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FACULDADE DE FORTALEZA – FAFOR

MELICIA CRISTHIAN MACIEL COSTA

ALIENAÇÃO PARENTAL:

OS CONTORNOS JURÍDICOS e SOLUÇÕES.

FORTALEZA

2023.
MELICIA CRISTHIAN MACIEL COSTA

ALIENAÇÃO PARENTAL:

OS CONTORNOS JURÍDICOS e SOLUÇÕES.

Monografia apresentada como

Trabalho de Conclusão do Curso

de Direito da Faculdade de Fortaleza

como requisito para obtenção do título

de bacharel em Direito.

Fortaleza, ___ de ____________ de ______.

BANCA EXAMINADORA:

____________________________________________

Prof. Faculdade de Fortaleza – FAFOR

____________________________________________

Prof. Faculdade de Fortaleza – FAFOR


Dedico este trabalho...
AGRADECIMENTOS:

É com imensa gratidão em meu coração que agradeço neste momento. Ao olhar para trás e refletir sobre a
jornada da minha vida, não posso deixar de considerar as vitórias que obtive, e grande parte delas se deve à
presença constante de Deus e ao apoio incondicional da minha querida família.

Primeiramente, agradeço a Deus por guiar meus passos, iluminar meu caminho e me proporcionar força nos
momentos desafiadores. Sua presença na minha vida tem sido fonte de minha esperança e coragem, e por isso sou
eternamente grata. Cada conquista, cada superação e cada momento de alegria são testemunhas de Sua graça
infinita.

À minha família, expresso minha profunda gratidão. Vocês têm sido os pilares da minha vida, oferecendo amor,
apoio e compreensão em cada etapa do meu percurso. Sejam nos triunfos que celebramos juntos ou nas
adversidades que enfrentamos de mãos dadas, a união e o amor que compartilhamos são inestimáveis. por
agradecimento seja uma base sólida que me permita crescer e prosperar.

Cada membro da minha família desempenha um papel vital na construção do meu caráter e na definição da pessoa
que sou hoje. Suas lições, valores e amor moldaram minha jornada de uma maneira única e especial. Que Deus
continue abençoando cada um de vocês, assim como abençoou a mim através da presença de vocês na minha vida.

Neste momento de reflexão e agradecimentos, reconheço a importância de cultivar a gratidão em meu coração.
Agradeço a Deus por tudo, pela minha família, e pelos princípios essenciais que tornam minha jornada significativa e
enriquecedora.

Com sincero apreço,


"O conhecimento é a única riqueza que cresce quando compartilhada, e é na jornada da pesquisa e do
aprendizado que desvendamos os segredos que iluminam o caminho do progresso humano."

- Albert Einstein
Resumo:

A família pode ser considerada a principal fonte de conhecimento, aprendizagem e desenvolvimento de


uma criança. Também é a responsável por proporcionar os cuidados e as condições básicas para
sobrevivência da criança e do adolescente. Nesta presente monografia, trago o conceito de Alienação
Parental, e como o Direito atua em face das leis que resguardam os direitos da criança e do adolescente.

A Alienação Parental e a Síndrome de Alienação Parental (SAP) são fenômenos cada vez mais
reconhecidos entre os profissionais do Direito. A seriedade do tema se dá pelas graves consequências que
gera na vida da criança ou do adolescente. No contexto de separação, a guarda dos filhos gera conflito
entre os genitores, que fazem disso uma disputa e ultrapassam os limites toleráveis. Começam a
manipular, distorcer a imagem do outro genitor e utiliza a criança como instrumento de vingança.

Essa prática fere diversos princípios constitucionais, destrói a convivência familiar com o genitor alienado
e acarreta severas consequências psicológicas às crianças na infância e pode-se estender-se a vida adulta.
O estudo esclarece que a Alienação Parental é um tipo de campanha difamatória originada por um dos
genitores, ou por qualquer responsável que possua a guarda ou efeito sobre a criação da criança, no qual
se denomina de alienador em relação ao outrem, denominado de alienado. Acarreta-se no menor a
questão do sentimento de ódio e memórias falsas, ocorrendo assim o afastamento entre o convívio do
genitor alienado e a criança ou adolescente.

Palavras chaves: alienação, família, direito, família, cônjuge, filho, criança e adolescente.
Abstract:

The family can be considered the main source of knowledge, learning and development for a child. It is also

responsible for providing care and basic conditions for the survival of children and adolescents. In this

present monograph, I bring the concept of Parental Alienation, and how the Law acts in the face of laws

that protect the rights of children and adolescents.

Parental Alienation and Parental Alienation Syndrome (PAS) are increasingly recognized phenomena

among legal professionals. The seriousness of the issue is due to the serious consequences it generates in

the lives of children or adolescents. In the context of separation, child custody generates conflict between

parents, who make it a dispute and exceed tolerable limits. They begin to manipulate, distort the image of

the other parent and use the child as an instrument of revenge.

This practice violates several constitutional principles, destroys family coexistence with the alienated

parent and causes severe psychological consequences for children in childhood and can extend into

adulthood. The study clarifies that Parental Alienation is a type of defamatory campaign originated by one

of the parents, or by any responsible person who has custody or influence over the child's upbringing, in

which they are called alienating in relation to the other, called alienated. In the minor, the issue of feelings

of hatred and false memories arises, thus causing a separation between the coexistence of the alienated

parent and the child or adolescent.

Key words: alienation, family, law, family, spouse, child, child and adolescent.
SUMÁRIO

1 – INTRODUÇÃO........................................................................................................... 9

2 – ALIENAÇÃO PARENTAL..............................................................................................10

2.1- CONCEITO DE ALIENAÇÃO PARENTAL.......................................................................10

2.2 - ALIENAÇÃO PARENTAL E SÍNDROME DA ALIENAÇÃO PARENTAL (SAP)...................11

2.3 – SÍNDROME DA ALIENAÇÃO PARENTAL (SAP)............................................................13

2.4 MEDIDAS DE PREVENÇÃO A SAP (SÍNDROME DE ALIENAÇÃO PARENTAL)....................14

2.5 LEI DE N° 12.318/2010............................................................................................15

3- ESPÉCIES DE GUARDA E SUA CORRELAÇÃO COM A ALIENAÇÃO PARENTAL..........17

3.1 GUARDA UNILATERAL.............................................................................................17

3.2 GUARDA ALTERNADA................................................................................................18

3.2 GUARDA COMPARTILHADA........................................................................................19

3.4 – CASO CONCRETO – ALIENAÇÃO PARENTAL E DISPUTA PELA GUARDA......................20

4- DIREITOS ASSEGURADOS À CRIANÇA E AO ADOLESCENTE..............................................22

4.1- DIREITOS E DEVERES DOS PAIS EM RELAÇÃO AOS FILHOS...........................................24

4.2- PRINCIPIO DA DIGNIDADE E DA PESSOA HUMANA...................................................24

5. COMO A ALIENAÇÃO PARENTAL VIOLA OS DIREITOS DAS CRIANÇAS E ADOLESCENTES.25

5.1- A ALIENAÇÃO PARENTAL COMO FORMA DE ABUSO À CRIANÇA E AO ADOLESCENTE...25

5.2 – SOLUÇÕES QUE REGUARDAM OS DIREITOS DO MENOR...........................................27

6- CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................................28

7- REFERÊNCIAS............................................................................................................30
1 - INTRODUÇÃO:

O Direito de Família no Brasil sofreu muitas mudanças desde sua fase colonial até o momento atual em que
vivemos, tanto juridicamente como culturalmente. Antecedentemente, a família possuía base patriarcal, no qual se
denominava um cenário com deveres, valores e maior obediência ao “pai de família”. No que concerne a figura
masculina encarregada do sustento e moral do lar. No tempo presente, o Direito brasileiro reconhece o contraste na
constituição familiar, tornando a afetividade a principal base para caracterizar uma família. Esta inovação foi trazida
singularmente pela Constituição Federal de 1988,e posteriormente reforçada pelo Código Civil de 2002. Com o
advento da Constituição Federal de 1988, a família deixou de ser apenas o casamento e surgiram: a Família
matrimonial, a Família informal e Família monoparental . O conceito de família se pluralizou.

Hoje, o fundamento para a justifica é a proteção da família e o reconhecimento constitucional das relações
extramatrimoniais, é a existência de um vínculo afetivo que une as pessoas por projetos de vida e propósitos
comuns gerando comprometimento mútuo. Entre as diversas transformações que ocorreram em relação à família, é
imprescindível para o foco da presente dissertação, destacar a solidariedade e igualdade de direitos e deveres de
ambos os pais com relação aos filhos. Uma vez que é de suma importância a participação de ambos no
desenvolvimento subjetivo dos menores envolvidos para que possuam uma infância e adolescência plena e tenham
todos os direitos a eles assegurados realizados. Por estes diversos fatores aumentaram significativamente os casos
de divórcio. O término de uma fase da vida pode acarretar muitas consequências, muitas vezes se tornam mais
intensas quando envolvem descendentes frutos destes relacionamentos. Um dos maiores problemas enfrentados
com a dissolução familiar são os casos de alienação parental.

A alienação parental trata de um fenômeno antigo que está em constante discussão e evolução, uma vez que o
instituto da família tem se modificado ao longo dos tempos e apesar da grande variedade de informações, as
consequências de tal fenômeno são cada vez mais severas à criança e ao genitor alienado. Desde a promulgação da
lei nº 12.318 em 26 de agosto 2010, a alienação parental vem sendo um assunto bastante discutido em nosso
cotidiano, pois traz novos desafios ao direito da família na tangente que também abrange os direitos da criança e do
adolescente. A mudança da mencionada lei acarretou um equilíbrio nos direitos e deveres dos genitores, trazendo
direitos iguais para o sustento e educação dos filhos.

A Alienação Parental é uma campanha difamatória executada pelo alienador com intuito de afastar os filhos do
alienado, enquanto que a Síndrome da Alienação Parental consiste nos problemas comportamentais, emocionais e
em toda desordem psicológica que surge na criança ou adolescente após o distanciamento e a desmoralização do
genitor alienado. A alienação parental, entre outras violações, ofende o princípio à dignidade da pessoa humana, e
em especial, ao direito individual fundamental da personalidade da criança e do adolescente de partilhar uma
convivência saudável com ambos os genitores.
2. ALIENAÇÃO PARENTAL

2.1 Conceito de alienação parental:

Conceituada na década de 1980 por Richard Gardner, a síndrome da Alienação Parental é um fenômeno presente
nas famílias, e se trata de um tópico bastante discutido devido seus efeitos psicológicos e emocionais negativos
dentro das relações entre pais e filhos. A Síndrome da Alienação Parental surgiu e evoluiu com o aumento na
quantidade de divórcios. O problema inicia após o divorcio, quando o ex-cônjuge por algum motivo não aceita o fim,
e o luto não acontece da maneira esperada. O apego exagerado ao outro pode mexer com os aspectos psicológicos e
mental de quem está incluso na separação, incluindo os filhos.

A Alienação parental surge quando a constante disputa entre o os pais no litígio conjugal acaba refletindo no filho,
de modo que, usam a criança a fim de defender apenas os seus próprios interesses. Nesse contexto, começam a
averiguar condutas negativas do menor em relação ao genitor alienado, e a principal consequência é o afastamento
entre o cônjuge e a criança. O desejo e os sentimentos da criança são deixados de lado e os menores se encontram
em um conflito, sem saber ao certo no que acreditar ou a quem recorrer. Na maioria dos casos, o filho se alia ao
alienador, pois em regra é quem detêm a guarda e o maior contato com a criança. Isto cria um terreno fértil para
que a alienação parental floresça e traga consequências ainda mais severas na vida da criança ou do adolescente.

