática da administração, por meio do instrumento da consulta pública, como
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O consequencialismo jurídico visa a análise dos efeitos práticos das decisões para as partes,
em especial nos casos em que há grande repercussão econômica. Em outras palavras, as
consequências das decisões, sejam judiciais ou administrativas, devem ser levadas em consi-
deração no momento de decidir e argumentar.
No Brasil, o consequencialismo foi introduzido no ordenamento com a publicação da Lei n.
13.655/18, que alterou a LINDB, para trazer “segurança jurídica e eficiência na criação e na
aplicação do direito público”2.
Assim, dispõe o art. 20:
Art. 20. Nas esferas administrativa, controladora e judicial, não se decidirá com base em valores
jurídicos abstratos sem que sejam consideradas as consequências práticas da decisão.
Parágrafo único. A motivação demonstrará a necessidade e a adequação da medida imposta ou da
invalidação de ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa, inclusive em face das possí-
veis alternativas.
Certo.
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Parágrafo único. A decisão a que se refere o caput deste artigo deverá, quando for o caso, indicar
as condições para que a regularização ocorra de modo proporcional e equânime e sem prejuízo aos
interesses gerais, não se podendo impor aos sujeitos atingidos ônus ou perdas que, em função das
peculiaridades do caso, sejam anormais ou excessivos.
Errado.
Art. 22. Na interpretação de normas sobre gestão pública, serão considerados os obstáculos e as
dificuldades reais do gestor e as exigências das políticas públicas a seu cargo, sem prejuízo dos
direitos dos administrados.
Certo.
Art. 23. A decisão administrativa, controladora ou judicial que estabelecer interpretação ou orienta-
ção nova sobre norma de conteúdo indeterminado, impondo novo dever ou novo condicionamento
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de direito, deverá prever regime de transição quando indispensável para que o novo dever ou con-
dicionamento de direito seja cumprido de modo proporcional, equânime e eficiente e sem prejuízo
aos interesses gerais.
Certo.
Art. 24. A revisão, nas esferas administrativa, controladora ou judicial, quanto à validade de ato,
contrato, ajuste, processo ou norma administrativa cuja produção já se houver completado levará
em conta as orientações gerais da época, sendo vedado que, com base em mudança posterior de
orientação geral, se declarem inválidas situações plenamente constituídas.
Errado.
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Exemplo: caso você tenha posse, basta que a situação fática esteja adequada ao que a lei
prevê. Ou seja, eu busco uma compatibilidade entre a situação fática e a norma. Eu busco um
conceito (o que é posse? O que é família? O que é direito sucessório?), porque esse conceito é
suficiente para que o seu direito seja legitimado pelo Estado. Você não precisa dizer o que você
vai fazer com ele e esse direito não precisa ter uma finalidade. Os institutos de Direito Civil são
fins em si mesmo.
Terceiro pilar: Estado liberal. O Estado liberal se liga apenas aos direitos fundamentais de
primeira geração, as liberdades públicas negativas (ideia de abstenção).
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Em vez de analisarmos simplesmente uma regra jurídica, devemos buscar qual é o funda-
mento de cada instituto e qual a finalidade desse instituto.
São dois pilares: FUNDAMENTO e FINALIDADE.
No Direito Civil Contemporâneo, todos os institutos são instrumentais, em outras palavras,
tudo é meio para algo.
Exemplo: a família é meio para que eu possa tutelar a dignidade das pessoas que integram
aquele núcleo. A família tem que ser propícia para que as pessoas possam desenvolver plena-
mente a sua personalidade e ter uma realização pessoal plena.
Outro exemplo: O ECA traz norma expressa afirmando que a adoção é irrevogável. No entan-
to, o STJ, interpretando tal regra, diz que: Nem sempre a adoção é irrevogável, ela somente o
será se o vínculo de filiação que decorre da adoção trouxer para o adotado dignidade, senão
ele pode desconstituir esse vínculo e ir procurar outro. Ou seja: Os direitos aqui são funcionali-
zados, e eles (i) devem ter um objetivo (=finalidade); e necessariamente nós trabalhamos com
uma (ii) visão instrumental dos institutos.
