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EDUCAÇÃO INCLUSIVA

GESÃ PINHEIRO SANTOS BRAZ


MARIA LÚCIA DE OLIVEIRA SILVA

RELATÓRIO DE ESTÁGIO EDUCAÇÃO INCLUSIVA

2020
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INTRODUÇÃO
A atividade de estágio curricular em educação especial e inclusiva é uma
atividade que se constitui de análise crítica da realidade educacional, das ações
desenvolvidas no meio, dos procedimentos e recursos pedagógicos utilizados e
adaptados ás necessidades educativas dos educandos com necessidades
educacionais especiais, estabelecendo um olhar amplo e sensível aos inseridos no
cotidiano escolar da educação especial e inclusiva. O estágio em educação especial
e inclusiva é um marco de suma importância na construção da identidade
profissional, tanto do educador que atua há anos na área da educação especial,
quanto para o educador que está iniciando a sua carreira profissional. O estágio
concebe a realidade dos fatos no contexto estagiado, como também, a reflexão e a
análise crítica do âmbito educacional especial e inclusivo, confrontando á realidade
escolar com a realidade social.
O estágio curricular permite avaliar os diversos contextos educativos, uma
vez que permitem inúmeras reflexões em torno dos aspectos didático-pedagógicos,
administrativos, políticos, psicológicos, filosóficos, curriculares entre outros que
compõem a instituição escolar.
O estágio em educação especial e inclusiva teve por objetivo a análise e as
implicações didático-pedagógicas, quanto ao planejamento curricular, conteúdos,
objetivos, métodos, avaliações e relações pedagógicas no processo de inclusão dos
educandos com necessidades educacionais, possibilitando identificar os
procedimentos e recursos adaptados ás necessidades dos alunos, estabelecendo
uma análise crítica da realidade escolar atual, refletindo sobre a questão do
professor frente ás novas demandas no ensino regular no processo de inclusão
social, e ás possibilidades das novas tecnologias para a educação especial e
inclusiva. O estágio orienta positivamente professores, estudantes, pesquisadores,
curiosos e interessados em atividades de investigação da prática pedagógica no
contexto educacional inclusivo.
Acredita-se, que a investigação é um dos princípios científicos mais
significativos para a construção do conhecimento, sendo indispensável á formação
docente, pois estagiar é sentir–se instigado pela curiosidade, pelo desejo da busca e
da superação, é saber trabalhar com os indicadores que afloram durante a coleta de
dados, visto que todo o processo é importante, não somente o resultado alcançado,
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resumindo, o estágio em contextos educativos privilegia o processo de


aprendizagem do futuro docente, levando–o a indagar sobre propostas adotadas
pela escola para com os alunos com necessidades educacionais especiais. O
estágio curricular em educação especial e inclusiva é um instrumento indispensável
e importantíssimo para a futura formação na área de especialização em educação
especial e educação inclusiva, pois através do estágio se analisa os aspectos
essenciais para a prática pedagógica na inclusão escolar e social através de um
currículo adaptado á construção de identidades e ao reconhecimento da diversidade
humana. O estágio na prática proporcionou uma relevante aprendizagem ao
possibilitar o contato real e direto com a escola, professores, funcionários e
principalmente com os educandos.
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DESENVOLVIMENTO