Trindade (2010) relata que o filho passa a ser utilizado como instrumento de agressividade, pode ser induzido ao
afastamento de quem o mesmo ama e de quem também o ama, gerando contradição de sentimentos e destruição
do vínculo entre ambos. No qual, nenhum cônjuge leva em consideração e se preocupa de fato com o sentimento do
filho. Isso se desenvolve a partir do momento em que um dos genitores passa a infiltrar e estimular a mente da
criança de maneira negativa, com fatos que não aconteceram, ou ainda que aconteceram de maneira diferente da
forma contada, no qual reflete em falsas memórias da criança envolvida, sem que, ao menos, seja percebida na
relação conflituosa e faz com que a criança passe a acreditar nos fatos contados por esse genitor, afim de
enfraquecer o vínculo e denigrir a imagem do outro com a criança.

Vale mencionar que tal manipulação não é restrita apenas aos genitores, podendo ser praticada por avós, tios ou
qualquer pessoa que detenha a guarda ou vigilância da criança ou adolescente. A Síndrome de Alienação Parental
constitui uma forma grave de abuso contra a criança, contra a pessoa do alienado e contra a família. Segundo
Fagundes e Conceição (2013), a Síndrome da Alienação Parental se trata de um transtorno psicológico que pode
atingir crianças, adolescentes e até mesmo o alienador, pois ele acredita naquilo que implanta na cabeça dos
menores. Assim, os pais ou responsáveis atuam na figura de opressores, que não aceitam a convivência ou o contato
de seu filho com o outro genitor, de modo que, desmoralizam a parte alienada e fazem com que o menor crie falsas
memórias e ódio em consideração ao outro genitor.

A Síndrome de Alienação parental é um artifício usado pelos pais na disputa da guarda. Em 26 de agosto de 2010, foi
aprovada a Lei de Alienação Parental, número 12.318. A lei prevê medidas como o acompanhamento psicológico e a
aplicação de multa, a inversão de guarda, e até mesmo a suspensão e perda do poder familiar.

Freitas complementa dizendo que a Alienação Parental:

Trata-se de um transtorno psicológico caracterizado por um conjunto sintomático pelo qual um genitor, denominado cônjuge
alienador, modifica a consciência de seu filho, por estratégias de atuação e malícia (mesmo que inconscientemente), com o
objetivo de impedir, obstaculizar ou destruir seus vínculos com o outro genitor, denominado cônjuge alienado. Geralmente, não
há motivos reais que justifiquem essa condição. É uma programação sistemática promovida pelo alienador para que a criança
odeie, despreze ou tema o genitor alienado, sem justificativa real (FREITAS, 2014, p. 25).
2.2 Alienação parental e síndrome da alienação parental (SAP)

O Strucker (2014) cita que a Síndrome da Alienação Parental e a alienação parental de que se fala no mundo jurídico
são conceitos que estão ligados, porém não devem ser confundidos. Dessa forma, Fonseca (2009) assim diferencia
os dois termos:

“A síndrome da alienação parental não se confunde, portanto, com a mera alienação parental. Aquela geralmente é decorrente
desta, ou seja, a alienação parental é o afastamento do filho de um dos genitores, provocado pelo outro, via de regra, o titular
da custódia. A síndrome, por seu turno, diz respeito às sequelas (sic) emocionais e comportamentais de que vem a padecer a
criança vítima daquele alijamento. Assim, enquanto a síndrome refere-se à conduta do filho que se recusa terminante e
obstinadamente a ter contato com um dos progenitores e que já sofre as mazelas oriundas daquele rompimento, a alienação
parental relaciona-se com o processo desencadeado pelo progenitor que intenta arredar o outro genitor da vida do filho. Essa
conduta – quando ainda não dá lugar à instalação da síndrome – é reversível e permite – com o concurso de terapia e auxílio do
Poder Judiciário – o restabelecimento das relações com o genitor preterido.7 Já a síndrome, segundo estatísticas divulgadas por
DARNALL, somente cede, durante a infância, em 5% (cinco por cento) dos casos.”

Para compreender sobre Alienação Parental é necessário identificar todos os agentes ativos e passivos. Por
exemplo, o genitor alienador encontra-se na figura do agente ativo da alienação, aquele que detém a guarda do
filho e, o agente passivo é o genitor alienado, que se encontra na figura de vítima da alienação, junto a criança ou
adolescente. O alienador provoca o afastamento intencional de um dos pais da vida do menor por meio de
comportamentos específicos e silenciosos.

Dessa forma, a criança vira um instrumento de vingança do genitor que detém a guarda e é coagida a amar apenas
um dos pais, apresentando, a princípio, obstáculos ao convívio entre ambos, distorcendo fatos relativos às partes e
manipulando a realidade de uma forma mais conveniente a ela. A alienação Parental configura descumprimento dos
deveres inerentes à autoridade parental e precisa ser identificada para tomar efetivo o comando constitucional que
assegura às crianças e aos adolescentes, proteção integral com absoluta prioridade.

A definição legal de Alienação Parental está prevista no artigo 2º da Lei 12.318/2010, que dispõe:

“Considera-se ato de alienação parental a interferência na formação psicológica da criança ou do adolescente promovida ou
induzida por um dos genitores, pelos avós ou pelos que tenham a criança ou adolescente sob a sua autoridade, guarda ou
vigilância para que repudie genitor ou que cause prejuízo ao estabelecimento ou à manutenção de vínculos com este.”

Para distinguir os dois termos é possível dizer que Alienação Parental consiste em uma campanha difamatória feita
pelo alienador com a intenção de afastar os filhos do alienado, e a Síndrome da Alienação Parental consiste em
problemas comportamentais, emocionais e em toda desordem psicológica que surge na criança após o afastamento
e a desmoralização do genitor alienado. Então pode-se dizer que Alienação Parental e a Síndrome da Alienação
Parental se complementam, ou seja, a Alienação Parental é o processo, a conduta do genitor ou do terceiro
alienante, a prática de desmoralização, de desconstituição da imagem do genitor alienado e a implantação de
realidades inverídicas, na mente do menor, com a finalidade de retirar o direito à convivência familiar entre o
genitor e a criança alienada.

A SAP é mais do que uma lavagem cerebral, pois inclui fatores conscientes e inconscientes que motivariam um genitor a conduzir
seu filho ao desenvolvimento de tal síndrome, além da contribuição ativa desse na difamação do outro genitor. Para o psiquiatra
a síndrome destaca a figura materna como a principal alienadora à SAP. Ele ainda faz analogias a um tipo de programação
cerebral referindo-se assim, a um sistema operacional que o alienador implanta na criança, de modo que, a relação que se
estabelece entre o genitor e a criança às instruções (software) que são inseridas em dispositivos (hardware) que constituem o
computador. No caso de pessoas, as instruções ficam gravadas em seus circuitos cerebrais e poder ser recuperadas pelo
programador e pela própria pessoa, que se expressará por meio de atos, verbalizações, julgamentos, etc”(GARDNER, 2002).

Para a caracterização da síndrome é fundamental a contribuição da criança em difamar o genitor alienado, além de
apresentar o desrespeito e a importunação à um dos pais. Assim, a criança responde de tal modo à programação por
parte de um dos pais, que demonstra completa amnésia às experiências positivas vividas anteriormente com o
genitor alienado. Ele ainda define que o diagnóstico da SAP é realizado a partir dos sintomas exibidos pela criança,
embora reconheça que há um problema que envolve a família. Ele prioriza, assim, a avaliação individual,
classificando um genitor como “programador” ou “alienador”, o outro como “alienado”, e um ou mais filhos que
apresentem os sintomas da síndrome como “alienado(s)”, não diferenciando do termo anterior.

A situação mais frequente da Síndrome da Alienação Parental está associada à ruptura do casamento, e com a
insatisfação que pode causar entre os genitores, ou por parte de um deles, um sentimento de ódio, de inimizade que
desencadeia um processo de destruição, vingança, desmoralização e descrédito do ex-cônjuge. Nesse processo
vingativo, o filho é utilizado como instrumento da agressividade direcionada ao parceiro.

Praticamente tem sido identificada como uma forma de negligência contra os filhos, um abuso que se evidencia de
característica pouco convencionais de visibilidade, sua detecção costuma ser difícil e demorada, pois acaba
aparecendo aos poucos e a criança faz com que se torne algo natural a forma como demonstra os sentimentos
implantados por um dos genitores, assim, a síndrome muitas vezes somente é percebida quando já se encontra em
uma etapa avançada, na qual já ultrapassou apenas as memórias da criança e se tornou o sentimento de ódio.

Gardner (2020) lista os seguintes sintomas:

1. Uma campanha denegritória contra o genitor alienado; 2. Racionalizações fracas, absurdas ou frívolas para a
depreciação; 3. Falta de ambivalência; 4. O fenômeno do “pensador independente”; 5. Apoio automático ao genitor
alienador no conflito parental; 6. Ausência de culpa sobre a crueldade a e/ou a exploração contra o genitor alienado;
7. A presença de encenações ‘encomendadas’; 8. Propagação da animosidade aos amigos e/ou à família extensa do
genitor alienado.

O aparecimento de sintomas varia de acordo com o grau em que a criança está da síndrome. Em casos mais leves
é possível que não estejam evidentes sintomas, nos casos moderados ocorre o aparecimento de apenas alguns e em
situações mais severas, os sintomas ficam em evidência e as observâncias são de todos eles:

Como é verdadeiro em outras síndromes, há na SAP uma causa subjacente específica: a programação por um genitor alienante,
conjuntamente com contribuições adicionais da criança programada. É por essas razões que a SAP é certamente uma síndrome,
e é uma síndrome pela melhor definição médica do termo. Ao contrário, a AP não é uma síndrome e não tem nenhuma causa
subjacente específica. Nem os proponentes do uso do termo AP alegam que seja uma síndrome. Realmente, a SAP pode ser vista
como um grupo de síndromes, que compartilham do fenômeno da alienação da criança de um genitor. Referir-se à AP como um
grupo de síndromes levaria necessariamente à conclusão de que a SAP é uma das subsíndromes sob a rubrica da AP e
enfraqueceria desse modo o argumento daqueles que alegam que a SAP não é uma síndrome (GARDNER, 2002).

Diante disso, pode-se dizer que a Síndrome de Alienação Parental faz relação com as formas emocionais e as ações
comportamentais que são provocadas nas crianças e adolescentes, por parte do genitor alienador, fazendo com que
infelizmente as crianças sejam vítimas desse processo. Assim, podem-se considerar estas como sendo as sequelas
que são deixadas pela alienação parental.
2.3 Síndrome da Alienação Parental (SAP):

A Síndrome da Alienação Parental foi conceituada em meados da década de 80 pelo psiquiatra norte-americano
Rychard Gardner como sendo um distúrbio infantil que surge, principalmente, em contextos de disputa pela posse e
guarda dos filhos. É observada por meio de uma campanha de difamação que a criança realiza contra um dos
genitores, sem que haja justificativa para isso. Segundo Gardner, essa síndrome resulta da programação da criança,
por parte de um dos pais, para que rejeite e odeie o outro, somada à colaboração da própria criança. Em seu livro o
“Alienação Parental Sob a Perspectiva do Direito à Convivência Familiar”, Guardner explica:

“A SAP é mais do que uma lavagem cerebral, pois inclui fatores conscientes e inconscientes que motivariam um genitor a
conduzir seu filho ao desenvolvimento de tal síndrome, além da contribuição ativa desse na difamação do outro genitor. Para o
psiquiatra a síndrome destaca a figura materna como a principal alienadora à SAP. Ele ainda faz analogias a um tipo de
programação cerebral referindo-se assim, a um sistema operacional que o alienador implanta na criança, de modo que, a
relação que se estabelece entre o genitor e a criança às instruções (software) que são inseridas em dispositivos (hardware) que
constituem o computador. No caso de pessoas, as instruções ficam gravadas em seus circuitos cerebrais e poder ser recuperadas
pelo programador e pela própria pessoa, que se expressará por meio de atos, verbalizações, julgamentos, etc”(GARDNER,
2002).

