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LINDB
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Livro Eletrônico
DIREITO CIVIL
LINDB
Sumário
Lisiane Brito
Apresentação. . .................................................................................................................................. 3
LINDB.................................................................................................................................................. 4
Introdução ao Direito...................................................................................................................... 4
O Direito Civil.. ................................................................................................................................... 5
A Lei..................................................................................................................................................... 5
Características da Lei.. .................................................................................................................... 6
A Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB)................................................ 7
Histórico............................................................................................................................................. 7
Definição da LINDB.......................................................................................................................... 8
Assuntos Abordados pela LINDB.................................................................................................. 8
Vigência.............................................................................................................................................. 9
Interpretação da Norma................................................................................................................19
Integração da Norma.....................................................................................................................21
Analogia........................................................................................................................................... 22
Costumes......................................................................................................................................... 23
Princípios Gerais do Direito......................................................................................................... 24
Equidade.......................................................................................................................................... 24
Antinomias...................................................................................................................................... 24
Critérios de Resolução de Conflitos das Antinomias............................................................. 26
Conflito de Leis. . ............................................................................................................................. 27
Vigência das Leis no Espaço........................................................................................................ 30
Direito Internacional Privado.......................................................................................................31
Disposições Afetas ao Direito Público.. .....................................................................................44
Questões de Concurso.................................................................................................................. 50
Gabarito............................................................................................................................................ 69
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Apresentação
Estamos iniciando nosso Curso de Direito Civil em teoria e questões.
Nosso curso é completo, tendo sido elaborado de forma a atender tanto ao concurseiro
que inicia agora seus estudos quanto àquele que já está numa fase mais adiantada. Para que
isso seja possível, os conceitos serão apresentados de maneira didática, complementados
pela exposição dos institutos do direito positivo brasileiro e aspectos mais recentes da juris-
prudência, sempre que for pertinente ao tema tratado.
As aulas no formato .pdf têm como característica marcante a didática, que contempla a
utilização de esquemas, figuras, resumos e todos os recursos que possam deter a atenção do
aluno aos pontos mais relevantes da matéria. O que se busca é uma aproximação do professor
com o aluno, que se consolida com a utilização do “fórum de dúvidas”. Portanto, sempre que
surgirem dúvidas, utilize essa ferramenta!
O conteúdo das aulas inclui uma seleção da doutrina majoritária, da qual extrairemos os
conceitos mais adotados pela banca, bem como a abordagem jurisprudencial dos tribunais
superiores e, naturalmente, a legislação.
Para completar, você contará com um instrumento que tem se mostrado cada vez mais
eficaz na preparação para a prova: a resolução de questões extraídas de concursos anteriores.
Professora
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Introdução ao Direito
Para que você adquira o melhor proveito possível das aulas é necessário ter uma base
introdutória, sem a qual alguns conceitos e termos jurídicos podem passar desapercebidos.
Só a título de ilustração, vejamos alguns questionamentos simples: “O que distingue a nor-
ma da lei?”
Qual a diferença entre direito natural e direito positivo?
O que distingue o direito subjetivo do direito objetivo?
Essas perguntas abordam algumas das classificações do direito, tema bastante simples,
mas de extrema importância para o nosso estudo, sobretudo porque cada qual diz respeito a
uma situação jurídica específica.
Então, vamos esclarecer isso, desde logo?
O Direito, genericamente considerado, pode ser entendido como um conjunto de regras
que regulam a vida social. A doutrina costuma classificar essas regras, partindo de dois gran-
des grupos.
Na forma de esquema, poderíamos apresentar a classificação da seguinte maneira:
Direito subjetivo: é o direito que alguém tem de exigir o cumprimento da norma, em seu
favor. É o que se costuma denominar “os meus direitos”.
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O Direito Civil
Esse ramo do Direito privado se destina a regular as relações entre os particulares, desta-
cando-se dos demais, por ser um direito comum a todas as pessoas.
O Código Civil de 2002 manteve a metodologia do revogado Código de 1916, dividindo as
matérias em duas Partes, totalizando 2.046 artigos.
A Parte Geral trata das pessoas, dos bens e dos fatos jurídicos e a Parte Especial, subdi-
vidida em cinco livros, inclui o Direito das Obrigações, Direito de Empresa, Direito das Coisas,
Direito de Família e Direito das Sucessões
A Lei
A doutrina clássica define a lei como sendo uma norma comum e obrigatória, provida de
sanção e elaborada pelo poder competente, de acordo com o regular processo legislativo.
Carlos Roberto Gonçalves traz a seguinte definição:
A lei é um ato do Poder Legislativo, que estabelece normas de comportamento social. Para entrar
em vigor, deve ser promulgada e publicada no Diário Oficial. É, portanto, um conjunto ordenado de
regras que se apresenta como um texto escrito.
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Só pode ser considerada lei a norma elaborada pelo poder competente, ou seja, o Poder
Legislativo. Atos normativos provenientes de outros Poderes, embora possam ser dotados de
generalidade, abstração e força obrigatória, não são leis.
Características da Lei
A norma legal possui as seguintes características:
• generalidade;
• imperatividade;
• autorizamento;
• competência;
• permanência.
Generalidade
A Lei tem efeito erga omnes (para todos), pois se dirige, indistintamente, a todos os que se
encontram na situação jurídica por ela tratada. Veja o exemplo do Código Penal, que tipifica os
crimes. As regras ali traçadas alcançam todos, indistintamente.
Imperatividade
A Lei não dá conselhos, nem se destina a apresentar definições. Por se tratar de uma im-
posição do Estado, a Lei se destina a impor deveres ou condutas aos indivíduos. Devemos
encarar a lei como um comando que, quando exige uma ação, vem sobre a forma de imposição
e quando quer uma abstenção se apresenta como uma proibição.
Autorizamento
O autorizamento é a característica da lei que torna legítimo o uso da coerção, da força, para
que suas disposições sejam cumpridas. O autorizamento permite que o lesado exija o cumpri-
mento da obrigação ou a reparação de prejuízos sofridos.
Competência
Para que a lei possa ser imposta a todos ela precisa ser emanada de autoridade competen-
te. O legislador, ao editar as leis, deve observar os limites de sua competência, pois se esses
limites forem ultrapassados o Poder Judiciário poderá recusar a aplicação da lei, com fulcro
no art. 97, da Constituição de 1988.
Permanência
Essa característica indica que a lei não se exaure a cada vez que é aplicada. Ela perdura,
até ser revogada por outra lei.
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As exceções à regra da permanência são as leis que se destinam a viger durante período
determinado, como é o caso das leis temporárias, das leis orçamentárias e das normas que
traçam disposições transitórias.
Art. 1º Esta Lei altera a ementa do Decreto-Lei nº 4.657, de 4 de setembro de 1942, ampliando o seu
campo de aplicação.
Art. 2º A ementa do Decreto-Lei nº 4.657, de 4 de setembro de 1942, passa a vigorar com a seguinte
redação:
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Professora, como pode um Decreto-Lei do ano de 1942 ser a Lei de Introdução ao Código
Civil, se esse já estava em vigor desde 1916?
Sim, é verdade! No ano em que a LICC foi publicada o antigo Código Civil já vigorava há 26
anos. Isso só comprova a afirmação de que nunca se tratou de uma Lei de Introdução ao Códi-
go Civil e sim de uma Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro!
Professora, então por que estamos estudando essa norma no programa de Direito Civil?
Definição da LINDB
Vamos extrair apenas algumas das várias definições apresentadas pela doutrina:
• Para Carlos Roberto Gonçalves, a LINDB é “a legislação anexa ao Código Civil, mas autô-
noma, dele não fazendo parte. Embora se destine a facilitar a sua aplicação, tem caráter
universal, aplica-se a todos os ramos do direito”;
• Wilson de Souza Batalha informa que “trata-se de um conjunto de normas sobre nor-
mas”.
Também se diz que a LINDB é a lex legum, ou seja, uma norma de sobredireito, que tem
caráter introdutório, voltada para a disciplina dos princípios, aplicação, vigência, interpretação
e integração, temas relacionados a todo o universo do direito e não apenas ao Código Civil.
Pode-se dizer que estamos tratando de uma norma que trata das normas, ou seja, uma lei
que trabalha as outras leis.
A título de exemplo, a LINDB aborda o ingresso de uma lei nova no ordenamento jurídico
brasileiro, determinando que sua aplicabilidade será imediata e geral. Por causa dessa regra, o
Código de Processo Civil de 2015, quando passou a ter vigência em 2016, teve aplicabilidade
a todos os processos que estavam em andamento.
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Obs.: a LINDB é dirigida a todos os ramos do direito, salvo no que for regulado de forma
diferente pela legislação específica. Tomemos por exemplo a analogia e os princípios
gerais do direito (art. 4º), que se aplicam a todo o ordenamento jurídico, exceto no
âmbito do direito penal e tributário, que possuem normas específicas sobre o tema.
No direito penal, como se sabe, só é admitida a analogia in bonam partem, enquanto
o Código Tributário Nacional admite a analogia como critério de hermenêutica, desde
que disso não resulte a exigência de tributo não previsto em lei (art. 108, § 1º).
Vigência
A vigência se relaciona ao momento em que a lei tem aplicabilidade.
Caio Mário da Silva Pereira ensina que a Lei tem seu ciclo vital: Ela nasce, se aplica e per-
manece em vigor, até ser revogada. Esses três momentos correspondem ao início da vigência,
à continuidade da vigência e à cessação da vigência da lei.
Para que uma lei possa ser aplicada, ela precisa ser elaborada em conformidade com um
procedimento próprio – o Processo Legislativo – definido na própria Constituição Federal.
Esse procedimento envolve, dentre outras, as etapas de tramitação no Poder Legislativo; San-
ção pelo Executivo, promulgação e Publicação.
Para a LINDB não interessa o processo de elaboração da Lei, tema afeto ao direito consti-
tucional. As regras da LINDB são aplicáveis a partir da publicação, momento que a lei passa a
ter vigência.
Processo de criação da Lei:
• elaboração;
• promulgação;
• publicação e vigência.
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LINDB, Art. 1 Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias
º
Boa pergunta!
Como vimos há pouco, as leis têm um “ciclo vital”, pelo qual elas nascem, aplicam-se e
permanecem em vigor, até que sejam revogadas, fases que correspondem ao início da vigência
da lei, continuação da vigência e cessação da vigência.
No entanto, embora parte da doutrina e algumas leis, dentre elas a LINDB, tratem o termo
“vigor” como sinônimo de vigência, tecnicamente eles não são sinônimos.
Veja:
• vigor força vinculante da lei;
• vigência tempo de vida da lei.
Para que não reste nenhuma dúvida acerca das terminologias, veja o quadro abaixo:
Professora, é possível uma lei não ter vigência, mas ter vigor?
Boa pergunta!
