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DP-DF

DEFENSORIA PÚBLICA DO DISTRITO FEDERAL

Direito civil
LINDB

Livro Eletrônico
© 04/2019

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VICE-PRESIDENTE: Rodrigo Teles Calado

COORDENADORA PEDAGÓGICA: Élica Lopes

ASSISTENTES PEDAGÓGICAS: Francineide Fontana, Kamilla Fernandes e Larissa Carvalho

SUPERVISORA DE PRODUÇÃO: Emanuelle Alves Melo

ASSISTENTES DE PRODUÇÃO: Giulia Batelli, Juliane Fenícia de Castro e Thaylinne Gomes Lima

REVISOR(A): Bárbara Pimentel

DIAGRAMADOR: Weverton Carvalho

CAPA: Washington Nunes Chaves

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LINDB........................................................................................................4
Apresentação..............................................................................................4
Questões de Concurso..................................................................................5
Gabarito................................................................................................... 19
Gabarito Comentado.................................................................................. 20

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Apresentação
Olá, meu(minha) querido(a)!

Nossa meta aqui é abordar o Direito Civil com Exercícios. Selecionei estrategi-

camente questões de concurso e as organizei de forma que, à medida que você for

as resolvendo, você irá revisar todo conteúdo no que é relevante.

O principal método de estudo para concurso é resolver questões, lançando mão

da leitura da legislação a partir das questões. Afinal de contas, mais do que saber

o conteúdo, você precisa saber como responder a questões de concursos.

Só peço uma gentileza a você: LEIA O TEXTO DA LEGISLAÇÃO à medida que

você for resolvendo as questões. É que você precisa adquirir memória fotográfica

da lei. Coloque um vade mecum ao seu lado e leia-o à medida que você for resol-

vendo as questões.

É sempre um prazer estar na guerra com você!

Um forte abraço!

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QUESTÕES DE CONCURSO
Questão 1    (CESPE/TCE-PA/AUXILIAR/2016) Uma lei nova, oficialmente publicada,

que regula inteiramente assunto que antes era disciplinado por outra norma, nada

estabeleceu sobre a data de sua entrada em vigor e o seu prazo de vigência; foi

silente também quanto à revogação da lei mais antiga. Sessenta dias depois da

publicação oficial, um juiz recebeu um processo em que as partes discutiam um

contrato firmado anos antes, com base na lei antiga.

Acerca dessa situação hipotética, julgue o item subsequente, considerando as dis-

posições da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro.

Dispositivos da lei antiga que forem compatíveis com a lei nova ainda estarão

vigentes.

Questão 2    (CESPE/PC-SE/DELEGADO/2018) Uma nova lei, que disciplinou inte-

gralmente matéria antes regulada por outra norma, foi publicada oficialmente sem

estabelecer data para a sua entrada em vigor e sem prever prazo de sua vigência.

Sessenta dias após a publicação oficial dessa nova lei, foi ajuizada uma ação em

que as partes discutem um contrato firmado anos antes sobre o assunto objeto das

referidas normas. Tendo como referência essa situação hipotética, julgue o seguin-

te item, com base na Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro.

No momento do ajuizamento da ação, a nova lei já estava em vigor.

Questão 3    (CESPE/PF/DELEGADO/2018) Diante da existência de normas gerais

sobre determinado assunto, publicou-se oficialmente nova lei que estabelece dis-

posições especiais acerca desse assunto. Nada ficou estabelecido acerca da data

em que essa nova lei entraria em vigor nem do prazo de sua vigência. Seis meses

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depois da publicação oficial da nova lei, um juiz recebeu um processo em que as

partes discutiam um contrato firmado anos antes. A partir dessa situação hipotética,

julgue o item a seguir, considerando o disposto na Lei de Introdução às Normas do

Direito Brasileiro.

A nova lei começou a vigorar no país quarenta e cinco dias depois de oficialmente

publicada e permanecerá em vigor até que outra lei a modifique ou a revogue.

Questão 4    (CESPE/STJ/TÉCNICO/2018) Se a lei não dispuser em sentido diverso,

a sua vigência terá início noventa dias após a data de sua publicação.

Questão 5    (CESPE/STJ/TÉCNICO/2018) O intervalo temporal entre a publicação e

o início de vigência de uma lei denomina-se vacatio legis.

Questão 6    (CESPE/STJ/TÉCNICO/2018) Lei em vigor tem efeito imediato e geral,

respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada.

Questão 7    (CESPE/STJ/TÉCNICO/2018) O prazo de vacatio legis se aplica às leis,

aos decretos e aos regulamentos.

Questão 8    (CESPE/PC-SE/DELEGADO/2018) Uma nova lei, que disciplinou inte-

gralmente matéria antes regulada por outra norma, foi publicada oficialmente sem

estabelecer data para a sua entrada em vigor e sem prever prazo de sua vigência.

Sessenta dias após a publicação oficial dessa nova lei, foi ajuizada uma ação em

que as partes discutem um contrato firmado anos antes sobre o assunto objeto das

referidas normas. Tendo como referência essa situação hipotética, julgue o seguin-

te item, com base na Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro.

Apesar de a nova lei ter revogado integralmente a anterior, ela não se aplica ao

contrato objeto da ação.

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Questão 9    (CESPE/BNB/ANALISTA/2018) O ato jurídico perfeito é aquele já con-

sumado segundo a lei vigente ao tempo em que tenha sido efetuado.

Questão 10    (CESPE/MPE-PI/ANALISTA/2018) Conforme a jurisprudência do Su-

perior Tribunal de Justiça (STJ), cassino que funcione no exterior de forma legal

poderá cobrar, no Brasil, por dívida de jogo contraída por brasileiro no exterior.

Questão 11    (CESPE/TCE-MG/ANALISTA/2018) Ao buscar uma adaptação da lei

para aplicá-la a exigências atuais e concretas da sociedade, o intérprete da legisla-

ção utiliza-se da interpretação

a) histórica.

b) sistemática.

c) extensiva.

d) teleológica.

e) lógica.

Questão 12    (CESPE/MINISTÉRIO DAS COMUNICAÇÕES/TÉCNICO DE NÍVEL SU-

PERIOR/2013) Na interpretação lógica de uma lei, parte-se da ideia de que a lei não

existe isoladamente, devendo o seu sentido ser alcançado em consonância com as

demais normas que inspiram o mesmo ramo do direito.

Questão 13    (CESPE/TJ-RR/AGENTE/2013) A interpretação sistemática de uma

norma implica a adequação da lei ao contexto da sociedade e aos fatos sociais.

Questão 14    (CESPE/MPU/ANALISTA/2018) Na interpretação sistemática de lei,

o intérprete busca o sentido da norma em consonância com as que inspiram o

mesmo ramo do direito.

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Questão 15    (CESPE/TRT-8/ANALISTA/2016) Assinale a opção correta, em relação

à classificação e à eficácia das leis no tempo e no espaço.

a) Quanto à eficácia da lei no espaço, no Brasil se adota o princípio da territoria-

lidade moderada, que permite, em alguns casos, que lei estrangeira seja aplicada

dentro de território brasileiro.

b) De acordo com a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB), em

regra, a lei revogada é restaurada quando a lei revogadora perde a vigência.

c) Por ser o direito civil ramo do direito privado, impera o princípio da autonomia

de vontade, de forma que as partes podem, de comum acordo, afastar a imperati-

vidade das leis denominadas cogentes.

d) A lei entra em vigor somente depois de transcorrido o prazo da vacatio legis,

e não com sua publicação em órgão oficial.

e) Dado o princípio da continuidade, a lei terá vigência enquanto outra não a modi-

ficar ou revogar, podendo a revogação ocorrer pela derrogação, que é a supressão

integral da lei, ou pela ab-rogação, quando a supressão é apenas parcial.

Questão 16    (CESPE/TJ-PB/JUIZ/2015) Acerca da eficácia da lei no tempo e no es-

paço, assinale a opção correta.

a) O direito brasileiro veda o denominado efeito repristinatório das normas, mesmo

que previsto expressamente, de modo que uma lei nova não pode prever a recupe-

ração da vigência de lei já revogada.

b) Caso uma lei cujo prazo de vigência não se tenha iniciado seja novamente pu-

blicada para correção de erro material constante da publicação anterior, o prazo da

vacatio legis será contado a partir da primeira publicação, salvo se outra data nela

vier expressa.

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c) A contagem do prazo para a entrada em vigor das leis que estabeleçam período

de vacância deve ser feita nos termos da regra geral do direito civil, de modo a se

excluir a data da publicação da lei e se incluir o último dia do prazo.

d) No que se refere à eficácia espacial da lei, o ordenamento pátrio adotou o sis-

tema da territorialidade moderada, de forma a permitir a aplicação de lei brasileira

dentro do território nacional e, excepcionalmente, fora, sem, contudo, admitir a

aplicação de lei estrangeira nos limites do Brasil.

e) Em razão da denominada ultratividade da norma, mesmo revogado, o Código

Civil de 1916 tem aplicação às sucessões abertas durante a sua vigência, ainda que

o inventário tenha sido proposto após o advento do Código Civil de 2002.

Questão 17    (CESPE/PF/DELEGADO/2018) Diante da existência de normas gerais

sobre determinado assunto, publicou-se oficialmente nova lei que estabelece dis-

posições especiais acerca desse assunto. Nada ficou estabelecido acerca da data

em que essa nova lei entraria em vigor nem do prazo de sua vigência. Seis meses

depois da publicação oficial da nova lei, um juiz recebeu um processo em que as

partes discutiam um contrato firmado anos antes. A partir dessa situação hipotéti-

ca, julgue o item a seguir, considerando o disposto na Lei de Introdução às Normas

do Direito Brasileiro.

O caso hipotético configura repristinação, devendo o julgador, por isso, diante de

eventual conflito de normas, aplicar a lei mais nova e específica.

Questão 18    (CESPE/TCE-PR/AUDITOR/2016) Em relação à Lei de Introdução às

Normas do Direito Brasileiro, assinale a opção correta.

a) Em regra, aceita-se o fenômeno da repristinação no ordenamento jurídico

brasileiro.

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b) Celebrado contrato no período de vigência de determinada lei, qualquer dos

contratantes poderá invocar a aplicação de lei posterior que lhes for mais benéfica.

c) Não se admite no ordenamento jurídico pátrio a chamada integração normativa,

ainda que para preencher eventuais lacunas do ordenamento.

d) Publicada lei para corrigir texto de lei publicado com incorreção, não haverá

novo prazo de vacatio legis, se a publicação ocorrer antes da data em que a lei cor-

rigida entraria em vigor.

e) autoridade judiciária brasileira tem competência exclusiva para o conhecimento

de ações que discutam a validade de hipoteca que recai sobre bens imóveis situa-

dos no Brasil, ainda que as partes residam em país estrangeiro.

Questão 19    (CESPE/DPU/DEFENSOR/2015) Considerando a existência de relação ju-

rídica referente a determinado objeto envolvendo dois sujeitos, julgue o próximo item.

Se a norma jurídica regente da referida relação jurídica for revogada por norma

superveniente, as novas disposições normativas poderão, excepcionalmente, apli-

car-se a essa relação, ainda que não haja referência expressa à retroatividade.

Questão 20    (CESPE/MPE-AC/PROMOTOR/2014) Em relação à eficácia da lei no

tempo, assinale a opção correta.

a) Por meio da revogação, em sentido amplo, termo afeto ao processo legislativo,

a norma é extinta do sistema jurídico por outro ato normativo da mesma espécie,

o que não se aplica às normas declaradas inconstitucionais.

b) A irretroatividade é a regra geral em matéria de direito intertemporal, não se

admitindo, em hipótese alguma, a retroatividade de atos normativos em observân-

cia à segurança jurídica.

c) A promulgação da lei a torna obrigatória para a coletividade.

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d) Pode ser promulgada nova lei sobre o mesmo assunto de norma já promulgada,

sem que se ab-rogue tacitamente a anterior.

e) A vigência da lei coincide necessariamente com a data de sua publicação no

Diário Oficial.

Questão 21    (CESPE/PGE-PI/PROCURADOR/2014) De acordo com a Lei de Intro-

dução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB), assinale a opção correta.

a) Há direito adquirido quando já tiverem sido praticados todos os atos ou realiza-

dos todos os fatos exigidos pela lei para a obtenção do direito pretendido. Nesse

contexto, é correto afirmar que nem todo direito adquirido surge de uma relação

jurídica, a exemplo do direito de apropriar-se de coisa sem dono.

b) O sistema jurídico brasileiro admite que, devido ao desuso, uma lei possa deixar

de ser aplicada.

c) Na situação em que uma lei anterior e especial esteja em confronto com outra

lei geral posterior, tem-se uma antinomia de primeiro grau, perfeitamente solucio-

nável com as regras previstas na LINDB.

d) A proibição de desconhecimento da lei imposta pela LINDB é absoluta.

e) A lacuna ontológica ocorre quando existe texto legal que soluciona uma situação

concreta, mas que contraria os princípios e os axiomas norteadores da própria ideia

de justiça.

Questão 22    (CESPE/PGM MANAUS-AM/PROCURADOR/2018) O conflito de normas

que pode ser resolvido com a simples aplicação do critério hierárquico é classificado

como antinomia aparente de primeiro grau.

