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EXTENSÃO - LICHINGA
EXTENSÃO - LICHINGA
EXTENSÃO - LICHINGA
_______________________________
O Presidente do Júri
______________________________
Oponente
_______________________________
Estudante
Declaro por minha honra que este trabalho é resultado da minha investigação e
das orientações do meu supervisor, o seu conteúdo é original e todas as fontes estão
devidamente mencionadas no texto nas notas e na referência bibliográfica. Declaro ainda que
este não foi apresentado em nenhuma outra instituição de ensino para a obtenção de qualquer
grau académico. Apresento na Universidade Católica de Moçambique Extensão de Lichinga
como um dos requisitos necessários para obtenção do grau de licenciatura em Direito. Por ser
verdade, assino:
Autor
Felisberto Lourenço Nzote
______________________________________
Supervisor
Hugo Mapilele
______________________________________
IV
DEDICATÓRIA
V
N
I
V
AGRADECIMENTOS
VI
1
Honoré de Balzac
VII
RESUMO
VIII
LISTA DE ABREVIATURAS
AC – Antes de Cristo
ART. – Artigo
ARTS. – Artigos
CC – Código Civil
CFR. – Confira
TC – Tribunal Constitucional
IX
2 ÍNDICE
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................ 12
2.4 Nacionalidade...................................................................................................................................... 33
CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES..................................................................................................... 48
RECOMENDAÇÕES ................................................................................................................................... 49
O presente trabalho que como tema Acesso igualitário à Função Pública, tema esse
que deverá ser abordado a luz do ordenamento jurídico Moçambicano, não obstante poder-se fazer
referência aos ordenamentos jurídicos português e Brasileiro procurando resolver o problema.
Será que a exigência de uma idade máxima de ingresso é compatível com os requisitos de
capacidade e mérito? Sendo este problema relevante para o Direito, porque é um tema actual e
com extrema importância fundamentalmente para o cidadão que queira aceder a função pública e,
pelo facto de ser um problema que careça de soluções oportunas para que não se verifiquem
situações do género dentro de uma ordem interna jurídica. Assim, não se conhecem os traços
específicos que distinguem uma pessoa de 36 com uma de 34 anos que possam legitimar a
preterição do 36 e a favor de 34 anos. Sendo principal objectivo demonstrar que a idade máxima
de ingresso como requisito geral é incompatível com o princípio da igualdade e os requisitos de
capacidade e mérito e constituindo objectivos específicos esboçar sobre matérias relativas ao
princípio da igualdade e de oportunidade, explicar sobre a matérias de inconstitucionalidade e citar
exemplos de direito comparado para trazer soluções adequadas ao problema. Metodologia usada
para a elaboração do trabalho socorreu-se a pesquisa qualitativa, este método, consiste na consulta
de documentos legislativos, revisão bibliográfica do processo do funcionamento da Administração
Pública em Moçambique. Portanto o trabalho está estruturado em três capítulos, onde no primeiro
capítulo constam matérias relativas a origem e evolução do princípio da igualdade, diferenças
entre normas e princípios, instituto de inconstitucionalidade, no segundo capítulo Direito
comparado e por fim no terceiro capítulo a discussão no verdadeiro sentido.
12
4 CAPÍTULO I: ASPECTOS GERAIS SOBRE O TEMA
À luz dessas considerações, podemos afirmar que função pública traduz, por um
lado, a relação existente entre o Estado e os seus agentes (tomada esta expressão em sentido
amplo), mediante o estabelecimento de um vínculo jurídico específico em que as obrigações e
direitos gerais já se encontram consignados em lei, por outro, significa o acervo de actividades que
cabem ao Estado
1
FILHO, José Dos Santos Carvalho, Manual de Direito Administrativo, Revista, ampliada e actualizada até
31.12.2014, 28.ª Edição, São Paulo, Editora Atlas S.A, 2015, pág. 633
2
NETO, Diogo de Figueiredo Moreira, Curso de Direito Administrativo, 16.ª Edição, Revista e Actualizada, Editora
Forense, 2014, pág. 411.
3
BOBBIO, Norberto, Teoria do ordenamento jurídico. 10ªEd.Brazilia,Editora de UnB, 2000,pag.7
13
ateniense. No entanto, sua concepção mais próxima do modelo actual data de 1215 d.C., quando o
Rei João Sem-Terra assina a Magna Carta, considerado o início da monarquia constitucional4.
Tal princípio deve ser considerado em dois aspectos: o da igualdade na lei, a qual é
destinada ao legislador, ou ao próprio executivo, que, na elaboração das leis, actos normativos, e
medidas provisórias, não poderão fazer nenhuma discriminação. E o da igualdade perante a lei,
que se traduz na exigência de que os poderes executivo e Judiciário, na aplicação da lei, não façam
qualquer discriminação.
4
BASTOS Celso Ribeiro, Curso de Direito Constitucional, São Paulo, Saraiva, 1978, pag.225.
5
ARISTÓTELES, Política, Edição Bilingue, Colecção Vega Universidade/CiênciasSociais E Humanas (Lisboa,
1998), pag. 351.
14
todos. É esta a dimensão formal do princípio da igualdade. Ao nível internacional, considera-se a
garantia de igualdade perante a lei directamente relacionada com a igual protecção pela lei 6.