A resposta é sim. Tomemos como exemplo o Código Civil de 2002. A data da publicação
do texto legal foi 10/01/2002, tendo ficado estabelecido que a vigência teria início após
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transcorrido 1 ano, ou seja, em 11/01/2003. Nesse caso, o antigo Código Civil, apesar de
revogado, continuou em vigor por um ano, ou seja, havia dois Códigos Civis: O de 1916, revo-
gado, mas em vigor, e o Novo Código Civil, publicado, mas não em vigor, durante o período da
vacatio legis.
Quando pensamos em vigor e vigência das leis, não podemos deixar de considerar dois
princípios fundamentais:
• princípio da obrigatoriedade das leis;
• princípio da continuidade das leis.
LINDB, Art. 3º Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece.
Dentre essas três teorias, as duas primeiras não prosperaram, até porque seria um tan-
to quanto absurdo se afirmar, categoricamente, que todo mundo conhece as leis, desde sua
promulgação.
Prosperou a teoria da necessidade social, muito bem explicada pela professora Maria He-
lena Diniz, segundo a qual tem-se a premissa de que as normas legais devem ser conhecidas,
para sua melhor observância. A presunção existe, mas não é absoluta.
Com o início da vigência, a lei passa a ter eficácia, até ser modificada ou revogada por ou-
tra. O desuso ou o decurso do tempo não provocam a perda da eficácia, que só ocorre com a
revogação, ressalvados os casos de “leis temporárias”.
LINDB, Art. 2º Não se destinando a vigência temporária, a Lei terá vigor até que outra a modifique
ou revogue.
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O texto relaciona claramente vigência ao aspecto temporal da norma, a qual, no período (de vigên-
cia) tem vigor. Ora, o vigor de uma norma tem a ver com sua imperatividade, com sua força vincu-
lante. Tanto que, embora a citada regra da Lei de Introdução determine o vigor da norma até sua
revogação, existem importantes efeitos de uma norma revogada (e que, portanto, perdeu a vigência
ou o tempo de validade) que nos autorizam dizer que o vigor e a vigência designam qualidades di-
ferentes.
Assim, a regra é a continuidade, mas existem as exceções, que são as leis temporárias,
que não têm prazo de validade e as leis excepcionais ou circunstanciais, cuja vigência perdura
enquanto durar uma situação e, depois, caducam.
Muito bem, agora que já entendemos os dois princípios que orbitam em torno da vigência,
podemos aprofundar um pouco mais o tema.
É que a vigência pode ser analisada sob a ótica do tempo (quando começam e terminam
os efeitos da lei) e do espaço (o território em que a lei produzirá seus efeitos).
Vejamos:
No tempo
VIGÊNCIA
No espaço
Início da Vigência
Art. 2.044. Este Código entrará em vigor 1 (um) ano após a sua publicação
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Pode ainda ocorrer de a lei não prever a vacatio legis, estabelecendo que “esta lei entrará
em vigor na data da sua publicação”. Essa não é uma medida que pode ser tomada como regra,
devendo ser reservada a leis que realmente exijam urgência na aplicabilidade, ou àquelas de
pequena repercussão, a exemplo do que ocorre com leis que dão nomes a praças, viadutos,
monumentos etc.
Vejamos o que estabelece o art. 8º da Lei Complementar 95/1998, que dispõe sobre ela-
boração, redação, alteração e consolidação das leis, conforme determina o parágrafo único do
art. 59, da Constituição Federal:
Art. 8º A vigência da lei será indicada de forma expressa e de modo a contemplar prazo razoável
para que dela se tenha amplo conhecimento, reservada a cláusula “entra em vigor na data de sua
publicação” para as leis de pequena repercussão.
O raciocínio é o seguinte: Quanto mais complexa for uma lei, maior deverá ser a vacatio
legis, para que a sociedade possa se acostumar com a nova norma.
A publicação indica, em regra, o início da vigência e, em caso de silêncio, deverá ser obser-
vado o período de 45 dias de vacância, no território nacional.
Vem aí mais uma informação:
Quando a lei brasileira for admitida em Estados estrangeiros, a vigência se iniciará após
três meses (atenção, pois não são 90 dias) da publicação oficial, conforme determina o §1º do
art. 1º, da LINDB:
Art. 1º, §1º Nos Estados, estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se inicia
três meses depois de oficialmente publicada.
Isso ocorre geralmente em relação a assuntos que dizem respeito a serviços consulares,
atribuições de ministros, embaixadores, cônsules, convenções de direito internacional etc. Um
exemplo é o registro de filhos de brasileiros, no estrangeiro, regido pelas normas do Registro
de Pessoas Naturais. Assim, sendo publicada no Brasil uma nova lei sobre registro civil, sem
qualquer menção à vacatio legis, essa será de 45 dias no Brasil e 3 meses em outros Estados.
Imagine que uma lei, válida, mas ainda não vigente, precise sofrer correções. Nesse caso,
deverá haver nova publicação do texto corrigido e o prazo do art. 1º começará a correr do iní-
cio, a partir da data dessa publicação.
É o que determina o § 3º do art. 1º, da LINDB.
Art. 1º. § 3º Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, destinada a
correção, o prazo deste artigo e dos parágrafos anteriores começará a correr da nova publicação.
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O que se tem, nesse caso, é uma lei válida, que foi aprovada de acordo com o processo
legislativo regular, mas que ainda não está em vigor, durante o período da vacatio legis.
Os erros materiais, como os de ortografia, podem ser corrigidos pelo juiz, ao aplicar a lei,
mas não os erros substanciais, que são aqueles que podem alterar o sentido da lei, sendo exi-
gida nova publicação, com a correção do texto, que será considerada lei nova, nos termos do
§4º do art. 1º, da LINDB:
No entanto, como a lei corrigida chegou a ter força obrigatória, os direitos adquiridos du-
rante sua vigência precisam ser protegidos e, por isso, não são atingidos pela nova publicação.
Quando o mês do vencimento não tiver o dia correspondente, o prazo terminará no primeiro
dia subsequente (art. 3º da L. 810/49). Por Exemplo: Uma lei, publicada em 30 de janeiro, pre-
vê a vacatio legis de um mês. Como fevereiro não tem dia 30, o fim do prazo será o dia 1º de
Março e a Lei entrará em vigor no dia 2 de março.
Vejamos, agora, o que diz o art. 8º, § 1º, da LC 95/1988, cujo texto foi alterado pela LC
107/2001, regulamentada pelo Decreto 4.176/2002, que dispõe sobre a elaboração, redação,
alteração e consolidação das leis, conforme determina o art. 59, p.u, da CF/88.
Art. 8º, § 1º A contagem do prazo para entrada em vigor das leis que estabeleçam período de va-
cância far-se-á com a inclusão da data da publicação e do último dia do prazo, entrando em vigor
no dia subsequente a sua consumação integral. (grifei)
Esse prazo não se sujeita a interrupção nem suspensão, de maneira que se a data indicada
na lei recair em feriado, sábado ou domingo, a vigência terá início naquele dia.
Vamos, agora, aplicar a contagem de prazo da vacatio legis a um exemplo concreto?
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Imagine que uma lei tenha sido publicada no dia 10 de março, com prazo de vacância de
quinze dias. Nesse caso, o dia da publicação é contado como o 1º dia do prazo, devendo o 15º
dia também ser incluído na contagem. Logo, o início da vigência será dia 25 de março.
Veja:
Não confunda esse prazo como prazo do CPC, que é contado em dias úteis. Na contagem do
prazo de vacatio legis são computados dias corridos, sejam eles úteis, sábados, domingos
ou feriados.
Obs.: não há vacatio legis em caso de decretos e regulamentos administrativos, cuja obriga-
toriedade é determinada pela sua publicação, salvo se o ato dispuser de forma diversa.
Fim da Vigência
Como você bem sabe, as leis nascem, aplicam-se e permanecem em vigor, até serem re-
vogadas. O art. 2º, da LINDB, que vimos há pouco, faz uma clara relação da vigência com o
aspecto temporal da lei.
A regra geral é que a lei não tem prazo certo para vigorar, permanecendo vigente até ser
modificada ou revogada por outra. É o que se denomina “eficácia contínua”, que deriva do prin-
cípio da continuidade, do qual já tratamos.
A exceção à regra são as leis que já nascem com um prazo para perder a vigência, ou com
um objetivo a ser cumprido.
A revogação é a retirada da eficácia da lei, o que só pode ocorrer por meio de outra lei, de
hierarquia igual ou superior. Para Maria Helena Diniz, “o ato de revogar incide em tornar sem
efeito uma norma, retirando sua obrigatoriedade. Revogação é um termo genérico, que indica a
ideia da cessação da existência da norma obrigatória”.
Classificação da Revogação
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A revogação expressa ou direta ocorre quando a lei explicitamente declara revogada a lei
anterior, ou aponta os dispositivos que pretende suprimir. É a mais segura, pois evita dúvidas.
Um exemplo, dentre a infinidade de opções de revogação expressa, é o art. 2.045, do Códi-
go Civil de 2002:
Art. 2.045. Revogam-se a Lei nº 3.071, de 1 o de janeiro de 1916 Código Civil e a Parte Primeira do
Código Comercial, Lei nº 556, de 25 de junho de 1850.
A revogação tácita ou indireta pode ocorrer em duas hipóteses: quando a norma seja in-
compatível com a anterior ou quando regule integralmente a matéria, ainda que não faça men-
ção à lei revogada.
Parcial (derrogação)
Quanto à extensão
Total (ab-rogação)
Revogação parcial ocorre quando a nova lei remove apenas uma parte da lei antiga, perma-
necendo em vigor a parte não revogada. A isso se denomina derrogação.
Um exemplo de derrogação foi a revogação da Primeira Parte do Código Comercial, pelo
Código Civil de 2002.
A revogação total, ou ab-rogação, ocorre quando a nova lei suprime todo o texto da lei
revogada, o que pode ocorrer quando a lei nova regula inteiramente a matéria tratada pela
lei anterior, ou quando há incompatibilidade (explícita ou implícita) entre as leis. Nesse caso
a lei anterior perde totalmente sua eficácia. Exemplo é a revogação do CPC de 1973, pelo
CPC de 2015.
Agora que você já conhece as formas de revogação, podemos voltar ao texto da LINDB e
conferir o que diz o §1º do art. 2º.
Art. 2º, §1º A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela
incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior.
Esse dispositivo responde ao questionamento: quando deve ser revogada uma lei?
São três as hipóteses:
• quando a lei nova expressamente assim o declare;
• quando a lei anterior for incompatível com a lei nova;
• quando a lei nova regular inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior.
Dessas três situações, a primeira é caso é de revogação expressa e as outras duas são
hipóteses de revogação tácita.
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O § 2º do art. 2º da LINDB determina que “a lei nova, que estabeleça disposições gerais ou
especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior”.
