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TERESÓPOLIS
2015
1
TERESOPOLIS
2015
2
_______________________________
Prof. Dr. Roberto Carlos
Orientador
_______________________________
Prof. Dr.
Membro-examinador
_______________________________
Prof. Dr.
Membro-examinador
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, por me permitir concluir esta etapa em minha vida,
uma etapa onde muitas portas se abrirão. Agradeço ao meu orientador pela
compreensão e carinho na elaboração desta monografia. Agradeço aos meus pais
Anderson e Patricia, pela dedicação que tiveram por mim durantes esses anos de
faculdade. Agradeço aos meus avós Sandra e Sergio que também fazem parte
dessa vitória. Foram seis anos de dedicação a esse curso e é com alegria que findo
mais essa etapa. Que Deus continue me abençoando e me iluminando nesta
caminhada.
4
RESUMO
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO...................................................................................................6
2 FAMILIA............................................................................................................8
2.1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA...............................................................................8
2.1.1 A família do direito romano......................................................................8
2.1.2 A família no Direito Canônico..................................................................9
2.1.3 Família na Pós-modernidade....................................................................10
2.2 FILIAÇÃO........................................................................................................11
2.3 FAMÍLIA MONOPARENTAL..........................................................................15
2.4 UNIÃO ESTÁVEL...........................................................................................17
2.5 PODER FAMILIAR.........................................................................................20
2.5.1 Do exercício do poder familiar.................................................................23
2.5.2 Da perda do poder familiar.......................................................................24
3 DA AFETIVIDADE NAS RELAÇÕES FAMILIARES........................................26
3.1 A AFETIVIDADE SOB A LUZ DA DOUTRINA E DA JURISPRUDENCIA....27
3.1.1 Princípio da Afetividade............................................................................30
3.1.2 Principio da Paternidade Responsável...................................................31
3.1.3 Dano Moral decorrente da vulneração do princípio da afetividade.....32
3.2 ABANDONO AFETIVO DO FILHO.................................................................34
4 RESPONSABILIDADE CIVIL E A INDENIZAÇÃO..........................................37
4.1 RESPONSABILIDADE CIVIL.........................................................................37
4.1.1 Pressupostos formais da responsabilidade civil...................................39
4.1.1.1 Culpa.........................................................................................................39
4.1.1.2 Dano.........................................................................................................42
4.1.1.3 Nexo de causalidade................................................................................43
4.2 ANÁLISE DOS ELEMENTOS QUE COMPÕEM A RESPONSABILIDADE CIVIL
E SUA ADEQUAÇÃO NOS CASOS DE ABANDONO AFETIVO........................45
4.3 DA RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PAIS.................................................47
4.4 DOS DANOS EXTRAPATRIMONIAIS AO DEVER DE INDENIZAR.............48
4.5 O VALOR DA INDENIZAÇÃO........................................................................51
5 POSICIONAMENTO DOS TRIBUNAIS............................................................53
CONCLUSÃO.......................................................................................................64
REFERÊNCIAS....................................................................................................67
6
1 INTRODUÇÃO
Esta monografia tem por objetivo abordar sobre a responsabilidade civil dos
pais por abandono afetivo dos filhos, fundamentando a existência do dano moral no
princípio da dignidade da pessoa humana e no principio da afetividade.
Inicialmente será abordado sobre a família e o poder familiar; profundas
transformações da família contemporânea e a valorização da relação existente entre
seus integrantes; a família atual e sua busca na identificação da solidariedade como
um dos fundamentos da afetividade.
Neste caminho, o presente trabalho fará uma breve explanação a respeito da
filiação, é relevante observar que, em virtude da evolução do ordenamento jurídico,
não há mais o que se falar em filhos legítimos e ilegítimos.
Além disso, contemplaremos os modelos de família tutelados pela Carta
Magna, tais como: a família monoparental, formada por um dos genitores e seu filho;
e a união estável, que é a relação entre cônjuges livres e um tanto quanto duradoura
com intuito de constituir uma família. Outrossim, falaremos sobre o exercício do
poder familiar e a perda do mesmo.
No capitulo a seguir, sobre a afetividade nas relações familiares, deixaremos
claro que, o afeto é um fato social e psicológico, porém o que será de grande
relevância ao direito são as relações sociais de natureza afetiva que causam
condutas capazes de merecer a incidência de normas jurídicas. As relações
familiares e de parentesco são socioafetivas, pois unifica o fato social e a incidência
do principio normativo, a afetividade.
Acerca do abandono afetivo, é discutida sobre a possibilidade de reparação
do dano moral causado a criança em prol da atitude omissiva do pai ou da mãe no
cumprimento das responsabilidades decorrentes do poder familiar. Insta salientar
que a não convivência com seus genitores, causa a criança transtornos, abalando
sua integridade psíquica e moral, danos que vão repercutir por toda sua vida. Assim,
busca-se apurar a caracterização do dano moral, cabendo ao magistrado analisar de
acordo com o caso em tela, já que a definição de afeto é bastante subjetiva.
O tema referente ao abandono dos pais e o dever de indenizar é novo em
nosso ordenamento, não havendo legislação especifica sobre o caso.
7
Desta forma, entende Maria Berenice Dias que: “[...] comprovado que a falta
de convívio pode gerar danos, a ponto de comprometer o desenvolvimento pleno e
saudável do filho, a omissão do pai gera dano susceptível de ser indenizado.” 1
Da mesma forma, tem-se o ensinamento de Rui Stocco 2:
1
DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. 8. ed. rev. atual. e ampl. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2011.
2
STOCO, Rui. Tratado de Responsabilidade civil: doutrina e jurisprudência. 7. ed. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2007, p. 946.
8
2 FAMILIA
Fica evidente que na família romana, o afeto nunca foi uma característica que
prevalecesse, enquanto a autoridade do homem sobre a mulher e os filhos era o seu
principal fundamento. Nesse ínterim, a mulher não tinha direito a possuir bens, não
possuía capacidade jurídica, apenas era responsável pelos afazeres domésticos,
completamente dependente do marido. Com o passar dos anos a mulher foi aos
poucos conquistando seu espaço no lar e na sociedade, passou a ser responsável
pela manutenção do culto, deu-se inicio a uma nova fase, acumulando funções
ainda que sem autonomia.
No Direito Romano, poder familiar era um direito exercido tão-somente pelo
pai, chamado pater famílias, poder este que era praticado sobre todos os membros
3
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro. Vol. 6. Direito de Família. 10 ed. São São
Paulo: Saraiva, 2013, p. 31.
