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UNIVERSIDADE DE CUIABA

FACULDADE DE DIREITO

OTONIEL RODRIGUES DE PAULA

A PROTEÇÃO DO MENOR INFRATOR E A VIOLÊNCIA


NO BRASIL

Cuiabá-MT

2021
OTONIEL RODRIGUES DE PAULA

A PROTEÇÃO DO MENOR INFRATOR E A VIOLÊNCIA


NO BRASIL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à


Universidade de Cuiabá, como requisito parcial
para obtenção do título de graduado em Direito.

Orientadora: Fabiana Fabri

CUIABÁ
2021
OTONIEL RODRIGUES DE PAULA

A PROTEÇÃO DO MENOR INFRATOR E A VIOLÊNCIA NO


BRASIL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à


Universidade de Cuiabá, como requisito parcial
para obtenção do título de graduado em Direito.

BANCA EXAMINADORA

Prof(ª). Titulação Nome do Professor(a)

Prof(ª). Titulação Nome do Professor(a)

Prof(ª). Titulação Nome do Professor(a)

Cuiabá, de ano
Dedico este trabalho,
primeiramente a Deus por ser
essencial em minha
vida, autor do meu destino e
meu guia. Aos meus pais “In
Memorian”. À minha
esposa Sâmela, ao meu filho
Samuel e aos meus irmãos.
AGRADECIMENTOS

Agradeço, em primeiro lugar, a Deus pelo dom da vida, pela força e coragem durante
todo este curso, à minha esposa e filho pela compreensão e carinho, e aos meus irmãos pelo
incentivo e apoio.
RODRIGUES DE PAULA, Otoniel. A Proteção do Menor Infrator e a Violência no Brasil.
2021. Contendo 23 folhas. Trabalho de Conclusão de Curso de Direito – Universidade de
Cuiabá, Cuiabá, 2021.

RESUMO

Este Trabalho de Conclusão de Curso fundamenta-se em estudar de pesquisa bibliográfica,


mostrando a necessidade, e urgência,de uma análise séria e efetiva da redução da maioridade
penal brasileira, tendo em vista os crescentes números de crimes cometidos no Brasil por
menores infratores.E ainda, avaliar se as medidas socioeducativas a eles aplicadas são
eficientes para evitar a reincidência e se o menor de 18 e o maior que 16 anos tem capacidade
de discernimento para praticar infrações penais.Descrever o caos que o Brasil enfrenta por
falta de políticas públicas voltadas aos menores infratores e as consequências dos seus atos na
sociedade.

Palavras-chave: Redução; Maioridade penal; Menor Infrator; Imputabilidade penal;Menor.


RODRIGUES DE PAULA, Otoniel. The Protection Of The Minor Offender And Violence In
Brazil. 2021. Contendo 23 folhas. Trabalho de Conclusão de Curso Graduação em Direito –
Universidade de Cuiabá, Cuiabá, 2021.

ABSTRACT

This monography is based on study of bibliographical research, showing the necessity


and urgency of a serious and effective analysis of reduction of brazilian penal majority, in
view of the growing numbers of crimes committed in Brazil by minors offenders. And yet, to
assess whether educational measures applied to them are efficient to prevent recidivism and if
under 18 and more than 16 years has the capacity of discernment to practice criminal
infractions. Describe the chaos that Brazil faces for lack of public policies directed to
juvenile offenders and the consequences of their actions on society.