Ou seja, a publicação de uma lei que trate do mesmo assunto de outra anterior não provoca,
necessariamente, a revogação da lei antiga, o que só ocorrerá na hipótese de incompatibilida-
de, ou se a lei nova regular totalmente a matéria tratada pela lei pretérita. A incompatibilidade
pode levar à revogação da lei geral pela especial ou da lei especial pela geral, mas se ambas
forem compatíveis ou complementares não haverá revogação.
Estabelecer disposições gerais não é a mesma coisa que regular a matéria em sua integrali-
dade. Quando uma lei nova traça disposições gerais não haverá a revogação da lei anterior, se
ambas forem compatíveis. Por outro lado, na hipótese de uma lei nova tratar integralmente de
tema previsto em lei anterior, essa será revogada, ainda que não exista disposição expressa
nesse sentido (revogação tácita).
Ultratividade
Exemplo: imagine que Paulo e Ana contraíram matrimonio em 1960, adotaram um filho (João),
em 1969 e depois tiveram dois filhos, entre 1970 e 1973. Em 2003 Paulo veio a falecer e em
2004 a viúva e os filhos ingressaram com uma ação de inventário, visando a divisão dos bens,
nos termos da lei.
A pergunta que se faz, diante dessa situação hipotética, é a seguinte: João, o filho adotivo,
pode receber um quinhão menor do que seus irmãos?
A resposta é: pode.
O que ocorre é o seguinte: João foi adotado em 1969, ou seja, antes da promulgação da
Constituição de 1988, que a assegura que os filhos são todos iguais.
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Aplica-se, nesse caso, o art. 2.041, do Código Civil de 2002, segundo o qual à sucessão
aberta na vigência do Código Civil de 1916, mesmo que a ação tenha sido ajuizada já na vigên-
cia do Código Civil de 2002, aplica-se a Lei vigente à época a abertura da sucessão (morte).
Veja:
Art. 2.041. As disposições deste Código relativas à ordem da vocação hereditária (arts. 1.829 a
1.844) não se aplicam à sucessão aberta antes de sua vigência, prevalecendo o disposto na lei an-
terior (Lei n. 3.071, de 1º de janeiro de 1916) .
Temos aqui um caso de ultratividade da lei, ou seja, a norma continuou a produzir seus
efeitos, mesmo depois de finda sua vigência.
Para simplificar, podemos dizer que a ultratividade é a aplicação da lei da época em que o
fato ocorreu.
Obs.: o ordenamento jurídico brasileiro não admite a retirada dos efeitos de uma lei por meio
de um costume, em decorrência da supremacia da lei sobre os costumes. Trata-se da
inadmissibilidade do desuetudo /uma espécie de costume negativo, ou desuso. O STJ
já firmou sua jurisprudência nesse sentido.
Repristinação
O termo repristinação tem origem no vocábulo italiano “ripristinare”, que significa recons-
truir, restituir ao valor, caráter ou estado primitivo.
Juridicamente, a repristinação significa a restauração dos efeitos de uma norma que
foi revogada.
O ordenamento jurídico brasileiro veda, em regra, a repristinação, ressalvados os casos em
que houver disposição explícita que a aceite.
É o que determina a LINDB, em seu art. 3º, §3º:
Art. 3º, § 3º Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora
perdido a vigência.
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Art. 27. Ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, e tendo em vista razões de se-
gurança jurídica ou de excepcional interesse social, poderá o Supremo Tribunal Federal, por maioria
de dois terços de seus membros, restringir os efeitos daquela declaração ou decidir que ela só tenha
eficácia a partir de seu trânsito em julgado ou de outro momento que venha a ser fixado.
Interpretação da Norma
Interpretar é esclarecer, entender o significado de um vocábulo, reproduzir um pensamento
ou, no caso da interpretação da norma jurídica, descobrir seu alcance e sentido.
Maria Helena Diniz aponta três principais funções da interpretação:
• conferir a aplicabilidade da norma jurídica às relações sociais que a originaram;
• estender o sentido da norma a relações novas, inéditas ao tempo de sua criação;
• temperar o alcance do preceito normativo, para fazer com que corresponda às necessi-
dades reais e atuais de caráter social (fins sociais).
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Critérios de Interpretação
Art. 5º Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem
comum.
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Integração da Norma
Diferentemente do que ocorre com a interpretação, na qual o operador do direito trabalha
em cima de uma norma existente, a integração só ocorre quando houver lacunas.
Aqui cabe um alerta muito importante:
O Direito não tem lacunas! As lacunas podem ocorrer nas normas, mas o direito é com-
pleto, pleno.
O art. 4º da LINDB trata da integração, nos seguintes termos:
Art. 4º Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os
princípios gerais de direito.
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Subsunção X Integração
Não se admite confusão entre a integração e a subsunção e, por isso, vamos esclarecer
desde logo.
Na subsunção ocorre a aplicação direta da norma ao caso concreto, diferentemente da
integração, que só ocorre em caso de inexistência de norma adequada para a solução do
caso concreto.
Para que o magistrado faça uma correta subsunção é preciso que ele proceda à interpreta-
ção da lei que deve ser aplicada no caso concreto. Costuma-se dizer que na subsunção a lei é
um “molde”, no qual o fato deve se encaixar corretamente.
Se o juiz não vislumbrar uma norma que se amolde perfeitamente ao fato, deverá buscar a
integração, nos termos do art. 4º da LINDB. É esperado que o julgamento, em casos de lacuna
normativa, siga essa ordem hierárquica:
• 1º lugar: analogia;
• 2º lugar: costumes;
• 3º lugar: princípios gerais de direito.
DICA!
Macete: ordem alfabética.
No entanto, em situações excepcionais essa ordem poderá ser alterada ou até mesmo ig-
norada. Um exemplo são os direitos fundamentais, previstos na Constituição Federal de 1988,
que se baseiam, inicialmente, em princípios gerais. Nesse caso ocorre a transposição dos prin-
cípios gerais de direito para princípios constitucionais.
Vamos, então, analisar cada um dos métodos de integração, previstos na LINDB?
Analogia
Ao recorrer à analogia, diante da falta de norma prevista para o caso concreto, o juiz aplica
uma norma semelhante, prevista para um caso análogo.
Maria Helena Diniz leciona que a analogia “consiste em aplicar a um caso não previsto de
modo direto ou específico por uma norma jurídica uma norma prevista para uma hipótese distin-
ta, mas semelhante ao caso não contemplado”. Em outras palavras, o juiz decide com base em
um conjunto de normas próximas, do próprio ordenamento jurídico, que tratam de situações
semelhantes ao caso em análise.
Carlos Roberto Gonçalves aponta três requisitos para a aplicação da analogia:
• Ausência de dispositivo legal que discipline o caso concreto;
• Semelhança entre a relação não contemplada e outra regulada pela lei;
• Identidade de fundamentos lógicos e jurídicos no ponto comum aos dois fatos.
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Classificação da Analogia
Analogia Legal ( analogia legis): consiste na aplicação de uma norma legal existente, para
regular casos semelhantes aos nela previstos.
Analogia Jurídica ou (analogia juris): aplicação de um conjunto de normas semelhantes,
para delas extraírem-se elementos que possibilitem a aplicabilidade ao caso concreto não pre-
visto, mas semelhante.
Costumes
No âmbito jurídico entende-se os costumes como a reiteração de práticas tidas como líci-
tas e obrigatórias.
É necessário, para que uma prática seja reconhecida como costume do direito, que o seu
uso seja reiterado, seu conteúdo seja lícito e que ela tenha relevância jurídica.
Continuidade Moralidade
COSTUMES
Obrigatoriedade
Uniformidade
Diuturnidade
Modalidades de Costume
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Equidade
Atenção a esse ponto, pois a equidade, que não está prevista no art. 4º da LINDB, não con-
siste em método de integração, mas auxilia nessa missão.
Trata-se de uma fonte informal, indireta ou mediata do direito, pela qual o juiz, ao julgar,
faz uso do uso do bom senso, buscando a solução mais justa para o caso concreto. O julga-
mento por equidade desconsidera regra ou norma jurídica, para usar outras regras, quando a
lei permitir.
Um exemplo de previsão legal de equidade é o Art. 140, do CPC:
Art. 140. o juiz não se exime de decidir sob a alegação de lacuna ou obscuridade do ordenamento
jurídico.
Parágrafo único. O juiz só decidirá por equidade nos casos previstos em lei.
Antinomias
Ocorre antinomia quando há duas normas em conflito e não se sabe qual delas deve ser
aplicada, no caso concreto. O juiz, vendo-se diante de antinomia, deverá adotar o critério de
preenchimento de lacunas, para resolver o caso concreto.
Para que fique caracterizada uma antinomia jurídica são necessários três requisitos:
• normas incompatíveis;
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• necessidade de decisão;
• indecisão a respeito de qual norma deve prevalecer.
Antinomia Real
O caso não pode ser solucionado respeitando-se ambas as normas, pois não é possível
agir de acordo com ambas as regras. A solução é a utilização da analogia, dos costumes e dos
princípios gerais do direito, nos termos do art. 4º, da LINDB.
Antinomia Aparente
O caso poderá ser solucionado com a aplicação de ambas as normas. Um exemplo seria o
aparente conflito entre o Código Civil e o Código de Defesa do Consumidor, no que se refere ao
foro competente para a propositura da Ação.
Veja:
Código Civil
Art. 435. Reputar-se-á celebrado o contrato no lugar em que foi proposto.
CDC
Art. 101. Na ação de responsabilidade civil do fornecedor de produtos e serviços, sem prejuízo do
disposto nos Capítulos I e II deste título, serão observadas as seguintes normas:
I – a ação pode ser proposta no domicílio do autor;
Estamos diante de uma antinomia aparente, que se resolve de maneira bem simples: A
norma especial derroga a norma geral, na aplicação. Assim, em se tratando de relação de con-
sumo, aplica-se o disposto no art. 101, do CDC.
A doutrina ainda classifica as antinomias pelo grau, quando houver da necessidade de
adoção de um critério ou mais, para a resolução do conflito aparente.
Antinomia de 1º Grau
Antinomia de 2º Grau
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Critério da Especialidade
No caso de conflito envolvendo norma especial e norma geral, como ocorreu no exemplo
supracitado, prevalecerá a norma especial. Trata-se de antinomia aparente de 1º grau.
Critério Cronológico
Havendo conflito entre norma posterior e norma anterior, deverá prevalecer a posterior,
pelo critério cronológico. Trata-se de antinomia aparente de 1º grau.
Critério Hierárquico
Na hipótese de conflito entre norma superior e norma inferior, prevalecerá a norma supe-
rior, pelo critério hierárquico. Mais uma hipótese de antinomia aparente de 1º grau.
Havendo um conflito entre norma especial anterior e norma geral posterior (critério da es-
pecialidade X critério cronológico) deverá prevalecer o critério da especialidade, prevalecendo
a norma anterior, que é especial. Trata-se de antinomia aparente de 2º grau.
