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ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENSINO UNIVERSITÁRIO

UNIABEU
CURSO DE PSICOLOGIA

KAREN CRISTINA DE OLIVEIRA TOBIAS DA SILVA

ABANDONO PARENTAL: VIVÊNCIA NA INFÂNCIA E EFEITOS NA VIDA


ADULTA

Belford Roxo
2023
KAREN CRISTINA DE OLIVEIRA TOBIAS DA SILVA

ABANDONO PARENTAL: VIVÊNCIA NA INFÂNCIA E EFEITOS NA VIDA


ADULTA

Monografia apresentada à Banca


Examinadora como exigência parcial
para obtenção do Título de Graduação
em Psicologia pelo UNIABEU Centro
Universitário.
Orientador: Antônio Malvar

Orientador/a: Antônio Malvar

Belford Roxo
2023
KAREN CRISTINA DE OLIVEIRA TOBIAS DA SILVA

GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA

ABANDONO PARENTAL: VIVÊNCIA NA INFÂNCIA E EFEITOS NA VIDA


ADULTA

Monografia apresentada à Banca


Examinadora como exigência parcial
para obtenção do Título de Graduação
em Psicologia pelo UNIABEU Centro
Universitário.
Orientador: Me. Antônio Malvar

Aprovada em _____/_______________________/de 2023.

BANCA EXAMINADORA

____________________________________________________________
Orientador: Antônio Malvar
UNIABEU Centro Universitário

__________________________________________________
Examinadora: Dra. Noely Godoy
UNIABEU Centro Universitário

_________________________________________________
Examinadora: Me. Christiane Penha
UNIABEU Centro Universitário

Belford Roxo
2023
Dedico esse aos meus pais, meu esposo e
meus amigos que me ajudaram e
tornaram este sonho possível, me
trazendo força e perseverança.
AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus primeiramente por me fortalecer e com sua infinita bondade me


capacitou e me trouxe até aqui.

Grata Aos meus pais que foram fundamentais na minha formação, na minha educação e
amadurecimento, obrigada por me incentivarem a prosseguir na conclusão de meu curso
para a realização desse meu sonho.
E agradeço ainda ao meu esposo Eduardo que abdicou junto comigo de noites de sono
onde, me apoiou em diversas leituras e escritas, e que sempre esteve, me dando forças
durante todo o processo acadêmico, e me deu todo o suporte, me incentivou até quando
achei que não conseguiria dar conta.
E por fim agradeço ao Meu querido orientador Antônio Malvar, que me deu total
suporte, me orientou e iluminou meu caminho quando eu só via escuridão.

SILVA, Karen Cristina de Oliveira Tobias da1


1
Graduanda em Psicologia da Associação Brasileira de Ensino Universitário - UNIABEU
MALVAR, Antônio2

RESUMO

Esta monografia tem como o objetivo descrever, alertar e apresentar um breve histórico
e conceitos gerais sobre os danos e os reflexos do abandono afetivo e parental no
desenvolvimento infantil, além de avaliar seus reflexos na vida adulta, tendo como base
estudos sobre a teoria do apego, bem como a natureza do vínculo. Será descrito ao
longo da pesquisa os benefícios do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), no que
tange a proteção dos direitos dos mesmos, será relatado quais as intervenções utilizadas
para auxiliaras famílias que passa por situações e ausência de afeto, se utilizando de
referenciais teóricos sólidos para embasar esse estudo. O presente trabalho teve base em
uma revisão bibliográfica, onde buscou-se inserir uma visão ampla que já se encontra
alicerçada em nossa Constituição, essa que tem como principal plano a proteção e o
com o objetivo de cuidar e de precaver que as crianças passem por isso, se buscará
especificar sobre o desenvolvimento e conceituar o abandono afetivo, descrevendo os
reflexos negativos gerados durante o percurso da criança até a vida adulta, baseando-se
em revisões bibliográficas e por artigos científicos, e nos estudos de Bowlby e Vigotski
e outros autores. Com o intuito de esclarecer que o abandono e a alienação parental se
caracterizam como uma síndrome, que porventura acarreta em uma constelação de
comportamentos, de forma tanto consciente, quanto inconsciente, que finda por
promover distúrbios de relacionamentos, entre pais e filhos, que resultam em danos de
futuros aos filhos que em alguns casos são irreversíveis, e desta finaliza em maturação
dos sentimentos e dos laços fraternais, afetando o comportamento da criança no que se
refere a sua vida social e particular.

Palavras-chaves: Abandono parental; reflexos; danos; desenvolvimento, criança.

2
Professor Orientador do Curso de Psicologia da Associação Brasileira de Ensino Universitário - UNIABEU
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.......................................................................................... 10
1 CONCEITO DE FAMÍLIA NO CONTEXTO ATUAL......................... 12
1.1 DESENVOLVIMENTO INFANTIL.......................................................... 15
1.2 TEORIA DO APEGO................................................................................. 17
2 CARACTERÍSTICAS DO ABANDONO AFETIVO E COMO
OCORREM................................................................................................ 19
2.1 O DEVER DA FAMÍLIA DE CRIAR E CUIDAR.................................... 21
2.2 ECA............................................................................................................. 23
3 HISTÓRICOS SOCIAIS DA INFÂNCIA E DO ADOLESCENTE E
DA FAMÍLIA............................................................................................. 25
3.1 RESPONSABILIDADE CIVIL PELO ABANDONO
AFETIVO.......................................................................................... 28
3.2 POSSÍVEIS DANOS DO ABANDONO PARENTAL E REFLEXOS NA
VIDA 30
ADULTA............................................................................................
3.3 INTERVENÇÕES PARA AS FAMÍLIAS E PARA AS CRIANÇAS
ATINGIDAS PELO ABANDONO PARENTAL...................................... 32
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................... 34
5 REFERÊNCIAS........................................................................................ 37
10

INTRODUÇÃO

Esta monografia proporá uma reflexão e fazer uma análise sobre o abandono
parental no âmbito da dinâmica familiar, direcionando a presente pesquisa para a falta
de apoio emocional e afetivo dos pais durante o desenvolvimento infantil, que leva ao
abandono parental, o afeto é algo essencial para o bem-estar da criança, e a sua falta
acarreta inúmeros traumas na infância, e isso têm reflexos significativos na vida adulta.
Durante a infância, a família exerce um papel de extrema importância no
desenvolvimento psíquico-motor da criança, principalmente em seus primeiros anos de
vida, pois o menor necessita de todo o cuidado e suporte dos pais. No entanto, devido à
falta de compreensão e esclarecimento sobre o emocional, as crianças muitas vezes são
privadas desse suporte, resultando em atitudes e pensamentos negativos na vida adulta.
O abandono parental é uma questão preocupante que afeta crianças em todo o
mundo. A problemática desta pesquisa é analisar os danos causados pela ausência física
e emocional de um ou ambos os pais durante a infância que pode ter consequências
significativas no desenvolvimento da criança, afetando também sua vida adulta. Por
isso, faz-se necessário compreender os possíveis danos causados pelo abandono parental
no âmbito do direito de família é crucial para conscientização e implementação de
medidas adequadas de intervenção.
No entanto, quando se trata do abandono afetivo, surge um debate sobre a
possibilidade de reparar ou não os danos causados à criança ou adolescente. Esta
monografia tem como objetivo explorar os possíveis impactos do abandono parental no
desenvolvimento infantil, que podem refletir na vida adulta, no contexto do direito de
família. Serão analisados os efeitos emocionais, psicológicos e sociais do abandono
parental, assim como suas consequências nas relações interpessoais, na formação da
identidade e na saúde mental dos indivíduos afetados.
A psicologia desempenha um papel fundamental no entendimento dos impactos
e consequências dos casos de abandono, possibilitando a identificação precoce e a
implementação de cuidados e intervenções adequadas. A guarda e a modificação das
condições de convivência da criança são estratégias que podem ajudar a superar essa
situação de abandono, promovendo um ambiente propício ao seu desenvolvimento
saudável. Através da atuação psicológica, é possível oferecer suporte emocional, avaliar
11

as necessidades da criança e proporcionar um acompanhamento especializado, visando


