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FACULDADE DOM ALBERTO

PRISCILLA DARFNNY CORREIA REIS MENEZES

O ATENDIMENTO PSICOPEDAGÓGICO NAS SALAS DE AEE COMO


FERRAMENTA PARA A INCLUSÃO E DESENVOLVIMENTO DE CRIANÇAS
AUTISTAS

AÇAILÂNDIA, MA
2023
FACULDADE DOM ALBERTO

PRISCILLA DARFNNY CORREIA REIS MENEZES

O ATENDIMENTO PSICOPEDAGÓGICO NAS SALAS DE AEE COMO


FERRAMENTA PARA A INCLUSÃO E DESENVOLVIMENTO DE CRIANÇAS
AUTISTAS

Trabalho de conclusão de curso apresentado


como requisito parcial à obtenção do título
especialista em Psicopedagogia e Supervisão
Escolar.

AÇAILÂNDIA, MA
2023
O ATENDIMENTO PSICOPEDAGÓGICO NAS SALAS DE AEE COMO
FERRAMENTA PARA A INCLUSÃO E DESENVOLVIMENTO DE CRIANÇAS
AUTISTAS

Priscilla Darfnny Correia Reis Menezes1

Declaro que sou autor(a) deste Trabalho de Conclusão de Curso. Declaro também que o
mesmo foi por mim elaborado e integralmente redigido, não tendo sido copiado ou extraído, seja parcial
ou integralmente, de forma ilícita de nenhuma fonte além daquelas públicas consultadas e corretamente
referenciadas ao longo do trabalho ou daqueles cujos dados resultaram de investigações empíricas por
mim realizadas para fins de produção deste trabalho.
Assim, declaro, demonstrando minha plena consciência dos seus efeitos civis, penais e
administrativos, e assumindo total responsabilidade caso se configure o crime de plágio ou violação
aos direitos autorais. (Consulte a 3ª Cláusula, § 4º, do Contrato de Prestação de Serviços).

RESUMO – Esse trabalho tem como objetivo apresentar a importância da inclusão de pessoas com
autismo no ambiente de Atendimento Educacional Especializado (AEE), cujo direito é garantido por lei
e os benefícios da presença do psicopedagogo dentro deste ambiente para uma adaptação correta dos
estudos direcionado ao aluno. Foi realizado uma pesquisa bibliográfica qualitativa, onde os autores
enunciam sobre a função do psicopedagogo na elaboração do currículo do aluno com Transtorno do
Espectro Autista (TEA) e as possíveis ferramentas e práticas utilizadas dentro do processo de
aprendizagem na sala de recursos multifuncionais. O trabalho realizado pelo psicopedagogo é
individualizado, feito com planejamento e é ajustado conforme às necessidades do aluno. A prática
deve ser flexível e com adaptações tanto no ambiente como nos materiais e atividades utilizados nas
salas, facilitando a aprendizagem do aluno.

PALAVRAS-CHAVE: Inclusão. TEA. Psicopedagogo. AEE.

1
prys.r.menezes@gmail.com
1 INTRODUÇÃO

Percebemos nos últimos anos uma grande evolução no ambiente educacional


referente à presença de pessoas com deficiência. Um público que durante muitos
anos foi negligenciado e considerado incapaz de participar de maneira integral e
significativa dentro de um ambiente de aprendizagem.
Políticas públicas foram implantas e hoje podemos ver a essas pessoas
inseridas em salas de aula, mas ainda são inúmeras as barreiras para que esse
processo ocorra de maneira saudável, funcional e eficaz.
Reuniu-se nesse artigo, através de revisão bibliográfica de natureza qualitativa,
autores que se dedicaram em apresentar propostas que tornassem esse cenário em
ambiente educacional inclusivo, trazendo mudança de vida para os autistas através
das intervenções psicopedagógicas que são validadas pela ciência.
A presença de pessoas com autismo em sala de aula demanda uma
preparação não só de ambiente como também de toda a equipe que está envolvida
nos trabalhos escolares, necessitam de atividades adaptadas conforme às suas
dificuldades e, também da conscientização de que eles precisam ter suas
características respeitadas.
Esse trabalho tem por objetivo abordar as funções do psicopedagogo, junto aos
autistas dentro das salas de AEE2, resultado das Diretrizes da Política Nacional de
Educação Especial na Educação Inclusiva, que surgiu com o objetivo de assegurar a
participação de pessoas com deficiência no processo educacional. Apresentamos
práticas psicopedagógicas que tem suas eficácias comprovadas cientificamente e a
maneira como elas devem ser abordadas na sala de recursos multifuncionais através
do psicopedagogo e da equipe multidisciplinar.
O presente artigo tem como objetivo esclarecer o que é o processo de inclusão,
como funcionam as salas de AEE e como o psicopedagogo é importante dentro desse
processo educacional de alunos TEA 3.
O artigo está divido em capítulos, no primeiro capítulo apresenta-se a
introdução onde se expõe as ideias do assunto tratado e o tipo de pesquisa, seguindo
no próximo capítulo, analisamos o que é educação inclusiva, o que a lei diz sobre o
tema e os resultados mediante a aplicação da lei.