Key-words: reduction; Criminal majority; Minor Offender; Criminal liability;


Minor.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CF Constituição Federal
ECA Estatuto da Criança e do Adolescente
SAM Serviço de Assistência ao Menor
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO...................................................................................................................10
2. MENORES INFRATORES: definições, conceitos e história.............................................12
3. MENOR: AUTOR OU VÍTIMA DA VIOLÊNCIA?...................................................................... 15
4REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL, UMA QUESTÃO DE JUSTIÇA.......................19
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS...............................................................................................22
REFERÊNCIAS.......................................................................................................................23
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1. INTRODUÇÃO

Neste presente Trabalho de Conclusão de Curso, pode-se constatar que, a cada


dia que passa, a violência no Brasil tem colocado a população em temor, devido aos
altos índices que vem registrando. Os jornais e outros meios de comunicação têm
divulgado notícias violentas onde os índices de homicídios são alarmantes. E, em meio
a esse caos na segurança pública, encontra-se o menor infrator, que em muitos casos,
tem agido como autor da violência.
Com a crescente atuação do menor nos indicadores de violência, tem-se feito
frequentes discussões e estudo, sobre a redução da Maioridade Penal.Devido à
precocidade com que os adolescentes ingressam no crime, reduzir a maioridade penal é
fazer com que a norma não perca a sua efetividade devido a dinâmica no
comportamento da sociedade, com isso a redução traria somente um tratamento justo
para aqueles que infringem as normas penais fazendo com que todos sejam tratados com
igualdade perante a Lei. Com isso, somente o menor de 16 anos gozaria então da
proteção estatal e de um tratamento diferenciado dos demais.
Em uma sociedade dinâmica e evolutiva, como definir critérios limitadores de
idade para a prática de crimes? Ou quais são os fatores que levariam uma pessoa a
praticar uma infração penal? Idade ou meio social? Se todos são iguais perante a Lei,
como então ter tratamento desigual a todos quantos entram em conflito com a Lei?
Este estudo buscou analisar os crescentes números de crimes cometidos no
Brasil por menores infratores e ainda avaliar se as medidas socioeducativas a eles
aplicadas são eficientes para evitar a reincidência. Ademais, discutir se o menor de 18 e
o maior de 16 anos têm capacidade de discernimento para praticar infrações penais.
Para tanto, foi desenvolvido pelos objetivos de descrever o caos que o Brasil
enfrenta por falta de políticas públicas voltadas aos menores infratores e as
consequências dos seus atos na sociedade, evidenciando a urgente necessidade de uma
análise séria e efetiva da redução da maioridade penal brasileira, através de
levantamento de dados estatísticos.
11

Por fim, este Trabalho de Conclusão de Curso, utiliza como método a pesquisa
qualitativa, descritiva e método bibliográfico. A pesquisa enquanto descritiva tem por
objetivo demonstrar os fenômenos e eventos tais quais se mostram em um tempo
geracional. (Gil, 2012).Enquanto qualitativa, utiliza critérios da subjetividade para
coleta e análise de dados, buscando uma resposta reflexiva sobre determinado evento.
(Gil, 2012). Para fins de desenvolvimento do trabalho, teve como base artigos
publicados, institutos de pesquisa e livros.
No primeiro capítulo é apresentado um breve histórico do menor infrator no
Brasil, as variantes dos termos que os definem e as garantias e proteções alcançadas
desde as primeiras leis formuladas.
No segundo capítulo é uma reflexão da participação do menor infrator nos índices
de violência no Brasil, como autor nos mais diversos crimes.
No terceiro capítulo é feita a uma defesa pela redução da maioridade penal no
Brasil, de 18 para 16 anos, como uma questão de diminuição nos índices de violência.
12

