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FACULDADE ADVENTISTA DA BAHIA

PÓS-GRADUAÇÃO EM NEUROPSICOLOGIA

ABILENE DOS SANTOS SILVA

A PSICOMOTRICIDADE COMO UM ELO ENTRE: AUTISTAS E SELETIVIDADE


DE PARES

BAHIA
2023
ABILENE DOS SANTOS SILVA

A PSICOMOTRICIDADE COMO UM ELO ENTRE: AUTISTAS E SELETIVIDADE


DE PARES

Trabalho de Conclusão de Curso submetido ao


curso em Pós- graduação do Neuropsicologia da
Universidade Adventista da Bahia como requisito
parcial para a obtenção do título de especialista em
Neuropsicologia.

Orientador(a): Prof.(a) Vaneide Pacheco

BAHIA
2023
RESUMO
O Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) tem sido um alvo para os pesquisadores
recentemente, pois os quadros pedagógicos e as literaturas apontam as dificuldades
dos docentes ao realizarem a inclusão e fornecer um melhor atendimento educacional
para os alunos que possuem o transtorno. Sabe-se que o TEA pode gerar dificuldades
no desenvolvimento e comportamento das crianças, desde a socialização até o
comprometimento de sua fala, causando um déficit na aprendizagem e convivência
do portador. Pensando no bem-estar, na inclusão, nos avanços sociológicos e de
aprendizagem dos alunos atípicos, o presente estudo tem como perspectiva avaliar e
analisar como acontece o desenvolvimento da intervenção mediada por pares. A
pesquisa visa buscar a eficácia dessa nova metodologia e como essa técnica pode
ajudar os estudantes e professores numa melhor busca para o desenvolvimento
acadêmico e escolar dos autistas. Os dados analisados aqui são materiais de cunho
bibliográfico que produziram resultados qualitativos, tratando sobre o comportamento
mediador e o engajamento nas técnicas aplicadas. Todos os resultados apresentados
trata-se de análises de campo de estudiosos da área que apuseram esse modelo de
intervenção comprovando os avanços e desvantagens da mediação por pares.

Palavras-chave: Autismo. Inclusão escolar. Mediação de pares. Interação social.


ABSTRACT

Keywords:
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 6
REFERENCIAL TEÓRICO .............................ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
2.1 A EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO BRASIL................................................................7
2.2 CARACTERÍSTICAS DO TRANSTORNO DO ESPETRO AUTISTA (TEA)...........9
2.3 CONCEITO DE INTERVENÇÃO MEDIADA POR PARES (IMP).........................12
MATERIAS E MÉTODOS ...................................................................................... 12
RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................. 13
CONCLUSÃO ........................................................................................................ 17
REFERÊNCIAS......................................................................................................... 18
6

INTRODUÇÃO

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) caracteriza-se pela dificuldade de


comunicação e interação social, dificuldade em desenvolver relações afetivas,
ausência de interesses por pares e pela inabilidade em ajustar comportamentos.
Critérios diagnósticos de Transtorno Espectro Autista (TEA) podem ser identificados
nos níveis leve, moderado ou severo de acordo com a escala childhood autism rating
scale traduzido para o português para escala de pontuação para autismo na infância.
(DSM-5, 2014). Geralmente essa escala é aplicada pelos profissionais em crianças a
partir de 2 anos de idade, sendo uma das ferramentas e mais confiáveis para o
diagnóstico preciso.
Crianças com diagnóstico TEA exigem uma atenção maior e um auxílio
específico no desenvolvimento do ajustamento comportamental em relação a crianças
neurotípicas. Em alguns momentos, essas dificuldades podem tomar uma proporção
inesperada em um ambiente escolar, por exemplo, o aluno apresenta uma trava em
seu aprendizado o que compromete a sua dinâmica frente a essas dificuldades
(RAMOS, 2021).
Frente a essas dificuldades, é recomendável que as estimulações sejam
desempenhadas por uma equipe multidisciplinar, composta por psicólogos,
fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, psicomotricistas, entre outros, dispondo à
criança dentro do espectro, um melhor desenvolvimento e crescimento, visando as
suas particularidades (SILVA; VENÂNCIO, 2022).
A fim de minimizar ou aprimorar certos aspectos como atrasos e déficits
motores, e dificuldades nas habilidades relacionais pertinentes ao TEA, a
Psicomotricidade tem sido uma das possibilidades também de tratamento para
intervenção, que trabalha de forma lúdica com propósito de fortalecer a interiorização
da criança com o mundo exterior, e trabalhando a relação afetiva juntamente com as
habilidades motoras e cognitivas, utilizando o movimento corporal (SILVA;
VENÂNCIO, 2022)
Em meados dos anos 70, foram iniciados os estudos acerca da
Psicomotricidade Relacional, que inclui a totalidade do sujeito em suas dimensões
corporal, intelectual, afetiva e social, compreendendo a comunicação do corpo com
as relações que são construídas entre os sujeitos (SILVA, 2022). Assim, é possível
compreender que é necessário lançar um olhar reflexivo e questionador acerca dos
7