seu bem-estar e garantindo seus direitos.
É importante salientar que amar é uma escolha, enquanto cuidar é uma obrigação
civil, conforme estabelecido pela lei N8.069 do Estatuto da Criança e do Adolescente
(ECA), desde 1990. Embora não seja possível exigir o afeto parental, é um dever
informar e, possivelmente, até impor essa responsabilidade, visando ao bem-estar
psicológico da criança e do adolescente. Um exemplo típico de abandono ocorre quando
o responsável não aceita o filho, e esse desprezo rompe os laços familiares.
Ao abordar o tema dentro da psicologia, busca-se compreender como o
abandono parental afeta o desenvolvimento e o bem-estar psicológico das crianças, bem
como identificar intervenções e estratégias de suporte psicológico que poderão ser
implementadas para mitigar os efeitos negativos. Por meio dessa abordagem, espera-se
contribuir para a promoção da saúde mental e emocional das crianças e para o
fortalecimento dos vínculos familiares, reconhecendo a importância da psicologia na
proteção e no cuidado das crianças em situação de abandono.
Na infância, o cuidado e apoio dos pais são de suma importância. No entanto,
devido à falta de esclarecimento e compreensão das emoções, as crianças em alguns
casos são alheias a esse suporte, o que resulta em pensamentos e atitudes negativas na
vida adulta.
Porém, tratando do abandono afetivo, se tem a grande discussão sobre a
possibilidade de reparar ou não os danos que se pode causar na criança ou adolescente.
A construção desta monografia foi de grande relevância para mim enquanto estudante
de psicologia, preste a entrar no mercado de trabalho e possivelmente atuar no campo da
psicologia cognitiva e comportamental, com a intenção de sempre usar as ferramentas
teóricas juntamente com a prática, intervindo diariamente na saúde mental das pessoas.
A escolha deste tema se baseia na relevância social e psicológica do abandono
parental, uma vez que afeta não apenas as crianças envolvidas, mas também tem
implicações para a sociedade como um todo. Compreender os efeitos do abandono
parental no desenvolvimento infantil e na vida adulta é fundamental para orientar ações
preventivas e de apoio, proporcionando um ambiente mais saudável para as crianças e
contribuindo para o bem-estar geral da sociedade.
12

A pesquisa bibliográfica exploratória será realizada para obter uma visão


abrangente do estado atual do conhecimento sobre o assunto. Serão consultadas obras
científicas, estudos acadêmicos, relatórios e publicações relevantes que abordem o
abandono parental e suas consequências no desenvolvimento infantil e na vida adulta.
A metodologia utilizadas foi por meio das pesquisas bibliográfica exploratória,
serão revisadas as hipóteses iniciais e formuladas novas questões de pesquisa. Em
seguida, será realizada a etapa de dedução lógica, na qual os resultados obtidos serão
comparados com as hipóteses estabelecidas, permitindo a formulação de conclusões
embasadas nas evidências científicas encontradas.
Com a utilização da metodologia hipotético-dedutiva e da pesquisa bibliográfica
exploratória, espera-se contribuir para a compreensão dos possíveis danos do abandono
parental no desenvolvimento infantil e seus reflexos na vida adulta, bem como para o
embasamento de estratégias de intervenção e suporte apropriadas para os indivíduos
afetados.
13

1 CONCEITO DE FAMÍLIA NO CONTEXTO ATUAL

Antes de adentrar no conceito de família, há que se mencionar que na


antiguidade as famílias eram formadas unicamente para o provimento de filhos, e os
pais é quem escolhiam os maridos para as filhas, ou seja, o lado sentimental era
desconsiderado, as mulheres tinham que ser submissas e não detinham direito algum, e
toda e qualquer herança era dado somente aos filhos do sexo masculino, logo, Azeredo
(2020) afirma que nas épocas passadas o patriarcalismo era forte e muito presente.
Com o passar dos tempos, o modelo familiar patriarcal foi sendo modificado, se
tornando mais flexível, e as uniões familiares passaram a ser mais naturalizadas, os laço
afetivos se tornaram mais visíveis, ampliando o espaço para novos modelos de
constituições familiares. (AZEREDO, 2020)
Para Cunha (2017, p. 14) o princípio base das relações humanas é o da
Dignidade Humana, esse trouxe valores aos ensejos do homem donde a sua
individualização passou a ser vista com outros olhos, o que acarretou a superação do
antigo modelo de família, e centralizou esforços na satisfação do indivíduo como
pessoa, esse princípio é protegido por Lei, mais especificamente pela nossa Constituição
Federal, como pode- se observar nos artigos 226, 227 e 230, citados abaixo: (CUNHA,
2017, p.13)

Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado.


(GUIMARÃES, 1988)
[...]

§ 7º Fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e da


paternidade responsável, o planejamento familiar é livre decisão do casal,
competindo ao Estado propiciar recursos educacionais e científicos para o
exercício desse direito, vedada qualquer forma coercitiva por parte de
instituições oficiais ou privadas. (GUIMARÂES, 1988)
[...]

Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança,


ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde,
à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à
dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária,
além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação,
exploração, violência, crueldade e opressão. (GUIMARÂES, 1988)
[...]

Art. 230. A família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar as


pessoas idosas, assegurando sua participação na comunidade, defendendo
14

sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida...


(GUIMARÂES, 1988)

Com as mudanças no contexto familiar em seu meio social, e com o


fortalecimento do apreço pelo vínculo familiar, e a proximidade afetiva entre os
membros do clã familiar, também modificou-se as responsabilidades de seus membros,
de tal forma que as tarefas domésticas que antes eram atribuídas somente às mulheres e
o sustento da família que era só dos homens, atualmente é relativizado, pois tanto o
homem quanto a mulher podem exercê-lo, desta forma, impulsiona-se um outro
princípio que é o da igualdade de gênero. (CUNHA, 2017, p. 16)
A família possui um papel essencial para o desenvolvimento humano, do qual a
presença ou a ausência do afeto tem grande influência para uma evolução saudável de
cada indivíduo, e conforme indica Rolf Madaleno:

o afeto é a mola propulsora dos laços familiares e das relações interpessoais,


de modo a concorrer para a realização do indivíduo e sua constante formação,
a fim de dar sentido e dignidade à pessoa
humana, e para que o afeto se consolide é necessário que haja a convivência
familiar do casal entre si e destes para com seus filhos. (MADALENO, 2009,
p. 65)

As relações familiares impactam na vida dos indivíduos, pois elas irão refletir no
futuro e na boa evolução, e isso tem seu início desde o período gestacional, pois nessa
época a criança já consegue sentir se é amada aceita por sua mãe e por seus familiares, e
na infância o afeto tem um maior impacto, pois é nos primeiros anos de vida que a
criança se descobre e cria sua própria identidade, e essa relação de afeto recíproco irá
refletir por gerações. (LÔBO, 2015, p. 68-69)
A família sem dúvida exerce um papel importante na vida das crianças, e
podendo corroborar tanto efeitos negativos quanto positivos, a depender da forma que
que ocorre o acolhimento familiar, 0nde compreende-se que o amor e o cuidado não
podem ser impostos. O dever de cuidar é de ambos os pais, conforme o previsto na
Constituição (CARVALHO, 2016) e, também como dispõe o Estatuto da Criança e do
Adolescente em seu art. 21 abaixo descrito:

Art. 21- O poder familiar será́ exercido, em igualdade de condições,


pelo pai e pela mãe, na forma do que dispuser a legislação civil,
assegurando a qualquer deles o direito de, em caso de discordâncias,
15

recorrer à autoridade judiciária competente para a solução da


divergência. (MELLO, 1990))

Os meios tecnológicos no contexto atual veio para facilitar a interação entre pais
e filhos, pois se tornou um facilitador da comunicação entre os mesmos, além disso
aproximar os seus entes, principalmente esses aplicativos de mensagens e
compartilhamentos, a exemplo disso tem-se o WhatsApp. A nova geração está sempre
interligada na internet e nas redes sociais, e ao mesmo tempo que esse meios facilitam a
interação familiar, eles possuem um ponto negativo, pois, corrobora o afastamento
físico entre eles. (NEUMANN; MISSEL, 2019)
Segundo Cardoso (2023) na atualidade o modelo tradicional de família, formado
por pai, mãe e filho, já não é o único existente, pois hoje existe a família monoparental,
formada pelo filho e por um dos pais, e o casamento não é o único que prevalece,
porque além dele há a união estável se equipara ao casamento civil. (CARDOSO, 2023)
Para Rodrigues (2020) a família tradicional era somente para a procriação, e
com a sua evolução essa característica perdeu mais o seu sentido, e hoje há diferentes
tipos de família, a extensa, que é formada não só pelos membros consanguíneos, mas
por todos que moram sob o mesmo teto. A família Nuclear que engloba vários entes
consanguíneos que vai além das figuras dos pais e filhos, pois nessa se incluem outros
entes. A família Reconstituída quando o casal que se junta e cada um tem filhos de suas
uniões anteriores. A família Numerosa, que é quando há a existência de três ou mais
filhos no meio familiar. A família homoafetiva, que é quando os pais são o mesmo
gênero, embora a autora cite outros modelos, ela ressalta que esses são os mais vistos na
sociedade atual.
O que se observa é que o modelo estrutural familiar existe desde a antiguidade, e
que ao longo dos anos o modelo considerado tradicional que era composto por pai, mãe,
e filho, sofreu alterações a fim de incluir as novas estruturas familiares, embora tenha
ocorrido essa evolução, porém não perdeu a sua importância, pois continua sendo
fundamental para o desenvolvimento do indivíduo.