Então, TUDO é instrumento para o objetivo maior do Direito Civil: A concretização da digni-
dade da pessoa humana.
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Exemplo: se você tem o direito de propriedade, desse direito, decorrem poderes do proprietário
(visão clássica/liberal). No entanto, no atual paradigma, o direito deve atender a uma função
(finalidade). Desse modo, o titular do direito, passa a não só possuir poderes, como também
deverá cumprir certos deveres.
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Vale destacar, por fim, que o pós-positivismo se conecta com o neoconstitucionalismo, pois
é o fundamento jusfilosófico deste. O neoconstitucionalismo tem as seguintes características:
constitucionalização do direito – irradiação das normas e valores constitucionais para todo o
sistema; princípios com força normativa; reaproximação entre direito e moral; judicialização
da política e das relações sociais; modificação da teoria das normas, fontes e interpretação
(hermenêutica) e teoria dos direitos fundamentais edificados na dignidade da pessoa humana.
Exemplo: um contrato de compra e venda entre dois atores ou protagonistas privados, em prin-
cípio, não teria qualquer interesse público, razão pela qual o Código Civil seria suficiente para
regular esse negócio jurídico. Certo? Em termos.
Sem dúvida, esse negócio interessa aos atores privados, mas, em virtude do princípio da
função social, previsto na norma constitucional (também no Código Civil, é verdade – art. 421),
passa a interessar também, e principalmente, à coletividade, pois, em razão da função social,
os efeitos dessa relação jurídica transcendem o negócio para repercutir na coletividade, ou
seja, na esfera jurídica de terceiros não integrantes daquele contrato.
O contrato deverá ser útil para os protagonistas da relação e, principalmente, para a coleti-
vidade. Logo, se esse contrato for excelente para as partes, mas prejudicial ao meio ambiente
ou às relações de trabalho, poderá ser invalidado por ausência de função social.
Tepedino (Temas de Direito Civil) ressalta a superação dessa dicotomia ao dizer que é
inevitável a alteração dos confins entre o direito público e o direito privado, de tal sorte que a
distinção deixa de ser qualitativa e passa a ser meramente quantitativa, nem sempre podendo
definir qual exatamente é o território do direito público e qual é o território do direito privado.
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humana no centro das relações jurídicas, lhe conferindo uma tutela diferenciada, principalmen-
te no âmbito dos direitos fundamentais.
Como a pessoa humana passa a ter tutela especial do Estado, a preservação de sua dig-
nidade constitui o próprio fundamento do nosso Estado Democrático de Direito. Os direitos
fundamentais cumprem esse papel, qual seja, preservar a dignidade, para garantir à pessoa
humana o mínimo necessário para ter uma vida digna (um mínimo existencial). Ou seja, o Es-
tado Social deve garantir à pessoa humana um conjunto de direitos fundamentais para que ela
tenha o mínimo para sua existência, sendo que esse “mínimo” se refere a questões espirituais
(garantia da honra, por exemplo) e materiais (subsistência, a impenhorabilidade do bem de
família é exemplo disso).
Os Valores Constitucionais Socais podem ser apostos nos seguintes parametros cons-
titucionais:
a) Dignidade da pessoa humana:
A CF/88, em seu art. 1º, III, dispõe que a República tem por fundamento a dignidade da
pessoa humana. O princípio da dignidade da pessoa humana insere o ser humano no centro
do sistema jurídico, em torno do qual gravitam todos os demais institutos.
É por isso que existe, no CC, por exemplo, a Teoria do Patrimônio Mínimo: Patrimônio como
meio para garantir o mínimo existencial material para a pessoa viver com dignidade. Em decor-
rência disso, temos que é nula a doação de todos os bens (CC, art. 548)
O STJ, no Resp. 1.026.981/RJ, de relatoria da Min. Nancy Andrighi, julgado em 04.02.2010,
em matéria relacionada a benefícios previdenciários para a união de pessoas do mesmo sexo,
ressaltou, como fundamento principal para justificar o reconhecimento desse direito, a digni-
dade da pessoa humana.