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Questão 23    (CESPE/TJ-RN/JUIZ/2013) Consoante a Lei de Introdução às Normas

do Direito Brasileiro, assinale a opção correta.

a) A lei posterior somente revoga a anterior quando expressamente o declare, po-

dendo a revogação ser total (ab-rogação) ou parcial (derrogação).

b) As regras de aplicação da lei no espaço estabelecem que deve ser aplicada a

lei brasileira quando a obrigação resultante de contrato tenha de ser cumprida no

Brasil, ainda que o domicílio do proponente seja em outro país.

c) Na sucessão por morte ou por ausência de estrangeiro, a lei do domicílio do her-

deiro ou legatário regula a capacidade para suceder, independentemente do lugar

do domicílio do falecido ou ausente.

d) A prova dos fatos ocorridos em país estrangeiro rege-se pela lei brasileira quan-

to ao ônus e aos meios de produzir-se, não admitindo os tribunais brasileiros pro-

vas que a lei brasileira desconheça.

e) A referida lei prevê, como métodos de integração das normas, em ordem

preferencial e taxativa, a analogia, os costumes, os princípios gerais de direito

e a equidade.

Questão 24    (CESPE/PC-MA/DELEGADO/2018) De acordo com a LINDB, no tocante

ao fenômeno da repristinação, salvo disposição em contrário, a lei

a) nova que estabeleça disposições gerais a respeito de outras já existentes não

revogará leis anteriores.

b) revogada voltará a vigorar se a lei que a revogou for declarada inconstitucional

em controle difuso.

c) revogada não se restaurará se a lei revogadora perder a vigência.

d) nova que estabeleça disposições especiais a respeito de outras já existentes não

revogará leis anteriores.

e) nova revogará a anterior se regular inteiramente a mesma matéria.

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Questão 25    (CESPE/MPE-RO/PROMOTOR/2013) A respeito da vigência, da aplica-

ção, da interpretação e da integração das leis, assinale a opção correta.

a) A interpretação literal é a realizada pelo próprio legislador, por meio de outro

ato normativo.

b) No âmbito contratual, havendo boa-fé objetiva, o juiz pode utilizar a analogia

para dirimir a lide.

c) Dada a obrigatoriedade simultânea, a lei brasileira entra em vigor, em todo o

país, na data de publicação.

d) Lei complementar prevalece sobre a lei ordinária em razão da matéria versada.

e) O emprego da integração das normas para decidir vincula outras decisões do

juiz em casos análogos.

Questão 26    (CESPE/MC/ATIVIDADE TÉCNICA/2013) O direito pátrio tem como re-

gra a aplicação da lei nova aos casos futuros, continuando a norma revogada a

reger os casos pendentes.

Questão 27    (CESPE/PF/DELEGADO/2018) Diante da existência de normas gerais

sobre determinado assunto, publicou-se oficialmente nova lei que estabelece dis-

posições especiais acerca desse assunto. Nada ficou estabelecido acerca da data

em que essa nova lei entraria em vigor nem do prazo de sua vigência. Seis meses

depois da publicação oficial da nova lei, um juiz recebeu um processo em que as

partes discutiam um contrato firmado anos antes. A partir dessa situação hipotéti-

ca, julgue o item a seguir, considerando o disposto na Lei de Introdução às Normas

do Direito Brasileiro.

O contrato é regido pelas normas em vigor à data de sua celebração, observados

os efeitos futuros ocorridos após a vacatio legis da nova lei.

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Questão 28    (QUESTÃO INÉDITA) Não há direito adquirido a regime jurídico.

Questão 29    (CESPE/AGU/ADVOGADO DA UNIÃO/2009) Suponha que, no dia 20

de janeiro, tenha sido publicada lei estabelecendo, no art. 2º, que os proprietários

de veículos populares pagariam, na ocasião do abastecimento, 20% a menos do

preço fixado na bomba de combustível. Suponha, ainda, que, no art. 5º, a referida

lei tenha definido veículo popular como aquele com motorização até 1.6. Conside-

rando essa situação hipotética, julgue o item a seguir.

Caso o juiz constate erro na definição de veículo popular pela referida lei, ele po-

derá, em processo sob seu exame, corrigi-lo sob a fundamentação de que toda lei

necessita ser interpretada teleologicamente e de que, na aplicação da lei, o juiz

atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum.

Questão 30    (IADES/APEX BRASIL/ANALISTA/2018) Com vistas a expandir suas

atividades comerciais para o mercado europeu, uma sociedade brasileira, com sede

em São Paulo, decidiu contratar os serviços de uma empresa belga, sediada em

Bruxelas. Após a fase de negociações feita por videoconferência, os representantes

das duas empresas se encontraram em uma feira de promoção comercial inter-

nacional em Buenos Aires, Argentina, onde foi assinado o contrato de prestação

do serviço de consultoria de planejamento estratégico e marketing, com duração

fixa de quatro meses, na sede da empresa brasileira. Passados dois meses após a

data limite para o término da entrega do serviço, a empresa belga ainda não havia

sequer iniciado a prestação do serviço, alegando dificuldades financeiras internas.

A empresa brasileira ajuizou ação no Brasil, invocando a cláusula penal do contra-

to, que previa um desconto de 15% no preço total do serviço por mês de atraso.

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A empresa belga, na sua contestação, alegou que tal cláusula era inválida segundo

o direito belga.

Acerca da controvérsia judicial exposta, assinale a alternativa correta.

a) O local de prestação do serviço determina qual lei deve ser aplicada, ainda que

haja cláusula de eleição de foro dispondo diferentemente.

b) No que tange à competência material, o que vale é a lei do local de celebração

do contrato, portanto, a lei argentina.

c) A empresa belga tem razão, devendo-se aplicar as regras do país de sua sede

social, ou seja, a Bélgica.

d) Qualquer cláusula de eleição de foro não teria efeitos, visto que o direito brasi-

leiro veda expressamente essa eleição no caso de contratos internacionais.

e) O pedido da empresa brasileira é procedente, pois o país de cumprimento do

contrato é o Brasil.

Questão 31    (CESPE/TJ-PB/JUIZ/2011) Com relação aos institutos da interpreta-

ção e da integração da lei, assinale a opção correta.

a) Segundo a doutrina, os princípios gerais do direito expressam-se nas máximas

jurídicas, nos adágios ou brocardos, sendo todas essas expressões fórmulas conci-

sas que representam experiência secular, com valor jurídico próprio.

b) A interpretação histórica tem por objetivo adaptar o sentido ou a finalidade da

norma às novas exigências sociais, em atenção às demandas do bem comum.

c) Implícito no sistema jurídico civil, o princípio segundo o qual ninguém pode

transferir mais direitos do que tem é compreendido como princípio geral de direito,

podendo ser utilizado como meio de integração das normas jurídicas.

d) No direito civil, não há doutrina que admita a hierarquia na utilização dos meca-

nismos de integração das normas jurídicas constantes no Código Civil.

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e) Não há distinção entre analogia legis e analogia juris, uma vez que ambas se

fundamentam em um conjunto de normas para a obtenção de elementos que per-

mitam sua aplicação em casos concretos.

Questão 32    (CESPE/TRE-TO/ANALISTA/2017) De acordo com a Lei de Introdução

às Normas do Direito Brasileiro,

a) o princípio da obrigatoriedade das leis é incompatível com o instituto do erro de

direito.

b) em relação à eficácia da lei no tempo, a retroatividade de uma lei no ordena-

mento jurídico será máxima.

c) adota-se, quanto à eficácia da lei no espaço, o princípio da territorialidade mitigada.

d) em caso de omissão da lei, o juiz decidirá o caso de acordo com as regras de

experiência.

e) será admitida correção de texto legal apenas antes de a lei entrar em vigor.

Questão 33    (CESPE/TRF-1/TÉCNICO/2017) Admite-se o costume contra legem

como instrumento de integração das normas

Questão 34    (CESPE/TRF-1/TÉCNICO/2017) A lei do país em que a pessoa for do-

miciliada determina as regras sobre o começo e o fim de sua personalidade.

Questão 35    (CESPE/TRF-1/TÉCNICO/2017) A vigência das leis pode ocorrer de

forma temporária ou por tempo indeterminado.

Questão 36    (CESPE/TRF-1/TÉCNICO/2017) Derrogação é o fenômeno que ocorre

quando há revogação total de uma lei.

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Questão 37    (CESPE/TRF-5/JUIZ/2017) A continuidade de aplicação de lei já re-

vogada às relações jurídicas civis consolidadas durante a sua vigência caracteriza

a) a aplicação do princípio da segurança jurídica.

b) a ultratividade da norma.

c) a repristinação da norma.

d) o princípio da continuidade normativa.

e) a supremacia da lei revogada.

Questão 38    (CESPE/DPE-AL/DEFENSOR/2017) Em 1º/1/2017, Lúcio, que era bra-

sileiro e casado sob o regime legal com Maria, também brasileira, ambos residentes

e domiciliados em um país asiático, faleceu. Lúcio deixou dois filhos como herdei-

ros, Vanessa e Robson, residentes e domiciliados no Brasil, e os seguintes bens a

inventariar: a casa em que residia no exterior, uma casa no Brasil e dois automó-

veis, localizados no exterior. O casamento de Lúcio e Maria foi celebrado no Brasil.

Antes do casamento, ele residia e era domiciliado no Brasil, ao passo que ela residia

e era domiciliada em um país africano. O primeiro domicílio do casal foi no exterior.

Considerando essa situação hipotética, assinale a opção correta.

a) A lei brasileira regulará a capacidade para suceder de Vanessa e Robson.

b) Aplica-se a lei brasileira quanto ao regime de bens do casal.

c) As regras sobre a morte de Lúcio são determinadas pela lei brasileira.

d) Aplica-se a lei brasileira quanto à regulação das relações concernentes a todos

os bens de Lúcio.

e) A sucessão de Lúcio obedecerá à lei brasileira.

Questão 39    (CESPE/TRT-RN/2010) Contrato celebrado na Espanha, ainda que

executado no Brasil, se sujeitará às normas vigentes naquele país.

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Questão 40    (CESPE/TRE-ES/2011) Se duas pessoas celebrarem um contrato na

Alemanha, sem estipular o direito a ser aplicado, e esse contrato for executado no

Brasil, local de domicílio da parte interessada, serão aplicadas as leis brasileiras.

Questão 41    (CESPE/TRE-BA/2010) No ordenamento brasileiro, a situação jurídica

do estrangeiro aqui domiciliado, concernente aos direitos da personalidade, capa-

cidade e direito de família, rege-se pela lei de seu país de origem, aplicando-se o

princípio do estatuto pessoal.

Questão 42    (CESPE/DPE-AL/DEFENSOR/2009) Antônio, residente e domiciliado

na cidade de Madri, na Espanha, faleceu, deixando como herança o apartamento

onde residia para Joana, sua única filha, residente e domiciliada no Brasil. Nessa

situação, a sucessão obedecerá à lei do país em que era domiciliado Antônio; no

entanto, será a lei brasileira que regulará a capacidade de Joana para suceder.

Questão 43    (QUESTÃO INÉDITA) Nas esferas administrativa, controladora e judi-

cial, não se decidirá com base em valores jurídicos abstratos sem que sejam con-

sideradas as consequências práticas da decisão.

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GABARITO
1. E 25. Anulada

2. C 26. E

3. C 27. Anulada

4. E 28. C

5. C 29. E

6. C 30. e

7. E 31. c

8. C 32. c

9. C 33. E

10. C 34. C

11. d 35. C

12. E 36. E

13. E 37. b

14. C 38. a

15. a 39. E

16. e 40. E

17. E 41. E

18. e 42. C

19. E 43. C

20. d

21. a

22. C

23. c

24. c

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GABARITO COMENTADO
Questão 1    (CESPE/TCE-PA/AUXILIAR/2016) Uma lei nova, oficialmente publicada,

que regula inteiramente assunto que antes era disciplinado por outra norma, nada

estabeleceu sobre a data de sua entrada em vigor e o seu prazo de vigência; foi

silente também quanto à revogação da lei mais antiga. Sessenta dias depois da

publicação oficial, um juiz recebeu um processo em que as partes discutiam um

contrato firmado anos antes, com base na lei antiga.

Acerca dessa situação hipotética, julgue o item subsequente, considerando as dis-

posições da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro.

Dispositivos da lei antiga que forem compatíveis com a lei nova ainda estarão vigentes.

Errado.

Como a nova lei regulou inteiramente a matéria da lei anterior, houve revogação

tácita de toda lei anterior, com inclusão de todos os seus dispositivos, mesmo os

que eram compatíveis com a nova lei. Afinal de contas, a nova lei regulou TUDO da

lei anterior; logo, tudo dessa lei antiga está revogado. Admitir que alguns disposi-

tivos da lei antiga permanecessem em vigor, ainda que compatíveis com a nova lei,

iria desvirtuar o espírito da nova lei. Isso ocorre por força da parte final do § 1º do

art. 2º da LINDB:

A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela
incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior.

Questão 2    (CESPE/PC-SE/DELEGADO/2018) Uma nova lei, que disciplinou inte-

gralmente matéria antes regulada por outra norma, foi publicada oficialmente sem

estabelecer data para a sua entrada em vigor e sem prever prazo de sua vigência.

