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ALIENAÇÃO PARENTAL
A IMPORTÂNCIA DA EFETIVIDADE DA LEGISLAÇÃO VIGENTE
SÃO PAULO
2019
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP
ALIENAÇÃO PARENTAL
A IMPORTÂNCIA DA EFETIVIDADE DA LEGISLAÇÃO VIGENTE
SÃO PAULO
2019
FOLHA DE APROVAÇÃO
______________________________
Profª Daniela Matos
______________________________
BANCA EXAMINADORA
AGRADECIMENTOS
Inicialmente, gostaria de agradecer a Deus, que meu deu saúde e forças para
superar todos os momentos difíceis a que eu me deparei ao longo da minha vida e
minha graduação.
Agradeço especialmente aos meus pais José e Marli, meu irmão Charles e
meu noivo Kleber que sempre me apoiaram com tudo que eu precisei e por serem
meu porto seguro.
Agradeço aos meus tios, em particular a Elizabete Coelho e José Roberto, e a
toda sua família por sempre torcerem por mim e me tratarem como muito amor.
Gostaria de agradecer a minha avó D. Maria como exemplo de determinação e luta.
Agradeço a todos os profissionais pelos quais passei ao longo deste caminho e
que de certa forma colaboraram muito para meu crescimento pessoal e profissional.
Agradeço também a todos os meus amigos que sempre me apoiaram e não
desistiram de mim (risos). Em especial, agradeço ao meu grupo (Anna Beatriz, Camila
Ferreira, Ieza Lopes e Ingrid Castro) por compartilharem comigo conhecimento,
paciência, muito amor e carinho.
Por fim, agradeço a todos os professores que passaram em minha vida ao
longo destes duros 5 anos de curso, e especialmente a minha orientadora Prof.ª
Daniela, por todo apoio e paciência ao decorrer da elaboração deste projeto final.
“Quero, hoje, deixar registrado meu repúdio a todos os
pais separados que estimulam seus filhos a deteriorar a
“imagem” do outro genitor”.
E, quero suplicar que parem de torturar vidas inocentes
por rancores e frustrações de um relacionamento que
não deu mais certo.”
Cintia Quissini
RESUMO
The present study analyzed the legal assumptions of parental alienation and the
liability for damages caused by alienation processes, where alienating generators can
be punished for violating the dignity of minors. The objective of the present work is to
address the effectiveness of the legislation in force regarding the practice of acts of
parental alienation. The present study arose from the need to address the real
effectiveness of Law nº. 12.318 of August 26, 2010, as the Judiciary finds it difficult to
prove the effective form of parental alienation. We seek the law that inhibits acts of
parental alienation, which can trigger syndromes or some other factor that causes
greater and irreversible damage during the formation of the minor life.
1FAMÍLIA NA HISTÓRIA.......................................................................................10
1.2 Princípios.......................................................................................................11
3. ALIENAÇÃO PARENTAL..................................................................................26
CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................36
REFERÊNCIAS......................................................................................................38
INTRODUÇÃO
9
1 FAMÍLIA NA HISTÓRIA
DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. 4. ed. São Paulo: RT, 2007. p. 30
1
RODRIGUES, Silvio. Direito Civil: direito de família – São Paulo : Saraiva, 2004, pg.4 e 6.
2
10
busca da felicidade de cada indivíduo passou a ser essencial. Quanto a definição de
família:
Maria Berenice Dias3, afirma que a família não é mais
essencialmente um núcleo econômico e de reprodução, onde sempre esteve
instalada a suposta superioridade masculina. Passou a ser muito mais que isto, o
espaço para o desenvolvimento do companheirismo, do amor e, acima de tudo, o
núcleo formador da pessoa e elemento fundante do próprio sujeito. “A família é
uma realidade sociológica e constitui a base do Estado, núcleo fundamental em que
repousa toda a organização social”4
Apesar das diversas conceituações dadas ao vocábulo família,
muitos juristas e doutrinadores convergem no mesmo ponto, ou seja, de que a
família é a base de estrutura da sociedade e por essa razão merece especial
atenção do Estado. Inclusive a própria Declaração Universal de Direitos do Homem
estabelece (XVI 3): “A família é o núcleo natural e fundamental da sociedade e tem
direito à proteção da sociedade e do Estado.”