9
da família, independente da idade dos filhos, era o pai que desempenhava o poder
sobre este, e quando o pai falecesse o filho então assumia o seu lugar.
A origem da palavra pater, significa Deus, entendendo-se que o homem que
constituísse sua família poderia desempenhar todos os poderes sobre esta, como se
fosse um Deus. Era tido como um ser soberano dentro da família, a quem todos
deviam respeito e obediência.
Todavia entre os romanos, o denominado pátrio poder, não tinha nenhuma
relação com a dignidade da pessoa humana ou no melhor interesse da criança ou
adolescente, no entanto, tinha correlação de direito de propriedade, direito esse que
poderia ser abdicado a qualquer tempo, e assim, o pai cederia os seus filhos a quem
quer que fosse renegando-os.
Neste sentido, ensina Paulo Lôbo4:
“A patria potestas dos romanos era dura criação de direito despótico, e não
tinha correlação com deveres do pai para com o filho. É certo que existiam
deveres, porém estes quase só eram provindos da moral. Juridicamente,
apátria potestas constituía espécie do direito de propriedade. O pater famílias
podia renunciar a esse direito, dando a terceiros os filhos in mancipio, ou
enjeitando-os.”
4
LÔBO, Paulo Luiz Netto. Famílias. 2 ed. São Paulo: Saraiva, 2012.
5
GONÇALVES, Carlos Roberto. Op. Cit., p. 32.
10
A influência da igreja nos desígnios familiares, fez com que a mesma passa-
se a se empenhar para combater tudo que pudesse desfazer ou desagradar o seio
familiar. De acordo com Caio Mário da Silva Pereira, o aborto, o adultério, e
principalmente o concubinato eram as principais ações que desestabilizavam o
casamento. Naquela época os reis mantinham por muito tempo esposas e
concubinas. A supremacia do casamento fez com que o adultério fosse abominado
pela sociedade, sendo praticado de forma discreta.
O catolicismo fortaleceu a autoridade do homem, tornando-o chefe absoluto.
A chefia da família era exclusiva do marido, a influencia da mulher era quase nula,
estava destinada a inércia e ignorância, tinha vontade, mas era impotente, tinha sua
capacidade jurídica privada. A mulher estava fadada aos afazeres domésticos e a
criação dos filhos, não podendo se ausentar em qualquer hipótese sem
consentimento do marido.
Todavia, com o passar do tempo surge um novo conceito de família, onde é
formada não somente pelo sacramento do casamento, mas pelo laço do afeto,
surgindo então a família pós-modernidade.
A partir do século XIX a família deixou de ser uma instituição voltada a manter
os bens e a honra e começou a voltar-se ao afeto. O molde de família atual é aquela
que se funde pelos elos do afeto, e não mais a do autoritarismo, nem a que se forma
pelo sacramento do casamento.
Dessa forma diz Luciano Silva Barreto6:
6
BARRETO, Luciano Silva. 10 Anos do Código Civil - Aplicação, Acertos, Desacertos e Novos
Rumos. Volume I. Evolução Histórica e Legislativa da Família. EMERJ, 2013. Disponível em: <
http://www.emerj.tjrj.jus.br/serieaperfeicoamentodemagistrados/paginas/series/13/volumeI/
10anosdocodigocivil_205.pdf>. Acesso em: 7 jan. 2014.
11
2.2 FILIAÇÃO
7
FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Curso de Direito Civil. Direito das Famílias.
Vol. 6. 5 ed. rev. amp. e atu. Bahia: JusPodivm, 2013, p. 632.
12
8
LÔBO,Paulo. Direito Civil: famílias. 2 ed. São Paulo: Saraiva 2009, p. 195.
9
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial. REsp nº 260.079/SP. Recorrente: Zeilah
de Meira Simões Nunes e outros. Recorrido: Cybele de Meira Simões Rel. Ministro FERNANDO
GONÇALVES, QUARTA TURMA, julgado em 17/05/2005, DJ 20/06/2005, p. 288. Disponível em: <
https://ww2.stj.jus.br/processo/pesquisa/?src=1.1.3&aplicação =processos.
ea&tipoPesquisa=tipoPesquisaGenerica&num_registro=200000501450> Acesso em: 5 jan. 2015.
13
O código civil, em seu artigo 1.597 13, elenca as hipóteses em que se presume
terem os filhos sido concebidos na constância do casamento. Presumindo-se assim,
a paternidade do marido no caso de filho gerado por mulher casada. Vale
transcrever o aludido artigo:
10
BRASIL. Lei 10. 406, de 10 de janeiro de 2002. Artigo 1.596. Código Civil. Disponível em : <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada.htm> Acesso em: 5 jan. 2015.
11
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil. Vol. V. Direito de Família. 16 ed. rev,
e atu. Rio de Janeiro: Forense, 2008.
12
GONÇALVES, Carlos Roberto. Op. Cit., p. 321.
13
BRASIL. Lei 10. 406, de 10 de janeiro de 2002. Art. 1.597. Código Civil. Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada.htm> Acesso em: 5 jan. 2015.
14
nascimento. Portanto, apenas àqueles que não tiveram sua filiação voluntariamente
reconhecida reportar-se a possibilidade de propor tal demanda como esclarece
Paulo Lôbo14:
Este formato de família era considerado como mera situação fática, restrita ao
concubinato, às margens da lei, tida como ilegítima até a Constituição de 1988.
Todavia, sempre manteve seu poder de criar laços entre seus componentes.
O código napoleônico manteve-se calado a respeito do assunto, reprovando
esta união fática, sem levar em conta prováveis ou possíveis repercussões,
conforme esclarece Eduardo Leite15 em sua obra:
categoria de casamento civil pelo Código napoleônico, era a entrada para a vida
adulta, acarretando todos os direitos e obrigações civis dela decorrentes.
No que concerne esta clássica compreensão de família, a criança era tida
como um objeto que integrava o grupo de filhos e ocupava seu lugar específico
desempenhando um determinado papel, garantindo assim os valores familiares.
No momento em que o casamento torna-se a união de dois indivíduos e não
mais duas famílias, nota-se que a família está voltada para ela própria e para a
criança, como nos leciona Leite16:
[...] durante muito tempo, nosso legislador viu no casamento a única forma
de constituição da família, negando efeitos jurídicos à união livre, mais ou
menos estável, traduzindo essa posição no Código Civil do século passado.