Sessenta dias após a publicação oficial dessa nova lei, foi ajuizada uma ação em

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que as partes discutem um contrato firmado anos antes sobre o assunto objeto das

referidas normas. Tendo como referência essa situação hipotética, julgue o seguin-

te item, com base na Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro.

No momento do ajuizamento da ação, a nova lei já estava em vigor.

Certo.

A nova lei revogou implicitamente a anterior por ter disciplinado inteiramente a

matéria da lei anterior (art. 2º, § 1º, da LINDB). A nova lei entrou em vigor 45 dias

após sua publicação, diante da falta de norma em contrário (art. 1º da LINDB).

Logo, quando a ação foi ajuizada, a nova lei já estava em vigor, como diz a questão.

Em nenhum momento a questão disse que o contrato será analisado à luz da nova lei,

pois isso seria uma afirmação incorreta, diante do fato de que o contrato se sujeita ape-

nas à lei da época de sua vigência, por ser um ato jurídico perfeito (art. 6º da LINDB).

Questão 3    (CESPE/PF/DELEGADO/2018) Diante da existência de normas gerais


sobre determinado assunto, publicou-se oficialmente nova lei que estabelece dis-

posições especiais acerca desse assunto. Nada ficou estabelecido acerca da data

em que essa nova lei entraria em vigor nem do prazo de sua vigência. Seis meses

depois da publicação oficial da nova lei, um juiz recebeu um processo em que as

partes discutiam um contrato firmado anos antes. A partir dessa situação hipotéti-

ca, julgue o item a seguir, considerando o disposto na Lei de Introdução às Normas

do Direito Brasileiro.

A nova lei começou a vigorar no país quarenta e cinco dias depois de oficialmente

publicada e permanecerá em vigor até que outra lei a modifique ou a revogue.

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Certo.

A questão reproduz a regra do art. 1º da LINDB (vacatio legis é de 45 dias, salvo

disposição em contrário) e o princípio da continuidade da lei, previsto no caput do

art. 2º da LINDB, o qual ora se transcreve:

Art. 2º Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modi-
fique ou revogue.
(...)

Questão 4    (CESPE/STJ/TÉCNICO/2018) Se a lei não dispuser em sentido diverso,

a sua vigência terá início noventa dias após a data de sua publicação.

Errado.

A vacatio legis é de 45 dias, salvo disposição contrária (art. 1º da LINDB).

Questão 5    (CESPE/STJ/TÉCNICO/2018) O intervalo temporal entre a publicação e

o início de vigência de uma lei denomina-se vacatio legis.

Certo.

Questão define a vacatio legis.

Questão 6    (CESPE/STJ/TÉCNICO/2018) Lei em vigor tem efeito imediato e geral,

respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada.

Certo.

Trata-se do caput do art. 6º da LINDB, a seguir transcrito:

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Art. 6º A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito,
o direito adquirido e a coisa julgada.
§ 1º Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado segundo a lei vigente ao tempo em
que se efetuou.
§ 2º Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou alguém por ele,
possa exercer, como aqueles cujo começo do exercício tenha termo prefixo, ou condição
preestabelecida inalterável, a arbítrio de outrem.
§ 3º Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial de que já não caiba
recurso.

Questão 7    (CESPE/STJ/TÉCNICO/2018) O prazo de vacatio legis se aplica às leis,


aos decretos e aos regulamentos.

Errado.
O prazo de vacatio legis somente se aplica para leis, e não para atos infralegais
(decretos, regulamentos, portarias etc.) por força do art. 1º da LINDB. Alerta-se
que, quando se tratar de emenda constitucional, não se pode aplicar o art. 1º da
LINDB, pois a vacatio constitutionis (a Emenda Constitucional muda a Constituição,
e não uma lei, razão por que não se pode falar aí em vacatio legis) só pode estar
prevista em um texto constitucional. Emenda constitucional não é atingida por leis
ordinárias, como a LINDB.

Questão 8    (CESPE/PC-SE/DELEGADO/2018) Uma nova lei, que disciplinou inte-


gralmente matéria antes regulada por outra norma, foi publicada oficialmente sem
estabelecer data para a sua entrada em vigor e sem prever prazo de sua vigência.
Sessenta dias após a publicação oficial dessa nova lei, foi ajuizada uma ação em
que as partes discutem um contrato firmado anos antes sobre o assunto objeto das
referidas normas. Tendo como referência essa situação hipotética, julgue o seguin-
te item, com base na Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro.
Apesar de a nova lei ter revogado integralmente a anterior, ela não se aplica ao
contrato objeto da ação.

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Certo.

O contrato foi firmado sob a égide da lei antiga, logo, ele tem de ser regido pela lei

antiga. Nenhuma nova lei pode discipliná-lo, pois isso seria uma retroatividade que

atingiria um ato jurídico perfeito (o contrato já celebrado). Não importa se a ação

foi proposta posteriormente, pois o que importa é a lei vigente à época da celebra-

ção do contrato. Por isso, está correta a questão ao afirmar que a nova lei não se

aplica ao contrato em pauta.

Questão 9    (CESPE/BNB/ANALISTA/2018) O ato jurídico perfeito é aquele já con-

sumado segundo a lei vigente ao tempo em que tenha sido efetuado.

Certo.

Um contrato já assinado é um exemplo de ato jurídico perfeito. Já um contrato

ainda não assinado pelo fato de as partes ainda estarem negociando suas cláusu-

las não o é. A questão corresponde à definição de ato jurídico perfeito prevista no

art. 6º, § 1º, da LINDB, que merece ser transcrito.

Art. 6º A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito,
o direito adquirido e a coisa julgada.
§ 1º Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado segundo a lei vigente ao tempo em
que se efetuou.
§ 2º Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou alguém por ele,
possa exercer, como aqueles cujo começo do exercício tenha termo prefixo, ou condição
preestabelecida inalterável, a arbítrio de outrem.
§ 3º Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial de que já não caiba recurso.

Questão 10    (CESPE/MPE-PI/ANALISTA/2018) Conforme a jurisprudência do Su-

perior Tribunal de Justiça (STJ), cassino que funcione no exterior de forma legal

poderá cobrar, no Brasil, por dívida de jogo contraída por brasileiro no exterior.

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Certo.

Não violam a ordem pública, os bons costumes e a soberania nacional contratos de

jogos celebrados no exterior, em país em que tal prática é lícita. Por isso, o STJ ad-

mitiu que, por meio de ação ajuizada no Brasil, o famoso hotel cassino norte-ame-

ricano chamado Wynn cobrasse uma dívida de jogo contraída por um brasileiro em

viagem de férias a Las Vegas (STJ, REsp 1628974/SP, 3ª Turma, Rel. Min. Ricardo

Villas Bôas Cueva, DJe 25/08/2017).

Questão 11    (CESPE/TCE-MG/ANALISTA/2018) Ao buscar uma adaptação da lei

para aplicá-la a exigências atuais e concretas da sociedade, o intérprete da legisla-

ção utiliza-se da interpretação

a) histórica.

b) sistemática.

c) extensiva.

d) teleológica.

e) lógica.

Letra d.

A questão define a interpretação teleológica, também chamada de interpretação

sociológica. A propósito da classificação de interpretação, vale o seguinte resumo:

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CLASSIFICAÇÃO DA INTERPRETAÇÃO
É a feita pelo legislador.
Interpretação autêntica
Ex.: uma lei diz como interpretar outra.
Quanto à
Interpretação É a feita pelos doutrinadores (os juristas que
origem ou à
doutrinária escrevem livros ou textos interpretando a lei).
fonte
É a feita pelos profissionais do direito, como os
Interpretação judicial
juízes e os Tribunais.
É a que alcança sentido maior do que o texto legal
Interpretação extensiva
(o texto normativo disse menos do que queria).
Quanto Interpretação
É a que alcança sentido igual ao texto legal.
à extensão declarativa
É a que alcança sentido menor do que a norma (o
Interpretação restritiva
texto normativo disse mais do que queria).
Interpretação É a feita mediante a busca pelo sentido denota-
gramatical ou literal tivo das palavras.
É a feita para harmonizar o texto de uma norma
Interpretação
ao de outras, na ideia de todo o ordenamento
sistemática
jurídico é um sistema harmônico.
Quanto É a baseada nos debates legislativos que gera-
Interpretação histórica
ao modo ram a norma.
Interpretação É a que busca adaptar o texto da norma à reali-
teleológica ou sociológica dade social atual.
É a baseada em um raciocínio que define o
Interpretação
alcance da norma a partir de suas motivações
lógica ou racional
históricas, políticas e ideológicas

Questão 12    (CESPE/MINISTÉRIO DAS COMUNICAÇÕES/TÉCNICO DE NÍVEL

SUPERIOR/2013) Na interpretação lógica de uma lei, parte-se da ideia de que a lei

não existe isoladamente, devendo o seu sentido ser alcançado em consonância com

as demais normas que inspiram o mesmo ramo do direito.

Errado.

Para Nelson Rosenvald e Cristiano Chaves Farias, a interpretação sistemática

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é a interpretação partindo da ideia de que a lei não existe isoladamente, devendo ser
alcançado o seu sentido em consonância com as demais normas que inspiram aquele
ramo do Direito.1

Por isso, essa questão foi considerada “errada”, por se referir à interpretação sis-

temática.

Questão 13    (CESPE/TJ-RR/AGENTE/2013) A interpretação sistemática de uma

norma implica a adequação da lei ao contexto da sociedade e aos fatos sociais.

Errado.

A questão se refere, na verdade, à interpretação sociológica ou teleológica. Para

Nelson Rosenvald e Cristiano Chaves Farias, a interpretação pode ser “sociológica,

também dita teleológica, quando se procura adaptar a lei às exigências atuais e

concretas da sociedade”.2 Já para Carlos Roberto Gonçalves:

A interpretação sociológica ou teleológica tem por objetivo adaptar o sentido ou a fi-


nalidade da norma às novas exigências sociais, com abandono do individualismo que
preponderou no período anterior à edição da Lei de Introdução ao Código Civil. Tal re-
comendação é endereçada ao magistrado no art. 5º da referida lei, que assim dispõe:
“Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se destina e às exigências
do bem comum”.3

Questão 14    (CESPE/MPU/ANALISTA/2018) Na interpretação sistemática de lei,

o intérprete busca o sentido da norma em consonância com as que inspiram o

mesmo ramo do direito.

1
ROSENVALD, Nelson; FARIAS, Cristiano Chaves de. Direito Civil: parte geral. Rio de Janeiro: Lumen Juris,
2010. p. 78.
2
ROSENVALD, Nelson; FARIAS, Cristiano Chaves de. Direito Civil: parte geral. Rio de Janeiro: Lumen Juris,
2010. p. 78.
3
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro, volume 1: parte geral. São Paulo: Saraiva, 2011. p. 81.

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Certo.
A questão merecia ser anulada por ignorar haver divergência doutrinária quanto à
restrição da interpretação sistemática ao mesmo ramo do direito. De um lado, há
doutrinadores que definem a interpretação sistemática como a harmonização de uma
norma com outras do mesmo ramo do direito (da mesma província do direito), como
costumam dizer Carlos Roberto Gonçalves, Cristiano Chaves e Nelson Rosenvald.
De outro lado, outros doutrinadores não fazem essa restrição, admitindo que a har-
monização deve ser não apenas com outras normas do mesmo ramo, mas também
de outros ramos, na ideia de que TODO o ordenamento deve ser coerente. A ques-
tão, todavia, copiou o livro dos professores Cristiano Chaves e Nelson Rosenvald.

Questão 15    (CESPE/TRT-8/ANALISTA/2016) Assinale a opção correta, em relação


à classificação e à eficácia das leis no tempo e no espaço.
a) Quanto à eficácia da lei no espaço, no Brasil se adota o princípio da territoria-
lidade moderada, que permite, em alguns casos, que lei estrangeira seja aplicada
dentro de território brasileiro.
b) De acordo com a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB), em
regra, a lei revogada é restaurada quando a lei revogadora perde a vigência.
c) Por ser o direito civil ramo do direito privado, impera o princípio da autonomia
de vontade, de forma que as partes podem, de comum acordo, afastar a imperati-
vidade das leis denominadas cogentes.
d) A lei entra em vigor somente depois de transcorrido o prazo da vacatio legis,
e não com sua publicação em órgão oficial.
e) Dado o princípio da continuidade, a lei terá vigência enquanto outra não a modi-
ficar ou revogar, podendo a revogação ocorrer pela derrogação, que é a supressão
integral da lei, ou pela ab-rogação, quando a supressão é apenas parcial.

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Letra a.

Vamos comentar cada item.

a) Certa. Realmente, é adotado o princípio (ou doutrina, ou sistema) da territoria-

lidade moderada em matéria de lei no espaço, pois, embora a regra geral seja a de

que fatos jurídicos ocorridos no território brasileiro se sujeitem à lei brasileira, há

exceções. Um exemplo de exceção é a lex domicilii, prevista no art. 7º da LINDB:

A lei do país em que domiciliada a pessoa determina as regras sobre o começo e o fim
da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família.

