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FACULDADE DE DIREITO
ALIENAÇÃO PARENTAL
São Paulo – SP
2020
CAROLINA ANTUNES SILVA
ALIENAÇÃO PARENTAL
ALIENAÇÃO PARENTAL
BANCA EXAMINADORA:
___________________________________________
Prof. Dr. Edson Luz Knippel
Universidade Presbiteriana Mackenzie
Orientador
___________________________________________
Profª. Dra. Mariângela Tomé Lopes
Universidade Presbiteriana Mackenzie
Examinadora
__________________________________________
Prof. Dr. Rogério Luis Adolfo Cury
Universidade Presbiteriana Mackenzie
Examinador
Antunes Silva, Carolina.
Alienação parental. Carolina Antunes Silva – São Paulo: Mackenzie, 2020.
Orientador: Professor Dr. Edson Luz Knippel
Tópicos do trabalho:
1. INTRODUÇÃO
2. CONCEITO E CARACTERÍSTICAS DA ALIENAÇÃO PARENTAL
2.1. Diferença entre “Síndrome de Alienação Parental” e “Alienação Parental”
2.2. Graus da Síndrome da Alienação Parental
2.2.1. Grau I - Leve
2.2.2. Grau II - Médio
2.2.3. Grau III - Grave
2.3. Características do Alienador
2.4. Consequências para Crianças e Adolescentes que Sofrem Alienação Parental
2.5. A Implantação de Falsas Memórias
3. CONSIDERAÇÕES SOBRE A LEI Nº 12.318/2010
3.1. Caracterização de Alienação Parental
3.2. Do Indício de Alienação e Medidas Judiciais Cabíveis
3.3. Punição ao Descumprimento de Medidas Protetivas
3.4. Debates sobre a Revogação da Lei 12.318/2010
4. DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS E PRINCÍPIOS VIOLADOS
5. GUARDA COMPARTILHADA
6. CONCLUSÃO
7. BIBLIOGRAFIA
RESUMO
The present work aims to clarify the parental alienation, characteristics, evidences,
conduct of the alienator, as well as the occurrence of the Parental Alienation Syndrome, making
a brief analysis and relation with the special legislation (Law 12.318/2010), together with the
existing protection of the children and adolescents, better known as RCTs (Law 8.069/1990).
Addressing the manipulation usually carried out by one parent, on children or adolescents,
against the other parent, characterizing the conduct of parental alienation, shared custody
appears as a means of prevention and removal from alienating acts. If parental alienation is
detected, measures should be adopted to mitigate its effects, noting the importance of family
counseling by specialists in the area of psychology and/or social assistance, and its support by
the Judiciary for solutions to the Parental Alienation Syndrome.
Key-words: Parental alienation; Alienator; Child and teenager; Parental Alienation Syndrome;
Shared Guard.
LISTA DE ABREVIATURAS
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 1
1. CONCEITO E CARACTERÍSTICAS DA ALIENAÇÃO PARENTAL ................... 3
1.1 DIFERENÇA ENTRE “SÍNDROME DA ALIENAÇÃO PARENTAL” E “ALIENAÇÃO PARENTAL” .......................... 8
1.2 GRAUS DA SÍNDROME DA ALIENAÇÃO PARENTAL ................................................................................... 10
1.2.1 Grau I - leve................................................................................................................................... 11
1.2.2 Grau II - médio .............................................................................................................................. 12
1.2.3 Grau III - grave .................................................................................................................................... 13
1.3 CARACTERÍSTICAS DO ALIENADOR........................................................................................................... 14
1.4 CONSEQUÊNCIAS PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES QUE SOFREM ALIENAÇÃO PARENTAL ...................... 16
1.5 A IMPLANTAÇÃO DE FALSAS MEMÓRIAS .................................................................................................. 20
1
A prática de alienação parental viola diversos princípios que regem as relações
familiares e a vida como um todo. A Constituição Federal, o Estatuto da Criança e do
Adolescente (ECA), a Declaração Universal dos Direitos da Criança e a Convenção sobre os
Direitos da Criança e do Adolescente são dispositivos legais que garantem a proteção dos
menores, visando sempre seu desenvolvimento saudável, protegendo seus interesses e seus
direitos.
2
1. CONCEITO E CARACTERÍSTICAS DA ALIENAÇÃO PARENTAL
No Brasil, o pater familia esteve vigente até a criação da Constituição Federal de 1988,2
que determinou a igualdade entre os sexos através da instituição do princípio da isonomia pelos
artigos 3º, IV e artigo 5º, I. Além disso, o Código Civil de 2002 3 introduziu o conceito de
igualdade em relação direitos entre homem e mulher e também os deveres mútuos do casal no
exercício do poder familiar, sendo igualmente responsáveis por seus filhos.
1
CORREA, Marise Soares. A História e o Discurso da Lei: O Discurso Antecede à História. Tese de doutorado
em História (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas,
Programa de pós-graduação em história, doutorado em história). Orientadora Profa. Ruth Maria Chittó Gauer.
Porto Alegre, 2009. p. 37.
2
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, 1988.
3
Id. Código Civil Brasileiro. Brasília, 2002.
4
Id. Código Civil Brasileiro. Brasília, 1916.
5
Id. Lei 4.121. Estatuto da Mulher casada. 1962.
6
Id. Lei 6.515. Brasília, 1977.
7
CORREA, Marise Soares. Op cit. p. 107-10.
3
disso, principalmente quando a separação do casal não é consensual, surgem as disputas
judiciais pela guarda dos filhos.
Conforme Rosana Simão,9 o alienador possui diversos meios para praticar a alienação
parental:
A alienação parental pode ser praticada por qualquer pessoa que tenha uma relação
próxima de parentesco com o menor, como de um dos genitores com os avós do alienado,
geralmente em razão do parentesco por afinidade, não se limitando somente aos pais. Ainda, a
busca por separar irmãos unilaterais, dadas as intrigas envolvendo o genitor comum.
8
TRINDADE, Jorge. Manual de Psicologia Jurídica Para Operadores do Direito. 4ª ed. verificada, atualizada e
ampliada. Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora, 2010. p. 178
9
SIMÃO, Rosana Barbosa Cipriano. Soluções judiciais concretas contra a perniciosa prática da alienação parental.
In: PAULINO, Analdino Rodrigues (Org). Síndrome da alienação parental e a tirania do guardião: aspectos
psicológicos, sociais e jurídicos. 1 ed. Porto Alegre, Equilíbrio, 2008. p. 14-25
4
A Alienação Parental é muito recorrente em casos que envolvem disputa de guarda,
transformando o cotidiano do menor em um cabo de guerra entre seus genitores, que tentam
denegrir um ao outro a todo momento. Nesses casos também é comum que apenas um deles
utilize da alienação para prejudicar o outro e conseguir a guarda da criança. A manipulação
psicológica praticada pelos genitores pode acabar causando um grande transtorno psicológico
no menor, chamado de Síndrome da Alienação Parental (SAP).
Essa campanha contra o genitor alienado pode ser feita de várias formas, em que o
alienante passa a destruir a imagem do outro perante comentários sutis, desagradáveis,
explícitos e hostis, causando insegurança no menor na presença do genitor alienado, ressaltando
diversas vezes que o infante deve se cuidar e telefonar caso se não se sinta bem durante a
visitação, obstaculizando as visitas ou mesmo ameaçando o filho, podendo também ameaçar
atentar contra sua própria vida caso a criança se encontre com outro.
O desejo de vingança acaba cegando o alienante, que não percebe que seus atos podem
gerar consequências psicológicas irreparáveis para o menor. As formas de desmoralização
podem tomar proporções extremas, sendo comum a falsa acusação da prática de crimes sexuais
contra o menor que, com o poder de persuasão do alienante e a falsa sensação de cuidado e
preocupação, pode gerar falsas memórias na criança alienada, a convencendo de que isso seja
verdade.
10
FREITAS, Douglas Phillips. Alienação parental: comentários à lei 12.318/2010. 3ª ed. Rio de Janeiro: Forense,
2014. p.165.
5
Maria Berenice Dias11 explica que a acusação da prática de abusos sexuais por parte do
ex-cônjuge é um meio comum que o alienante se utiliza para manipular o emocional do menor,
que é convencido de que certas situações realmente ocorreram e passa a replicar essa história,
acreditando nos fatos inventados pelo genitor. Com o tempo, pode ser difícil distinguir os fatos
verdadeiros daqueles que são frutos da manipulação abusiva, criando, assim, falsas memórias
na criança,
Tal situação sempre existiu em nossa sociedade, sem proteção legal específica. Contudo,
11
DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. 11ª ed., São Paulo: Revista dos Tribunais, 2009, p. 456.