Através de observações e indagações, analisou-se que a proposta


metodológica elaborada pelos educadores da escola é baseada num ensino-
aprendizagem significativo e benéfico há todas as pessoas com limitações, incluindo
no processo de ensino o respeito aos diferentes ritmos de aprendizagem.
Os itens que serão trabalhados nesse relatório incluem: A identificação e a
caracterização da escola estagiada, a caracterização da turma e dos profissionais, o
registro do perfil da turma observada, o registro dos descritivos encontros realizados
na instituição escolar, o relato dos educadores, a descrição e a análise reflexiva das
atividades de estágio curricular educação especial e educação inclusiva, o roteiro de
participação e observação na escola, à elaboração do plano de aula a aplicação do
mesmo e a elaboração do plano de intervenção na instituição escolar.
Trabalho de estágio curricular em educação especial e inclusiva foi
realizado na escola de educação básica Senhor do Bonfim – EJA fase I e modalidade
de educação especial e inclusiva.
A instituição foi fundada em 29 de Outubro do ano 2005, situada em zona
rural na comunidade de Bonfim , rua principal s/nº, localizada na cidade de Salvador-
Bahia
A caracterização do prédio da instituição escolar é bem estruturada, os
espaços são amplos e claros, possui algumas estruturas arquitetônicas conforme as
necessidades de locomoção de alguns alunos com limitações específicas. A
iluminação e a ventilação são de excelente qualidade em todas as salas de aula,
inclusive no prédio em geral, a limpeza é eficiente nas (salas, refeitório, corredores,
bebedores, mesas, carteiras, banheiros, quadra e cozinha), há muita higiene e
dedicação, não só da parte dos zeladores, mas também da parte dos professores,
direção e alunos, onde os mesmos zelam pela escola, evitando assim contaminações
e havendo um ar leve e saudável para todos. As salas de aula da instituição têm as
paredes decoradas com muita criatividade, como, pinturas, imagens ilustrativas,
alfabeto móvel colorido, cartazes com frases, varal didático e alfabeto de borracha,
entre outras decorações.
Há recursos disponibilizados pela escola na promoção do ensino-
aprendizagem dos educandos em processo de inclusão, como, recursos de tecnologia
assistiva – adaptada, tecnologia dos ambientes virtuais, esses ambientes já estão
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inseridos no cotidiano dos alunos com necessidades educacionais especiais, todavia,


o acesso às televisões, DVD, e aos computadores na escola, normalmente limita-se
ás aulas de computação e a jogos, possuindo regras de uso específicas, como, a
limitação do tempo de acesso através da internet, onde com o auxílio do professor
mediador os educandos se inserem no conhecimento digital e no conhecimento do
mundo, acessam on–line museus, pinturas, jogos alfabéticos, entre outros.
Os móveis em geral se encontram em perfeita conservação e a disposição
do público estudantil e da comunidade escolar. Na escola a sala dos professores é
ampla e decorativa com acesso a biblioteca e aos computadores, o espaço dos
serviços administrativos possui um excelente tamanho e disponibilidade de material
colaborativo, o espaço pedagógico e o de apoio aos alunos e aos educadores é
amplo e possui recursos adaptados às necessidades especiais dos educandos, assim
como, materiais didáticos e ferramentas diversificadas de ensino–aprendizagem.
As salas de aula são espaçosas, bem organizadas, higienizada, clara com
uma ótima ventilação, as carteiras e as mesas em sala de aula são arrumadas em
fileiras e em círculos. A alimentação é oferecida pela escola, observa-se que a
merenda escolar é de qualidade, a hora de saída para o recreio no período vespertino
é 15h15min, sendo permitindo 15 minutos para o recreio, o refeitório da escola possui
instalações qualitativas que atende a legislação vigente, como, espaço, alimentação e
facilidade de acesso aos educandos com necessidades especiais.
A preparação da alimentação na escola segue um cardápio preparado por
uma nutricionista que atende as exigências de nutrição, de saúde e segurança
alimentar. A escola também conta com o espaço não formal, onde os professores
realizam muitas atividades ao ar livre com os seus educandos com necessidades
educacionais especiais, como: atividades de expressão física, basquete, pinturas,
cultura e de lazer, incluindo ás áreas verdes.
O perfil dos profissionais no espaço estagiado é exemplar, os mesmos são
organizados e participativos com todos, transmitem segurança e solidariedade aos
discentes que chegam até a escola.
Os docentes possuem formação continuada, como, especialização na área
de educação especial e inclusiva, incluindo cursos oferecidos pela SEED, seminários,
conselho de classe, conselho de escola, congressos, equipe pedagógica, projeto
político pedagógico, qualificação tecnológica, mídias da educação e TV escola, sendo
que, algumas dessas formações acontecem na própria escola, no local de trabalho
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desses profissionais que contam com anos de serviço e possuem experiência na área
educacional especial. Os responsáveis pela merenda e pela segurança dos alunos na
escola possuem cursos e treinamento no atendimento ao público “especial”. A escola
funciona no período matutino das 07h15min ás 11h15min, e no período vespertino
das 13h00min ás 17h00min, a mesma oferta atendimento há várias modalidades de
ensino, desde para os anos iniciais do ensino fundamental, educação de jovens e
adultos E.J.A e educação especial e inclusiva.
A escola possui um regime jurídico público, a mesma possui 6 salas de
aula e atende a um número de 48 alunos matriculados, variando de 5 a 10 alunos por
turma. A escola tem sua proposta pedagógica baseada na inclusão educacional/
social, onde se adota atitudes de respeito, valores, ética e procedimentos adaptados
às necessidades de atendimento ao seu público educacional. A escola possui uma
metodologia diversificada e qualitativa no ensino-aprendizagem dos seus educandos
com necessidades educacionais especiais, assim como recursos adaptados, como a
sala de recursos multifuncionais.