No nosso ponto de vista e que é ancorado ao pensamento do professor, trás nos um
entendimento na qual, identifica que esta garantia se relaciona tanto com a igualdade na aplicação
do direito, como com a igualdade quanto à criação do direito7.
Ainda sim, no que respeita à garantia de igualdade perante a lei, que é um reflexo
do princípio da igualdade, é importante observar que não estamos perante um dever da lei de tratar
todos de forma igual, sendo as distinções permitidas quando justificáveis 8.
O princípio da igualdade nasce da evolução dos povos. Cada grupo, cada nação
apresenta sucessivo processo de transformação, tornando, assim, flexível o conceito de igualdade
para atender as necessidades de cada época. É demonstrado que o progresso da igualdade divide-
se em etapas, tais quais9;
I. A primeira em que a regra era a desigualdade;
II. A segunda, a ideia de que todos eram iguais perante a lei; e
III. A terceira, de que a lei deve ser aplicada respeitando-se as desigualdades dos
desiguais ou de forma igual aos iguais.
Pode-se dizer que Platão, ao analisar a desigualdade natural dos seres humanos, foi
o primeiro grande pensador a trazer ao público, com a devida importância, a concepção da
igualdade quando da problemática acerca do homem em sociedade. A crença de que uns haviam
nascido para comandar (virtude/conhecimento) e outros para obedecer (vício/ignorância). 10
Ainda na antiguidade clássica, Aristóteles, defendeu a igualdade de forma
proporcional, partindo do pressuposto de que se as pessoas não são iguais não devem receber
coisas iguais. Para o filósofo, a ideia de igualdade estava relacionada com a ideia de justiça ao
6
Comité dos Direitos Humanos, Comentário Geral N.º 18: Não Discriminação, Trigésima Sétima Sessão, 1989
(Publicado em Compilação de Instrumentos Internacional de Direitos Humanos, Provedoria dos Direitos Humanos e
Justiça), parágrafo. 1, 3 e 4.
7
CANOTILHO, Gomes, Direito Constitucional E Teoria Da Constituição, pag. 426-430.
8
MAZZA Aleixandre, Manual de Direito Administrativo, 2a Edicaao, Saraiva,São PAULO, 2012, pag. 121
9
BASTOS, Celso Ribeiro, Curso de Direito Constitucional, São Paulo, Saraiva, 1978, pag. 9
10
BITTAR, Eduardo C.B. e ALMEIDA, Guilherme, Curso de Filosofia do Direito. Editora Altas, São Paulo, 8ª
edição, 2010 pag. 111
15
conceder algo a cada um de acordo com seu mérito e de exigir de cada um aquilo que sua
capacidade e possibilidade permitir11.
Foi marcado por pensamento cristão, os escritos de São Tomás de Aquino ressaltando a
dignidade e igualdade do ser humano. (o homem é uma criatura formada à imagem de Deus e por isso
Podemos afirmar que desde a mais remota época, o homem se preocupa com o
problema das desigualdades inerentes ao seu ser e à estrutura social em que se insere. Nesse
contexto, surgiram diversos conceitos de igualdade. Destes, destacamos dois que consideramos os
mais abrangentes
i) A igualdade substancial, e
ii) A igualdade formal.
11
SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 23ª Edição. 2004. São Paulo pag.94
12
SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 23ª Edição. 2004. São Paulo pag.96
13
BITTAR, Eduardo C.B. e ALMEIDA, Guilherme, Curso de Filosofia do Direito. Editora Altas, São Paulo, 8ª
edição, 2010, pag. 113
14
ROUSSEAU, Jean-Jacques, O contrato social. Porto Alegre: L&PM, 2009. Pag.41
16
1.5 Substancial
Essa igualdade não se realiza, pois a vaidade dos homens impede que todos sejam
iguais. Próximo desse ideal de igualdade substancial, lembramos o pensamento de Jean-Jacques
Rousseau.
1.6 Formal
A igualdade formal, por seu turno, consiste “no direito de todo cidadão não ser
desigualado pela lei senão em consonância com os critérios albergados, ou ao menos não vedados,
pelo ordenamento constitucional16.”
15
BASTOS, Celso Ribeiro, Curso de Direito Constitucional, São Paulo, Saraiva, 1978, pag. 12
16
BASTOS, Celso Ribeiro, Curso de Direito Constitucional, São Paulo, Saraiva, 1978,pag. 16
17
GARCIA, Maria Gloria, Estudos sobre o Princípio da Igualdade, Coimbra: Almedina, 2005,pag.351
18
VIEIRA, Adriana, O Princípio Constitucional Da Igualdade e o Direito Do Consumidor, 1ª ed. Belo Horizonte:
Mandamentos, 2002. Pag.405
17
jurídico tendem a adoptar a expressão “regra jurídica” como um género que comporta duas
espécies19:
Os princípios, e
As normas.
Em outras palavras, podemos dizer que regras são comandos específicos, enquanto
princípios são preceitos de optimização. Se a regra é válida e aplicável, esta requer que seja feito o
que se prevê na sua íntegra. Já os princípios são normas que exigem que algo seja realizado em
seu maior nível possível, dadas as condições do caso em estudo, contendo assim uma ideia de
gradação22.