2. MENORES INFRATORES: definições, conceitos e história

No Brasil, a palavra menor foi pela primeira vez positivada, com a criação do
Decreto Nº 17.943-A de 12 de outubro de 1927, que consolidava as leis de assistência e
proteção a menores. Este Código trazia o menor sendo o abandonado ou delinquente.
Em 1940, com a entrada em vigor do Código Penal Brasileiro, fixou-se a idade
de 18 anos para a imputabilidade penal. Em 1942 cria-se o SAM (Serviço de Assistência
ao Menor), órgão do Ministério da Justiça, de orientação correcional-repressiva. O
SAM se estruturou sob a forma de reformatórios e casas de correção para adolescentes
infratores e de patronatos agrícolas e escolas de aprendizagem de ofícios urbanos para
menores carentes e abandonados.
Com a ascensão do militares ao poder em 1964, foi extinguido então SAM e
criou-se a Funabem (Fundação Nacional do Bem-estar do Menor) e as Febems
(Fundação Estadual do Bem-estar do Menor) em cada estado da Federação.
Com o passar dos anos, o Código de Menores foi perdendo eficácia frente às
necessidades da atenção do Estado à criança. Com isso em 1979, foi promulgado um
novo Código de Menores que vigorou até a promulgação da atual Constituição Federal.
Como previa a Constituição, em 1990 criou-se então o Estatuto da Criança e do
Adolescente, que trouxe em seu bojo uma gama de direitos à criança e ao adolescente.
É bom salientar que no Brasil, no que tange aos direito civis, existem duas
modalidades de menores. O absolutamente incapaz menor de 16 anos, e o relativamente
incapaz, maior de 16 e menor de 18 anos.
Nesse sentido, Firmo (2005) escreve:
Verifica-se, no ordenamento jurídico brasileiro, que o parâmetro de idade,
para a fixação da norma, varia de matéria para matéria, pois, enquanto que no
Direito Civil no de 1916 (Lei nº 3.071, de 1.01.1916) era ele 21 (vinte e um)
anos, só passado para 18 (dezoito) anos recentemente pelo no Código Civil,
instituído pela Lei nº 10.406, de 10.01.2002, que entrou em vigência em
10.01.03, e no Direito Penal é
18 (dezoito) anos, o Direito Trabalhista traz distinções normativas para as
idades de 12 (doze), 14 (quatorze), 18 (dezoito) e 21 (vinte e um) anos. Já o
Direito Comercial ressalva aos menores e aos filho- famílias comerciantes o
direito de obrigar, hipotecar e alhear validamente seus bens de raiz. No
Direito Político, a Constituição
13

Federal/88 rebaixou o direito facultativo de alistamento e de voto aos maiores


de 16 (dezesseis) anos. (FIRMO, 2005, p. 78)

Atualmente, existem projetos de Lei no Congresso Nacional, BRASIL (2006),


visando a redução da maioridade Penal de 18 para 16 anos, como uma forma de
minimizar os altos índices de violência cometidos nesta idade.
É importante ainda frisar que, de acordo com os regulamentos acima citados o
menor não pratica crime, mas sim ato infracional.
O menor de hoje, indiscutivelmente, não é mais o mesmo de 20, 30 ou 40 anos
atrás. Os costumes mudaram, a sociedade mudou, e tudo é muito diferente do passado.
A proteção do menor no passado se dava pelo fato dos mesmos serem desamparados e
por isso necessitavam de uma atenção especial do Estado para evitar as injustiças e
violência às eles aplicados.
O termo menor infrator é contemporâneo, surgiu com o advento do Estatuto da
Criança e do Adolescente-ECA. Do ato infracional entende-se:
Existem basicamente dois conceitos para o crime: o primeiro como fato típico e
antijurídico e o segundo, atualmente predominante, onde é considerado como fato
típico, antijuridico e culpável. É preferível o primeiro conceito, sendo nitidamente
aplicável à lei que rege os menores.

Segundo ISHIDA (2011):


A criança e o adolescente podem vir a cometer crime, mas não preenchem o
requisito da culpabilidade (imputabilidade), pressuposto de aplicação da
pena. Aplica-se ao mesmo, a presunção absoluta da incapacidade de entender
e determinar-se, adotando-se o critério biológico. Isso porque a
imputabilidade penal inicia-se somente aos 18 (dezoito) anos, ficando o
adolescente que cometa infração penal sujeito à aplicação de medida
socioeducativa por meio de sindicância. Dessa forma, a conduta delituosa da
criança e do adolescente é denominada técnicamente de ato infracional,
abrangendo tanto o crime como a contravenção. (Ishida, 2011, p. 217/218).

