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BLUMENAU – SC
2021
MARIELI SCORSIN CAZUNI
BLUMENAU – SC
2021
MARIELI SCORSIN CAZUNI
Banca examinadora:
Orientador:
___________________________________
Mayara Pellenz
Centro Universitário Sociesc de Blumenau
Membro:
___________________________________
Título, nome
Instituição de origem
Membro:
___________________________________
Título, nome
Instituição de origem
Jonh Locke
RESUMO
A presente monografia tem por objetivo estudar a Lei de Alienação Parental (Lei
n° 12.318/2010), abordar as práticas e suas possíveis responsabilidades frente
ao ordenamento jurídico brasileiro. A Alienação Parental é um assunto de
relevância social, por se tratar de um abuso psicológico com sequelas
irreversíveis para criança ou o adolescente vítimas de tais atos. Deste modo faz-
se de extrema importância o assunto abordado, tendo como finalidade
aprofundar-se mediante ao método indutivo através de fontes bibliográficas e
jurisprudências que registram o debate acerca do tema do trabalho. No discorrer
dos capítulos serão apresentados casos práticos explorando os déficits da
aplicabilidade da Lei de Alienação Parental, como também será abordada a
inserção do ato de alienar no âmbito da violência psicológica, com punibilidade
na esfera penal. A pesquisa volta-se a num primeiro momento à conceituação
da Alienação Parental e suas origens históricas, seguida de aspectos jurídicos
que envolvem o tema e os reflexos sociais.
This monograph aims to study a Parental Alienation Law (Law n° 12.318 / 2010),
to address the practices and their possible responsibilities in the face of the
Brazilian legal system. Parental Alienation is a matter of social promotion, as it is
a psychological abuse with irreversible consequences for the child or adolescent
of such acts. In this way, what is discussed is extremely important, in order to
deepen it through the inductive method through bibliographical sources and
jurisprudence that record the debate on the theme of the work. In the course of
the chapters, practical cases will be processed exploring the applicability deficits
of the Parental Alienation Law, as well as the insertion of the act of alienation in
the context of psychological violence, with punishment in the criminal sphere. The
research turns to, at first, the conceptualization of Parental Alienation and its
historical origins, followed by legal aspects that involve the theme and the social
reflexes.
ART Artigo
CNJ Conselho Nacional de Justiça
DEM Partido Democratas
ECA Estatuto da Criança e do Adolescente
IP Inquérito Policial
MIN Ministro
Nº Número
PL Projeto de Lei
PMDB Partido do Movimento Democrático Brasileiro
PP Partido Progressistas
PSDB Partido Social da Democracia Brasileira
PT Partido Trabalhista
PTB Partido Trabalhista Brasileiro
REL Relator
SAP Síndrome da Alienação Parental
STJ Superior Tribunal de Justiça
TJ Tribunal de Justiça
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ................................................................................................... 9
CAPÍTULO 1: ALIENAÇÃO PARENTAL ........................................................ 11
1.1 Origens Históricas da Alienação Parental ............................................. 14
1.2 Tutela Jurídica da Alienação Parental .................................................... 19
1.3 Casos exemplificativos na Jurisprudência ............................................ 22
CAPÍTULO 2: CRÍTICAS E DESAFIOS DA LEI Nº 12.318/2010 .................... 28
2.1 Quando acontece a alienação parental e como identificá-la?.............. 32
2.2 A Responsabilidade do Advogado Diante da Alienação Parental ....... 37
2.3 O poder judiciário frente a Alienação Parental:..................................... 38
CAPÍTULO 3: CRIMINALIZAÇÃO COMO ALTERNATIVA PARA
SOLUCIONAR O PROBLEMA ........................................................................ 39
3.1 Criminalizar para que? ............................................................................. 40
3.2 Tutela penal como alternativa à luz da doutrina: aspectos positivos e
negativos......................................................................................................... 44
CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................. 48
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 50
9
INTRODUÇÃO
Para alguns o tema pode ser até mesmo desconhecido, mas ele é de
grande importância. Principalmente se pensarmos que as vítimas da
alienação parental terão problemas no futuro. Ou seja, é um ciclo
vicioso que precisamos quebrar e com urgência. E isso cabe a nós, já
que as crianças e adolescentes, enquanto vítimas ficam
desamparadas.
Esta Lei foi criada com a finalidade de proteger e garantir os direitos e/ou
interesses das crianças e adolescentes diante da relação de seus pais, visto que
as consequências da prática de alienação parental podem ser avassaladoras
para o desenvolvimento destas.
As falsas memórias, geradas na alienação parental, podem provocar
danos psicológicos equivalentes àqueles gerados em vítimas que sofreram um
abuso sexual. A criança pode ter dificuldade na escola, crescer com baixa
autoestima e ter problemas para se relacionar com outras pessoas.