Essa oposição dogmática, em um país no qual largo percentual da
população é historicamente formado de uniões sem casamento, persistiu
por tantas décadas em razão de inescondível posição e influência da igreja
católica. Coube por isso à doutrina, a partir da metade do século XX, tecer
posições em favor dos direitos dos concubinos, preparando terreno para a
jurisprudência e para a alteração legislativa. [...]
20
VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil. Direito de Família. Vol. 6. 8 ed.São Paulo: Atlas, 2008, p.
36.
21
BRASIL. Lei 10. 406, de 10 de janeiro de 2002. Art. 1.723. É reconhecida como entidade familiar a
união estável entre o homem e a mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e
estabelecida com o objetivo de constituição de família. § 1o A união estável não se constituirá se
ocorrerem os impedimentos do art. 1.521; não se aplicando a incidência do inciso VI no caso de a
pessoa casada se achar separada de fato ou judicialmente. Código Civil. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada.htm> Acesso em: 5 jan. 2015.
22
BRASIL. Constituição (1988). Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do
Estado. § 3º - Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a
mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento. Disponível em:<
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9278.htm> Acesso em 5 jan. 2015.
19
estável pura, ou seja, aquela que difere do concubinato por inexistir impedimentos
matrimoniais. Inobstante, aplica-se a esta forma de família sua locução, eis que
ambos os dispositivos legais envolvem o objetivo norteador da união de fato, qual
seja, a constituição familiar.
Destarte, a inclusão do tema no âmbito do Código Civil de 2002 restou-se
revogadas as referidas Leis n. 8.971/94 e 9.278/96, trazendo consigo significativas
mudanças, tais como a inclusão de um titulo exclusivo a união estável no Livro de
Família, englobou os princípios basilares das referidas normas, além de introduzir
novas disposições atinentes ao tema, como na conjuntura da competência para o
exercício do Poder Familiar.
Não foi estabelecido período mínimo de convivência, pois o Código Civil
relaciona esse tempo com os elementos caracterizadores da união estável que são
a convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida como o objetivo de
constituição de família.
Admitiu-se o reconhecimento de união estável entre pessoas que mantiveram
o estado civil de casadas e, no entanto, encontram-se separadas de fato. Bem
como, reafirmou os deveres dos conviventes, idênticos aos do casamento, não fosse
pela exceção da coabitação.
O Código Civil, em seu art. 1.726, prevê a possibilidade de converter a união
estável em casamento, “mediante pedido dos companheiros ao juiz e assento no
registro civil”23.
Dentre os deveres dos companheiros estão os de guarda, sustento e
educação dos filhos, parecidos àqueles atribuídos aos cônjuges no casamento.
A guarda é um direito-dever dos pais, decorrente do poder familiar, associado
ao poder conferido a ambos os genitores de fixar o domicílio da prole. Ocorrendo a
separação dos pais, será atribuído os moldes do artigo 1.584 do Código Civil, onde
versa que a criança deverá permanecer com aquele que revelar melhores condições
para exercer a guarda.
Subsiste também a obrigação de sustentar os filhos menores e de lhes
oferecer a orientação moral e educacional mesmo após a dissolução da união
estável.
23
BRASIL. Lei 10. 406, de 10 de janeiro de 2002. Art. 1.726. A união estável poderá converter-se em
casamento, mediante pedido dos companheiros ao juiz e assento no Registro Civil. Código Civil.
Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada.htm> Acesso em: 5
jan. 2015.
20
24
FILHO, Waldir Grisard. Guarda Compartilhada: Um novo modelo de responsabilidade paternal.
5 ed. ver. e atual. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2010, p. 37.
21
Não obstante, foi com o advento do Código Civil Brasileiro de 2.002 que a
nomenclatura “pátrio poder” foi alterada para “poder familiar” dando ênfase que o
poder familiar não é exclusivamente do homem, mas em igualdade, tanto do homem
quanto da mulher.
Contudo, alguns doutrinadores acreditam que mesmo com a mudança na
nomenclatura, para “poder familiar”, esta ainda não é mais adequada, porque
mantêm a expressão poder com destaque em sua denominação. È o que explica
Paulo Lobo26:
25
GONÇALVES, Carlos Roberto. Op. Cit., p. 416.
26
LÔBO, Paulo Luiz Netto. Famílias. 2 ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 295.
22
No que tange o conceito de poder familiar, Silvio Rodrigues 28, define como
sendo um “Conjunto de direito e deveres atribuídos aos pais, em relação à pessoa e
aos bens dos filhos não emancipados, tendo em vista a proteção destes”.
Nesse ínterim, citam Washington de Barros Monteiro e Regina Beatriz
Tavares da Silva “[...] o poder familiar é instituído no interesse dos filhos e da família,
e não em proveito dos genitores.”29
Conclui-se que o poder familiar moderno, visa o interesse dos filhos bem
como da família e não o interesse dos pais, havendo a necessidade de respeito
mútuo e ainda a observância do princípio da paternidade responsável, constante no
art. 226 §7º30 da atual Constituição Federal.
Conforme observamos, ao longo da evolução histórica mudou-se
radicalmente a interpretação do que venha a ser poder familiar. O poder familiar é a
soma do exercício da autoridade do pai e da mãe sobre o filho menor ainda que
menores de 18 anos.
No passado entendia que o poder familiar caracterizava-se pelo poder
substancial dos pais, onde o poder do pai deveria ser reconhecido e obedecido. O
que não mais acontece nos dias atuais, pois, hoje o que deve ser observado e
respeitado é o direito da criança e do adolescente.
Nas palavras de Waldir Grisard Filho31:
27
GONÇALVES, Carlos Roberto. Op. Cit., p. 416.
28
RODRIGUES, Silvio. Direito Civil. Vol. IV. Responsabilidade Civil. 20 ed. São Paulo: Saraiva,
2003, p.358.
29
SILVA, Regina Beatriz; MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de Direito Civil. 41 ed. São
Paulo: Saraiva, 2011, p. 502.
30
BRASIL. Constituição (1988). Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do
Estado. § 7º - Fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e da paternidade responsável,
o planejamento familiar é livre decisão do casal, competindo ao Estado propiciar recursos
educacionais e científicos para o exercício desse direito, vedada qualquer forma coercitiva por parte
de instituições oficiais ou privadas. Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil
03/leis/l9278.htm> Acesso em 5 jan. 2015.