Assim, se uma mulher da Arábia Saudita vem ao Brasil apenas de férias, ela não

poderá invocar a lei brasileira para disciplinar a sua capacidade, pois ela é regida

pela lex domicilii. Assim, se na Arábia Saudita a mulher é relativamente incapaz,

essa visitante continuará sendo considerada incapaz, pois a lei brasileira não se

sobreporá à lei do domicílio dela. Sobre o tema, ensina Maria Helena Diniz:

Sabemos que, em razão da soberania estatal, a norma aplica-se no espaço delimitado


pelas fronteiras do Estado. Todavia, esse princípio da territorialidade não pode ser apli-
cado de modo absoluto, ante o fato de a comunidade humana alargar-se no espaço,
relacionando-se com pessoas de outros Estados, como seria o caso de um brasileiro que
herda de um parente bens situados na Itália; do brasileiro que convola núpcias com
francesa na Inglaterra; do norte-americano divorciado que pretende casar-se com bra-
sileira no Brasil; da empresa brasileira que contrata com empresa alemã etc.
Sem comprometer a soberania nacional e a ordem internacional, os Estados modernos
têm permitido que, em seu território, se apliquem, em determinadas hipóteses, normas
estrangeiras, admitindo assim a extraterritorialidade, para tornar mais fáceis as re-
lações internacionais, possibilitando conciliar duas ou mais ordens jurídicas pela adoção
de uma norma que dê solução mais justa.
A territorialidade e a extraterritorialidade correspondem a tendências legislativas con-
tidas na Lei de Introdução. A  territorialidade significa a aplicação das leis locais sem
considerar as alienígenas. O juiz não poderá aplicar outras leis senão as nacionais.
A extraterritorialidade corresponde aos efeitos das leis além das fronteiras do país,
havendo permissão legal para aplicar normas estrangeiras. Por exemplo, o magistrado
que analisar questão de imóvel situado na Alemanha deverá aplicar a norma alemã para
decidir o caso sub judice.

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O Brasil adotou a doutrina da territorialidade moderada.


Pela territorialidade, a  norma aplica-se no território do Estado, inclusive ficto, como
embaixadas, consulados e navios de guerra onde quer que se encontrem, navios mer-
cantes em águas territoriais ou em alto-mar, navios estrangeiros, menos os de guerra,
em águas territoriais, aeronaves no espaço aéreo do Estado, assemelhando-se a posi-
ção dos aviões de guerra à dos barcos de guerra. Regula o princípio da territorialidade o
regime de bens e obrigações (LICC, arts. 8º e 9º). Já que se aplica a lex rei sitae para
qualificar bens e reger as relações a eles concernentes – embora a Lei de Introdução
ordene a aplicação da lei do domicílio do proprietário, quanto aos bens móveis que ele
trouxer, ou se se destinarem a transporte para outros lugares –, a norma locus regit
actum regula as obrigações que se sujeitam às normas do país em que se constituírem,
bem como a prova de fatos ocorridos em país estrangeiro (LICC, art. 13).
Pela extraterritorialidade aplica-se a norma em território de outro Estado, segundo os
princípios e convenções internacionais. Classicamente denomina-se estatuto pessoal
a situação jurídica que rege o estrangeiro pela lei de seu país de origem. Trata-se de
hipótese em que a norma de um Estado acompanha um cidadão no estrangeiro para
regular seus direitos. Esse estatuto pessoal baseia-se na lei da nacionalidade ou na lei
do domicílio. No Brasil, em virtude do disposto no art. 7º da Lei de Introdução ao Códi-
go Civil, funda-se na lei do domicílio. Regem-se por esse princípio as questões relativas
ao começo e fim da personalidade, ao nome, à capacidade das pessoas, ao direito de
família e sucessões (LICC, arts. 7º e 10), à competência da autoridade judiciária (LICC,
art. 12). Há, apesar disso, um limite à extraterritorialidade da lei, pois atos, sentenças
e leis de países alienígenas não serão aceitos no Brasil quando ofenderem a soberania
nacional, a ordem pública e os bens costumes (LICC, art. 17).
(...). Logo, a norma estrangeira passará momentaneamente a integrar o direito nacio-
nal, por força da norma de direito internacional privado, pois o órgão judicante a utiliza-
rá, tão somente, para solucionar determinado caso submetido à sua apreciação. A terri-
torialidade e a extraterritorialidade constituem qualidades atinentes ao próprio conteúdo
da Lei de Introdução necessárias para que haja convivência dos diferentes povos.
A Lei de Introdução contém, portanto, normas para a solução de conflitos de leis es-
paciotemporais, pois qualquer questão jurídica não poderá ser resolvida in vácuo, ou
seja, fora do tempo e do espaço; dependerá, por conseguinte, do que estiver previsto
no ordenamento jurídico positivo.4

b) Errada. A repristinação é, em regra, vedada, salvo disposição expressa em con-

trário (art. 2º, § 3º, da LINDB).

4
DINIZ, Maria Helena. Lei de Introdução ao Código Civil Brasileiro interpretada. São Paulo: Saraiva, 2011. p. 34-36.

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c) Errada. Leis cogentes (= leis imperativas) são leis de ordem pública e, portan-

to, não podem ser contornadas pelas partes, sob pena de invalidade. A propósito,

o inciso VI do art. 166 do CC determina a nulidade do negócio jurídico que tenha

“por objetivo fraudar lei imperativa”.

d) Errada. O item está mal redigido. Como se trata de uma questão de múltipla es-

colha, o(a) candidato(a) tem de escolher a questão “mais correta” como resposta.

No caso, a letra “a” é mais correta do que a “d”. É que a letra “d” acaba insinuando

que a lei nunca poderia entrar em vigor na data de sua publicação, o que é errado,

pois, se houver determinação expressa na lei, isso ocorrerá. Isso é o que decorre

do caput do art. 1º da LINDB (“Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar

em todo o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada”).

e) Errada. Ab-rogação é supressão total (revogação total, por exemplo, todos os

artigos da lei antiga são revogados), ao passo que derrogação é a supressão parcial

(revogação parcial, por exemplo, só alguns artigos da lei anterior são revogados).

Questão 16    (CESPE/TJ-PB/JUIZ/2015) Acerca da eficácia da lei no tempo e no es-

paço, assinale a opção correta.

a) O direito brasileiro veda o denominado efeito repristinatório das normas, mesmo

que previsto expressamente, de modo que uma lei nova não pode prever a recupe-

ração da vigência de lei já revogada.

b) Caso uma lei cujo prazo de vigência não se tenha iniciado seja novamente pu-

blicada para correção de erro material constante da publicação anterior, o prazo da

vacatio legis será contado a partir da primeira publicação, salvo se outra data nela

vier expressa.

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c) A contagem do prazo para a entrada em vigor das leis que estabeleçam período

de vacância deve ser feita nos termos da regra geral do direito civil, de modo a se

excluir a data da publicação da lei e se incluir o último dia do prazo.

d) No que se refere à eficácia espacial da lei, o ordenamento pátrio adotou o sis-

tema da territorialidade moderada, de forma a permitir a aplicação de lei brasileira

dentro do território nacional e, excepcionalmente, fora, sem, contudo, admitir a

aplicação de lei estrangeira nos limites do Brasil.

e) Em razão da denominada ultratividade da norma, mesmo revogado, o Código

Civil de 1916 tem aplicação às sucessões abertas durante a sua vigência, ainda que

o inventário tenha sido proposto após o advento do Código Civil de 2002.

Letra e.

Vamos comentar cada item.

a) Errada. Há dois motivos para esse gabarito. O primeiro é que, como a questão

está tratando de caso de ressurreição (repristinação) de lei anteriormente revo-

gada, sabemos que a repristinação é, em regra, vedada, salvo se houver previsão

expressa (art. 2º, § 3º, da LINDB), o contrário do exposto na questão.

O segundo motivo é que há controvérsia sobre a sinonímia entre “repristinação” e

“efeito repristinatório”, o que, no mínimo, colocaria a questão sob suspeição. De

um lado, os termos são tomados como sinônimos. De outro, adota-se “repristi-

nação” para o caso de revogações de leis sucessivas: retorno da vigência de uma

lei revogada. Sob essa ótica, a repristinação é vedada, salvo disposição contrária

(art. 2º, § 3º, da LINDB). A expressão “efeito repristinatório” fica para casos de

retorno à vigência de uma lei que havia sido: (1) revogada por uma lei que veio a

ser declarada inconstitucional; (2) revogada por uma Medida Provisória que não foi

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convertida em lei; ou (3) suspensa por uma lei geral federal nos casos de compe-

tência legislativa concorrente nos termos do § 4º do art. 24 da CF. Sob essa pers-

pectiva, o “efeito repristinatório” é automático: independe de previsão expressa.

b) Errada. Conta-se a vacatio legis da republicação, conforme § 3º do art. 1º da

LINDB:

Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, destinada a
correção, o prazo deste artigo e dos parágrafos anteriores começará a correr da nova
publicação.

c) Errada. A lei tem pressa em entrar em vigor: conta-se o dia do início e o dia do

fim, conforme § 1º do art. 8º da LC n. 95/1998:

A contagem do prazo para entrada em vigor das leis que estabeleçam período de vacân-
cia far-se-á com a inclusão da data da publicação e do último dia do prazo, entrando em
vigor no dia subsequente à sua consumação integral.

d) Errada. Admitimos a aplicação da lei estrangeira no território brasileiro de modo

excepcional, como no caso da lex domicilii, prevista no art. 7º da LINDB. Aliás, é por

isso que batizamos de “moderada” a doutrina da territorialidade adotada pela LINDB.

e) Certa. Ultratividade é a aplicação de uma norma já revogada para fatos jurídicos

ocorridos antes da revogação. No caso de um inventário, aplica-se a lei do momen-

to da morte, pois aí é que se abre a sucessão e aí que se transmite os bens. A data

da propositura da ação de inventário é irrelevante para tal efeito. Em confirmação,

com redundância, dispõe o art. 1.787 do CC: “Regula a sucessão e a legitimação

para suceder a lei vigente ao tempo da abertura daquela”.

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Questão 17    (CESPE/PF/DELEGADO/2018) Diante da existência de normas gerais

sobre determinado assunto, publicou-se oficialmente nova lei que estabelece dis-

posições especiais acerca desse assunto. Nada ficou estabelecido acerca da data

em que essa nova lei entraria em vigor nem do prazo de sua vigência. Seis meses

depois da publicação oficial da nova lei, um juiz recebeu um processo em que as

partes discutiam um contrato firmado anos antes. A partir dessa situação hipotéti-

ca, julgue o item a seguir, considerando o disposto na Lei de Introdução às Normas

do Direito Brasileiro.

O caso hipotético configura repristinação, devendo o julgador, por isso, diante de

eventual conflito de normas, aplicar a lei mais nova e específica.

Errado.

No caso, o juiz terá de aplicar a lei vigente à época da celebração do contrato,

apesar de essa lei já ter sido revogada. Isso configura a chamada “ultratividade”

(lei revogada continua a reger os fatos ocorridos durante sua vigência). Portanto,

o caso em pauta nada tem a ver com a repristinação.

Questão 18    (CESPE/TCE-PR/AUDITOR/2016) Em relação à Lei de Introdução às

Normas do Direito Brasileiro, assinale a opção correta.

a) Em regra, aceita-se o fenômeno da repristinação no ordenamento jurídico brasileiro.

b) Celebrado contrato no período de vigência de determinada lei, qualquer dos

contratantes poderá invocar a aplicação de lei posterior que lhes for mais benéfica.

c) Não se admite no ordenamento jurídico pátrio a chamada integração normativa,

ainda que para preencher eventuais lacunas do ordenamento.

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d) Publicada lei para corrigir texto de lei publicado com incorreção, não haverá

novo prazo de vacatio legis, se a publicação ocorrer antes da data em que a lei cor-

rigida entraria em vigor.

e) autoridade judiciária brasileira tem competência exclusiva para o conhecimento

de ações que discutam a validade de hipoteca que recai sobre bens imóveis situa-

dos no Brasil, ainda que as partes residam em país estrangeiro.

Letra e.

Vamos comentar cada item.

a) Errada. A regra é a vedação da repristinação, salvo disposição contrária (art. 2º,

§ 3º, da LINDB).

b) Errada. Aplica-se a lei do momento da celebração do contrato. Não pode lei

posterior, ainda que mais benéfica, atingir o contrato já celebrado, pois este é ato

jurídico perfeito e, como tal, não pode ser atingido por normas posteriores. Afinal

de contas, é vedada a retroatividade de leis quando prejudicar ato jurídico perfeito,

coisa julgada ou direito adquirido (art. 6º da LINDB). A questão quis confundir o(a)

candidato(a) com uma outra hipótese de retroatividade, que é admitida apenas no

Direito Penal: a da retroatividade da lei mais benéfica ao réu (art. 5º, XL, da CF: “a

lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu”).

c) Errada. A integração normativa é admitida quando houver omissão legal, con-

forme o art. 4º da LINDB (“Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acor-

do com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito”) e o art. 140 do

CPC (“O juiz não se exime de decidir sob a alegação de lacuna ou obscuridade do

ordenamento jurídico”).

d) Errada. Republicada uma lei ainda na vacatio legis para correção de erro mate-

rial, reinicia-se o prazo da vacatio legis, conforme § 3º do art. 1º da LINDB:

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Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, destinada a
correção, o prazo deste artigo e dos parágrafos anteriores começará a correr da nova
publicação.