1.1 DESENVOLVIMENTO INFANTIL

Segundo Silva et al (2016, p. 03) baseando-se na ideologia de Jean Piaget,


16

concluiu que o desenvolvimento infantil é um processo que exige fatores biológicos e


externos, que engloba o meio em que a criança vive, e que necessita das pessoas com
quem convive, e é nesse momento que o afeto e os cuidados da família são de extrema
importância, pois a criança que se sente segura tanto física, quanto emocional, terá mais
facilidade em desenvolver-se de forma saudável. (SILVA, 2016, p. 03)
proporcionar para a criança atividades que estimulem sua criatividade e sua
curiosidade, facilitará o aperfeiçoamento de sua memória e provoca a sua
intelectualidade, fortalecendo o seu potencial, provocando assim o seu aprendizado,
como pode-se observar nas palavras de Piaget, mencionada por Silva:

[...] não se pode falar de aprendizagem ou de aquisição se não há conservação


do que é aprendido, e, reciprocamente, não se utiliza o termo “memória “a não
ser no caso da conservação de informações de fonte exterior [...] a memória de
um esquema não é assim outra coisa senão esse esquema como tal. Pode-se,
portanto, a respeito dele evitar falar de “memória ‟, exceto para s fazer do
esquema um instrumento da memória. (PIAGET, 1973, p. 214-215 apud
SILVA, 2016, p. 06):

O desenvolvimento infantil como informa Piaget (1973) envolve estágios que


dependerá da idade da criança, e em cada faixa etária a mesma avançará em sua
assimilação sobre o meio social em do qual vive, como exemplo as autoras destacam o
entendimento de Piaget, que afirma que na faixa etária de 0 a 2 anos é fase “sensório-
motor”, a criança mesmo sem compreender de fato os objetos gosta de explorar, já na
idade de 2 a 7 anos, conhecida como fase “pré- operatória”, é a fase que a memória da
criança está se aguçando mais, é nesse período que a mesma consegue ter uma noção
gestual mesmo sem ver o objeto. (PIAGET, 1973 apud SILVA, 2016, p. 05)
Já na idade de 7 a 11 anos, que é a fase operatório- concreta, onde a criança é
capaz de executar tarefas por ela interiorizada, e ainda é capaz de compreender o ponto
de vista do outro e de pensar de forma mais lógica, porém seu pensamento ainda leva
um base dos acontecimentos externos, e por fim, na idade de 12 anos, é a fase que se
inicia na adolescência, chamada de operatório- formal, nesse período já se tem um
raciocínio individual, um pensamento crítico-reflexivo, sendo considerado um
pensamento hipotético dedutivo (PIAGET, 1973 apud SILVA, 2016, p. 05)
A teoria do desenvolvimento citada por Piaget é baseada e uma construção da
inteligência da criança, que ocorre de forma gradual, conforme a mesma vai se
17

adaptando e compreendendo sobre o meio em que vive e baseando-se em exemplo de


ações dos indivíduos dos quais convive, dessa forma ela vai criando a sua própria
personalidade e formando sua própria identidade, por isso, quanto mais equilibrado e
saudável for o círculo familiar e os fatores externos que a cercam, melhor será seu
desenvolvimento psíquico-motor (Fossile, 2010).
Para Macana (2014, p. 23) o desenvolvimento da criança não está definido só
pelo suprimento das necessidades básicas da criança, e sim necessita de um estímulo
amplo que engloba todas as “dimensões que definem seu bem-estar, como a físico
motora, a cognitiva e a socioemocional, o qual se dá através dos relacionamentos
afetivos com pessoas significativas ...”, ou seja, a família é o primeiro caminho para
alcançar êxito na vida social.
No entanto, enquanto Piaget enfatiza que o indivíduo se desenvolve por fatores
biológicos, Vygotsky (1989) afirma que o desenvolvimento se dá através do meio em
que vive, ou seja, a criança aprende através de suas experiências em seu convívio social,
e não tão somente os fatores biológicos.
O que Vygostky (1989) enfatiza em sua teoria é que a criança avança em seu
aprendizado através do que ela observa, de tudo que a cerca, e pelos fatores que
promovem a sua interação com ambiente do qual está inserida, e por meio de tudo que
ela vê e ouve é que ela molda, recria, se apropria e modifica criando desta forma um
modelo próprio daquilo que ela vivenciou ou presenciou.
O que se pode compreender ainda na teoria de Vygotsky (1989) é que o mesmo
se preocupava em entender as diferentes formas que uma criança aprende e se
desenvolve, pois para ele um mesmo ensinamento pode acarretar diferentes
aprendizados, com isso o autor analisou que o a criança aprendia melhor se fossem
inseridas atividades criativas e investigativas que despertasse a sua atenção, com o
intuito de aumentar seu campo de aprendizado e promover habilidades diversas, o que
facilitaria a solução de diferentes problemas, tanto da vida infantil, quanto da adulta.
Portanto, é importante se compreender o papel das relações saudáveis durante
as fases do desenvolvimento infantil é fundamental, pois elas desempenham um papel
significativo no bem-estar futuro das crianças, adolescentes e adultos. A falta de uma
relação saudável, caracterizada pela ausência de contato e cuidado adequado, pode ter
um impacto negativo e duradouro, desencadeando uma série de problemas e traumas ao
18

longo da vida, inclusive isso prejudicaria seu desenvolvimento psíquico-motor.

1.2 TEORIA DO APEGO

A teoria do Apego criada por John Bowlby (1989), vem a tratar do vínculo que a
mãe desenvolve pelo filho recém-nascido, para o autor o “apego”, nada mais é do que
todo o cuidado e dedicação que a mãe tem com seu filho, o autor complementa que esse
é um conjunto de comportamentos que é natural da espécie humana, como por exemplo,
a mãe tende a ser superprotetora com seu filho, isso é uma atitude normal de mãe para
filho. (BOWLBY,1990 apud, PEREIRA; FERREIRA, 2022, p. 04)
Para Pereira; Ferreira (2022, p. 05), o apego está intimamente ligado ao vínculo,
sendo que esse último é um conjunto de emoções e atitudes que ligam dois indivíduos, e
segundo os ensinamentos de Bowlby há variados padrões de apego, que são o apego
seguro, o inseguro, o ambivalente, e por último o desorganizado. (BOWLBY, J.;
AINSWORTH, 1981)
Sobre a criação de vínculos Siqueira e Andriatte (2001) cita o seguinte:

Todo ser humano já nasce propenso a estabelecer fortes vínculos


afetivos. Essa capacidade, no entanto, pode ser diminuída devido a
fatores externos que impedem ao bebê desempenhar esse potencial
com as pessoas que o cercam. A capacidade é inata, mas precisa ser
estimulada adequadamente para que se concretize. (BOWLBY 1998,
apud SIQUEIRA; ANDRIATTE, 2001, p. 15).

No apego seguro, as necessidades emocionais da criança são atendidas, mesmo


quando o cuidador está ausente ou em seus momentos de stress estressantes. A criança
se sente segura e suas demandas são compreendidas. (BOWLBY, J.; AINSWORTH,
1981)
No apego inseguro, a criança não expõe sua emoção ante a presença ou ausência
do cuidador, mostrando indiferença ou até mesmo interagindo mais facilmente com
pessoas desconhecidas. Não há um vínculo afetivo forte entre a criança e o cuidador,
que pode não incentivar o apego. (BOWLBY, J.; AINSWORTH, 1981)
No apego ambivalente, a criança experimenta sentimentos de medo e até de
ansiedade na frente de pessoas estranhas e quando a figura materna, não está presente.
19

Ela também pode demonstrar sentimentos negativos como por exemplo da raiva e do
ressentimento quando a mãe está presente no local, e principalmente quando esta deseja
restabelecer o elo afetivo. Nesse caso entende-se que a mãe não atende plenamente às
necessidades emocionais dessa criança. (BOWLBY, J.; AINSWORTH, 1981)
Por fim, o apego desorganizado é um padrão identificado posteriormente, no
qual a criança apresenta uma combinação de apego e raiva ao mesmo tempo. As reações
são colidentes, com expressões de ansiedade, apreensão e movimentos descoordenados.
Esse padrão de apego está associado a experiências traumáticas ou interações
inconsistentes e confusas por parte do cuidador. (BOWLBY, J.; AINSWORTH, 1981)
Em resumo percebe-se que esses diferentes padrões de apego têm um impacto
significativo no desenvolvimento emocional e social da criança. O apego seguro
proporciona uma base segura para que a criança explore o mundo e desenvolva
relacionamentos saudáveis, enquanto os padrões de apego inseguro podem resultar em
dificuldades emocionais, comportamentais e de relacionamento ao longo da vida.
Para Bowlby (1981) o apego é como um kit de sobrevivência, é como um
preparatório para a vida adulta, pois a relação adquirida entre mãe e filho, a depender de
como ela se dá, pode colaborar para o desenvolvimento saudável e para a formação de
um bom caráter e de uma boa personalidade da criança. Esse apego segundo Ana
Caroline Silva (2016), já pode ser sentido desde os primeiros momentos de vida da
criança, conforme cita as palavras de Bowlby:

Nessa idade, na maioria das crianças, o conjunto integrado de sistemas


comportamentais envolvidos é facilmente ativado, especialmente pela partida
da mãe ou por algo assustador, e os estímulos que mais efetivamente
finalizam os sistemas são o som, a visão e o contato com a mãe. Até a criança
completar o seu terceiro aniversário, os sistemas continuam sendo muito
facilmente ativados. Daí em diante, na maioria das crianças, eles passam a ser
ativados com menos facilidade e também passam por outras mudanças que
tornam menos urgente a proximidade com a mãe. (BOWLBY, 2002. p. 222
apud SILVA, 2016, p. 17).