12
Madaleno, Ana Carolina Carpes; Madaleno Rolf. Síndrome da Alienação Parental. 3ª ed., Rio de Janeiro: Editora
Forense, 2015. p. 53 Retirado de <https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/978-85-309-6438-2/>.
Acesso em: 20/04/2020.
13
Ibid. p. 54
6
apesar dessa falta, o ordenamento civilista já possibilitava a sua proteção por intermédio da
perda do poder familiar do pai ou mãe que pratica atos contrários à moral e aos bons costumes,
conforme disposto no inciso III do art. 1.638 do Código Civil:14
Art. 1.638. Perderá por ato judicial o poder familiar o pai ou a mãe que: I - Castigar
imoderadamente o filho; II - Deixar o filho em abandono;
Art. 1.637. Se o pai, ou a mãe, abusar de sua autoridade, faltando aos deveres a eles
inerentes ou arruinando os bens dos filhos, cabe ao juiz, requerendo algum parente,
ou o Ministério Público, adotar à medida que lhe pareça reclamada pela segurança do
menor e seus haveres, até suspendendo o poder familiar, quando convenha.
14
BRASIL. Código Civil Brasileiro. Brasília, 2002.
15
Ibid.
16
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, 1988.
7
O conceito legal da alienação parental está disposto no artigo 2º da Lei nº 12.318/201017,
que a define como a interferência no desenvolvimento psicológico do menor promovida por um
dos genitores ou por qualquer pessoa que tenha autoridade ou poder de guarda ou vigilância
sobre o mesmo, com o objetivo de afetar os vínculos com o genitor alienado. Essa lei contém
dispositivos que garantem a segurança do menor, a fim de evitar sua má formação psicológica.
Conforme já aludido, a alienação parental pode ocorrer a partir da atitude alienante que
visa denegrir a imagem do outro genitor, até mesmo como motivo de vingança, com o objetivo
de manipular psicologicamente a criança alienada, sem ao menos visar as consequências que
podem ser definitivas no bem-estar e na saúde mental da criança que sofre a alienação.
17
Id. Lei nº 12.318, de 26 de agosto de 2010. Dispõe sobre a alienação parental e altera o art. 236 da Lei no
8.069, de 13 de julho de 1990. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-
2010/2010/Lei/L12318.htm>. Acesso em: 26 abril 2020
18
PINHO, Marco Antônio Garcia. Alienação Parental. In: Revista do Ministério Público. Minas Gerais: ano IV, n
17, 2009. p. 119
8
A Síndrome da Alienação Parental é um distúrbio da infância que aparece quase
exclusivamente no contexto de disputa de custódias de crianças. Sua manifestação
preliminar é a campanha denegatória contra um dos genitores, uma campanha feita
pela própria criança e que não tenha nenhuma justificação. Resulta da combinação das
instruções de um genitor (o que faz a lavagem cerebral, programação, doutrinação) e
contribuições da própria criança para caluniar o genitor alvo. Quando o abuso e/ou a
negligência parentais verdadeiros estão presentes, a animosidade da criança pode ser
justificada, e assim a explicação de Síndrome de Alienação Parental para a hostilidade
da criança não é explicável.19
Neste sentido é que nos diz Maria Berenice Dias20 explica que há o convencimento do
filho de que tal situação ocorreu da forma que o alienador está dizendo, levando-o a reproduzir
a versão dos fatos que lhe é apresentada. Com o tempo, a capacidade de discernimento entre a
realidade e as mentiras a manipulações do alienador é afetada, criando falsas memórias na
mente da criança.
19
GARDNER, Richard A. Parental Alienation Syndrome (2nd Edition). Creative Therapeutics, Inc. Cresskill,
1999. P. 3-7 Disponível em: <http://themenscentre.ca/wpcontent/uploads/2013/08/Parental-Alienation-Syndrom-
2nd-ed..pdf.>. Acesso em 20/04/2020.
20
DIAS, Maria Berenice. Síndrome da alienação parental, o que é isso?. 2006. Disponível em <
https://www.migalhas.com.br/depeso/26732/sindrome-da-alienacao-parental-o-que-e-
isso#:~:text=O%20filho%20%C3%A9%20convencido%20da,afirmado%20como%20tendo%20realmente%20ac
ontecido.&text=A%20sua%20verdade%20passa%20a,se%2C%20assim%2C%20falsas%20mem%C3%B3rias.>.
Acesso em 21/04/2020
9
prática gera uma série de danos psicológicos que podem ser irreparáveis, caracterizando a
Síndrome da Alienação Parental, a qual é dividida em graus, sendo possível medir o dano
psicológico do qual o menor está acometido.
A área da psicologia busca uma ligação com o Direito, para uma melhor identificação
se existe ou não alienação parental, para definir quais os atos de inibição e diminuir os efeitos
da alienação e para descobrir quais são as ferramentas mais efetivas utilizadas pelas famílias
(ampliação ou diminuição do período de convivência, modificação de domicílio, exercício de
guarda por terceiros, tratamento compulsório de pais, entre outras).
21
SILVA, Denise Maria Perissini da. Guarda Compartilhada e Síndrome de Alienação Parental. O que é isso?
Campinas: Autores Associados, 2010. p.55-56.
10
1.2.1 Grau I - leve
A criança nesse momento não compreende o que está acontecendo e acaba mentindo
para agradar o Alienante, ou seja, quando a criança está com a genitora e ela dispara as críticas
ao pai, a criança concorda e quando ela está com o genitor e ele dispara a criticar a mãe ela
também concorda, agradando os dois lados sem causar discórdia.
a) I Leve – a visitação ocorre quase sem problemas, com alguma dificuldade apenas
quando se dá a troca entre os genitores. O menor mostra- se afetivo com o progenitor
alienado.A campanha de difamações já existe – o genitor guardião escolhe um tema
ou um motivo que o menor começa a assimilar –, mas, com pouca frequência, a
criança demonstra sentimento de culpa e um mal-estar em relação ao alienante por ser
afetuoso com o outro. Na ausência do genitor alienante, porém, o menor o defende e
o apoia pontualmente, sendo também baixa a presença de encenações e situações
emprestadas.
A animosidade ainda não se estende à família do pai alienado e os vínculos emocionais
com ambos os pais ainda são fortes, como eram durante a convivência familiar. Os
menores expressam o desejo de ver resolvido o conflito, veem o genitor alienante
como seu principal prestador de cuidados apenas, ainda sem traços patológicos de
dependência.
Nesse estágio, não são utilizados os processos judiciais como difamação da imagem
do outro e os pais geralmente reconhecem que de alguma maneira o conflito afeta sua
prole, contudo, os atos pontuais de difamação são vistos como naturais.
Há possibilidade de uma decisão judicial resolver o conflito, geralmente essa fase é
característica do início da etapa processual, o que pode tanto favorecer o
apaziguamento dos ânimos quanto seu acirramento (...)
Segundo Douglas Phillips Freitas,23 os indícios leves podem ser avaliados através da
tendência do Alienador em dificultar a autoridade parental do genitor que é alvo da Alienação
22
MADALENO, Ana Carolina Carpes; MADALENO Rolf. Síndrome da Alienação Parental. 3ª ed., Rio de
Janeiro: Editora Forense, 2015. p.49.
23
FREITAS, Douglas Phillips. Alienação Parental - Comentários à Lei 12.318/2010. 4ª ed., Rio de Janeiro: Editora
Forense, 2015. P. 54
11
ou através das formas que o Alienador busca para obstaculizar o exercício do direito
regulamentado de convivência familiar.
Por este motivo, nesse estágio os efeitos da alienação parental são quase imperceptíveis
e o menor ainda não foi totalmente acometido pela Síndrome da Alienação Parental, não
causando prejuízos perceptíveis na relação familiar.
Nesta fase, mesmo a criança muitas vezes defendendo o Alienante, ela ainda consegue
enxergar a culpa dele em algumas situações, posicionando-se em favor do genitor alvo da
alienação. Entretanto, as visitas começam a sofrer interferências, com desculpas de mal-estares,
doenças e até mesmo festas importantes para a criança.
Os conflitos começam a aparecer nas trocas de visitas, onde um acusa o outro, brigando
na frente da criança, iniciando assim um processo de distinção onde um é o genitor “bom” e
outro o genitor “mau”. Por presenciar esses momentos, o Alienante usa artifícios para atribuir
a culpa das brigas ao genitor alvo da alienação.