Para a caracterização da síndrome é fundamental a contribuição da criança em difamar o genitor alienado, além de
apresentar o desrespeito e a importunação à um dos pais. Gardner prioriza, assim, a avaliação individual,
classificando um genitor como “programador” ou “alienador”, o outro como “alienado”, e um ou mais filhos que
apresentem os sintomas da síndrome como “alienado”, não diferenciando do termo anterior. A situação mais
frequente da Síndrome da Alienação Parental está associada à ruptura do casamento, e com a insatisfação que pode
causar entre os genitores, ou por parte de um deles, um sentimento de ódio, de inimizade que desencadeia um
processo de destruição, vingança, desmoralização e descrédito do ex-cônjuge.

Nesse processo vingativo, o filho é utilizado como instrumento da agressividade direcionada ao parceiro.
Praticamente tem sido identificada como uma forma de negligência contra os filhos, um abuso que se evidencia de
característica pouco convencionais de visibilidade, sua detecção costuma ser difícil e demorada, pois acaba
aparecendo aos poucos e a criança faz com que se torne algo natural a forma como demonstra os sentimentos
implantados por um dos genitores, assim, a síndrome muitas vezes somente é percebida quando já se encontra em
uma etapa avançada, na qual já ultrapassou apenas as memórias da criança e se tornou o sentimento de ódio.
Gardner (2020) lista os seguintes sintomas:

Uma campanha denegritória contra o genitor alienado; 2. Racionalizações fracas, absurdas ou frívolas para a
depreciação; 3. Falta de ambivalência; 4. O fenômeno do “pensador independente”; 5. Apoio automático ao genitor
alienador no conflito parental; 6. Ausência de culpa sobre a crueldade a e/ou a exploração contra o genitor alienado;
7. A presença de encenações ‘encomendadas’; 8. Propagação da animosidade aos amigos e/ou à família extensa do
genitor alienado.

O aparecimento de sintomas varia de acordo com o grau em que a criança está da síndrome. Em casos mais leves é
possível que não estejam evidentes sintomas, nos casos moderados ocorre o aparecimento de apenas alguns e em
situações mais severas, os sintomas ficam em evidência e as observâncias são de todos eles:

“Como é verdadeiro em outras síndromes, há na SAP uma causa subjacente específica: a programação por um genitor alienante,
conjuntamente com contribuições adicionais da criança programada. É por essas razões que a SAP é certamente uma síndrome,
e é uma síndrome pela melhor definição médica do termo. Ao contrário, a AP não é uma síndrome e não tem nenhuma causa
subjacente específica. Nem os proponentes do uso do termo AP alegam que seja uma síndrome. Realmente, a SAP pode ser vista
como um grupo de síndromes, que compartilham do fenômeno da alienação da criança de um genitor. Referir-se à AP como um
grupo de síndromes levaria necessariamente à conclusão de que a SAP é uma das sub síndromes sob a rubrica da AP e
enfraqueceria desse modo o argumento daqueles que alegam que a SAP não é uma síndrome” (GARDNER, 2002).

Diante disso, pode-se dizer que a Síndrome de Alienação Parental faz relação com as formas emocionais e as ações
comportamentais que são provocadas nas crianças e adolescentes, por parte do genitor alienador, fazendo com que
infelizmente as crianças sejam vítimas desse processo. Assim, podem-se considerar estas como sendo as sequelas
que são deixadas pela alienação parental.

2.4 MEDIDAS DE PREVENÇÃO A SAP (SÍNDROME DE ALIENAÇÃO PARENTAL):

Indo de encontro ao propósito de proteger a integridade e assegurar o direito fundamental à saudável à saudável
convivência familiar das crianças e adolescentes, em 26 de agosto de 2010 foi sancionada a Lei 12.318 que dispõe
sobre a Alienação Parental conceituando e determinando providências judiciais para assegurar os direitos desse
grupo. O judiciário pode intervir sobre a situação, promovendo medidas como afastamento do convívio materno ou
paterno, mudar a guarda e o direito de visita ou até impedir a visita. Em últimos casos, pode destituir ou suspender o
exercício do poder parental. Ao discorrer sobre a síndrome da alienação parental, pontua Gonçalves (2017, p. 337)
que a lei fortaleceu o direito fundamental à convivência família, reforçando o Estatuto da Criança e do Adolescente
no tocante ao convívio com ambos os pais.

O Judiciário intervirá, quando legitimamente provocado, para zelar pela sadia convivência entre os pais e filhos,
podendo utilizar de perícia social e psicológica, acerca do caso, para uma adequada identificação da existência e
intensidade da alienação e assim determinar a medida mais apropriada para o bem-estar da criança ou adolescente
e do genitor atingido. (REIS e REIS, 2010, p. 57). O professor Douglas Phillips Freitas em coautoria com a advogada
Graciela Pellizzaro (2010, p. 32) advertiu que geralmente os indícios de alienação parental são apresentados
somente após a descoberta de denúncias graves, como abuso sexual, que por vezes são fraudulentas em ações de
modificações de guarda ou suspensão de período de convivência.

O magistrado, ainda que desconfie da veracidade das informações, deve prezar pelo melhor interesse do menor
dando tutela necessária para evitar maiores danos ante a possível veracidade da acusação. É recomendável que se
mantenha o convívio com o genitor acusado, possivelmente alienado, podendo fixar período de convivência assistido
ou restringir o convívio a locais públicos, como shoppings e praças, até que se verifique a veracidade da acusação.
Quando houver indício de alienação parental, será determinada pelo juiz uma perícia a ser realizada por equipe
multidisciplinar em até 90 dias.

Contudo, uma apreciável medida intermediária demonstra eficácia ampliando a convivência com o genitor/vítima e
considerando o bem-estar da criança, que é o acompanhamento biopsicossocial de toda a família. Até porque,
muitas vezes o alienador também carece de cuidados profissionais específicos para trabalhar seus sentimentos e
comportamentos com o viés psicológico, o que presumivelmente proporcionará a todos uma convivência familiar
mais saudável. (REIS e REIS, 2010 p. 58-59). Nota-se, que não pode o Poder Público, por meio do Judiciário, somente
censurar o alienador com punição e afastamento da criança, pois esta o ama e não será feliz com seu flagelo. Em
suma, é necessário que todos, família, advogados, peritos, Ministério Público e Poder Judiciário, estejam atentos aos
direitos do genitor alienado, sem deixar de priorizar a integridade psicológica da criança afetada, pois esta é a
finalidade do ordenamento de proteção à infância e à juventude, aperfeiçoado pela Lei 12.318/2010.
2.5 LEI DE N° 12.318/2010:

A lei 12.318/2010 denominada como legislação específica da Alienação parental teve originalidade pelo projeto de
lei número 4053/2008, trouxe como objetivo inibir a alienação parental bem como os atos que dificultassem o
efetivo convívio entre o menor e os genitores, além da criminalização de alguns atos praticados pelo alienador. O
legislador teve como principal objetivo tentar inibir a pratica e além disso, de mostrar a gravidade que pode causar
na vida da criança e do genitor alienado em face do convívio entre eles. A legislação direciona a uma interpretação
que busca a proteção do melhor interesse da criança, bem como objetiva a manutenção dos vínculos afetivos do
menor com seus pais.

Ademais, destarte, no tocante às questões indenizatórias, o Estatuto da Criança e do Adolescente já informa a


obrigatoriedade da integral proteção ratificada na Lei da Alienação Parental como um de seus escopos, permitindo
que se tomem todas as medidas necessárias para tanto. Dessa forma, levando em consideração a necessidade de
garantir a aplicação do princípio do melhor interesse da criança e do adolescente, tornou-se inevitável o
reconhecimento da alienação parental como um problema concreto a ser enfrentado pelo judiciário. O Projeto de
Lei revela a importância que a expressão “alienação parental” trará para o ordenamento jurídico brasileiro.
Identificar a alienação parental a tempo, a fim de que a convivência familiar entre pai/filho ou mãe/filho sequer seja
rompida. Essa é uma das formas de respeitar o preceito constitucional consubstanciado no princípio do melhor
interesse da criança e do adolescente, de maneira a assegurar, com prioridade absoluta, irrestrita relação paterno-
materno-filial.

A lei dispõe da caracterização de situações em que possa existir a alienação parental, num rol exemplificativo, além
de configurar que esta pode ser promovida por avós ou qualquer pessoa que seja detentor de guarda ou vigilância
da criança. Para que a caracterização ocorra é necessário no mínimo três pessoas: o alienador, o alienado e a
criança, considerada vítima do processo de alienação. No artigo 3º da lei a menção é a respeito do abuso moral em
que a criança/adolescente é submetida, quando instaurado atos da prática em que interfere na relação afetiva entre
a criança e o agente alienado, contrariando o princípio constitucional da proteção integral a criança, previsto no
artigo 227, CF, o qual descreve que as crianças e adolescentes têm direitos a uma relação saudável e à boa
convivência familiar.

A alienação parental, uma vez configurada, constitui abuso moral contra a criança ou adolescente e
descumprimento dos deveres inerentes à autoridade parental ou decorrentes de tutela ou guarda, criando rupturas
nas relações afetivas que dificilmente conseguem ser restabelecidas. A disposição do artigo 4°da lei discorre que ao
constatar a prática da alienação parental, cabe ao juiz fazer com que o processo correspondente tramite como
prioridade, ouvindo os dizeres do Ministério Público, assim determinando as medidas judiciais necessárias.

Dessa forma, o ato de alienação parental pode se declarado de ofício ou a requerimento das partes em qualquer
momento processual, numa ação autônoma ou incidentalmente, fazendo com que o magistrado assegure ao genitor
alienante e a criança a garantia da visitação assistida, desde que não viole a integridade física ou psicológica do
infante. O artigo 5° faz menção à realização de perícia mediante decisão judicial a respeito e evidência da prática de
alienação parental. Assim, nos casos em que fique evidenciada a prática ou que ainda haja indícios dela, serão
analisados por meio de uma perícia realizada por um profissional da área. A lei ainda estabelece critérios mínimos
para que a perícia seja realizada e para que haja consistência no laudo, com maior exigência e profundidade, e que
os profissionais capacitados tenham aptidão na identificação de casos de negligência ou falsas acusações.

O artigo 6° estipula medidas de cautela voltadas para os princípios constitucionais, de modo que, nos casos em que
fique evidenciada a alienação parental prevaleça o melhor interesse para a criança/adolescente. Assim, além do
legislador enfatizar a necessidade de uma boa convivência familiar, ele ainda prevê medidas que começam desde o
acompanhamento psicológico, até multa para o agente alienador, como a perda da guarda dos filhos no caso da
realização dos atos da SAP. O art. 6º da Lei de Alienação Parental traz, no inciso V, a possibilidade da aplicação da
Guarda Compartilhada como um dos instrumentos processuais como forma de inibir ou atenuar seus efeitos, assim,
é clara e notória e juridicamente aceita a possibilidade da Guarda Compartilhada ser dirigida como mecanismo de
combate à alienação, e quando esta estiver inviabilizada que seja aplicado outros regimes de guarda existentes.