2
AEE: Atendimento Educacional Especializado
3
TEA: Transtorno do Espectro Autista
No terceiro capítulo discorremos sobre o que é o autismo, quais são as suas
características, os níveis de suporte e a importância da intervenção precoce. O quarto
capítulo aborda o atendimento psicopedagógico direcionado às crianças autista nas
salas de recursos multifuncionais, esclarecendo quais são os objetivos da intervenção,
e no quinto capítulo apresentamos práticas psicopedagógicas que poderão ser
utilizadas pelo profissional psicopedagógico e demais equipes, sendo tais práticas
baseadas e comprovadas pela ciência.

2 EDUCAÇÃO INCLUSIVA

Compreendemos que o tema “Educação Inclusiva” vem sendo bastante


discorrido e debatido no meio educacional e como consequência disto, houveram
grandes e positivas mudanças no que diz respeito ao acesso e frequência escolar de
pessoas com deficiência.
Durante um longo período de tempo, pessoas com deficiência foram excluídas
das instituições de educação e/ou ensino por serem taxadas como incapacitadas para
estar em um ambiente com alunos típicos e acompanha-los no nível de
desenvolvimento ou mesmo prejudicar o processo de aprendizado dos demais
colegas; nos casos de autistas, especificamente, argumentava-se que suas
estereotipias4 distraiam ou atrapalhavam a atenção dos demais alunos em sala de
aula.
Entretanto, podemos ver atualmente políticas públicas que viabilizam a inclusão
e incentivam o desenvolvimento e permanência da pessoa com deficiência nas salas
de aula, mostrando que suas particularidades não os impedem de realizar seus
sonhos de crescerem na vida intelectual e profissional.
A educação é um direito de todos, garantido pela Constituição Federal de 1988.

“A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida


e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua
qualificação para o trabalho.”
(BRASIL, 1988, cap.1, art. 205)

4
Estereotipias: São repetições e rituais que podem ser linguísticos, motores e até de
postura. Geralmente são comportamentos sem explicações racionais, sem motivo aparente.
Mesmo com a lei que garante a educação como direito, ainda encontramos
muitas dificuldades para que haja inclusão do indivíduo com deficiência, muitas
crianças e adolescentes ainda não estão inseridos, e ainda que inseridos, alguns
profissionais da educação não estão preparados para planejar, trabalhar e se
comunicar com esses alunos.
A presença da pessoa com deficiência no ambiente escolar não promove
apenas conhecimento científico, mas promove também crescimento social,
desenvolvimento emocional e um ambiente com múltiplas características e culturas
que são fundamentais para o convívio das crianças, adolescente e também
educadores em sociedade, pois estarão preparados para lidar com várias
especificidades do ser humano.
Para que a educação seja inclusiva é necessária toda uma reorganização em
seus processos de avaliação do aluno e acima de tudo a preparação e capacitação
dos profissionais que participarão do cenário de aprendizagem. Essa reorganização
caracteriza um marco importantíssimo para a educação brasileira, visto que este
público foi excluído por bastante tempo ao longo da história da educação no país.
Para assegurar a participação de pessoas com deficiência no processo
educacional, criou-se as Diretrizes da Política Nacional de Educação Especial na
Educação Inclusiva, tais diretrizes tem como objetivo direcionar a inserção do aluno
com deficiência e disponibilizar de orientações e recursos pedagógicos para que esse
processo de inclusão seja realmente bem sucedido.
De acordo com a resolução do CNE/CEB nº4, de 2 de outubro de 2009 o público
alvo do AEE são:

I. Alunos com deficiência: aqueles que têm impedimentos de longo


prazo de natureza física, intelectual, mental ou sensorial.
II. Alunos com transtornos globais do desenvolvimento: aqueles que
apresentam um quadro de alterações no desenvolvimento
neuropsicomotor, comprometimento nas relações sociais, na
comunicação, estereotipias motoras. Incluem-se nessa definição alunos
com autismo clássico, síndrome de Asperger, síndrome de Rett,
transtorno desintegrativo da infância (psicoses) e transtornos invasivos
sem outra especificação.
III. Alunos com altas habilidades / superdatoção: aqueles que
apresentam um potencial elevado e grande envolvimento com as áreas
do conhecimento humano, isoladas ou combinadas: intelectual,
liderança, psicomotora, artes e criatividade.
(BRASIL, 2009, p.1, art 4º).
Portanto, a educação inclusiva não diz respeito somente ao conteúdo adaptado
para o estudante, mas também a capacitação de todos os profissionais envolvidos
além de ambientes preparados para recebê-los.

3 AUTISMO

O Transtorno de Espectro Autista (TEA), é um distúrbio do


neurodesenvolvimento caracterizado pelas suas mais diversas formas de se
apresentar em um indivíduo, daí o nome “espectro”, nenhuma criança autista é igual
à outra em suas características atípicas. Ainda não existe nenhuma certeza no que se
diz respeito às causas do Autismo, considera-se que suas causas são complexas e
estão ligadas também a fatores genéticos; mas o que antes, ao receber o diagnóstico
de autismo trazia uma espécie de “condenação” e falta de perspectivas de vida aos
pais, hoje podemos ver as mais inúmeras possibilidades de fazer a criança crescer e
se desenvolver apesar de algumas limitações, o que não é exclusivo do autismo.
Não somente crianças autistas possuem dificuldades, sejam elas sociais,
cognitivas, físicas ou emocionais, o que sabemos é que com intervenção correta,
todos podem avançar e/ou superar suas dificuldades e limitações, ainda que isso
ocorra em tempos diferentes. A importância da intervenção correta e precoce se dá
diretamente pela plasticidade cerebral, onde há mais maleabilidade e flexibilidade do
cérebro para se exercitar e adaptar aos estímulos direcionados para o
desenvolvimento da criança, proporcionando desenvolvimento e qualidade de vida
para a criança e também para a sua família.
As características mais comuns do autismo são: dificuldade de socialização,
ausência ou dificuldade no contato visual, atraso ou ausência total da fala, resistência
ao contato físico e lugares com muita estimulação sonora, hiperatividade física e as
vezes comportamentos autolesivos e/ou heteroagressivos.
Além das características do TEA, existem algumas outras comorbidades que
podem se associar ao autismo como, por exemplo, TDAH5, deficiência intelectual e
transtorno da linguagem e comunicação, além de problemas emocionais, que podem
ocorrer por conta das dificuldades de interação social que alguns autistas possuem.

5
TDAH: Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade.
Para tanto, é indispensável a presença de profissionais capacitados a dar suporte ao
estudante, estando atento às questões que o rodeiam no contexto escolar.
Segundo o DSM-56, (Associação Americana de Psiquiatria), os níveis de
autismo são divididos em três, o que os difere são os prejuízos na comunicação social
e padrões de comportamentos repetitivos e restritos.

Gravidade Comunicação Social Comportamento repetitivo e


do TEA interesse restrito
Nível 3 Graves déficits em Preocupações, rituais imutáveis e
comunicação verbal e não comportamentos repetitivos que
Requer verbal, ocasionando graves interferem muito com o
suporte prejuízos no funcionamento funcionamento em todas as esferas.
intenso social; interações sociais muito Intenso desconforto quando rituais e
limitadas e mínima resposta rotinas são interrompidos, com
social ao contato com outras grande dificuldade no
pessoas. redirecionamento dos interesses ou
de se dirigir para outros rapidamente.
Nível 2 Graves déficits em Preocupações ou interesses fixos
comunicação social verbal e frequentes, óbvios a um observador
Requer não verbal que aparecem casual, e que interferem em vários
suporte sempre, mesmo com suportes, contextos. Desconfortos visíveis
grande em locais limitados. Observam- quando rotinas são interrompidas, o
se respostas reduzidas ou que dificulta o redirecionamento dos
anormais ao contato social com interesses restritos.
outras pessoas.
Nível 1 Sem suporte local o déficit Rituais e comportamentos repetitivos
social ocasiona prejuízos. interferem, significativamente, no
Requer Dificuldades em iniciar funcionamento em vários contextos.
suporte relações sociais e claros Resiste às tentativas de interrupções
exemplos de respostas atípicas dos rituais e ao relacionamento de
e sem sucesso no seus interesses fixos.
relacionamento social.
Observa-se interesse
diminuído pelas relações
sociais.
Figura 1: Níveis de Autismo.
Adaptado Segundo: DSM-5
Fonte: Manual Diagnostico e Estatístico de Transtornos Mentais: DSM-5.