Na instituição estagiada, participei e observei a turma do 2° ano B do


Ensino Fundamental – Modalidade Especial, no período vespertino, a turma era
composta por 9 alunos sendo 7 meninas e 2 meninos. Na sala de aula durante as
atividades pedagógicas, analisei que havia 1 menina e 1 menino com TDAH
(Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade), os quais estavam a todo
segundo desatentos da aula e das explicações do professor, como também, havia na
mesma turma 2 meninas com Altas Habilidades Superdotação, as quais mostravam
uma intensa criatividade e habilidade motora nas atividades.
A interação dos alunos com necessidades educacionais especiais com o
seu educador ocorreu constantemente e ativamente, sendo muito significativo para o
processo de ensino-aprendizagem dos mesmos, onde a comunicação entre professor
e alunos foi muito amigável. O educador integrou-se com seus alunos com
necessidades educacionais especiais eficientemente na busca de conhecimentos,
gestão de organização, valores e normas de conduta com base em uma pedagogia
centrada no aluno em suas dificuldades, necessidades/ peculiaridades e não apenas
nos conteúdos curriculares abordados.
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O professor criou situações que promoveram a inclusão e a integração dos


seus alunos, promovendo problemas desafiadores para os mesmos, onde os
educandos desenvolveram passo a passo a sua aprendizagem com base na
criatividade e nos estímulos externos e internos. O educador ofereceu aos educandos
oportunidades de serem autônomos, de desenvolver suas capacidades/
potencialidades, pois não há barreiras que com o apoio de uma equipe um aluno com
necessidades educativas especiais (NEE) não possa superar. A escola, juntamente
com seus educadores e a comunidade escolar, devem sempre ter em mente e
acreditar verdadeiramente na capacidade de regeneração da pessoa “especial”, pois
todo ser humano é modificável, independentemente de suas limitações iniciais, assim
como, a inteligência de qualquer pessoa pode ser “expandida”.
Feuerstein (2002) fundamenta-se na crença que todo ser humano é capaz
de modificar-se, independente de sua origem, etnia, idade ou condição genética,
assim define:
Modificabilidade (cognitiva) é a propensão (potencial) de um indivíduo se
modificar através de ambas as experiências de aprendizagem direta e mediada
direcionadas para necessidades estruturais e comportamentais. Em resposta a
apresentação de intervenções de mediação que sejam sistemáticas, planejadas e
repetitivas num período de tempo e através de 16 variações na exposição de
estímulos, o sujeito se torna plástico e modificável, cada vez mais favorável à
exposição aos estímulos diretos. A propensão para a modificabilidade pode ser
avaliada através de procedimentos dinâmicos, e pode ser influenciada pela EAM
oferecida em contextos situacionais estruturados. (FEUERSTEIN; FALIK;
FEUERSTEIN, 2006, p.16).
A relação pedagógica foi mediadora, integrada e intencional por parte do
educador que teve em vista o conhecimento, ou seja, o professor foi mediador entre
os alunos, o conhecimento e as atividades desenvolvidas, atividades essas
“combinadas” com as necessidades de aprendizagem dos educandos, ambos com
objetivos comuns, ou seja, a aprendizagem significativa. Na Política Nacional de
Educação Especial, a integração é conceituada como:
Um processo dinâmico de participação das pessoas num contexto
relacional, legitimando sua interação nos grupos sociais. A integração implica em
reciprocidade. E sob o enfoque escolar é processo gradual e dinâmico que pode
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tomar distintas formas de acordo com as necessidades e habilidades dos alunos