24
MADALENO, Ana Carolina Carpes; MADALENO Rolf. Síndrome da Alienação Parental. 3ª ed., Rio de
Janeiro: Editora Forense, 2015.p.49-50.
12
O ascendente detentor da custódia não reconhece o problema, e atribui os
acontecimentos à falta de tato ou de cuidado do outro pai. Os menores passam a
enxergar o retorno à casa do guardião como a solução dos problemas.
Neste estágio, a criança vítima da alienação parental já está acometida pela Síndrome
da Alienação Parental, pois já passou por diversas situações que denigrem a imagem do genitor
alienado. É como se a criança tivesse passado por um tipo de lavagem cerebral.0
O menor pode ficar em pânico apenas com a ideia de ter que visitar o outro genitor e,
quando as visitas ocorrem, geralmente não acabam bem, pois o alienado já está tão perturbado
que a raiva e o ódio acabam falando mais alto. Não é incomum que a criança agrida o genitor
verbalmente e/ou fisicamente ou permaneça calada, não dando abertura para qualquer possível
de diálogo com o genitor alienado. Dependendo da idade, a criança até tende a fugir.
A campanha do genitor Alienante é tão intensa que chega a ser obsessiva, contando com
tantas mentiras e exageros que ele próprio acaba por acreditar nas suas próprias mentiras. Dessa
forma, o genitor Alienado se torna o vilão da relação e a criança chega ao estágio máximo da
SAP, pois não precisa mais escutar as coisas para nutrir o ódio que sente, ela acaba criando
sozinha suas próprias inverdades, pois esse sentimento já faz parte da sua vida.
25
FREITAS, Douglas Phillips. Alienação Parental - Comentários à Lei 12.318/2010. 4ª ed., Rio de Janeiro: Editora
Forense, 2015. P. 57
13
Segundo Ana Carolina Carpes Madaleno: 26
Esse último estágio causa danos irreparáveis, cometendo assim o genitor alienante atos
que contrariam por inteiro todos os princípios e direitos da criança e do adolescente.
Segundo Souza, o objetivo do alienador é evitar ou dificultar o convívio dos filhos com
o ex-cônjuge. No entanto, os pais ou responsáveis não percebem que a convivência familiar é
26
MADALENO, Ana Carolina Carpes; MADALENO Rolf. Síndrome da Alienação Parental. 3ª ed., Rio de
Janeiro: Editora Forense, 2015.p.50
27
FREITAS, Douglas Phillips. Alienação Parental - Comentários à Lei 12.318/2010. 4ª ed., Rio de Janeiro: Editora
Forense, 2015. P. 59
14
direito fundamental previsto não apenas na Constituição Federal e no Estatuto da Criança e
Adolescente (ECA), mas também na Lei 12.318/2010 (Lei de Alienação Parental).28
Tudo começa quando surge a separação, onde aparecem muitos sentimentos de rancor,
mágoa e rejeição, pois existe a intenção de prejudicar o antigo companheiro, só que não
percebem que essas atitudes prejudicam o menor, o que pode enfraquecer ou até destruir o laço
afetivo dele com os pais.
28
SOUZA, Juliana Rodrigues de. Alienação parental: sob a perspectiva do direito à convivência familiar. Leme:
Mundo Jurídico, 2014.p. 7
29
FONSECA, Priscila M. P. Corrêa da. Síndrome de Alienação Parental. Revista Brasileira de Direito de Família,
ano VIII, n. 40, fev.-mar. 2007. p.10
30
TRINDADE, J. Síndrome de Alienação Parental. In: DIAS, M.B. Incesto e Alienação Parental. 3ª edição. São
Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2013. p. 21 a 30
15
Costumeiramente ocorre uma confusão entre guarda e poder familiar, deixando o
processo de separação ainda mais difícil. Muitas vezes os pais entendem que por não
receber a guarda dos filhos, não têm responsabilidades com estes, deixando a tarefa
de educar a cargo da mãe – que normalmente é nomeada como guardiã. Assim, a
alienação também pode se dar pelo genitor não guardião, que faz o papel de “bom
pai”, deixando a criança fazer o que quer, dizendo que a mãe é má por não permitir
determinadas atitudes e delegar tarefas. Sendo assim, a missão de educar os filhos é
dos dois, mesmo que não sejam mais casados. Umas das formas é ter um bom diálogo,
mesmo porque hoje em dia não há mais espaço para um dos genitores ser expectador,
somente realizar a visita de fim de semana e enviar o dinheiro da pensão alimentícia,
a criação dos filhos é de fundamental importância e deve ser tocada por quatro mãos.31
Por outro lado, se os pais passam para os filhos os sentimentos ruins, os aborrecimentos,
discussões entre eles, os filhos entendem que existe algum culpado pela separação, e nisso os
filhos acabam acusando o genitor pela separação, destruição do lar, de ter abandonado a casa e
acaba afastando-se do genitor, ficando ao lado e a favor do outro que continua em casa. O menor
pode acabar se sentindo culpado, o que pode desencadear uma série de transtornos, como
depressão, ansiedade e perda de autoestima.
31
SOUZA, Juliana Rodrigues de Alienação parental: sob a perspectiva do direito à convivência familiar. Leme:
Mundo Jurídico, 2014. p.8.
32
MADALENO, Ana Carolina Carpes; Madaleno, Rolf. Síndrome da alienação parental: importância da detecção
aspectos legais e processuais. Rio de Janeiro: Forense, 2013. p. 54
33
DIAS, Maria Berenice. Incesto e Alienação Parental. Coordenação de Maria Berenice Dias. 3ª Edição. Revista
atual e ampla. São Paulo. Editora Revista dos Tribunais, 2013. P. 86
16
Diante dos prejuízos que a Síndrome da Alienação Parental pode trazer aos envolvidos,
a criança é a vítima principal, pois é a que tem menos meios próprios de defesa e discernimento
para separar a realidade das ilusões criadas pelo alienante. O alienado deve aprender a lidar com
um novo ambiente bastante turbulento dentro da própria família, o que gera reações diversas
em cada criança, como por exemplo situações em que o alienado manipula o cenário para tentar
obter alguma vantagem, fala apenas uma parte da verdade ou demonstram falsas emoções para
agradar um de seus genitores. Outras crianças não se preocupam com coisas próprias da idade
e acabam tendo a infância roubada pelo egoísmo do genitor alienador, que privou essa criança
de um convívio saudável e fundamental.34
Portanto, “se os pais tiverem equilíbrio suficiente para manter um diálogo construtivo,
os filhos estarão a salvo. Do contrário, acabarão por se tornar artilharia de um cônjuge contra o
outro”.35 Assim, para que a separação não deixe cicatrizes irreversíveis no relacionamento de
pais e filhos e na própria personalidade destes, devem os genitores manter os filhos longe dos
desentendimentos advindos do divórcio, afinal a separação deve ser entre os pais e não para
com os filhos.
34
MADALENO, Ana Carolina Carpes; Madaleno Rolf. Síndrome da Alienação Parental. 3ª ed., Rio de Janeiro:
Editora Forense, 2015. p. 54. Retirado de <https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/978-85-309-6438-
2/>. Acesso em: 02 de abril de 2020.
35
SOUZA, Raquel Pacheco Ribeiro de. A tirania do guardião. In: APASE, Associação de Pais e Mães Separados;
PAULINO NETO, Analdino Rodrigues (Org.). Síndrome da alienação parental: a tirania do guardião. Porto
Alegre: Equilíbrio, 2012. p. 7-10.
17
O menor perderá o interesse e se recusará a manter contato com o genitor alvo da
alienação sem qualquer motivo aparente, processo que poderá perdurar por muito tempo,
gerando problemas gravíssimos na orem comportamental e psíquica.
Alguns dos efeitos devastadores sobre a saúde emocional da criança, já percebidos pelos
estudiosos, em vítimas de alienação parental, conforme Jorge Trindade,36 são:
Neste mesmo caminho, Jorge Trindade37 explica que os efeitos sobre os filhos variam
de acordo com a idade do filho, influenciados pela sua personalidade, pela ligação que havia
entre ele e o genitor alienado anteriormente e pela capacidade de resiliência de ambos diante
das situações criadas pelo comportamento abusivo do alienante, além de vários outros fatores
que talvez não fiquem explícitos.
Também encontramos diversas implicações nas relações deste filho com os genitores.