23
De acordo com o art. 226 §5º da Constituição federal, haverá igualdade plena
entre homens e mulheres e também enquanto pais, separados ou não, onde ambos
exercerão o poder familiar sobre os filhos enquanto menores. Na atual ordenamento,
a criança será protegida em casos de separação dos seus pais, ela terá direito de
conviver com ambos, embora estejam separados.
Nos termos do artigo 226, §5º32 da Constituição Federal combinado com o
artigo 1.63033 do Código Civil de 2.002:
31
FILHO, Waldir Grisard. Guarda Compartilhada: Um novo modelo de responsabilidade paternal.
5 ed. ver. e atual. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2010, p. 35.
32
BRASIL. Constituição (1988). Art. 226, § 5º - Disponível em:<
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9278.htm> Acesso em 5 jan. 2015.
33
BRASIL. Lei 10. 406, de 10 de janeiro de 2002. Art. 1.630. Código Civil. Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada.htm> Acesso em: 5 jan. 2015.
34
DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. 8. ed. rev. atual. e ampl. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2011, p. 425.
24
Art. 1.638. Perderá por ato judicial o poder familiar o pai ou a mãe que:
I - castigar imoderadamente o filho;
II - deixar o filho em abandono;
III - praticar atos contrários à moral e aos bons costumes;
35
BRASIL. Lei 10. 406, de 10 de janeiro de 2002. Art. 1.631. Durante o casamento e a união estável,
compete o poder familiar aos pais; na falta ou impedimento de um deles, o outro o exercerá com
exclusividade. Código Civil. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/cc ivil_03/leis/200 2/l1040
6compilada.htm> Acesso em: 5 jan. 2015.
36
BRASIL. Lei 10. 406, de 10 de janeiro de 2002. Art. 1.638. Código Civil. Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada.htm> Acesso em: 5 jan. 2015.
25
O abando que trata o inciso II do referido artigo se dá por vários motivos, seja
ele de forma intencional ou por motivo extremo. O abando do filho por motivos
relevantes como problemas financeiros ou de saúde, devem ser analisados de forma
diferente de quando o pai abandona de propósito.
Segundo Paulo Lobo: “Tem sido entendido que o abandono do filho não é
mais causa automática de perda do poder familiar, redundando em mais problemas
que soluções para aquele”37.
As decisões de procedência e improcedência da reparação civil por abandono
afetivo estão correlacionadas ao conteúdo particular do poder familiar.
No que tange o poder familiar e sua destituição, elucida que o direito civil
familiar moderno encontrou uma nova faceta do Estado, o qual respeita os limites
legais da família, sua comunhão plena, confere autonomia privada ao cidadão, mas
ao mesmo tempo está presente intervindo judicialmente quando necessário de forma
repressiva ou curativa.
Neste sentido, Orlando Gomes38 classifica a intervenção estatal sob dois
aspectos:
37
LÔBO, Paulo Luiz Netto. Famílias. 2 ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 309.
38
GOMES, Orlando. O novo Direito de Família. Porto Alegre: Fabris, 1984, p. 84.
26
42
BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado do Parana. Apelação Cível 108.417-9, 2ª Vara de Família,
Curitiba. Apelante: G.S. Apelado: A.F.S. Relator: Desembargador Acássio Cambi, julgado em
12.12.2001. Disponível em: < http://tj-pr.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/4374066/apelacao-civel-ac-
1084179> Acesso em: 10 jan. 2015
29
43
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial 878.941/DF (2006/0086284-0). Recorrente:
A C M B. Recorrido: O DE S B Min. Nancy Andrighi, julgamento em 21.08.2007. Disponível em:<
http://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/8880940/recurso-especial-resp-878941-df-2006-0086284-0/
inteiro-teor-13987921>. Acesso em: 10 jan. 2015.
30
família. Alguns autores tem o posicionamento contrário a tese principal, que seria a
afetividade como principio implícito do ordenamento familiar.
Atualmente podemos contar com três posicionamentos: o primeiro que
sustenta expressamente a afetividade como principio jurídico do direito de família; a
segunda que confere ao afeto o status de valor relevante para a família, sem
qualificá-lo como principio; e a terceira que rejeita expressamente o afeto como
principio.
A primeira corrente defende que a afetividade é tida como principio do direito
de família, por diversos aspectos, a maioria deles no que tange a mudança no
conceito de família, as relações interpessoais e as características atuais do
ordenamento familiar. Nessa linha, aduz Paulo Lobô 44:
Há outros doutrinadores que também defendem essa corrente, tais são: Maria
Helena Diniz; Flávio Tartuce e José Fernando Simão; e Pablo Stolze Gagliano e
Rodolfo Pamplona Filho.
A segunda corrente, mesmo atribuindo valor relevante à afetividade no trato
das relações familiares, não a inclui no rol dos princípios do direito de família. São os
doutrinadores que defendem esta tese: Fábio Ulhoa Coelho, Cristiano Chaves de
Farias e Nelson Rosenvald, Paulo Nader, Eduardo de Oliveira Leite, entre outros.
Há ainda aqueles que argumentam contra a adoção da afetividade como
princípio, sustentando que esta não deve ser tratada pelo Direito, dado o seu caráter
subjetivo, a ausência do afeto em grande parte das relações familiares e a falta de
conceito jurídico de afeto, que permita diferenciá-lo de um mero sentimento.
44
LÔBO, Paulo Luiz Netto. O princípio constitucional da solidariedade nas relações de família. In:
CONRADO, Marcelo (Org.). Direito Privado e Constituição: ensaios para uma recomposição
valorativa da pessoa e do patrimônio. Curitiba: Juruá, 2009.
31
45
BRASIL. Constituição (1988). Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do
Estado. § 7º - Fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e da paternidade responsável,
o planejamento familiar é livre decisão do casal, competindo ao Estado propiciar recursos
educacionais e científicos para o exercício desse direito, vedada qualquer forma coercitiva por parte
de instituições oficiais ou privadas. Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9278.h
tm> Acesso em 10 jan. 2015.
46
BRASIL. Lei 10. 406, de 10 de janeiro de 2002. Art. 1.565. Pelo casamento, homem e mulher
assumem mutuamente a condição de consortes, companheiros e responsáveis pelos encargos da
família. § 2º O planejamento familiar é de livre decisão do casal, competindo ao Estado propiciar
recursos educacionais e financeiros para o exercício desse direito, vedado qualquer tipo de coerção
por parte de instituições privadas ou públicas. Código Civil. Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada.htm> Acesso em: 10 jan. 2015.