Dessa forma, levando em consideração a necessidade de garantir a aplicação do princípio do melhor interesse da
criança e do adolescente, tornou-se inevitável o reconhecimento da alienação parental como um problema concreto
a ser enfrentado pelo judiciário, de modo que:

O Projeto de Lei revela a importância que a expressão “alienação parental” trará para o ordenamento jurídico brasileiro.
Identificar a alienação parental a tempo, a fim de que a convivência familiar entre pai/filho ou mãe/filho sequer seja rompida.
Essa é uma das formas de respeitar o preceito constitucional consubstanciado no princípio do melhor interesse da criança e do
adolescente, de maneira a assegurar, com prioridade absoluta, irrestrita relação paterno-materno-filial. Os preceitos legais
indicam que a CALISSI, J. G.; RAMOS, R. C. 291 ISSN 1982-1107 Revista de Ciências Jurídicas e Sociais da UNIPAR, v. 23, n. 2, p.
263-296, jul./dez. 2020 desunião dos pais não é causa de suspensão ou extinção do poder parental (BARBEDO, 2009, p.160).

O artigo 7° da lei trata-se da modalidade de guarda dos filhos, de modo que, a preferência em casos de alienação
parental é a guarda compartilhada e no caso da inviabilidade dessas, fica estipulado as outras modalidades
existentes. O processo de fixação do regime de guarda é comum com a dissolução do casamento de modo que, o
alicerce para a imposição deve visar o princípio do melhor interesse do menor. A competência exposta no artigo 8°
da lei para o exercício da jurisdição quanto à alienação parental é de natureza absoluta, fixada por matéria, assim,
não é dado às partes a sua modificação, podendo ser alegada a qualquer tempo e grau de jurisdição, devendo ser
reconhecida pelo juiz. Por outro lado, a guarda compartilhada, que é um procedimento em que as decisões sobre a
vida da criança são tomadas em conjunto pelos pais, pode apresentar-se como instrumento para a equalização das
questões envolvidas na Alienação Parental. A Guarda Compartilhada é a realização conjunta do poder familiar com o
escopo de manter entre pais e filhos uma convivência participativa e contínua, de modo que, não haverá lugar para a
instalação da Alienação Parental, sem violar a Constituição Federal reafirmando assim a igualdade parental desejada
pela CF e pontuando seu argumento primordial do melhor interesse das crianças e adolescentes.

Nas palavras de Elizio Luiz Peres, Juiz do Trabalho em São Paulo, e um dos maiores estudiosos do tema da
alienação parental no Brasil e foi o responsável pela consolidação do anteprojeto que deu origem à lei sobre a
alienação parental (Lei 12.318/10):

A lei pretendeu definir juridicamente a alienação parental, não apenas para afastar a interpretação
de que tal, em abstrato, não existe, sob o aspecto jurídico, mas também para induzir exame
aprofundado em hipóteses dessa natureza e permitir maior grau de segurança aos operadores do
Direito na eventual caracterização de tal fenômeno. É relevante que o ordenamento jurídico
incorpore a expressão alienação parental, reconheça e iniba claramente tal modalidade de abuso,
que, em determinados casos, corresponde ao próprio núcleo do litígio entre ex-casal. O texto da lei,
nesse ponto, inspira-se em elementos dados pela Psicologia, mas cria instrumento com disciplina
própria, destinado a viabilizar atuação ágil e segura do Estado em casos de abuso assim definidos.
3- ESPÉCIES DE GUARDA E SUA CORRELAÇÃO COM A ALIENAÇÃO PARENTAL

O ordenamento brasileiro informa que a expressão guarda serve para uma dualidade de regimes jurídicos
distintos: a guarda dos filhos e a guarda de terceiros. O termo “guarda” pode acarretar no entendimento vinculado a
um objeto, quando estamos tratando de um sujeito de direitos que é a criança ou adolescente, portanto seria mais
adequado utilizar a expressão convivência familiar. O direito à convivência é recíproco, pais e filhos são titulares.
Apesar de a lei cuidar da guarda dos filhos em distintas oportunidades, quando se trata do reconhecimento dos
filhos havidos fora do casamento, artigos 1.611 e 1.612 do Código Civil, os dispositivos não observam a doutrina da
proteção integral, tampouco o que o Estatuto da Criança e do Adolescente dita sobre o melhor interesse. No tocante
a proteção dos filhos, os artigos 1.583 a 1.590 do Código Civil definem o que é guarda unilateral e compartilhada.

Em 2008 entrou em vigor a Lei n. 11.698/08, que disciplinou a guarda compartilhada, alterando o Código Civil e
deixando muito claro que a preferência é por esse tipo de guarda em oposição à guarda unilateral, e que mesmo
quando fosse o caso de se determinar a última, isso não eximia o genitor não guardião dos seus deveres para com o
filho nem lhe retirava os direitos decorrentes da parentalidade. Assim, à época, a lei já dava inequívoca prioridade à
guarda compartilhada, utilizada pelo judiciário como ferramenta para combater a alienação parental e resguardar os
direitos reservados ao menor.

Considerando o que é levado em conta o melhor interesse da criança ou adolescente com o propósito de garantir
sua integral felicidade na escolha da guarda. Os melhores interesses são encontrados nas diretrizes constitucionais
dos direitos fundamentais das crianças e adolescentes e também no Estatuto da Criança e do Adolescente. Todavia,
tal critério só adquire eficácia quando ocorre a análise da situação fática, observando os elementos objetivos e
subjetivos, tendo a jurisprudência, inclusive, identificado algumas tendências referentes às relações afetivas da
criança e sua inserção no grupo social, como o apego ou a indiferença relacionada a um dos genitores, ou mesmo o
cuidado para não separar irmãos; as condições materiais; o vínculo afetivo entre o pai e o filho, seu círculo de
amizades, entre outros fatores.

Mesmo com os pais deixando de viver sob o mesmo teto, a unidade familiar persiste e torna-se necessário definir a
distribuição do tempo de convívio com os filhos de forma equilibrada. Existindo ou não possíveis conflitos entre os
genitores são indispensáveis que conste o que foi acordado em relação à guarda e à visitação. Uma vez que o
rompimento do vínculo familiar não deve comprometer a continuidade da convivência dos filhos com ambos. Eles
não podem se sentir objeto de vingança, em vista dos ressentimentos dos genitores e sofrerem consequências da
decisão dos pais. Diante do cenário de conflitos entre os pais que estão se separando e com o olhar voltado à
criança, surge a Lei da Alienação Parental (12.318/10) indicando a guarda compartilhada como prioridade, no inciso
V do art. 6º e art. 7º.18 A preferência por esse tipo de guarda é nítida quando em audiência o juiz informa aos pais o
significado e a importância da guarda compartilhada. Se ambos os genitores estiverem aptos a exercer o poder
familiar, é aplicada a guarda compartilhada.

3.1 GUARDA UNILATERAL

A guarda unilateral é aquela atribuída a um só dos genitores ou a alguém que o substitua. Enquanto um dos
genitores tem a guarda, o outro tem a regulamentação das visitas. No entanto, a lei 11.698 busca incentivar a guarda
compartilhada, podendo ser solicitada por qualquer dos genitores ou até mesmo por ambos, ou ainda, ser decretada
de ofício pelo juiz em busca de atender as necessidades do filho.

A exclusividade da guarda deferida a um dos genitores decorre do consenso entre de ambos, conforme art. 1.584, I
do Código Civil22 ou quando um deles declarar ao juiz que não tem interesse na guarda compartilhada. Outro caso
em que é aplicada é quando o filho é reconhecido por apenas um dos pais, geralmente a mãe, onde a guarda se dá
unilateralmente a quem o reconheceu, constituindo-se assim a família monoparental.
Há também alguns parâmetros para definir qual genitor oferece as melhores condições para exercer a guarda
unilateral. Ela será concedida àquele que oferecer os seguintes fatores: afeto nas relações com o genitor e com o
grupo familiar; saúde e segurança; e educação, conforme Código Civil, art. 1.583, § 2º. Cabe ao juiz considerar a
solução mais favorável para atingir o melhor interesse da criança, inclusive observando outros aspectos como
dignidade, respeito, lazer, esporte, profissionalização, alimentação, cultura, entre outros.

Outra análise necessária de se promover é que a guarda unilateral, por favorecer a ausência na maior parte do
tempo do genitor não guardião, viabiliza esse fator como instrumento propício a quem pretende alienar. A alienação
parental é obtida por meio de um trabalho incessante, por vezes, silencioso ou não explícito. O pai ou a mãe que
praticam atos de alienação geralmente organizam, no dia e horário coincidentes com os das visitas, atividades que
os filhos gostam, criam justificativas para impedir que a criança ou adolescente mantenha contato com o genitor
alienado por meio da internet ou telefone, dizendo até que os filhos se encontram doentes, controlam
excessivamente a duração das visitas, boicotam com várias ligações para os filhos enquanto estão na presença do
genitor alienado, utiliza de vários artifícios para interferir ou mesmo impedir o contato deste com a prole.

3.2 GUARDA ALTERNADA.

A guarda alternada é uma modalidade unilateral e monoparental, em que há desempenho exclusivo da guarda por
período predeterminado, podendo ser anual, semestral, mensal ou semanal. Nesse caso, a criança ou adolescente
terá uma pluralidade de domicílios. Durante os períodos determinados, ocorre a transferência total da
responsabilidade do filho. Por exemplo, a mãe seria responsável pela criança na semana em que estivesse com ela, e
o pai igualmente em seu turno. Aqui se compartilha a presença física da criança que convive alternadamente em
frequência diária, semanal, mensal ou anual com cada pai. Nessa modalidade, a guarda jurídica acompanha cada um
dos genitores exclusivamente nos períodos em que o menor estiver sob sua companhia e vigilância. Cada genitor, na
sua vez, exerce com exclusividade a guarda física e jurídica, alternando-se no poder parental.

Alguns autores, como por exemplo, Silvana Maria Carbonera considera que a guarda alternada não é recomendada,
pois pode inferir na perda de referencial de família, em virtude das mudanças que a criança está sujeita no seu
cotidiano. A constante troca de casas pode ser prejudicial ao equilíbrio do filho, pois afeta a estabilidade para seu
completo desenvolvimento. Ademais, os filhos de pouca idade possuem dificuldade de adaptação, enquanto que os
filhos jovens aproveitam as trocas de residência para escapar de conflitos quando não conseguem o que querem do
genitor que está com a guarda naquele momento. (CARBONERA, 1999, p. 124). A inclusão da criança no novo arranjo
familiar de cada um de seus pais é promovida por meio da convivência igualitária com cada um deles. Com enfoque
no melhor interesse da criança, a guarda alternada obstaculiza a alienação parental e intensifica a relação jurídica de
direito material triangular entre pai - filho - mãe. Justamente por conviver com ambos os genitores, a criança não
sofrerá com a questão de lealdade em face de um dos pais. (SILVA, 2013, p. 251).

Seguindo esse viés, outro motivo desse modelo de guarda não agradar a todos é que alguns consideram que ele
fere o princípio do melhor interesse da criança e do adolescente devido às diversas mudanças, separações e
reaproximações acarretando numa instabilidade emocional dos mesmos. Diferentemente da guarda compartilhada,
a alternância de resistências é um requisito na guarda alternada, enquanto na modalidade compartilhada os filhos
possuem uma residência fixa. A inclusão da criança no novo arranjo familiar de cada um de seus pais é promovida
por meio da convivência igualitária com cada um deles. Com enfoque no melhor interesse da criança, a guarda
alternada obstaculiza a alienação parental e intensifica a relação jurídica de direito material triangular entre pai -
filho - mãe. Justamente por conviver com ambos os genitores, a criança não sofrerá com a questão de lealdade em
face de um dos pais.
3.2 GUARDA COMPARTILHADA.