Dando maior amplitude ao conceito de família, a Constituição
Federal. 1988 abrangeu a família havida fora do casamento, com origem na união
estável entre homem, mulher e pessoas do mesmo sexo.
Nos dias atuais, não há um modelo a ser seguido; cabendo ao
Direito proteger e positivar todos os tipos que ainda não foram abrangidos na
legislação.
1.2 Princípios
3
DIAS, Maria Berenice; PEREIRA, Rodrigo da Cunha. Direito de Família e o Novo Código Civil.
Belo Horizonte: Del Rey, 2001, p. VIII.
4
Ibid, Direito de Família e o Novo Código Civil. Belo Horizonte: Del Rey, 2001, p. VIII.
5
Ibid. Manual de Direito das Famílias. 4. ed. São Paulo: RT, 2007. p. 43
11
No ordenamento jurídico, os princípios são normas jurídicas que se
distinguem das regras não só porque têm alto grau de generalidade, mas também
por serem mandatos de otimização.6
Cada autor traz uma quantidade diferente de princípios que se aplicam ao
direito das famílias, portanto abaixo estão mencionados alguns dos princípios
norteadores.
O art. 1º, III da CF/ 1 988, que o Estado Democrático de Direito brasileiro tem
como fundamento a dignidade da pessoa humana. Este princípio é denominado
como princípio máximo, ou “superprincípio”, ou “macroprincípio” do qual se irradiam
todos os demais, como: liberdade, autonomia, igualdade, solidariedade, cidadania e
entre outros. Este princípio por sua vez, não representa apenas um limite à atuação
do Estado, mas constitui também um norte para a sua ação positiva. O Estado não
tem apenas o dever de abster-se de praticar atos que atentem contra a dignidade
humana, mas também deve promover essa dignidade através de suas condutas
ativas, garantindo o mínimo existencial para cada ser humano.
Segundo o entendimento de Maria Berenice Dias e Guilherme Calmon
Nogueira da Gama, a dignidade da pessoa humana encontra na família o solo
apropriado para florescer. A ordem constitucional dá-lhe especial proteção
independentemente de sua origem. A multiplicação das entidades familiares
preserva e desenvolve as qualidades mais relevantes entre os familiares, o afeto, a
solidariedade, a união, o respeito, a confiança, o amor, o projeto de vida comum,
permitindo o pleno desenvolvimento pessoal e social de cada partícipe com base em
ideais pluralistas, solidaristas, democráticos e humanistas 7.
Através do principio da dignidade da pessoa humana, busca-se o pleno
desenvolvimento de todos os membros pertencentes a uma entidade familiar, ou
seja, podemos dizer que este princípio é a base da harmônica da entidade familiar,
permitindo que seus indivíduos desenvolvam suas qualidades e caráter permitindo o
desenvolvimento social e pessoal.
6
Robert Alexy, Teoría de los derechos fundarnentales, 84
7
DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. 4. ed. São Paulo: RT, 2007. p. 45
12
Podemos tomar como exemplo de incidência deste princípio nas relações
familiares destaca-se a tese do abandono paterno-filial ou abandono efetivo.
8
Tartuce, Flávio Manual de direito civil: volume único I Flávio Tartuce. 6. ed. rev., atual. e ampl. -
Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2016, pg. 1189.
13
Certo fato demonstra também um “desligamento” ao modelo patriarcal antigo
em que o homem era o responsável pelo sustento e direção da prole, abrindo
espaço para a decisão em comum acordo.
9
DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. 4. ed. São Paulo: RT, 2007. p.50
14
Decreto Legislativo n.º 28, de 14 de setembro de 1990, e promulgada pelo decreto
Presidencial nº 99.710 de 21 de novembro de 1990, nos seguintes termos:
10
SILVA, Ana Maria Milano. Guarda Compartilhada. ed. de Direito. São Paulo, 2005. p.43.
11
LEITE, Eduardo de Oliveira. Famílias Monoparentais. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007. p.
95.
15
do perfil psicológico, social e cultural dos pais, alem do grau de fricção que reina
entre eles após a separação.
Ana Maria Milano Silva destaca que, “é nesse sentido que a prioridade
conferida ao interesse do menor emerge como o ponto central, a questão maior, que
deve ser analisada pelo juiz na disputa entre os pais pela guarda do filho. O
interesse do menor é sempre supremo, caso o juiz verifique circunstâncias que
indicarem a necessidade de mudanças poderá ele rever seu posicionamento, bem
como as partes. Devendo os pais passarem por cima de ressentimentos,
contribuindo no processo de separação ou divórcio para que possam regular
acordos pertinentes aos filhos, com a finalidade maior de privilegiar o melhor
interesse dos filhos”.