aspectos comportamentais de indivíduos com TEA e da sua relação com a


Psicomotricidade, bem como a conexão que esses dois pontos têm em relação a
seletividade de pares desses indivíduos e como ela se organiza. Diante dessas
especificidades a escola é responsável em desenvolver mecanismos e estratégias
para a inclusão dos alunos atípicos no meio estudantil.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 A EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO BRASIL

A educação sempre foi alvo de muita discussão, muitos desafios, muitas


reavaliações em relação ao seu acontecimento em sentido de se conectar com as
crianças. A escola nem sempre foi um espaço igualitário, laico e para todos, essa luta
vem sendo cada vez mais debatida, em funções das diferenças e pensando na
inclusão de todos.
De acordo com Bezerra e Antero (2020) a partir da década de 2020 que o
assunto sobre a inclusão no Brasil ganhou mais engajamento e sendo debatido com
maior ênfase, tanto pelos profissionais da educação, ou pelos pais que recorrem pelo
direito de inclusão de seus filhos. Pensando dessa forma, a inclusão deve acontecer
de forma harmonioso e respeitando as diferenças de cada indivíduo.
A educação especial por muito tempo foi definida para alunos com deficiências,
de início esses sujeitos não tinham uma legislação que garantissem os seus direitos,
dessa maneira eles eram postos a mercê da sociedade que os marginalizavam por
preconceito e os colocando como incapazes de aprender. O movimento de inclusão e
a capacitação de educação especial deu maior significado e foi levantado bem
recente. (BEZERRA e ANTERO, 2020).
Nos anos 80 devido ao início de uma busca para a escolarização dos sujeitos
tratados como “anormais”, a forma realizada para tal ação, foi de aberturas de
institutos que eram voltados principalmente para os deficientes auditivos e visuais, a
ideia era de ajuda-los, porém a exclusão era feita nas instituições, pois as escolas
eram ditas como “especiais” fazendo com que houvesse uma separação da sociedade
desde a infância. Foi no século XIX que ocorreu um dos primeiros movimentos que
aconteceram de maneira significativa em relação a educação especial, sendo esse
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recurso chamado de Sociedade Pestalozzi do Brasil, que chegou ao Brasil em 1918,


o objetivo e missão da Sociedade é : “garantir a qualidade de vida das pessoas com
necessidades especiais através da articulação de ações em defesa dos seus direitos
e da construção de sua cidadania”. Demonstrando que independente das falhas
humanas o que importa é a construção do direito igualitário.
A Sociedade Pestalozzi foi um fator significativo para a continuidade em busca
da inclusão e educação de qualidade para as pessoas com necessidades especiais,
o que levou a elaboração de outra importante instituição, sendo ela a Associação de
Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) que surgiu no Brasil no ano de 1954 que
iniciou como forma de grupo e se expandiu como forma de contribuição e acolhimento
para as pessoas com necessidades especiais. Essas sociedades surgiram com a
missão de atender os alunos com necessidades especiais, pois as escolas regulares
estavam despreparadas para os alunos. (SANTANA,2020)
Somente em 1994 que ouve a Primeira Conferência Mundial sobre a
necessidade de implementação de educação especial nas escolas regulares.
Salamanca inclui através da Lei de Diretrizes e Bases Nacionais (LDB) nº 9394/96
declarando:
“[...] Fundamentam-se nos princípios e na filosofia de que todos devem ter
iguais oportunidades para aprender e desenvolver suas capacidades,
habilidades e potencialidades para assim alcançar a independência social e
econômica bem como se inserir totalmente na vida em sociedade[...]
(BEZERRA E ANTERO,2020) P.03.