Como pode-se observar o vínculo afetivo desde a primeira infância é de extrema


importância para que a criança evolua de forma plena e saudável, e por meio desse elo é
que a criança desenvolverá sua personalidade, e a depender da forma como ele é
transmitido a mesma terá uma boa índole ou não, por isso a mãe é a pessoa mais
importante nos primeiros momentos de vida, pois é ela que está mais próxima a criança,
20

pois estão ligadas desde o seu ventre.

2 CARACTERÍSTICAS DO ABANDONO AFETIVO E COMO OCORREM

Na atualidade, ocorreram muitas mudanças, no que se refere as diferentes


estruturas familiares que englobam a sociedade atual, porém alguns aspectos passados
ainda são presentes nos modelos familiares, como por exemplo, na maioria dos casos a
mãe ainda continua a principal responsável pela criação dos filhos, desta forma o pai
nem sempre participa da vida dos filhos, tornando-se assim uma figura ausente.
(CAMPOS; BAQUIÃO, 2023, p. 04)
O afeto como foi visto é o principal responsável pela formação dos vínculos, e a
ausência do pai na vida dos filhos, afasta a criação desse elo, fazendo com que o filho se
sinta negligenciado e abandonado. Em casos de pais separados esse sentimento de
desamparo é bem maior, pois os términos de relacionamento dos pais geralmente são
conturbados e conflitantes, após as separações os casais tendem a evitar quaisquer tipos
de contatos, e claro, que isso prejudica a relação de pai e filho, limitando a aproximação
de ambos, e ainda criando um ambiente insalubre e perturbador, que prejudicará o
psicológico de todos os envolvidos. (ALVES 2013 apud CAMPOS; BAQUIÃO, 2023,
p. 05)
Outra causa do abandono afetivo é a negligência dos pais que engloba outros
fatores que são caracterizados pela “desatenção, ausência, descaso, omissão e falta de
amor (ROSSOT, 2009 apud CAMPOS; BAQUIÃO, 2023, p. 05). A criança ou
adolescente que passa por uma situação assim tende a ter diversos problemas
comportamentais e psicológicos, que podem afetar de formas variadas a sua vida social,
que para superar esse trauma precisará de profissionais como os psicólogos, os
assistentes sociais e outros, e da própria família. (SOUZA apud CAMPOS; BAQUIÃO,
p. 05)
A saúde mental é uma outra causa que afeta a relação afetiva entre pais e filhos,
e alguns fatores que acarretam doenças no cérebro humano advém de traumas vividos,
onde destacam-se o abuso sexual ocorrido na infância, a depressão e a dependência
química e alcóolica. As crianças e adolescentes enfrentam dificuldades adicionais ao
21

lidar com questões familiares desafiadoras, como a presença de um membro da família


gravemente deprimido ou que chega em casa alcoolizado. Esses problemas podem ter
um impacto significativo em várias áreas da vida das crianças. Por exemplo, elas podem
experimentar uma queda no desempenho escolar, dificuldades nas relações dentro da
família, como um aumento da agressividade, e dificuldades em estabelecer relações
saudáveis com os amigos. (GUERRA, 2021)
Existem várias razões pelas quais algumas pessoas podem ter dificuldades em
desenvolver habilidades parentais adequadas, ou estão despreparadas para educar os
filhos, levando ao abandono de suas responsabilidades em relação aos filhos. Uma delas
é a falta de modelos positivos durante a própria infância, o que resulta em uma falta de
referências para aprender a ser um bom pai ou mãe. Além disso, a falta de apoio ou
educação insuficiente sobre criação de filhos pode contribuir para a dificuldade em
atender às necessidades físicas, emocionais e educacionais das crianças.
(PAIS&FILHOS, 2014)
Com a evolução da sociedade, houve inovações nas formações familiares, onde
o modelo tradicional de família ganhou novas interpretações, fazendo surgir outras
estruturas de famílias, porém as separações dos casais geralmente são conturbadas, o
que geram nos pais separados um sentimento de desprezo um pelo outro, que finda
afetando os filhos, pois aquele pai ou mãe que fica a guarda do filho, tenta colocar o
mesmo contra o outro ente que não mora mais na mesma casa, esse ato chama-se
alienação parental, e essa está escrita no art. 2° da Lei 12.318, conhecida como Lei de
Combate à Alienação Parental, promulgada em 26 de agosto de 2010, com o objetivo de
mitigar os danos sofridos pelas crianças durante a separação dos pais e a difamação da
imagem de um deles para o outro, muitas vezes esse dever é negligenciado pelos
próprios pais em relação aos seus filhos. (LIRA et al, 2019)

Art. 2º Considera-se ato de alienação parental a interferência na formação


psicológica da criança ou do adolescente promovida ou induzida por um dos
genitores, pelos avós ou pelos que tenham a criança ou adolescente sob a sua
autoridade, guarda ou vigilância para que repudie genitor ou que cause
prejuízo ao estabelecimento ou à manutenção de vínculos com este. (SILVA,
2010, s/p.)
22

Segundo Arquilino (2019) que o “abandono afetivo está ligado ao descaso, do


genitor com um dos filhos, independente de morarem juntos ou não.” E para se entender
melhor o papel do afeto na vida do filho, a mesma cita as palavras de Maria Berenice
Dias “o afeto não é somente um laço que envolve os integrantes de uma família.
Também tem um viés externo, entre as famílias, pondo humanidade em cada família”.
(DIAS, 2016, p. 84 apud ARQUILINO, 2019, s/p.)
O abandono afetivo ocorre mais rápido em casais divorciados, pois a ausência de
contato físico, o conflito gerado pela separação, e a troca de residência por cota da saída
de um dos genitores, facilitam o distanciamento e com isso propicia a falta do afeto, e
através disso um dos cônjuges passa a criar uma imagem deturpada de forma negativa,
em relação ao outro, fazendo com que o filho quebre ou elimine o vínculo de afeto com
o outro genitor. (ARQUILINO, 2019)
Para Longo (2020) o abandono afetivo tende a prejudicar a vida e o
desenvolvimento do filho, pois se tornam pessoas problemáticas e instáveis, com
diferentes tipos e comportamentos negativos, dentre eles o autor cita “medo,
agressividade e ausência de inteligência emocional, dificuldade de adaptação,
psicopatologia...” e outros, e segundo o autor para superar isso o filho poderá necessitar
de acompanhamento com profissionais adequados, e também de muito diálogo. Com
isso percebe-se que o abandono afetivo é prejudicial para o crescimento saudável das
crianças.

2.1 O DEVER DA FAMÍLIA DE CRIAR E CUIDAR

Segundo Dill e Calderan (2011) o dever de cuidar é dos pais, e esse dever está
na Lei, e por isso a Constituição afirma que a família é a base da sociedade, as autoras
afirmam que desde a gestação a criança já tem a capacidade de sentir emoções, e o
dever dos pais vai além daquele de só alimentar, dar banho e brincar com o filho, e sim
a mesma tem que se sentir querida e aceita para melhor evoluir.
E como foi visto na antiguidade o dever de criar era vinculado somente a mãe, e
desde a gestação essa cria um vínculo e se prepara para receber esse filho, porém, tal
fato mudou, pois atualmente ambos tem mútua responsabilidade na criação dos filhos,
como bem expõe no trecho abaixo:
23

Dessa forma, tanto o pai quanto a mãe colaboram para a formação e


desenvolvimento físico, psíquico, moral e ético dos filhos, cabendo à
mãe um papel mais flexível, passando noções de afeto e segurança;
já, ao pai cabe o papel de formação de caráter e da personalidade.
(DILL; CALDERAN, 2011, s/p.)