Se, porém, a lei a ser corrigida já estivesse em vigor, não seria viável a republicação

para correção: haveria necessidade de uma nova lei para tanto, conforme o § 4º do

art. 1º da LINDB (“As correções a texto de lei já em vigor consideram-se lei nova”).

e) Certa. A competência para tratar de imóveis situados no Brasil é exclusiva

do juízo brasileiro. Não pode juiz estrangeiro decidir acerca disso, tudo conforme

art. 12, § 1º, da LINDB (“Só à autoridade judiciária brasileira compete conhecer

das ações relativas a imóveis situados no Brasil”) e art. 23, § 1º, do CPC (“Art. 23.

Compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de qualquer outra: (...) I

– conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil”).

Questão 19    (CESPE/DPU/DEFENSOR/2015) Considerando a existência de relação ju-

rídica referente a determinado objeto envolvendo dois sujeitos, julgue o próximo item.

Se a norma jurídica regente da referida relação jurídica for revogada por norma

superveniente, as novas disposições normativas poderão, excepcionalmente, apli-

car-se a essa relação, ainda que não haja referência expressa à retroatividade.

Errado.

Em regra, lei nova aplica-se apenas a fatos posteriores, e não anteriores, conforme

o princípio da irretroatividade das leis, previsto no art. 6º da LINDB. Logo, no caso

da questão, a relação jurídica continuará sendo regida pela norma jurídica que a

regia, sem qualquer interferência da norma superveniente.

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Questão 20    (CESPE/MPE-AC/PROMOTOR/2014) Em relação à eficácia da lei no

tempo, assinale a opção correta.


a) Por meio da revogação, em sentido amplo, termo afeto ao processo legislativo,
a norma é extinta do sistema jurídico por outro ato normativo da mesma espécie,
o que não se aplica às normas declaradas inconstitucionais.
b) A irretroatividade é a regra geral em matéria de direito intertemporal, não se
admitindo, em hipótese alguma, a retroatividade de atos normativos em observân-
cia à segurança jurídica.
c) A promulgação da lei a torna obrigatória para a coletividade.
d) Pode ser promulgada nova lei sobre o mesmo assunto de norma já promulgada,
sem que se ab-rogue tacitamente a anterior.
e) A vigência da lei coincide necessariamente com a data de sua publicação no
Diário Oficial.

Letra d.
Vamos comentar cada item.
a) Errada. Ao contrário do consignado no item, normas constitucionais também po-
dem ser revogadas por novas normas constitucionais. As únicas normas constitucio-
nais que não podem ser revogadas são aquelas consideradas como cláusula pétrea,
assim entendidas as que tratam das matérias listadas no § 4º do art. 60 da CF.
b) Errada. Embora a regra geral seja a irretroatividade (princípio da irretroativida-
de), é admitido que haja retroatividade, desde que não se prejudique ato jurídico
perfeito, coisa julgada e direito adquirido (art. 6º da LINDB). Além do mais, a pró-
pria CF prevê uma hipótese de retroatividade de leis em Direito Penal: a lei penal
mais benéfica ao réu retroage (art. 5º, XL, da CF: “a lei penal não retroagirá, salvo
para beneficiar o réu”). Está errada a alternativa quando afirma que, em hipótese

alguma, pode haver retroatividade.

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c) Errada. A lei se torna obrigatória com a sua entrada em vigor, e não com a sua

promulgação (art. 1º da LINDB).

d) Certa. A questão está mal redigida. Se fosse apenas um item isolado, ela mere-

cia anulação. Todavia, como se trata de questão de múltipla escolha, essa questão

acaba sendo o gabarito por ela ser a “menos errada”. Expliquemos. Como regra ge-

ral, se uma lei regula inteiramente a lei anterior, há revogação tácita da lei anterior

(parte final do § 1º do art. 2º da LINDB).

O item, porém, não tratando disso, e sim de uma nova lei que trata do mesmo assun-

to da anterior, o que pode acontecer de inúmeras maneiras. Uma maneira é uma nova

lei especial (ex.: CDC trata de contratos para consumidor) cuidar do mesmo assunto

tratado por uma lei geral (ex.: CC trata de contratos em geral). Não há revogação

nesse caso, pois a lei especial coexiste com geral (art. 2º, § 2º, da LINDB).

Ademais, uma nova lei pode tratar do mesmo assunto que uma lei anterior, apenas

para revogar alguns dispositivos da anterior. Nesse caso, há mera revogação par-

cial (derrogação), e não ab-rogação. Portanto, o item está “errado” por afirmar que

necessariamente haveria ab-rogação de se uma lei posterior tratasse do mesmo

assunto de uma lei anterior.

e) Errada. Como regra geral, não há essa coincidência, pois a lei, em regra, só

entra em vigor após 45 dias da publicação (art. 1º da LINDB).

Questão 21    (CESPE/PGE-PI/PROCURADOR/2014) De acordo com a Lei de Intro-

dução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB), assinale a opção correta.

a) Há direito adquirido quando já tiverem sido praticados todos os atos ou realiza-

dos todos os fatos exigidos pela lei para a obtenção do direito pretendido. Nesse

contexto, é correto afirmar que nem todo direito adquirido surge de uma relação

jurídica, a exemplo do direito de apropriar-se de coisa sem dono.

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b) O sistema jurídico brasileiro admite que, devido ao desuso, uma lei possa deixar

de ser aplicada.

c) Na situação em que uma lei anterior e especial esteja em confronto com outra

lei geral posterior, tem-se uma antinomia de primeiro grau, perfeitamente solucio-

nável com as regras previstas na LINDB.

d) A proibição de desconhecimento da lei imposta pela LINDB é absoluta.

e) A lacuna ontológica ocorre quando existe texto legal que soluciona uma situação

concreta, mas que contraria os princípios e os axiomas norteadores da própria ideia

de justiça.

Letra a.

Vamos comentar cada item.

a) Certa. Direito adquirido é aquele cujo titular já preencheu todos os requisitos

de aquisição, tal como é definido na questão. Não necessariamente decorre de

uma relação jurídica, que necessariamente envolve um vínculo entre duas ou mais

pessoas. Pode decorrer de um mero ato jurídico unilateral, como na hipótese de

alguém se apropriar de uma coisa sem dano (hipótese essa chamada de ocupação

e prevista no art. 1.263 do CC).

b) Errada. Não é admitida a revogação pelo desuso: não há previsão legal para

tanto. No direito romano, tal era admitido com o nome de desuetudo.

c) Errada. Aí é caso de antinomia de 2º grau, pois há dois critérios (cronológica

e da especialidade) em conflito. A antinomia de 1º grau ocorre quando só há um

critério em conflito. Ex.: lei posterior em conflito com lei anterior (só critério crono-

lógico está em conflito).

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d) Errada. A presunção de conhecimento da lei prevista no art. 3º da LINDB é re-

lativa, por se admitir exceção. Um exemplo é o fato de o art. 139, III, do CC admitir

a anulação do negócio jurídico por erro de direito.

e) Errada. A questão define a lacuna axiológica, conforme a dica a seguir.

DICA IMPORTANTE
LACUNA NORMATIVA = ausência total de norma pre-
vista para um determinado caso concreto. Nesses ca-
sos, cabe ao jurista suprir a lacuna legal por meio de
um método de integração normativa (art. 4º da LINDB;
art. 140 do CPC).
LACUNA ONTOLÓGICA = presença de norma para o
caso concreto, mas que não tenha eficácia social. A la-
cuna é chamada de “ontológica”, porque a razão de
existir do direito é a sua conexão com a realidade. On-
tologicamente, o direito nasce dos fatos, como diziam
os romanos.
LACUNA AXIOLÓGICA = presença de norma para o
caso concreto, mas cuja aplicação seja insatisfatória
ou injusta. Aí a norma está em conflito com os valores
de justiça (daí o nome “axiológica”: axiologia significa
aquilo que é relacionado a valores).

Questão 22    (CESPE/PGM MANAUS-AM/PROCURADOR/2018) O conflito de normas

que pode ser resolvido com a simples aplicação do critério hierárquico é classificado

como antinomia aparente de primeiro grau.

Certo.

Antinomia é o conflito de normas.

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A antinomia é de primeiro grau quando esse conflito pode ser resolvido por meio de

um dos critérios normativos de solução de antinomia: o cronológico (norma poste-

rior prevalece sobre a anterior); o da especialidade (norma especial coexiste com a

norma geral); e o hierárquico (norma superior prevalece sobre a anterior). Diz-se

que a antinomia de primeiro grau é aparente, porque, na verdade, como há uma

solução normativa, não há uma antinomia “de verdade”.

A antinomia é de segundo grau quando houver conflito entre os critérios norma-

tivos, o que pode ocorrer nestas hipóteses: (1) cronológico vs. hierárquico; (2)

cronológico vs. especialidade; e (3) hierárquico vs. especialidade. O ordenamento

só prevê solução normativa para os dois primeiros casos, fazendo o critério hierár-

quico e o da especialidade prevalecerem sobre o mais fraco dos critérios: o cronoló-

gico. Por isso, nesses dois primeiros casos, a antinomia de segundo grau é tida por

uma antinomia aparente. Já no terceiro caso (hierárquico vs. especialidade), não

há solução prévia no ordenamento, razão por que aí a antinomia de segundo grau

é chamada de antinomia real, a qual tem de ser resolvida por meio do princípio da

máxima justiça (= juiz deve, no caso concreto, dar a solução mais justa).

Na questão em pauta, fala-se da aplicação simples do critério hierárquico para

resolver o conflito de normas, o que se reporta a uma antinomia de primeiro grau,

que só envolve um critério para solução de antinomia. Por isso, o gabarito é “certo”.

Questão 23    (CESPE/TJ-RN/JUIZ/2013) Consoante a Lei de Introdução às Normas

do Direito Brasileiro, assinale a opção correta.

a) A lei posterior somente revoga a anterior quando expressamente o declare, po-

dendo a revogação ser total (ab-rogação) ou parcial (derrogação).

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b) As regras de aplicação da lei no espaço estabelecem que deve ser aplicada a

lei brasileira quando a obrigação resultante de contrato tenha de ser cumprida no

Brasil, ainda que o domicílio do proponente seja em outro país.

c) Na sucessão por morte ou por ausência de estrangeiro, a lei do domicílio do her-

deiro ou legatário regula a capacidade para suceder, independentemente do lugar

do domicílio do falecido ou ausente.

d) A prova dos fatos ocorridos em país estrangeiro rege-se pela lei brasileira quan-

to ao ônus e aos meios de produzir-se, não admitindo os tribunais brasileiros pro-

vas que a lei brasileira desconheça.

e) A referida lei prevê, como métodos de integração das normas, em ordem

preferencial e taxativa, a analogia, os costumes, os princípios gerais de direito

e a equidade.

Letra c.

Vamos comentar cada item.

a) Errada. A revogação pode ser tácita também nos casos do § 1º do art. 2º da

LINDB, e não “somente” expressa.

b) Errada. No caso de a obrigação a ser cumprida no Brasil, apenas se aplica a lei

brasileira quanto à forma, observadas as peculiaridades da lei estrangeira quanto aos

requisitos extrínsecos do ato (art. 9º, § 1º, da LINDB). Fora a forma, aplica-se, no

mais, a lei do lugar da obrigação (art. 9º, caput, da LINDB). A questão está errada

por afirmar que será aplicada a lei brasileira em tudo quanto diz respeito à obrigação.

c) Certa. É o § 2º do art. 10 da LINDB: “A lei do domicílio do herdeiro ou legatário

regula a capacidade para suceder”.

d) Errada. Aplica-se a lei estrangeira, e não a brasileira, conforme art. 13 da LINDB:

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A prova dos fatos ocorridos em país estrangeiro rege-se pela lei que nele vigorar, quanto
ao ônus e aos meios de produzir-se, não admitindo os tribunais brasileiros provas que
a lei brasileira desconheça.

e) Errada. A equidade não é método de integração na LINDB, conforme seu art. 4º:

“Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os cos-

tumes e os princípios gerais de direito”.

No regime da LINDB, a equidade é apenas um recurso auxiliar à aplicação da lei. É,

em outras palavras, uma ferramenta de que se vale o legislador para autorizar que

o juiz, ao se deparar com um caso concreto, tenha liberdade para decidir confor-

me a equidade. A equidade, portanto, só é utilizada quando houver lei em sentido

expresso determinando aplicá-la, conforme o parágrafo único do art. 140 do CPC:

“O juiz só decidirá por equidade nos casos previstos em lei”. De passagem, lem-

bre-se de que, em outros ramos do Direito, a equidade é admitida como método

de integração, como em Direito Trabalhista (art. 8º da CLT) e em Direito Tributário

(art. 108, IV, do CTN).