A definição de guarda compartilhada é determinada pelo Código Civil, art. 1.583, § 1o: “a responsabilização conjunta
e o exercício de direitos e deveres do pai e da mãe que não vivam sob o mesmo teto, concernentes ao poder familiar
dos filhos comuns”. (LÔBO, 2016, p. 137). A Lei n. 13.058/2014 instituiu a obrigatoriedade da “guarda
compartilhada”, que somente é substituída pela guarda unilateral quando um dos genitores declarar ao juiz “que
não deseja a guarda do menor”. Seu intuito é a divisão equilibrada do tempo de convívio com os filhos. Os
questionamentos sobre as dificuldades em relação aos conflitos emergentes da separação foram ignorados pela
legislação, que impôs ao juiz a observância a essa obrigatoriedade.

A guarda compartilhada caracteriza-se pelo exercício integral da guarda entre os pais em igualdade de condições e
de direitos sobre os filhos, onde participam ativa e equitativamente dos cuidados pessoais e assim concretizam o
princípio da corresponsabilidade parental. Além disso, é uma tentativa de evitar que a dissolução da relação afetiva
dos pais reverbere sobre a relação paterno-filial. O compartilhamento da guarda tem por objetivo a igualdade na
decisão em relação ao filho ou corresponsabilidade, em todas as situações existenciais e patrimoniais. É aconselhado
que os pais mantivessem as mesmas divisões de tarefas que detinham quando conviviam, acompanhando
conjuntamente a formação e desenvolvimento do filho. A comunicação fluente e permanente entre os pais
separados e seus filhos, por meio da tecnologia da informação e comunicação, pode contribuir com a formação
afetiva e cognitiva da criança, mais que os períodos de visitas.

Os pais devem tomar decisões harmoniosas, se empenhando nos cuidados básicos e complementares, podendo
delegar poderes, aceitar sugestões e quando necessário, ratificar medidas indicadas pelo ex-cônjuge ou sugerir
outras melhores sem fomentar crises. A guarda compartilhada deve ser compreendida como o coexercício dos pais
sobre a responsabilidade de um desenvolvimento mental saudável de seus filhos comuns, inclusive podendo ser
redobrada em detrimento da separação dos pais. Ela é expressão do princípio de corresponsabilidade familiar,
implicando sobre as atribuições referentes à vida diária do filho. Contudo, ainda que seja desejável e benéfica essa
relação pacífica entre os genitores, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) entendeu que não é indispensável o convívio
amigável entre os ex-cônjuges para o estabelecimento da guarda compartilhada, pois a prioridade em questão é o
interesse da criança.

Constata-se ainda, que o compartilhamento da guarda não elimina a obrigação alimentícia dos pais, pois
permanecem obrigados a colaborar materialmente para o sustento dos filhos, observados as devidas condições de
quem deve contribuir e dos gastos necessários com quem o filho reside. E mesmo com a convivência com os pais em
lares distintos, não significa a existência de dois domicílios. Assim, a criança ou adolescente terá um domicílio como
referência espacial, embora convivendo em dois lares diferentes.
3.4 – CASO CONCRETO – Alienação Parental e Disputa pela Guarda:

Segundo os dados do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), o número de processos abertos por alienação
parental cresceu 15% em todo Estado. Na maioria dos casos, são provocados pelos genitores ou parentes das
crianças ou adolescentes, a prática pode comprometer o relacionamento da família, e pode acarretar a perda da
Guarda da criança. Como amostra, narro o caso abaixo:

Há cinco anos, Alexandre, de 45 anos, que vive em São Paulo, alegou sofrer com a prática de alienação parental,
tendo como alienadora a mãe de seu filho. Ele conta que tudo começou durante a gravidez da sua ex-cônjuge, com
quem viveu por dois anos. “Já estávamos separados, mas nos encontramos e ficamos mais uma vez. Nessa saída, ela
acabou engravidando.” Conta que ela só contou a ele sobre a gravidez no terceiro mês de gestação. Visto isso, ele
arcou com as despesas do parto, mesmo separados sempre deu a ela todo o apoio, principalmente o financeiro. Até
que, no sétimo mês da gravidez, ela disse que o filho não era de Alexandre. Então, ele seguiu com a sua vida, até
que, com 20 dias da criança nascida, recebeu a ligação de uma amiga dela dizendo que era para Alexandre
reconhecer a criança

Alexandre mencionou que, ao chegar à casa da ex-cônjuge, logo soube que o bebê, hoje com 5 anos, era seu filho.
“Reconheci vários traços meus nele”. Ele afirma que ela não aceitou que ele registrasse o menino, então, ele entrou
na Justiça pedindo o reconhecimento da paternidade, e informou que resultado do exame de DNA demorou dois
anos para sair. De acordo com Alexandre, a ex-cônjuge moveu uma ação contra ele, alegando que ele nunca havia
ajudado com nada no que se referia à criança. Porém, Alexandre continha as cópias dos comprovantes, desde o
pagamento do parto até os recibos de tudo que comprou para ele: leites, fraldas, etc. A moça então, sempre o
chantageava financeiramente para poder ver o filho, e ele só podia vê-lo na porta da casa dela. Sua família também
não tinha contato com a criança. Diante disso, Alexandre decidiu entrar com um pedido na Justiça para ter a guarda
provisória do filho. O autor da acusação não conhecia o termo alienação parental na época, então ele achava que se
enquadrava como maus-tratos privar pai e a família paterna do convívio com a criança. Por este motivo, teve à ideia
de pedir a guarda provisória, para ter convivência com o filho e, na sequência, solicitar a guarda compartilhada.

Ele mencionou que o processo de alienação ficou mais intenso no momento em que ex-cônjuge teve ciência que
ele havia dado entrada ao processo, e então permitiu que a criança passasse um fim de semana com o pai. De
acordo com Alexandre, quando a criança retornou a casa da mãe, a ex-cônjuge desapareceu e, na mesma semana
em que isso ocorreu, ele recebeu uma intimação da polícia por estupro de vulnerável. Ou seja, a ex-cônjuge havia
ido à delegacia dizendo que ele tinha molestado o filho. Nessa época, a criança estava com 3 anos. Devido o
ocorrido, foi nesse momento que ele começou a se inteirar do que era alienação parental, estudou a síndrome, e
todos atos relacionados a ela, e então evidenciou que a vivência deles em sua vida. Alexandre compareceu à
delegacia, deu sua versão da história e soube que o exame do IML foi solicitado a mãe, porém não havia o laudo no
processo, apenas informações da médica declarando que não havia indícios de estupro e nem qualquer tipo de
violência, seja ela física ou psicológica. Devido a esta trama, o processo do pedido de guarda ficou parado por dois
anos. "Luto para manter o vínculo com meu filho, que hoje encontra-se completamente alienado e sofre com a
implantação de falsa memória. Não quero afasta-lo da mãe, acredito na guarda compartilhada, e é o que desejo
futuramente", comenta Alexandre e completa: "não existe tortura pior do que ser privado da convivência de um
filho. Isso é ruim para ambos e, com certeza, trará muitas consequências futuras."

O caso de Alexandre é só um dos exemplos do que passam muitos pais e mães. De acordo com a lei 12.318, de
2010, à qual o alienado (quem sofre alienação) deve recorrer, "considera-se ato de alienação parental a interferência
na formação psicológica da criança ou do adolescente promovida ou induzida por um dos genitores, pelos avós ou
pelos que tenham a criança ou adolescente sob a sua autoridade, guarda ou vigilância para que repudie genitor ou
que cause prejuízo ao estabelecimento ou à manutenção de vínculos com este". O filho é afastado do outro genitor
propositalmente? É alienação parental. A mãe ou o pai fala mal do outro genitor para o filho? É alienação parental. A
mãe ou o pai inventa mentiras para que o outro genitor não veja o filho, como 'nosso filho está doente', sendo que
ele está bem de saúde? É alienação parental.

Em geral, o que leva um pai ou uma mãe a ter esse tipo de conduta? Segundo a advogada Marina Magalhães, o
objetivo é "uma revanche, uma retaliação ao outro". “Mas ele busca essa sensação não só de controle, mas de
amparo. É como se ele fizesse com que os filhos tomassem partido, e gera essa sensação de que: 'não estou
sozinho', 'eu sou a vítima, mas tenho outra pessoa para me amparar'. Daí o filho acaba se tornando, consciente ou
inconscientemente, responsável por aquele genitor que ocupa a posição de vitimização”, explicam-se os estudos.
Ainda que existam pontos de veracidade nas argumentações (do alienador), a criança não tem que fazer parte disso.
No momento do divórcio, de litígio familiar, ela tem de ser protegida, acolhida e ouvida.. A alienação parental tem
muito a ver com a referência da criança com aquela pessoa, então, a intenção daquele que aliena é anular aquele
que é ou poderia ser uma referência para a criança.

Assim, é realizada uma perícia psicossocial, num processo que pode durar, em média, de 6 meses a 1 ano, em que
todos os envolvidos vão ser avaliados por psicólogos e assistentes sociais. O que pode acontecer, é do laudo vir no
alegando que a alienação acontece e não há mais o que fazer, ou a perícia perceba uma melhora e indique sessões
de terapia familiar, de mediação, alguma coisa para dar chance para aquele que aliena rever sua conduta. Para a
criança ou o adolescente que fica no meio dessa batalha, as consequências podem ser devastadoras.

Segundo o psicólogo Roberto Debski, diretor da Clínica Ser Integral, "a alienação parental é uma grave violência
feita contra a criança, e pode causar sequelas emocionais por toda a vida". "Pode comprometer os futuros
relacionamentos desta criança, abalar seu emocional, sua autoestima, confiança e amor próprio, por afastá-la do
convívio com uma das figuras parentais, mãe ou geralmente o pai, prejudicando o seu aprendizado emocional. Uma
criança que fica sem conhecer e vivenciar a função materna ou paterna não terá o referencial adequado desta para
atuar e se relacionar no mundo e isso trará reflexos posteriores em sua vida", avalia Debski. "Poderá ser um adulto
inseguro em seus relacionamentos, temeroso de compartilhar suas emoções e sentimentos, que terá uma péssima
imagem das relações afetivas e tenderá a repetir em suas próprias relações o modelo que aprendeu na primeira
interação afetiva em que participou, a de seus próprios pais."

A criança alienada constrói uma formação ideológica e simbólica deturpada acerca de um dos pais e isso prejudica
seus conceitos futuros de família e lar. Começa a apresentar um sentimento constante de raiva e ódio contra o
genitor alienado e sua família. Se recusa a dar atenção, visitar, ou se comunicar com o outro genitor. Guarda
sentimentos e crenças negativas sobre o outro genitor, que são inconsequentes, exageradas ou inverossímeis com a
realidade. Tudo isso noticia a maneira como enxerga o conceito de pai e mãe e vai interferir possivelmente na
maneira como vai estruturar seus conceitos de criação. Não existem estudos que avaliaram as consequências da
alienação parental a longo prazo, mas possivelmente é um fator que modifica conceitos e a estruturação da
personalidade a longo prazo.