O atual Código Civil nitidamente humanizou as relações jurídicas privadas, ao deixar em se-
gundo plano as questões e valores meramente patrimoniais. Os valores existenciais certamen-
te devem prevalecer sobre os valores patrimoniais. É a pessoa se sobrepondo ao patrimônio.
O principal objetivo da inclusão do capítulo acerca dos direitos da personalidade (de forma
não exaustiva), logo no início do CC, é demonstrar que a tutela da pessoa humana e de sua
condição existencial é o principal objetivo da lei. Este seria o Código do “ser” e não do “ter”.
A dignidade da pessoa humana é uma cláusula geral, a base de todo o ordenamento jurí-
dico e o princípio norteador das relações privadas. Embora indeterminada, como os demais
princípios, a dignidade da pessoa humana também possui um núcleo essencial. A dificuldade
do intérprete será justamente concretizar esse princípio, pois seu grau de generalidade e abs-
tração é muito intenso. Há parâmetros mínimos de aferição que devem sempre ser observados
para a concretização normativa da dignidade da pessoa humana:
1. Não instrumentalização (a pessoa não é meio, mas fim em si mesma);
2. Autonomia existencial (direito de fazer escolhas, projetos de vida e de atuar segundo
essas escolhas, projetos);
3. Direito ao mínimo existencial – condições espirituais e materiais mínimas para a
dignidade;
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Como vimos acima, os princípios norteadores do atual CC são: Socialidade, Eticidade e Operabilidade.
Letra c.
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Exemplo: no caso do art. 317 do CC, caberá ao intérprete preencher o sentido da expressão
“motivos imprevisíveis” com valores pessoais. Preenchido este conteúdo, a consequência jurí-
dica, qual seja, a revisão judicial da obrigação, já está prevista na lei.
Já nas cláusulas gerais, o intérprete preenche os valores e atribui a solução que lhe pareça a
mais correta. Ou seja, nas cláusulas gerais tanto a integração quanto a consequência são levadas
a efeito pelo intérprete. Como exemplo, o princípio da função social, previsto no art. 421 do CC.
Portanto, é na consequência jurídica (efeito) que se localiza a principal diferença entre
cláusula geral e conceito jurídico indeterminado.
Como exemplo do poder delegado pelo legislador no CC ao aplicador do direito, temos que
as relações privadas devem se nortear pelos princípios da boa-fé objetiva e da função social.
No entanto, em nenhum momento a Lei Civil define, com limites bem precisos, boa-fé objetiva
e função social. Qual a razão para isso? Simples: no caso concreto, o operador do direito vai ter
a obrigação de verificar se, naquela relação jurídica privada, em si considerada, foram observa-
dos tais princípios. Em termos abstratos, é praticamente impossível resolver um conflito entre
particulares. A análise do caso concreto, mais do que nunca, passou a ser fundamental para a
realização da tão sonhada justiça social.
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a definições precisas e objetivas, o que permite que a norma se adapte, ao longo do tempo, a
diferentes realidades. Daqui a 200 anos, ainda se discutirá o que é função social do contrato.
Isso porque os princípios retratam valores, e estes se alteram com o passar dos tempos.
No que se refere à aplicação, ante a possibilidade de colisão dos princípios, o intérprete
deverá fazer escolhas fundamentais por um juízo de “ponderação”. Na “ponderação”, ele iden-
tifica as normas pertinentes, seleciona os fatos relevantes e, com a conclusão, atribui o peso
ou a ponderação do mais relevante, utilizando-se do princípio da proporcionalidade (e seus
subprincípios: adequação, necessidade e proporcionalidade em sentido estrito).