Os tribunais já tem demonstrado como fundamentação de suas decisões o
princípio do melhor interesse dos filhos, vejamos:
Para o correto desempenho do poder familiar são atribuídos aos genitores e/ou
aos responsáveis pelas crianças e adolescentes direitos e deveres.
A criança passou a ser considerada sujeito de direitos através do Estatuto da
Criança e do Adolescente, implantado pela Lei Federal n° 8.069 de 1990 em
consonância com o artigo 227 da Constituição Federal de 1.988 e a Convenção dos
Direitos da Criança.12
A Constituição Federal no artigo 227 enumera os alguns direitos que devem ser
garantidos à criança e ao adolescente:
12
BARBOSA, Águida Arruda et al. Direito de família. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008. p. 29-
30.
17
Os direitos inerentes às crianças devem ser respeitados pela família, e
assegurados pela sociedade e pelo Estado.
O art. 7° do Estatuto da Criança e do Adolescente regulamenta entre os direitos
fundamentais dos menores o seu desenvolvimento sadio e harmonioso, bem com o
direito de serem criados e educados no seio de sua família. Após o longo estudo
realizado sobre o psiquismo humano pode se verificar que a convivência dos filhos
com os pais não é direito e sim dever, “não é direito de visitá-lo, é obrigação de
visitá-lo.” Visto que o distanciamentos dos pais e filhos produz sentimentos de ordem
negativa no desenvolvimento dos menores.13
O artigo 1.634 do Código Civil enumera sete diferentes incisos os direitos e
deveres que aos pais incumbem referentes à pessoa do filho. Como exemplo disso
encontra-se o dever de criação e educação que está disposto no inciso I, artigo
1.634 do Código Civil e no artigo 22 do Estatuto da Criança e do Adolescente.
Em conformidade com Silvio Rodrigues, esta obrigação se trata do zelo
material e moral para que o filho fisicamente sobreviva e por meio da educação
forme seu espírito e seu caráter.
Neste diapasão, criar significa incorporar condições no âmbito familiar da
criança e/ou do adolescente para seu desenvolvimento individual pleno e sadio
como ser humano. Educar é orientá-los para a obtenção de conhecimento, hábitos,
usos e costumes, objetivando agregar as suas atitudes à cultura da sociedade em
que vive, refletindo valores de um mundo compartilhado de conhecimento e de
pretensões individuais e coletivas.
O descumprimento do dever de prover a educação de filho caracteriza além de
delito de abandono intelectual (CP art. 246), também constitui infração administrativa
(ECA art. 249). Aliás, no dever de alimentos, está imposta de modo expresso a
obrigação de atender às necessidades de educação (CC art. 1 .694).
Os textos legais que cuidam dos direitos e deveres dos pais devem ser
interpretados levando-se em conta o interesse do menor, que em todos os casos
deve sobrepor-se a qualquer outro bem ou interesse juridicamente tutelado,
considerando a destinação social da lei e o respeito à condição peculiar da criança e
do adolescente como pessoas em desenvolvimento.
13
DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. Porto Alegre: Revista dos Tribunais, 2009.
p. 415
18
2. A IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA FRENTE À PROTEÇÃO DA DIGNIDADE DA
CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
14
Brasil, Constituição Federal de 1988, online. Disponível em
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/ConstituicaoCompilado.htm> Acesso em 28 de
agosto de 2019.
19
desenvolveram com o passar dos anos. Sobre o princípio da dignidade humana,
Sarmento (2016), declara:
15
SARMENTO, Daniel. Dignidade da pessoa humana: conteúdo, trajetórias e metodologia. Belo
Horizonte: Fórum, 2016. p. 26.
16
Brasil, Estatuto da Criança e do Adolescente Lei 8.069 de 1990, online. Disponível em <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8069compilado.htm> Acesso em 29 de agosto de 2019.
20
prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à
educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao
respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.’’ 17 Como descrito
anteriormente, a criança necessita de proteção, de cuidados, precisa de um
ambiente propício para seu desenvolvimento mental, moral, espiritual e social, ou
seja, condições mínimas necessárias para que qualquer indivíduo se desenvolva
saudavelmente. Como citado, a proteção do menor é responsabilidade tanto dos
pais, como da sociedade e por fim do Estado por ser a entidade suprema que
funciona como uma espécie de mediador dos conflitos provenientes das interações
sociais.