No fim das contas, o adulto vítima dessa prática é, de fato, atingido. A figura parental alienada sofre por não
conseguir ter o contato e a convivência com seu filho, e essa é uma dor impossível de ser avaliada. Também se
sentirá injustiçado por ter seu filho usado contra si para que se faça uma vingança, e essa dor é profunda e
irreparável. Deve procurar ajuda psicológica e legal, a fim de tentar reverter a situação e superar da melhor maneira
a dor e o sofrimento.
4- DIREITOS ASSEGURADOS À CRIANÇA E AO ADOLESCENTE

A Lei n. 12.318 de 26 de agosto de 2010 dispõe especificamente sobre a alienação parental e suas consequências
jurídicas, tendo como objetivo fazer com que os atos de alienação parental sejam dificultados a fim de satisfazer o
princípio do melhor interesse da criança ou do adolescente, uma vez que a prática de atos de alienação parental
violam direitos fundamentais dos indivíduos envolvidos, notadamente o menor e o genitor alienado. Atos de
alienação parental como dificultar o contato do menor com o genitor, e mesmo a apresentação de falsas denúncias
para obstaculizar a convivência familiar plena da criança ou adolescente com membros da família, podem ter
consequências jurídicas para o alienador que vão desde simples advertência até a declaração de suspensão da
autoridade parental.

A previsão constitucional dos direitos das crianças e adolescentes está guardada no capítulo VII da Constituição
Federal, com destaque para o art. 227, e tem como base os direitos fundamentais. Inclui como dever da família,
sociedade e Estado a garantia à criança e ao adolescente de uma convivência familiar e comunitária, além de sua
proteção de qualquer tipo de violência e opressão. Entende-se, então, que essa priorização do bem estar do menor
não é mera sugestão ética, mas sim um dever legal que existe nas relações que crianças e adolescentes criam com os
seus pais, família, com sua sociedade e com o Estado.

O art. 3º do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) complementa os mandamentos constitucionais em foco na


esfera legal, apontando que tanto a criança como o adolescente deve desfrutar dos direitos fundamentais
particulares do indivíduo, sem qualquer tipo de dano a sua proteção integral, devendo lhes ser proporcionado, por
lei ou por outros meios, todas as possibilidades e comodidades, com o intuito de auxiliar no desenvolvimento
mental, físico, espiritual, moral e social, em condições de liberdade e de dignidade.

A criança e adolescente são pessoas em fase de desenvolvimento, e por isso é fácil o alienador agir, afinal, nesse
momento, o jovem não sabe diferenciar por completo o que é verdadeiro do que não é (DIAS, 2013), especialmente
quando os atos de difamação de seu genitor vem de uma pessoa em que normalmente se confia completamente.
Diante disso, se mostra necessário que os profissionais do direito e da saúde trabalhem juntos, por meio de uma
equipe multidisciplinar, fazendo análise de cada detalhe do caso. Dessa forma, entende-se que o Judiciário deve
estar preparado e atento para lidar com esse tipo de situação, agindo de maneira cautelosa nesses casos que são
extremamente delicados (DIAS, 2013), não devendo agir sozinho, uma vez que se trata de um conflito que envolve
bastante questões emocionais e psicológicas. O objetivo do legislador ao garantir a proteção constitucional
específica para esse nicho da população é, sem sombra de dúvidas, pela característica da vulnerabilidade. Pode-se
considerar que esses indivíduos não são capazes de exercer sozinhos os seus próprios direitos de forma plena,
precisando contar com o auxílio de familiares, sociedade e Estado, estes responsáveis por resguardar os direitos
fundamentais desses jovens, consagrados na Constituição Federal e legislação específica, até que se tornem
plenamente desenvolvidos físico, mental, moral, espiritual e socialmente

Nesse sentido, de busca pela proteção do menor, pode-se constatar que o Direito de Família vem passando por uma
fase de desenvolvimento, e fica fácil observar que tal desenvolvimento trouxe uma mudança conceitual na
constituição da família e nas relações entre seus membros, fazendo com o que, nos dias atuais, o filho se torne um
ser único, um indivíduo dotado de personalidade e direitos próprios que obrigam inclusive seus pais, devendo ser
respeitadas as suas necessidades

Foi através Declaração dos Direitos da Criança, adotada pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 20 de
novembro de 1959 e ratificada pelo Brasil, e posteriormente reforçada pela Convenção Internacional dos Direitos da
Criança, adotada pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 20 de novembro de 1989, que foi consagrado o
melhor interesse da criança e do adolescente, tendo sido a última ratificada no Brasil em 26 de janeiro de 1990, pelo
Decreto Legislativo nº 28, de 14 de setembro de 1990, e promulgado pelo decreto Presidencial nº 99.710 de 21 de
novembro de 1990. A Convenção é um marco que prescreve que qualquer tipo de ação que diz respeito a criança,
em instituições públicas ou privadas de bem-estar social, deve levar em conta o melhor interesse da criança.
Portanto, é dever do Estado, através do Judiciário, garantir que a criança seja protegida e seus direitos assegurados,
e entende-se aqui que a maior chance de sucesso do Judiciário nesse ponto, em ações que envolvam alienação
parental, é através de sua colaboração com a equipe multidisciplinar, cuja atuação é prevista pela própria Lei de
Alienação Parental. A alienação parental afeta diretamente os vínculos que criança e 24 adolescentes tem com o
genitor alienado, ou seja, aquele que não possui a sua guarda, assim como também é afetado o vínculo com aquele
que detém da sua guarda, pois este utiliza várias formas para que a criança possa cortar os vínculos com o alienado,
isso acaba ferindo o direito fundamental de convivência familiar saudável. Dando continuidade, Correia (2011)
complementa.

Uma vez sendo um direito da criança, viola esse princípio constitucional a decisão judicial que, sem motivação,
limite o direito de visita do pai não guardião do filho. Ou seja, não pode haver impedimentos ou restrições ao
exercício desse direito. O direito à convivência familiar não se exaure na família nuclear, abrangendo também o
direito de visita aos avós, assegurado pela Lei n. 12.398/2011, que deu nova redação ao art. 1.589 do Código Civil,
até mesmo a tios e outros parentes que integrem um grande ambiente familiar solidário. Assim também, o direito à
convivência familiar perpassa a relação paterno-filial, alcançando aos jovens. (LÔBO, 2018, p. 55).

Segundo a Convenção Internacional dos Direitos da Criança, o princípio do melhor interesse da criança e do
adolescente significa que seus interesses devem ser tratados com prioridade pelo Estado, pela sociedade e pela
família, especialmente por serem pessoas em desenvolvimentos e dotadas de dignidade. Ao considerar o melhor
interesse se reconhece o valor intrínseco e prospectivo das gerações futuras, bem como exige um comportamento
ético para a realização da vida digna para todos. (LÔBO, 2018, p. 55). Por conta dessa conjuntura, em vários casos de
separação conjugal em que acontece a alienação parental o Judiciário tem participado, atuando de maneira a
preservar o desenvolvimento saudável dos filhos. Uma das técnicas utilizadas é a de reconstrução da credibilidade e
afetividade do menor para com o alienado, combatendo assim o genitor alienador, criando, ainda, obstáculos ao
mesmo no exercício da parentalidade exercida de forma abusiva e levando mais em consideração o genitor alienado.

Entre as ferramentas que auxiliam no combate de atos de alienação parental e suas consequências, para que os
direitos das crianças venham ser preservados, é possível considerar como principais a determinação judicial de
guarda compartilhada do menor, o acompanhamento psicológico e biopsicossocial feito por profissionais, e, em
casos extremos, a suspenção da autoridade parental do alienante. Uma das possíveis soluções mais benéficas a
todas as partes é a mediação familiar, conforme explica Botelho e Blender (2013):

(...) a mediação familiar é proposta como uma possibilidade de resposta às demandas envolvendo os conflitos familiares que
têm, como fundo, práticas de alienação parental. A ideia é desvincular a problemática do modelo jurisdicional tradicional
propondo uma alternativa de soluções de conflitos através de práticas de mediação. (...) quando o magistrado constata, por
exemplo, a alienação parental numa disputa de guarda de menor, pode se valer de suas prerrogativas. Nota-se que o papel do
magistrado é de gerenciar quais demandas seguirão qual processo de resolução de conflitos, bem como esclarecer às partes
quais sejam as opções que lhes estão sendo oferecidas.

Dessa forma fica sob responsabilidade do mediador atuar como pessoa que faz com o que os acordos sejam
facilitados. O mediador deve ser um profissional qualificado, fazendo com o que a família seja direcionada na
resolução dos seus problemas, acabando de vez com qualquer tipo de alienação causada na criança 31 (FREITAS;
CHEMIM, 2015). A guarda compartilhada também tem se mostrado como solução constantemente dada pelos juízes
em casos de alienação parental, pois é uma forma de garantir a participação de ambos os pais na vida do filho. Uma
vez que juridicamente estabelecida, a violação da guarda compartilhada provoca sanções, podendo ser
reestabelecida por meio do poder de polícia do Estado, portanto fica mais difícil que um dos genitores retire o
menor do convívio do outro.

Ainda quanto à guarda compartilhada não se pode ignorar que, no Brasil, quando acontece a separação de um
casal, a criança fruto desse relacionamento tende a ficar mais com a mãe. Por mais que a guarda compartilha seja
considerada, em geral, a melhor forma de manter resguardar os interesses da criança e adolescente, ela não
acontece em grande partes dos casos, inclusive não sendo sempre indicada. Deve-se analisar a forma como ocorreu
o divórcio, e a dinâmica entre filhos e genitores, para a partir do caso concreto o tipo de guarda adequada para a
vida da criança. A junção desses fatores é determinante para a determinação da guarda compartilhada entre os
genitores (SENNA; OLIVEIRA,2015).

4.1 Direitos e deveres dos pais em relação aos filhos

A criação e manutenção de um bom ambiente familiar, apropriado para um indivíduo em formação, deve contar
com o comprometimento dos pais na realização dos direitos do jovem, como também ser frutífero para a efetivação
dos direitos inerentes à própria paternidade. A perturbação desse equilíbrio de direitos e deveres familiares
atrapalha do desenvolvimento da criança e do adolescente, o privando da proteção integral que lhe é
constitucionalmente assegurada. A previsão e regulação do exercício do poder familiar está contida no Código Civil, a
partir do art. 1630. Tal poder é exercido pelos pais sobre o filho enquanto este não atinge a maioridade, sendo
garantida sua continuidade mesmo após um divórcio ou separação, pois se trata muito também de um direito do
menor, uma vez que as ações advindas do poder familiar são as que formam a personalidade e valores do jovem,
que precisa de auxílio e orientação nessa etapa da vida. Poder familiar é um conceito relativamente complexo, que
abrange direitos e deveres dos pais para com os filhos, contidos no rol não exaustivo do art. 1634 do Código Civil,
compreendendo.

Vale ressaltar também, ainda na linha da evolução da família no Brasil, que anteriormente na história do país a
guarda do filho era, na maioria das vezes, passada para a mãe após o divórcio, por esse motivo, normalmente a mãe
a alienadora e o pai o alienado, na atualidade, todavia, esses papéis podem se inverter. Quando acontece a
separação, em grande parte das vezes, o alienador, seja a mãe, o pai ou até mesmo outro membro do círculo
familiar de afetividade, tem um sentimento de posse e domínio sobre a criança, não levando em consideração a
necessidade e o direito que o filho tem de conviver com a família como um todo

Dessa maneira, é dever do Estado, por meio do Direito e suas ferramentas de imposição, evitar e remediar ações
que firam o legítimo direito ao poder familiar e à convivência entre pais e filhos, nomeadamente os atos de
alienação parental, pois tais direitos são imprescindíveis no processo de desenvolvimento de um indivíduo com
necessidades consideradas prioritárias, o menor.]

4.2 Princípio da Dignidade da Pessoa Humana.

Um dos princípios mais essenciais do nosso ordenamento é o da dignidade da pessoa humana. Nele encontram-se
as possibilidades e expectativas patrimoniais e afetivas, indispensáveis à realização pessoal e busca da felicidade.
Esse princípio não somente assegura a garantia da sobrevivência, mas também o direito de se viver plenamente, sem
intervenções. O princípio da dignidade da pessoa humana tem dimensão objetiva ou metaindividual. (GAGLIANO e
PAMPLONA FILHO, 2017, p. 95).