Primeiramente, pode ser observada uma crise de lealdade entre eles, sendo que o afeto por um
é entendido como traição pelo outro, e isso faz com que o filho, muitas vezes, passe a contribuir
para a campanha da desmoralização do genitor alienado. Posteriormente, o genitor alienado
passa a ser rejeitado e odiado pelo filho, destruindo assim o vínculo familiar, principalmente
pela perda de convivência, ainda mais se o distanciamento tenha ocorrido durante anos
primordiais para a construção da criança enquanto sujeito. Com o tempo, nem mesmo o genitor
36
TRINDADE, Jorge. Manual de Psicologia Jurídica Para Operadores do Direito. 4ª ed. verificada, atualizada e
ampliada. Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora, 2010. P. 186 Disponível em <
https://www.academia.edu/39250308/Manual_de_Psicologia_Jur%C3%ADdica_PARA_OPERADORES_DO_
DIREITO>. Acesso em 30 de março 2020
37
Ibid. p. 186
18
alienante consegue distinguir a diferença entre as mentiras criadas e a realidade. Nesse contexto,
Jorge Trindade38afirma que:
O genitor alienador é, muitas vezes, identificado com uma pessoa sem consciência
moral, incapaz de se colocar no lugar do outro, sem empatia sequer com os filhos, e
sobretudo, sem condições de distinguir a diferença entre a verdade e a mentira, lutando
para que a sua verdade seja a verdade também dos outros, levando os filhos a viver
como falsas personagens de uma falsa existência.
Quando o genitor alienado passa a ser taxado de incompetente, os filhos mais velhos
acreditam que devem assumir o seu papel perante os mais novos. Os primogênitos podem então,
revelar ou acentuar o discurso difamante do alienador, influenciando os mais jovens. Outro
comportamento existente é o sentimento de repulsa ou animosidade que é desenvolvido contra
o genitor alienado e que atinge não só este, mas também toda a sua família e amigos.
Durante esta fase de intolerância gerada pelos conflitos de amor e ódio que deveriam
sentir, nota-se um discurso pronto, com diversos termos inadequados para a sua faixa etária,
sendo os genitores descritos de forma dualista, um é considerado inteiramente bom e o outro
inteiramente mau. Quando se questiona o menor sobre tal conduta, este afirma que não recebe
38
TRINDADE, Jorge. Manual de Psicologia Jurídica Para Operadores do Direito. 4ª ed. verificada, atualizada e
ampliada. Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora, 2010. p. 201. Disponível em
<https://www.academia.edu/39250308/Manual_de_Psicologia_Jur%C3%ADdica_PARA_OPERADORES_DO_
DIREITO>. Acesso em 29 abril 2020
19
influência de ninguém e que estas conclusões são de autoria própria, ele começa a manipular e
fala apenas meias verdades.
[...] não se pode esquecer que muitos abusos realmente acontecem e merecem especial
atenção, necessitando de uma investigação. Não obstante, o fato de imputar
falsamente a ocorrência de abuso, com o objetivo de prejudicar a imagem do outro,
por si só, merece reprimenda social, a par de também ser um forte indicativo de
alienação, em última instancia, produz um sentimento de abuso na medida em que a
criança passa a vivenciar situações antes comuns e aceitas, como abusivas.
As falsas memórias podem ser definidas como lembranças de eventos que não
ocorreram, de situações não presenciadas, de lugares jamais vistos, ou, então, de lembranças
39
GUAZZELLI, Mônica. A Falsa Denúncia de Abuso Sexual. In: DIAS, Maria Berenice. Incesto e Alienação
Parental: Realidades que a Justiça insiste em não ver. 2. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2010.p. 47
40
TRINDADE, Jorge. Manual de Psicologia Jurídica Para Operadores do Direito. 4ª ed. verificada, atualizada e
ampliada. Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora, 2010. p.206. Disponível em
https://www.academia.edu/39250308/Manual_de_Psicologia_Jur%C3 Acesso em: 01 de abril de 2020
20
distorcidas de algum evento. São memórias de situações que nunca ocorreram ou, se ocorreram,
foram recuperadas de forma distorcida daquela vivenciada. Elizabeth Loftus41 explica que:
A implantação de falsas memórias provém da conduta doentia do alienador, que faz uma
verdadeira “lavagem cerebral” na criança alienada, com o objetivo de denegrir a imagem do
genitor alienado. O alienador pode utilizar a narrativa verídica do menor juntamente com fatos
que não ocorreram, introduzindo aos poucos na cabeça do menor atitudes do genitor alienado
que nunca aconteceram ou que aconteceram de modo distinto.
Esse é um recurso bastante utilizado pelos alienantes para afastar o menor do genitor
alienado. Conforme ensina Maria Berenice42, muitas vezes as falsas memórias criadas referem-
se a abusos sexuais que nunca ocorreram, sendo uma das formas mais cruéis de interferência
emocional no desenvolvimento do menor.
A criação das falsas memórias, dizem Teixeira e Bentzeen, é feita constantemente, numa
rotina sistemática criada pelo genitor alienante, durante a qual ele conta histórias e
acontecimentos, levando a criança a acreditar que esses fatos são verdadeiros e realmente
41
LOFTUS, E.. As falsas lembranças. Revista Viver Mente & Cérebro, v. 2,2005. p. 90-93.
42
DIAS, Maria Berenice. Alienação parental: uma nova lei para um velho problema! Instituto Brasileiro de Direito
de Família.2010. Disponível em: <http://espacovital.jusbrasil.com.br/noticias/2351780/alienacao-parental-uma-
nova-lei-para-um-velho-problema>. Acesso em 01 maio 2020
21
aconteceram. 43
Segundo Trindade, a criança “recorda” sentimentos e sensações advindas de
situações que nunca existiram, mas que ela acredita que são reais, devido à alienação.44
Conforme leciona Maria Berenice Dias45 sobre falsas memórias de abusos sexuais:
Por mais que o Judiciário esteja preparado para receber casos assim, os operadores do
Direito terão dificuldade em tomar qualquer decisão diante do depoimento de um menor que
pode estar acometido pela Síndrome da Alienação Parental e da possível inocência do genitor
alienado.48
43
TEIXEIRA, Ana Carolina Brochado; BENTZEEN, Ana Luiza Capanema Bahia Von. Síndrome da Alienação
Parental. In: ZIMERMAN, David; COLTRO, Antônio Carlos Mathias (org.) Aspectos Psicológicos na Prática
Júridica. 3ª Edição. Campinas, SP: Editora Milennium, 2005. p.415.
44
TRINDADE, Jorge. Manual de Psicologia Jurídica para Operadores do Direito. Quinta Edição. Porto Alegre:
Livraria do Advogado Editora, 2011. p. 191.
45
DIAS, Maria Berenice. Síndrome da Alienação Parental: o que é isso? Instituto Brasileiro de Direito de Família.
2008. Disponível em <http://www.apase.org.br/94009-comparacao.htm> Acesso em 01 junho 2020
46
Ibid.
47
BERENICE Dias, Maria. Incesto e Alienação parental. Editora Revista dos Tribunais. 2010. p 97.
48
Ibid. p.102.
22
A análise desses casos é bastante complicada, pois casos de abuso sexual de menores
por parte de familiares infelizmente são muito comuns na sociedade. Para auxiliar na
diferenciação de casos verídicos dos provenientes de falsas memórias implantadas pelo genitor
alienante, Jorge Manuel Aguilar desenvolveu o seguinte quadro:49
Fonte: Jose Manuel Aguilar. Comparação dos sintomas de alienação parental com os sintomas de abuso sexual.
49
AGUILAR, José Manoel. Comparação dos sintomas de alienação parental com os sintomas de abuso sexual.
2012. Disponível em: < <http://www.apase.org. br/940 09-com paracao.htm> Acesso em: 10/04/2020
23
Esse quadro expõe as principais diferenças entre uma criança que sofreu abuso sexual e
uma criança vítima de alienação parental. Porém, esse quadro é apenas exemplificativo, não
esgotando todas os comportamentos e situações decorrentes de abuso sexual ou alienação
parental. Assim, essa é apenas uma ferramenta que auxilia a identificação dos verdadeiros casos
de incesto, excluindo aqueles provenientes da Síndrome da Alienação Parental. As
peculiaridades de cada caso devem ser analisadas e avaliadas individualmente, pois a
generalização pode ser muito prejudicial.