(BRASIL, 1994, p. 18).
Durante as observações participativas na escola, analisou-se, a
intencionalidade com que foi planejado cada elemento da prática pedagógica inclusiva
pelo professor, onde o mesmo utilizou–se de diversas metodologias e formas de
ensino-aprendizagem. A hora-atividade na escola é bem elaborada pelo educador, o
qual utiliza os saberes pedagógicos com conteúdos proposto legalmente obedecendo
à legislação para com a educação especial e inclusiva, para o ano/ciclo/ e faixa etária
dos educandos e suas limitações específicas de aprendizagem. A intenção do
professor foi criar alternativas de ensino que buscam despertar o interesse dos alunos
pelo que chamamos de “uma aula diferente”, trabalhando com pinturas, artesanatos,
colagens, danças e músicas.
O educador desenvolveu muitos trabalhos com os educandos com
necessidades educacionais especiais, onde, através dessa organização o professor
conseguiu alcançar o mérito que se pretendia em sala de aula, o planejamento
concreto do docente foi efetivo para que a aprendizagem dos alunos acontecesse de
forma agradável e proveitosa. O educador utilizou-se de procedimentos lúdicos para
trabalhar com os alunos na rede regular de ensino, o que fez toda diferença no
desenvolvimento cognitivo dos discentes com necessidades educacionais especiais,
pois, trabalhar com a ludicidade é expandir a criatividade, sendo o lúdico um estímulo
complexo e enriquecedor do trabalho pedagógico, o qual deve ser utilizado e
valorizado pelos docentes, tanto nos ambientes formais, quanto nos ambientes não
formais. A esse respeito Santos diz:
A formação lúdica se assenta em pressupostos que valorizam a
criatividade, o cultivo da sensibilidade, a busca da afetividade, a nutrição da alma,
proporcionando aos futuros educadores vivências lúdicas, experiências corporais, que
se utilizam da ação, do pensamento e da linguagem, tendo no jogo sua fonte
dinamizadora. (SANTOS; CRUZ, 1999, p.13-14)
Analisa-se que muitas das aquisições positivas na vida de tais alunos se
deram através de atividades lúdicas, isto é, do brincar. A influência do brinquedo é
destacada por Vygotsky (1989).
[…] é enorme a influência do brinquedo no desenvolvimento de uma
criança, é no brinquedo que a criança aprende a agir numa esfera cognitiva, ao invés
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de numa esfera visual externa, dependendo das motivações e tendências internas, e


não por incentivos fornecidos por objetos externos. (VYGOTSKY, 1989, p. 109)
Na escola o cotidiano dos alunos com necessidades educacionais
especiais deve ser desenvolvido diariamente com base em estímulos do meio, como
também, com aplicação de atividades lúdicas, recreativas e diversificadas, na busca
de desenvolver a coordenação motora, sensorial, intelectual, a atenção, o movimento
ritmado, o conhecimento quanto à posição do corpo e o desenvolvimento cognitivo
dos discentes.
REGISTRO DO PERFIL DA TURMA
Observa-se que a turma em geral é entrosada e dinâmica, os educandos
com necessidades educacionais especiais são compreensivos uns com os outros,
gostam de atividades lúdicas, danças, pinturas, artesanatos, montagem de palavras
com o alfabeto móvel, trabalhos com colagens de imagens e letras em cartazes.
Verificou-se no contexto estagiado, a sensibilidade dos alunos no desenvolvimento
das atividades educacionais, tanto no ambiente formal, quanto no ambiente não
formal.
REGISTRO DESCRITIVO DOS ENCONTROS REALIZADOS NO
CONTEXTO EDUCACIONAL
A turma é ativa e os educandos se desafiam em aprender, em fazer as
tarefas, e a entender as atividades propostas.
A observação em sala de aula foi gratificante, analisei que a grade
curricular é composta por metodologias apropriada as necessidades dos educandos,
onde a carga de conteúdos fragmentados fora da realidade do aluno deixa de ser a
principal tarefa no currículo da escola, e prevalece à qualidade no ensino oferecida
aos estudantes. Nas aulas os trabalhos são realizados com total dedicação dos
alunos com necessidades educacionais especiais, entre os trabalhos, encontram-se,
artesanatos, pinturas, colagens, escritas com alfabeto móvel, dominós, material
dourado e trabalhos desenvolvidos com atividades lúdicas entre outros. Os
procedimentos metodológicos que o professor adotou durante suas aulas facilitou a
aprendizagem da turma, observei que os materiais quando são diversificados tem
como finalidade transformar ideias em situações concretas, fazendo com que os
alunos compreendam novos conhecimentos. Nota-se, que a interação entre os
educandos com necessidades educacionais especiais e o professor em sala de aula
foi excelente, a turma foi bastante participativa e comunicativa. O diálogo permaneceu
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durante as aulas, nas brincadeiras, nas trocas de ideias, perguntas, respostas,