Havendo um conflito entre norma superior anterior e norma inferior posterior (critério hie-
rárquico X critério cronológico) deverá prevalecer o critério hierárquico, prevalecendo a norma
anterior, que é superior. Trata-se de antinomia aparente de 2º grau.
Havendo conflito entre norma geral superior e norma especial inferior (critério da espe-
cialidade X critério hierárquico): a doutrina entende que nesse caso não há como solucio-
nar o conflito, pois é impossível averiguar qual das duas normas deve predominar. Deverão
ser aplicados os mecanismos destinados a suprir as lacunas da lei, previstos nos arts. 4º e
5º, da LINDB.
Para Maria Helena Diniz, numa situação como essa não se pode estabelecer uma regra geral:
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Conflito de Leis
Conflito de Leis no Tempo
O conflito de leis no tempo surge quando uma lei é modificada por outra e já haviam sido
constituídas relações jurídicas na vigência da lei anterior.
Um exemplo: O Código de Processo Civil de 1973 regulou milhares de processos, até que
em 2015 entrou em vigor o Novo CPC.
Daí surge o questionamento: Qual das duas normas deverá ser aplicada?
O direito intertemporal soluciona a questão, por meio de dois métodos de solução de con-
flitos: as disposições transitórias e o princípio da irretroatividade das leis.
Vejamos cada um desses métodos.
Normalmente, para evitar eventuais e futuros conflitos, a lei nova traz, geralmente ao final
do texto, disposições temporárias, conciliando as regras nela previstas com as relações já
definidas pela norma anterior. Foi o que fez o legislador do Código Civil de 2002, que incluiu na
parte final da Lei as Disposições Finais e Transitórias (arts. 2.028 a 2.046).
Um exemplo é o art. 2.038, do Código Civil:
Perceba que, de acordo com esse dispositivo, as disposições do Código revogado continu-
am produzindo efeitos (ultratividade), para regular as enfiteuses já existentes.
Outro exemplo de ultratividade que podemos citar é o procedimento sumário, extinto pelo
CPC atual, mas que continuou a ser aplicado aos processos que estavam em curso, à época
do início da sua vigência.
Retroatividade da lei é a produção de seus efeitos a situações pretéritas, ou seja, a lei não
regula somente os fatos ocorridos a partir de sua vigência, mas alcança certas situações jurí-
dicas ocorridas antes de sua entrada em vigor.
A regra, em nosso ordenamento jurídico, é as leis tenham eficácia ex nunc ( para o futuro),
a partir do início de sua vigência. Leis não são feitas para atingir fatos antigos (repito: essa
é a regra).
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LEI NOVA
O fundamento jurídico para a irretroatividade das leis está na Constituição Federal (art. 5º,
inc. XXXVI) e na LINDB (art. 6º):
CF/88
Art. 5º, XXXVI – A lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada.
LINDB.
Art. 6º A lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adqui-
rido e a coisa julgada.
Temos aqui a previsão do preceito “Tempus regit Actum” ( a lei que incide sobre determina-
do fato é aquela do tempo em que o fato ocorreu).
Observe:
REGRA IRRETROATIVIDADE
RETROATIVIDADE EXCEÇÃO
Se não atingir:
Se houver expressa Ato jurídico perfeito
disposição normativa Direito adquirido
Coisa julgada
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LINDB
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Direito Adquirido
Enquanto não estiverem presentes estes elementos, não há direito adquirido, mas “expec-
tativa de direito”
O art. 6º, §2º, da LINDB, prevê o direito adquirido, nos seguintes termos:
Art. 6º, § 2º Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou alguém por ele, possa
exercer, como aqueles cujo começo do exercício tenha termo pré-fixo, ou condição preestabelecida
inalterável, a arbítrio de outrem.
Coisa Julgada
É a decisão judicial da qual não cabe mais recurso (já transitou em julgado). Uma lei nova
não pode alterar o que já foi julgado em definitivo pelo Poder Judiciário.
A LINDB prevê a coisa julgada no § 3º do art. 6º:
§ 3º Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial de que já não caiba recurso.
É o ato que já se consumou, de acordo com a lei vigente ao tempo em que ocorreu, com
observância de todas as formalidades e presença dos elementos constitutivos exigidos pela
lei. O ato jurídico perfeito não pode ser alterado por lei posterior à sua consumação, pois já não
depende de mais nada. Sua eficácia é plena.
A LINDB prevê o ato jurídico perfeito no § 1º do art. 6º:
Art. 6º, § 1º Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado segundo a lei vigente ao tempo em que
se efetuou.
Obs.: a relação que existe entre os três conceitos jurídicos que acabamos de ver pode ser
esquematizada da seguinte forma:
DA AJP CJ
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Ou seja, a coisa julgada é um ato jurídico perfeito que, por sua vez, configura um direito
adquirido do titular. Perceba que o direito adquirido é mais amplo, englobando o ato jurídico
perfeito e a coisa julgada.
Está ficando claro para você?
De acordo com a Constituição Federal e a LINDB, a lei não retroagirá, em regra, mas na ex-
cepcionalidade de uma retroatividade, essa não poderá afetar o direito adquirido, o ato jurídico
perfeito e a coisa julgada.
Conclui-se, então, que a irretroatividade da lei não é absoluta, pois, como foi dito há pouco,
há exceções.
Vejamos o que nos diz o Enunciado 109, da Jornada de Direito Civil:
109 – Art. 1.605: a restrição da coisa julgada oriunda de demandas reputadas improce-
dentes por insuficiência de prova não deve prevalecer para inibir a busca da identidade
genética pelo investigando.
Pois bem, meu caro/minha cara, o Enunciado 109 esclarece que a coisa julgada referente
sentenças prolatadas em ações de investigação de paternidade antigas, da época em que
ainda não havia provas periciais, tais como o exame de DNA, será relativizada, de forma que
permita um novo exame, para que a investigação de paternidade seja efetiva. Assim, o autor da
Ação (investigando) poderá propor nova demanda, ainda que já exista sentença anterior, que
tenha negado provimento ao pedido, por insuficiência de provas.
Outro exemplo é o parágrafo único do art. 2.035, do Código Civil de 2002, cuja redação é
a seguinte:
Art. 2.035, Parágrafo único. Nenhuma convenção prevalecerá se contrariar preceitos de ordem pú-
blica, tais como os estabelecidos por este Código para assegurar a função social da propriedade e
dos contratos.
Ou seja, qualquer cláusula contratual pactuada durante a vigência do Código Civil de 1916,
cujo teor contrarie as disposições estabelecidas pelo CC de 2002, no que se refere à função
social da propriedade e dos contratos, não pode prevalecer sobre as novas disposições legais.
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TERRITORIALIDADE
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LINDB
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A prova dos fatos ocorridos em país estrangeiro rege-se pela lei que nele
Art. 13 vigorar, quanto ao ônus e aos meios de produzir-se, não admitindo os tribunais
brasileiros provas que a lei brasileira desconheça
EXTRATERRITORIALIDADE
A sucessão por morte ou por ausência obedece à lei do país em que domiciliado
Art. 10 o defunto ou o desaparecido, qualquer que seja a natureza e a situação dos
bens
Meu conselho é que você leia diversas vezes esses dispositivos, pois a maioria absoluta
das questões de concursos (99%) cobra a literalidade da lei.
Agora faremos alguns comentários sobre os temas abordados.
Exemplo: uma jovem de 18 anos, nascida nos Estados Unidos, filha de pais ingleses e domici-
liada na Espanha, pode ser considerada plenamente capaz, em território brasileiro?
Para se saber a resposta é necessário conhecer a lei espanhola, pois é ela a que deve ser apli-
cada, nesse caso ( lei do domicílio da pessoa).
Ou seja, de acordo com a LINDB, os direitos da personalidade, nome e capacidade são es-
tabelecidos pela lex domicilli. O CPC de 2015, complementando a LINDB, apresenta as regras
relativas aos limites da jurisdição brasileira, nos seguintes termos:
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CPC, Art. 21. Compete à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações em que:
I – o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil;
II – no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação;
III – o fundamento seja fato ocorrido ou ato praticado no Brasil.
Parágrafo único. Para o fim do disposto no inciso I, considera-se domiciliada no Brasil a pessoa
jurídica estrangeira que nele tiver agência, filial ou sucursal.
Art. 7º, § 1º Traça regras específicas, que deverão ser adotadas aos casamentos realizados no
Brasil.
Imagine a seguinte situação: Os noivos têm domicílio em país estrangeiro que admite a po-
ligamia, mas resolvem se casar no Brasil. Como proceder, diante de uma situação como essa?
Veja o que diz o § 1º do art. 7º:
Art. 7º, § 1º Realizando-se o casamento no Brasil, será aplicada a lei brasileira quanto aos impedi-
mentos dirimentes e às formalidades da celebração.
Então, guarde bem isso: Para casamento realizado no Brasil, aplica-se a Lei brasileira.
Trata-se da regra lex loci actus (a lei do local da realização do ato), ainda que os noivos
sejam estrangeiros.
O § 2º do Art. 7º prevê a possibilidade de realização de casamento de estrangeiros, na
sede do consulado do país da nacionalidade dos noivos, hipótese em que o casamento será
realizado de acordo com as leis do país do celebrante.
Mas, fique atento(a), pois essa hipótese só será possível se ambos os nubentes forem
daquela nacionalidade. No caso de um brasileiro resolver se casar em Tóquio, o casamento só
poderá ser realizado no consulado brasileiro se a noiva também for brasileira. Se for japonesa,
ou de qualquer outra nacionalidade, não será possível.
Vamos conferir o §2º do art. 7º.
O § 3º do Art. 7º cuida da invalidade do casamento, que será regida pela lei do domicílio
comum dos cônjuges, ou do primeiro domicílio conjugal. Para citar um exemplo, imaginemos
um marroquino que contrai segundas núpcias, no Marrocos (lá é permitido) e logo em seguida
se muda para o Brasil, onde fixa domicílio. Ora, se ambos fossem domiciliados no Marrocos,
lá o casamento seria válido, porém no Brasil esse casamento é inválido, de acordo com as leis
brasileiras (art. 1.521, VI, do Código Civil).
Aplica-se, no caso em análise, o disposto no § 3º do art. 7º, da LINDB:
Art. 7º, § 3º Tendo os nubentes domicílio diverso, regerá os casos de invalidade do matrimônio a
lei do primeiro domicílio conjugal.
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Vejamos outro exemplo: Um chileno casa-se com uma brasileira, passando o casal residir
no Chile. Nessa situação, se houver invalidade no casamento, deverá ser aplicada a lei chilena,
pois é o local do primeiro domicílio do casal.
Obs.: o primeiro domicílio conjugal é aquele declarado pelo casal, no ato do casamento.