A investigação das denúncias de incesto podem ser demoradas e a perícia pode ser
inconclusiva, o que torna a decisão ainda mais complicada e tensa para o julgador, que precisa
decidir se realmente houve abuso sexual e, portanto, o convívio da criança com o genitor
afastado deve ser realmente interrompido, ou se a criança está acometida pela Síndrome da
Alienação Parental, sendo necessária a reconstituição do laço afetivo com o genitor alienado,
que nesse caso foi vítima de uma falsa memória.50
50
PELAJA JÚNIOR, Antônio Veloso. Síndrome da Alienação Parental. Aspectos materiais e processuais. Jus
Navegandi. 12/2010. Disponível em: < https://jus.com.br/artigos/18089/sindrome-da-alienacao-parental> Acesso
em 10 abril 2020.
24
2. CONSIDERAÇÕES SOBRE A LEI Nº 12.318/2010
Através desta lei, finalmente foi reconhecida a prática da alienação parental, a fim de
garantir a proteção jurídica ao menor manipulado e ao genitor alienado. Também consolidou o
instituto da guarda compartilhada como a melhor forma de dirimir conflitos familiares, além de
garantir aos filhos conviver de forma equivalente tanto com família da mãe como também com
a família do pais.
No texto legal a terminologia “síndrome” não é usada, mas sim o termo “ato”, com o
objetivo de não tratar a alienação parental como uma patologia, ideia que contraria a teoria de
Gardner, a qual serviu de principal inspiração para a lei. Para Perez, prevalece o seguinte
entendimento:
51
PEREZ, Elizio Luiz. Alienação Parenta, Boletim IBDFAM, Belo Horizonte, ano 9, n. 54, 2009. p.3-4.
Disponível em: <http://instproteger.blogspot.com/2013/05/quando-maoque-afaga-e-mesma-que.html> Acesso
em: 18 abril 2020.
25
fazem presentes no dispositivo legal e a maior parte dos julgados relacionam o seu discurso de
aplicação, como demostrado a seguir:
Pelos termos da lei a gente entende a conduta como uma conduta ilícita. A pessoa
pratica um ilícito, ou seja, ela se vale da mentira, tal como um estelionatário faz. Pode-
se comparar a AP com um estelionato. Eu acho que isso é perverso, sabe? Tem a
questão da maçã podre. Se você colocar ali no cesto, contamina todo mundo.52
A criação da lei tem como objetivo dar visibilidade ao tema e tornar sua compreensão
mais fácil, em atenção especial aos casos de dissolução matrimonial onde o filho fica sob a
guarda de um dos pais e, por estar vulnerável, acaba tornando-se vítima da conduta. O
comportamento do genitor alienante possui uma influência extrema sobre o menor, a ponto de
colocar a segurança de seu próprio filho em risco, pela egoísta pretensão de se vingar do genitor
alienado.
Parágrafo único. São formas exemplificativas de alienação parental, além dos atos
assim declarados pelo juiz ou constatados por perícia, praticados diretamente ou com
auxílio de terceiros:
52
MONTEZUMA e col. Abordagens da alienação parental: proteção e/ou violência?, 2017. P. 6 Disponível em:
< https://www.scielo.br/pdf/physis/v27n4/0103-7331-physis-27-04-01205.pdf > Acesso em: 26 de maio de 2020
53
BRASIL. Lei nº 12.318. Dispõe sobre a alienação parental e altera o art. 236 da Lei no 8.069, de 13 de julho de
1990. 2010. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Lei/L12318.htm>.
Acesso em: 26 maio 2020
54
Ibid.
26
I - realizar campanha de desqualificação da conduta do genitor no exercício da
paternidade ou maternidade;
II - dificultar o exercício da autoridade parental;
III - dificultar contato de criança ou adolescente com genitor;
IV - dificultar o exercício do direito regulamentado de convivência familiar;
V - omitir deliberadamente a genitor informações pessoais relevantes sobre a criança
ou adolescente, inclusive escolares, médicas e alterações de endereço;
VI - apresentar falsa denúncia contra genitor, contra familiares deste ou contra avós,
para obstar ou dificultar a convivência deles com a criança ou adolescente;
VII - mudar o domicílio para local distante, sem justificativa, visando a dificultar a
convivência da criança ou adolescente com o outro genitor, com familiares deste ou
com avós Brasil.
Esse rol é considerado exemplificativo, pois, além desses exemplos citados, com o
passar do tempo podem ser caracterizadas novas formas de alienação, seja pelo juiz responsável
pelo caso ou por algum perito ou psicólogo que atue no processo para ajudar na constatação da
alienação parental.
Dessa forma, a tomada de decisões em processos que envolvam alienação devem ser
muito bem analisados por todos os profissionais envolvidos, pois os fatos imputados ao genitor
alienado podem não ser verídicos, devido à manipulação de informações pelo alienador e a
consequente criação de falsas memórias pela criança alienada.
55
BRASIL. Lei nº 12.318. Dispõe sobre a alienação parental e altera o art. 236 da Lei no 8.069, de 13 de julho de
1990. 2010. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Lei/L12318.htm>.
Acesso em: 10/05/2020
27
Por fim, é imprescindível que se avalie a situação concreta para que o menor não seja
prejudicado, pois privá-lo do convívio com um de seus genitores e, assim, romper o laço
familiar pode causar sérias consequências psicológicas na vítima por toda sua vida.
Observa-se neste artigo que, mesmo antes de qualquer prova técnica, constatada a
suspeita de alienação parental, com muita cautela, poderá determinar medidas provisórias que
visem a preservação da integridade psicológica da criança ou adolescente.
Nesse sentido, o parágrafo único do referido artigo dispõe que o juiz deve buscar
assegurar a convivência do menor com o genitor, ou incentivar a sua reaproximação. Para isso,
o magistrado pode utilizar-se do recurso da visitação assistida com o acompanhamento de um
profissional, desde que não haja risco à integridade física e psicológica do menor.
56
BRASIL. Lei nº 12.318. Dispõe sobre a alienação parental e altera o art. 236 da Lei no 8.069, de 13 de julho de
1990. 2010. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Lei/L12318.htm>.
Acesso em: 15/05/2020
57
BRASIL. Lei nº 12.318. Dispõe sobre a alienação parental e altera o art. 236 da Lei no 8.069, de 13 de julho de
1990. 2010. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Lei/L12318.htm>.
Acesso em: 15/05/2020
28
I - declarar a ocorrência de alienação parental e advertir o alienador;
II - ampliar o regime de convivência familiar em favor do genitor alienado;
III - estipular multa ao alienador;
IV - determinar acompanhamento psicológico e/ou biopsicossocial;
V - determinar a alteração da guarda para guarda compartilhada ou sua inversão;
VI - determinar a fixação cautelar do domicílio da criança ou adolescente;
VII - declarar a suspensão da autoridade parental.
A advertência foi inserida na lei pois “o mero reconhecimento da alienação parental pelo
judiciário, em muitos casos, é suficiente para interromper a prática, algo formidável sob o ponto
de vista da prevenção e da educação”. 59
O reestabelecimento da convivência familiar com o
genitor alienado é outra medida indispensável que deve ser cumulada com a advertência,
conforme disposto no inciso II do artigo mencionado. O reestabelecimento dos laços familiares
deve ser prioridade, pois quanto mais tempo o menor passar afastado dele, mais aumentam as
chances do distanciamento emocional tornar-se irreversível.60
A multa é mais uma das sanções previstas pela lei, devendo ser utilizada como medida
coercitiva ao alienador, para que ele fique com receio de sofrer uma punição severa,
convencendo-o a desistir de cometer a alienação.61
58
PAVAN, Myrian. Nova lei não tipifica alienação parental como crime. AMASEP – Associação de Assistência
às Crianças, Adolescentes e Pais Separados. 2011. Disponível em: <https://www.conjur.com.br/2011-jun-
14/artigo-lei-nao-preve-condenacao-penal-acusado-alienacao-parental> Acesso em 21 abril 2020.
59
NADU, Amílcar. Lei 12318: Lei da Alienação Parental e comentários e Quadros comparativos entre o texto
primitivo do PL, os substitutivos e a redação final da Lei 12.318/10. Blog Direito Integral. Disponível em: <
https://www.direitointegral.com/2010/09/lei-12318-2010-alienacao-parental.html>. Acesso em 21 abril 2020
60
Ibid.