debates, leitura, conhecimento das palavras e avaliação contínua das atividades.
Dessa forma, verificou-se que o diálogo é fundamental no processo educativo
dialético, tanto no encaminhamento metodológico como na relação professor–aluno,
no qual o educador e os educandos são sujeitos ativos no processo de
ensino–aprendizagem, produzem e constroem seu próprio conhecimento.
O processo educacional da modalidade de educação especial e educação
inclusiva é um processo democrático, e inclusivo por parte dos educadores e da
escola, sendo um processo ético, de valor a diversidade humana. Alguns educadores
relatam que a escola é eticamente inclusiva, e tem sua proposta curricular voltada a
atender seu público alvo, onde as pessoas com necessidade educacionais especiais
são incluídas com democracia no ambiente escolar, e que a escola junto com
professores, pais, a comunidade em geral, é capaz de desenvolver as funções
cognitivas, as habilidades motoras e o potencial de seus educandos gradativamente.

PROPOSTA DE INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA – EDUCAÇÃO ESPECIAL


E EDUCAÇÃO INCLUSIVA

1. CARACTERIZAÇÃO DA SITUAÇÃO:
Um ambiente tranquilo e baseado em estímulos faz toda a diferença na
construção e no resgate da modificabilidade cognitiva de qualquer estrutura mental
humana. Desde então, observa-se na instituição estagiada, duas alunas
superdotadas e uma menina e um menino com Transtorno de Déficit de Atenção e
Hiperatividade (TDAH). Com essa situação, pode-se destacar a importância de
realizar durante a semana na escola, diversas atividades lúdicas no espaço formal e
não formal, e assim aproveitar ao máximo o potencial da turma em geral. Pois o
ensino-aprendizagem baseado em quadros paredes, não se fundamenta
propriamente na diversidade cultural presente no contexto escolar.
O ensino deve ter base em diferentes formas de aprendizagem, em diversos
contextos e ambientes formais e não formais, sendo que o lúdico enquanto
instrumento, favorece qualitativamente o ensino-aprendizagem na educação
especial.
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JUSTIFICATIVA
A proposta de intervenção com base na ludicidade é de suma importância na
área da educação especial e inclusiva, sendo que têm por principal objetivo o
resgate da modificabilidade cognitiva estrutural dos educandos, assim como nos
prova a Teoria de Reuven Feuestein sobre a importância do lúdico, dos estímulos e
do ambiente no ensino-aprendizagem na educação especial. Observa-se a
necessidade de uma proposta de intervenção pedagógica diferenciada no contexto
educacional inclusivo/ especial, onde, muitas vezes a caracterização da situação
pedagógica é um pouco fragmentada por falta de estímulos no ensino-aprendizagem
dos discentes, a relação professor-aluno pode ser mais ativa no ambiente formal e o
não formal. Os ambientes devem ser mais bem reutilizados com diversas atividades
lúdicas na conquista da modificabilidade cognitiva estrutural dos educandos com
necessidades educacionais especiais.
O ambiente formal e o não formal oferecem estímulos que devem ser
usados competentemente pelo mediador no resgate da modificabilidade cognitiva,
na construção do conhecimento, da autonomia, da mediação e da consciência do
aluno, onde crianças “normais” trocam ideias, sentimentos e brincadeiras com as
crianças consideradas “especiais”.
Com a aplicação das atividades lúdicas, espera-se que os educandos com
necessidades educacionais especiais, desenvolvam a coordenação motora, a
atenção, o movimento ritmado, conhecimento quanto à posição do corpo e o
desenvolvimento cognitivo dos mesmos.

OBJETIVOS

OBJETIVO GERAL: Propor, descrever e aplicar uma metodologia


alternativa de trabalho no ensino – aprendizagem com atividades lúdicas em
ambientes formais e não formais.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
 Aprofundar o conhecimento e o conceito dos estímulos que fazem toda
a diferença no ensino-aprendizagem, no psicomotor, cognitivo, emocional, social e
cultural dos alunos.
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 Apresentar a escola, aos educadores e aos educandos a Teoria de


Reuven Feuerstein, a qual se baseia em estímulos no ambiente e consegue a
reabilitação dos casos mais graves de limitações específicas em educandos com
necessidades educacionais especiais.
 Propor aos alunos vivências diversificadas em ambientes não formais,
para que possam explorar o ambiente, fazer tentativas e se desenvolverem
cognitivamente.
 Identificar de forma concreta a necessidade de ser desenvolvida uma
metodologia lúdica tanto no ambiente formal, quanto no ambiente não formal.