Assim, se um casal informar que seu domicílio será no Brasil, aplicar-se-á a lei brasi-
leira, na hipótese de invalidade do casamento. A lei do domicílio do casal também irá
regular o regime de bens, legal ou convencional.
Art. 7º, § 4º O regime de bens, legal ou convencional, obedece à lei do país em que tiverem os nu-
bentes domicílio, e, se este for diverso, a do primeiro domicílio conjugal.
Art. 7º, § 5º O estrangeiro casado, que se naturalizar brasileiro, pode, mediante expressa anuência
de seu cônjuge, requerer ao juiz, no ato de entrega do decreto de naturalização, se apostile ao mes-
mo a adoção do regime de comunhão parcial de bens, respeitados os direitos de terceiros e dada
esta adoção ao competente registro.
Um exemplo seria um uruguaio casado com uma brasileira, se naturalizar brasileiro e re-
querer a adoção do regime de comunhão parcial de bens, com a anuência expressa da esposa,
respeitados os direitos de terceiros e levada a adoção do regime a registro competente.
Mas, fique atento(a), pois a anuência expressa do cônjuge só será exigida no caso de alte-
ração do regime de bens do casamento, passando para comunhão parcial.
Seguindo adiante, o § 6º do art. 7º traça regras sobre o divórcio realizado no estrangeiro.
De início cabe um alerta: cuidado com esse dispositivo, pois aqui se aplica a EC 66/2010.
Primeiramente vejamos o texto do § 6º do art. 7º:
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O prazo de um ano, para conversão da separação judicial em divórcio, não é mais exigido,
desde a EC 66/2010. Como você bem sabe, sequer é necessária a separação judicial, podendo
haver o divórcio direto.
Após a EC 66/2010, o § 6º do art. 7º, da LINDB, precisou de nova revisão, diante da previ-
são do art. 961, § 5º, do CPC de 2015, segundo o qual a sentença estrangeira de divórcio con-
sensual produz efeitos no Brasil, independentemente de homologação pelo Superior Tribunal
de Justiça.
Veja:
Art. 961, § 5º A sentença estrangeira de divórcio consensual produz efeitos no Brasil, independen-
temente de homologação pelo Superior Tribunal de Justiça.
Ou seja, uma sentença estrangeira de divórcio consensual simples (dispõe apenas sobre
o fim do matrimônio) pode ser averbada no Registro Civil de Pessoas naturais, sem homologa-
ção do STJ. No entanto, no caso de divórcio consensual qualificado, em que se decide sobre
a guarda dos filhos, partilha de bens ou prestação de alimentos, permanece a exigência de
homologação, pelo STJ.
O § 7º do art. 7º, determina que o domicílio do chefe da família se estende ao outro cônjuge
e aos filhos não emancipados, aplicando-se a mesma regra ao tutor ou curador, em relação aos
incapazes sob sua guarda, salvo em caso de abandono.
Eu sabia que você iria ficar indignado(a) com essa colocação absolutamente machista,
retrógrada e ultrapassada!
Na verdade, essa parte do § 7º não tem o menor cabimento, na atualidade (lembre-se que a
LINDB é de 1940), já que a Constituição Federal e o Código Civil estabelecem que a sociedade
conjugal deve ser exercida, em colaboração, pelo marido e pela mulher.
Veja o que diz o art. 1567, do Código Civil:
Art. 1.567. A direção da sociedade conjugal será exercida, em colaboração, pelo marido e pela mu-
lher, sempre no interesse do casal e dos filhos.
Art. 7º, § 7º Salvo o caso de abandono, o domicílio do chefe da família estende-se ao outro cônjuge
e aos filhos não emancipados, e o do tutor ou curador aos incapazes sob sua guarda.
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Infelizmente, sim. Um examinador poderia usar isso como pegadinha de prova, sabendo
que o candidato iria julgar a questão errada, por inconstitucionalidade. Portanto, se mencionar
explicitamente as disposições da LINDB, considere correta a alternativa.
Passamos ao § 8º do art. 7º, o qual determina que se a pessoa não tiver domicílio, deverá
ser considerada domiciliada no local da sua residência, ou onde for encontrada. Isso se aplica
a pessoas sem-teto e ciganos, por exemplo.
Veja:
§ 8º Quando a pessoa não tiver domicílio, considerar-se-á domiciliada no lugar de sua residência ou
naquele em que se encontre.
O art. 8º da LINDB traça regras sobre as relações que envolvem bens e obrigações. Aplica-
-se aqui o princípio da territorialidade: se os bens estiverem situados no Brasil, aplicam-se as
leis brasileiras; se as obrigações tiverem sido constituídas em território brasileiro, aplicam-se
as leis do Brasil. Contrario sensu, se os bem estiver situado no exterior, ou se as obrigações
tiverem sido constituídas no exterior, deverá ser adotada a lei estrangeira.
Chegamos ao art. 10, da LINDB, o qual traça regras relativas à morte e sucessão.
Veja:
Art. 10. A sucessão por morte ou por ausência obedece à lei do país em que domiciliado o defunto
ou o desaparecido, qualquer que seja a natureza e a situação dos bens.
Desse dispositivo se extrai que, em regra, quando alguém morre e deixa bens, a sucessão
deverá ser regida pela lei do local onde o de cujus tinha domicílio, independentemente de sua
nacionalidade, local do falecimento, natureza e situação dos bens.
Um exemplo: Imagine que um americano é casado com uma inglesa e o casal vive no Bra-
sil, onde fixou domicílio há quinze anos.
Em caso de morte de um deles, como será feita a distribuição da herança? A resposta é
simples: De acordo com as regras brasileiras que dispõe sobre a sucessão, independente de
ondem se encontrarem os bens.
Na sucessão, a regra é a aplicação da lei do domicílio do morto. No entanto, o §1º do art.
10, ora em análise, apresenta uma exceção, que se aplica na hipótese de haver bens no Brasil e
cônjuge e filhos brasileiros. Nesse caso, deverá ser aplicada a lei mais favorável aos herdeiros
brasileiros, indiferentemente de ser a lei brasileira ou a do domicílio do morto.
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Vejamos:
§ 1º A sucessão de bens de estrangeiros, situados no País, será regulada pela lei brasileira em be-
nefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, ou de quem os represente, sempre que não lhes seja
mais favorável a lei pessoal do de cujus.
Esse dispositivo foi copiado pela Constituição Federal, em seu art. 5º, inc. XXXI:
Art. 5º, XXXI – a sucessão de bens de estrangeiros situados no País será regulada pela lei brasileira
em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável a lei
pessoal do de cujus;
Art. 10, §2º A lei do domicílio do herdeiro ou legatário regula a capacidade para suceder.
Claro!
Veja bem, no que se refere à determinação de quem tem a qualidade de herdeiro, deverá
ser aplicada a lei que rege a sucessão do morto que, no Brasil é a lei do local onde esse tinha
domicílio (art. 10 da LINDB c/c art. 1.785, do Código Civil)
LINDB, Art. 10. A sucessão por morte ou por ausência obedece à lei do país em que domiciliado o
defunto ou o desaparecido, qualquer que seja a natureza e a situação dos bens.
Muito bem, agora resta saber qual norma deverá ser aplicada, para definir quem tem capa-
cidade para suceder, ou seja, se a pessoa indicada pela lei do domicílio do de cujos é capaz de
receber a herança.
Nesse caso, deverá ser adotada a lei do domicílio do herdeiro ou legatário, nos termos do
§ 2º do art. 10, da LINDB:
Art. 10, § 2º A lei do domicílio do herdeiro ou legatário regula a capacidade para suceder.
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Exemplo: João, que era domiciliado na França, morre e deixa uma frota de caminhões, no
Brasil. Sua filha única, Maria, reside no Rio de Janeiro. Pergunta-se: Como se resolve a suces-
são?
Pois bem, a lei que determina a qualidade de herdeiro (sucessão) será a da França, onde
João tinha seu domicílio, enquanto a capacidade de suceder de sua filha Maria será regida pela
lei brasileira (local do domicílio do sucessor).
Competência
Avançando mais um pouco na solução do conflito de leis no espaço, de acordo com a LIN-
DB, chegaremos ao art. 12, que trata da competência processual.
Vejamos:
Art. 12. É competente a autoridade judiciária brasileira, quando for o réu domiciliado no Brasil ou
aqui tiver de ser cumprida a obrigação.
Art. 12, § 1º Só à autoridade judiciária brasileira compete conhecer das ações relativas a imóveis
situados no Brasil.
Art. 12, §2º A autoridade judiciária brasileira cumprirá, concedido o exequatur e segundo a forma
estabelecida pele lei brasileira, as diligências deprecadas por autoridade estrangeira competente,
observando a lei desta, quanto ao objeto das diligências.
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Na situação apresentada, o juiz canadense deverá requerer (por meio de carta rogatória)
que se cumpra a ordem, aqui no Brasil, o que se fará após a concessão do exequatur, deven-
do o cumprimento da sentença ser determinado por um juiz brasileiro (daí a lei mencionar as
diligências deprecadas), desde atendidos os requisitos previstos no Código de Processo Civil.
Decisões Estrangeiras
Quanto aos atos de outros países, a LINDB estabelece, no art. 17, que as leis, atos e senten-
ças estrangeiras, assim como as declarações de vontade, não terão eficácia no Brasil quando
ofenderem a soberania nacional, a ordem pública e os bons costumes.
Art. 17. As leis, atos e sentenças de outro país, bem como quaisquer declarações de vontade, não
terão eficácia no Brasil, quando ofenderem a soberania nacional, a ordem pública e os bons costu-
mes.
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Agora, então, podemos verificar os dispositivos da LINDB, CF/88 e CPC, que tratam do tema.
Vejamos o que diz o art. 15, da LINDB:
Art. 15. Será executada no Brasil a sentença proferida no estrangeiro, que reúna os seguintes requi-
sitos:
a) haver sido proferida por juiz competente;
b) terem sido os partes citadas ou haver-se legalmente verificado à revelia;
c) ter passado em julgado e estar revestida das formalidades necessárias para a execução no lugar
em que foi proferida;
d) estar traduzida por intérprete autorizado;
e) ter sido homologada pelo Supremo Tribunal Federal. (Vide art.105, I, i da Constituição Federal).
CF/88
Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:
I – processar e julgar, originariamente:
i) a homologação de sentenças estrangeiras e a concessão de exequatur às cartas rogatórias; (In-
cluída pela Emenda Constitucional n. 45, de 2004)
Art. 961. A decisão estrangeira somente terá eficácia no Brasil após a homologação de sentença
estrangeira ou a concessão do exequatur às cartas rogatórias, salvo disposição em sentido contrá-
rio de lei ou tratado.
Seguindo em frente, na análise dos dispositivos da LINDB que tratam da vigência da lei no
espaço, verificamos que o art. 18 trata da competência das autoridades consulares brasileiras
para a prática de atos notariais.