3 BRAINERD, C. J., & Reyna, V. F. (2005). The Science of False Memory. New York: Oxford
University Press.
4 JOHNSON, M.K. (2001). False memories, psychology of. In J.D. Wright (Ed.), International
6BRASIL. Câmara dos Deputados. Projeto de Lei nº 4488 de 2016. Disponível em: Acesso em:
04 de setembro de 2021.
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Caso tal medida não seja suficiente e tendo como prioridade proteger e
resguardar a criança, a guarda do menor é passível de reversão e, conforme o
Código Civil, em seus artigos 1.637, caput e 1.638, IV, abaixo transcritos, a
suspensão ou destituição do poder familiar pode haver nas seguintes hipóteses:
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a
outrem, fica obrigado a repará-lo.12
RELATÓRIO
Cuida-se de agravo de instrumento interposto contra decisão proferida
na ação cautelar proposta por M.A.R. em desfavor de P.E.C.A., com a
23
Não se pode fechar os olhos e fazer de conta que nada acontece. Esta
é a missão de cada um que tem o dever de assegurar proteção integral
a criança e adolescentes, proteção nem sempre encontrada no reduto
do seu lar, que às vezes de doce nada tem. (DIAS, 2010, p. 8)
14ZAMATARO, Yves. A entrevista sobre Lei de Alienação Parental Ainda é Pouco Aplicada pelo
Judiciário. Migalhas: 26 ago. 2015. Entrevista concedida a Migalhas. Disponível em: <
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Uma das maneiras utilizadas pelo genitor alienador para manipular seu
filho é contar com detalhes suas experiências negativas do relacionamento
conjugal, repassando seus sentimentos de raiva e desgosto, fazendo com que o
filho absorva e acredite que aquilo pode acontecer com ele, como também passa
a pensar que é sua obrigação proteger o genitor alienador de alguma maneira,
alimentando em si sentimentos negativos contra o outro genitor.
O genitor alienador tende a dificultar o convívio do filho com o outro
genitor, proibindo visitas, fazendo chantagens emocionais, manipulando,
omitindo informações e influenciado a criança ou o adolescente contra o outro
genitor, pois como na maioria dos casos o detentor da guarda é o genitor
alienador, é ele quem tem autoridade sobre o filho, assim através de uma
pequena circunstância ou um acontecimento isolado consegue reforçar ao filho
a ideia de que este não é mais amado pelo outro genitor.
Conforme conceitua a psicóloga e psicanalista Motta:
https://www.migalhas.com.br/quentes/225900/yves-zamataro--lei-de-alienacao-parental-ainda-
e-pouco-aplicada-pelo-judiciario >. Acesso em: 12 de agosto de 2021.
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ACÓRDÃO
RELATÓRIO
DES. ANDRÉ LUIZ PLANELLA VILLARINHO (RELATOR)
Trata-se de agravo de instrumento interposto por Viviane Oppitz, contra
a decisão de fls. 12, que revogou a decisão exarada às fls. 83/84,
reconsiderando a decisão que suspendeu as visitas do genitor ao
infante.
Sustenta a recorrente em suas razões, que a decisão recorrida apoiou-
se em conclusões observadas no laudo pericial elaborado pela
psicóloga Simone Angélica Luz, que termina por recomendar o
restabelecimento das visitas paternas e sugere tratamento psicológico
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VOTOS
DES. ANDRÉ LUIZ PLANELLA VILLARINHO (RELATOR)
Cuida-se de agravo de instrumento interposto por Viviane Oppitz,
contra a decisão de fls. 12, que revogou a decisão exarada às fls.
83/84, reconsiderando a decisão que suspendeu as visitas do genitor
ao infante, fixando-as nos mesmos moldes anteriores, das 18:00hs de
sexta-feira até 9:00hs de domingo.
Em suas razões, a recorrente sustenta que a decisão recorrida apoiou-
se apenas nas conclusões do laudo pericial elaborado pela psicóloga
Simone Angélica Luz, que recomenda o restabelecimento das visitas
paternas, sugere tratamento psicológico da agravante e continuação
do acompanhamento psicopedagógico e fonoaudiológico do menor.
Destaca a peça de reconvenção, em que relata as queixas do infante
quanto ao comportamento do pai. Ressalta o Estudo Social a cargo da
Assistência Social do Juizado, datado de 09/04/08, contendo entrevista
da agravante, do menor e visita domiciliar, e as informações do Serviço
de Psicologia da FEEVALE, que vinha realizando tratamento no menor,
e embasaram decisão que suspendeu liminarmente as visitas do pai
ao petiz, bem como o Relatório Psicológico firmado pela psicóloga do
Centro Integrado de Psicologia da FEEVALE e pelo Coordenador do
Centro. Alega que a motivação da decisão recorrida contrapôs-se às
constatações de profissionais da área vinculados a FEEVALE e do
Conselho Tutelar, acusando o laudo de fls. 185/202 de não merecer
credibilidade.