Esse termo veio para definir a pessoa que é menor de dezoito anos de idade,
conforme tipifica o Código Penal Brasileiro (CPB), pelo Decreto-Lei N. 2.848, de 7 de
dezembro de 1940, introduzida em nosso ordenamento jurídico pátrio naquele ano:
observando, claro, o conceito legal do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)
que, por meio da Lei N. 8.069, de 13 de julho de 1990, passou a determinar,
diferenciando crianças de adolescentes e criando o conceito de menor infrator.
14

Após a vigência do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), de 1990, o


termo ‘‘menor’’ é considerado inapropriado bem como é, também, considerado
pejorativo – no sentido, da relação: crianças e adolescentes.
Fazendo uma comparação com o Código de Menores de 1930, de autoria do juiz
de menores José Candido de Albuquerque Melos Mattos, percebe-se uma postura –
subjetiva – de discriminação no alcance de se apresentar como forma de exclusão social
– referido termo: menor.
Sabe-se, que na área do Direito (Ciências Jurídicas e Sociais) o termo
‘‘maioridade legal’’ se refere ao tempo em que a pessoa adquire idade para responder
civil e criminalmente pelos seus atos, conforme tipifica o CPB, por possuir, naquele
momento da vida, a capacidade civil e penal: pressupostos para fazer os indivíduos
exercer suas obrigações, ou seja, usufruir de todos os seus direitos e deveres perante a
sociedade contratualista em que vivemos.
No contexto explanado, o termo ‘‘menor de idade’’ não deve ser usado para
distinguir ou designar uma criança ou um adolescente, de modo que, eles já são sujeitos
de direitos pela legislação em vigor. Basta uma simples análise junto ao próprio Estatuto
da Criança e do Adolescente – ECA, que garante as crianças e aos adolescentes o direito
a bens jurídicos, assim como o próprio Código Civil de 2002, que abarca todos os
direitos referentes à esses indivíduos.
Da forma que fora definido acima, o termo ‘‘menor’’ possui uma forma
pejorativa suportada para as crianças e os adolescentes na atualidade – dado a
controvérsia da língua portuguesa, hoje em vigor no Brasil. Assim, acredita- se que,
com o temo utilizado para jovens (crianças e adolescentes), deixa transparecer que tais
indivíduos não gozam de direitos como cidadãos, uma vez que estão sob a tutela de
seus familiares: pais ou responsáveis, tutores, guardiões e etc., – esses últimos por
imposição judicial.
No Brasil, o menor infrator é conceituado como aquele que não responde pelos
seus atos perante o Código Penal Brasileiro, que foi criado por decreto-lei n 2.848, de 7
de dezembro de 1940, no período da ditadura, pelo então presidente Getúlio Vargas,
durante o período do Estado Novo.
15