Questão 24    (CESPE/PC-MA/DELEGADO/2018) De acordo com a LINDB, no tocante

ao fenômeno da repristinação, salvo disposição em contrário, a lei

a) nova que estabeleça disposições gerais a respeito de outras já existentes não

revogará leis anteriores.

b) revogada voltará a vigorar se a lei que a revogou for declarada inconstitucional

em controle difuso.

c) revogada não se restaurará se a lei revogadora perder a vigência.

d) nova que estabeleça disposições especiais a respeito de outras já existentes não

revogará leis anteriores.

e) nova revogará a anterior se regular inteiramente a mesma matéria.

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Letra c.

Vamos comentar cada item.

a) Errada. Lei geral revoga lei geral anterior, ao contrário do exposto pela questão.

O examinador quis confundir o(a) candidato(a) com a hipótese de leis especiais em

conflito com leis gerais, pois, nesses casos, não há revogação à luz do art. 2º, § 2º,

da LINDB:

Art. 2º Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modi-
fique ou revogue.
§ 1º A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com
ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior.
§ 2º A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes,
não revoga nem modifica a lei anterior.
§ 3º Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revoga-
dora perdido a vigência.

b) Errada. Só no caso de declaração de inconstitucionalidade com efeito vincu-

lante e erga omnes – o que ocorre no caso de controle concentrado, e não difuso,

de constitucionalidade – é que se pode falar em restauração (= repristinação) da

lei revogada.

c) Certa. É o § 3º do art. 2º da LINDB, que veda a repristinação no caso de revo-

gação da lei revogadora, salvo disposição em contrário.

d) Errada. Lei especial revoga lei especial anterior. O examinador quis confundir

o(a) candidato(a) com a hipótese de leis especiais em conflito com leis gerais, pois,

nesses casos, não há revogação, à luz do art. 2º, § 2º, da LINDB.

e) Errada. Há revogação tácita aí por força da parte final do § 1º do art. 2º da LINDB.

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Questão 25    (CESPE/MPE-RO/PROMOTOR/2013) A respeito da vigência, da aplica-

ção, da interpretação e da integração das leis, assinale a opção correta.

a) A interpretação literal é a realizada pelo próprio legislador, por meio de outro

ato normativo.

b) No âmbito contratual, havendo boa-fé objetiva, o juiz pode utilizar a analogia

para dirimir a lide.

c) Dada a obrigatoriedade simultânea, a lei brasileira entra em vigor, em todo o

país, na data de publicação.

d) Lei complementar prevalece sobre a lei ordinária em razão da matéria versada.

e) O emprego da integração das normas para decidir vincula outras decisões do

juiz em casos análogos.

Anulada.

Vamos comentar cada item.

a) Anulada. A expressão “interpretação literal” é mais utilizada como sinônimo de

interpretação gramatical, assim entendida aquela que se baseia no sentido denota-

tivo das palavras. Já a expressão “interpretação autêntica” é mais utilizada para a

interpretação feita pelo próprio legislador. Acontece que há, na doutrina, quem con-

sidere interpretação literal como aquela que é feita pelo legislador, o que conduziu à

anulação da questão. A propósito, o CESPE deu a seguinte justificativa para anular:

de acordo com a doutrina utilizada pela banca, a interpretação realizada pelo legislador
é autêntica ou literal: “c) autêntica ou literal, que é a interpretação procedida pelo pró-
prio legislador, através de outro ato normativo, como no exemplo da edição de uma lei
interpretando outra norma já editada.” No entanto, há doutrina que entende ser sinôni-
mo de interpretação literal a gramatical.

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b) Errada. Analogia só é usada quando há omissão lei, pois é método de integra-

ção (art. 4º da LINDB). A questão não faz referência à existência de lacuna legal,

logo, não se pode falar em utilização da analogia.

c) Errada. O princípio da vigência sincrônica da lei implica a “obrigatoriedade si-

multânea”, ou seja, a entrada em vigor da lei, concomitantemente, em todo o terri-

tório nacional. Nada tem a ver com o momento da entrada em vigor, que só ocorre

após o período de vacatio legis (art. 1º, caput, LINDB).

d) Errada. Lei complementar e lei ordinária possuem o mesmo status hierárquico:

uma não prevalece sobre a outra. A única diferença é que cada uma delas lida com

matérias distintas.

e) Errada. Não há previsão legal do efeito vinculante pelo mero uso da analogia

em um caso concreto.

Questão 26    (CESPE/MC/ATIVIDADE TÉCNICA/2013) O direito pátrio tem como re-

gra a aplicação da lei nova aos casos futuros, continuando a norma revogada a

reger os casos pendentes.

Errado.

Em regra, a nova lei atinge automaticamente os efeitos futuros e pendentes de

uma situação jurídica anterior, e poderá atingir efeitos pretéritos se ela for expres-

sa, desde que, em qualquer desses casos, a situação jurídica não se caracterize um

dos óbices constitucionais (ato jurídico perfeito, coisa julgada e direito adquirido).

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Questão 27    (CESPE/PF/DELEGADO/2018) Diante da existência de normas gerais

sobre determinado assunto, publicou-se oficialmente nova lei que estabelece dis-

posições especiais acerca desse assunto. Nada ficou estabelecido acerca da data

em que essa nova lei entraria em vigor nem do prazo de sua vigência. Seis meses

depois da publicação oficial da nova lei, um juiz recebeu um processo em que as

partes discutiam um contrato firmado anos antes. A partir dessa situação hipotéti-

ca, julgue o item a seguir, considerando o disposto na Lei de Introdução às Normas

do Direito Brasileiro.

O contrato é regido pelas normas em vigor à data de sua celebração, observados

os efeitos futuros ocorridos após a vacatio legis da nova lei.

Anulada.

A questão foi anulada com a seguinte justificativa:

Uma vez que não se especificou se os efeitos futuros obedeceriam ou não à nova lei,
prejudicou-se o julgamento objetivo do item.

Convém, porém, comentar a assunto tratado na questão.

Em princípio, diante de um ato jurídico perfeito (no caso da questão, havia um ato

jurídico perfeito, especificamente, um “contrato firmado anos antes”), não pode

esse contrato ser atingido por uma lei futura, nem de forma mínima, pois isso seria

uma retroatividade que estaria a atingir um ato jurídico perfeito em desrespeito ao

art. 5º da CF e ao art. 6º da LINDB.

Por isso, os efeitos produzidos por esse contrato (ex.: as prestações que forem ven-

cendo-se) não podem ser atingidas por uma nova lei, nem mesmo os efeitos futuros.

É preciso sublinhar que o único caso em que uma nova norma atinge automatica-

mente efeitos futuros de um ato jurídico perfeito pretérito é quando se trata de uma

norma constitucional originária (a decorrente da edição de uma nova Constituição).

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Aliás, a norma constitucional originária também pode atingir efeitos pendentes e

pretéritos de um ato jurídico perfeito antigo, desde que haja determinação expres-

sa nesse sentido. O motivo disso é que a norma constitucional originária decorre

do Poder Constituinte Originário, que, por ser ilimitado, pode fazer o que quiser e,

portanto, não precisa respeitar o ato jurídico perfeito.

Acresça-se que o art. 2.035 do CC, embora determine a aplicação do Código Civil

para efeitos futuros de contratos anteriores, precisa ser sujeito a uma Interpre-

tação Conforme a CF, nos moldes indicados pela Ministra Nancy Andrighi, em ar-

tigo doutrinário (ANDRIGHI, Nancy. A constitucionalidade do Artigo 2.035

do Código Civil. Disponível em: http://bdjur.stj.jus.br/jspui/bitstream/2011/642/

Constitucionalidade_Artigo_%202.035.pdf. Texto elaborado em 27/06/2005).

Questão 28    (QUESTÃO INÉDITA) Não há direito adquirido a regime jurídico.

Certo.

Quando preenchemos os pressupostos fáticos para a aquisição de um direito pre-

visto no regime jurídico (ex.: trabalhamos 5 anos e, aí, completamos o período

aquisitivo da licença-prêmio prevista no regime jurídico do servidor público do Dis-

trito Federal), passamos a ter direito adquirido apenas sobre essa única licença-

-prêmio. Veja que o direito adquirido não é sobre o regime jurídico, e sim sobre um

direito específico previsto no regime jurídico e cujos pressupostos fáticos já foram

preenchidos. O servidor do Distrito Federal, no referido exemplo, poderá fruir uma

licença-prêmio, ainda que o seu regime jurídico mude e deixe de prever a licença-

-prêmio. O servidor do DF, porém, não poderá adquirir novas licenças-prêmios, pois

o seu regime jurídico mudou, e ele não tinha direito adquirido ao regime jurídico.

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Questão 29    (CESPE/AGU/ADVOGADO DA UNIÃO/2009) Suponha que, no dia 20

de janeiro, tenha sido publicada lei estabelecendo, no art. 2º, que os proprietários

de veículos populares pagariam, na ocasião do abastecimento, 20% a menos do

preço fixado na bomba de combustível. Suponha, ainda, que, no art. 5º, a referida

lei tenha definido veículo popular como aquele com motorização até 1.6. Conside-

rando essa situação hipotética, julgue o item a seguir.

Caso o juiz constate erro na definição de veículo popular pela referida lei, ele po-

derá, em processo sob seu exame, corrigi-lo sob a fundamentação de que toda lei

necessita ser interpretada teleologicamente e de que, na aplicação da lei, o juiz

atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum.

Errado.

Interpretar é extrair um sentido possível da norma, e não impossível. Não se pode

“corrigir” lei a pretexto de interpretação. Só nova lei pode corrigir uma anterior.

Questão 30    (IADES/APEX BRASIL/ANALISTA/2018) Com vistas a expandir suas

atividades comerciais para o mercado europeu, uma sociedade brasileira, com sede

em São Paulo, decidiu contratar os serviços de uma empresa belga, sediada em

Bruxelas. Após a fase de negociações feita por videoconferência, os representantes

das duas empresas se encontraram em uma feira de promoção comercial inter-

nacional em Buenos Aires, Argentina, onde foi assinado o contrato de prestação

do serviço de consultoria de planejamento estratégico e marketing, com duração

fixa de quatro meses, na sede da empresa brasileira. Passados dois meses após a

data limite para o término da entrega do serviço, a empresa belga ainda não havia

sequer iniciado a prestação do serviço, alegando dificuldades financeiras internas.

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A empresa brasileira ajuizou ação no Brasil, invocando a cláusula penal do contra-

to, que previa um desconto de 15% no preço total do serviço por mês de atraso.

A empresa belga, na sua contestação, alegou que tal cláusula era inválida segundo

o direito belga.

Acerca da controvérsia judicial exposta, assinale a alternativa correta.

a) O local de prestação do serviço determina qual lei deve ser aplicada, ainda que

haja cláusula de eleição de foro dispondo diferentemente.

b) No que tange à competência material, o que vale é a lei do local de celebração

do contrato, portanto, a lei argentina.

c) A empresa belga tem razão, devendo-se aplicar as regras do país de sua sede

social, ou seja, a Bélgica.

d) Qualquer cláusula de eleição de foro não teria efeitos, visto que o direito brasi-

leiro veda expressamente essa eleição no caso de contratos internacionais.

e) O pedido da empresa brasileira é procedente, pois o país de cumprimento do

contrato é o Brasil.

Letra e.

A questão está mal redigida, e o item menos errado é a letra “e”.

Veja o art. 9º, caput e § 1º, da LINDB:

Art. 9º Para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-á a lei do país em que se cons-
tituírem.
§ 1º Destinando-se a obrigação a ser executada no Brasil e dependendo de forma es-
sencial, será esta observada, admitidas as peculiaridades da lei estrangeira quanto aos
requisitos extrínsecos do ato.
§ 2º A obrigação resultante do contrato reputa-se constituída no lugar em que residir o
proponente.

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O caput trata da lex loci actum, que é a aplicação da lei do país onde foi celebrado

o contrato. Na questão apresentada, aplicar-se-ia a lei argentina para disciplinar,

por exemplo, abusividade de cláusula penal.

O § 1º trata da lex loci executionis, que estabelece a aplicação da lei do país onde

será executado o contrato. Acontece que essa lex loci executionis aplica-se APENAS

para definir a forma do negócio jurídico, e  não os demais elementos do negócio

jurídico, embora admita as particularidades da lei estrangeira quanto aos pressu-

postos extrínsecos do ato.

Na questão apresentada, como o contrato ia ser executado no Brasil, a lei brasilei-

ra irá ser aplicada apenas para definir a FORMA do contrato. Por exemplo, se a lei

brasileira exige que, no contrato, conste expressamente o nome da parte – forma

intrínseca – ou se ela exige escritura pública – forma extrínseca –, isso tem de ser

observado, admitida, porém, a aplicação da lei estrangeira apenas quanto à forma

extrínseca. A lei brasileira, no entanto, não disciplinará outras questões do contra-

to, como, por exemplo, a invalidade da cláusula da multa, pois isso não é forma do

negócio jurídico.

O item “e” é o menos errado dos itens. Digo menos errado, porque ele dá a enten-

der que a lei brasileira se aplicaria para definir a invalidade da cláusula, o que é um

equívoco. Tal questão caberá à lei argentina. A lei brasileira apenas regerá a forma

do negócio jurídico.