A dignidade humana atua na órbita constitucional configurando um princípio fundamental do Estado Democrático
de Direito. Dessa forma, consagra os valores mais essenciais da ordem jurídica, dispondo de plena eficácia e
efetividade, devido à alta hierarquia, conciliando a segurança jurídica com a busca da justiça. (MADALENO, 2018, p.
95). O autor Paulo Lôbo (2018, p. 42), seguindo uma perspectiva kantiana, elucida que quando uma coisa tem um
preço, ela pode ser trocada por outra equivalente, entretanto, quando uma coisa está acima de todo o preço não
permitindo sua substituição por outra equivalente, então ela tem dignidade. Por essa razão, o princípio da dignidade
da pessoa humana é violado quando há um ato, conduta ou atitude que coisifique ou objetive a pessoa, ou seja,
quando se equipara a coisa disponível ou a um objeto. Infere-se, pois, que o princípio do respeito à dignidade da
pessoa humana é o cerne da comunidade familiar que garante o pleno desenvolvimento e realização de seus
membros, especialmente da criança e do adolescente (CF, art. 227). (GONÇALVES, 2017, p. 17).
A alienação parental transgride a dignidade da pessoa humana, pois viola o direito ao respeito, à saúde, afeta a
identidade pessoal da criança e do adolescente, fere a integridade psíquica dos menores que estão em processo de
formação, levandoos a desenvolver patologias e consequências extremamente danosas na vida adulta. (SCHAEFER,
2014). É primordial considerar o Princípio da Dignidade Humana nas temáticas familiares, pois ele permite uma
maior consciência das partes no que tange as responsabilidades sobre seus comportamentos. Ademais, a inserção
desse princípio em todas as espécies de convívio humano é condição basilar para o estabelecimento da harmonia e
respeito imprescindíveis ao crescimento dos indivíduos. Com relação às crianças e adolescentes esse princípio é vital
ao seu processo de desenvolvimento, devendo ser garantido e assegurado a todo tempo e combatida a conduta que
o viole, como acontece em casos de alienação parental. (SOUZA, 2013, p. 10).

Possui cerne fundamentado no princípio da dignidade humana, fonte interminável do direito das famílias, que
aliado ao princípio da máxima proteção ou proteção integral, a paternidade responsável indica o exercício da
autoridade parental, classificado na observância dos deveres a ele inerentes. (MORAES, 2019, p. 10). Como
mecanismo para assegurar maior efetividade ao exercício do direito de filiação e também impor a obrigatoriedade
ao princípio da paternidade responsável, tem-se a Lei 8.560/92 que considera o reconhecimento dos filhos um fato
irrevogável e indica as formas de reconhecimento. Ainda, além do dispositivo supracitado e da previsão
constitucional, o princípio da paternidade responsável está incluído e regulamentado pelo artigo 27 da Lei 8.069/90,
Estatuto da Criança e do adolescente, ao dispor que o reconhecimento do estado de filiação é direito
personalíssimo, indisponível e imprescritível, podendo ser exercitado contra os pais e seus herdeiros, sem qualquer
restrição, observado o segredo de justiça. (MORAES, 2019, p.10).

Por conta dessa conjuntura, em vários casos de separação conjugal em que acontece a alienação parental o
Judiciário tem participado, atuando de maneira a preservar o desenvolvimento saudável dos filhos. Uma das técnicas
utilizadas é a de reconstrução da credibilidade e afetividade do menor para com o alienado, combatendo assim o
genitor alienador, criando, ainda, obstáculos ao mesmo no exercício da parentalidade exercida de forma abusiva e
levando mais em consideração o genitor alienado (NETO, QUEIROZ e CALÇADA, 2015). A atuação do Poder Judiciário
nas questões que envolvem os conflitos familiares deve ser sempre no sentido de resolver da melhor forma possível
esses problemas, tanto para os pais quanto para os filhos, porém colocando sempre em evidência o melhor interesse
da criança, fazendo com o que os pais participem de forma igualitária na criação dos seus filhos, diminuindo os
conflitos existentes. (NETO, QUEIROZ e CALÇADA, 2015).

5. COMO A ALIENAÇÃO PARENTAL VIOLA OS DIREITOS DAS CRIANÇAS E ADOLESCENTES

5.1 A alienação parental como forma de abuso à criança e ao adolescente

No ordenamento jurídico pátrio existem diversas disposições no sentido de resguardar a criança e o adolescente. É
possível observar essa proteção conferida a tais indivíduos desde a Constituição Federal até diplomas como o
Estatuto da Criança e do Adolescente, a Lei de Alienação Parental, a Lei da Guarda Compartilhada e diversas
convenções internacionais de que o Brasil participa. De um modo geral, os direitos fundamentais da criança e
adolescente, estão sempre voltados para a proteção e saúde dos mesmos, assim como para seu desenvolvimento
psíquico, físico intelectual e moral, possibilitando aos menores um desenvolvimento sadio, porém esses direitos são
sem sombra de dúvidas violada quando se pratica a alienação parental.
Como visto anteriormente, a afetividade é valor inexorável no Direito de Família em vigor hoje no país, sendo,
portanto, bem jurídico explicitamente tutelado. Ao privar a criança ou adolescente da construção de afeto entre ela
e seu genitor alienado, o alienante viola claramente direitos de ambas as partes. o peso emocional em cima do
menor é muito grande, e na maior parte das vezes os genitores esquecem que as crianças são as mais frágeis da
situação e que o conflito entre os adultos envolvidos é prejudicial para elas. Ao praticar o ato de alienação, o genitor
alienante faz com o que a criança vire um objeto de disputa da relação.

Os problemas que envolvem a alienação parental vão muito além, fazendo com o que seja infringida a dignidade do
menor, ao, por exemplo, prejudicar a construção da identidade pessoal da criança e do adolescente, ferindo a
integridade psíquica dos menores que ainda estão em desenvolvimento, fazendo com o que os mesmo desenvolvam
traumas que podem influenciar de maneira direta no resto de suas vidas. Assim, não resta dúvidas de que a prática
da alienação parental faz com o que uma série de direitos da criança e adolescente sejam violados, a realização da
construção da afetividade da criança com o genitor e sua família seja prejudicada, e assim pode se caracterizar como
um dano moral contra o menor.

Percebe-se, dessa forma, que esse tipo de situação caracteriza um ato ilícito, segundo o art. 186 do Código Civil. Por
tal motivo, aqui se entende que insurge o dever de indenização por parte do alienante, como prevê o art. 927 do
mesmo código, seja por suscitação do genitor alienado, que também sofreu ilícita constrição de seu direito à
convivência com o filho, ou, e principalmente, da principal vítima da alienação parental, o menor.

De um modo geral, os direitos fundamentais da criança e adolescente, estão sempre voltados para a proteção e
saúde dos mesmos, assim como para seu desenvolvimento psíquico, físico intelectual e moral, possibilitando aos
menores um desenvolvimento sadio, porém esses direitos são sem sombra de dúvidas violados quando se pratica a
alienação parental (FREITAS; CHEMIM, 2015). Freitas e Chemim (2015) entendem que o principal resultado da
alienação parental é o distanciamento da criança e adolescente do seu genitor alienado, de modo geral, o alienador
tenta proteger o seu filho contra o outro genitor, se fazendo de vítima perante o menor.

O alienador utiliza várias ferramentas para fazer com o que a criança acredite nele, dentre elas as mentiras,
incitação de rejeição, afirmações que existe abandono intelectual, financeiro e mágoas e implantação de falsas
memórias, fazendo com o que a criança elimine sentimentos de afeto perante ao seu outro genitor. O alienador faz
com o que a criança entenda fique contra o alienado e se mantenha longe do convívio dele, privando, com isso, o
desenvolvimento da afetividade entre genitor e menor. Como visto anteriormente, a afetividade é valor inexorável
no Direito de Família em vigor hoje no país, sendo, portanto, bem jurídico explicitamente tutelado. Ao privar a
criança ou adolescente da construção de afeto entre ela e seu genitor alienado, o alienante viola claramente direitos
de ambas as partes. Ainda, de acordo com Gourdad (2008), o peso emocional em cima do menor é muito grande, e
na maior parte das vezes os genitores esquecem que as crianças são as mais frágeis da situação e que o conflito
entre os adultos envolvidos é prejudicial para elas. Ao praticar o ato de alienação, o genitor alienante faz com o que
a criança vire um objeto de disputa da relação. Isso despe a criança e o 28 adolescente da proteção constitucional
que lhes é dada, pois nessa situação seu melhor interesse não é considerado como prioritário.

Para Schaefer (2014) os problemas que envolvem a alienação parental vão muito além, fazendo com o que seja
infringida a dignidade do menor, ao, por exemplo, prejudicar a construção da identidade pessoal da criança e do
adolescente, ferindo a integridade psíquica dos menores que ainda estão em desenvolvimento, fazendo com o que
os mesmo desenvolvam traumas que podem influenciar de maneira direta no resto de suas vidas. Nesse mesmo
sentido, Motta (2008) complementa o raciocínio:

A criança tem necessidade de continuidade de seus vínculos psicológicos fundamentais e necessita que haja estabilidade nos
mesmos. Estas características devem, igualmente, estender-se a todas as relações emocionalmente significativas para as
crianças, sejam familiares, amigos, vizinhos, professores ou colegas de escola. As crianças vivem o afastamento de um dos
genitores como uma perda de grande vulto (ainda que não saibam disto) e permanente. Sentem-se abandonadas e vivenciando
profunda tristeza.

Assim, não restam dúvidas de que a prática da alienação parental faz com o que uma série de direitos da criança e
adolescente sejam violados, a realização da construção da afetividade da criança com o genitor e sua família seja
prejudicada, e assim pode se caracterizar como um dano moral contra o menor. Percebe-se, dessa forma, que esse
tipo de situação caracteriza um ato ilícito, segundo o art. 186 do Código Civil. Por tal motivo, aqui entende-se que
insurge o dever de indenização por parte do alienante, como prevê o art. 927 do mesmo código, seja por suscitação
do genitor alienado, que também sofreu ilícita constrição de seu direito à convivência com o filho, ou, e
principalmente, da principal vítima da alienação parental, o menor.

5.2 Soluções que resguardam os direitos do menor

As necessidades da criança e do adolescente e sua proteção são levadas em conta há mais tempo no direito
internacional que no pátrio, normas direcionadas ao menor e sua priorização entraram na ordem jurídica do país
inicialmente por convenções e tratados internacionais, surgindo previsão constituição para tal tema apenas com o
advento da Carta Magna atual, em 1988.

Documentos como a 29 Declaração Universal dos Direitos da Criança de 1959, a Convenção sobre os Direitos da
Criança de 1989 e a Convenção de Haia de 1980 referente ao sequestro internacional de menores são normativas
que consideram o princípio da proteção integral da criança, visando sempre satisfazer seu melhor interesse. Esses
objetivos se mostram claramente o art. 3º da Convenção sobre os Direitos da Criança, que assim dispõe:

1. Todas as ações relativas à criança sejam elas levadas a efeito por instituições públicas ou privadas de assistência
social, tribunais, autoridades administrativas ou órgãos legislativos, devem considerar primordialmente o melhor
interesse da criança; 2. Os Estados Partes comprometem-se a assegurar à criança a proteção e o cuidado que sejam
necessários ao seu bem-estar, levando em consideração os direitos e deveres de seus pais, tutores legais ou outras
pessoas legalmente responsáveis por ela e, com essa finalidade, tomarão todas as medidas legislativas e
administrativas adequadas; 3. Os Estados Partes devem garantir que as instituições, as instalações e os serviços
destinados aos cuidados ou à proteção da criança estejam em conformidade com os padrões estabelecidos pelas
autoridades competentes, especialmente no que diz respeito à segurança e à saúde da criança, ao número e à
adequação das equipes e à existência de supervisão adequada.