3. MENOR: AUTOR OU VÍTIMA DA VIOLÊNCIA?

Lamentavelmente, contemporaneamente é corriqueiro encontrar-mos


adolescentes envolvidos em vários ilícitos na sociedade. Por receberem um tratamento
diferenciado dos demais, pois são regidos pelo ECA, os menores costumam assumir,
quando envolvidos com pessoas maiores de idade em delitos, as responsabilidades das
infrações penais para assim, minimizar a pena dos adultos naquela situação.
Sabe-se que o voto, a emancipação civil...Etc. E vários outros atos e
responsabilidades sociais e cíveis, que são tão elevados de responsabilidades, podem ser
praticados pelo menor de 18 anos, mas quando partimos para a seara penal, isso não
acontece. Escolher um presidente ou assumir um casamento, os maiores de 16 anos
podem fazê-lo que a Lei os amparam. Agora, quando é pra assumir a responsabilidade
dos seus atos ilícitos, o legislador entende que nesta idade não se tem o amadurecimento
adequado para poder imputá-lo as penas e obrigações do Código Penal Brasileiro.
Sendo o Estado o responsável por garantir a lei e aplicá-la quando a mesma é
violada, a história já comprovou que as medidas socioeducativas aplicadas aos menores
(como o caso das febems e outros sistemas do adolescente infrator cumprir sua pena),
não surtem o efeito necessário para que, os mesmos, não voltem a serem reincidentes
nos seus atos ilícitos.
Segundo uma pesquisa publicada no portal do Conselho Nacional de Justiça,
Órgão Federal, no último ano dobrou o número de adolescentes cumprindo medida
socioeducativa no país – em novembro do ano passado havia 96 mil menores nessa
condição e neste ano já são 192 mil. O tráfico de drogas é o crime mais frequente entre
os jovens; há quase 60 mil guias ativas expedidas pelas Varas de Infância e Juventude
do país por este ato infracional. Já o crime de estupro cometido pelos menores
aumentou de 1.811, em novembro de 2015, para 3.763, em novembro deste ano. Os
dados foram extraídos do Cadastro Nacional de Adolescentes em Conflito com a Lei
(CNACL) do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que contém informações dos
adolescentes que cumprem medida socioeducativa desde março de 2014. BRASIL
(2016).
16

O Conselho Nacional de Justiça BRASIL (2016) publicou os seguintes gráficos


quantitativos:

Fonte: Luiz Fariello (20/04/2021), Agência CNJ de notícias.

Cerca de 90% dos jovens que cumprem medida socioeducativa são do sexo
masculino e a liberdade assistida é a medida mais aplicada aos menores, atingindo
atualmente 83.603 adolescentes. A medida consiste no acompanhamento, auxílio e
orientação do adolescente em conflito com a lei por equipes multidisciplinares, por
período mínimo de seis meses, com o objetivo de oferecer atendimento nas diversas
áreas de políticas públicas e a inserção no mercado de trabalho. A segunda medida mais
aplicada é a prestação de serviços à comunidade, abarcando 81.700 jovens atualmente,
que devem realizar tarefas gratuitas e de interesse comunitário durante período máximo
de seis meses e oito horas semanais.
17

Fonte: Luiz Fariello (20/04/2021), Agência CNJ de notícias.

O cadastro mostra que há 249.959 guias ativas atualmente – um número maior


do que o de adolescentes que cumprem medida socioeducativa, já que um mesmo
adolescente pode responder por mais de uma guia emitida pelo juiz. As medidas
socioeducativas, previstas no artigo 112 do Estatuto da Criança e do Adolescente
(ECA), são aplicadas pelos juízes das varas de Infância e Juventude aos menores de 12 a
18 anos, e têm caráter predominantemente educativo e não punitivo.

Fonte: Luiz Fariello (20/04/2021), Agência CNJ de notícias.


18

Cadastro – O Cadastro Nacional de Adolescentes em Conflito com a Lei


(CNACL) foi instituído com o objetivo de permitir aos magistrados o acompanhamento
efetivo dos adolescentes que cometeram atos infracionais. Desde 2014, o preenchimento
do CNACL passou a ser obrigatório para a extração das guias de internação provisória
de adolescentes, execução de medidas socioeducativas, guias unificadoras e de
internação-sanção, por exigência da Resolução CNJ n. 165. O cadastro é alimentado
pelas próprias Varas de Infância e Juventude e por isso podem conter desatualizações
temporárias.

Fonte: Luiz Fariello (20/04/2021), Agência CNJ de notícias.

