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PINHAL – UNIPINHAL –
FACULDADE DE DIREITO DA FUNDAÇÃO PINHALENSE DE
ENSINO
Banca Examinadora:
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Professor(a) Membro
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Professor(a) Membro
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Professor(a) Membro
DEDICATÓRIA
AGRADECIMENTOS
Epígrafe
RESUMO
Normative production in Brazil is positive. In other words, the Law is the primary
source of Law and the Constitution is the beacon for legislative production.
Despite this hermetic character, the legislative production must pay attention to
the voices in the streets, producing laws that are in accordance with the
aspirations and aspirations of the nation. However, this “reading” process cannot
be momentary and must pay attention to the set of already existing norms. A case
of great debate, the reduction of the criminal age is a subject always present in
legal and academic environments. It is a claim of a certain layer of society,
rejected by another portion and that always surface when a minor gets involved
in some case of national repercussion. This work proposed a historical legal
presentation of the concept of child and adolescent, how the Brazilian State treats
minors under 18 years of age and how current legislation understands the
criminal age. Furthermore, contrary and favorable impressions of the reduction
of the penal age were compiled, with emphasis on a specific case that came to
punctuate the debate. At the end, the understanding that any legislative change
must come from a legal process, based on the law and proposed after a national
debate that understands the importance of the subject, was printed.
Keywords: criminal minors. rights of children and adolescents. ECA. crime. right.
LISTA DE SIGLAS
art. Artigo
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
CC Código Civil
CF Constituição Federal
CF/88 Constituição Federal de 1988
CP Código Penal
ECA Estatuto da Criança e do Adolescente
nº número
NCPC Novo Código de Processo Civil
OAB Ordem dos Advogados do Brasil
§ Parágrafo
p. Página
s/p Sem página
PEC Proposta de Emenda à Constituição
SAN Serviço de Assistência do Menor
STJ Superior Tribunal de Justiça
STF Supremo Tribunal Federal
TCC Trabalho de Conclusão de Curso
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO.............................................................................................. 11
5. CONCLUSÃO................................................................................................ 36
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................. 37
11
1. INTRODUÇÃO
Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze
anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos
de idade.
Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica-se excepcionalmente
este Estatuto às pessoas entre dezoito e vinte e um anos de idade. (BRASIL,
2021).
Portanto não pode haver dúvida quanto ao conceito jurídico de criança. Não
há análise de estrutura corpórea, intelectual, conceitos abstratos de criação, gênero,
localidade de nascimento. Criança e adolescente são identificados na lei por suas
idades de nascimento e tudo estranho a isto não deve ser levado em consideração na
análise de um ato infracional em detrimento a um delito penal. A apuração dos fatos,
em fase processual própria e que respeito o rito devido, aí sim, trará luz aos
acontecimentos passiveis de reprimenda.
Entende-se que caso fosse verificado que o menor de 14 anos, que praticasse
algum crime e tivesse sabedoria, discernimento do ato que estava a cometer, este
deveria ser recolhido a uma casa de correção. Era chamado Critério Biopsicológico –
resulta da fusão dos dois anteriores. Diante da presunção relativa de imputabilidade,
conjuga os trabalhos do perito e do magistrado, analisando se, ao tempo da conduta,
o agente era capaz de entender o caráter ilícito do fato e determinar-se de acordo com
esse entendimento. É o critério adotado pelo Direito Penal, conforme se verifica no
art. 26 do ECA. No que toca aos menores de 18 anos, foi adotado o critério biológico.
Ainda sobre o Código Crimina de 1830, Francisco Pereira de Bulhões
Carvalho explica a diferenciação em classes dos menores:
Tal recurso foi adotado mais como um meio de proteção a quem abandona
que dali em diante poderia fazer anonimamente e seria um meio a proteção à criança
propriamente dita.
Além das penas mais severas, pode perceber também uma grande
preocupação em relação aos cuidados com os menores um fato inovador nunca
precedido pelas legislações brasileiras. Afirma neste sentido Carlos Eduardo Barreiros
Rebello:
No ano de 1890 um novo Código foi criado, já sob a égide da República. Era
o Código Penal dos Estados Unidos do Brasil, que em seu texto foi mais rigoroso com
os menores, ao passo que somente os menores de 9 anos seriam inimputáveis. O
menor entre nove e quatorze anos deveria ser avaliado pelo magistrado para
avaliação da sua capacidade de discernimento, mas inegavelmente era presente a
sua relativa responsabilidade.