33
Mediante a esta realidade, fica nítido os prejuízos dos filhos quando privados
na convivência com os pais. A violação deste direito, gera em maior ou menor grau,
frustrações e carências, que vão impactar negativamente na formação dessa
criança. Tal princípio está previsto no artigo 19 do Estatuto da Criança e do
Adolescente. 48
Um dos direitos da criança é a convivência com seus progenitores, ainda que
os mesmos estejam separados, há de se manter a obrigação de convivência. Os
progenitores deverão estipular datas e horas marcadas, com o fito de acompanhar o
desenvolvimento da prole, sendo indispensável à afetividade, o carinho, a atenção,
participando assim na vida da criança e assegurando-lhe sua integridade física,
psicológica e moral.
Podemos considerar como dano moral, o vexame, a humilhação que
ultrapasse a normalidade e atinja diretamente o psicológico, causando a pessoa
angústia, aflição e desequilíbrios no seu bem-estar. Sendo assim, dano moral não é
aquele que não denigre bens materiais, mas sim aquele que lesiona seu caráter
subjetivo, acarretando prejuízos em seu bem estar. 49
47
RIZZARDO, Arnaldo. Op. Cit. p. 688.
48
BRASIL. Lei 8.069, de 13 de julho de 1990. Art 19. Toda criança ou adolescente tem direito a ser
criado e educado no seio da sua família e, excepcionalmente, em família substituta, assegurada a
convivência familiar e comunitária, em ambiente livre da presença de pessoas dependentes de
substâncias entorpecentes. Estatuto da Criança e do Adolescente. Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm> Acesso em: 10 jan. 2015.
49
RIZZARDO, Arnaldo. Op. Cit. p. 690.
34
Diante do que fora dito, observa-se que o abandono afetivo nada mais é do
que a atitude omissiva no cumprimento dos deveres decorrentes do poder familiar,
50
DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. 8. ed. rev. atual. e ampl. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2011.
51
VILLELA, João Baptista. As novas relações de família. In: Anais da XV Conferência Nacional da
OAB. Foz do Iguaçu, set. 1994, p. 645. Disponível em:< http://www.oab.org.br/editora/pdf /Revista
OAB_91.pdf>. Acesso em: 10 jan. 2015.
35
52
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Resp 1.159.242 – SP. Recorrente: Antonio Carlos Jamas dos
Santos. Recorrido: Luciane Nunes de Oliveira Souza. Relatora: Min. Nancy Andrighi. Julgado em 24
de abril de 2012. Disponível em:< https://ww2.stj.jus.br/revistaeletronica/ ita.asp?
registro=200901937019> Acesso em: 12 jan. 2015.
53
BRASIL. Constituição (1988). Artigo 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar
à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à
alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à
liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de
negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. Disponível em:<
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9278.htm> Acesso em 5 jan. 2015.
54
PEREIRA, Rodrigo da Cunha. Nem só de pão vive o homem: responsabilidade civil por abandono
afetivo. IBDFAM. Disponível em: <HTTP://www.ibdfam.org.br/?artigos&artigo=392>. Acesso em 15
mar 2015.
36
57
PENA JÚNIOR, Moacir César. Direito das pessoas e das famílias: doutrina e
jurisprudência. São Paulo: Saraiva, 2008, p.27.
58
DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. 8. ed. rev. atual. e ampl. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2011, p.118.
39
4.1.1.1 Culpa
59
BRASIL. Lei 10. 406, de 10 de janeiro de 2002. Artigo 186. Aquele que, por ação ou omissão
voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito. Código Civil. Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada.htm> Acesso em: 5 jan. 2015.
60
STOCO, Rui. Tratado de Responsabilidade Civil. 7. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007,
p.130.
40
61
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil. Responsabilidade Civil. 22. Ed. São Paulo: Saraiva,
2008, p. 45.
62
RODRIGUES, Silvio. Direito Civil. Vol. IV. Responsabilidade Civil 20 ed. São Paulo: Saraiva, 2008,
p. 147.
41
Código Civil, que expressa a responsabilidade daquele que “por ação ou omissão
voluntária” acarreta um ato danoso.
Em regra, para que haja o dever de indenizar àquele que causou o dano, a
conduta humana deve vir baseada na ilicitude, ou seja, deve ocorrer uma atuação
contrária ao direto.
Contudo, o doutrinador Gagliano63 pontua que:
Sendo assim, entende-se que nem sempre a conduta humana estará dotada
de antijuridicidade para que seja passível de atribuição da responsabilidade ao
gerador do ato danoso. Por outro lado, a regra geral funda-se na conduta humana
associada à ilicitude, ainda que haja facilidade de encontrar no ordenamento jurídico
exemplos de responsabilização proveniente de ato lícito, ou seja, comportamento
amparado pela lei.
4.1.1.2 Dano
63
GAGLIANO, Pablo Stolze. PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo Curso de Direito Civil.
Responsabilidade Civil. 7 ed. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 31.
64
Idem. Ibidem, p. 32.
42
[...] “A” deu uma pancada ligeira no crânio de “B”, que seria insuficiente para
causar o menor ferimento num individuo normalmente constituído, mas, por
ser “B” portador de uma fraqueza particular dos ossos do crânio, isto lhe
causou uma fratura de que resultou sua morte. O prejuízo deu-se, apesar de
o fato ilícito praticado por “A” não ser a causa adequada a produzir aquele
dano em um homem adulto.
disso, ter uma conduta comissiva, onde um dos genitores tem atitudes irrelevantes,
como desprezo, humilhação, desamor, essas atitudes levam a um desamparo
afetivo moral e psíquico. Esse fato deve ser antijurídico, onde um dos genitores não
cumpre com o dever de cuidar e proteger o filho, acarretando em problemas futuros.
Em seguida, que possa ser imputado a alguém, em regra essa fato só poderá
ser imputado a um dos genitores, ainda que o genitor for por adoção. Haverá casos
em que desincumbindo o genitor da sua função e transferindo para outro essa
responsabilidade, entende-se que só haverá responsabilização se a guarda tiver
sido formalizada. Estes casos, também podem ser vistos quando um parente ou
terceiro solicita a guarda judicial daquele menor, entretanto, negligencia nos seus
cuidados a ponto de realmente abandoná-lo e não obtém a revogação da guarda.