Como visto, fica provado que a atuação do menor tem sim influencia nos índices
de violencia, e que precisa de uma atenção especial à esta situação para encontrar uma
solução de modo que a justiça verdadeiramente seja aplicada aos mesmos.
19

4. REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL, UMA QUESTÃO DE JUSTIÇA.

Quando o assunto é Maioridade Penal, existe uma problemática no Brasil que é


saber se o art. 228 da Constituição Federal constitui ou não cláusula pétrea.
De acordo com Soares (2006), o art. 60, § 4, institui regra, segundo qual “não
será objeto de deliberação proposta de emenda tendente a abolir:
I – o voto direto, secreto, universal e periódico; II –
a repartição dos Poderes;
III – os direitos e garantias individuais.
A matéria relativa à inimputabilidade penal do menor de dezoito anos não se
situa em qualquer desses itens. Os direitos e garantias individuais estão contemplados
no art. 5º da CF. Entre estes não se encontra nenhum que trate da inimputabilidade do
menor de dezoito anos. Desse modo, não há que se falar em cláusula pétrea na
hipótese.
Todo ser humano carrega em seu íntimo, um poder que emana do seu intelecto,
em saber distinguir entre o certo e o errado, e mais ainda em poder, livremente, escolher
entre aquilo o que pode e o que deva fazer.
Nesse sentido, quando temos alguém que apesar de sua pouca idade, consiga
provocar mal às pessoas com requintes de crueldades e repugnantes à vista da
sociedade que conviva, deve sim ser responsabilizado de seus atos à altura e
proporção.
No Brasil, é comum encontrarmos adolescentes com longas fichas criminais,
mas quando atingem a maioridade, ou seja, 18 anos, passam a ser réus primários, pois
não pode ser cômputo à sua maioridade suas ações quando menor.
Historicamente, os brasileiros não se submetem às leis quando essas não são
fiscalizadas, logo, independente da idade, só há obediência quando o Estado exerce seu
papel de fiscalizador. A sensação de impunidade gera nas pessoas uma “liberdade”
extravagante, capaz de suprimir os direitos e liberdades do próximo.
O Conselho Nacional de Justiça publicou, (Paula Andrade e Luiza Fariello,
2018), um levantamento feito pelo Departamento de Monitoramento e Fiscalização do
Sistema Carcerário e das Medidas Socioeducativas do
20

Conselho Nacional de Justiça (DMF/CNJ) sobre o quantitativo de menores infratores


em regime de internação no Brasil mostrava que existiam mais de 22 mil jovens
internados nas 461 unidades socioeducativas em funcionamento em todo o país.
O documento inclui apenas os adolescentes que estão internados – ou seja, que
cumprem medidas em meio fechado -, e não aqueles que cumprem outras medidas,
como a semiliberdade e a liberdade assistida. Os juízes da Infância e Juventude definem
a punição de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). A internação é
a opção mais rigorosa, não podendo exceder três anos – sua manutenção deve ser
reavaliada pelo juiz a cada seis meses.

Fica cristalino a participação do menor infrator nos crimes graves, cujas penas
são de internação.
A Internação é a medida mais dura aplicada ao menor infrator, por isso o levantamento
buscou enfatizá-lo.

O Estatuto da Criança e do Adolescente é taxativo ao dizer as medidas que


serão aplicadas ao menor infrator, que são:

Art. 112. Verificada a prática de ato infracional, a autoridade


competente poderá aplicar ao adolescente as seguintes medidas:
I - advertência;
II - obrigação de reparar o dano;
III - prestação de serviços à comunidade; IV -
liberdade assistida;
V - inserção em regime de semi-liberdade;
VI - internação em estabelecimento educacional; VII -
qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI.
21

§ 1º A medida aplicada ao adolescente levará em conta a sua


capacidade de cumpri-la, as circunstâncias e a gravidade da
infração.
§ 2º Em hipótese alguma e sob pretexto algum, será admitida a
prestação de trabalho forçado.
§ 3º Os adolescentes portadores de doença ou deficiência mental
receberão tratamento individual e especializado, em local
adequado às suas condições. (BRASIL. Lei 8.069/90).