Nota-se pela análise de datas e conceitos uma preocupação do legislador em
estabelecer critérios para não punir atos praticados por menores de idade como
medida de proteção da própria comunidade, visto que a infração cometida por
menores de 14 anos, por certo, deriva de um conjunto muito superior ao edifício
meramente punitivo do Direito Penal, carecendo de uma análise caso a caso, mas
nunca procedendo-se com uma punição.
Esta ideia de focar nos males sociais, substancialmente ganhou força em uma
sociedade ainda revestida de muitos preconceitos e que vinha de uma abolição da
escravidão dos povos negros ainda recente, complementada pela imigração em
massa de europeus pobres, o que acabou ajudando na favelização de muitas cidades
e o surgimento de uma classe de excluídos muitas vezes vista como nociva a
sociedade, de maneira que o fator social muitas vezes se sobrepunha a lei.
No caso dos menores, isto também foi levado em consideração e a
delinquência juvenil era vista como um problema econômico, enfrentado em colônias
agrícolas para reeducação.
familiar, substituindo-o por vínculos institucionais com foco na correção e não do afeto,
ainda que o afastamento da família fosse completo (AMIN, 2010).
Iniciou-se no Brasil uma discussão acerca do modelo de tutela da criança e
adolescente, já sob a égide da Declaração Universal dos Direitos do Homem de 1948
e da Declaração dos Direitos da Criança de 1959, com o cunho de ajustar a atuação
do Estado, sobretudo com relação ao afastamento das famílias. Contudo, após o
Golpe Militar de 1964, essa discussão foi interrompida. Muitas eram as críticas ao
SAM, que culminaram com a sua extinção. Neste sentido afirma Andrea Rodrigues
Amin:
A década de 60 foi marcada por severas críticas ao SAM que não cumpria e
até se distanciava do seu objetivo inicial. Desvio de verbas, superlotação,
ensino precário, incapacidade de recuperação dos internos foram alguns dos
problemas que levaram à sua extinção em novembro de 1964, pela Lei nº
4.513 que criou a FUNABEM – Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor.
(AMIN, 2010, p. 7).
Este fato gera a ideia na cabeça dos menores de classe baixa, que uma das
formas mais fáceis para conseguir comprar tais produtos e entrando para a
criminalidade.
Obviamente, existem exceções e que está não é uma justificativa a quem
comete crimes, mas infelizmente tal fato está elencado como um dos fatores da
criminalidade do menor.
Em muito dos casos, a família que deveria ser a base já se encontra
corrompida, o que e extremamente grave, devido a importância da família na formação
do menor, por esta razão tanto a CF de 1988 quanto o ECA trazem bastante este
tema. Neste sentido afirma Luciano Alves Rossato:
Os pais, portanto, tem o papel de oferecer aos filhos todo o apoio necessário
para sua formação, tais como vestuário adequado, alimentação condizente, moradia
digna, possibilidade de frequentar a escola bem como todo apoio afetivo possível.
O apoio dos pais oferece à criança a segurança e a tranquilidade para um
crescimento sem o pensamento, pelo em tese, em atos que desvirtuem o que
aprendem em casa.
A frustração por não poder ter um produto da melhor marca não os levará à
criminalidade, o que não se pode dizer de um menor que vive em uma família sem
estrutura mínima de apoio em todos os sentidos.
Outro fator que contribui para a entrada do jovem na criminalidade são os
entorpecentes. Em muitos casos os menores já nascem em um ambiente voltado à
utilização e ao tráfico de drogas, fazendo com que aquele clima seja habitual em sua
vida, e mais uma vez é importante o papel da família, conforme assevera Danielle
Barbosa e Thiago de Souza:
O Japão estipula a sua maioridade penal aos 21 anos, embora possua uma
ampla legislação sobre a delinquência dos menores (MPPR, 2017). A Rússia define
que a maioridade penal se dá aos 16 anos para todos os delitos. Tratando-se de
delitos graves os menores a partir de 14 anos já podem ser penalizados.
Analisando os números apresentados pode-se perceber que a maioria dos
países ainda tem como base a idade penal tradicional dos 18 anos. Grande parte dos
países mencionados é signatária ou ratificaram a Convenção Internacional sobre os
Direitos da Criança, que recomenda que os jovens menores de 18 anos sejam tratados
de maneira diversa aos adultos.