61
HUGO, Pamela Silveira; PIRES, Daniela de Oliveira; COELHO, Elizabete Rodrigues. Síndrome da Alienação
Parental: impactos no âmbito judicial e psicológico. In: Temas Críticos em Direito. Volume 1. Guaíba,RS: Editora
Sob Medida, 2011. P. 191
29
Sendo assim, o inciso IV do referido artigo prevê o “acompanhamento psicológico e/ou
biopsicossocial”. Na análise do caso concreto, o juiz pode designar profissional para realizar
entrevistas pessoais com as partes, analisando o histórico do relacionamento do casal, a forma
como se deu a separação e avaliando a personalidade dos envolvidos, inclusive do filho. Essa
perícia técnica irá subsidiar a decisão judicial, indicando as melhores alternativas de
intervenção no caso concreto, a fim de buscar uma solução que preserve o bem estar dos
envolvidos. Assim esclarece Eveline de Castro Correia:62
Nos casos em que a alienação parental é mais severa, caberá a aplicação das medidas
previstas nos incisos V, VI e VII e no parágrafo único. Esses dispositivos apresentam meios
mais enérgicos para cessar as atividades e manipulações causam o afastamento entre o genitor
alienado e o menor.
62
CORREIA, Eveline de Castro. Análise dos Meios Punitivos da Nova Lei de Alienação Parental. Instituto
Brasileiro de Direito de Família. 2011. Disponível em: <http://www.ibdfam.org.br/?artigos&artigo=713>. Acesso
em 30 abril 2020.
63
HUGO, Pamela Silveira; PIRES, Daniela de Oliveira; COELHO, Elizabete Rodrigues. Síndrome da Alienação
Parental: impactos no âmbito judicial e psicológico. Temas Críticos em Direito. Volume 1. Editora Sob Medida.
2011. p. 192.
64
VELLY, Ana Maria Frota. Guarda Compartilhada: uma nova realidade para pais e filhos. 2011. Disponível em:
<http://www.ibdfam.org.br/_img/artigos/Artigo%20Guarda%20Compartilhada%2029_06_2011.pdf>. Acesso em
30 abril 2020.
65
HUGO, Pamela Silveira; PIRES, Daniela de Oliveira; COELHO, Elizabete Rodrigues. Síndrome da Alienação
Parental: impactos no âmbito judicial e psicológico. In: Temas Críticos em Direito. Volume 1. Guaíba, RS: Editora
Sob Medida, 2011, p. 192.
30
o menor do genitor alienado. Já o inciso VII trata sobre a suspensão da autoridade parental,
também prevista no artigo 1.637 do Código Civil, que representa a consequência mais severa
para o alienador. Essa medida pode ser usada caso haja o abuso da autoridade familiar por parte
dos genitores em relação aos filhos, ou caso eles não estejam cumprindo os fins a que tal
autoridade se destina, prejudicando o pleno desenvolvimento do menor através da prática da
alienação.66
Por fim, o parágrafo único do artigo 6º da Lei 12.318 refere-se às mudanças abusivas de
residência, a fim de inviabilizar ou dificultar o convívio familiar do menor com o genitor
alienado. Nessas situações, o juiz poderá “inverter a obrigação de levar ou retirar a criança ou
o adolescente da residência do genitor, por ocasião das alternâncias dos períodos de convivência
familiar.”67
O autor Elizio Luiz Perez considera que a intervenção externa serve para
instrumentalizar o genitor alvo, contribuindo para que assuma nova posição na relação parental,
já que sozinho, muitas vezes, ele é incapaz de reverter o processo de alienação.
A Lei 12.318/2010 não tipificou como crime o ato de alienação parental. No dizer de
Elizio Luiz Perez:68
66
COMEL, Denise Damo. Do Poder Familiar. Editora Revista dos Tribunais. São Paulo, 2003. p. 264- 5.
67
BRASIL. Lei 12.318, de 26 de agosto de 2010. Dispõe sobre alienação parental e altera o art. 236 da Lei nº
8.069, de julho de 1990. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-
2010/2010/Lei/L12318.htm>. Acesso em 30 abril 2020.
68
PEREZ, Elizio Luiz. Alienação Parental. Belo Horizonte: Boletim IBDFAM, ano 9, n. 54. 2009. Disponível em:
<http://instproteger.blogspot.com/2013/05/quando-maoque-afaga-e-mesma-que.html> Acesso em: 19 abril 2020
31
comportamentos abusivos do genitor que visava afastar o menor do convívio da outra parte
ocorreu sem que houvesse o reconhecimento dessa prática como alienação parental ou qualquer
tipo de punição ou intervenção pelo Poder Judiciário.
Porém, com a instituição da guarda compartilhada pelos artigos 1.583 e 1.584 do Código
Civil e a criação da Lei 12.318/10, que dispõe sobre a alienação parental, foi estabelecido um
regime de convivência entre a criança e seus genitores no qual há a participação de ambos na
sua criação e educação, visando proteger o sadio desenvolvimento do menor.
Diante disso, a Lei 13.431/17, que instituiu um sistema de garantia de direito da criança
e do adolescente, reconheceu no artigo 4º, inciso II, b, que a prática de alienação parental é uma
forma de violência psicológica. Assim, o menor alienado, por meio de seu representante legal,
tem o direito de pleitear medidas protetivas contra o genitor alienante. 69
O ECA, por sua vez, dispõe no artigo 98 que as medidas de proteção aos menores visam
resguardar os direitos reconhecidos por esse estatuto, podendo ser aplicadas para protegê-los
sempre que estiverem ameaçados ou quando forem violados. Essa proteção se estende inclusive
69
BRASIL. Lei 13.431, de 4 de abril de 2017. Estabelece o sistema de garantia de direitos da criança e do
adolescente vítima ou testemunha de violência e altera a Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da
Criança e do Adolescente). Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-
2018/2017/lei/l13431.htm>. Acesso em 09 de junho de 2020.
32
à autoridade parental ou ao responsável legal pelo menor, conforme estabelecido no inciso II
do referido artigo, quando estes prejudicarem os direitos da criança ou adolescente por falta,
omissão ou abuso.70
Para assegurar a eficácia das medidas protetivas, o artigo 20 da Lei Maria da Penha73
estabelece que a prisão preventiva do agressor pode ser decretada de ofício, a requerimento do
Ministério Público ou mediante representação da autoridade policial, ficando sujeito também à
instauração de processo criminal, conforme prevê a Lei 13.641/18, que estabelece pena de
detenção de 03 meses a dois anos ao infrator.
Portanto, a Lei 13.641/18 trouxe uma nova sanção ao genitor alienador nos casos de
alienação parental. Além das medidas protetivas já elencadas pela Lei 12.318/10, agora é
possível penalizar aqueles que as descumprem, com o objetivo de proteger os direitos do menor
e garantir seu sadio desenvolvimento.
70
BRASIL. Lei 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras
providências. Disponível em < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm>. Acesso em 09 de junho de
2020.
71 DIAS, Maria Berenice. Agora alienação parental dá cadeia! 2018. Disponível em <
https://www.migalhas.com.br/depeso/277944/agora-alienacao-parental-da-cadeia>. Acesso em 09 de junho de
2020.
72 BRASIL. Lei 11.340, de 07 de agosto de 2006. Cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar
contra a mulher, nos termos do § 8º do art. 226 da Constituição Federal, da Convenção sobre a Eliminação de
Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres e da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e
Erradicar a Violência contra a Mulher; dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar
contra a Mulher; altera o Código de Processo Penal, o Código Penal e a Lei de Execução Penal; e dá outras
providências. Disponível em < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11340.htm>.
Acesso em 09 de junho de 2020.
73 Ibid.
33
2.4.Debates sobre a revogação da Lei 12.318/2010
O Projeto de Lei 6.371/19, que revoga a Lei 12.318/10, foi apresentado pela deputada
Iracema Portella (PP-PI), pois há uma grande discussão entre os membros da comunidade
jurídica e científica74 em torno do fato de que esse dispositivo pode acabar gerando
impunidade ao genitor que cometeu abuso sexual contra seu filho, bem como prejudicar a
outra parte que denunciou os abusos.
Iracema Portela explica que essa lei está sendo usada como uma estratégia de defesa de
abusadores, em geral pais, pois o abuso sexual é um crime que muitas vezes não deixa provas,
visto que os abusos em crianças e adolescentes normalmente ocorrem através do toque em
partes íntimas e do sexo oral. Esse fato pode servir de argumento para o criminoso negar a
prática de tais atos e acusar o outro genitor de praticar a alienação parental e, em decorrência
disso, mentir para criar falsas memórias.
“Nem sempre, mediante perícia e outros meios, consegue-se extrair a prova necessária
do abuso praticado. O denunciante passa, via de regra, a ser considerado alienante à
vista de ter apresentado denúncia não comprovada contra o genitor abusador (tida
como falsa para obstar ou dificultar a convivência dele com a criança ou adolescente)
e este consegue a manutenção da convivência com o filho menor, passando, por vezes,
a repetir com o menor os mesmos abusos já praticados”.75
74
XAVIER, Luiz Gustavo. Projeto revoga a Lei de Alienação Parental. Agência Câmara de Notícias. 2020.