17
Brasil, Estatuto da Criança e do Adolescente Lei 8.069 de 1990, online. Disponível em <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8069compilado.htm> Acesso em 29 de agosto de 2019.
18
DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. 4. ed. São Paulo: RT, 2007. p. 43.
21
Segundo o entendimento de Maria Berenice Dias e Guilherme Calmon
Nogueira da Gama, a dignidade da pessoa humana encontra na família o solo
apropriado para florescer. A ordem constitucional dá-lhe especial proteção
independentemente de sua origem. A multiplicação das entidades familiares
preserva e desenvolve as qualidades mais relevantes entre os familiares, o afeto, a
solidariedade, a união, o respeito, a confiança, o amor, o projeto de vida comum,
permitindo o pleno desenvolvimento pessoal e social de cada partícipe com base em
ideais pluralistas, solidaristas, democráticos e humanistas. 19
19
DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. 4. ed. São Paulo: RT, 2007. p. 45.
20
Ibid. Manual de Direito das Famílias. 4. ed. São Paulo: RT, 2007.
21
Ibid. Manual de Direito das Famílias. 4. ed. São Paulo: RT, 2007.
22
moral no âmbito familiar e sociedade conjugal, onde ambos os cônjuges
encaminham a direção da sociedade conjugal com mutua colaboração.
Flávio Tartuce preceitua, em decorrência desse princípio surge a igualdade na
chefia familiar, que pode ser exercida tanto pelo homem quanto pela mulher em um
regime democrático de colaboração, podendo inclusive os filhos opinar. 22
Certo fato demonstra também um “desligamento” ao modelo patriarcal antigo
em que o homem era o responsável pelo sustento e direção da prole, abrindo
espaço para a decisão em comum acordo.
A consagração dos direitos de crianças, adolescentes e jovens como direitos
fundamentais está prevista no art. 227 da Constituição Federal, incorporando a
doutrina da proteção integral e vedando referências discriminatórias entre os filhos
(CF 227 §6º), alterou profundamente os vínculos de filiação. Como afirma Paulo
Lôbo, o princípio não é uma recomendação ética, mas diretriz determinante nas
relações da criança e do adolescente com seus pais, com sua família, com a
sociedade e com o Estado.23
O art. 3º do ECA determina que "a criança e o adolescente gozam de todos
os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção
integral, assegurando-lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e
facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e
social, em condições de liberdade e de dignidade". A intenção do legislador ao
assegurar a proteção constitucional para esta parcela de indivíduos, sem sombra de
dúvidas, é pela característica da vulnerabilidade.
Parte do pressuposto de que tais seres humanos não são detentores de
capacidade de exercício, por si só, de seus direitos, necessitando, por isso, de
terceiros (família, sociedade e Estado) que possam resguardar os seus bens
jurídicos fundamentais, consagrados na legislação específica, até que se tornem
plenamente desenvolvidos físico, mental, moral, espiritual e socialmente.
22
TARTUCE, Flávio. Manual de direito civil: volume único. 6. ed. rev., atual. e ampl. - Rio de
Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2016, p. 1189.
23
DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. 4. ed. São Paulo: RT, 2007. p.50.
23
2.4 As consequências do abandono afetivo
A ausência da figura de um dos genitores faz com que a criança perca uma
de suas referências imprescindíveis para o seu desenvolvimento. Ao ser
abandonada pelo pai, perde o exemplo de força e liderança perante a
família. O pai é extremamente importante para o desenvolvimento
sociológico do menor. Ao ser abandonada pela mãe, a criança é privada de
amor, carinho e afeto, sendo muitas vezes, criada por algum parente
próximo, isso quando não é jogada em algum orfanato à mercê da própria
sorte24
O abandono afetivo é uma conduta cruel, onde diante desses casos o Estado
por meio do seu poder judiciário fixa indenizações, valores a serem pagos para os
menores que foram abandonas, todavia, nenhum valor pecuniário pode apagar o
dano causa pelo abandono afetivo:
24
SILVA, Daniele Minski. O abandono afetivo e suas consequências, 2018. Disponível em
<https://jus.com.br/artigos/73336/o-abandono-afetivo-e-suas-consequencias-juridicas> 02 de
setembro de 2019. p. 1.