Visando esses direitos que a partir do ano de 1996 foi estabelecido o direito de
educação para todos, que deve ser oferecida preferencialmente nas escolas
regulares, além das salas de aulas deveriam ter os apoios como forma de buscar a
melhor aprendizagem para todos os alunos. As políticas públicas sancionaram então,
sendo esse apoio nas escolas a uma sala especializada que foi implantada nos anos
posteriores a 2011, sendo a sala de Atendimento Educacional Especializado (AEE).
No ano de 2015 que a Lei nº 146, Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência
(LBI) onde garantia a participação dos alunos em todas as atividades escolares.
Todos esses avanços são elementos importantíssimos para que a educação inclusiva
ocorresse nas escolas, garantindo a permanência e uma aprendizado de qualidade
para todos inclusive os alunos que possuem autismo.
A inclusão é uma reação de valores dos sujeitos de nossa sociedade, diante de
tanta diversidade é impossível negá-la, pois reconhecê-la é um modo de identificação
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de todos os indivíduos, a identificação de que somos diferentes e que podemos


caminhar juntos. Além da lei para os deficientes e suas adaptações, existe também a
lei nº 12764/12 que prevê a inclusão principalmente para os autistas, dessa maneira
ele poderá frequentar a escola com acompanhamento especializado. O aluno que
possui o TEA pode comunicar as escolas sobre suas especificações, onde ela deve
apresentar formas e estratégias para atender esse aluno da melhor maneira afim de
promover a inclusão de todos. (CRESPO, 2020)
A legislação brasileira aconselha que a educação de crianças de possuem o
TEA frequentem escolas com ensino regular em todos os níveis escolares, tratando
da inclusão e para que ele participe assim como os outros colegas de turma prevendo
dessa forma a Lei nº 13.146, de 6 julho de 2005, dessa maneira não apenas para que
aconteça a socialização, mas sim a participação e qualidade de ensino. Essa lei
reafirma o direito da educação para todos, dessa maneira, cabe ao ´professor se
utilizar de ferramentas para que suas intervenções educacionais sejam cumpridas
com êxito e obtendo resultado para a aprendizagem do aluno atípico (RAMOS et. al,
2019)

2.2 CARACTERÍSTICAS DO TRANSTORNO DO ESPETRO AUTISTA (TEA)

De acordo com Crespo (2020) o primeiro autor a publicar sobre o autismo foi
Leo Kanner no ano de 1943, sendo um artigo que se intitulava como “Distúrbios
autísticos de contato afetivo” nesse estudo ele descreve que as crianças pareciam
estar melhor ou se sentirem melhor quando estava sozinha o que parecia ter a
sensação de hipnose. Relata também sobre a solidão que os autistas se encontravam
e diferenciava esse transtorno da esquizofrenia.
O espetro também é identificado como a dificuldade de interação social,
dificuldade de se comunicar e a resistência a mudanças de rotinas. Essas são as
principais características entre os autistas. Porém os autistas não são todos iguais em
seus hábitos e aspectos, dessa forma dizer que existe um tratamento adequado e
uniforme para o transtorno não é algo possível. (BOLEMA, 2019)
Mesmo com diversos obstáculos os pesquisadores afirmam a necessidade de
interação social, em qualquer âmbito, mas principalmente no escolar, pois o cotidiano
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poderá ajudá-lo a se desenvolver tanto cognitivamente quanto socialmente,