Disponível em <https://www.camara.leg.br/noticias/631131-projeto-revoga-a-lei-de-alienacao-parental/>.
Acesso em 10 de junho de 2020.
75 Ibid.
76 SENADO. Comissão debate revogação da Lei da Alienação Parental. Agência Senado. 2019. Disponível em
< https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2019/06/21/comissao-debate-revogacao-da-lei-da-alienacao-
parental#:~:text=A%20revoga%C3%A7%C3%A3o%20da%20Lei%2012.318,da%20norma%2C%20explica%2
0a%20relatora.&text=Foram%20convidados%20para%20o%20debate,do%20Movimento%20Pr%C3%B3Vida
%2C%20Fel%C3%ADcio%20Alonso>. Acesso em 10 de junho de 2020.
77
XAVIER, op. cit.
34
Atualmente, o projeto de lei 6.371/19 está em conclusão para ser analisado pelas
comissões de Seguridade Social e Família e de Constituição e Justiça e de Cidadania.
O Projeto de Lei do Senado 498/18, que também prevê a revogação da Lei de Alienação
Parental, de autoria do ex-senador Magno Malta, em decorrência da CPI dos Maus-Tratos,
criada em 2017. Em fevereiro deste ano, a senadora Leila Barros apresentou um relatório que
prevê a alteração da lei, e não sua revogação, durante uma audiência pública na Comissão de
Direitos Humanos.
O relatório, que ainda deve ser votado pela CDH, pela Comissão de Constituição e
Justiça (CCJ) e depois no Plenário do Senado, defende as seguintes questões: o bem
estar das crianças, a segurança para que genitores possam denunciar suspeitas de
abuso sem serem punidos e o envolvimento de juízes na fases iniciais do processo. A
senadora previu punição para o uso malicioso da Lei de Alienação Parental com
objetivo de praticar crimes contra a criança ou o adolescente, como abuso sexual:
multa e pena de reclusão de dois a oito anos, somados à pena pelo crime cometido.78
78
RICCA, Renata Tavares Garcia. Revogação da lei de alienação parental é tema de discussão em Direito de
Família. 2020. Disponível em <https://ambitojuridico.com.br/noticias/revogacao-da-lei-de-alienacao-parental-e-
tema-de-discussao-em-direito-de-familia/>. Acesso em 11 de junho de 2020.
79
MARZAGÃO, Silvia Felipe. Lei de alienação parental, que tem menos de dez anos, corre risco de revogação.
2019. Disponível em <https://www.migalhas.com.br/quentes/309251/lei-de-alienacao-parental-que-tem-menos-
de-dez-anos-corre-risco-de-revogacao>. Acesso em 11 de junho de 2020.
35
Diante dos argumentos apresentados, pode-se concluir que todas as questões que
envolvem denúncias de abuso sexual e alienação parental devem ser levadas em conta para
garantir a máxima proteção às crianças e adolescentes, sem que haja o risco que mantê-los sob
a guarda de seu abusador ou seu alienador. Juristas, psicólogos e toda equipe multidisciplinar
envolvida devem ser cada vez mais capacitados para lidar com esses casos em especial.
36
3. DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS E PRINCÍPIOS VIOLADOS
A Constituição Federal dispõe no artigo 1º, inciso III, o princípio da dignidade da pessoa
humana, o qual serve de alicerce para toda as relações existentes na sociedade, o qual garante à
todos os indivíduos a preservação da sua “integridade física e psíquica”, sua autonomia e seu
direito de decisão, sendo inerente ao mesmo só pelo fato de ser pessoa.80
Além disso, a Síndrome da Alienação Parental também está relacionada com o princípio
constitucional do melhor interesse da criança e do adolescente, os quais são considerados seres
em desenvolvimento, ou seja, que ainda não têm a capacidade necessária para responder por si
mesmos, mas ainda assim detêm a condição de “pessoa” como qualquer outro ser humano.
Sendo assim, o respeito de seus interesses e da sua dignidade em todas as relações que permeiam
sua vida serve como garantia para seu pleno desenvolvimento físico e emocional.81 Este
princípio está disposto nos artigos 226 § 8º e 227, caput da Constituição Federal, os quais
norteiam também os direitos da criança e do adolescente dentro do Direito de Família,
garantindo-lhes seu pleno desenvolvimento e os meios para que isso seja alcançado.
80
NUNES, Rizzatto. O princípio constitucional da dignidade da pessoa humana: doutrina e jurisprudência. São
Paulo: Saraiva, 2007. p.49-52.
81
MARQUES, Jacqueline Bittencourt. A absoluta prioridade da criança e do adolescente sob a ótica do princípio
da dignidade da pessoa humana. Jus Navegandi. 2011. Disponível em: < https://jus.com.br/artigos/18861/a-
absoluta-prioridade-da-crianca-e-do-adolescente-sob-a-otica-do-principio-da-dignidade-da-pessoa-humana>.
Acesso em 30 maio 2020.
82
PEREIRA, Tânia da Silva. O Princípio do Melhor Interesse da Criança - da Teoria à Prática. 2008. P. 1.
Disponível em: <http://www.gontijo-
familia.adv.br/2008/artigos_pdf/Tania_da_Silva_Pereira/MelhorInteresse.pdf>. Acesso em: 20 de abril de 2020
83
BRASIL, Unicef. Convenção sobre os Direitos da Criança e do Adolescente. Assinada pela Assembleia Geral
das Nações Unidas em 20 de novembro de 1989. Parte I. Disponível em: <
https://www.unicef.org/brazil/convencao-sobre-os-direitos-da-crianca>. Acesso em 20 de abril 2020.
37
com essa finalidade, tomarão todas as medidas legislativas e administrativas
adequadas.
O ECA define, em seu artigo 2°, que criança é a pessoa de até 12 anos de idade
incompletos e adolescente é a pessoa entre 12 e 18 anos de idade. As garantias estabelecidas
por este estatuto ampliam o cumprimento do princípio constitucional do melhor interesse do
menor, buscando sempre protegê-lo e assegurar seu desenvolvimento saudável.
Conforme disposto no artigo 4º, caput, do ECA,85 cabe destacar o princípio da prioridade
absoluta:
84
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, 1988. Acesso em 21 abril 2020.
85
BRASIL. Lei nº 8.069, de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras
providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8069.htm>. Acesso em 01 maio 2020
38
e lhe devem ser proporcionadas oportunidades e facilidades a fim de lhe facultar o
desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, de forma sadia e normal e em
condições de liberdade e dignidade. Para tanto, o tratado dispõe que na instituição das leis
visando este objetivo levar-se-ão em conta sobretudo, os melhores interesses da criança.
86
Declaração Universal dos Direitos da Criança. Adotada pela Assembléia das Nações Unidas de 20 de novembro
de 1959 e ratificada pelo Brasil. Disponível em < http://www.crianca.mppr.mp.br/pagina-1069.html>. Acesso em
01 maio 2020.
87
SCHREIBER, Elisabeth. Os direitos fundamentais da criança na violência intrafamiliar. Porto Alegre: Ricardo
Lenz, 2011. P. 94
39
Os fragmentos dessa manipulação psicológica e desse egoísmo do alienante com a sua
prole de fato vai ficar marcado na personalidade da criança e adolescente que sofreu a alienação,
mesmo que indiretamente, conforme expõe Paulo Lépore88 sobre a importância de uma
convivência saudável no seio familiar:
Portanto, aquele que prejudica propositalmente a formação do laço afetivo nas relações
familiares incorrerá na prática de abuso moral contra a criança ou o adolescente. Além disso,
essa prática viola diversos princípios garantidos tanto na Constituição Federal como por
tratados internacionais ratificados pelo Brasil, descumprindo assim os deveres imputados
àqueles que possuem a autoridade parental ou decorrentes do exercício de guarda ou tutela,
sejam os próprios genitores ou seus familiares.
88
LEPORE, Paulo Eduardo, ROSSATO, Luciano, Alves. Alienacao-parental-qual-o-limite-de-interferencia-dos-
pais-sobre-a-formacao-psicologica-de-seus-filho 2011. Disponível em
https://paulolepore.jusbrasil.com.br/artigos/121816325/alienacao-parental-qual-o-limite-de-interferencia-dos-
pais-sobre-a-formacao-psicologica-de-seus-filhos?ref=serp. Acesso em 28/05/2020
40
4. GUARDA COMPARTILHADA
A guarda dos filhos somente será individualizada quando ocorrer a separação de fato ou
de direito dos pais. Conforme disposto no artigo 1.584, §2º do Código Civil: “Não conseguindo,
os genitores, de comum acordo, definir quem ficará com os filhos, é chamada a Justiça a tomar
essa difícil decisão”,92.
