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1.INTRODUÇÃO
Autores como Mantoan, Mazzotta, Carvalho, Glat & Nogueira, Pereira e Sassaki, de
acordo com Carvalho (2010, p. 18), discutem a temática da inclusão com a convicção de que:
“[...] indivíduos com deficiência devem estar inseridos num contexto escolar acreditando que
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as diferenças fortalecem o grupo e oferece a todos os envolvidos maiores oportunidades de
aprendizagem”.
Estar incluído é ter o direito de aprender junto, é conviver e interagir com o outro, é
muito mais do que transferir crianças da escola especial para a escola regular. A Declaração
de Salamanca preconiza que a inclusão engloba também, todos aqueles que por quaisquer
motivos estão sendo deixados de fora das instituições regulares de ensino.
Tal documento organiza o sistema de ensino para os alunos com deficiências, cabendo
às escolas organizar e assegurar de acordo com a Política Nacional de Educação Especial,
serviços de educação especial sempre que se evidencie, mediante avaliação e interação com a
família e a comunidade, a necessidade de atendimento educacional especializado
((MEC/SEESP, 2001).
Ao longo dos anos as matrículas de alunos com deficiências nas salas comuns foram
aumentando gradativamente, sendo necessário um olhar diferenciado da escola no processo de
escolarização desses educandos. Entre estes estão os com deficiência física que possuem
diagnóstico clínico de Paralisia Cerebral. (SANCHEZ; ALMEIDA; GONÇALVES, 2017). A
Paralisia Cerebral decorre de uma lesão não progressiva no encéfalo imaturo ocasionada
antes, durante ou após o nascimento de uma criança. Esta lesão pode ocasionar alterações
motoras, sensoriais, cognitivas, entre outras, dependendo da extensão da lesão e da área
encefálica atingida. (CARVALHO, 2010).
De acordo com Klebanoff (2009, p. 47), “a PC é uma das formas de deficiência motora
mais frequente entre a população em idade escolar. No Brasil, estima-se que ocorra de 1,3 a
2,9 casos para cada mil nascimentos”. Dependendo do grau de incapacidade do aluno, ele
pode precisar de auxílio e ou de equipamentos adaptados na vida diária e na vida escolar
Sendo assim este estudo tem como objetivo, relatar o processo de inclusão, de uma
aluna com PC incluída no ensino fundamental de uma escola de Porto Alegre, procurando
descrever como o AEE auxiliou em seu desenvolvimento cognitivo, psicomotor e
socioemocional. No AEE foram disponibilizados a aluna, recursos de comunicação alternativa
e aumentativa para ampliar seu processo de comunicação e escrita, proporcionando a X uma
maior independência e autonomia e consequente construção de conhecimentos.
O profissional do AEE, ao atender uma pessoa com PC, deve considerar que tem diante
de si, um aluno a quem deve estimular ao máximo suas potencialidades de desenvolvimento.
Assim, diante dos anos de prática profissional e de contribuição na inclusão e na
aprendizagem de alunos da educação especial, em especial no atendimento educacional
especializado (AEE), de alunos com Paralisia Cerebral, tanto em escola de educação especial
quanto na sala de recursos do ensino regular é que a pesquisa se justifica.
Foi realizado um Estudo de Caso, a fim de ter subsídios teóricos, para conhecer a aluna
no que se refere ao seu desenvolvimento, seu histórico, seu contexto social e familiar, como
se comporta no ambiente escolar, como se relaciona com os colegas e professores, quais os
atendimentos clínicos e pareceres educacionais realizados, bem como as trocas entre os
diferentes profissionais envolvidos no atendimento da aluna X.
2.METODOLOGIA
O método utilizado para a realização desta pesquisa teve como foco principal o Estudo
de Caso da aluna X, com diagnóstico clínico de Paralisia Cerebral, atendida na sala de
recursos de uma escola da rede municipal de Porto Alegre e se trata de uma pesquisa
descritiva com abordagem qualitativa.