permitindo avanços e sua independência.
O autismo é uma deficiência a qual está relacionada a condição humano dos
sujeitos, ao adentrar a sala de aula é possível identificar a teoria de Freire, onde
reverbera e a classifica como uma educação humanizante. (SANTOS,2022).
O transtorno do espectro autista em crianças, pode ser identificado a partir de
alguns sintomas comportamentais na falta de reciprocidade das interações sociais e
na comunicação não verbal. A criança se encaixa como sujeito ativo social ao seu
modo, onde cria a partir da observação de outras interações, as suas culturas próprias
e infantis. Desta forma, assume o papel de protagonista de sua realidade, criando
assim uma identidade única e pessoal a respeito do seu existir no mundo (ARAÚJO,
2021).
Compreende-se que a confirmação do diagnóstico do autismo, pode ser
percebido através dos primeiros anos de vida do indivíduo através de investigações e
observações, diferentemente de outros transtornos que são diagnosticados na vida
adulta ou até mesmo no período da velhice. É perceptível que nestes indivíduos,
esteja presente a existência de um cérebro diferenciado incorporado como identidade.
Crianças com esse diagnóstico possuem alto funcionamento nas experiências de
organizações mental e cognitiva sem a necessidade de ajustes compensatórios em
sua identidade. Receber o diagnóstico de autismo, é algo que traz um alívio pois uma
vez que o comportamento é identificado, a percepção sobre as ações realizadas pelo
indivíduo passa a ser de fato compreensíveis pelos observadores sem receber um
julgamento prévio (FERIANI,2022)
De acordo com um estudo realizado sobre crianças autistas minimamente
verbais, a maior preocupação dos pais em relação aos filhos é o comprometimento
verbal que a criança apresenta desde os primeiros anos de vida. Cada indivíduo tem
suas particularidades podendo ter um comprometimento que dura poucos anos e
alguns até aos 08 anos de idade ao se tratar do diagnóstico. Além desse
comprometimento, a criança pode apresentar comportamentos de seletividade que
podem acontecer principalmente na alimentação e por vezes na escolha dos pares
com quem irão se relacionar ao longo da vida (POSAR 2022).
Atualmente o diagnóstico do transtorno do autismo é realizado por uma equipe,
sendo médicos, psicólogos, psicopedagogos entre outros, formando uma equipe que
poderá fazer essa avaliação desde os primeiros meses da criança. Infelizmente o
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transtorno não possui uma cura e nem um tratamento específico, cada autista é único
e o tratamento para cada um deles deve ser adaptado, dessa maneira o
acompanhamento é feito durante toda a sua vida para registros de seus avanços.
(CRESPO, 2020).

2.3 CONCEITO DE INTERVENÇÃO MEDIADA POR PARES (IMP)

Como falamos antes, a inclusão é uma luta que já acontece a muitos anos,
principalmente nas escolas, na tentativa de avanços para que a socialização dos
alunos com autismo. Dentro desse contexto e pensando em resultados para uma
melhor inclusão dos alunos com autismo, foi pensada a estratégia de intervenção
mediada por pares (IMP)
Essa intervenção busca promover habilidades sociais e acadêmicas para esses
alunos, os pares seriam as crianças com desenvolvimentos típicos, idades similares
para o auxílio dos alunos atípicos. Essa técnica foi desenvolvida internacionalmente,
no Brasil ela ainda é pouco conhecida. A intervenção dos pares não é apenas um
auxílio de um outro colega, pois esse par vai servir como exemplo para o aluno com
autismo. Uma das vantagens para a utilização desse recurso é que a técnica é
simples, fácil e pode ser aplicada em qualquer sala de aula.
Para Ramos (2019) os pressupostos teóricos para a IMP estão relacionados no
desenvolvimento infantil através das interações sociais, levando em conta o ambiente
em que eles estão interagindo de forma competente e bem sucedida. Toda criança
seja típica ou atípica tem a capacidade de se beneficiar dessas interações, devido ao
melhor desenvolvimento do colega de aprendizagem ou interação social. Esse
benefício é levado a proximidade de construí a proteção, sendo igual ao
companheirismo entre mãe e filho.
Nas relações de pares a criança aprende as habilidades de colaboração,
competitividade, resolução de problemas que vão acontecendo ao longo dessa
relação. Isso mantém uma troca de construção de relacionamentos o preparando para
a vida adulta.
Os pares nesse sentido são um fator principal para a intervenção dos autistas,
para a realização da IMP os pares são geralmente escolhidos pelos professores, são
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os agentes que conhecem melhor os seus alunos, observando-os para melhor