89
BRASIL, Lei 10.406 de 10 de janeiro de 2002, que institui o Código Civil. Alterado pela Lei 11.698 de 2008.
Disponível em < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm>. Acesso em 28/05/2020.
90
NICK, Sérgio Eduardo. Guarda compartilhada: um novo enfoque no cuidado aos filhos de pais separados ou
divorciados. Rio de Janeiro: Renovar, 1997. P. 135
91
AKEL, Ana Carolina Silveira. Guarda compartilhada: um avanço para família moderna. Belo Horizonte:I
BDFAM, 2008. Disponível em: < http://www.ibdfam.org.br/artigos/420/Guarda+Compartilhada+-
+Um+avan%C3%A7o+para+a+fam%C3%ADlia+moderna.>. Acesso em 27/05/2020
92
DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. 11ª ed., São Paulo: Revista dos Tribunais, 2009. P.
402
93
FIGUEIREDO, Fabio Vieira; ALEXANDRIDIS, Georgios. Alienação parental. São Paulo: Saraiva, 2011. p.40.
41
Merece destaque neste momento de redefinição das responsabilidades maternas e
paternas a possibilidade de se pactuar entre os genitores a “Guarda Compartilhada”
como solução oportuna e coerente na convivência dos pais com os filhos na Separação
e no Divórcio.
Segundo a lei 13.058/2010, a responsabilidade do menor passa a ser dos dois, que devem
exercer em conjunto os direitos e deveres dos filhos. É por esta razão que ela se torna um
instrumento efetivo para o combate da prevenção da alienação parental. Infelizmente, a lei
12.318/2010 não impede os atos alienatórios, mas pode combater assim que constatado pelo
magistrado.
Art. 21. O poder familiar será exercido, em igualdade de condições, pelo pai e pela
mãe, na forma que dispuser a legislação civil, assegurado a qualquer deles o direito
de, em caso de discordância, recorrer à autoridade judiciária competente para solução
da divergência.
94
DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. 11ª ed., São Paulo: Revista dos Tribunais, 2009. P.
433
95
BRASIL. Lei 8.069. Dispõe sobre o Estatuto da criança e do adolescente. 1990.
42
ambiente hostil e de rivalidade gerada pela separação ou divórcio. Ou seja, embora não estejam
mais juntos como casal, devem sempre lembrar que o menor não tem nada a ver com o embate,
muito menos com a separação, mostrando para o filho o quanto é amado pelos dois,
salvaguardando a proteção da criança ou adolescente e suas fragilidades.96
A alienação parental, de acordo com o artigo 249 do ECA, é considerada uma infração
administrativa quanto ao descumprimento do dever imposto ao poder familiar. Dessa forma,
quando aplicada a multa prevista no artigo 6º, inciso III da Lei 12.318/2010, esta pode ser
cumulada à sanção administrativa do ECA.
Embora o ECA tenha criado recursos para inibir a consolidação da alienação parental,
como a estipulação de multa, suspensão da autoridade parental ou mesmo inversão da guarda,
não restam dúvidas de que a forma mais eficaz para evitar a prática de alienação é a guarda
compartilhada, pois esta busca manter a relação familiar saudável entre pais e filhos, sendo
necessária a colaboração dos genitores em prol dos interesses morais e materiais do menor, o
que minimiza o conflito parental e diminui consequentemente os sentimentos de culpa e
frustação por não cuidar dos filhos.97
A guarda compartilhada muitas vezes revela o poder de conseguir que os pais sejam
mais próximos e participativos da vida dos filhos do que eram antes da separação do
casal, validando o papel parental de ambos com igualdade de importância e de
relevância, incentivando-os ao envolvimento próximo, contínuo e estável com a vida
e o bem estar dos filhos. A nosso ver a guarda compartilhada também pode ser a
solução para aqueles litígios nos quais as crianças são utilizadas como armas de guerra
havendo interferência contínua de um dos genitores na possibilidade de
relacionamento com o não guardião. Referimos-nos aos casos em que as visitas são
dificultadas ou impedidas, em que os contatos telefônicos são proibidos e dificultados,
em que o genitor não guardião é excluído de comemorações e eventos e de
informações da vida social, escolar e de informações sobre a saúde do filhos. 98
96
DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009. p.402
97
GRISARD FILHO, Waldyr. Guarda compartilhada: repertório de doutrina sobre direito de família. São Paulo:
Editora Revista dos Tribunais, 1999. v. 4. p.175
98
MOTTA, Maria Antonieta Pisano. Guarda compartilhada: uma nova solução para novos tempos. Direito de
Família e Ciências Humanas. Cadernos de Estudos Brasileiros. P. 84
43
Sendo assim, o princípio da proteção integral deve sempre ser visado, uma vez que o
direito a um ambiente familiar saudável é necessário para o desenvolvimento físico e psíquico
da criança e adolescente. Dispõe o artigo 3º do ECA:99
Compete ao genitor que possui a guarda assistir diretamente o menor nas suas
necessidades primárias da vida e ao outo genitor caberá o dever de prestar alimentos e o direito
de convivência. Independente de qual seja a guarda determinada e a quem a detém, sempre
haverá a possibilidade, a qualquer tempo, de destituir a guarda até então estabelecida.
99
BRASIL. Lei 8.069. Dispõe sobre o Estatuto da criança e do adolescente. 1990.
100
PINHO, Judicael Sudário de. Temas de direito constitucional e o Supremo Tribunal Federal. São Paulo: Atlas,
2005. p.398
44
5. CONCLUSÃO
Em seguida, foram abordados os pontos mais relevantes da Lei 12.318/2010, que dispõe
sobre alienação parental. Destacou-se que a referida lei prevê medidas coercitivas, tais como
advertência, inversão da guarda dos filhos e suspensão da autoridade parental. Observou-se que
esse dispositivo é um grande instrumento do Direito de Família, mas seu principal objetivo não
é a prevenção da alienação parental, mas sim a redução dos danos que ela pode causar, pois os
meios de repressão apresentados somente serão utilizados após a comprovação de que houve
realmente a alienação, o que será feito através de laudos periciais elaborados por uma equipe
multidisciplinar designada em cada caso.
A Lei 12.318/2010 tem sido muito discutida na comunidade jurídica, pois uma parte da
comunidade jurídica alega que esse dispositivo não oferece proteção integral às crianças e
adolescentes, tendo em vista que muitos abusadores a têm usado como estratégia de defesa
diante de denúncias de abusos sexuais verídicos, e não frutos da SAP, o que gera uma suposta
insegurança jurídica. Porém, é inegável a proteção que essa lei traz aos menores, sendo uma
novidade no mundo todo.
45
Uma alternativa para evitar a revogação da lei é a sua alteração, estabelecendo critérios
rigorosos para que a equipe multidisciplinar envolvida nesses casos esteja preparada para
enfrentar tais questões, levando em conta que a maioria das denúncias é verdadeira, mas existem
casos de falsas denúncias decorrentes da alienação parental. A integridade física e emocional
do menor deve ser sempre garantida, e revogá-la representaria um retrocesso em relação à
proteção das crianças e adolescentes.
Foi demonstrada que a privação da convivência do menor com o genitor alienado, bem
como a manipulação psicológica e a criação de falsas memórias decorrentes da alienação
parental são práticas que violam os princípios da dignidade da pessoa humana, do melhor
interesse da criança e do adolescente, da prioridade absoluta e da proteção integral da criança e
do adolescente, garantidos pela Constituição Federal, pelo ECA e por tratados internacionais
ratificados pelo Brasil. Esses dispositivos, juntamente com a Lei 12.318/2010 e o Código Civil,
apresentam os direitos das crianças e adolescentes e o dever que seus responsáveis têm de
garantir uma convivência familiar saudável, bem como a responsabilidade que a comunidade
jurídica deve ter ao tratar de casos que envolvam as relações familiares dos menores.
46
alienação parental são passíveis de punição criminal, podendo o alienador ser condenado à pena
de detenção de 03 meses a dois anos. As medidas protetivas trazidas pela Lei Maria da Penha
podem ser aplicáveis nos casos de violência psicológica e, portanto, também protegem as
vítimas de alienação parental.
47
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; altera
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