Vejamos:
Art. 18. Tratando-se de brasileiros, são competentes as autoridades consulares brasileiras para
lhes celebrar o casamento e os mais atos de Registro Civil e de tabelionato, inclusive o registro de
nascimento e de óbito dos filhos de brasileiro ou brasileira nascido no país da sede do Consulado.
Ou seja, a autoridade consular funciona como um agente notarial para os brasileiros que
estão na localidade do consulado, podendo praticar atos de registro.
Merece atenção a Súmula 381, do STF, segundo a qual “não se homologa sentença de di-
vórcio obtida, por procuração, em país de que os cônjuges não eram nacionais”. Tomemos um
exemplo prático: Uma brasileira se divorcia, por procuração concedida a um advogado, de um
português, na Espanha. Esse divórcio não pode ser homologado no Brasil.
O § 1º do Art. 18 da LINDB estabelece que se o casal não tiver filhos menores ou incapa-
zes, a autoridade consular brasileira em outro país também poderá celebrar a separação con-
sensual e o divórcio de brasileiros.
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Veja:
Art. 18, § 1º As autoridades consulares brasileiras também poderão celebrar a separação consen-
sual e o divórcio consensual de brasileiros, não havendo filhos menores ou incapazes do casal e
observados os requisitos legais quanto aos prazos, devendo constar da respectiva escritura pública
as disposições relativas à descrição e à partilha dos bens comuns e à pensão alimentícia e, ainda,
ao acordo quanto à retomada pelo cônjuge de seu nome de solteiro ou à manutenção do nome ado-
tado quando se deu o casamento.
Cabe ressaltar que desde a EC 66/2010 não há mais a exigência do prazo entre separação
e divórcio, podendo ser realizado o divórcio direto.
Então, se um casal de brasileiros que não têm filhos menores ou incapazes e reside em
Paris resolver se divorciar, basta procurar a Embaixada brasileira em Paris e realizar o divórcio.
Por outro lado, se não houver acordo, ou se o casal tiver filhos menores ou incapazes, o divór-
cio só poderá ser realizado mediante ação judicial.
Mas, atenção, pois o divórcio realizado por autoridade consular brasileira não dispensa a
assistência por advogado, por disposição do §2º do art. 8º, da LINDB:
Art. 18, § 2º É indispensável a assistência de advogado, devidamente constituído, que se dará me-
diante a subscrição de petição, juntamente com ambas as partes, ou com apenas uma delas, caso a
outra constitua advogado próprio, não se fazendo necessário que a assinatura do advogado conste
da escritura pública
Por fim, o art. 19 da LINDB informa que serão considerados válidos todos os atos indicados
no artigo anterior, desde que satisfaçam todos os requisitos legais.
Art. 19. Reputam-se válidos todos os atos indicados no artigo anterior e celebrados pelos cônsules
brasileiros na vigência do Decreto-lei n.º 4.657, de 4 de setembro de 1942, desde que satisfaçam
todos os requisitos legais.
O art. 8º da LINDB, ao tratar das relações que envolvem bens e obrigações, adota o princí-
pio da territorialidade, ao determinar que os bens situados no Brasil serão regidos por leis do
Brasil, aplicando-se a mesma regra às obrigações constituídas no território nacional. Por outro
lado, deverá ser aplicada a lei estrangeira sempre que o bem estiver situado no exterior, ou se
a obrigação tiver se constituído no exterior.
Um exemplo seria uma coleção de arte, situada no Brasil. Aplica-se, nesse caso, a lei bra-
sileira (lex rei sitae). Por outro lado, se a coleção estiver em território argentino, aplica-se a lei
argentina.
A exceção à regra da territorialidade é a aplicação da lei do domicílio, que deverá ser adota-
da quando se tratar de bens móveis transportados para outros lugares, ou trazidos para o Brasil.
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Tomando o exemplo supracitado, imaginemos que a tal coleção de arte está sendo trans-
portada do Brasil para a Argentina. A essa situação deverá ser aplicada a lei do domicílio do
proprietário.
Vamos conferir o art. 8º?
Art. 8º Para qualificar os bens e regular as relações a eles concernentes, aplicar-se-á a lei do país
em que estiverem situados.
§1º Aplicar-se-á a lei do país em que for domiciliado o proprietário, quanto aos bens moveis que ele
trouxer ou se destinarem a transporte para outros lugares.
Em relação ao penhor, que se configura em um direito real de garantia, um ônus que incide
sobre bens móveis, a LINDB determina que deverá ser aplicada lei do domicílio da pessoa que
detém a posse da coisa empenhada (lex domicilli).
Exemplo: se um brasileiro domiciliado na Inglaterra recebe uma joia tem a posse de uma joia
que lhe foi entregue em garantia por um empréstimo, deverá ser aplicada a essa relação a lei
da Inglaterra.
Art. 8º, §2º O penhor regula-se pela lei do domicílio que tiver a pessoa, em cuja posse se encontre
a coisa apenhada.
Ao traçar regras sobre as obrigações, o art. 9º da LINDB estabelece que deverão ser aplica-
das as leis do local em que essas foram constituídas (locus regit actum). Por exemplo, se dois
brasileiros firmam um contrato na França, esse pacto será regido pela lei francesa.
Vejamos o texto do referido art. 9º:
Art. 9º Para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-á a lei do país em que se constituírem.
A esse respeito, vale atentar para a jurisprudência do STJ, acerca de dívidas de jogo:
Info 610-STJ: A cobrança de dívida de jogo contraída por brasileiro em cassino que fun-
ciona legalmente no exterior é juridicamente possível e não ofende a ordem pública, os
bons costumes e a soberania nacional. (STJ. 3ª Turma. REsp 1.628.974-SP, Rel. Min.
Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 13/6/2017).
No entanto, a própria LINDB apresenta as exceções à regra locus regit actum, nos parágra-
fos do art. 9º.
A primeira exceção, prevista no § 1º, prevê que quando a obrigação depender de forma
essencial e tiver que ser executada no Brasil serão admitidas as peculiaridades da lei estran-
geira, no que diz respeito aos requisitos extrínsecos do ato.
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Art. 9º, §1º Destinando-se a obrigação a ser executada no Brasil e dependendo de forma essencial,
será esta observada, admitidas as peculiaridades da lei estrangeira quanto aos requisitos extrínse-
cos do ato.
Um bom exemplo seria os contratos que exigem a formalização por meio de escritura públi-
ca (um elemento extrínseco). Nesses casos, o contrato será celebrado com a observância da
lei brasileira, mas se a lei estrangeira não exigir a escritura pública essa poderá ser dispensada.
Já o § 2º do art. 9º se aplica a contratos firmados sem a presença dos contratantes (por
meio de advogados, por exemplo), hipóteses em que a obrigação resultante do contrato será
considerada constituída no local onde reside o proponente (o proponente é quem faz a oferta
do contrato, enquanto o aceitante é quem recebe a proposta).
Vamos conferir:
Art. 9º, § 2º A obrigação resultante do contrato reputa-se constituída no lugar em que residir o pro-
ponente.
Esse §2º do art. 9º apresenta um conflito parcial com o art. 435, do CPC, segundo o qual o
contrato reputar-se-á celebrado no local em que foi proposto. Isso porque nem sempre o local
onde a proposta foi feita é o mesmo da residência do proponente (imagine que eu resida em
Florianópolis e seja proponente de um contrato celebrado em São Paulo, por exemplo).
A solução para esse conflito parcial é a aplicação do art. 435 do CPC aos contratos celebra-
dos no Brasil e a regra do § 2º do art. 9º da LINDB aos contratos internacionais.
Provas Processuais
Seguindo em frente, vamos encontrar na LINDB regras sobre as provas processuais. A esse
respeito, o art. 13 determina que o ônus e os meios de prova de fatos ocorridos no exterior
serão regidos pela lei que vigorar no país onde tiverem ocorrido, não sendo admitidas nos tri-
bunais brasileiros provas que a lei brasileira desconheça.
Vamos checar o art. 13.
Art. 13. A prova dos fatos ocorridos em país estrangeiro rege-se pela lei que nele vigorar, quanto ao
ônus e aos meios de produzir-se, não admitindo os tribunais brasileiros provas que a lei brasileira
desconheça.
Já o art. 14 informa que quando o juiz não conhecer a lei estrangeira, poderá exigir daquele
que a invocou a prova do texto legal e da vigência. Nesse caso, a parte interessada terá que
apresentar a tradução juramentada, com todas as formalidades exigidas.
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Veja:
Art. 14. Não conhecendo a lei estrangeira, poderá o juiz exigir de quem a invoca prova do texto e da
vigência.
Para aplicar a lei estrangeria, o juízo brasileiro levará em consideração as disposições des-
sa, sem considerar remissões feitas a ela por outra lei. É o que prevê o art. 16, da LINDB:
Art. 16. Quando, nos termos dos artigos precedentes, se houver de aplicar a lei estrangeira, ter-se-á
em vista a disposição desta, sem considerar-se qualquer remissão por ela feita a outra lei.
Continuando na análise dos temas tratados pela LINDB, verificamos que, ao dispor sobre
as pessoas jurídicas de direito privado, o art. 11, determina que as organizações destinadas
a fins de interesse coletivo, tais como as sociedades e as fundações, obedecerão às leis do
Estado em que se constituírem, mas para que possam abrir filiais, agências ou estabelecimen-
tos no Brasil é necessário que seus atos constitutivos sejam aprovados pela lei brasileira
(art. 11, §1º).
Por outro lado, pessoas jurídicas de direito público não podem adquirir imóveis no Brasil,
nem bens que possam sofrer desapropriações (art. 11, § 2º), mas podem deter a proprieda-
de dos prédios necessários à sede de suas representações diplomáticas ou consulares (art.
11, § 3º).
Vamos, agora, conferir os dispositivos supracitados.
Art. 11. As organizações destinadas a fins de interesse coletivo, como as sociedades e as funda-
ções, obedecem à lei do Estado em que se constituírem.
§ 1º Não poderão, entretanto, ter no Brasil filiais, agências ou estabelecimentos antes de serem os
atos constitutivos aprovados pelo Governo brasileiro, ficando sujeitas à lei brasileira.
§ 2º Os Governos estrangeiros, bem como as organizações de qualquer natureza, que eles tenham
constituído, dirijam ou hajam investido de funções públicas, não poderão adquirir no Brasil bens
imóveis ou susceptíveis de desapropriação.
§ 3º Os Governos estrangeiros podem adquirir a propriedade dos prédios necessários à sede dos
representantes diplomáticos ou dos agentes consulares.
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Consulta Pública
Vamos iniciar pela análise do próprio art. 29, que estabelece a possibilidade de consulta
pública, antes da edição de atos normativos, por autoridade administrativa. A consulta pública
abre espaço para a manifestação de interessados, quando o tema do ato normativo for de in-
teresse geral. O ato convocatório deverá determinar o prazo para a apresentação de manifes-
tações e apresentar a minuta do ato normativo objeto da consulta.