Percebe-se ainda que existem sistemas mistos onde, a depender da
gravidade do ato cometido, há punições semelhantes aos adultos para os menores
infratores. O Brasil, com seu sistema atual, encontra-se em conformidade com a
maioria dos países e também com a Convenção sobre os Direitos das Crianças.
Como se viu, cada país assimila a posição social que norteia o processo
legislativo e produz uma lei, seja ela positiva ou por vias de julgados, familiar aquilo
que está impresso no conjunto de símbolos unificadores da nação.
O presente estudo vem demonstrando que o processo de construção do
Direito no Brasil é necessariamente positivista, ou seja, a Lei é a fonte primeiro do
Direito. É da além que advém as decisões judiciais e é lei que sempre irá ministrar e
dosar a aplicação do Direito.
Hoje, tomou-se por premissa que crimes de maior comoção social sejam
julgados pelas massas. Isto se dá por fatores diversos, como o aumento da
criminalidade, as modificações sociais, um ambiente de corrupção muitas vezes vinda
de cima para baixo e que afeta a moral como um todo.
Tudo isto é pertinente em uma discussão, mas nada disto é factual ao Direito.
A aplicação da deve se atenta a norma. A produção da norma, esta sim, como já dito
anteriormente, deve estar sensível ao momento da nação, mas o legislador tem meios
jurídicos para proceder com as mudanças quistas pela maioria.
O processo eleitoral ainda é a melhor solução para a demanda das ruas. A
população elege seus representantes e estes respeitam o sufrágio das ruas votando
em medidas desejadas pela maioria. O processo democrático advém deste respeito a
29
5. CONCLUSÃO
Com base na pesquisa realizada entende-se que com base na Carta Magna
que está em vigência no país nos dias atuais, e impossível a redução da maioridade
penal sem ofensa ao texto constitucional.
Sabe-se que o Brasil adota como paradigma de Estado o Democrático de
Direito, que tem como fundamentos a defesa da dignidade humana e a proteção aos
direitos fundamentais.
Por mais que muitos autores sejam favoráveis a redução da maioridade penal,
esta vai contra os direitos e garantias resguardados pela constituição.
Hoje se tramita a PEC para alteração da Constituição Federal, a qual alteraria
o Art. 228 que traz em seu enunciado um direito fundamental da criança e do
adolescente frente ao Estado, de não ser processado penalmente antes dos 18 anos,
por conta de sua condição inerente de evolução mental incompleta, portanto direito
fundamental oriundo de sua natureza humana propriamente dita.
Compreende-se que as razões que levam diversos autores a questionar a
redução da maioridade penal, como um redutor da violência e da criminalidade, mas
que se contrapõem a Constituição de maneira frontal e veemente.
Conclui-se, desta forma, pela impossibilidade da redução da maioridade penal
no Brasil, por ofensa ao artigo 228 da Constituição, que traz em seu enunciado direito
fundamental do menor de 18 anos, impassível de alteração ainda que por Emenda à
Constituição por se constituir clausula pétrea.
Mesmo sentido, ficou precificado que a opinião pública participa do debate
público, mas não é legisladora. Há um ordenamento vigente é a natureza positiva do
Direito no Brasil exclui a possibilidade de exceções e julgamentos pautados no
momento.
Casos como Champinha servem mais para demonstrar a falência das
instituições de que para se discutir a redução da idade penal.
Por fim, hoje, imperando a Constituição de 1988, qualquer modificação legal
deverá seguir os ritos constitucionais no parlamento, carecendo um debate nacional
sério que possa referendar uma mudança para cima ou para baixo.
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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DALLARI, D. A. Elementos de Teoria do Estado. 33ª ed. São Paulo: Saraiva, 2016.
HORTA, R. M. Direito Constitucional. 4. ed. rev. e atual. Belo Horizonte: Del Rey,
2003.
GRECO, R. Curso de Direito Penal. Parte Geral. 12ª edição. Rio de Janeiro: Editora
Impetus, 2010.
PETRY, A. O dilema e o exemplo. Revista Veja. São Paulo, ano 39, n. 29, p. 66, 26
jul. 2006.
RIZZINI I. A criança e a lei no Brasil: Revisitando a história (1822 -2000). 2 ed. Rio
de Janeiro: UNICEF- CESPI / USU, 2002.