Questão 31    (CESPE/TJ-PB/JUIZ/2011) Com relação aos institutos da interpreta-

ção e da integração da lei, assinale a opção correta.

a) Segundo a doutrina, os princípios gerais do direito expressam-se nas máximas

jurídicas, nos adágios ou brocardos, sendo todas essas expressões fórmulas conci-

sas que representam experiência secular, com valor jurídico próprio.

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b) A interpretação histórica tem por objetivo adaptar o sentido ou a finalidade da

norma às novas exigências sociais, em atenção às demandas do bem comum.

c) Implícito no sistema jurídico civil, o princípio segundo o qual ninguém pode

transferir mais direitos do que tem é compreendido como princípio geral de direito,

podendo ser utilizado como meio de integração das normas jurídicas.

d) No direito civil, não há doutrina que admita a hierarquia na utilização dos meca-

nismos de integração das normas jurídicas constantes no Código Civil.

e) Não há distinção entre analogia legis e analogia juris, uma vez que ambas se

fundamentam em um conjunto de normas para a obtenção de elementos que per-

mitam sua aplicação em casos concretos.

Letra c.

Vamos comentar cada item. A questão se baseou no manual do civilista Carlos Ro-

berto Gonçalves.

a) Errada. Os brocardos jurídicos (máximas ou adágios) não se confundem com

os princípios gerais de direito, pois são apenas expressões didáticas da experiência

de juristas antigos e, amiúde, conseguem sintetizar a ideia ou parte da ideia de um

princípio geral de direito. Princípios gerais de direitos não são esses adágios, e sim

noções de justiça obtidas a partir da história do Direito.

b) Errada. A questão define a interpretação sociológica ou teleológica. Interpreta-

ção histórica é aquela baseada nos debates legislativos que levaram ao nascimento

da norma (história da norma).

c) Certa. A questão dá um exemplo de princípio geral de direito (Carlos Roberto

Gonçalves cita-o no seu manual), o qual, à luz do art. 4º da LINDB, é um meio de

integração para suprir lacunas da lei.

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d) Errada. Há controvérsia doutrinária acerca da existência ou não de hierarquia

entre os métodos de integração arrolados no art. 4º da LINDB (analogia, costumas

e princípios gerais de direito). A doutrina é dividida. A mais moderna tende a negar

a existência de hierarquia, mas ainda há divergências consideráveis. A questão fica

errada ao negar que há doutrina favorável à hierarquia dos mecanismos integrativos.

e) Errada. Analogia legis, ou legal, é a aplicação de um dispositivo similar, ao pas-

so que analogia iuris, ou jurídica, é a aplicação de dois ou mais dispositivos e/ou

princípios jurídicos similares. Há distinção entre as expressões.

Questão 32    (CESPE/TRE-TO/ANALISTA/2017) De acordo com a Lei de Introdução

às Normas do Direito Brasileiro,

a) o princípio da obrigatoriedade das leis é incompatível com o instituto do erro

de direito.

b) em relação à eficácia da lei no tempo, a retroatividade de uma lei no ordena-

mento jurídico será máxima.

c) adota-se, quanto à eficácia da lei no espaço, o princípio da territorialidade mitigada.

d) em caso de omissão da lei, o juiz decidirá o caso de acordo com as regras de

experiência.

e) será admitida correção de texto legal apenas antes de a lei entrar em vigor.

Letra c.

a) Errada. O princípio da obrigatoriedade (art. 3º da LINDB) estabelece que nin-

guém pode se escusar de cumprir uma lei alegando desconhecimento. Há aí uma

presunção “relativa” de ciência da lei. Como essa presunção é relativa, é plena-

mente compatível com ela a figura do “erro de direito”, que autoriza a anulação do

negócio jurídico (art. 139, III, do CC).

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b) Errada. Vigora o princípio da irretroatividade: a lei, em regra, não retroage.

c) Certa. O princípio da territorialidade moderada é adotado pela LINDB: a lei brasi-

leira aplica-se a fatos ocorridos no território brasileiro, admitidas, porém, exceções.

d) Errada. No caso de omissão legal, aplicam-se os meios de integração (art. 4º,

LINDB).

e) Errada. Após a lei entrar em vigor, o texto legal pode ser corrigido, desde que

se edite uma nova lei com essa finalidade (art. 1º, § 4º, da LINDB).

Questão 33    (CESPE/TRF-1/TÉCNICO/2017) Admite-se o costume contra legem

como instrumento de integração das normas

Errado.

A lei prevalece sobre os costumes, razão pela qual não é admitido, no direito brasi-

leiro, o costume contra legem, assim entendido o costume contrário à lei.

Questão 34    (CESPE/TRF-1/TÉCNICO/2017) A lei do país em que a pessoa for do-

miciliada determina as regras sobre o começo e o fim de sua personalidade.

Certo.

Trata-se do caput do art. 7º da LINDB:

Art. 7º A lei do país em que domiciliada a pessoa determina as regras sobre o começo
e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família.

Questão 35    (CESPE/TRF-1/TÉCNICO/2017) A vigência das leis pode ocorrer de

forma temporária ou por tempo indeterminado.

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Certo.

As leis podem ser temporárias, quando há um prazo predeterminado de sua du-

ração. Nesse caso, a lei perde eficácia com o advento do seu prazo. Se não forem

temporárias, as leis necessariamente serão por prazo indeterminado, caso em que

elas permanecerão em vigor até serem revogadas, conforme princípio da continui-

dade das leis (art. 2º da LINDB).

Questão 36    (CESPE/TRF-1/TÉCNICO/2017) Derrogação é o fenômeno que ocorre

quando há revogação total de uma lei.

Errado.

Derrogação = revogação parcial da lei.

Ab-rogação = revogação total da lei.

Questão 37    (CESPE/TRF-5/JUIZ/2017) A continuidade de aplicação de lei já re-

vogada às relações jurídicas civis consolidadas durante a sua vigência caracteriza

a) a aplicação do princípio da segurança jurídica.

b) a ultratividade da norma.

c) a repristinação da norma.

d) o princípio da continuidade normativa.

e) a supremacia da lei revogada.

Letra b.

Ultratividade é a aplicação de uma norma já revogada para fatos jurídicos ocorridos

antes da revogação.

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Questão 38    (CESPE/DPE-AL/DEFENSOR/2017) Em 1º/1/2017, Lúcio, que era bra-

sileiro e casado sob o regime legal com Maria, também brasileira, ambos residentes

e domiciliados em um país asiático, faleceu. Lúcio deixou dois filhos como herdei-

ros, Vanessa e Robson, residentes e domiciliados no Brasil, e os seguintes bens a

inventariar: a casa em que residia no exterior, uma casa no Brasil e dois automó-

veis, localizados no exterior. O casamento de Lúcio e Maria foi celebrado no Brasil.

Antes do casamento, ele residia e era domiciliado no Brasil, ao passo que ela residia

e era domiciliada em um país africano. O primeiro domicílio do casal foi no exterior.

Considerando essa situação hipotética, assinale a opção correta.

a) A lei brasileira regulará a capacidade para suceder de Vanessa e Robson.

b) Aplica-se a lei brasileira quanto ao regime de bens do casal.

c) As regras sobre a morte de Lúcio são determinadas pela lei brasileira.

d) Aplica-se a lei brasileira quanto à regulação das relações concernentes a todos

os bens de Lúcio.

e) A sucessão de Lúcio obedecerá à lei brasileira.

Letra a.

a) Certa. A capacidade para suceder (ex.: para definir se um herdeiro deve ser

excluído ou não da sucessão por ato de indignidade) segue a lei do país de domicílio

dos herdeiros, conforme o art. 10, § 2º, da LINDB:

Art. 10. A sucessão por morte ou por ausência obedece à lei do país em que domiciliado
o defunto ou o desaparecido, qualquer que seja a natureza e a situação dos bens.
§ 1º A sucessão de bens de estrangeiros, situados no País, será regulada pela lei bra-
sileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, ou de quem os represente,
sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do de cujus.
§ 2º A lei do domicílio do herdeiro ou legatário regula a capacidade para suceder.

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Como Vanessa e Robson são herdeiros e vivem no Brasil, aplica-se a lei brasileira

para a sua capacidade sucessória.

b) Errada. O regime de bens é regido pela lei do país de domicílio dos nubentes ou,

no caso de estes terem domicílios em países diversos, pela lei do país do primeiro

domicílio do casal, conforme § 4º do art. 7º da LINDB:

Art. 7º A lei do país em que domiciliada a pessoa determina as regras sobre o começo
e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família.
§ 1º Realizando-se o casamento no Brasil, será aplicada a lei brasileira quanto aos im-
pedimentos dirimentes e às formalidades da celebração.
§ 2º O casamento de estrangeiros poderá celebrar-se perante autoridades diplomáticas
ou consulares do país de ambos os nubentes.
§ 3º Tendo os nubentes domicílio diverso, regerá os casos de invalidade do matrimônio
a lei do primeiro domicílio conjugal.
§ 4º O regime de bens, legal ou convencional, obedece à lei do país em que tiverem os
nubentes domicílio, e, se este for diverso, a do primeiro domicílio conjugal.
§ 5º O estrangeiro casado, que se naturalizar brasileiro, pode, mediante expressa anu-
ência de seu cônjuge, requerer ao juiz, no ato de entrega do decreto de naturalização,
se apostile ao mesmo a adoção do regime de comunhão parcial de bens, respeitados os
direitos de terceiros e dada esta adoção ao competente registro.
§ 6º O divórcio realizado no estrangeiro, se um ou ambos os cônjuges forem brasileiros,
só será reconhecido no Brasil depois de 1 (um) ano da data da sentença, salvo se houver
sido antecedida de separação judicial por igual prazo, caso em que a homologação produ-
zirá efeito imediato, obedecidas as condições estabelecidas para a eficácia das sentenças
estrangeiras no país. O Superior Tribunal de Justiça, na forma de seu regimento interno,
poderá reexaminar, a requerimento do interessado, decisões já proferidas em pedidos de
homologação de sentenças estrangeiras de divórcio de brasileiros, a fim de que passem
a produzir todos os efeitos legais. (Redação dada pela Lei n. 12.036, de 2009)
§ 7º Salvo o caso de abandono, o domicílio do chefe da família estende-se ao outro côn-
juge e aos filhos não emancipados, e o do tutor ou curador aos incapazes sob sua guarda.
§ 8º Quando a pessoa não tiver domicílio, considerar-se-á domiciliada no lugar de sua
residência ou naquele em que se encontre.

No caso, como, antes do casamento, Lúcio morava no Brasil, e Maria na África, de-

ve-se aplicar a lei do primeiro domicílio do casal, que foi no exterior, e não no Brasil.

Por isso, o gabarito é errado.

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c) Errada. Para a sucessão hereditária (sucessão causa mortis) – a fim de definir

como será repartida a herança –, aplica-se a lei do domicílio do de cujus, conforme

caput do art. 10 da LINDB. Lúcio vivia em um país asiático quando morreu; logo,

será a lei desse país que disciplinará esse assunto, e não a lei brasileira.

d) Errada. Para disciplinar relações concernentes aos bens (ex.: definir as regras

do direito real de propriedade sobre os bens), aplica-se a lei do lugar da coisa, con-

forme a regra do lex rei sitae, prevista no art. 8º da LINDB:

Art. 8º Para qualificar os bens e regular as relações a eles concernentes, aplicar-se-á a


lei do país em que estiverem situados.
§ 1º Aplicar-se-á a lei do país em que for domiciliado o proprietário, quanto aos bens
moveis que ele trouxer ou se destinarem a transporte para outros lugares.
§ 2º O penhor regula-se pela lei do domicílio que tiver a pessoa, em cuja posse se en-
contre a coisa apenhada.

Sob essa ótica, para disciplinar a relação jurídica com a coisa, a lei brasileira só

será aplicada em relação aos bens que estavam no Brasil, ao contrário do indicado

na questão.

e) Errada. Lúcio vivia em um país asiático quando morreu; logo, será a lei desse

país que disciplinará esse assunto, e não a lei brasileira (art. 10, caput, da LINDB).

Questão 39    (CESPE/TRT-RN/2010) Contrato celebrado na Espanha, ainda que

executado no Brasil, se sujeitará às normas vigentes naquele país.

Errado.

Em regra, contratos celebrados em outro País se sujeitam à lei aí em vigor. Nesse caso,

por exemplo, verificar se uma cláusula contratual é ou não abusiva levará em conta a

lei estrangeira, e não a brasileira. Trata-se da lex loci actus (art. 9º, caput, da LINDB).

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Todavia, se esse contrato for ser executado no Brasil e dependendo de forma es-

sencial, será aplicada a lei brasileira (e não a estrangeira) para disciplinar a forma

do contrato, admitida, porém, as peculiaridades da lei estrangeira quanto aos re-

quisitos extrínsecos do ato. Trata-se da lex loci executionis (art. 9º, I, da LINDB),

que se aplica apenas à forma do negócio, e não aos demais aspectos do negócio

(como a análise da abusividade ou não de uma cláusula contratual, que seguirá a

regra do lex loci actus).