Vamos conferir:
Art. 29. Em qualquer órgão ou Poder, a edição de atos normativos por autoridade administrativa,
salvo os de mera organização interna, poderá ser precedida de consulta pública para manifestação
de interessados, preferencialmente por meio eletrônico, a qual será considerada na decisão.
§ 1º A convocação conterá a minuta do ato normativo e fixará o prazo e demais condições da con-
sulta pública, observadas as normas legais e regulamentares específicas, se houver.
Decisões
Acerca das decisões, o art. 20 traz uma regra que visa evitar decisões arbitrárias, ao esta-
belecer que não se decidirá, nas esferas administrativa, controladora e judicial, com base em
valores jurídicos abstratos, sem que sejam levadas em consideração as consequências práti-
cas da decisão, enquanto o parágrafo único determina que a motivação demonstre a necessi-
dade e adequação daquela medida.
Vamos conferir:
Art. 20. Nas esferas administrativa, controladora e judicial, não se decidirá com base em valores
jurídicos abstratos sem que sejam consideradas as consequências práticas da decisão.
Parágrafo único. A motivação demonstrará a necessidade e a adequação da medida imposta ou
da invalidação de ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa, inclusive em face das
possíveis alternativas.
Invalidação
Quando a decisão decretar a invalidação de ato, contrato, ajuste, processo ou norma ad-
ministrativa, será obrigatória a indicação das consequências jurídicas e administrativas (art.
21), devendo ainda, quando for o caso, serem indicadas na própria decisão as condições para
que a regularização se faça de modo proporcional e equânime, sem prejuízo dos interesses
gerais, não podendo ser impostos aos atingidos ônus ou perdas que, devido às peculiaridades
do caso, sejam anormais ou excessivos (art. 21, p.u.).
Art. 21. A decisão que, nas esferas administrativa, controladora ou judicial, decretar a invalidação
de ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa deverá indicar de modo expresso suas
consequências jurídicas e administrativas.
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Parágrafo único. A decisão a que se refere o caput deste artigo deverá, quando for o caso, indicar as
condições para que a regularização ocorra de modo proporcional e equânime e sem prejuízo aos
interesses gerais, não se podendo impor aos sujeitos atingidos ônus ou perdas que, em função das
peculiaridades do caso, sejam anormais ou excessivos.
O art. 22 determina que deverá ser feita uma interpretação realística das normas sobre
gestão pública, devendo ser considerados os obstáculos e dificuldades reais dos gestores e
as exigências das políticas públicas que estiverem a cargo desses, sem prejuízo dos direitos
dos administrados.
Art. 22. Na interpretação de normas sobre gestão pública, serão considerados os obstáculos e as
dificuldades reais do gestor e as exigências das políticas públicas a seu cargo, sem prejuízo dos
direitos dos administrados.
Sendo assim, nas decisões acerca da regularidade de condutas ou validade de atos, con-
tratos, ajustes, processos ou normas administrativas deverão ser consideradas as circunstân-
cias práticas que tiverem condicionado, limitado ou até mesmo imposto a atuação do agente
público (art. 22, §1º)
§ 1º Em decisão sobre regularidade de conduta ou validade de ato, contrato, ajuste, processo ou nor-
ma administrativa, serão consideradas as circunstâncias práticas que houverem imposto, limitado
ou condicionado a ação do agente.
Sanções
Quanto à aplicação de sanções, a LINDB determina que deverão ser consideradas a na-
tureza e gravidade da infração cometida, os danos que dela resultaram e as circunstâncias
agravantes ou atenuantes, bem como os antecedentes do agente infrator (art. 22, §2º).
Por fim, o § 3º do art. 22 determina que sejam consideradas na dosimetria as demais san-
ções da mesma natureza e relativas ao mesmo fato.
O Regime de Transição
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Art. 23. A decisão administrativa, controladora ou judicial que estabelecer interpretação ou orienta-
ção nova sobre norma de conteúdo indeterminado, impondo novo dever ou novo condicionamento
de direito, deverá prever regime de transição quando indispensável para que o novo dever ou con-
dicionamento de direito seja cumprido de modo proporcional, equânime e eficiente e sem prejuízo
aos interesses gerais.
Revisão
Art. 24. A revisão, nas esferas administrativa, controladora ou judicial, quanto à validade de ato,
contrato, ajuste, processo ou norma administrativa cuja produção já se houver completado levará
em conta as orientações gerais da época, sendo vedado que, com base em mudança posterior de
orientação geral, se declarem inválidas situações plenamente constituídas.
Parágrafo único. Consideram-se orientações gerais as interpretações e especificações contidas
em atos públicos de caráter geral ou em jurisprudência judicial ou administrativa majoritária, e ainda
as adotadas por prática administrativa reiterada e de amplo conhecimento público.
Responsabilidades
Ao traçar regras sobre responsabilidade, a LINDB prevê, em seu art. 28, que o agente pú-
blico responderá pessoalmente por suas decisões ou opiniões técnicas, em caso de dolo ou
erro grosseiro.
Atenção aqui, pois o art. 28 não se refere a dolo ou culpa, que são os elementos da respon-
sabilidade civil subjetiva, mas sim a dolo ou erro grosseiro.
Vamos conferir:
Art. 28. O agente público responderá pessoalmente por suas decisões ou opiniões técnicas em
caso de dolo ou erro grosseiro.
Compensação
Chegamos ao art. 27, cuja redação já foi objeto de questionamentos por parte da doutrina.
De acordo com esse dispositivo, a decisão proferida nas esferas administrativa, controladora
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Art. 27. A decisão do processo, nas esferas administrativa, controladora ou judicial, poderá impor
compensação por benefícios indevidos ou prejuízos anormais ou injustos resultantes do processo
ou da conduta dos envolvidos.
Art. 27, § 1º A decisão sobre a compensação será motivada, ouvidas previamente as partes sobre
seu cabimento, sua forma e, se for o caso, seu valor.
§ 2º Para prevenir ou regular a compensação, poderá ser celebrado compromisso processual entre
os envolvidos.
Art. 26. Para eliminar irregularidade, incerteza jurídica ou situação contenciosa na aplicação do
direito público, inclusive no caso de expedição de licença, a autoridade administrativa poderá, após
oitiva do órgão jurídico e, quando for o caso, após realização de consulta pública, e presentes ra-
zões de relevante interesse geral, celebrar compromisso com os interessados, observada a legisla-
ção aplicável, o qual só produzirá efeitos a partir de sua publicação oficial.
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§ 1º O compromisso referido no caput deste artigo:
I – buscará solução jurídica proporcional, equânime, eficiente e compatível com os interesses gerais;
III – não poderá conferir desoneração permanente de dever ou condicionamento de direito reconhe-
cidos por orientação geral;
IV – deverá prever com clareza as obrigações das partes, o prazo para seu cumprimento e as san-
ções aplicáveis em caso de descumprimento.
Segurança Jurídica
Chegamos ao art. 30 da LINDB, o qual exige que as autoridades públicas observem a segu-
rança jurídica na aplicação das normas, inclusive por meio de regulamentos, súmulas adminis-
trativas e respostas a consultas. O parágrafo único estabelece que esses instrumentos terão
caráter vinculante em relação ao órgão ou entidade a que se destinam, até posterior revisão.
Veja:
Art. 30. As autoridades públicas devem atuar para aumentar a segurança jurídica na aplicação das
normas, inclusive por meio de regulamentos, súmulas administrativas e respostas a consultas.
Parágrafo único. Os instrumentos previstos no caput deste artigo terão caráter vinculante em rela-
ção ao órgão ou entidade a que se destinam, até ulterior revisão.
Caro(a) aluno (a), com isso concluímos nossa aula sobre a Lei de Introdução às Normas
do Direito Brasileiro – LINDB.
Meu conselho permanece o mesmo: Procure reler os dispositivos legais, pelo menos
três vezes, pois as estatísticas mostram que as questões de provas trazem a literalidade do
texto legal.
Agora é chegado o momento de conferir seu aproveitamento, mediante a resolução de
questões extraídas de concursos anteriores.
Aguardo você na próxima aula!
Lisiane Brito
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DIREITO CIVIL
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QUESTÕES DE CONCURSO
001. (CEBRASPE/2018/PREFEITURA DE MANAUS/PROCURADOR DO MUNICÍPIO) À luz
das disposições do direito civil pertinentes ao processo de integração das leis, aos negócios
jurídicos, à prescrição e às obrigações e contratos, julgue o item a seguir.
O conflito de normas que pode ser resolvido com a simples aplicação do critério hierárquico é
classificado como antinomia aparente de primeiro grau.
Na hipótese de conflito entre duas normas, a solução pode ser encontrada pelos critérios cro-
nológico, da especialidade ou hierárquico.
A antinomia de 1º grau ocorre quando se utiliza apenas um critério, enquanto a antinomia de
2º grau exige a adoção de dois critérios para a solução do conflito.
Certo.
Podemos dizer que essa é uma questão “complicada”, pois incluiu dentre as alternativas
uma citação.
Para encontrar a opção correta, é preciso lembrar que o direito subjetivo é aquele que confere
ao indivíduo a possibilidade de exercer uma faculdade assegurada pela lei. É a lei que, aplicada
ao caso concreto, autoriza e garante a conduta e, por isso, o direito subjetivo não se opõe a lei,
mas se fundamenta nela. É sempre relacionado a uma pessoa, a um sujeito, que pode exigir
seu cumprimento.
Letra a.
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Art. 30. As autoridades públicas devem atuar para aumentar a segurança jurídica na aplicação das
normas, inclusive por meio de regulamentos, súmulas administrativas e respostas a consultas. (In-
cluído pela Lei n. 13.655, de 2018)
Parágrafo único. Os instrumentos previstos no caput deste artigo terão caráter vinculante em re-
lação ao órgão ou entidade a que se destinam, até ulterior revisão. (Incluído pela Lei n. 13.655, de
2018)
Certo.
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Art. 28. O agente público responderá pessoalmente por suas decisões ou opiniões técnicas em
caso de dolo ou erro grosseiro.
Errado.
Art. 21. A decisão que, nas esferas administrativa, controladora ou judicial, decretar a invalidação
de ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa deverá indicar de modo expresso suas
consequências jurídicas e administrativas.
Certo.
Está incorreta a afirmação, com fulcro no art. 12, §1º, da LINDB, c/c art. 23, I, do CPC. Trata-se
de hipótese de competência exclusiva.
Art. 23, I, CPC. Compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de qualquer outra:
I – conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil;
Art. 12, §1º, LINDB. Só à autoridade judiciária brasileira compete conhecer das ações relativas a
imóveis situados no Brasil.
Errado.
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LINDB, Art. 1º Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco
dias depois de oficialmente publicada.
Errado.