Para definir essas diferenças entre regras e princípios, Gomes Canotilho (Direito Constitu-
cional e teoria da Constituição) adota os seguintes critérios:
• grau de abstração – os princípios jurídicos são normas com um grau de abstração rela-
tivamente mais elevado do que as regras de direito;
• grau de determinabilidade na aplicação do caso concreto – os princípios, por serem va-
gos e indeterminados, carecem de mediações concretizadoras (do legislador ou do juiz),
enquanto as regras são suscetíveis de aplicação direta;
• caráter de fundamentabilidade no sistema das fontes dos direitos – os princípios são
normas de natureza ou com um papel fundamental no ordenamento jurídico devido à
sua posição hierárquica no sistema das fontes (os princípios constitucionais) ou à sua
importância estruturante dentro do sistema jurídico (princípio do Estado de Direito);
• proximidade da ideia de direito – os princípios são standards juridicamente vinculantes,
radicados nas exigências de justiça (Dworkin) ou na ideia de direito (Larenz), as regras
podem ser normas vinculativas com um conteúdo meramente funcional;
• natureza normogenética – os princípios são fundamentos de regras, isto é, são normas
que estão na base ou constituem a ratio de regras jurídicas, desempenhando, por isso,
uma função normogenética fundamentante.
Segundo Robert Alexy, a distinção entre regras e princípios não é de grau, mas sim uma
distinção qualitativa. Isso porque os princípios são mandatos de otimização, ordenam que algo
seja realizado na maior medida possível (podem ser satisfeitos em vários graus), dentro, po-
rém das possibilidades fáticas e jurídicas existentes.
Para Alexy a solução de um conflito entre regras somente ocorre se, introduzir-se em uma
das regras em conflito, uma cláusula de exceção, capaz de dar fim ao conflito ou se uma das
regras for declarada inválida.
Já a colisão entre princípios é resolvida a partir de uma relação de precedência condicio-
nada. De modo que um deles terá precedência em face do outro, sob determinadas condições.
E isso dependerá do sopesamento a ser realizado entre os interesses/bens jurídicos tutelados
pelos princípios colidentes.
Em resumo, para Alexy o conflito entre regras deve ser solucionado pela dimensão da vali-
dade, devendo-se operar a subsunção; enquanto que o conflito entre princípios deve ser resol-
vido pela dimensão peso, aplicando-se a máxima da ponderação/sopesamento.
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RESUMO
Parte I – LINDB
A LINDB traça aspectos gerais sobre a aplicação das normas jurídicas. Norma sobre direito
ou lex legum (norma sobre normas).
Fontes do Direito: de onde vem ou formas de expressão.
Se dividem em:
a) Fontes formais – constam expressamente na LINDB, e se dividem em primarias (Leis); e
secundárias (analogia, costumes e princípios gerais do direito)
b) Fontes informais – não estão previstas na LINDB: doutrina, jurisprudência e equidade.
Fontes formais secundárias = fontes indiretas ou mediatas. São os denominados métodos
de integração normativa.
1. Analogia: consiste em aplicar a uma data situação que não está prevista em lei uma nor-
ma jurídica próxima (analogia legis ou propriamente dita) ou um conjunto de normas jurídicas
que possuem sintonia com aquele caso (analogia iuris).
Analogia # (diferente) Interpretação extensiva: na analogia rompe-se com os limites previs-
tos na norma, havendo integração jurídica. Na interpretação extensiva, apenas amplia-se o seu
campo, havendo subsunção.
2. Costumes: práticas reiteradas no tempo.
3. Princípios gerais do direito: fontes basilares para qualquer ramo do direito. PGD consa-
grados no CC: Eticidade (ética e boa-fé), Socialidade (função social), Operabilidade (simplicida-
de e efetividade – cláusulas gerais).
Inclui-se também os Princípios Base do Direito Civil Constitucional: Dignidade da pessoa
humana, solidariedade social, igualdade substancial.
Equidade: admitida no sistema jurídico somente em caso de previsão legal expressa.
Vigência da lei: força vinculante ou obrigatoriedade. Brasil: 45 dias, salvo previsão em con-
trário. Estado estrangeiro: três meses.
Princípio da obrigatoriedade simultânea ou vigência sincrônica: vigência em todo o territó-
rio nacional simultaneamente.
Princípio da continuidade ou permanência: em regra, a lei terá vigência por prazo ou perí-
odo indeterminado, até que outra a revogue. (revogação total: ab-rogação/revogação parcial:
derrogação).
Em regra, não se admite a repristinação (volta da vigência de lei anterior, por ter sido revo-
gada a lei que a revogou) no direito brasileiro, salvo disposição expressa.