Assim, a regra jurídica seria todo comando de conduta estabelecido pelo Direito.
Tais regras, por sua vez, seriam de dois tipos23:
a) Princípios – regra gerais norteadoras de todo o sistema jurídico;
b) Normas – comandos específicos de conduta voltados à disciplina de comportamentos de
terminados.
19
BOBBIO, Norberto, Teoria do ordenamento jurídico. 10ªEd.Brazilia,Editora de UnB, 2000, pags.105-110
20
KELSEN,Hans, Teoria Pura do Direito.Tradução João Baptista Machado, São Paulo, Martins Fontes 1985 pags.
85-86
21
KELSEN,Hans, Teoria Pura do Direito.Tradução João Baptista Machado, São Paulo, Martins Fontes 1985 pags.
85-86
22
KELSEN,Hans, Teoria Pura do Direito.Tradução João Baptista Machado, São Paulo, Martins Fontes 1985 pags.
85-86
23
BOBBIO, Norberto, Teoria do ordenamento jurídico, 2000,págs. 105 -110.
18
7 1.8.1 Norma jurídica
A Norma jurídica seria um género, dividido em duas espécies: a regra indispensável à sociedade a
sua existência e, mencionamos, o seu funcionamento24.
Portanto, desde que não se questione a força cogente dos princípios jurídicos
possuem força cogente máxima, não faz diferença denominar os comandos mais específicos como
normas ou regras.
24
LIMA, Ruy Cirne. Princípios de direito administrativo brasileiro. 2ª Ed. Porto Alegre: Livraria do
Globo, 1939. Pag.653
25
FILHO ,José dos Santos Carvalho, Manual de direito administrativo, pag. 18.
19
diferença entre decreto (forma) e regulamento (conteúdo). O decreto é o continente (texto); o
regulamento, o conteúdo (regra)26.
Como todo ramo jurídico, o Direito Administrativo possui dois tipos de regras
cogentes: os princípios e as normas. Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e
Eficiência são exemplos de princípios administrativos “A administração pública directa e indirecta
de qualquer dos Poderes dos Estados.
Diante da sua directa previsão no Texto Constitucional, esses cinco princípios são
chamados de princípios expressos ou explícitos. Pelo contrário, o disposto no EGEFAE 27, segundo
o qual os servidores públicos são aposentados compulsoriamente aos 60 ou 55 anos de idade, é
uma regra. Podemos diferenciar princípios e normas a partir de vários critérios 28:
a) Quanto à abrangência: os princípios disciplinam maior quantidade de casos
práticos; enquanto as normas são aplicáveis a um número menor de situações
concretas;
26
FILHO, José dos Santos Carvalho, Manual de direito administrativo, pags. 18-19
27
Alianea b) do no 1 do artigo 140 do EGEFAE
28
MAZZA Aleixandre, Manual de Direito Administrativo, 2a Edicaao, Saraiva,São Paulo, 2012, pags. 39 – 40.
20
e) Quanto à técnica para solucionar antinomias: os princípios enunciam valores
fundamentais do ordenamento jurídico de modo que, havendo colisão entre dois ou
mais princípios, emprega -se a lógica da cedência recíproca, aplicando-se ambos,
simultaneamente, mas com os conteúdos mitigados; enquanto no conflito entre
normas surge uma questão de validade, utilizando -se da regra do tudo ou nada, de
modo que uma norma é aplicada afastando a incidência da outra;
f) Quanto ao modo de criação: os princípios jurídicos são revelados pela doutrina num
processo denominado abstracção indutiva, pelo qual as regras específicas são
tomadas como ponto de partida para identificação dos valores fundamentais
inerentes ao sistema (princípios). Desse modo, o papel desempenhado pelo
legislador na criação de um princípio jurídico é indirecto, pois, após criar as
diversas normas do sistema, cabe à doutrina identificar os princípios fundamentais
ali contidos; ao contrário das normas, que são criadas directamente pelo legislador;
29
MAZZA, Alexandre. Manual de Direito Administrativo. 2.ª Edição, Saraiva Editora, São Paulo, 2012, pág, 39.
21
Se o conflito for critério hierárquico x critério cronológico, o hierárquico prevalece
(se a norma anterior superior é antinómica em relação à norma posterior inferior, prevalece a
norma anterior superior).
Se o conflito for critério da especialidade x critério cronológico, prevalece o critério
da especialidade (se a norma anterior especial é incompatível com uma norma posterior geral,
prevalece a norma anterior especial)30.
Mas se o conflito for critério hierárquico x critério da especialidade, não existe uma
solução predefinida (se norma superior geral entra em conflito com norma inferior especial, como
os dois critérios são fortes, a melhor saída somente poderá ser avaliada diante do caso concreto).
30
FIGUEIREDO, Marcelo. Teoria Geral do Estado. 1.ªEdicao, São Paulo: Atlas, 1993 pag.502
31
CANOTILHO, J. J. Gomes. Direito constitucional e teoria da constituição, 4ª ed. Coimbra: Almedina. 2000,
pag.87
22
Havendo concorrência na aplicação de princípios, está será resolvida por meio de
exercício de ponderação de interesses, na qual, mediante um juízo axiológico, deverá se
estabelecer, dentro da hipótese em tela, qual terá primazia sobre os demais, inclusive no que se
refere à análise de casos concretos entre indivíduos sob a tutela do Poder Público.