Cabe aos pais imporem limites e educarem os filho, prepará-los para a vida em
sociedade. A Formação da personalidade e seu desenvolvimento dependerá dos esforços
de ambos os pais, e mesmo o pai exercendo um papel importante, a mãe por ser aquela
que gera e carrega o filho no ventre essa assume um papel primário na criação dos
filhos, e por estar mais próxima a mãe a mãe cria um vínculo mais forte com sua prole.
(DILL; CALDERAN, 2011)
Porém há que se observar que para que os progenitores possam criam e
transmitir valores éticos e morais, os mesmos devem estar emocionalmente
equilibrados, pois somente desta forma é que serão bons exemplos. A presença dos
ambos os pais é fundamental porque o ser humano desde o seu nascimento precisa
emocional e fisicamente do amor e do cuidado fraternal, para melhor evoluírem. (DILL;
CALDERAN, 2011)
Nos primeiros anos de vida o papel dos pais é superimportante para o
desenvolvimento motor e psicossocial da criança, mas é claro que essa necessidade não
termina na infância, já que também há a sua necessidade na fase da adolescência,
porém, o que muda é a abordagem e os métodos de criação, pois esses deverão ser
inovados e adaptados para lidar com as alterações comportamentais, adequando-os para
a necessidade de cada fase, e afirma-se que os filhos se sentem mais seguros e felizes
com a presença de ambos genitores. (DILL; CALDERAN, 2011)
A presença dos pais não é baseadas só em presença física, e sim nos cuidados e
no afeto que é distribuído a sua prole, e esses atos contribuem para a construção de uma
personalidade saudável e um bom caráter, evitando desta forma que o filho fique à
mercê da marginalidade, e ainda se afirmar que a família é o caminho pelo qual a
criança e o adolescente usam como exemplos para se orientarem e para lidarem com a
vida em sociedade. (DILL; CALDERAN, 2011)
É por essa razão que nos casos de separação, estipula-se que a guarda seja
compartilhada, com a garantia do direito de visitação, para que mesmo após o divórcio,
as obrigações e as responsabilidades sejam exercidas por ambos os pais e para que os
24

laços afetivos não sejam destruídos, para que desta forma a criança ou o adolescente não
seja prejudicado em seu desenvolvimento psíquico-motor. (DILL; CALDERAN, 2011)
Entende-se dessa maneira, que aos pais cabem o dever de criar, e para isso faz-se
míster que os mesmos estejam preparados psicológica e fisicamente, pois só assim
exercerão com perfeição esse papel, logo, tendo os pais a preparação fraternal
necessária, eles serão capazes de suprir as necessidades de afeto e darem uma boa
educação aos filhos, para que esses se desenvolvam de forma saudável e plena.

2.2 ECA

Como já foi visto a Constituição prevê em seu art. 226 “a família, base da
sociedade, tem especial proteção do estado” (GUIMARÃES, 1988). É dessa forma
criou-se o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), segundo MERELES (2017)
“nada mais é que uma Constituição que prevê a esse grupo todos os direitos humanos
fundamentais, como à educação, ao lazer, à dignidade, à saúde, à convivência familiar e
comunitária, aos objetos pessoais”.
o princípio da Proteção Integral à família, e a criança e ao adolescente está
previsto no art.227 da Constituição de1988:

Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao


adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à
alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à
dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária,
além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação,
exploração, violência, crueldade e opressão. (EDUCAÇÃO, 2020. p. 55)

O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) é uma legislação brasileira que


foi criada em 1990 com o objetivo de promover e proteger os direitos das crianças e
adolescentes. Em relação ao abandono, o ECA traz uma série de benefícios duradouros.
(BEZERRA, 2023).Tal Lei foi criada para amenizar a opressão contra os menores
advindas Ditadura Militar, e essa substituiu o antigo Código de Menores.
Os benefício mencionados por Bezerra (2023) englobam uma série de direitos e
deveres que devem garantir a sua subsistência básica, que é o “direito a vida, à
alimentação, à cultura, ao lazer...” e outros. Outros benefícios são o direito de
preferência em atendimentos médicos e em tramitação processuais, e ainda há a
25

proteção no que se refere ao seu corpo, que este não deve ser “objeto de qualquer forma
de negligência, violência, crueldade, e a criança ou adolescente não deve sofrer
quaisquer discriminação ou opressão”.
Ainda sobre o ECA, este se subdivide em partes geral e especial, onde em uma
parte se trata dos princípios, dentre eles citam-se os “o direito à vida, a saúde, à
liberdade, ao respeito, e à dignidade humana”, e também fala dos direitos e deveres, e
na parte especial, expõe-se sobre “política de atendimento, medidas, conselho tutelar,
acesso jurisdicional e apuração de atos infracionais” (FREITAS E FROTA
ADVOCACIA, 2020).
O Conselho Tutelar é o órgão previsto no ECA, que visa proteger e assegurar
que os direitos da criança e do adolescente sejam devidamente respeitados, e na referida
lei está disposto sanções para casos em que os pais sejam omissos na educação dos
filhos e também estipula sanções para os menores que cometerem atos infracionais.
(BEZERRA, 2023)
Para Freitas e Frota (2020) o ECA, tem o intuito de defender todas as crianças e
os adolescentes de qualquer ato que danifique sua integridade física e qualquer ato
omissivo no que se refere aos cuidados paternos. Ainda no ECA prevê-se a preparação
para o mercado de trabalho, por meio de ensinos profissionais e proíbe o trabalho
infantil e a exploração da criança e do adolescente, com a exceção do trabalho do menor
aprendiz, desde que seja em horário diurno.
No ECA ainda estão descritas sanções para corrigir a prática de atos
infracionais, essas são impostas aqueles na idade entre 15 e 18 anos, e somente em
casos excepcionais é imposta para aqueles na idade de 21 anos, e as mesmas devem ser
diferenciadas daquelas que é imposta aos adultos, pois perante a Lei os mesmos não
cometem crimes e sim atos infracionais, e seu desenvolvimento psíquico ainda está em
formação. obre as garantias processuais o art. 110 do ECA “Nenhum adolescente será
privado de sua liberdade sem o devido processo legal”. (EDUCAÇÃO, 2020, p. 859).
Conforme afirma VERONESE e SILVEIRA (2011) as medidas socioeducativas
servem para:

Proporcionar ao adolescente uma nova compreensão dos valores da vida em


sociedade, substituindo as práticas assistencialistas e repressivas por uma
26

proposta de intervenção baseada em noções de cidadania, resgatando seus


direitos humanos fundamentais. (VERONESE E SILVEIRA, 2011, p. 250).

O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) é uma importante conquista da


sociedade brasileira para proteger e promover os direitos das crianças e dos
adolescentes. Ao garantir a participação, a integral proteção e a garantia de direitos, o
ECA contribui para a construção de uma sociedade inclusiva e justa, onde sujeitos de
direitos são valorizados, crianças e adolescentes. No entanto, é crucial o esforço
contínuo para implementar e fortalecer políticas públicas e práticas sociais que
efetivamente apliquem o ECA, a fim de assegurar um futuro melhor para as gerações
jovens. Apenas com um compromisso amplo e abrangente, será possível criar um
ambiente seguro, acolhedor e propício ao pleno desenvolvimento das crianças e dos
adolescentes.
27

3 HISTÓRICOS SOCIAIS DA INFÂNCIA E DA ADOLESCÊNCIA E DA


FAMÍLIA

Segundo Salles (2005) tanto a criança quanto o adolescente, possuem


caraterísticas comportamentais específicas, e diversos aspectos se modificam conforme
o seu contexto “histórico, social, político e cultural”, onde o meio em que vive está
interligado ao indivíduo, e desta forma o mesmo constrói sua personalidade e
identidade, a partir de suas experiências particulares, isso porque cada pessoas vive a
realidade a sua maneira, e é isso que o torna seres singulares. A família é o primeiro
contato social de todos, portanto, possui uma responsabilidade transformadora
influenciando no crescimento humano, sendo essencial para o primeiro conhecimento
sobre o mundo, e ao mesmo tempo que pode favorecer, também pode ser a sua
destruição, caso não seja um ambiente saudável.
Iniciando pelos estudo dos primeiros anos de vida, Frota (2007) afirma que a
palavra infância vem do latim, que “se refere ao indivíduo que não é capaz de falar”, e
segundo Ariés (1978) a infância não é só uma mera “fase de vida”, pois notoriamente a
mesma vem se modificando desde os séculos passados até a atualidade, o que o autor
diz é que a criança de antigamente não é a mesma do século atual, e que cada situação
tem a sua individualidade, e deve ser analisada dentro do contexto sociocultural da qual
viva, resumindo, em seu entendimento percebe-se que a inocência das crianças
observada no século XVI e XVII, foi alterada pela infância moderna, onde as crianças
tem mais liberdade, são mais autônomas e independentes.
Há duas visões analisadas por Ariés (1978) no que refere o histórico de infância,
por exemplo, para ele na idade média, não havia infância, e que as crianças eram
tratadas iguais aos adultos e compartilhava de tarefas iguais, como se fossem miniaturas
dos mesmos, a segunda análise é que após as transformações que ocorreram nas
estruturas familiares, o autor compreende que a criança ganhou um papel de destaque,
se tornando o centro do seio familiar.
28