As situações jurídicas já consolidadas sob a vigência da lei antiga devem ser preservadas
pela nova legislação (LINDB, art. 6º, proteção ao direito adquirido, ao ato jurídico perfeito e à
coisa julgada).
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No entanto, a teoria da reserva do possível não pode ser invocada diante da garantia do
mínimo existencial.
• Arts. 23, 24, 30: direito à segurança jurídica (direito fundamental previsto no caput do
art. 5º da CF)
− Segurança jurídica: vertente objetiva (garantia da certeza e estabilidade das relações
ou situações jurídicas); e em sua vertente subjetiva (proteção à confiança legitima).
− Consagração do regime de transição e modulação dos efeitos no novo entendimento.
• Arts. 26 e 27: celebração de termos de compromisso. Novo modelo de Administração
Pública consensual e participativa (LINDB, art. 29 – consultas públicas).
• Art. 28: responsabilidade pessoal do agente público que agir com dolo ou erro grosseiro.
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Cláusula geral x conceito jurídico indeterminado: ambos possuem conteúdo vago, abstra-
to e genérico. Diferenciam-se na consequência jurídica (efeito).
• Conceito jurídico indeterminado, o resultado (solução jurídica) já está previsto ou pré-es-
tabelecido na norma.
• Cláusulas gerais, o intérprete preenche os valores e atribui a solução que lhe pareça a
mais correta.
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QUESTÕES DE CONCURSO
013. (CESPE/TCE-PE/ANALISTA DE GESTÃO – JULGAMENTO/2013) Com relação às nor-
mas processuais, julgue o item seguinte.
As leis processuais civis e penais não se sujeitam às regras quanto à eficácia temporal das leis cons-
tantes da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, uma vez que têm regramento próprio.
A LINDB é considerada uma lex legum, ou seja, uma norma sobre direito. Consistente num
conjunto de normas cujo objetivo é disciplinar as próprias normas jurídicas. Aplicável a todos
os ramos do direito.
São aplicáveis não só ao Direito Civil, mas também a todo ordenamento jurídico, tanto o direi-
to privado quanto o público, salvo naquilo que for regulado de forma diferente na legislação
específica.
Errado.
LINDB, Art. 1º: “Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país 45 dias de-
pois de oficialmente publicada.”
Errado.
A cobrança de dívidas contraídas em países onde jogos de azar são legais pode ser feita por
meio de ação ajuizada pelo credor no Brasil, submetendo-se ao ordenamento jurídico nacional.
Com base nesse entendimento, a 3ª Turma do STJ entendeu ser possível que o cassino Wynn
Las Vegas, dos EUA, cobre um brasileiro que deixou dívida superior a US$ 1 milhão em torneio
de pôquer no local.
Certo.
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LINDB, Art. 6º, § 1º “Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado segundo a lei vigente ao
tempo em que se efetuou.”
Certo.
LINDB, art. 7º: “A lei do país em que domiciliada a pessoa determina as regras sobre o começo
e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família”.
Errado.
Art. 7º da LINDB. No caso, seria a lei brasileira a ser aplicada para fins de definição do fim da perso-
nalidade de Jacó.
Errado.
O fenômeno da ultratividade ocorre quando uma lei que já foi revogada continua sendo aplica-
da aos fatos que ocorreram durante sua vigência, ou mesmo aos fatos ocorridos após a sua
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revogação. Quando falo em ULTRATIVIDADE, devo saber que a lei não está mais em vigor. A
lei ultrativa vai ser aplicada após a sua revogação, mas poderá incidir sobre fatos ocorridos
ANTES da sua revogação ou sobre fatos ocorridos APÓS a sua revogação.
Certo.
LINDB, art. 2º, § 2º: “A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já
existentes, não revoga nem modifica a lei anterior”.
Art. 6º: “A lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito
adquirido e a coisa julgada”.
Errado.
a) Certa. É perfeitamente possível a coexistência de normas de caráter geral e de caráter es-
pecial.
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LINDB, art. 2º, § 2º: “A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já
existentes, não revoga nem modifica a lei anterior.”