Assim, em caso de eventual colisão normativa entre princípios, esta será resolvida,
em cada caso, mediante exercício ponderado de interesses casuísticos, sobrepondo-os de maneira
condicionada, a fim de garantir a prelazia do princípio que melhor se aplica à situação sob
examine.
32
BARROSO, Luís Roberto, Direito Constitucional, 5ª Edição, são Paulo, atlas 2006, pags. 26-27.
33
BARROSO, Luís Roberto, Direito Constitucional 5ª Edição, são Paulo, atlas 2006, pag. 29
23
Ao nosso ponto de vista, a inconstitucionalidade material se dá quando a norma vai
contra os parâmetros explícitos da Constituição ou contra as vertentes do princípio da
proporcionalidade (adequação e necessidade).
Se uma norma legal vem depois da Constituição e com essa é incompatível, tem-se
um caso típico de inconstitucionalidade. Se a contradição, no entanto, for entre norma
constitucional superveniente e o direito ordinário pré-constitucional, indaga-se se seria caso de
inconstitucionalidade ou de mera revogação.
Além das formas de inconstitucionalidade até então vistas, temos, por fim, também
a inconstitucionalidade por acção e a inconstitucionalidade por omissão.
34
DI PIETRO, Sylvia Zanella, Direito Administrativo, Actualizada com a reforma previdenciaria, 17, Edição. São
Paulo: Atlas, pág.12.
35
CANOTILHO, J. J. apud MENDES In: BRANCO; COELHO; MENDES, 2010, pag. 1180.
24
A inconstitucionalidade por acção é aquela advinda da incompatibilidade entre uma
norma e a Constituição, enquanto a omissão legislativa inconstitucional pressupõe a
“inobservância de um dever constitucional de legislar, que resulta tanto de comando explícitos da
Lei como de decisões fundamentais da Constituição identificadas no processo de interpretação 36”
Temos omissão legislativa absoluta quando não são empregadas pelo legislador as
directrizes constitucionais reclamadas. Já a omissão parcial acontece quando a norma criada
atende parcialmente a vontade constitucional ou de modo insuficiente.
36
MENDES In: Branco; Coelho; Mendes, 2010, pag. 1184-1185.
37
BARROSO, Luís Roberto, Direito Constitucional 5ª Edição, são Paulo, atlas 2006, pags. 31-32
38
KELSEN, Hans, Teoria Pura do Direito, tradução de João Baptista Machado, Martins Fontes, São Paulo,1999 pag.
143.
39
BARROSO, Luís Roberto, Direito Constitucional 5ª Edição, são Paulo, atlas 2006, pag. 35
25
descumprir suas obrigações constitucionalmente descritas, simplesmente por não legislar ou por
legislar de forma incompleta.
Uma vez editada a constituição de um país, deve zelar pela coerência interna no
período da vigência. As mudanças que ocorrem nas constituições as quais nos reportamos, não
podem trazer contradições para com o texto já escrito. Os actos normativos infraconstitucionais do
ordenamento jurídico devem estar e consonância com o estatuído na lei máxima40.
Controlo preventivo, esse inicia antes da promulgação da lei nos termos do artigo 246
CRM.
Controlo sucessivo opera a posterior nos termos do 245 conjugado com os artigos 214 e
247 todos da CRM.
40
FILHO, Manuel Gonçalves Ferreira. Curso de Direito Constitucional, 25ªEd. São Paulo, Saraiva, 1999 pag.135
41
FILHO, Manuel Gonçalves Ferreira. Curso de Direito Constitucional, 25ªEd. São Paulo, Saraiva, 1999 pag.135
26
14 CAPÍTULO II: ESTUDO DO DIREITO COMPARADO
42
artigo 47.º, n.º 2, da CRP
43
Tópicos de um curso de mestrado sobre direitos fundamentais in Boletim da Faculdade de Direito, Vol. LXVI,
1990, Coimbra, pag.171 - 172.
44
Cf. alínea .b) do Ac. de 21.12.1999, proferido em plenário no processo n.º 42/98.
45
Acórdão n.º 406/2003160, ponto 2.5., itálico no original, e Acórdão n.º 409/2007161, ponto 6.2.
27
O direito de acesso à função pública, à luz dos parâmetros enunciados, compreende,
várias faculdades, de que se destaca:
50
Cf. 2.2.1. do Ac. do TC n.º 53/88, de 11.03, processo n.º 21/86.
51
Cf. artigos 29.º, n.ºs 5 e 6, e 39.º, n.º 2, alínea b), ii), da Lei n.º 53/2006, de 07.12, e alínea
b) do n.º 5 do artigo 6.º da LVCR.
29
empregos públicos, como um «elemento constitutivo do próprio direito (direito de igualdade)»
186. São, por um lado, proibidas as discriminações fundadas em «factores de discriminação
ilegítimos» como os enunciados no artigo 13.º, os quais, reportadas a condições ou qualidades
protegidas por direitos fundamentais (por exemplo, a liberdade religiosa) devem ser justificadas
por referência aos mesmos.