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Pelo exame dos autos, verifica-se que o embate no que diz com as
visitas e ora, com a guarda do menor Luciano, de apenas 08 anos de
idade, data desde a separação do casal, nos idos de 2003, quando o
infante possuía apenas 05 anos de idade e, certamente, vem
comprometendo seu bem estar, sua higidez física e mental,
considerando-se que há relato de comprometimento do petiz nessa
área, independente das desinteligências entre seus progenitores, que,
por evidente, só fazem por piorar ainda mais a situação do próprio filho.
Feitas essas considerações e comungando do entendimento
pacificado nesta Corte, no sentido de que os interesses do menor
devem prevalecer independentemente dos interesses dos pais, acolho
na íntegra, o bem lançado parecer da eminente Procuradora de
Justiça, Dra. Eva Margarida Brinques de Carvalho, de fls. 126/131, por
exprimir meu exato entendimento, passando a transcrevê-lo em parte,
modo evitar fastidiosa tautologia, in litteris:
“[...]
A pretensão da agravante não merece guarida, porquanto com muita
propriedade foi mantido o direito do genitor de visitar o filho na forma
originalmente acordada pelos litigantes, com suporte no laudo
psicológico elaborado pela profissional Simone Angélica Luz, cuja
conclusão merece ser transcrita na íntegra (fl. 29):
‘Hugo parece estar ciente das suas funções paternas, porém não está
convencido, diante de tantas histórias maldosas a seu respeito de que
Luciano terá uma vida saudável ao lado da mãe e a devida assistência
que precisa. Questiona, pois, é uma mãe que está colocando o filho
contra o próprio pai. Percebe-se que Viviane tem dispensado os
cuidados básicos com o menino, mas tem a maternagem atravessada
pelas normas e condutas de seus pais. Os dados levantados através
dessa testagem não trazem elementos que comprovem as acusações
que desabonam a capacidade paterna. O pai é pessoa íntegra e
apresenta-se de forma coerente e equilibrada.
Entretanto, Viviane parece ter medo de perder o afeto do filho quando
este demonstrou muito carinho e desejo de permanecer mais tempo
com o pai, vêm num processo de afastamento do menor de seu genitor,
pela síndrome de alienação parental, e dessa forma, vêm pondo em
risco a saúde psicológica do mesmo, que já apresenta consequências
da referida alienação. Segundo os estudos achados de Gardner,
Luciano estaria em estágio médio com alguns indicativos de estágio
avançado. Neste caso, sugere-se a busca de um tratamento da
genitora alienadora para desmitificar as crenças infundadas sob o risco
de perder efetivamente o poder familiar. É preciso ressaltar a
necessidade de retornar os horários de visitas ao pai, bem como da
possibilidade de ampliar contatos com este que por hora se apresenta
mais coerente e estável emocionalmente.
Sugere-se reavaliação após período de acompanhamento psicológico.
Sugere-se também, que sejam mantidos os acompanhamentos
psicopedagógicos e fonoaudiológicos do menino’.’
Neste contexto, indubitável que a pretensão da agravante é afastar o
convívio do filho em relação ao genitor, sendo absolutamente idôneo e
confiável o relatório da profissional de confiança do juízo, nomeada sob
compromisso nos autos, sendo que deste laudo a agravante teve plena
ciência.
Igualmente, a avaliação elaborada por profissionais da Feevale foi
unicamente feita a pedido da agravante junto ao Centro Integrado de
Psicologia, ou seja, apresentado de forma unilateral, merecendo
respaldo a avaliação judicial supracitada. Além disso, o Estudo Social
foi realizado tão-somente com a genitora e o filho, não podendo ser
desconsiderada a conclusão da profissional nomeada pelo juízo,
37
15BRASIL. Projeto de lei nº. 4.053 de 2008. Texto Original. Disponível em:
<http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=601514&filename=P
L+4053/2008>. Acesso em: 17 de outubro de 2021.
41
Art. 236...................................................................................................
16BRASIL. Projeto de lei nº. 4.053 de 2008. Parecer da Comissão de Seguridade Social e
Família. Disponível em:
<http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=657661&filename=P
RL+2+CSSF+
%3D%3E+PL+4053/2008>. Acesso em 17 de outubro ode 2008, p. 4.
42
17Ibid, p. 6.
18 Art. 3º A prática de ato de alienação parental fere direito fundamental da criança ou do
adolescente de convivência familiar saudável, prejudica a realização de afeto nas relações com
genitor e com o grupo familiar, constitui abuso moral contra a criança ou o adolescente e
43
2010, de modo a definir a alienação parental como crime, impondo a este ato
pena de três meses a três anos de detenção:
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Disponível
em:<https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposic
ao=411011> Acesso em: 12 agosto 2021.
DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. 5.ª edição, São Paulo,
Editora Revista dos Tribunais, 2009.