Sobre a análise de Ariés, Heywood (2004) discorda, pois para ele havia sim uma
infância na era medieval, mesmo que fossem equiparados a adultos, um exemplo que o
autor traz é que havia uma educação dentro dos monastérios voltadas para as crianças
que eram colocadas à disposição da igreja, e que encontrou sinais de que a criança
possuía uma visão diferenciada da consciência dos adultos, confirmando sua tese de que
a infância era presente também nas épocas passadas.
Compreende-se que as relações familiares a depender de como são introduzidas
podem prejudicar ou promover o desenvolvimento humano, segundo os históricos
sociais no que se refere aos adolescentes esses foram marcados por ocorrências de atos
infracionais, e as principais causas eram “a pobreza, a separação conjugais e as
desigualdades sociais, educacionais e regionais”, e esses fatores impulsionavam a
prática de infrações pela busca de melhorias. (GOMES, 2018)
As inovações nas formas familiares como afirma Gomes (2018) alterou o papel
que cada ente exerce dentro do corpo familiar, fazendo com que se adaptem em
posições que antes não eram suas, um exemplo disso é a mãe, que hoje assume o
sustento da casa. A infância e a adolescência são fases que fazem parte da vida e do
desenvolvimento do ser humano, porém, um fato que não mudou na adolescência é a
vulnerabilidade, porque essa é equiparada à mesma da infância, tal fato ocorre porque
eles também estão com o desenvolvimento cerebral em formação, com algumas
agravantes equivalentes dessa fase, que são as frustrações geradas pelo desejo de se
encaixarem em seu meio social. Sobre a adolescência Calligaris (2000) afirma:

Nossos adolescentes amam, estudam, brigam, trabalham. Batalham com seus


corpos, que se esticam e se transformam. Lidam com as dificuldades de
crescer no quadro complicado da família moderna. Como se diz hoje, eles se
procuram e eventualmente se acham. Mas, além disso, eles precisam lutar
com a adolescência, que é uma criatura um pouco monstruosa, sustentada
pela imaginação de todos, adolescentes e pais. Um mito, inventado no
começo do século XX, que vingou sobretudo depois da Segunda Guerra
Mundial (CALLIGARIS, 2000, p. 9)

Para muitos estudiosos a adolescência é um período do qual o indivíduo passa


por diversas transformações “físicas, cognitivas e sociais, além de psicológicas, que,
juntas, ajudam a traçar o perfil dessa população’, o que se compreende de fato é que na
adolescência a pessoa está se desenvolvendo e se preparando, esse é o período de
29

transição para da infância para a vida adulta, onde o adolescente está em busca de sua
própria identidade, e tenta se encaixar em seu meio. (GOMES, 2018)
Gomes (2018) reitera que a adolescência não só a transição para a fase adulta,
pois para ela é bem mais que isso, pois “é um período entre puberdade e a fase adulta
[...] referindo-se ao conjunto de transformações fisiológicas ligadas à maturação sexual,
que traduzem a passagem progressiva da infância à adolescência”
Na concepção de Ariés (2006) o adolescente possui características específicas da
fase da infância, e essas características se diferenciam dependendo do seu contexto
social e do meio em que vive, por isso, os comportamentos não são iguais e nem são
demostrados da mesma forma para todos, segundo a concepção do autor Stanley Hall,
esse que para o referido autor é considerado o pai da psicologia, e se pode afirmar
contudo que a adolescência é a fase mais difícil, pois é repleta de turbulências e dramas,
que são as principais causas de angústia para todos os entes e para o próprio
adolescente.
Frota (2007, p. 157) concorda que a adolescência não é só uma fase transitória
para idade adulta e nem só de mudanças fisiológicas, para a autora “a adolescência deve
ser pensada como uma categoria que se constrói, se exercita e se reconstrói dentro de
história e em tempo específicos”, o que a autora bem informa é que cada pessoa mesmo
compartilhando as mesmas culturas, ainda assim tendem a interpretá-las e reagirem de
formas diferentes. Segundo Drumond & Drumond Filho (1998) a criação de laços entre
seus entes e os adolescentes, baseados em diálogo, sendo esse conduzido com respeito
mútuo, é favorável para que se construa uma relação confortável e ajuda a superar essa
fase difícil, que é a adolescência.
Para Gomes (2018) a família é crucial para o bom desenvolvimento do
adolescente, e essa é uma construção deve vir desde o nascimento, atravessar a infância
e perdurar até que o filho obtenha uma construção plena de sua identidade e capacidade,
e mesmo após as mudanças nas estruturas familiares que ocorreram desde os séculos
passados e que ainda ocorrem, ainda assim o ambiente familiar é o primeiro e o mais
importante meio que favorece o bom desenvolvimento de todos os indivíduos, logo, o
lar precisa ser um lugar equilibrado e seguro, capaz de promover o bem estar e a
adequada evolução até a idade adulta.
30

Dessa forma entende-se que deve ser dado uma atenção melhor para as crianças
e adolescentes, e que devido a sua formação psicossocial estar em andamento, essa deve
ser tratada com afeto e zelo, pois uma infância e uma adolescência bem construída é
crucial para a criação de seres psicologicamente saudáveis e felizes

3.1 RESPONSABILIDADE CIVIL PELO ABANDONO AFETIVO

Antes de adentrar no tema, há que se entender o que é responsabilidade civil,


Gonçalves (2010, p. 31) diz que “a responsabilidade civil decorre de uma conduta
violadora de um dever jurídico, que pode ser lícito ou ilícito”, ou seja, só há dever de
responsabilizar aquele que descumprir uma “obrigação preexistente”. Até o Código
Civil de 1916, teoria subjetiva que exigia a prova da culpa, esse era um fator que se
ligava a responsabilização do indivíduo, porém, após a revolução industrial somente o
fator culpa não era suficiente para se aderir a reparação do dano, necessitando também o
“nexo causal e a comprovação do dano”, e essa era chamada de teoria objetiva.
Apesar de diversas alterações no Código Civil perduram-se ambas as teorias,
sendo que a teoria objetiva era utilizada em “leis especiais, como por exemplo, acidente
d trabalho...Código do Consumidor” onde também está inclusa no Código Civil atual e
na Constituição. (CUNHA, 2017, p. 27)
Foi mencionado acima que a reparação advém da violação de um dever jurídico,
mas o que seria o dever jurídico: “é uma conduta imposta pelo direito positivo por
exigência da vida social”, o intuito de responsabilizar o indivíduo violador é demonstrar
que sua ação estava errada, e que isso gera consequências e que ele deve assumi-las e
por fim que ele deve compensar o prejuízo, com o objetivo de fazê-lo compreender que
seu erro não será tolerado e de convencê-lo a não mais praticar o ato lesivo. (CUNHA,
2017, p. 28-29)
A responsabilidade civil de antigamente era usada mais nas relações contratuais
e extracontratuais, no entanto, atualmente é também utilizada no direito de família, com
a evolução social o dever de reparar pelos danos psíquicos ganhou força e visibilidade,
fazendo com que a responsabilização por danos morais surgisse para consolar o
indivíduo lesado. (CUNHA, 2017)
31

No Código civil e no Estatuto da Criança e do adolescente a responsabilidade


voltada para o direito de família, no que se refere ao abandono familiar era apenas a
perda do poder familiar, mas quando se trata de abandono afetivo, e se utilizando das
palavras do Ministro Fernando Gonçalves, retiradas do Recurso Especial julgado em
2005, Cunha (2017) afirma que:
No caso de abandono ou do descumprimento injustificado do dever de
sustento, guarda e educação dos filhos, porém, a legislação prevê como
punição a perda do poder familiar [...]. Assim, o ordenamento jurídico, com a
determinação da perda do poder familiar, a mais grave pena civil a ser
imputada a um pai, já se encarrega da função punitiva e, principalmente,
dissuasória, mostrando eficientemente aos indivíduos que o Direito e a
sociedade não se compadecem com a conduta do abandono, com o que cai
por terra a justificativa mais pungente dos que defendem a indenização pelo
abandono moral. (CUNHA, 2017, p. 38–39)

No entanto, a autora atenta que a perda do poder familiar não impede que além
dessa perda, que recaia sobre o indivíduo violador a consequência da reparação civil,
que funciona como uma forma de amenizar a dor do ato, para fins de compensar ou
indenizar a pessoa lesada. (CUNHA, 2017)
Há alguns impasses ditos pelo Ministro Fernando Gonçalves, que contraditam a
reparação civil pelo abandono afetivo, um deles é que o pai ou a mãe deixam de cumprir
com suas obrigações paternas e maternas, ou seja, já não cumprem o poder familiar e o
outro é que dar preço a indenização seria um medidor valorativo para o amor, que para
o mesmo seria algo imensurável, além de que o Ministro citado entende que “como
escapa ao arbítrio do Judiciário obrigar alguém a amar, ou a manter um relacionamento
afetivo, nenhuma finalidade positiva seria alcançada com a indenização pleiteada”.
(BRASIL, 2005)
Se fosse pelo entendimento do Ministro a indenização por abandono afetivo
seria incabível por haver impossibilidade de dar preço ao amor, que para Cunha (2017)
isso seria uma “banalização do dano moral”, no entanto, quando se trata de
responsabilização por ausência de afeto essa é avaliada não só pelo valor afetivo, mas
pela ausência do dever de cuidar e de cumprir com os deveres que são de
responsabilidade dos pais. Embora o valor em pecúnia não vá “trazer de volta a falta de
cuidado perdida em toda uma infância e /ou adolescência”, porém, essa foi a forma que
o judiciário encontrou de amenizar o dano causado pelo abandono afetivo.
32