Assim, toda e estratégia de intervenção de uma equipe multidisciplinar e suas


atuações com a criança autista deve ser elaborada conforme o nível de suporte que
ela precisa.

6
DSM-5: Disgnostic and Statistical Manual of Mental Disorders.
4 ATENDIMENTO PSICOPEDAGÓGICO À CRIANÇAS AUTISTAS NAS SALAS DE
AEE

O trabalho realizado pelo psicopedagogo na educação especial é de extrema


importância e isso vem se comprovando no decorrer da história da educação, esse
trabalho é ainda mais relevante quando falamos da educação especial. As salas de
AEE, também conhecidas como sala de recursos multifuncionais, são bem equipadas
com recursos e jogos psicopedagógicos que facilitam o processo de aprendizagem
através das dinâmicas e ludicidades presentes ali. Além de todos os recursos e
materiais terapêuticos, a sala também precisa tem uma estrutura que adequada para
receber esses alunos.
O projeto de lei nº 3.512-B, de 2008, que regulamenta a atividade do
psicopedagogo diz em seu artigo de nº 4º, que são atividades e atribuições da
Psicopedagogia sem prejuízo do exercício das atividades e atribuições pelos
profissionais da educação habilitados:

I. Intervenção psicopedagógica, visando a solução dos problemas de


aprendizagem, tendo por enfoque o indivíduo ou a instituição de ensino
público ou privado ou outras instituições onde haja a sistematização do
processo de aprendizagem na forma da lei;
II. Realização de diagnóstico e intervenção psicopedagógica, mediante a
utilização de instrumentos e técnicas próprios de Psicopedagogia;
III. Utilização de métodos, técnicas e instrumentos psicopedagógicos que
tenham por finalidade a pesquisa, a prevenção, a avaliação e a
intervenção relacionadas com a aprendizagem;
IV. Consultoria e assessoria psicopedagógicas, objetivando a identificação, a
compreensão e a análise dos problemas no processo de aprendizagem.
([...] BRASIL, 2008, p. 2, 3, art. 4º)

A intervenção psicopedagógica tem como objetivo analisar e desenvolver o


plano de atuação de cada atendimento, identificando as dificuldades de cada aluno
com autismo, propondo assim as atividades especificas para que se desenvolvam em
suas necessidades. O psicopedagogo pode atuar na sala de AEE juntamente com
outros educadores, assim podendo produzir seus materiais de intervenção
psicopedagógica e atividades práticas para auxiliar as crianças em suas atividades
diária.
As salas de recursos têm como objetivo dar a oportunidade para o aluno vencer
as suas dificuldades que o impendem de progredir na vida acadêmica, tanto de
maneira individual como em contato com demais alunos. O trabalho direcionado ao
aluno com TEA nas salas de AEE precisa ser individualizado, com estratégias
pedagógicas, sabendo das especificidades e desenvolvendo atividades que
promovam o aprendizado e a inclusão desse aluno.

Figura 2: Sala de Recursos Multifuncionais.