identificar quais se enquadram nos critérios de pares, sendo eles: o de obter empatia,
domínio de habilidades onde são melhores orquestradas de acordo com os comandos
os professores; possuindo a mesma idade do colega, um aluno que seja presente e
que faça as suas tarefas com responsabilidade, entre outros. Esses requisitos são
essenciais para que o aluno com autismo possa ter um par com uma boa referência,
dessa forma ele proporcionará um melhor desenvolvimento para ambos.
(RAMOS,2019) Para que aconteça um avanço, essa intervenção está ligada a toda a
rotina dos pares, sendo desde convites para jogos, instruções para o colega e
principalmente a demonstração de afeto.
A escola é um ambiente que estimula os alunos a aprender e se conectar um
com o outro, e a intenção da intervenção de pares é mais do que a inclusão em sala
de aula, chama-se interação e comunicação.
A IMP se mostra recentemente uma ferramenta e alternativa para conduzir as
atividades aos alunos com autismo, utilizando os seus colegas de turma, garantindo
uma melhora na sua interação, desenvolvendo habilidades, estreitando os laços e
uma qualidade no rendimento escolar. Os pares que são considerados típicos, se
tornam agentes de intervenção diante dessa proposta, realizando trocas sociais.

2 MATERIAIS E MÉTODOS

Para a construção desse artigo, foi escolhida a revisão integrativa que consiste
em um método que tem como finalidade sintetizar ou reunir temas contendo
resultados obtidos em pesquisas, questões, ideias, opiniões, questionamentos, de
forma sistemática, ordenada e abrangente. Ela tem esse nome, pois tem a flexibilidade
de fornecer informações mais amplas acerca do tema escolhido para abordagem no
contexto científico. Portanto, é possível ao escritor que, ao utilizar essa forma de
produção, ele possa direcionar ao objetivo central de construção desejada
(FERREIRA, 2021).
Objetiva-se a partir da organização desse estudo, analisar a interação
dos efeitos da psicomotricidade com o TEA e o elo formado a partir da seletividade de
pares. Para orientar o leitor, a escrita foi desenvolvida da seguinte maneira: foram
selecionados estudos e artigos dos últimos cinco anos, entre 2017 e 2022, com o uso
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dos descritores: autismo, psicomotricidade e pares. Alguns artigos foram


desclassificados pelo título, outros pelo resumo e outros pela leitura completa do
artigo, compreendendo que não estavam dentro do objetivo de interesse da pesquisa:
autismo, afetividade e psicomotricidade. Para a busca foi utilizada a base de dados
SCIELO e o portal CAPES.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Com base nos critérios utilizados acima, foram então selecionados e


avaliados 3 trabalhos, os quais tem como temática a interação de pares.

Tabela 01: Seleção de pesquisas sobre pares


ESTUDO OBJETIVO DA TIPO DE CONTEXTO PARTICIPANTES
PESQUISA ESTUDO
Ramos Avaliar os efeitos da Tese de Pesquisa em Pais dos alunos, 2
(2019) Intervenção Mediada por doutorado Munícipio alunos com TEA e
Pares nas mais 4 crianças
aprendizagens pré- típicas para
acadêmica e formal de atuarem como
alunos com autismo. pares.
Crespo - Analisar os possíveis Dissertação de Pesquisa 9 alunos, sendo 3
(2020) efeitos de uma mestrado bibliográfica desses com TEA.
intervenção mediada por internacional
pares com
desenvolvimento típico
no ambiente escolar
inclusivo para o aumento
de atos
comunicativas/interativos
de crianças com TEA; -
Avaliar a possibilidade de
generalização das
habilidades sociais para
outros agentes de
intervenção
Carvalho Artigo Comunidade Entrevista com 8
et.al. (2017) científico Quilombola pais.
4 crianças autistas,
4 crianças típicas,
anos iniciais e anos
finais
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Ramos et.al. (2019) trata- se de uma pesquisa para tese em Doutorado