§ 3º: “Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora
perdido a vigência” – Repristinação: ocorre quando uma norma revogada volta a valer no caso
de revogação da sua norma revogadora. O nosso ordenamento jurídico não admite o efeito
repristinatório automático, salvo quando houver previsão na lei revogadora.
b) Errada. A alternativa traz o conceito de direito adquirido. De acordo com o art. art. 6º, § 1º da
LINDB, reputa-se ato jurídico perfeito O JÁ CONSUMADO SEGUNDO A LEI VIGENTE AO TEMPO
EM QUE SE EFETUOU
c) Correta. LINDB, art. 3º: “Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece”.
Estamos diante do Princípio da obrigatoriedade. Há exceções, como por exemplo, no erro de
proibição do direito penal.
d) Correta. Antinomia nada mais é do que a presença de duas normas válidas conflitantes, sem
que se possa dizer qual delas deverá ser aplicada em determinado caso concreto. Trata-se
assim de conflito entre normas. Para solução desse impasse, devem ser levados em conta
três critérios: cronológico (em que a norma posterior prevalece sobre norma anterior); especia-
lidade (onde a norma especial prevalece sobre norma geral); hierárquico (sendo que a norma
superior prevalece sobre norma inferior).
O critério da hierarquia é considerado o mais forte de todos, em razão superioridade da Consti-
tuição Federal. Em seguida, vem o critério da especialidade, sendo o cronológico considerado
o mais fraco de todos.
Quanto aos metacritérios envolvidos, a antinomia pode ser de: 1º grau (o conflito de normas
envolve apenas um dos critérios acima expostos); 2º grau (o choque de normas válidas envol-
ve dois dos critérios analisados).
Temos, ainda, a antinomia: aparente (em que a situação pode ser resolvida de acordo com os
metacritérios anteriores); real (em que a situação não pode ser resolvida de acordo com os
metacritérios antes expostos).
Vejamos as hipóteses de antinomia de 1º grau aparente:
a) O conflito entre norma posterior e norma anterior, valendo a primeira (critério cronológico);
b) O conflito entre norma especial e geral, prevalecendo a norma especial (critério da es-
pecialidade);
c) O conflito entre norma superior e norma inferior, prevalecendo a primeira (critério hie-
rárquico).
Vejamos, agora, as hipóteses de antinomias de 2º grau aparente:
a) O conflito entre norma especial anterior e outra geral posterior, prevalecerá a primeira (crité-
rio da especialidade);
b) O conflito entre norma superior anterior e outra inferior posterior, prevalecerá a primeira (cri-
tério hierárquico).
Letra b.
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Depois de resolver a questão acima, fica bem mais fácil encontrar o gabarito desta, não é mes-
mo? Veja que dois critérios de conflitos estão presentes no enunciado, assim trata-se de an-
tinomia de 2º grau. Ademais, trata-se de conflito aparente, pois como já vimos anteriormente,
norma especial não conflita com norma geral.
Letra d.
LINDB, art. 28. “O agente público responderá pessoalmente por suas decisões ou opiniões téc-
nicas em caso de dolo ou erro grosseiro.”
Certo.
Segundo a LLINDB?
Art. 22. Na interpretação de normas sobre gestão pública, serão considerados os obstáculos e as
dificuldades reais do gestor e as exigências das políticas públicas a seu cargo, sem prejuízo dos
direitos dos administrados.
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§ 1º Em decisão sobre regularidade de conduta ou validade de ato, contrato, ajuste, processo ou nor-
ma administrativa, serão consideradas as circunstâncias práticas que houverem imposto, limitado
ou condicionado a ação do agente.
Certo.
Art. 21. A decisão que, nas esferas administrativa, controladora ou judicial, decretar a invalidação
de ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa deverá indicar de modo expresso suas
consequências jurídicas e administrativas.
Certo.
LINDB, art. 28. “O agente público responderá pessoalmente por suas decisões ou opiniões téc-
nicas em caso de dolo ou erro grosseiro.”
Letra a.
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Art. 13. A prova dos fatos ocorridos em país estrangeiro rege-se pela lei que nele vigorar, quanto ao
ônus e aos meios de produzir-se, não admitindo os tribunais brasileiros provas que a lei brasileira
desconheça.