Fonte: https://www.consed.org.br/noticia/em-mineiros-governo-de-goias-inaugura-duas-salas-de-aee

O Decreto 7611 de novembro de 2011 que regulamenta a AEE no Brasil, diz


no seu artigo 3º quais são os seus objetivos:

I. Prover condições de acesso, participação e aprendizagem no ensino


regular e garantir serviços de apoio especializados de acordo com as
necessidades individuais dos estudantes;
II. Garantir a transversalidade das ações da educação especial no ensino
regular;
III. Fomentar o desenvolvimento de recursos didáticos e pedagógicos que
eliminem as barreiras no processo de ensino e aprendizagem;
IV. Assegurar condições para a continuidade de estudos nos demais níveis,
etapas e modalidades de ensino. ([...] BRASIL, 2011, art. 3º)

O indivíduo diagnosticado com o transtorno do espectro autista por possuir


alguns comportamentos atípicos, não deve ser considerado como incapaz, pois
sabemos que como qualquer outro ser humano, é extraordinário e tem grande
potencial, sendo necessário somente aprendizagem significativa, tornando o
ambiente, o processo escolar, o acompanhamento terapêutico e o meio familiar
preparados para dar suporte e apoio em suas necessidades. Todo esse investimento
trás qualidade de vida não somente para a criança autista, mas também para aqueles
que fazem parte do seu contexto familiar.
5 PRÁTICAS PSICOPEDAGÓGICAS UTILIZADAS PELO PSICOPEDAGOGO AO
ALUNO COM TEA

5.1 Terapia ABA

A Análise do Comportamento Aplicada – ABA7, é uma ciência que à princípio


foi estudada por Skinner, psicólogo, em 1930. Essa ciência tem apresentado grandes
e positivos resultados, principalmente se iniciado precocemente e com o
comprometimento de toda a rede de apoio da criança.
Trabalhar com a terapia ABA implica em ensinar de maneira intensiva
habilidades que melhorem a qualidade de vida da criança. Dentre as habilidades
ensinadas, incluem-se os comportamentos que interferem no desenvolvimento e
integração do indivíduo diagnosticado com Transtorno do espectro autista:

1. Comportamentos sociais, tais como contato visual e comunicação funcional;


2. Comportamentos acadêmicos tais como pré-requisitos para leitura, escrita e
matemática;
3. Atividades da vida diária como higiene pessoal;
4. Redução de comportamentos tais como: agressões, estereotipias,
autolesões, agressões verbais e fugas.
(Cristina da Silva “e col.”, 2019)

5.2 Terapia TEACCH

O modelo de terapia TEACCH8 foi criando na década de 1960, pelo


Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Carolina do Norte, nos
Estados Unidos. Também é baseado em evidências, sua tradução para o português
significa Tratamento e Educação para Autistas e Crianças com Déficits Relacionados
com a Comunicação. Com seu modelo de avaliação, Perfil Psicoeducacional
Revisado, ele identifica os pontos de maior interesse da criança e também, os pontos
de maiores dificuldades.
O TEACCH tem como finalidade fazer com que o individuo tenha liberdade e
autonomia, através das imagens são sinalizadas toda a rotina e marcações de

7
ABA: Applied Behavior Analysis.
8
TEACCH: Treatment and Education of Autistic and related Communication-handicapped Children.
ambiente, e “seus princípios básico para a melhora do desenvolvimento são: ambiente
organizado, ensino estruturado e previsibilidade.” (RISSATO, 2023)

5.3 PECS

O PECS9 é um sistema de comunicação alternativo, desenvolvido nos Estados


Unidos no ano de 1985, e tem sido desde então utilizado por pessoas com dificuldades
cognitivas, físicas e/ou de comunicação. As seis fases do PECS são:

Fase I Como comunicar Os indivíduos aprendem a trocar uma única


figura de um item ou atividade desejada.
Fase II Distância e Persistência Os indivíduos aprendem a generalizar a troca
deslocando até a pasta de comunicação e até
o parceiro de comunicação em diferentes
lugares, com pessoas e distâncias variadas.
Fase III Discriminação de Figuras Os indivíduos aprendem a selecionar entre
duas ou mais figuras da sua pasta de
comunicação para pedir seus itens favoritos.
Fase IV Estrutura da Sentença Os indivíduos aprendem a construir frases
simples em uma tira de sentença destacável
usando uma figura “Eu quero” seguindo de uma
figura do item que está sendo solicitado.
Fase V Respondendo Pergunta: O aluno é questionado, como, “o que você
O que você quer? quer”, é fornecido uma dica gestual, e ele utiliza
o PECS para responder.
Fase VI Comentário Os indivíduos são ensinados a comentar em
respostas a perguntas como “o que você vê”. O
objetivo é que os alunos comentem sobre o
mundo ao seu redor.
Figura 3: Fases do PECS.
Adaptado Segundo: Pyramid Educacional Consultants.
Disponível em: https://pecs-brazil.com/sistema-de-comunicacao-por-troca-de-figuras-pecs/