52
Ac. n.º 53/88, de 08.03.1988, in Acórdãos do Tribunal Constitucional, 11.º volume
1988, pag. 312.
53
Ver Ac. do TC n.º 620/2007, n.º II.3, processo n.º 1130/2007, de 20.12.2007.
54
Considerando 44 do Ac. do TFP de 17.11.2009, F-99/08, Rita Di Prospero, citado
30
linhas directrizes é a organização e a densificação da selecção em função da sua idoneidade para
recrutar os candidatos mais capacitados para o exercício da actividade laboral a que respeite 55.
Para tanto56:
a) O concurso deve assentar numa base alargada de recrutamento, que assegure a
possibilidade de efectuar a melhor selecção;
c) À luz deste princípio, justifica-se que, na selecção, seja privilegiada a adopção dos
métodos de selecção da prova de conhecimentos e da avaliação psicológica;
d) É necessários que o júri e entidades que intervêm na avaliação tenham preparação técnica
bastante.
2.2 A Idade
A exigência de uma idade mínima para aceder aos empregos públicos articula-se
com a duração da escolaridade obrigatória e com o nível habilitacional exigido para aceder a
empregos públicos. Por outro lado, a idade, como requisito indispensável para o exercício de
funções públicas, associa-se à capacidade civil57.
Hoje não existe, em geral, um limite de idade máximo para aceder ao exercício de
funções públicas58. Existem, porém, previsões normativas de uma idade máxima para o exercício
55
artigo 55.º, n.º 2, alínea e), da Ley 7/2007, de 12 de abril, del Estatuto Básico del
Empleado Público, citado
56
Na expressão da Sentenza n. 373 da Corte Costituzionale, de 23.07.2002, ponto 5 (Considerato
in diritto)
57
Ver, também, Funcionários Públicos, cit., pags. 41 e 42.
58
artigo 4.º do Decreto com força de lei n.º 16 563, de 2 de Março de 1929-
31
de certas profissões ou são fixados limites de idade em recrutamentos concretos por entidades
públicas no quadro do regime laboral privado.
A fixação legal de limites de idade máximos pode ser justificável, em concreto, por
razões capacitarias (ligadas, por exemplo, à aptidão física necessária para o exercício da profissão)
e de interesse colectivo (relativo, por exemplo, à política de emprego, do mercado de trabalho ou
da formação profissional) desde que o objectivo prosseguido seja legítimo e, à luz deste, a
exigência não seja desproporcionada60.
59
Cf. p. 5 da publicação citada, Emploi affaires sociales, Droits fondamentaux et antidiscrimination,
Commission européenne, Direction générale de l’emploi, des affaires sociales et
de l’égalité des chances, Unité D3, Manuscrit terminé en avril 2005.
60
Cf. Considerando 60 do A. do TJUE de, C-286/12, Comissão Europeia contra a
Hungria:
32
selecção e as condições de contratação, seja qual for o ramo de actividade e a todos os níveis da
hierarquia profissional61»
2.4 Nacionalidade
Os «direitos políticos»; o «exercício das funções públicas que não tenham carácter
predominantemente técnico»; «direitos e deveres reservados pela Constituição» e direitos
reservados pela lei. Os n.ºs 3 a 5 do mesmo artigo da Constituição ressalvam das excepções do n.º
2 a possibilidade de atribuição, por lei e em condições de reciprocidade, a algumas categorias de
estrangeiros residentes no território, alguns dos direitos reservados a cidadãos Portugueses.
61
Art. 3.º, n.º 1, alínea a).
62
Considerandos 52 e 53 do Ac. de 13.09.2011, Reinhard Prigge, citado.
63
Considerandos 56 e 72 do Ac. de 13.09.2011, Reinhard Prigge, citado.
33
português na União Europeia e de acordo com as «disposições dos tratados que a regem e as
normas emanadas das suas instituições, no exercício das respectivas competências, (...) aplicáveis
na ordem interna» não é possível excluir em geral dos empregos públicos nacionais os cidadãos de
outros Estados-Membros.
34
formação académica64. A inserção do nível habilitacional em certa área é «imprescindível» quando
a actividade do posto de trabalho não pode ser exercida sem a mesma, sendo indispensável e
insubstituível. As áreas de formação estão normativamente fixadas.
Para definir categoria equivalente, deve ser tida em conta a natureza das funções a
que essa categoria dá acesso (gestão, elaboração de políticas, implementação de políticas). A
denominação exacta da categoria é irrelevante. Em matéria de avaliação do verdadeiro conteúdo
de uma formação, normalmente, quando é exigido um conteúdo académico – por exemplo,
economia, ciências políticas, o objectivo básico é recrutar alguém com um conhecimento geral do
domínio em questão, dotado de capacidade crítica, de adaptação a determinado ambiente,
64
Cf. 50.º, n.º 3, artigo 51.º, n.º 1, 1.ª parte, conjugado com o artigo 44.º da LVCR e artigo 116.º, alínea ae), da mesma
lei, que revogou o artigo 2.º do Decreto-Lei n.º 233/94, de 15.09; e Claire Fargeot-Boll, «Concours: le droit européen
fait évoluer les conditions de diplôme», Service Public, n.º 119, Mars, 2006, p. 6.