Letra b.
a) Errada. Não é do país de origem, mas sim do país do domicílio do defunto ou do ausente.
LINDB, art. 10. “A sucessão por morte ou por ausência obedece à lei do país em que domicilia-
do o defunto ou o desaparecido, qualquer que seja a natureza e a situação dos bens.”
b) Certa. LINDB, art. 12, § 1º: “Só à autoridade judiciária brasileira compete conhecer das ações
relativas a imóveis situados no Brasil.”
c) Errada. Como vimos na questão acima, nos termos do art. 13 da LINDB, a prova dos fatos
ocorridos em país estrangeiro rege-se pela lei que nele vigorar.
d) Errada. LINDB, art. 8º. “Para qualificar os bens e regular as relações a eles concernentes,
aplicar-se-á a lei do país em que estiverem situados.”
e) Errada. LINDB, art. 9º. “Para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-á a lei do país em
que se constituírem.”“§ 2º A obrigação resultante do contrato reputa-se constituída no lugar
em que residir o proponente.”
Letra b.
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A analogia é empregada na ausência de texto legal específico; ela faz incidir uma lei em uma
hipótese por ela não prevista. Como na questão: deseja-se estender o preceito legal de uma
norma aos casos não compreendidos em seu dispositivo. Estamos, portanto, diante da do
instituto da analogia.
Letra c.
A lei pode conter lacunas, mas o direito não. Isso porque é proibido pelo ordenamento jurídico
que o juiz pronuncie o non liqued. Em outras palavras, o juiz não pode deixar de decidir um
caso, alegando ausência de norma jurídica, pois a CF/88 prevê, em seu art. 5º, XXXV, o princípio
da inafastabilidade da jurisdição, ou seja, da obrigatoriedade da jurisdição.
Letra d.
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c) Conceitos legais indeterminados são normas com diretrizes indeterminadas, que não tra-
zem expressamente uma solução jurídica (consequência).
d) Conceitos legais indeterminados são normas com diretrizes indeterminadas, que trazem
expressamente uma solução jurídica (consequência).
Cláusulas gerais são normas com diretrizes indeterminadas, que não trazem expressamente
uma solução jurídica (consequência). A norma é inteiramente aberta. Um exemplo é a cláusula
geral da boa-fé objetiva, disposta em vários artigos do CC/02.
De outro lado, denomina-se conceito jurídico indeterminado, quando palavras ou expressões
contidas numa norma são vagas/imprecisas, de modo que a indeterminação se encontra no
significado das mesmas, e não nas consequências legais de seu descumprimento. Um grande
exemplo de conceito jurídico indeterminado está no parágrafo único do art. 927 do CC/02, que
trata da “atividade de risco”. Veja que, no exemplo, a dúvida está no significado (conteúdo/
pressuposto) de “atividade de risco”, e não nas consequências jurídicas (responsabilidade civil
objetiva).
Letra d.
Princípio da socialidade: Segundo apontava o próprio Miguel Reale, um dos escopos da nova
codificação foi o de superar o caráter individualista e egoísta da codificação anterior. Assim, a
palavra “eu” é substituída por “nós”. Todas as categorias civis têm função social: o contrato, a
empresa, a propriedade, a posse, a família, a responsabilidade civil.
Letra b.
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Segundo BARROSO (2015) a dignidade humana impõe limites e atuações positivas ao Estado,
no atendimento das necessidades vitais básicas, expressando-se em diferentes dimensões.
No tema específico aqui versado, o princípio promove uma despatrimonialização e uma re-
personalização do Direito Civil com ênfase em valores existenciais e do espírito bem como
no reconhecimento e desenvolvimento dos direitos da personalidade tanto em sua dimensão
física quanto psíquica.
Certo.
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c) filtragem constitucional, pois, com a passagem da Constituição para o centro, passou ela a
funcionar como a lente, o filtro através do qual se deve olhar para o Direito de uma maneira geral.
d) o triunfo do direito constitucional, que deve ser a “janela” através da qual se olha o mundo.
e) o modo de desejar o mundo, ou seja, o direito constitucional passou a ser não somente um
modo de olhar e pensar o Direito, mas também um modo de desejar o mundo: fundado na
dignidade da pessoa humana, na centralidade dos direitos fundamentais, na busca por justiça
material, na tolerância e no respeito ao próximo.