Então a reparação pelo abandono afetivo é efetivada não com o intuito de


precificar o amor, e sim tratada nesse caso como um descumprimento de uma norma
jurídica, que seria o ato ilícito dado “omissão de cuidado”, que é ato do poder pátrio.
Após haver a possível reparação civil, o Superior Tribunal de Justiça no que se refere ao
abandono, também elencou um prazo de três anos para a reparação ser solicitada, e esse
inicia a partir da maioridade civil que é 18 (dezoito) anos de idade, esse ponto é
relevante porque o próprio Código Civil impõe em seu art. 197, inciso II, que “Não
ocorre prescrição- entre ascendentes e descendente, durante o poder familiar”.
(CUNHA, 2017, p. 41)
Com isso entende-se ser que ações por danos afetivos, não são comuns, mas é
cabível o dever de indenizar civilmente a ausência de afeto, desde que ela seja
compreendida e considerada não pelo fator sentimental, mas sim pelo descumprimento
do ordenamento jurídico que é dever obrigacional dos pais para com os filhos, e a
reparação pecuniária, busca amenizar a dor, e com isso pretende-se evitar que os pais
sejam irresponsáveis com os cuidado aos filhos.

3.2 POSSÍVEIS DANOS DO ABANDONO PARENTAL E REFLEXOS NA VIDA


ADULTA

Antes de analisar os reflexos dos danos do abandono parental na vida adulta, há


que se falar sobre como isso impacta na vida do adolescente, segundo o entendimento
de Reis e Silva (2021) a falta de afeto prejudica o desenvolvimento psíquico tanto da
criança, quanto do adolescente, usando as palavras de Trapp e Andrade, as autoras
afirmam que “...o pai representa a possibilidade do equilíbrio, conceituado como
regulador da capacidade o adolescente investir no mundo real.” (TRAPP e ANDRADE
apud REIS e SILVA, 2021, p.5), tal frase elenca sobre a ausência de afeto do pai, mas o
mesmo fator ocorre com a ausência de afeto materno, o que se quer enfatizar é que o
afeto é primordial para a saúde psicomotora e social do ser humano.
Longo (2020) enfatiza que os fatores ambientais e sociais que cercam os
indivíduos são essenciais para que se cresça e amadureça, por isso ambos os pais são os
protagonistas do desenvolvimento humano desde o ventre, pois eles são os primeiros
33

contatos da criança com o meio externo. O abandono afetivo pode ser dado de várias
formas que pode ser somado com violência física ou somente emocional.
E Para que haja ausência não é necessário que essa ausência seja física, pois, há
inúmeros casos em que o pai mora com o filho e ainda assim não fornece afeto e nem dá
a mínima atenção para o mesmo, e ainda assim o adolescente se sente desamparado, o
pai por muitos séculos era relacionado como o “provedor’ da casa, e que à mãe se
incumbia a tarefa de cuidar do filho, e de ser a pessoa que venha a cuidar de seu
emocional, isso e dava por conta da cultura machista que perdurou durante os anos,
porém um fato esquecido é que o homem é o suporte da mãe, e esse apoio deveria
ocorrer em todos os campos da relação familiar (REIS E SILVA, 2021)
Os danos pelo abandono afetivo podem ser avassaladores, que corroboram
lesões de diversas formas, tornando crianças e adolescentes problemáticos, e esses
problemas prejudica seu desempenho psíquico e social, alguns desses danos são, o
medo, a agressividade, a timidez, dificuldade de aprendizado e outros, e porventura,
esses danos vão além da idade infantil ou adolescente, pois findam afetando também a
idade adulta. (LONGO, 2020)
Refletindo sobre a idade adulta, Longo (2020) mencionou alguns problemas
ocorridos com adultos que cresceram sem afeto, que são o stress ou a fácil
predisposição em se aborrecer, ou geralmente estão sempre irritados, eles também
adquirem aversão a mudanças, pois não consegue adaptar-se a elas, alguns tornam-se
ansiosos, outros são apegados a objetos, isso ocorre porque eles projetam o abandono
afetivo que tiveram e tendem a ter amor e de serem apegados por suas coisas, como por
seus “veículos, livros, documentos ou qualquer outro objeto com significado especial ou
não para eles”.
Outros danos trazidos pelo autor acima são os vícios, e quando se fala em vícios
não se refere só a drogas, pois o mesmo fala em algo mais voltado para o lado obsessivo
compulsivo, que podem ser o fato de viciar-se e ter um apego extremo em alguma
“atividade, objeto, ou pessoas, ao trabalho, ao sexo...”, e em outros casos tendem a
priorizar mais aos outros que a si mesmos por medo do abandono. (LONGO, 2020)
Há muitos outros problemas trazidas por Longo (2020), porém mencionou-se os
principais, ainda sobre o assunto o autor afirma que para superá-los o indivíduo
necessita de acompanhamento, terapias e até tratamentos específicos com especialistas
34

como psicólogos, psicanalistas, e outros, e cada pessoa deve ser tratada de forma
individualizada, pois, há uma diversidade de abandonos afetivos, que variam entre mal
trato físico e emocional, portanto, os danos evoluem a partir de vivências traumáticas
advindas de circunstâncias diferentes, ou seja, precisará ser analisado com cautela para
após isso indicar os profissionais e os tratamentos adaptados para cada caso.
Percebe-se que o abandono afetivo vivido pela criança e pelo adolescente,
influencia no bem-estar do futuro adulto, já que o psíquico emocional do ser humano
adulto, é refletido através do carinho e cuidado que recebeu quando era pequeno,
ademais, adultos bem-sucedidos e realizados, geralmente são aqueles que cresceram em
famílias bem estruturadas e em um ambiente harmonioso e saudável.

3.3 INTERVENÇÕES PARA AS FAMÍLIAS E PARA AS CRIANÇAS


ATINGIDAS PELO ABANDONO PARENTAL

O estado possui um papel fiscalizador dos direitos e garantias da sociedade,


além do poder punitivo para quem não os cumprir, e claro que nas relações familiares
tem função de proteger esses direitos, em casos mais graves ocorre a destituição ou
suspensão do poder familiar, pelas vias judiciais, por mio de uma ação própria, que seria
a retirada dos filhos do seio familiar, por conta da ausência do dever de cuidar dos
genitores, sobre a destituição o art. 1638, inciso II, do Código Civil diz que: “Perderá
por ato judicial o poder familiar o pai ou a mãe que: II - deixar o filho em abandono”.
(S. Milena, 2015)
Milena dispõe que a família e o estado possuem o:
poder-dever de garantidores na assistência e proteção da criança e do
adolescente, colocando-os a salvo de qualquer risco à integridade física e
psíquica, oferecendo um lar digno de respeito e replicador dos bons
costumes, como forma de desenvolver um cidadão com valores éticos. (S.
MILENA, 2015)

Porém, ao ocorrer a retirada “do poder-dever dos pais sobre os filhos menores”,
não cessa a “sucessão hereditária e os direitos alimentícios”, pois esses permanecerão
como forma de responsabilização dos direitos violados, até porque seria muito fácil tirar
o filho dos pais violadores e eles não sofrerem nenhuma punição, assim impunidade
seria contínua, fato que o estado busca evitar. (S. Milena, 2015)
35

Segundo S. Milena (2015), a Jurisprudência se mostra contrária a destituição do


poder familiar, pois a qualifica como uma forma inobservante do princípio do melhor
interesse da criança e como uma quebra do vínculo afetivo, já que os pais entregam seus
filhos para que outras pessoas cuidem, com isso há uma privação do convívio com a
família.
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) em seu art. 155 menciona quem
são os legitimados para entrar com a ação de destituição, que são o Ministério Público
ou quaisquer interessados, podendo este serem “pais, parentes, ou outros que
demonstrem interesse”, o órgão representativo do Ministério Público é o Conselho
Tutelar. A ação por si não corrobora em tal punição, pois o próprio sistema punitivo
deve garantir acima de tudo o direito ao contraditório e a ampla defesa. (idem, 2015)
Nos casos em que a destituição é definitiva, o menor é entregue para adoção, há
a retirada do sobrenome dos pais biológicos, para incluir o nome dos pais adotivos, e
não se deve esquecer da outra punição dada pelas vias judiciais que é a reparação
pecuniária para fins de responsabilizar os pais civilmente, essa que já fora mencionada
anteriormente. (idem, 2015)
As intervenções acima são os pontos extremos da responsabilização no seio
familiar, mas além de ocorrer punições, os pais e filhos, podem outros meios
interventivos, onde os mesmos pode ser encaminhados para a realização de
acompanhamentos com assistentes sociais e psicólogos, objetivando a normalização da
relação familiar, bem como a conscientização do obrigação do dever de cuidar. Ferreira
(2012) esboça que em casos em que há abandono afetivo seguido de violência familiar,
a intervenção seria o acolhimento da parte vulnerável em abrigos, e até serem colocados
a adoção, caso o agressor sejam ambos os pais.
Além das estratégias mencionadas anteriormente, é fundamental considerar que
o acompanhamento das famílias com assistentes sociais e psicólogos, são benéficos não
só para os pais, mas também para os filhos envolvidos em casos de abandono afetivo,
pois contribui para a normalização da relação familiar e para a conscientização sobre a
obrigação do dever de cuidar.
Conforme destacado por Ferreira (2012), em situações em que o abandono
afetivo é acompanhado por violência familiar, é necessário adotar medidas de
intervenções mais drásticas. Nestes casos, a proteção da parte vulnerável pode envolver
36