25
Ibid. O abandono afetivo e suas consequências, 2018. Disponível em
<https://jus.com.br/artigos/73336/o-abandono-afetivo-e-suas-consequencias-juridicas> 02 de
setembro de 2019. p. 1.
24
O afeto pode se manifestar por meios diversos, seja por meio da
demonstração e amor e carinho, seja através de uma proteção; um tratamento
médico e a proteção dos pais para com os filhos; a preocupação dos genitores com
a educação dos menores, entre outras medidas importantes para a proteção da
dignidade humana da criança e do adolescente.
O Estado não pode ocupar o lugar dos genitores, mas ele pode punir os pais
que abandonam seus filhos, pois o abandono é uma afronta direta a dignidade da
pessoa humana, e como consequência os menores passam a sofrer diversos efeitos
psicológicos, como ansiedade, irritabilidade, e em casos graves até depressão como
será abordada quando for citada a alienação parental e a síndrome de alienação
parental.
25
3. ALIENAÇÃO PARENTAL
Como descrito pela lei, uma das partes ‘’manuseia’’ a criança com mentiras
com o intuito de prejudicar a relação entre o menor e a outra parte como se fosse
algum tipo de vingança doentia que o alienador ignora as consequências desses
atos no desenvolvimento da criança.
No artigo 3° da lei de alienação, estão descritos exemplos de condutas
consideradas como alienação. Vide artigo 3°:
26
Brasil, Estatuto da Criança e do Adolescente Lei 8.069 de 1990, online. Disponível em <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8069compilado.htm> Acesso em 29 de agosto de 2019.
27
Ibid. Disponível em < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8069compilado.htm> Acesso em 29
de agosto de 2019.
26
A alienação coloca em risco o desenvolvimento do menor, além de destruir a
visão de família e de lar que ele tinha o que faz com que inúmeras consequências
surjam, dentre elas a síndrome de alienação parental. Dessa forma, a alienação
parental precisa ser combatida e o alienador punido com severidade por
desrespeitar e atacar a dignidade da criança para satisfazer seus próprios caprichos.
No capítulo anterior foi realizado um questionamento quanto a qual
responsabilidade: objetividade e subjetiva seria executada nesses casos, nada mais
justo que a aplicação do viés objetivo, já que o indivíduo realiza a alienação com
culpa e coloca em risco o desenvolvimento da criança, aliás, não importante o
aspecto, cabe a responsabilização do alienador, pois esse comportamento só pode
existir com dolo, e a ação por si só já é uma manipulação da criança.
Para fins jurídicos, basta que haja ao menos o indício da pratica de ato de
alienação parental para promover ação autônoma ou incidental, conforme previsto
no art. 5º da Lei 12.318/2010, vejamos:
TEIXEIRA, Ana Carolina Brochado; RODRIGUES, Renata de Lima. Alienação parental: aspectos
31
32
TEIXEIRA, Ana Carolina Brochado; RODRIGUES, Renata de Lima. Alienação parental: aspectos
materiais e processuais. Civilistica.com. Rio de Janeiro, a. 2, n. 1, jan.-mar./2013. Disponível em: 31
de outubro de 2019
31
precisa estar a salvo de estranhos e de tudo o que possa lhe
causar o mal.33
33
RAMALHO, Fabiana. A importância da guarda compartilhada para evitar os atos da alienação
parental, 2017. Disponível em <https://jus.com.br/artigos/59925/a-importancia-da-guarda-
compartilhada-para-evitar-os-atos-da-alienacao-parental> Acesso em 15 de setembro de 2019. p. 1.
34
Ibid. Disponível em <https://jus.com.br/artigos/59925/a-importancia-da-guarda-compartilhada-para-
evitar-os-atos-da-alienacao-parental> Acesso em 15 de setembro de 2019. p. 1.
32
jurídico dava preferência à mulher, independente de dar causa
a separação.”35
O primeiro tipo de guarda a ser analisado é a guarda unilateral na qual consiste em:
35
RAMALHO, Fabiana. A importância da guarda compartilhada para evitar os atos da alienação
parental, 2017. Disponível em <https://jus.com.br/artigos/59925/a-importancia-da-guarda-
compartilhada-para-evitar-os-atos-da-alienacao-parental> Acesso em 15 de setembro de 2019. p. 1.