Pelo contrário, como vimos, há uma aproximação entre os ramos do direito público e do direito
privado, de modo que passam a se interpenetrarem.
Letra a.
a) Errada. Não há afastamento pela especialidade nem declaração de invalidade. No caso de
conflito entre princípios, utiliza-se o critério da ponderação, identificando-se, no caso concreto,
qual deve ser aplicado.
b ) Errada. Não há hierarquia entre normas. Ou seja, não há hierarquia entre princípios e regras.
c) Errada. Critério “tudo ou nada” é para regras apenas.
e) Errada. A ponderação é efetuada apenas quando houver princípios colidentes. Para as re-
gras utiliza-se a subsunção.
Letra d.
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LINDB, art. 6º “A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o
direito adquirido e a coisa julgada.”
§ 2º Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou alguém por ele, possa exercer,
como aqueles cujo começo do exercício tenha termo pré-fixo, ou condição pré-estabelecida inalte-
rável, a arbítrio de outrem.
Letra e.
A atuação do princípio da boa-fé objetiva como limite ao exercício regular dos direitos subje-
tivos representa uma das principais funções que o destacam. Trata-se da função de controle
(CC, art. 186).
Certo.
Art. 26. Para eliminar irregularidade, incerteza jurídica ou situação contenciosa na aplicação do
direito público, inclusive no caso de expedição de licença, a autoridade administrativa poderá, após
oitiva do órgão jurídico e, quando for o caso, após realização de consulta pública, e presentes razões
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de relevante interesse geral, celebrar compromisso com os interessados, observada a legislação
aplicável, o qual só produzirá efeitos a partir de sua publicação oficial.
Letra a.
A regra em nosso Direito é que a lei regulará todas as situações durante o seu período de vida/
vigência (atividade).
Extra-atividade: é o fenômeno que ocorre quando uma lei regula situações fora do seu período
de vigência. Espécies:
a) Retroatividade – a lei regula situações que ocorreram antes do início de sua vigência;
b) Ultra-atividade – a lei foi revogada, mas continua sendo aplicada.
Certo.
Iura novit curia é uma máxima jurídica latina que expressa o princípio de que “o juiz conhece a
lei”. Em outras palavras, significa que as partes em uma disputa judicial não precisam pleitear
ou provar a lei que se aplica ao seu caso.
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Art. 14. Não conhecendo a lei estrangeira, poderá o juiz exigir de quem a invoca prova do texto e da
vigência.
Art. 22. Na interpretação de normas sobre gestão pública, serão considerados os obstáculos e as
dificuldades reais do gestor e as exigências das políticas públicas a seu cargo, sem prejuízo dos
direitos dos administrados.
Art. 21. A decisão que, nas esferas administrativa, controladora ou judicial, decretar a invalidação
de ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa deverá indicar de modo expresso suas
consequências jurídicas e administrativas.
Letra c.
LINDB, Art. 22. Na interpretação de normas sobre gestão pública, serão considerados os obstáculos
e as dificuldades reais do gestor e as exigências das políticas públicas a seu cargo, sem prejuízo
dos direitos dos administrados.
Errado.
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GABARITO
13. E 23. C 33. e
14. E 24. C 34. C
15. C 25. C 35. a
16. C 26. a 36. d
17. E 27. b 37. e
18. E 28. b 38. C
19. C 29. c 39. a
20. E 30. d 40. C
21. b 31. d 41. c
22. d 32. b 42. E
Daniel Carnacchioni
Juiz do TJDFT (titular da 2ª Vara da Fazenda Pública e atualmente juiz assistente da Presidência do TJ-
DFT). Pós-graduado, mestre em Direito e doutorando em Direito Civil. Autor de obras jurídicas, em especial,
do Manual de Direito Civil pela editora JusPodivm. Professor da Fundação Escola Superior do MPDFT.
Palestrante sobre temas do Direito Civil.
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