Ainda que haja situação de guarda de fato, por parte de terceiros, esta não foi
juridicamente retirada dos genitores, e nem chancelada pelo poder judiciário, não
podendo assim gerar obrigações a terceiros. Isto porque quem assume a guarda
formal de uma criança está atribuindo a si as funções inerentes à educação, criação,
desenvolvimento físico e emocional da criança, assumindo a figura do genitor ou
genitora; portanto, trás para si todas as incumbências daqueles, inclusive a
obrigação afetiva.72
Podemos observar também a necessidade da produção dos danos causados,
perante a conduta apresentada é preciso que a criança tenha sofrido danos em sua
personalidade, na origem de sua dignidade. Este dano torna-se mais grave no
momento do desenvolvimento da personalidade, período em que necessita de
modelos de comportamento e ainda impressões de afeto que lhe transmitam direção
e segurança para que venha a se desenvolver plenamente. Já que na ausência a
maioria dos casos manifesta comportamentos psíquicos alterados diagnosticadas
clinicamente.
Outro elemento necessário é que esses danos possam ser juridicamente
considerados como causados pelo ato ou fato praticado: confere aqui o nexo causal,
a conduta do genitor causou ao menor os danos alegados, as máculas na
personalidade e ou psicopatias. Necessário que estas estejam estritamente ligadas
à conduta omissiva ou comissiva dos genitores, excluindo-se que o dano advenha
de outras situações que possam ser diagnosticada. Nota-se que os danos sofridos
72
KAROW, Aline Biasuz Suarez. Op. Cit. p.220
47
em tenra idade são irreparáveis, uma vez que geram sequelas na personalidade
acompanhadas de distúrbios emocionais.73
Por fim, que o dano esteja contido no âmbito da função de proteção assinada,
isto é, exige-se que o dano verificado seja resultado da violação de um bem
protegido. Sendo assim explica Aline Karow74:
[...] aqui se vislumbra que o dano sofrido pelo menor deve ser o objeto
jurídico tutelado pelo ordenamento jurídico. Os fundamentos que criam uma
redoma em torno do objeto jurídico tutelado são compostos de várias
legislações, desde a Convenção dos Direito da Criança, o Estatuto da
Criança e do Adolescente e o próprio Código Civil, tanto no que verte aos
deveres do poder familiar, ainda quanto às garantias de desenvolvimento da
personalidade sem lesão ou ameaça à mesma. Igualmente a Constituição
Federal, quando estabelece como um dos fundamentos do Estado
Democrático de Direito o princípio da dignidade da pessoa humana. Este
inevitavelmente abrange não apenas regras ordinárias de proteção ao
menor e garantias de pleno desenvolvimento da criança, atribuição de
cuidados e deveres aos que detêm o poder familiar, senão que também
regra constitucional, quando estabelece a dignidade da pessoa humana
como um dos fundamentos do Estado Democrático de Direito. Assim, o
mínimo de dignidade que é exigido para que uma criança possa crescer e
se desenvolver plenamente em sua personalidade é que confira ao menor
não apenas uma parcela da paternidade e/ou maternidade, como sustento,
senão que também a educação, nela compreendida o apoio moral e afetivo,
caminhando para o desenvolvimento de um cidadão completo.
Os pais são responsáveis pelos atos praticados por seus filhos menores de
idade e respondem pelos danos causados por seus filhos, que estejam submetidos a
seu poder familiar.
73
KAROW, Aline Biasuz Suarez. Op. Cit., p. 220.
74
Loc. Cit.
48
Prevê o artigo 93275 do Código Civil que os pais são responsáveis pelos filhos
menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia. Ter o filho sob sua
autoridade significa dizer que o mesmo está sob o teto dos pais, de modo que
possibilite o poder de direção dos pais sobre o menor e sua eficiente vigilância.
Entende-se aqui, que a autoridade está relacionada ao titular do poder familiar,
ainda que não detenha a guarda do filho menor, no caso de pais separados. Exige-
se o requisito de o menor estar em companhia do pai ou mãe, que é suposta sempre
que estes sejam casados ou vivam em união estável. Para pais separados, o
requisito da companhia depende de prova, para verificar se o menor causou o dano
quando estava com o guardião ou com o outro no exercício do direito de visita.
A responsabilidade dos pais independe de culpa conforme previsão no artigo
93376 do Código Civil. Restando-se comprovado o ilícito do menor,
independentemente de culpa do pai, a responsabilidade do dano recairá sobre o pai.
Sob o entendimento do STJ, podemos verificar que a responsabilidade civil
dos pais se assenta na presunção relativa de culpa, culpa esta pela vigilância, que
será afastada caso fique demonstrado que os pais não agiram de forma negligente
no dever da guarda.
75
BRASIL. Lei 10. 406, de 10 de janeiro de 2002. Art. 932. São também responsáveis pela reparação
civil: I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia; II - o
tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas condições; III - o
empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que
lhes competir, ou em razão dele; IV - os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos
onde se albergue por dinheiro, mesmo para fins de educação, pelos seus hóspedes, moradores e
educandos; V - os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a concorrente
quantia Código Civil. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compil
ada.htm> Acesso em: 5 jan. 2015.
76
BRASIL. Lei 10. 406, de 10 de janeiro de 2002. Art. 933. As pessoas indicadas nos incisos I a V do
artigo antecedente, ainda que não haja culpa de sua parte, responderão pelos atos praticados pelos
terceiros ali referidos. Código Civil. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l1
0406compilada.htm> Acesso em: 5 jan. 2015.
49
77
KAROW, Aline Biasuz Suarez. Op. Cit., p. 310.
78
Idem. Ibidem, p. 311.
79
Idem. Ibidem, p. 312.