METODOLOGIA
Na procura de elaborar uma proposta de intervenção pedagógica na
área de educação especial e educação inclusiva, baseou–se em pesquisa
bibliográfica e pesquisa de campo, realizada na Escola Senhor do Bonfim
(livros de metodologia lúdica, obras literárias, cadernos, revistas, artigos
científicos, jornais e instituição escolar estagiada de educação especial).

ELABORAÇÕES DAS ATIVIDADES:


As atividades devem ser desenvolvidas uma vez por semana na escola
durante 4 meses seguidos, sendo desempenhada 8 atividades, com um total de 2
horas para cada atividade aplicada. Abaixo detalhes das atividades elaboradas.
 MÍMICAS EM GRUPOS
A turma deve ser divida em grupos, cada grupo composto por 2 alunos, por
meio de gestos e de ações representadas pelo educador nas atividades lúdicas, o
grupo é desafiado a acertar quais são as atividades lúdicas apresentadas pelo
professor através da mímica, quem acertar mais atividades através dos gestos e de
ações será o grupo que irá propor juntamente com o educador novas mímicas com
atividades lúdicas.
 BRINQUEDOS CONSTRUÍDOS
Com mediação aos alunos com necessidades educacionais especiais (NEE),
construir brinquedos os quais passam por um processo e desenvolvem as
habilidades motoras dos educandos, como, barquinho de papel, cata vento e barco
de garrafa petti, no qual, depois de construídos será refletido com a turma sobre as
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inúmeras utilidades dos materiais recicláveis na construção de diversos materiais


para atividades lúdicas no ambiente formal e não formal.

 DESENHOS E PINTURAS
Realizar a leitura do texto a Flauta de Luanda, e em uma folha de sulfite
branca, solicitar que cada educando desenhe o que obteve de entendimento da
leitura, depois de desenhado conforme o entendimento, a imaginação e a
criatividade de cada um, a pintura pode ser realizada diversificada de acordo com o
gosto dos educandos, com tinta guache, lápis de cor ou lápis de cera, canetinha
colorida, entre outros.

 BRINCADEIRAS DE MASSINHA: MODELANDO PERSONAGENS


Fazer a leitura e refletir sobre a história de Branca de Neve com os
educandos, depois acrescentar que os mesmos fiquem livres para desenvolver e
escolher quais os personagens da história que mais se identificaram e, em seguida
desenhar/ modelar com massinha colorida os personagens escolhidos e a natureza.
Onde cada educando possuí seu livro ilustrativo com a historinha.

 JOGO SIMBÓLICO FAZ DE CONTA


Utilizar-se de brincadeiras como o “faz – de – conta” para deixar os
educandos realizar o papel que desejar no momento das brincadeiras. Tais
atividades nos ambientes não formais buscam desenvolver competentemente as
habilidades dos educandos como, psicomotor, cognitivo, emocional, social, cultural,
imitação, imaginação, fantasia e a assimilação da realidade.

 PARLENDAS
Desenvolver diversas parlendas populares no ensino-aprendizagem como,
“Um, dois, feijão com arroz”, “Serra, serra, serrador” “Amanhã é domingo, pé de
cachimbo”, acompanhadas de cantos, brincadeiras de roda e de círculos.

 DANÇAS FOLCLÓRICAS E CANÇÕES


Trabalhar danças folclóricas, neste sentido utilizar canções, movimentos em
círculos, em grupos e em pares. As danças folclóricas possuem uma didática que
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permite aprofundar e obter melhores resultados e entendimento sobre as demais


culturas, no qual se ensina e analisa-se com os alunos o ensino da letra, da
melodia, do som, dos movimentos corporais, dos gestos, das ações, da inclusão, e
da diversidade cultural de cada região brasileira.

 TEATRO MUDO
Em grupo de 3 alunos, distribuir a cada grupo três palavras formadas
diferenciadas, no qual com a mediação do educador cada grupo prepara uma
pequena cena teatral a partir das 3 palavras recebidas, em seguida, o grupo
apresenta através da mímica a peça teatral organizada.