5.4 Material Estruturado

Quando falamos sobre atividades estruturadas, estamos tratando de materiais


que foram adequados para usarmos nos trabalhos com pessoas com o Transtorno do
Espectro Autista. Os materiais estruturados deixam o ambiente mais lúdico e
agradável, o aprender de forma visual nesse contexto é muito mais bem sucedido que
outras maneiras engessadas, tornando o momento da aprendizagem mais prazeroso
e eficaz; eles são preparados com uma finalidade e seguem acompanhados por
instruções visuais.

9
PECS: Picture Exchange Communication System.
Todos os materiais estruturados apresentados às crianças são preparados
mediante as necessidades de cada um, e podem ser aproveitados por toda a equipe
multidisciplinar envolvida nesse processo, cujo trabalho é direcionado conforme o
modelo de ensino do aluno. Nesse sentido, o ambiente estruturado também deve estar
organizado dentro da necessidade do aluno, compensando as dificuldades sociais,
comportamentais, cognitivas e comunicativas.

Figura 4: Material Estruturado Pareamento de Letras


Fonte: https://www.inclutopia.com.br/l/materiais-estruturados-para-alunos-com-deficiencia-intelectual/

Acima temos um exemplo de material estruturado, onde o objetivo do aluno é


colocar a tampinha em sua respectiva posição conforme as letras do alfabeto,
estimulando a atenção, percepção visual e também a coordenação motora.
6 CONCLUSÃO

Conforme o levantamento teórico dos grandes estudiosos analisados acerca


do tema, compreendemos que a presença do psicopedagogo nas Salas de Recursos
Multifuncionais é de extrema relevância para o contexto educacional de crianças
autistas. Todo o trabalho realizado com especificidade, ludicidade e dinâmica agrega
não somente a vida acadêmica da criança, mas todo o ambiente onde ele está
inserido, como familiar e escolar.
Todos os recursos utilizados, o ambiente adaptado, bem como os profissionais
que fazem parte da sala de atendimento AEE são fundamentais para que esse
processo ocorra de maneira fluida e que dessa forma alcance seu objetivo que é de
proporcionar ao aluno autista acesso ao currículo de acordo com sua fase escolar.
Podemos assim ressaltar a importância da presença do psicopedagogo, onde o
profissional acrescenta suas possíveis demandas como: diagnósticos e intervenções
através de técnicas e métodos, enriquecimento curricular, desenvolvimento e
adaptação de materiais didáticos e psicopedagógicos específicos para a necessidade
do aluno, além de tecnologias assistivas.
A sala de AEE é uma proposta riquíssima que quando possui profissionais
capacitados envolvidos em seus projetos de atuação colabora de maneira significativa
para a aprendizagem do aluno, dando-lhe respeito e dignidade pois está diretamente
ligada ao processo de inclusão, onde a família percebe que as particularidades de sua
criança não podem impedi-la de crescer e desenvolver, pois além de conhecimento o
ambiente lhe proporciona motivação, diversão e criatividade.
7 REFERENCIAS

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Brasília, DF: Presidência da República. [2022]. Disponível em: <
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm > Acesso em: 28
de julho de 2023.

BRASIL. Política Nacional De Educação Especial Na Perspectiva Da Educação


Inclusiva. Brasília: MEC, 2008. <
http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/politicaeducespecial.pdf > Acesso em: 28 de
julho de 2023

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de 2009. Brasília: CNE, 2009.

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<https://normativasconselhos.mec.gov.br/normativa/view/CNE_rceb00409.pdf?query
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http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-
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OLIVEIRA, Fabiana. Materiais estruturados para alunos com deficiência


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https://www.inclutopia.com.br/l/materiais-estruturados-para-alunos-com-deficiencia-
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https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=575405 >.
Acesso em: 29 de julho de 2023.
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https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/decreto/d7611.htm >.
Acesso em: 29 de julho de 2023.

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Espectro Autista. Alfenas, p.15, 16. 2019. Disponível em: <
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RISSATO, Heloise. A importância do método TEACCH para o desenvolvimento


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https://genialcare.com.br/blog/metodo-teacch-para-o-desenvolvimento-da-crianca-
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