O menor em conflito com a Lei será tratado segundo o ECA, uma vez que
prevalece o princípio da especialidade, logo essas medidas, para idades menores, podem
sim trazer uma efetividade da norma consonante à sua criação e aplicação. Já aos de
idades mais avançadas, não teriam tanto sentimento de punição tendo em vista das
medidas serem mínimas.
16 anos acima, seria uma idade ideal para receber uma medida mais rígidas,
como as do Código Penal, tendo em vista que são mais coercitivas para
ressocializar e melhorar o comportamento do apenado.
Por derradeiro, cabe destacar a importância da norma penal na boa convivência
em sociedade, e mais ainda quando a norma trás consigo a efetividade de aplicabilidade.
22

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo do presente trabalho foi trazer um breve levantamento histórico e


cultural do tratamento dado ao Menor Infrator no Brasil. De forma concisa, observou-se
que dado os números de infrações penais e das internações, é um tema relevante para
proposição de medidas relativas ao tema.
Pelo exposto, conclui-se que no Brasil os menores infratores sempre tiveram
proteção e amparo perante a legislação, resguardado assim a sua integridade física,
moral e psicológica. Nesse sentido, este trabalho não defende a retirada de nenhum
direito dos menores infratores, mas sim a redução na idade daqueles abrangidos por essa
proteção.
Desde a aprovação do Estatuto da Criança e do Adolescente, o Menor tem se
destacado tanto como vítima ou autor da violência, nesse sentido é necessário a atenção
ao comportamento desta parcela da população para que o Estado não venha corroborar,
fazendo-se inerte frente aos números e dados estatístico levantados no decorrer deste
trabalho.
A redução da maioridade é mais uma ferramenta para ser utilizada no
enfrentamento ao aumento da violência no Brasil, não sendo assim, a solução mais
eficaz ou a melhor de todas as soluções disponíveis para tal.
23

REFERÊNCIAS

BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente. Disponível em


http://www.planalto.gov.br/ccivil_3/leis/L8069.htm. Acesso em 23 de abril de
2021.BRASIL.

Constituição Federal da República Federativa do Brasil, Disponível em:


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituiçao.htm. Acesso em 23 de
abril de 2021.

BRASIL. Código Penal Brasileiro. Disponível em:


http://www.planalto.gov.br/CCIVIL/Decreto-Lei/Del2848.htm. Acesso em 23 de abril
de 2021.

Firmo, Maria de Fátima Carrada Firmo. A Criança e o Adolescente no


Ordenamento Jurídico Brasileiro. Rio de janeiro. Renovar. 2005.

Ishida, Estatuto da Criança e do Adolescente, Doutrina e Jurisprudência.


São Paulo. Editora Atlas S.A. 2011.

DATAFOLHA, Instituto de pesquisa. Disponível em:


http://datafolha.folha.uol.com.br/opiniaopublica /2015/04/1620652-87-dos-
brasileiros-sao-a-favor-da-reducao-da-maioridade-penal.shtml. Acesso em 23 de abril
de 2021.

BRASIL. Código de Menores. Disponível em


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1970-1979/L6697.htm

BRASIL. Código Civil brasileiro. Disponível em


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406.htm. Acesso em 23 de abril de
2021.

Conselho Nacional de Justiça. Disponível em


http://www.cnj.jus.br/noticias/cnj/84034-trafico-de-drogas-e-o-crime-mais- cometido-
pelos-menores-infratores. Acesso em 23 de abril de 2021.

Consultoria Legislativa, nota técnica. Disponível em


http://www2.camara.leg.br/a-camara/documentos-e-pesquisa/estudos-e-notas-
tecnicas/areas-da-conle/tema5/H-Coord_Legislativa-Setex-Internet- 2007_644.pdf.
Acesso em 23 de abril de 2021.

https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/direito/o-conceito-de-
menor-infrator/72819. Acesso em 23 de abril de 2021.

Conselho Nacional de Justiça, Noticias CNJ, Agência CNJ de notícias, website:


https://www.cnj.jus.br/ha-mais-de-22-mil-menores-infratores-internados-no- brasil/.
Acesso em 23 de abril de 2021.

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