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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO

NÚCLEO DE TECNOLOGIA PARA EDUCAÇÃO

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM EDUCAÇÃO ESPECIAL INCLUSIVA

MICHELANE GOMES PINTO

A INCLUSÃO DO AUTISTA NA SALA DE ENSINO REGULAR

Balsas

2019
MICHELANE GOMES PINTO

A INCLUSÃO DO AUTISTA NA SALA DE ENSINO REGULAR

Artigo apresentado ao curso de


Especialização em Educação Especial
Inclusiva, da Universidade Estadual do
Maranhão, Núcleo de Tecnologia para
Educação como requisito para obtenção
de grau de especialista.

Orientadora: Profa. Marta Helena Facco


Piovesan

Balsas

2019
2

A INCLUSÃO DO AUTISTA NA SALA DE ENSINO REGULAR

PINTO, Michelane Gomes 1

PIOVESAN, Marta Helena Facco2

RESUMO

Este artigo foi elaborado sobre a inclusão do autista na sala de ensino regular, tendo
como base pesquisas bibliográficas sobre o autismo relatando os procedimentos que
podem ser aplicados na sala regular para a inclusão do aluno que sofre com esse
transtorno. O autismo causa problemas no desenvolvimento da criança em três
eixos principais: comunicação, comportamento e convívio social, perdurando por
toda a vida. Os diagnósticos de crianças com autismo vêm aumentando nos últimos
anos devido a uma maior divulgação das características que compreendem essa
síndrome. O autismo provoca reações adversas no comportamento prejudicando
processos e funções executivas diretamente envolvidas nas tarefas de ensino
aprendizagem e adaptação, envolvendo família, escola e o convívio social,
desencadeando dessa forma intervenções pedagógicas para avaliar e tratar este
transtorno. Observa-se também que as famílias de crianças com autismo,
geralmente não estão preparadas para receber o diagnóstico e por esta razão é
preciso fornecer informações adequadas para que os pais não se sintam
constrangidos perante o diagnóstico autista. Devido às causas deste problema, a
criança precisa ter tratamentos que possam ajudá-la em todos os seus aspectos e
para que ocorra efetivamente a inclusão é necessário o envolvimento da escola e da
família para atender as necessidades garantindo o seu acesso permanente no
ambiente escolar. Por esta razão faz- se necessária a intervenção de forma que o
profissional da educação saiba quais os requisitos necessários para ensinar o
autista de forma que o mesmo obtenha uma boa aprendizagem. Professores do
ensino regular e do Atendimento Educacional Especializado (AEE) devem ser
orientados de forma eficaz para melhor aprendizado do aluno que possui esse

1
Aluna do Curso de Pós Graduação em Educação Especial Inclusiva da Universidade Estadual do Maranhão,
Núcleo de Tecnologia para Educação.
2
Professora da Universidade Estadual do Maranhão- UEMA
3

transtorno. Todas as estratégias são fundamentais para que a criança com autismo
cresça cognitivamente e socialmente, além de elevar o bem-estar psicológico da
criança e da família.

Palavras-chaves: Autismo. Criança. Família. Inclusão.

ABSTRACT

This article was written about the inclusion of the autistic in the regular classroom,
based on bibliographic research on autism, describing the procedures that can be
applied in the regular room for the inclusion of the student suffering with this disorder.
Autism causes problems in the development of the child in three main axes:
communication, behavior and social life, lasting for life. The diagnoses of children
with autism have been increasing in recent years due to a greater dissemination of
the characteristics that comprise this syndrome. Autism causes adverse reactions in
behavior impairing processes and executive functions directly involved in the tasks of
teaching learning and adaptation, involving family, school and social interaction, thus
triggering pedagogical interventions to evaluate and treat this disorder. It is also
observed that families of children with autism are generally not prepared to receive
the diagnosis and for this reason it is necessary to provide adequate information so
that the parents do not feel constrained in the autistic diagnosis. Due to the causes of
this problem, the child needs to have treatments that can help her in all its aspects
and for the inclusion to occur effectively, it is necessary the involvement of the school
and the family to meet the needs, ensuring their permanent access in the school
environment. For this reason, the intervention is necessary so that the education
professional knows the necessary requirements to teach the autistic so that the same
obtains a good learning. Teachers of regular education and Specialized Educational
Assistance (AEE) should be effectively oriented to better learning of the student who
has this disorder. All strategies are fundamental for the child with autism to grow
cognitively and socially, in addition to raising the psychological well-being of the child
and the family.