o acolhimento em abrigos ou outras instituições adequadas, até que a situação seja


resolvida de forma segura. Se ambos os pais forem considerados agressores e não
apresentarem condições de oferecer um ambiente seguro e acolhedor, a adoção pode ser
considerada como uma opção para garantir o bem-estar e a proteção da criança.
A intervenção em casos de abandono afetivo e violência familiar é crucial para
garantir a segurança e o desenvolvimento saudável da criança. Ferreira (2012) ressalta
que em casos de abandono e violência familiar, deve-se priorizar a proteção da criança,
afastando-a de situações de risco, proporcionando um ambiente seguro e promovendo o
restabelecimento de seus direitos. Portanto, é necessário um trabalho conjunto entre
assistentes sociais, psicólogos, advogados e outros profissionais para assegurar que a
criança receba a proteção e o cuidado adequados.
Ferreira (2012) expõe relatos da psicóloga Triana Portal, que afirma que o
abandono afetivo afeta drasticamente o indivíduo, e para as crianças e adolescentes esse
dano é ainda maior porque os mesmos ainda estão em fase de desenvolvimento humano,
apesar de não ter como mensurar o caos causado pelo abandono afetivo, compreende-se
que o trauma deve ser trabalhado desde o seu fator inicial, e não é certeza que o trauma
será superado, porém o acompanhamento com especialistas, objetiva amenizá-lo, a fim
de permitir que a pessoa lesada seja capaz de seguir com sua vida de forma saudável.
37

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

No contexto atual, o conceito de família passou por transformações


significativas, refletindo as mudanças sociais, culturais e legais que ocorreram ao longo
dos anos. A família deixou de ser restrita a uma estrutura nuclear tradicional,
expandindo-se para diferentes configurações, como famílias monoparentais, famílias
homoafetivas e famílias recompostas. Independentemente da sua composição, a família
desempenha um papel fundamental no desenvolvimento infantil.
A teoria do apego destaca a importância dos laços emocionais seguros entre a
criança e seus cuidadores para o seu desenvolvimento saudável. O abandono afetivo é
uma das formas mais graves de violação desse vínculo, podendo acarretar sérias
consequências para a criança. Caracterizado pela falta de cuidado, atenção e afeto por
parte dos pais ou responsáveis, o abandono afetivo pode ocorrer de diversas maneiras,
desde negligência emocional até o abandono físico.
É dever da família criar e cuidar dos seus membros, assegurando um ambiente
seguro, afetivo e propício ao desenvolvimento pleno das crianças. O Estatuto da Criança
e do Adolescente (ECA) estabelece direitos e garantias fundamentais para assegurar o
bem-estar das crianças, incluindo proteção contra qualquer forma de abuso, abandono
ou negligência.
O abandono parental causa danos profundos na vida da criança, afetando seu
desenvolvimento emocional, cognitivo e social. Os reflexos desse abandono podem
perdurar até a vida adulta, impactando relacionamentos, autoestima, confiança e
habilidades sociais. A responsabilidade civil pelo abandono afetivo pode ser atribuída
38

aos pais ou responsáveis que negligenciaram suas obrigações, podendo resultar em


consequências legais.
Para as famílias e crianças afetadas pelo abandono parental, intervenções são
necessárias para promover o restabelecimento dos vínculos afetivos e o
desenvolvimento saudável. Isso envolve a oferta de suporte psicológico e emocional
tanto para os pais quanto para as crianças, o acesso a serviços sociais e de saúde, além
da busca por alternativas de cuidado e proteção, como a adoção ou a colocação em
famílias substitutas.
Em suma, a compreensão do conceito de família no contexto atual, aliada ao
entendimento do desenvolvimento infantil, da teoria do apego e das características do
abandono afetivo, evidencia a importância do papel da família na criação e cuidado das
crianças. O abandono parental representa uma violação grave desses deveres, trazendo
danos significativos para a vida das crianças, exigindo a responsabilização dos
responsáveis e a implementação de intervenções para mitigar os impactos e
proporcionar um ambiente seguro e afetivo para as crianças afetadas.
Além disso, é fundamental considerar os históricos sociais da infância, do
adolescente e da família para compreendermos as raízes e os contextos que influenciam
as dinâmicas familiares e as situações de abandono afetivo. Fatores como pobreza,
violência doméstica, dependência química, doenças mentais e rupturas conjugais podem
contribuir para a fragilização dos laços familiares e aumentar o risco de abandono.
Os possíveis danos do abandono parental são extensos e podem afetar todas as
esferas da vida da criança. A ausência de cuidado e afeto adequados pode levar a
problemas emocionais, como depressão, ansiedade e baixa autoestima, além de
dificuldades no desenvolvimento de habilidades sociais e de relacionamento. O
abandono também pode comprometer o desempenho escolar, o desenvolvimento
cognitivo e até mesmo a saúde física da criança.
No entanto, é importante ressaltar que existem estratégias de intervenção para
auxiliar tanto as famílias quanto as crianças atingidas pelo abandono parental. É
necessário investir em programas de apoio psicossocial, como terapia familiar e
aconselhamento individual, que visem fortalecer os laços afetivos, promover a
resiliência emocional e proporcionar um ambiente seguro e acolhedor.
39

Ademais, é fundamental contar com a atuação de profissionais capacitados,


como assistentes sociais, psicólogos e pedagogos, que possam auxiliar na identificação
precoce de situações de abandono e na oferta de suporte adequado. A colaboração entre
esses profissionais, as instituições educacionais e os órgãos responsáveis pela proteção
da criança é essencial para criar um sistema de proteção efetivo e garantir que os
direitos das crianças sejam preservados.
É necessário estabelecer políticas públicas que promovam a conscientização e a
prevenção do abandono infantil. Campanhas educativas, palestras e programas de
capacitação podem ser implementados para informar a população sobre os impactos
negativos do abandono e as formas de prevenção. Essas ações devem alcançar não
apenas os pais e responsáveis, mas também a comunidade em geral, visando criar uma
rede de apoio sólida em torno das crianças.
Outro aspecto importante é a criação de mecanismos eficientes de denúncia e
resposta rápida a casos de abandono infantil. Linhas telefônicas de emergência e canais
de comunicação acessíveis devem ser estabelecidos para que qualquer pessoa possa
relatar suspeitas de abandono. Os órgãos responsáveis pela proteção da criança devem
agir prontamente diante das denúncias recebidas, realizando investigações adequadas e,
quando necessário, removendo a criança do ambiente prejudicial e oferecendo apoio e
cuidado adequados.
Adicionalmente, é preciso fortalecer a fiscalização e o monitoramento das
instituições educacionais e de cuidado infantil. Essas instituições desempenham um
papel crucial na identificação e prevenção do abandono, uma vez que têm contato direto
com as crianças diariamente. As equipes de profissionais que atuam nessas instituições
devem receber treinamento especializado para identificar sinais de abandono e estar
preparadas para lidar com essas situações de forma adequada, acionando os órgãos
competentes e oferecendo suporte emocional às crianças envolvidas.
Logo, a luta contra o abandono infantil requer uma abordagem multifacetada,
envolvendo a atuação de profissionais capacitados, a implementação de políticas
públicas efetivas, a conscientização da população e a criação de mecanismos de
denúncia e resposta rápida. Somente através de um esforço conjunto e contínuo é
possível garantir que todas as crianças tenham seus direitos preservados e tenham a
40

oportunidade de crescer em um ambiente seguro e saudável, com acesso a educação,


cuidados e afeto.
Em síntese, a família desempenha um papel crucial no desenvolvimento infantil
e tem o dever de criar e cuidar de seus membros. O abandono afetivo é uma violação
séria desse dever, com potenciais consequências negativas que podem perdurar até a
vida adulta. É necessário compreender o contexto atual do conceito de família, a teoria
do apego, as características do abandono afetivo e os históricos sociais da infância e da
família para enfrentar esse problema de forma efetiva. Isso inclui a responsabilização
civil dos pais, intervenções adequadas para famílias e crianças afetadas e a
implementação de políticas e programas de apoio psicossocial. Somente por meio
desses esforços conjuntos poderemos criar um ambiente acolhedor e seguro para todas
as crianças, promovendo seu pleno desenvolvimento e bem-estar.
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