50
estranho, somente reflete a ausência do genitor. É por este motivo que se faz de
suma importância o laudo psicológico do filho, como forma de garantir a situação
emocional do menor. Portanto, se não demonstrado dano, em face do magnífico
trabalho realizado por aquele ente substituto, não há que se falar em reparação civil;
entretanto, se por conta desse ente, os danos causados sejam maiores, o melhor a
ser feito será a busca da reparação.80
Os atos predispostos a gerar o dever de indenizar, são aqueles praticados por
um dos genitores, tal como não visitar o menor nos dias designados, não manter
nenhum tipo de comunicação seja por telefona; ou por mensagem, não se preocupar
com datas comemorativas como por exemplo aniversário, natal; não comparecer a
eventos previamente agendados sem ao menos se justificar de forma plausível;
combinar de ver o menor e não comparecer; não se sensibilizar com o aniversario
do menor, não se fazendo presente nesse dia e ainda sim não presentea-lo de
alguma forma; não passar férias e feriados com o menor, que seja ao menos uma
semana; não trata-lo de forma igual perante os demais filhos de outros
relacionamentos; não comparecer a festas escolares, como homenagem aos pais,
festa de encerramento; não fazer questão de ficar com o menor, esquecendo da
existência do mesmo; ficar anos sem ao menos ligar. Há de se levar em
consideração que estando o genitor na presença do menor, o mesmo não deverá
trata-lo de forma inescrupulosa, tratando-o mal, agredindo-o verbalmente,
denegrindo sua imagem, fazer com o que o menor se sinta menosprezado, tendo
sua autoestima baixa, enfim, atos capazes de não criar um elo de comprometimento
emocional com o menor.81
Ainda que a reparação civil por abandono afetivo de forma geral trate de
danos extrapatrimoniais, poderá englobar os danos com consequências
patrimoniais. Em algumas situações pode haver a condenação a custeio de
medicamentos antidepressivos, ansiolíticos, bem como tratamento psicológico e
terapêutico da criança, por causa do abandono afetivo.
No que tange a reparação civil por abandono afetivo, percebe-se que há na
verdade muito mais do que dano moral e sim dano ao projeto de vida. A criança ou
adolescente vitimado, por melhor que seja a excelência dos tratamentos
80
KAROW, Aline Biasuz Suarez. Op. Cit., p. 313.
81
CALDERÓN, Ricardo Lucas. Princípio da afetividade no direito de família. Rio de Janeiro:
Renovar, 2013, p. 135.
51
82
SESSAREGO, Carlos Fernandes. In: Protecion a La persona humana. Revista Ajuris, n. 56. Porto
Alegre, 1992, p. 87-142.
83
BRASIL. Lei 10. 406, de 10 de janeiro de 2002. Art. 944. A indenização mede-se pela extensão do
dano. Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano,
poderá o juiz reduzir, eqüitativamente, a indenização. Código Civil. Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada.htm> Acesso em: 5 jan. 2015.
84
ALVIM, Augustinho. Da inexecução das obrigações e suas consequências. 4 ed. São Paulo:
Saraiva, 1972, p. 1999.
52
Ressalta-se ao esmiuçar o citado artigo, o legislador procurou fazer com que viesse
a cobrir o dano sofrido; entretanto, apesar desta indenização dar a reparação
integral à vítima, não poderá punir o agente de forma exagerada, e isto ocorre
quando existe uma desproporção entre a gravidade da culpa e o dano.
Dessa forma, fica esclarecido que nosso ordenamento não adotou a teoria de
indenização punitiva da pena privada, percebe-se que o fim é indenizar a vítima de
acordo com seu dano, porém, é necessário que haja uma proporcionalidade com o
grau de culpa do agente. Não há o que se falar em uma indenização elevada que
extrapole o dano sofrido a fim de que o agente seja punido, devendo haver uma
ponderação.
O Superior Tribunal de Justiça, para determinar o valor da indenização no
caso de abandono afetivo, não especificou claramente quais critérios utilizados para
justificar a fixação da indenização, mas Maria Celina de Bodin Moraes 85 declarou:
85
MORAES, Maria Cecilia Bodin de. A família democrática. In: PEREIRA, Rodrigo da Cunha (Coor.)
V Congresso Brasileiro de Direito de Família. São Paulo: IOB Thompson, 2006, p. 334.
53
A primeira decisão acerca do aludido tema foi proferida pelo juiz Mario
Romano Maggioni, no dia 15.09.2003, na 2ª Vara da Comarca de Capão da Canoa –
RS86. No ocorrido, o pai foi condenado ao pagamento de 200 salários-mínimos de
indenização por dano moral, em razão de ter abandonado afetivamente e
moralmente a filha de nove anos de idade.
O magistrado, na fundamentação de sua decisão, tomou como prioridade os
deveres decorrentes da paternidade, elencados no art. 22 87 da Lei n.º 8.069/90,
dispondo que:
[...] aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e educação dos filhos
(art. 22, da lei nº 8.069/90). A educação abrange não somente a
escolaridade, mas também a convivência familiar, o afeto, amor, carinho, ir
ao parque, jogar futebol, brincar, passear, visitar, estabelecer paradigmas,
criar condições para que a criança se auto-afirme”. 88
86
BRASIL. Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. Processo n.º 141/1030012032-0. Autor: D. J. A.
Réu: D. V. A. Sentença Procedente. Integra da decisão na Revista Brasileira de Direito de Família,
Porto Alegre, v. 6, n. 25, ago/set 2005, p. 151-160. Disponível em:< http://www.ibdfam.org.br/>
Acesso em: 15 jan. de 2015.
87
BRASIL. Lei 8.069, de 13 de julho de 1990. Art. 22. Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e
educação dos filhos menores, cabendo-lhes ainda, no interesse destes, a obrigação de cumprir e
fazer cumprir as determinações judiciais. Estatuto da Criança e do Adolescente. Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm> Acesso em: 10 jan. 2015.
88
BRASIL. Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. Processo n.º 141/1030012032-0. Autor: D. J. A.
Réu: D. V. A. Sentença Procedente. Integra da decisão na Revista Brasileira de Direito de Família,
Porto Alegre, v. 6, n. 25, ago/set 2005, p. 151-160. Disponível em:< http://www.ibdfam.org.br/>
Acesso em: 15 jan. de 2015.
89
BRASIL. Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. Processo n.º 141/1030012032-0. Autor: D. J. A.
Réu: D. V. A. Sentença Procedente. Integra da decisão na Revista Brasileira de Direito de Família,
Porto Alegre, v. 6, n. 25, ago/set 2005, p. 151-160. Disponível em:< http://www.ibdfam.org.br/>
Acesso em: 15 jan. de 2015.
54
90
BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado do Paraná. Apelação Cível - 768524-9. Apelante: Pâmela
Aline de Souza dos Santos. Apelado: Adauto Messias Dos Santos. Rel.: Jorge de Oliveira Vargas -
Unânime - - J. 26.01.2012. Disponível em:< https://portal.tjpr.jus.br/jurisprudencia/j/11232788/A c
%C3%B3rd%C3%A3o-768524-9#integra_11232788>. Acesso em: 20 jan 2015.
55
91
BRASIL. Constituição Federal (1988). Artigo 227. É dever da família, da sociedade e do Estado
assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à
alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à
liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de
negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. Disponível em:<
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9278.htm> Acesso em 5 jan. 2015.