Com base nesses parâmetros internacionalmente, e desde 1988 também nacionalmente estabelecidos, fica mais
fácil de entender os direitos que a criança e adolescente tem, colocando de forma evidente o valor deles enquanto
seres humanos, levando em conta seu desenvolvimento como indivíduos, e acima de tudo reconhecendo que eles
são vulneráveis, o que os torna dignos de receber proteção integral de da família, sociedade e Estado (SENNA;
OLIVEIRA, 2005). O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) é a principal legislação que regula os direitos
constitucionalmente atribuídos aos menores no Brasil. É papel do ECA criar ferramentas para garantir que os
menores realizem seus direitos fundamentais sob proteção e apoio da família, com políticas sociais voltadas para
tanto, sendo um esforço conjunto. Excelente demonstração do princípio da proteção integral que guia as disposições
do ECA está traduzido em seu art. 17, que estabelece que a criança e adolescente tem direito à liberdade, e que seja
respeitada sua integridade física, moral e psíquica, levando sempre em conta a 30 preservação da sua identidade.

A Lei de Alienação Parental se encontra na mesma linha das outras normas até então mencionadas, pois foi criada
com intuito de proteção do menor, principal vítima da alienação parental que tem diversos direitos violados. A lei
prevê exemplos de atos que configuram alienação parental e uma série de sanções progressivas para quem os
pratica. Se realmente for detectado o ato de alienação parental, fica sob responsabilidade o juiz intervir com
medidas as cabíveis previstas na lei, fazendo uso de perícias psicológicas e biopsicossocial, com o objetivo de aferir a
gravidade da alienação sofrida pelo menor. É necessário que os profissionais do direito, saúde e assistência social
trabalhem juntos para fazer com o que a alienação parental seja remediada, reduzindo ou eliminando as
consequências para as crianças e adolescentes envolvidos (FREITAS; CHEMIM, 2015).

Entre as ferramentas que auxiliam no combate de atos de alienação parental e suas consequências, para que os
direitos das crianças venham ser preservados, é possível considerar como principais a determinação judicial de
guarda compartilhada do menor, o acompanhamento psicológico e biopsicossocial feito por profissionais, e, em
casos extremos, a suspenção da autoridade parental do alienante. Uma das possíveis soluções mais benéficas a
todas as partes é a mediação familiar, conforme explica Botelho e Blender (2013):

(...) a mediação familiar é proposta como uma possibilidade de resposta às demandas envolvendo os conflitos familiares que
têm, como fundo, práticas de alienação parental. A ideia é desvincular a problemática do modelo jurisdicional tradicional
propondo uma alternativa de soluções de conflitos através de práticas de mediação. (...)

Quando o magistrado constata, por exemplo, a alienação parental numa disputa de guarda de menor, pode se valer
de suas prerrogativas. Nota-se que o papel do magistrado é de gerenciar quais demandas seguirão qual processo de
resolução de conflitos, bem como esclarecer às partes quais sejam as opções que lhes estão sendo oferecidas. Dessa
forma fica sob responsabilidade do mediador atuar como pessoa que faz com o que os acordos sejam facilitados. O
mediador deve ser um profissional qualificado, fazendo com o que a família seja direcionada na resolução dos seus
problemas, acabando de vez com qualquer tipo de alienação causada na criança 31 (FREITAS; CHEMIM, 2015).

6- CONSIDERAÇÕES FINAIS:

Conclui-se que, a alienação parental não se trata de algo novo, mas sim, de algo que vem ganhando espaço devido
à evolução do Direito de Família e a forma como vem sendo tratado processos de divórcios e de guarda. A criança e
o adolescente possuem condição especial de pessoas em desenvolvimento. São dignos de respeito, cuidado e
proteção. Dispõem dos mesmos direitos e liberdades dos adultos descritas na Declaração dos Direitos Humanos.
Direito à dignidade, direito à convivência familiar saudável, direito a ter seus interesses resguardados da melhor
forma e com amparo da Doutrina da Proteção Integral, direito à paternidade responsável, entre outros. Toda e
qualquer violação a esses direitos devem ser combatidas.

A alienação parental consiste numa campanha difamatória realizada por um dos genitores em relação ao outro para
que o filho se afaste, nutrindo para si um sentimento de ódio e falsas memórias. Já a Síndrome da Alienação
Parental, consiste numa subcategoria da AP em que os atos praticados resultam em consequências psicológicas e em
mudanças comportamentais da vítima.

A lei 12.318/2010 surgiu diante de um cenário de intervenção estatal para a garantia dos direitos das crianças e dos
adolescentes a convivência pacífica e harmoniosa, de forma equilibrada, com ambos os genitores. Embora todas as
regras presentes na lei estejam descritas em outros dispositivos legais da legislação brasileira, a aplicação era de
forma subsidiária, quando o julgador tinha coragem de enfrentar o tema e ainda possuia a sensibilidade para
encontrar uma saída que solucionasse o problema da família. Diante disso, a lei da Alienação Parental trouxe um
importante marco, pois estabeleceu uma igualdade parental entre os dois genitores e para os filhos o direito
primordial da convivência ampla e pacífica com ambos os pais, impedindo assim que seja ele usado como
instrumento de conflitos e vingança.

Como visto, a alienação parental acontece de mais de uma maneira, quando ocorro algo reputado como ato de
alienação parental, quando um dos genitores cria na criança falsas imagem do genitor alienado, fazendo com o que a
criança se afaste cada vez mais dele, por exemplo, ou quando um genitor faz uma falsa denúncia contra o outro. A lei
de alienação parental veio para ajudar a identificação desses casos e para prever sanções, porém ela possui defeitos
que levam alguns a afirmar que essa lei acaba por beneficiar o abusador em alguns casos de abuso sexual, e
discutem a revogação dela; porém outros autores afirmam que a lei deve continuar em vigor pois sua revogação por
completa seria demasiado maléfica, sugerindo como melhor saída a emenda da lei para correção das disposições
que levam a equívocos.

Os efeitos psicológicos da Alienação Parental são diversos, na fase da infância a criança vive uma crise de lealdade
por sentir que precisa escolher um lado, ela perde 66 o espaço para desenvolver autonomia e identidade, fica triste,
tem dificuldade de dormir e se alimentar. Já na fase adulta, os transtornos vão desde baixa autoestima, até
depressão e problemas com álcool e drogas.O que deve ser notado é que a lei não tem o cunho de acusar nenhum
dos genitores e muitos menos de criminalizá-los. O que realmente importa para a lei é garantir o repeito e os direitos
do interesse da criança ou do adolescente no convívio familiar com ambos. Assim, tendo-os como referência, de
sentir-se acolhidos por seus pais, sem o sentimento de objeto de vingança, livres assim de qualquer abuso
emocional. Para que consiga combater e inibir a prática da AP e da SAP o judiciário começou as tomar medidas como
a utilização de guarda compartilhada por trazer benefícios para ambos os genitores e para os filhos de modo que a
igualdade parental torne as relações mais harmoniosas, tendo que resolver conflitos em relações abertas e com
conversas.

Com o aumento de números de alienação Parental o judiciário viu-se na obrigação de procurar meios que
conseguisse combater e diminuir os casos da AP, e uma das alternativas encontradas é a escolha da guarda
compartilhada nos processos de divórcios. No qual, estabelece igualdade parental entre os dois genitores com
relação à vida do menor em questão, tendo assim que decidirem tudo em consenso um do outro. Com a igualdade
dos genitores em relação aos direitos e deveres do menor especialistas afirmam que a convivência torna-se mais
harmoniosa e por conta disso a guarda compartilhada é um mecanismo importante no combate da SAP. Enfim, as
relações em que resulte o processo judicial de divórcio e de guarda que o integram, devem buscar o princípio
constitucional do melhor interesse da criança e do adolescente, de modo que os interesses dos pais sejam
secundários a esses. Assim, para os pais a busca do convívio harmonioso será maior já que, terão a necessidade de
decidir juntos quaisquer assuntos que estabelecer relações com os filhos.

Concluiu-se com a presente pesquisa que os pais ao se separarem devem sempre levar em consideração os direitos
do menor, e que ela a ela deve sempre se dar prioridade, apesar de qualquer sentimento de vingança e rancor. Os
direitos fundamentais da criança e do adolescente devem ser realizados no âmbito da família, sociedade e Estado
com absoluta prioridade e proteção, pois, como já sedimentado, são indivíduos em desenvolvimento e situação de
hipossuficiência, sendo absolutamente rechaçada pelo direito a objetificação e prejuízos causados ao menor quando
vítima de alienação parental.
REFERÊNCIAS:

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, de 5 de outubro de 1988. Diário Oficial da União, Poder
Legislativo, Brasília, DF, 5 out. 1988, p. 1,

ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Declaração universal dos Direitos Humanos. Disponível em:
https://nacoesunidas.org/wpcontent/ uploads/2018/10/DUDH.pdf. Acesso em: 08 ago. 2020.

Lei Nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do adolescente e dá outras providências.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm>.

Lei Nº 12.318, de 26 de agosto de 2010. Dispõe sobre a alienação parental e altera o art.236 da Lei nº 8.069, de 13
de julho de 1990.

Disponível em:http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12318.htm

STJ. Guarda compartilhada pode ser instituída mesmo havendo graves desavenças entre o ex-casal. Disponível em:
http://www.stj.jus.br/sites/portalp/Paginas/Comunicacao/Noticias-antigas/2017/2017- 03-23_11-05_Guarda-
compartilhada-pode-ser-instituida-mesmo-havendo-graves- 44 desavencas-entre-o-excasal.aspx.

STRÜCKER, Bianca. Alienação Parental. Monografia final do Curso de Graduação em Direito objetivando a aprovação
no componente curricular Monografia.

ORTIZ, M.J.; FUENTES M.J.; LÓPEZ F. Desenvolvimento socioafetivo na primeira infância. In: COLL, C.; MARCHESI, A.;
PALACIOS, J. (org). Desenvolvimento psicológico e educação. Psicologia evolutiva, v. 1, 2 ed, Porto Alegre: Artmed,
2004.

PECK, J.S.; MANOCHERIAN, J.R. O divórcio nas mudanças do ciclo de vida familiar. In: CARTER, B.; MCGOLDRICK, M.
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Médicas, 1995.

REGO, Pamela Wessler de Luma. Alienação Parental. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Escola de
Ciências Jurídicas da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) como requisito parcial à obtenção
do grau de Bacharel em Direito. Rio de Janeiro, 2017.

STJ. Guarda compartilhada pode ser instituída mesmo havendo graves desavenças entre o ex-casal. Disponível em:
http://www.stj.jus.br/sites/portalp/Paginas/Comunicacao/Noticias-antigas/2017/2017- 03-23_11-05_Guarda-
compartilhada-pode-ser-instituida-mesmo-havendo-graves- desavencas-entre-o-excasal.aspx.

ARAÚJO, Larissa Lima. Guarda Compartilhada: Meio de prevenir a Alienação Parental. Trabalho de conclusão de
curso apresentado ao Curso de Graduação em Direito da Universidade Estadual da Paraíba, em cumprimento à
exigência para a obtenção do grau de Bacharel em Direito. Guarabira, 2014.

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