Está correta a afirmação, com fulcro nos arts. 4º e 5º, da LINDB. Trata-se de mais um exemplo
de aplicação da literalidade da lei.
Art. 4º Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os
princípios gerais de direito.
Art. 5º Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do
bem comum.
Certo.
Art. 2º Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revo-
gue.
§ 1º A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incom-
patível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior.
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§ 2º A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga
nem modifica a lei anterior.
Errado.
Vejamos:
Antinomia real: depende da intervenção judicial ou legislativa
Antinomia aparente: pode ser solucionada com a aplicação dos seguintes critérios:
• Cronológico: norma posterior prevalece sobre a anterior;
• Especialidade: norma especial prevalece sobre norma geral;
• Hierárquico: norma de hierarquia superior prevalece sobre norma de hierarquia inferior.
Antinomia de 1º grau: envolve apenas um critério.
Antinomia de 2º grau: envolve 2 ou 3 critérios.
Orem de aplicação dos critérios: hierárquico >especialidade >cronológico.
De posse dessas informações básicas, conclui-se que a situação apresentada pela questão é
hipótese de antinomia aparente (pode ser solucionada com a aplicação dos critérios supracita-
dos); de 2º grau (pois envolve dois critérios), cuja solução é obtida com a aplicação do critério
da especialidade, que prevalece sobre cronológico.
Letra d.
Está incorreta a afirmação, pois as leis do local de domicílio da pessoa definem as regras o
começo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família, nos termos
do art. 7º, da LINDB:
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Art. 7º A lei do país em que domiciliada a pessoa determina as regras sobre o começo e o fim da
personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família.
Errado.
Está correta a alternativa B, pois nesse caso deverá ser aplicada a regra do art. 13, da LINDB.
Art. 13. A prova dos fatos ocorridos em país estrangeiro rege-se pela lei que nele vigorar, quanto ao
ônus e aos meios de produzir-se, não admitindo os tribunais brasileiros provas que a lei brasileira
desconheça.
Letra b.
Art. 28. O agente público responderá pessoalmente por suas decisões ou opiniões técnicas em
caso de dolo ou erro grosseiro.
Letra a.
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Art. 2º, § 3º Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora
perdido a vigência.
Está incorreta a afirmação, com fulcro no art. 7º, da LINDB. Aplica-se, nesse caso, a lei do
domicílio.
Art. 7º A lei do país em que for domiciliada a pessoa determina as regras sobre o começo e o fim
da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família.
Errado.
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Art. 1º Salvo disposição contrária, a lei começa vigorar em todo País quarenta e cinco dias depois
de oficialmente publicada.
§ 1º Nos Estados estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se inicia, três
meses depois de oficialmente publicada.
Letra b.
Está correta a alternativa E, que consiste na cópia literal do art. 22, da LINDB:
Art. 22. Na interpretação de normas sobre gestão pública, serão considerados os obstáculos e as
dificuldades reais do gestor e as exigências das políticas públicas a seu cargo, sem prejuízo dos
direitos dos administrados.
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Mais uma questão versando sobre vigência. Está incorreta, com fulcro no art. 1º, da LINDB, já
transcrito nos comentários a questões anteriores.
Errado.
Art. 4º Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os
princípios gerais de direito.
Art. 5º Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do
bem comum.
Certo.
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Temos aqui uma questão que envolve jurisprudência, fugindo ao lugar comum da literalidade
do texto legal. A solução, portanto, deve passar pela análise do art. 9º, da LINDB, associado ao
entendimento jurisprudencial.
Art. 9º Para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-á a lei do país em que se constituirem.
Info 610, STJ: A cobrança de dívida de jogo contraída por brasileiro em cassino que fun-
ciona legalmente no exterior é juridicamente possível e não ofende a ordem pública, os
bons costumes e a soberania nacional. (STJ. 3ª Turma. REsp 1.628.974-SP, Rel. Min.
Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 13/6/2017).
Letra c.
Está correta a alternativa C. Ultratividade é o fenômeno pelo qual uma lei já revogada produz
efeitos, após a sua revogação, para regular fatos anteriores à sua retirada do sistema.
Retroatividade máxima: ocorre quando a lei nova retroage para atingir os atos ou fatos já con-
sumados (direito adquirido, ato jurídico perfeito ou coisa julgada), sendo vedada pela CF/88.
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Retroatividade média: ocorre quando a nova lei, sem alcançar os atos ou fatos anteriores, atin-
ge os seus efeitos ainda não ocorridos (efeitos pendentes).
Retroatividade mínima (também denominada temperada ou mitigada): ocorre quando a lei
nova incide imediatamente sobre os efeitos futuros dos atos ou fatos pretéritos, não atingindo,
entretanto, nem os atos ou fatos pretéritos nem os seus efeitos pendentes.
Letra c.
Art. 20. Nas esferas administrativa, controladora e judicial, não se decidirá com base em valores
jurídicos abstratos sem que sejam consideradas as consequências práticas da decisão.
Art. 29. Em qualquer órgão ou Poder, a edição de atos normativos por autoridade administrativa,
salvo os de mera organização interna, poderá ser precedida de consulta pública para manifestação
de interessados, preferencialmente por meio eletrônico, a qual será considerada na decisão.
Art. 28. O agente público responderá pessoalmente por suas decisões ou opiniões técnicas em
caso de dolo ou erro grosseiro.
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Art. 27. A decisão do processo, nas esferas administrativa, controladora ou judicial, poderá impor
compensação por benefícios indevidos ou prejuízos anormais ou injustos resultantes do processo
ou da conduta dos envolvidos.
Art. 23. A decisão administrativa, controladora ou judicial que estabelecer interpretação ou orienta-
ção nova sobre norma de conteúdo indeterminado, impondo novo dever ou novo condicionamento
de direito, deverá prever regime de transição quando indispensável para que o novo dever ou con-
dicionamento de direito seja cumprido de modo proporcional, equânime e eficiente e sem prejuízo
aos interesses gerais.
Letra d.
Art. 2º, § 3º Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora
perdido a vigência.
Art. 1º Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias de-
pois de oficialmente publicada.
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Art. 2º, § 1º A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela
incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior.
Art. 2º Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revo-
gue.
Letra b.
Está correta a afirmação. Esse é o conceito de ato jurídico perfeito, apresentado pelo art. 6º, §
1º, da LINDB.
Art. 6º, § 1º Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado segundo a lei vigente ao tempo em que
se efetuou.
Certo.
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a) haverá período de vacatio legis pelo prazo de noventa dias depois de oficialmente publicada.
b) não haverá período de vacatio legis, passando a lei a ter eficácia imediata.
c) a lei será nula, uma vez que a disposição a respeito da vacatio legis é requisito de vali-
dade da lei.
d) haverá período de vacatio legis pelo prazo de quarenta e cinco dias depois de oficialmente
publicada.
e) haverá período de vacatio legis pelo prazo de um ano depois de oficialmente publicada.
Está correta a afirmação. A interpretação sistemática é aquela que considera todo o sistema
jurídico no qual a noema está inserida. O entendimento é que a norma jurídica não existe isola-
damente, devendo o sentido de seu conteúdo ser interpretado em consonância com as demais
normas que inspiram aquele ramo do Direito.
Certo.
Aplica-se nesse caso, a lei vigente à época da celebração do contrato (tempus regit actum).
Certo.
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Está correta a afirmação, pois já havia transcorrido o prazo de vacatio legis de 45 dias.
Certo.
Info 610, STJ: A cobrança de dívida de jogo contraída por brasileiro em cassino que fun-
ciona legalmente no exterior é juridicamente possível e não ofende a ordem pública, os
bons costumes e a soberania nacional. (STJ. 3ª Turma. REsp 1.628.974-SP, Rel. Min.
Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 13/6/2017).
Certo.
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Está incorreta a primeira parte da afirmação, pois não se trata de repristinação, instituto pelo
qual uma lei revogada volta a ter eficácia pela revogação da lei revogadora. Em relação ao con-
flito de normas, a solução deverá observar o critério da especialidade, realmente.
Errado.
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Art. 10. A sucessão por morte ou por ausência obedece à lei do país em que domiciliado o defunto
ou o desaparecido, qualquer que seja a natureza e a situação dos bens.
§ 1º A sucessão de bens de estrangeiros, situados no País, será regulada pela lei brasileira em
benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, ou de quem os represente, sempre que não lhes seja
mais favorável a lei pessoal do de cujus. (Redação dada pela Lei n. 9.047, de 1995)
§ 2º A lei do domicílio do herdeiro ou legatário regula a capacidade para suceder.
Letra e.
Nos termos do art. 9º da LINDB. Além disso, a jurisprudência do STJ se encaminhou no sentido
de que a dívida de jogo contraída licitamente no exterior não ofende a soberania nacional, a
ordem pública e os bons costumes.
Letra d.
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c) retroação da lei.
d) repristinação.
e) sub-rogação.
A repristinação é o instituto pelo qual uma lei revogada volta a ter eficácia pela revogação da
lei revogadora.
Letra d.
O prazo de vacatio legis aplica-se apenas as leis. Atos administrativos normativos, tais como
decretos, resoluções, portarias etc., entram em vigor na data de sua publicação.
Errado.
Art. 6º A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adqui-
rido e a coisa julgada.
Certo.
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Essa questão exige a atenção, pois o enunciado apenas diz “em relação à repristinação”. Dian-
te disso, o que se espera é que o candidato identifique esse fenômeno em uma das alternati-
vas, nada mais.
É bom observar que a repristinação não se confunde com o efeito repristinatório, que consiste
no restabelecimento da vigência de uma norma aparentemente revogada, quando a norma que
a revogou é declarada inconstitucional.
Letra c.
Mais uma questão abordando a repristinação, prevista no art. 2º, § 3º, da LINDB:
Art. 2º, § 3º Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora
perdido a vigência.
Portanto a Lei “A” não terá vigência, salvo se a Lei “C” previr expressamente esta situação.
Letra a.
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GABARITO
1. C 15. a 29. C
2. a 16. E 30. C
3. d 17. b 31. C
4. C 18. e 32. E
5. E 19. E 33. C
6. C 20. C 34. e
7. E 21. c 35. d
8. E 22. c 36. d
9. C 23. d 37. E
10. E 24. b 38. C
11. d 25. C 39. c
12. E 26. d 40. a
13. b 27. d
14. a 28. C
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Professora de Direito Administrativo, especialista em preparação para concursos públicos. Pós-graduada
em Políticas Públicas e Gestão Governamental pela UNIP. Advogada inscrita na OAB/MG desde 1997.
Graduada em direito pela Faculdade de Direito da PUC/MG. Larga experiência como docente, tendo
ministrado aulas de Direito Administrativo nos principais cursos preparatórios do país. Já participou
de bancas examinadoras e elaboração de questões para processos seletivos. Atua como advogada e
consultora de empresas na área de Licitações e Contratos.
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