65
As áreas de formação constam da Portaria n.º 256/2005, de 16.02, relativa à Classificação
Nacional das Áreas de Educação e Formação – CNAEF.
66
Comunicação da COM(2002) 694 final, de 11.12.2002, Livre Circulação de trabalhadores – realização integral de
benefícios e potencial, pp. 19 e segs. (relativas aos empregos na Administração Pública) – http://eur-
lex.europa.eu/LexUriServ/LexUriServ. do?uri=COM:2002:0694:FIN:pt:PDF.
35
2.7 No direito Brasileiro
2.7.1 A Idade
A exigência de uma idade mínima para aceder aos empregos públicos articula-se
com a duração da escolaridade obrigatória e com o nível habilitacional exigido para aceder a
empregos públicos. Por outro lado, a idade, como requisito indispensável para o exercício de
funções públicas, associa-se à capacidade civil.
Hoje não existe, em geral, um limite de idade máximo para aceder ao exercício de
funções públicas. Existem, porém, previsões normativas de uma idade máxima para o exercício de
certas profissões ou são fixados limites de idade em recrutamentos concretos por entidades
públicas no quadro do regime Público.
A fixação legal de limites de idade máxima pode ser justificável, em concreto, por
razões capacitarias ligadas, por exemplo, à aptidão física necessária para o exercício da profissão e
de interesse colectivo, desde que a exigência não seja desproporcionada.
67
MAZZA, Alexandre, Manual de Direito Administrativo, 2ªEdição, Saraiva Editora, São Paulo, 2012, pag.120
36
desatender a esse imperativo de tratamento uniforme. Seu fundamento constitucional é o art. 5º,
caput, da Constituição Federal:
“Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade,
à igualdade, à segurança e à propriedade”. O princípio da isonomia é o fundamento valorativo de
diversos institutos administrativos, como o concurso público e o dever de licitar. Entretanto, o
dever de atendimento à isonomia não exige um tratamento sempre idêntico a todos os
particulares68. Pelo contrário. Há diversas situações práticas em que o princípio da isonomia
recomenda uma diferenciação no conteúdo das providências administrativas conforme a peculiar
condição de cada administrado.
Julgamos que há razões para tratar igualmente os iguais que é simples. Mas tratar
desigualmente os desiguais exige um esforço de compreensão e avaliação para identificar a
dessemelhança e ajustar a correcta proporção do tratamento a eles devido. Nisso reside o
fundamento de legitimidade das vagas reservadas a portadores de deficiência em concursos
públicos, pontuação especial no vestibular para alunos egressos de escola pública, tempo menor de
aposentadoria para mulheres, prioridade nos processos envolvendo interesse de idosos, cotas nas
universidades públicas.
68
MAZZA, Alexandre, Manual de Direito Administrativo, 2ªEdição, Saraiva Editora, São Paulo, 2012, pag.120
69
MELLO, Celso António Bandeira de, apud Mazza, Alexandre, Manual de Direito Administrativo, 2ªEdição,
Saraiva Editora, São Paulo pag.120
37
Basicamente o autor ensina que não haverá descumprimento da isonomia quando
existir correlação lógica entre o critério de discrímen e a discriminação legal decidida em função
dele. 71
Cumpre, por outro lado, notar que a chave para investigar a compatibilidade de um
tratamento desigual, diante do princípio da isonomia, está na verificação de que o factor de
discriminação (idade, sexo, tempo de serviço, período de experiência, nível de escolaridade) é
coerente com a diferenciação realizada e com os princípios fundamentais protegidos pelo
ordenamento. Em outras palavras, deve haver justa razão explicando a distinção perpetrada.
A única coisa de que podemos ficar certos é que, não caracterizam violação à
isonomia as diferenciações realizadas pela lei e pela Administração Pública quando houver
coerência entre a distinção e o tratamento diferenciado decorrente. Interessante frisar que não
adianta analisar somente o factor de discriminação isoladamente porque a discriminação nele
pautada pode ou não ser atentatória à isonomia dependendo das características da situação
concreta.
É por isso que o factor de discriminação deve ser analisado à luz da finalidade que
justifica o tratamento desigual. Como se vê, as exigências para participação em concurso público é
território fértil para debates sobre o princípio da igualdade. Qualquer pré -requisito constante do
edital estabelece inevitavelmente uma diferenciação entre os que preenchem e os que não
preenchem a condição exigida. Essa selectividade inerente aos editais desencadeia uma viva
70
MELLO, Celso António Bandeira de, apud Mazza, Alexandre, Manual de Direito Administrativo, 2ªEdição,
Saraiva Editora, São Paulo pag.120
71
MAZZA, Alexandre, Manual de Direito Administrativo, 2ª Edição, Saraiva Editora, São Paulo pag.122
72
ALEXANDRINO, Paulo, apud Paulo, Vicente, Direito Administrativo Descomplicado, 2ªEdição, Justiça do
Trabalho- 2ª Região, Serv. Distribuição e Feitos 1º Grau de São Paulo- Capital, 2012 pags. 195 -197.