RECURSOS
Cola branca e colorida, cadernos, barco de papel, barco de sucata, cata
vento, desenhos ilustrativos e realizados a mão, ambiente formal e ambiente não
formal, glitter, garrafa petti, papel sulfite, parlendas, lápis preto, lápis de cor, lápis de
cera, massinha colorida de modelar, música, tinta guache, textos, tesoura, livros
literários e informativos, ilustrações e quadro de giz.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estágio em educação especial e inclusiva forneceu-me um grande
aprendizado e uma sólida formação por conta da participação real ao contexto
educativo “especial”, por haver a reflexão da realidade ali exposta, onde se analisa
os processos de inclusão x exclusão e da capacidade de conquistarmos á
modificabilidade cognitiva humana, independentemente das limitações específica de
cada pessoa. Em forma de conclusão do trabalho de estágio curricular, pode-se
afirmar que as contribuições trazidas pelo trabalho foram gradativamente
significativas á minha futura formação docente. Verificou-se que a inclusão social é
possível, e através dela se obtêm maiores oportunidades e capacidade de
estabelecer laços e se desenvolver fisicamente e cognitivamente todas as pessoas
com necessidades especiais.
Contudo, os estímulos da família, da escola e sociedade para com essas
pessoas, contribuem para que sejam membros ativos e autônomos na construção de
conhecimentos. Concluindo, os momentos de observações e participação ativa no
espaço estagiado foram momentos em que a descrição dos sujeitos foi observada
incluindo a cultura, posição social, os comportamentos, as dificuldades encontradas,
o modo de falar e outras especificidades. A reconstrução do diálogo foi analisada,
sendo que utilizei das palavras dos sujeitos tornando o documento mais preciso e
fidedigno, onde o local estagiado foi detalhado da melhor forma possível.
Devemos estar buscando conhecimentos no que diz a respeito há educação
especial e inclusiva, pois é uma prática inovadora que esta sendo enfatizada e
necessita sim, de qualidade no ensino-aprendizagem de todos os alunos, devemos
exigir que a escola se atualize diariamente, e que nós professores nos
aperfeiçoamos nas nossas práticas pedagógicas. É um novo paradigma que desafia
o cotidiano escolar brasileiro. São barreiras a serem superadas por todos:
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profissionais da educação, comunidade, pais e alunos. Precisamos aprender mais


sobre a diversidade humana, a fim de compreender os modos diferenciados que
cada ser humano observa o mundo e a sociedade em que vive.

REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Política Nacional de Educação
Especial. Brasília, DF: Secretaria de Educação Especial, 1994.
____________.Constituição da República Federativa do Brasil, 1988 Brasília, DF,
Poder Executivo, 05 de outubro de 1988
____________.Ministério Público Federal Fundação Procurador Pedro Jorge de
Melo e Silva organizadores. O acesso de alunos com deficiência às escolas e
classes comuns da rede regular. Brasília: Procuradoria Federal dos Direitos do
Cidadão, 2004.
BUDEL, Gislaine Coimbra. Mediação de Aprendizagem na educação especial/
Gislaine Coimbra Budel, Marcos Meier. – Curitiba: InterSaberes, 2012. – (Série
Inclusão Social)
DECLARAÇÃO de Salamanca e linha de ação sobre necessidades educativas
especiais. (1994, Salamanca). Brasília: CORDE, 1997.
FERREIRO, EMÍLIA. Alfabetização em processo. São Paulo: Cortez, 2004.
FEUERSTEIN, Reuven. A avaliação dinâmica da modificabilidade cognitiva: a
dispositiva propensão de aprendizagem: teoria, instrumentos e técnicas. Jerusalém,
Israel: ICELP Press, 2002.
FEUERSTEIN, Reuven. FALIK, Louis H. FEUERSTEIN, Rafi. As definições de
conceitos essenciais e termos: Um glossário de trabalho. Jerusalém, Israel: ICELP
Printshop de 2006. FEUERSTEIN
FREIRE, PAULO. Educação como prática de liberdade. Rio de Janeiro: Paz e terra,
1967.
UNESCO. Declaração de Salamanca e linha de ação sobre necessidades
educativas especiais. Brasília, CORDE, 1994.
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SANTOS, S.M.P.; CRUZ, D.R.M. O lúdico na formação do educador. In. SANTOS,


Santa Marli Pires (Org.). O lúdico na formação do educador. 3.ed. Petrópolis: Vozes,
1999. p.11-17.
VYGOTSKY, LEVI. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1989.

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