Por exemplo, um contrato, celebrado em outro país, de compra e venda de um

apartamento em Copacabana com valor superior a 30 salários mínimos, no Brasil,

deve observar dois tipos de requisitos formais: (a) extrínsecos: deve ser por escri-

tura pública, por força do art. 108 do CC; (b) intrínsecos: o contrato de compra e

venda depende da indicação, por escrito, do objeto, do preço, da identificação das

partes etc., conforme a Lei n. 7.433/1985, o Decreto n. 93.240/1986, os arts. 167

e ss da Lei n. 6.015/1973, o art. 4º, parágrafo único, da Lei n. 4.591/1964 e

art. 481 e seguintes do CC. Esse contrato deve ser executado no Brasil: a transfe-

rência do apartamento só se aperfeiçoará com o registro no competente Cartório de

Imóveis situado no Rio de Janeiro. O contrato deve observar os requisitos formais

da lei brasileira, admitido, porém, que o requisito extrínseco siga a lei estrangeira,

se esta for diferente da brasileira (ex.: se a lei estrangeira admite venda de imóveis

sem escritura pública, o negócio poderá ocorrer dessa forma).

Diante disso, a questão está errada por conta do excerto “ainda que executado no

Brasil”: a lei brasileira se aplicará aos requisitos formais do ato, ao contrário do que

afirma a questão.

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A título de curiosidade, afirma-se que, em contratos de trabalho, há regras especí-

ficas e diversas. Em matéria trabalhista, o tema é regulado pela Lei n. 7.604/1982,

e não propriamente pela LINDB. Antigamente, vigorava o enunciado n. 207-TST:

Conflitos de leis trabalhistas no espaço. Princípio lex loci executionis. A relação


jurídica trabalhista é regida pelas leis vigentes no país da prestação de serviço
e não por aquelas do local da contratação.

Esse enunciado foi cancelado pelo TST, que prestigia a aplicação da lei mais favo-

rável ao trabalhador, nos termos deste julgado:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. EMPREGADO CONTRA-


TADO NO BRASIL PARA PRESTAR SERVIÇOS NO EXTERIOR. LEI BRASILEIRA.
INCIDÊNCIA 1. Aplica-se a lei brasileira aos contratos de trabalho celebrados
no Brasil que tenham por objeto a prestação de serviços em diversos países,
tal como ocorre em empresas que exploram atividades circenses. Entretanto,
a legislação pátria somente incidirá sobre o contrato de trabalho caso seja
mais benéfica ao empregado, se comparada com normas estrangeiras. Inte-
ligência da Lei n. 7.064/1982. 2. Agravo de instrumento de que se conhece e
a que se nega provimento. (AIRR – 817-02.2011.5.04.0371, Relator Ministro:
João Oreste Dalazen, Data de Julgamento: 10/12/2014, 4ª Turma, Data de
Publicação: DEJT 19/12/2014).

Questão 40    (CESPE/TRE-ES/2011) Se duas pessoas celebrarem um contrato na

Alemanha, sem estipular o direito a ser aplicado, e esse contrato for executado no

Brasil, local de domicílio da parte interessada, serão aplicadas as leis brasileiras.

Errado.

Aplica-se a mesma lógica da questão anterior: como o contrato é executado no

Brasil, aplica-se a lex loci executionis (art. 8º, § 1º, da LINDB).

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Questão 41    (CESPE/TRE-BA/2010) No ordenamento brasileiro, a situação jurídica

do estrangeiro aqui domiciliado, concernente aos direitos da personalidade, capa-

cidade e direito de família, rege-se pela lei de seu país de origem, aplicando-se o

princípio do estatuto pessoal.

Errado.

Estatuto pessoal é a aplicação da lei do país de origem, o que pode ocorrer em duas

situações: (a) a aplicação da lei do domicílio; ou (b) a aplicação da lei da naciona-

lidade. No Brasil, não se adotou a lei da nacionalidade (lex patriae) como estatuto

pessoal, e sim a lei do domicílio (lex domicilii) como regra geral, como nos casos

de início e fim de personalidade, capacidade, nome, direitos de família e sucessões

(arts. 7º e 10 da LINDB). Nesse sentido, ensina Maria Helena Diniz:

Classicamente denomina-se estatuto pessoal a situação jurídica que rege o estrangei-


ro pela lei de seu país de origem. Trata-se de hipótese em que a norma de um Estado
acompanha um cidadão no estrangeiro para regular seus direitos. Esse estatuto pes-
soal baseia-se na lei da nacionalidade ou na lei do domicílio. No Brasil, em virtude do
disposto no art. 7º da Lei de Introdução ao Código Civil, funda-se na lei do domicílio.
Regem-se por esse princípio as questões relativas ao começo e fim da personalidade,
ao nome, à capacidade das pessoas, ao direito de família e sucessões (LICC, arts. 7º e
10), à competência da autoridade judiciária (LICC, art. 12).5

Nelson Rosenvald e Cristiano Chaves, já com olhos no significado de estatuto pes-

soal nos moldes adotados pela LINDB, averbam:

Através da regra do estatuto pessoal será aplicável a norma legal do domicílio do estran-
geiro para reger as suas relações jurídicas atinentes ao começo e ao fim da personalidade,
ao nome, à capacidade e aos direitos de família, como reza, expressamente, o art. 7º da
Lei Introdutória, indicando o acolhimento da regra do chamado estatuto pessoal.

5
DINIZ, Maria Helena. Lei de Introdução ao Código Civil Brasileiro interpretada. São Paulo: Saraiva, 2011. p. 34-36.

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Na LINDB, a lex patriae só é levada em conta no caso do art. 10, § 1º, da LINDB

em conjunto com outros critérios. Não é admitida isoladamente.

No caso em tela, como o estrangeiro é domiciliado no Brasil, a lei brasileira será

aplicável para reger as regras de início e fim da personalidade, capacidade, nome,

domicílio, direitos de família e sucessões.

Dessa forma, a assertiva da questão em pauta está falsa por três motivos:

• ao mencionar a aplicação da lei do país de origem do estrangeiro domiciliado

no Brasil, a questão remete-se à incidência da lei de nacionalidade do estran-

geiro, o que é um equívoco;

• o estatuto pessoal, nos moldes adotados no Brasil, refere-se à aplicação da lei

do domicílio da pessoa, e não a lei do seu país de sua nacionalidade;

• a questão reporta-se a “direitos da personalidade”, e não a “regras de início e

fim da personalidade”, o que não condiz com a regra do art. 7º da LINDB. Ora,

esse dispositivo é omisso quanto à lei aplicável para reger direitos da persona-

lidade (honra, imagem, integridade física etc.), o que tornaria a questão falsa.

Questão 42    (CESPE/DPE-AL/DEFENSOR/2009) Antônio, residente e domiciliado


na cidade de Madri, na Espanha, faleceu, deixando como herança o apartamento

onde residia para Joana, sua única filha, residente e domiciliada no Brasil. Nessa

situação, a sucessão obedecerá à lei do país em que era domiciliado Antônio; no

entanto, será a lei brasileira que regulará a capacidade de Joana para suceder.

Certo.

Como regra geral, a sucessão causa mortis (como as relativas à partilha da heran-

ça) sujeita-se à lei do domicílio do defunto. Todavia, as regras relativas à capacida-

de de suceder regem-se pela lei do domicílio do herdeiro, e não do defunto (art. 10,

§ 2º, da LINDB).

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Capacidade de suceder não se confunde com qualidade de herdeiro. Definir quem

é herdeiro ou não se insere na regra geral de sucessão causa mortis: lei do domi-

cílio do finado. Definido quem é herdeiro, passa-se a verificar a sua capacidade de

suceder: saber se esse herdeiro é ou não capaz de receber a herança.

Por exemplo, a indignidade ou a deserdação diz respeito à capacidade de suceder.

O STJ assim se posicionou ao estabelecer que filha domiciliada na Espanha é her-

deira necessária de seu pai domiciliado no Brasil, ainda que o vínculo parental de-

corra de adoção simples.6 É que a lei brasileira concede a qualidade de herdeiro ao

filho adotivo. E, no caso concreto, “nenhuma referência à indignidade ou deserda-

ção, ou a qualquer outro instituto que tivesse o condão de retirar a sua capacidade

de suceder foi formulada” (excerto do voto do relator no julgado a seguir citado).

Confira o precedente:

DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO. ART. 10, PARÁG. 2., DO CÓDIGO CIVIL.


CONDIÇÃO DE HERDEIRO. CAPACIDADE DE SUCEDER. LEI APLICÁVEL.
Capacidade para suceder não se confunde com qualidade de herdeiro.
Esta tem a ver com a ordem da vocação hereditária que consiste no fato de
pertencer a pessoa que se apresenta como herdeiro a uma das categorias
que, de um modo geral, são chamadas pela lei a sucessão, por isso haverá de
ser aferida pela mesma lei competente para reger a sucessão do morto que,
no Brasil, “obedece a lei do país em que era domiciliado o defunto”. (art. 10,
caput, da LICC).
Resolvida a questão prejudicial de que determinada pessoa, segundo o domi-
cílio que tinha o de cujus, e herdeira, cabe examinar se a pessoa indicada e

6
À época do CC/2016, havia dois tipos de adoção: (a) adoção simples, civil, tradicional restrita ou comum:
era a filiação que decorria de uma declaração de vontade do adotante e do adotado por meio de escritura
pública, podia ser revogada por vontade das partes, envolvia partes maiores e capazes e era regida pelo
CC/2016; e (b) a adoção plena: era a que envolvia menores, era irrevogável e era regida pelo Código de
Menores. No regime atual da CF/1988, do CC/2002 e do ECA, não há mais adoção simples, mas só plena.

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capaz ou incapaz para receber a herança, solução que e fornecida pela lei do
domicílio do herdeiro (art. 10, parág. 2, da LICC).
Recurso conhecido e provido.
(REsp 61.434/SP, Rel. Ministro CESAR ASFOR ROCHA, QUARTA TURMA,
julgado em 17/06/1997, DJ 08/09/1997, p. 42507)

No caso em tela, a questão alia-se ao comando do art. 10, caput e § 2º, da LINDB.

Questão 43    (QUESTÃO INÉDITA) Nas esferas administrativa, controladora e judi-

cial, não se decidirá com base em valores jurídicos abstratos sem que sejam con-

sideradas as consequências práticas da decisão.

Certo.

Trata-se de cópia do art. 20 da LINDB.

De fato, a Lei da Segurança Hermenêutica (Lei n. 13.655/2018) introduziu os

arts. 20 ao 30 na LINDB. Trata-se de matéria de Direito Administrativo.

Sobre essa lei, recomendamos a leitura do nosso texto “A Segurança Hermenêutica

nos vários Ramos do Direito e nos Cartórios Extrajudiciais: repercussões da LINDB

após a Lei n. 13.655/2018”. O texto pode ser encontrado neste link: http://www.fla-

viotartuce.adv.br/assets/uploads/artigosc/dee82-carlos-elias-mudancas-lindb.docx.

Transcrevo a ementa do texto na parte em que resume bem os principais conceitos

encartados nos arts. 20 ao 30 da LINDB:

O estudo trata das inovações trazidas pela Lei n. 13.655, de 2018, mediante o acrés-
cimo dos arts. 20 a 30 da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB).
O foco dessas mudanças é garantir a segurança hermenêutica no âmbito da Administra-
ção Pública, mas entendemos que, por analogia, seus institutos podem ser estendidos
para outros ramos do Direito, como para o Direito Civil. (...) Em suma, as mudanças
trazidas na LINDB podem ser resumidas nestes grupos de temas:

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(1) clareza normativa (arts. 29 e 30): deve-se dar o máximo de clareza acerca da inter-
pretação a ser adotada das normas para que o agente público saiba “as regras do jogo”
previamente;
(2) responsabilização do agente público por infração hermenêutica (arts. 22 e 28): o
agente público só pode ser punido por erro de interpretação no caso de erro grosseiro
ou de dolo;
(3) invalidade de ato administrativo. Este último assunto pode ser desmembrado nestes
subgrupos temáticos:
(3.1) princípio da motivação concreta (arts. 20 e 21, caput): o agente público precisa
atentar para as consequências concretas de suas soluções jurídicas;
(3.2) regime de transição (art. 23): no caso de mudança de entendimento, é preciso
indicar como a realidade concreta será adaptada ao novo cenário jurídico;
(3.3) princípio da menor onerosidade da regularização (art. 21, parágrafo único): no
caso de invalidação de ato administrativo, deve-se indicar o caminho mais suave e me-
nos oneroso para a regularização da realidade concreta;
(3.4) declaração de irregularidade sem pronúncia de invalidade (arts. 21, parágrafo
único, e 22, caput e § 1º): em situação extrema em que a invalidação de um ato ad-
ministrativo acarretaria consequências concretas muito graves, é lícito abster-se de
pronunciar a invalidade para conservar o ato irregular;
(3.5) convalidação por compromisso com ou sem compensações (arts. 26 e 27), o que
se insere na ideia de administração pública consensual ou dialógica: a administração
pública pode celebrar termo de compromisso para regularizar situações irregulares ou
cuja regularidade esteja sob significativa controvérsia jurídica; e
(3.6) invalidade referencial (art. 24), o que envolve a ideia de modulação da interpreta-
ção no tempo: um ato administrativo pode ser considerado inválido ou válido diante do
mesmo texto normativo, a depender da interpretação que preponderava no momento
do nascimento desse ato. (...)

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