38
discussão jurisprudencial envolvendo o tema dos concursos públicos em geral e, especialmente, o
princípio da isonomia73.
Basta para prová-lo citar o exemplo da súmula 683 do STF: o limite de idade para
a inscrição em concurso público só se legitima em face do art. 7º, XXX, da Constituição, quando
possa ser justificado pela natureza das atribuições do cargo a ser preenchido.
Há, porém, um certo aspecto que merece a maior atenção, em relação a concurso
para magistratura, não é razoável a imposição de idade máxima para inscrição no concurso, pois a
actividade desenvolvida por um magistrado é meramente intelectual, não havendo falar em
necessidade de força física para o seu exercício.
39
Este princípio assenta critérios de selecção ou de preferência injustificados e/ou
assimétricos, que, diminuindo significativamente as chances de alguns dos interessados, os
afastem ou desviem da apresentação de candidatura.
40
17 CAPÍTULO III: ACESSO IGUALITÁRIO A FUNÇÃO PUBLICA NO
ORDENAMENTO JURÍDICO MOÇAMBICANO
Todos os cidadãos são iguais perante a lei, gozam dos mesmos direitos e estão
sujeitos aos mesmos deveres, independentemente de todas as condições consagrados no artigo 35
da CRM
O acesso à Função Pública e a progressão nas carreiras profissionais não podem ser
prejudicadas em razão de varias condições consagradas no art.251 do texto ápice, apenas
obedecendo exactamente aos requisitos do mérito e capacidade dos interessados.
75
MAZZA, Alexandre, Manual de Direito Administrativo, São Paulo: Saraiva, 2012, pág. 122.
42
O exercício de actividades no regime jurídico-administrativo ocorre mediante
observância por parte dos interessados de determinadas exigências cuja preterição indevida e/ou
injustificada dos órgãos responsáveis pelo processo de recrutamento e selecção de pessoal, gera a
nulidade do acto final, designadamente, do que amiúde se denomina por nomeação provisória, é o
que se extrai do previsto no n.º 3 do artigo 9 do Estatuto Geral dos Funcionários e Agentes do
Estado, aprovado pela Lei n.º 14/2009, de 17 de Março.
76
MARCELLO ,Caetano, Manual de Direito Administrativo, Volume II, 10.ª Reimpressão, Almedina. Coimbra,
págs 705 a 707.
43
A Constituição, sendo norma de hierarquia superior goza de duas prerrogativas,
designadamente, preferência de validade, que tem como corolário o efeito de revogação e efeito de
anulação, tornando nulas as normas anteriores contrárias – vide artigo 305 da Constituição da
República de Moçambique, e servindo de limite jurídico às normas posteriores também contrárias
à ela, e, preferência de aplicação, que se traduz no facto de mesmo não aniquilando a validade da
norma contrária, ela deverá ser aplicada no caso concreto com a consequente desaplicação da
norma inferior, pois, o fundamento de validade de uma lei no ordenamento jurídico é sua
compatibilidade com a Constituição vigente.
Quando se fala de mérito, importa ter-se presente que isso significa, entre outras
coisas, que o mérito consiste em recrutar os candidatos mais capacitados para o exercício da
actividade laboral a que respeite e que demonstraram suas aptidões ao longo do procedimento
competitivo, obtendo, por conseguinte, melhor classificação no resultado final das avaliações,
sendo certo que em decorrência de tal classificação, tem prioridade sobre os demais concorrentes
na hora do chamamento e/ou enquadramento – vide n.º 2 do artigo 9 do Regulamento do Estatuto
77
KELSEN, Hans, Teoria Pura do Direito, tradução de João Baptista Machado, Martins Fontes, São Paulo, 1999, pág.
146.
78
Dicionário de Língua Portugesa, 2011, Dicionários Editora, Porto Editora, 2011, Acordo Ortográfico, pág. 680.
44
Geral dos Funcionários e Agentes do Estado, aprovado pelo Decreto n.º 62/2009, de 8 de
Setembro.
Na verdade, as coisas não são nada fáceis, mas vale a pena notar que a lei pode
fixar requisitos gerais e específicos de ingresso, resultando tal competência do legislador ordinário
do plasmado no n.º 2 do artigo 251 do texto ápice, porém, é importante ponderar tais exigências à
luz da sua pertinência lógica com o cargo a ser desempenhado.
Violar um princípio é muito mais grave do que violar uma norma. A desatenção ao
princípio implica ofensa não apenas a um específico mandamento obrigatório, mas o todo sistema
de comando. É a mais grave forme de ilegalidade ou inconstitucionalidade, conforme o escalão do
princípio violado, porque representa insurgência contra todo o sistema, subversão de seus valores
fundamentais80.” (Grifos no original)
79
ALEXANDRINO, Marcelo e Vicente Paulo, Direito Administrativo Descomplicado, 20ª Edição, Justiça do
Trabalho - 2ª Região, Serv. Distribuição e Feitos 1º Grau de São Paulo – Capital, 2012, pág. 228.
80
MELLO, Celso António Bandeira de, apud MAZZA, Alexandre, Manual de Direito Administrativo, 2.ª Edição, São
Paulo: Saraiva, 2012, pág. 78.