realizada no Município de Santa Maria no Rio grande do Sul. Os participantes
analisados eram crianças de 6 e7 anos. Não haviam participado de nenhuma outra
prática para pesquisa anteriormente, outro fator significativo é de que não consumiam
nenhum tipo de medicamento fármaco. O menino apelidado para a pesquisa de João,
possuía uma linguagem compreensível, porém não clara, não apresentava
comportamentos agressivos ou autolesivos. Durante as análises ele obteve score de
34,5 pontos por meio da Childhood Autism Rating Scale (CARS), esse valor equivale
à autismo leve a moderado. Já a menina apelidada para fins de estudos de Maria, é
dependente de auxílio para vestir-se e locomover-se, precisa de muito auxílio durante
as atividades, além de não ter desenvolvido bem a linguagem verbal. A aluna obteve
score de 44 pontos na escala CARS, o que caracteriza um quadro de autismo grave.
Geralmente crianças com esse score tem prejuízo nas aprendizagens, assim como
Maria que não diferenciava letras de símbolos, configurando a fase pré-silábica de
alfabetização.
Para os instrumentos da pesquisa foram coletados os perfis dos alunos, os
seus hábitos e quais são os “gatilhos” que os levam a ter crises. Além das informações
obtidas em conversas com os pais ocorreu uma reunião com os professores regentes
para que houvesse parceria durante todo o processo.
Juntamente com todas as informações, foram adicionadas as informações
sobre os pares, como a habilidade, rendimento escolar, convívio com os demais
colegas e o comportamento, onde foi criado uma lista de requisitos para que o aluno
típico pudesse de fato colaborar na pesquisa de todos os sentidos.
Foram utilizados vídeos por cerca de 6 meses, esses vídeos eram as
intervenções de atividades para a execução acompanhada por seus pares. Os
encontros duravam cerca de 20 minutos duas vezes na semana, de forma agendada
com os professores. Além dos agendamentos e planejamentos as intervenções não
aconteciam nos mesmos dias e nem no mesmo horário para que não houvesse
relação com uma rotina.
Para as intervenções os vídeos eram discutidos antes de serem apresentados
para os alunos, esse planejando ocorria junto com o pessoal da sala de recurso para
que as atividades tivessem um melhor desenvolvimento. Durante as observações em
sala de aula, foi percebido que os alunos pares contribuíram mais e aumentaram em
rendimento escolar em sala de aula, condicionando até a formação de trios para
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auxílios durante as aulas permitindo que os alunos que possuem TEA avançassem
em função da socialização e amizade.

O estudo de Crespo (2020) possui o título “Transtorno do Espectro do Autismo:


possíveis efeitos de uma intervenção mediada por pares”, realizado pela universidade
de Pelotas Rio Grande do Sul. O objetivo principal se tratava em analisar os possíveis
efeitos de uma intervenção mediada por pares com desenvolvimento típico no
ambiente escolar inclusivo para o aumento de atos comunicativas/interativos de
crianças com TEA. A pesquisa foi analisada de forma individual, sendo de forma
experimental, usando o método single case research. Para a participação da pesquisa
foram analisadas três crianças que já estavam fazendo atendimento na sala do AEE
na rede municipal de ensino de Pelotas- RS. O contato com a escola permitiu a
elaboração do estudo e uma seleção de mais duas crianças para a realização de
pares, onde haveria uma criança reserva para cada aluno atípico caso algum dos
típicos faltasse, totalizando então quatro crianças típicas.
Os critérios para a seleção dos alunos foram utilizados através da mesma
base dos alunos da pesquisa anterior, observando a frequência do aluno,
comprometimento, comportamento e afins. Para a seleção das escolas, a
pesquisadora contactou a secretária de municipal de Ensino da região, o qual
direcionou o estudo para as escolas que poderiam recebê-la. As observações da fase
A, foram elaboradas através das aulas, sendo em torno de 10 minutos cada sessão
onde o planejamento era da professora regente, dessa maneira estava sendo
observado a interação dos alunos, o comportamento, o diálogo e afins.
Diante das contatações foi notado que mesmo sem ser no momento de estudo,
os alunos com TEA faziam contato maior com os seus pares, mostrando brinquedos
e fazendo maior contato visual. Na faze B, sendo a de intervenção direta da
pesquisadora com os sujeitos, as atividades eram escolhidas de acordo com o
interesse das crianças para que garantisse uma melhor execução das tarefas, durante
a realização havia um estímulo para que os pares interagissem mais, na fase C, onde
aconteceu a avaliação de forma que os professores contribuíram para saber qual
habilidade foi aprendida pelos alunos.