36
Ibid. Disponível em <https://jus.com.br/artigos/59925/a-importancia-da-guarda-compartilhada-para-
evitar-os-atos-da-alienacao-parental> Acesso em 16 de setembro de 2019. p. 1.
37
Ibid. Disponível em <https://jus.com.br/artigos/59925/a-importancia-da-guarda-compartilhada-para-
evitar-os-atos-da-alienacao-parental> Acesso em 16 de setembro de 2019. p. 1.
33
Nesse caso, a criança fica com um dos genitores, todavia, ambas as partes
tem total controle sobre o futuro dos filhos, assim como ambos são responsáveis por
eventuais problemas ou necessidades dos menores.
Outro tipo de guarda é a alternada, onde como o próprio nome diz, existe uma
alternância quanto a quem detém a guarda do menor por um período determinado
de tempo:
“Como o próprio nome já indica, caracteriza-se pelo exercício
exclusivo alternado da guarda, segundo um período de tempo
pré-determinado, que tanto pode ser anual, semestral, mensal,
que ao final desse tempo os papéis se invertem,
alternadamente.”38
Por fim tem a guarda nidal, onde haveria uma terceira casa para a criança e
os pais iriam revezar quanto aos cuidados e cuidados necessários para o menor;
tem a guarda atribuída a terceiros, no qual os pais não ficam com a guarda da
criança, mas sim um familiar, e por fim a guarda compartilhada. Sobre o conceito de
guarda compartilhada:
Com esse tipo de guarda o controle sob a criança será de igual para igual
com relação a ambas as partes, evitando assim eventuais violações de direitos da
38
RAMALHO, Fabiana. A importância da guarda compartilhada para evitar os atos da alienação
parental, 2017. Disponível em <https://jus.com.br/artigos/59925/a-importancia-da-guarda-
compartilhada-para-evitar-os-atos-da-alienacao-parental> Acesso em 15 de setembro de 2019. p. 1.
39
Ibid. Disponível em <https://jus.com.br/artigos/59925/a-importancia-da-guarda-compartilhada-para-
evitar-os-atos-da-alienacao-parental> Acesso em 15 de setembro de 2019. p. 1.
34
criança e do adolescente por parte dos genitores, onde o mais importante é a
proteção do menor diante de abusos, inclusive, diante da possibilidade da alienação
parental.
35
CONCLUSÃO
36
Posto que a alienação parental seja um assunto relativamente novo aos olhos
do ordenamento jurídico, e buscando uma forma de melhor de zelar pelo menor que
tora-se vítima da alienação e de suas consequências psicológicas redigiu-se então a
Lei n.º12.318 promulgada em 26 de agosto de 2010.
A lei embora não seja totalmente eficaz em sua aplicação, busca facilitar e
permitir maior segurança na identificação da alienação parental, e tem como objetivo
principal garantir um convívio sadio do menor com seus genitores assegurando-lhes
os Direitos Fundamentais previstos na Constituição Federal 1988.
Para tanto, nota-se que a guarda compartilhada atualmente é a melhor forma
de evitar a alienação parental uma vez que ambos os genitores a exercem de forma
igualitária, porém sua aplicação ainda passa por dificuldades pelo fato dos genitores
não saberem diferenciar o relacionamento que passam a ter e que tinham um com o
outro.
São muitos os motivos que fazem que com um pai se distancie de seu filho,
dentre eles cabe o simples desamor ou a alienação parental.
Torna-se necessário a identificação do alienador com brevidade para que
assim, os atos da alienação parental sejam minimizados ou nem cheguem a se
configurar.
Responsabilizar o autor desse tipo de comportamento é uma necessidade,
uma vez que ela fere a dignidade da criança, destrói seu psicológico e os laços
afetivos que ele poderia ter com seu outro genitor por meio de acusações cruéis
quanto a crimes e situações que nunca ocorreram.
Nenhuma sentença judicial mudará sentimentos, mas sim fatos isolados aos
quais são cobrados do Poder Judiciário uma solução que nem sempre ocorre de
forma eficaz pelas dificuldades que o mesmo encontra para a identificação da
alienação parental.
37
REFERÊNCIAS
DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. 4. ed. São Paulo: RT, 2007.
TARTUCE, Flávio. Manual de direito civil: volume único. 6. ed. rev., atual. e ampl.
- Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2016.
39