45
respeito da dignidade humana81. Diferentemente de outros factores de discriminação, aqui «não
existem características fixas que definam grupos de idade particulares» e a mesma acaba por
assumir um carácter volátil e dinâmico82. O estabelecimento de uma idade a partir da qual não é
possível o recrutamento para dadas funções públicas constitui uma discriminação directa, pois é
dado um tratamento menos favorável às pessoas cuja idade seja superior a esse limite face às
demais pessoas com base nesse facto83.”
81
NEVES, Ana Fernanda, O Recrutamento de Trabalhador Público, Edição: Provedor de Justiça – Divisão de
Documentação, pág. 46.
82
NEVES, Ana Fernanda, O Recrutamento de Trabalhador Público, Edição: Provedor de Justiça – Divisão de
Documentação, pág. 47.
83
NEVES, Ana Fernanda, O Recrutamento de Trabalhador Público, Edição: Provedor de Justiça – Divisão de
Documentação, págs. 50 -53.
46
Tomando em consideração que o tempo mínimo de prestação de serviços para o
Aparelho Estatal é de quinze anos, conforme determina o n.º 3 do artigo 3 do Regulamento do
Estatuto Geral dos Funcionários e Agentes do Estado, aprovado pelo Decreto n.º 62/2009, de 8 de
Setembro, cremos poder afirmar com justa razão que nos casos em que o cidadão tiver concorrido
e transporto as várias provas a que foi sujeito para ingresso de modo satisfatório, desde que possa
trabalhar pelo lapso mínimo de quinze anos, nihil obstat que lhe seja garantido o direito ao
emprego na Função Pública, pois, o concurso público de ingresso visa apurar aqueles que
demonstram ter os mais altos padrões de competência técnica para desempenho de tarefas nos
quadros da Administração Pública.
Ainda no nosso entendimento, parte-se do princípio que a CRM no art. 84.º vem
estabelecer que todo o cidadão tem direito ao trabalho e a livre escolha da sua profissão. O que
implica dizer, que todos devem escolher onde e quando tencionam trabalhar.
Ao compulsar o art. 12 na sua alínea c), leva-nos a perceber que o requisito para o
ingresso a função pública é a idade não inferior a 18 anos e não superior a 35 anos, com excepção
aos cidadãos do nível superior.
47
CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
Como se pode depreender de tudo o que foi dito, o estabelecimento de uma idade
máxima de ingresso, consubstancia um requisito que não se mostra compatível, por um lado, com
o mérito e capacidade dos interessados, por outro, com o princípio maior da igualdade. Em
Portugal, país de longa tradição romano-germânico de direito – sistema adoptado também por
Moçambique – só se fixa um limite mínimo de ingresso: 18 anos de acordo com o artigo 29 do
Decreto-Lei n.º 204/98 de 11 de Julho, que aprova o Regime Geral de Recrutamento e Selecção de
Pessoal para a Administração Pública. Tal fixação justifica-se pois, a idade mínima de ingresso
visa garantir que o candidato obtenha um nível de maturidade resultante do processo educativo
que lhe permita ter o desenvolvimento das capacidades e da personalidade de forma harmoniosa,
equilibrada e constante, que confira uma formação integral de modo que compreenda os processos
enquadrados nas directrizes que norteiam o funcionalismo público. Já a consagração de uma idade
máxima, no quadro actual de desenvolvimento em que se encontra Moçambique não encontra
respaldo constitucional e factual, quanto ao suporte constitucional, resta claro que a lei
fundamental estabelece no artigo 251 como requisitos básicos: a capacidade e o mérito, sendo
importante destacar que decorre da hierarquia normativa, a necessidade de obediência das leis
ordinárias dos comandos plasmados no texto ápice; no que se refere a questão factual, hoje em dia
as razões subjacentes a um regime jurídico diferenciado para os técnicos superiores, podem ser
postos em causa, primeiro, porque em todas capitais provinciais existem universidades, segundo, a
igualdade determina tratamento equivalente para quem se acha em situação idêntica, no caso em
concreto, necessidade de acesso ao emprego público em igualdade de circunstâncias. Repare-se
que a nossa abordagem não implica que haja lugar a concessão de direitos e regalias idênticas aos
técnicos médios e superiores, por uma questão de justiça distributiva, quem possui maiores
competências técnicas decorrente de estudos, experiência profissional deve merecer um tratamento
de harmonia com suas qualificações profissionais, o que nos importa aqui destacar; são aquelas
circunstâncias de ingresso: para nós, aos candidatos devem ser dispensadas iguais oportunidades,
ou seja, ensejos que permitam aferir os mais elevados padrões de rendimento, sem considerações
preliminares que propendem a favor de uns em detrimento de outros.
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18 RECOMENDAÇÕES
Como mandam as regras de um trabalho de pesquisa, vamos desde já, deixar ficar
algumas recomendações:
Ao legislador:
Aos intérpretes:
Que olhem para a lei, não de forma isolada, mas atendam aos princípios consagrados na
nossa constituição.
49
19 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Manuais:
MOÇAMBIQUE Decreto – lei n º 47344, aprova Código Civil de Moçambique; escolar editora;
Maputo.
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