92
BRASIL. Tribunal de Justiça de São Paulo. 31ª Vara Cível Central. Processo nº 01.036747-0. Juiz
de Direito Luis Fernando Cirillo. São Paulo, 05.06.2004.
93
BRASIL. Tribunal de Justiça de São Paulo. 31ª Vara Cível Central. Processo nº 01.036747-0. Juiz
de Direito Luis Fernando Cirillo. São Paulo, 05.06.2004.
56
97
BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais. Apelação Cível 0063791-
20.2007.8.13.499, 17ª C. Cível, Rel. Des Luciano Pinto, julg. 27.11.2008, pub. 09.01.09.
98
BRASIL. Lei 10. 406, de 10 de janeiro de 2002. Art. 1.638. Perderá por ato judicial o poder familiar o
pai ou a mãe que: II - deixar o filho em abandono. Código Civil. Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada.htm> Acesso em: 20 jan. 2015.
99
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial n.º 757.411 – MG, 4ª Turma. Recorrente:
Alexandre Batista Fortes. Recorrido: Vicente de Paulo Ferro de Oliveira Rel. Min. Fernando
Gonçalves, julg. 29/11/05, DJ 27/03/06, p. 299. Disponível em:
http://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/7169991/recurso-especial-resp-757411-mg-2005-0085464-3/
relatorio-e-voto-12899600> Acesso em: 20 fev 2015.
58
Neste julgado, o filho propôs ação contra seu pai a fim de obter condenação
por danos morais. Alegou que, o pai estava cumprindo com a obrigação alimentar,
porém seu genitor negligenciou-se com o dever se assistência moral e psíquica,
evitando toda forma de convivência entre eles e também privando o filho de conviver
com sua meio irmã. Assim sendo, sustentou o demandante que toda a situação lhe
causou transtornos ensejando assim a reparação civil.
Por outro lado, o genitor alegou que manteve convivência com seu filho nos
primeiros oito anos de vida, o que foi interrompida pela conduta da mãe que fazia o
que podia para evitar essa convivência. O pai alega, ainda que por telefone, o
mesmo sempre buscava dar seu apoio ao filho.
Desta forma, o juiz singular decidiu pela inexistência do dano moral, uma vez
que, de acordo com o laudo pericial, era impossível vincular os sintomas
psicopatológicos à ausência paterna; além disso, corrobora o magistrado que a
questão interposta é motivada pela indignação advinda da revisão de pensão
alimentícia intentada pelo genitor.
100
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial n.º 757.411 – MG, 4ª Turma. Recorrente:
Alexandre Batista Fortes. Recorrido: Vicente de Paulo Ferro de Oliveira Rel. Min. Fernando
Gonçalves, julg. 29/11/05, DJ 27/03/06, p. 299. Disponível em:
http://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/7169991/recurso-especial-resp-757411-mg-2005-0085464-3/
relatorio-e-voto-12899600> Acesso em: 20 fev 2015.
59
101
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial n.º 757.411 – MG, 4ª Turma. Recorrente:
Alexandre Batista Fortes. Recorrido: Vicente de Paulo Ferro de Oliveira Rel. Min. Fernando
Gonçalves, julg. 29/11/05, DJ 27/03/06, p. 299. Disponível em:
<http://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/7169991/recurso-especial-resp-757411-mg-2005-0085464-
3/relatorio-e-voto-12899600> Acesso em: 20 fev 2015.
102
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial n.º 514.350 – SP, 4ª Turma. Recorrente: R
A da S. Recorrido: J L N de B. Rel. Min. Aldir Passarinho Junior, julg. 28/04/09, DJe 25/05/09.
Disponível em: <http://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/4138163/recurso-especial-resp-514350-sp-
2003-0020955-3/inteiro-teor-12209310> Acesso em: 20 fev 2015.
60
tem-se o entendimento do Ministro Barros Monteiro que, no REsp n.º 757.411 – MG,
se mostrou contrário ao voto do relator, lembrando que não há unanimidade no
entendimento do STJ. Temos aqui seu posicionamento:
“Penso que daí decorre uma conduta ilícita da parte do genitor que, ao lado
do dever de assistência material, tem o dever de dar assistência moral ao
filho, de conviver com ele, de acompanha-lo e de dar-lhe o necessário afeto
[...] Penso também, que a destituição do poder familiar, que é uma sanção
do Direito de Família, não interfere na indenização por dano moral, ou seja,
a indenização é devida além dessa outra sanção prevista não só no
Estatuto da Criança e do Adolescente, como também no Código Civil
anterior e no atual. [...].”103
“Profunda foi a reviravolta que produziu, não só na justiça, mas nas próprias
relações entre pais e filhos, a nova tendência da jurisprudência, que passou
a impor ao pai o dever de pagar indenização, a título de danos morais, ao
filho pela falta de convívio, mesmo que venha atendendo ao pagamento da
pensão alimentícia. A decisão da justiça de Minas Gerais, apesar de ter sido
reformada pelo STJ, continua aplaudida pela doutrina e vem sendo
amplamente referendada por outros julgados. Imperioso reconhecer o
caráter didático dessa nova orientação, despertando a atenção para o
significado do convívio entre pais e filhos. Mesmo que os genitores estejam
separados, a necessidade afetiva passou a ser reconhecida como bem
juridicamente tutelado.”
105
BRASIL. Lei 10. 406, de 10 de janeiro de 2002. Art. 1.634. Compete a ambos os pais, qualquer que
seja a sua situação conjugal, o pleno exercício do poder familiar, que consiste em, quanto aos filhos:
II - exercer a guarda unilateral ou compartilhada nos termos do art. 1.584. Código Civil. Disponível
em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada.htm> Acesso em: 20 jan. 2015.
106
BRASIL. Lei 8.069, de 13 de julho de 1990. Art. 22. Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda
e educação dos filhos menores, cabendo-lhes ainda, no interesse destes, a obrigação de cumprir e
fazer cumprir as determinações judiciais. Estatuto da Criança e do Adolescente. Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm> Acesso em: 30 jan. 2015.
107
DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. 5. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais,
2009, p. 417.
62
108
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Resp 1.159.242 – SP. Recorrente: Antonio Carlos Jamas
dos Santos. Recorrido: Luciane Nunes de Oliveira Souza. Relatora: Min. Nancy Andrighi. Julgado em
24 de abril de 2012, DJe 10.05.12. Disponível em:< https://ww2.stj.jus.br/revistaeletronica/ ita.asp?
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63
CONCLUSÃO
111
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