A pesquisa descritiva, em suas diversas formas, trabalha sobre dados ou fatos colhidos
da própria realidade. A coleta de dados aparece como uma das tarefas características da
pesquisa descritiva. A coleta e o registro de dados, porém, não constituem por si só, uma
pesquisa, mas sim técnicas específicas para a consecução dos objetos da pesquisa. (CERVO;
BERVIAN; DA SILVA, 2007).
O Estudo de Caso expõe uma situação-problema que permite iniciar soluções, salientar
práticas efetivas e identificar o cenário de aprendizagem que retrata a vida real, na qual
decisões são tomadas e conclusões efetivadas com base em evidências pesquisadas.
(GRAHAM, 2010, p.25).
A aluna X, tem 12 anos e frequenta uma turma de 3º ano de uma escola regular de
Ensino Fundamental da rede municipal de Porto Alegre. Antes de ingressar na escola atual, X,
frequentou uma escola regular da rede estadual de Porto Alegre, onde foi matriculada pela
primeira vez aos 10 anos, antes deste período, a aluna ficava em casa porque os pais tinham
receio de a colocar na escola.
Os professores e monitores que atendem a aluna relatam que ela não se encontra
alfabetizada, sendo esta a grande preocupação da professora e dos familiares. Quanto ao
comportamento de X, constatou-se bom envolvimento com a aprendizagem e boa interação
com colegas e demais profissionais da comunidade escolar.
Após realizar uma nova anamnese com a família, buscar informações com a escola
anterior e ler o registro de observação realizado pelos professores e monitores que atendem a
aluna, iniciou-se o processo de avaliação no AEE. Foram utilizados instrumentos avaliativos e
uma observação minuciosa da aluna que constataram memória de longo prazo, dificuldade na
comunicação verbal, boa percepção visual, auditiva, tátil e compreensão de tudo que lhe é
solicitado.
Embora os membros mais afetados da aluna, pela PC, sejam os inferiores, demonstra
algumas dificuldades motoras nos membros superiores. Durante a pesquisa foi elaborado um
Plano de Atendimento Educacional Especializado, para atender as necessidades educacionais
de X, respeitando suas limitações e estimulando suas potencialidades.
A aluna foi acompanhada pela profissional do AEE, duas vezes por semana durante 1
hora, no turno inverso das aulas, por um período de 6 meses. Foram contempladas no Plano
de AEE, a Área cognitiva: memória, atenção, linguagem, percepção, imaginação, pensamento,
raciocínio lógico, criatividade, resolução de problemas. Área socioemocional:
autoconhecimento, emoções, autoconfiança, motivação, organização, empatia, autonomia,
interação e a Área Psicomotora: esquema corporal, coordenação motora global, coordenação
motora fina, coordenação viso motora, organização temporal, organização espacial,
lateralidade.
Foi planejada uma adaptação curricular para a aluna, após a avaliação e análise pelo
AEE do contexto familiar e escolar de X, para identificar os elementos adaptativos
necessários à promoção de sua aprendizagem.
Ocorreram também adaptações dos materiais de uso comum na sala de aula para a
aluna, adotados materiais de comunicação alternativa para a interação com as pessoas com as
quais convive e para a aquisição da aprendizagem, as atividades tiveram seus níveis de
abstração alterados, assim como o nível de complexidade.
No entanto, o maior desafio foi conseguir planejar e articular parcerias entre AEE e
demais profissionais da escola que atendem X. Segundo Santos e Santiago (2015, p. 6) “para
atender os objetivos e funções traçados pelo AEE, os professores e a escola como um todo
precisam se organizar e planejar de forma coletiva”.
4. CONCLUSÃO
Em uma escola inclusiva o aluno é o foco central de toda ação educacional; garantir sua
caminhada no processo de aprendizagem e de construção de habilidades e competências
necessárias para o exercício da cidadania, é objetivo principal da ação educacional. Neste
contexto ressaltamos o Atendimento Educacional Especializado como um serviço
imprescindível na escola para o êxito do processo de inclusão, uma vez que o AEE existe para
que eles possam aprender muito mais do que conteúdos curriculares e para que possam
ultrapassar as barreiras impostas pela deficiência.
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