O artigo científico de Carvalho et.al. (2017) tem como título “Intervenção


mediada por pares como estratégia de inclusão de crianças com transtorno de
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espectro autista” O estudo foi realizado por um grupo de pesquisadores de


Matogrosso do sul em uma Comunidade Quilombola da região. O primeiro passo da
pesquisa foi a realização de entrevistas com os pais e responsáveis pelas crianças
com autismo. Nessa entrevista foi realizada a assinatura do termo, a anamnese e
dificuldades encontradas pelos pais.
O segundo passo foi relacionado a escola que as crianças frequentavam, onde
o primeiro contato foi com os professores e estagiários. Essa abordagem foi para
entender como era o relacionamento dos professores e auxiliares com os alunos
autistas. Dando continuidade a pesquisa a seguir o processo foi de observação dos
alunos, relacionando e avaliando de acordo com a escala a CARS (Childhood Autism
Rating Scale), essa escala tem a finalidade de estabelecer o grau do autismo, sendo:
leve, moderado e severo.
Para iniciar a IMP foi elabora uma seleção dos pares para os 4 alunos autistas,
seguindo assim o modelo de requisitos:

Os pares com desenvolvimento típico foram selecionados por meio de um


teste de status socio métrico. Para participarem da intervenção. Consistia em
perguntas diretas que as próprias crianças da sala de aula do aluno com TEA
respondiam. Eram apresentadas as seguintes questões: “cite três crianças
com quem você mais gosta de brincar e três com quem você menos gosta de
brincar”. A partir das respostas, foram identificadas as crianças populares,
impopulares, controversas, negligenciadas e neutras. As crianças neutras
eram aquelas cujo número de indicações nas categorias “gosto” e “não gosto”
ficaram dentro da média da turma. Esse resultado foi utilizado para controlar
as características dos pares típicos, de modo que estes não fossem muito
diferentes entre si e em relação aos demais grupos. (CARVALHO et.al. ,2017.
P.05)

Os alunos típicos selecionados obtidos para a realização de pares foram


classificados com relação as próprias classificações da técnica, realizando a prática
de modo que não haveria distrações para os alunos que estavam sendo analisados.
Os alunos foram expostos a jogos e vários outros brinquedos que dariam para
brincarem em pares. Para a análise essas crianças eram colocadas juntas por 25
sessões, 2 vezes na semana por cerca de 15 minutos para que houvesse a interação.
A dificuldade encontrada para a realização dos estudos era que não havia um local
apropriado, tudo acontece dentro da sala de aula enquanto as outras crianças
brincavam no pátio.
17

Os resultados dos pesquisadores demonstraram que os estudantes da pré-


escola com 4 e 5 anos tinha dificuldade em fazer a intervenção em relação a imitação,
essa dificuldade também foi prejudicada pois o número de encontros foi insuficiente.
Mesmo diante de alguns percalços foi realizado um trabalho positivo, onde os alunos
autistas demonstração uma melhora em sua interação social, principalmente os
alunos mais velhos.
Todos os estudos tinham a intenção de aumentar os atos comunicativos e
interações com as crianças que possuem TEA, em várias observações os estudos
apontam na melhora e desenvolvimento na comunicação dos alunos, obtendo uma
intervenção com resultados positivos, a intervenção é bem nova no Brasil, dessa
forma todos os resultados foram registrados e analisados de maneira minuciosa para
que de fato se chegasse ao veredicto benéfico ou sem desenvolvimento para as
crianças do nosso país.
Os estudos acima que foram apresentados analisaram os alunos de ensino
fundamental, além de abordar os impactos que as intervenções ocasionaram durante
os processos da pesquisa. As sessões de intervenções foram analisadas e
observadas em ambientes calmos, com barulhos controlados e em salas de aula,
Portanto ainda é necessária haver a possibilidade de abordar a intervenção em locais
abertos e livres, como no recreio e outras atividades que abrangem maior quantidade
de pessoas e que não estão ligadas a rotina de sala de aula.
Dessa maneira é preciso entender melhor como funciona a intervenção
em locais fechados para haver a intervenção em lugares livres para que haja o
afastamento da individualidade do autista, para que ele não se isole e que ele se
permita desenvolver novas amizades. (CRESPO, 2020).

CONCLUSÃO

Durante as análises das pesquisas e estudos que foram realizados através do


IMP, foi possível identificar que o método é de real produtividade, tanto em função da
inclusão dos alunos com TEA e os alunos típicos, gerando uma melhora significativa
na sala de aula.
Se faz necessário que a intervenção de pares seja realizada nas escolas
desde o inicio do ano letivo, dessa forma o aproveitamento do tempo, a melhor
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elaboração das tarefas e os ajustes poderão ocorrer de uma melhor forma, a fim de
possibilitar um ensino adequado e estimulante a todos. Apesar de haver poucas
pesquisas realizadas de aplicação da IMP no Brasil não podemos generalizar que o
método pode funcionar para todas as crianças que possuem autismo.
Além dos percalços das pesquisas é notório a falta de investimentos em
materiais pedagógicos para uma melhor realização de atividades estimulantes para
os autistas em sala de aula, gerando assim um maior desgaste do professor em
relação a criatividade e elaboração de novas técnicas para conduzir uma nova
abordagem adaptada para os seus alunos. Nos trabalhos analisados foram
observados resultados positivos em função a intervenção de pares, sendo benéfica
para os estudantes e para os professores.
Portanto para que essa melhora e avanços perpetuem nas salas de aulas, é
preciso que a IMP se faça necessário durante todo o ano letivo, verificando os
empasses e fazendo os ajustes quando necessários e além dos ajustes os registros
através da intervenção dão necessários para uma melhor técnica do processo.
Pensando na inclusão, foi possível repensar nessa estratégia como forma de melhoria
para a socialização, pois a sociedade e os alunos precisam aprender a viver com as
diferenças, mesmo que as escolas sejam elaboradas para serem inclusivas é
necessário muito inovação, pois a inclusão é capaz de remover as barreiras e
tornando todos os agentes ativos, pois não basta que os alunos compartilhem o
mesmo espaço, mas sim de que haja a criação de novos mecanismos que permitam
que os professores mudem as estruturas escolares. (FLEIRA,2018).
19

REFERÊNCIAS

BEZERRA, Lourayne Natiely Vanderlei, ANTERO, Kátia Farias. Um breve histórico


da educação inclusiva no Brasil. 2020.VII Congresso Nacional de Educação de
Maceió – AL.

CRESPO, Renata Oliveira. Comunicação e interação social de crianças com


Transtorno do Espectro do Autismo: possíveis efeitos de uma intervenção
mediada por pares. 2020. Universidade Federal de Pelotas.

FLEIRA, Roberta Caetano. et.al. Ensinando Seus Pares: a inclusão de um aluno


autista nas aulas de Matemática. 2019. Bolema, Rio Claro- SP.

LAZZARINI¹, Fernanda Squassoni, ELIAS² Nassim Chamel. História Socialt e


Autismo: uma Revisão de Literatura. 2022. Revista brasileira de Educação
Especial. Corumbá.

NUNES, Débora Regina de Paula, et.al. Comunicação Alternativa para Alunos


com Autismo na Escola: uma Revisão da Literatura. 2021. Revista Brasileira de
Educação especial. Bauru.

RAMOS, Fabiane dos Santos, et.al. Intervenção Mediada por Pares no


Engajamento Acadêmico de Alunos com Autismo. 2021. Revista Brasileira de
Educação especial. Bauru.

RAMOS, Fabiane dos Santos. Transtorno do espectro autista e intervenção


mediada por pares: aprendizagem no contexto de inclusão. 2019.Universidade
Federal de Santa Maria.

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