Keywords: Autism. Kid. Family. Inclusion.


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1 INTRODUÇÃO

Quando se ouve a palavra "autismo", logo vem à mente a imagem de uma


criança isolada em seu próprio mundo, contida numa bolha impenetrável, que brinca
de forma estranha, balança o corpo para lá e para cá, alheia a tudo e a todos.
Geralmente está associada a alguém "diferente" de nós, que vive à margem da
sociedade e tem uma vida extremamente limitada, em que nada faz sentido. Mas
não é bem assim. Sabemos que o autismo é um transtorno que não tem cura, mas
possui tratamentos específicos que podem amenizar alguns distúrbios. Esse olhar
nos parece estreito demais, quando falamos em autismo estamos nos referindo a
pessoas com habilidades absolutamente reveladoras, que calam fundo na nossa
alma e nos fazem refletir sobre quem de fato vive alienado.
Os primeiros registros sobre o autismo foram identificados pelos médicos
Leo kanne e Hans Asperger que se dedicaram ao estudo sobre o assunto. Mesmo
sendo considerado um transtorno incurável, autistas possuem capacidade para
aprender em qualquer área de conhecimento, é imprescindível que haja um
ajustamento do sistema educacional regular para melhor atender às necessidades
diferenciadas de aprendizagem dos mesmos. Quando a escola se prontifica a ajudar
o autista ela se torna um referencial de apoio no aspecto da inclusão, servindo de
suporte para a família.
É necessário que os professores do ensino regular saibam quais são as
características do autismo para poderem buscar formas de ajudar a desenvolver
suas habilidades e competências, auxiliando no processo de inclusão de ensino
aprendizagem e no desenvolvimento geral do autista. A escola é o espaço
educacional da inclusão do aluno autista, por essa razão é preciso que a mesma
esteja pronta para recebê-lo para poder desenvolver uma aprendizagem favorável
em todas as questões que envolvem o autismo no aspecto da inclusão.
A justificativa do artigo deve-se à escolha do tema: A inclusão do autista
na sala de ensino regular, onde foram abordados assuntos sobre o autismo e a
inclusão no processo de ensino-aprendizagem através de pesquisas bibliográficas
com o intuito de fornecer informações complementares sobre o autismo e como a
criança autista deve ser incluída na escola, superando os desafios que são
apresentados dia a dia, explicando como a família pode ajudar a criança que sofre
com esse transtorno.
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A presente pesquisa é de cunho qualitativo, onde serão desenvolvidos


conceitos, ideias e entendimentos a partir de pesquisas bibliográficas feitas para
comprovar algumas teorias no que diz respeito à inclusão do autista na sala de
ensino regular, demonstrando medidas pedagógicas que o professor pode aplicar
para que o autista seja incluído no espaço regular.
O objetivo geral deste trabalho é explicar o que é o autismo e como
ocorre o processo de inclusão do autista na sala regular. Ainda pretendemos
conhecer o espectro autista, identificando os métodos pedagógicos que podem ser
utilizados pelos professores para a sua inclusão e explicar a importância do
conhecimento sobre o assunto. Os procedimentos aplicados para a realização desse
estudo partiram da seguinte questão: como ocorre o processo de inclusão do autista
na sala de ensino regular? Para o referencial teórico do estudo contou-se com a
contribuição de alguns autores como: Cleonice Bosa (2002), Eugênio Cunha (2015),
Talita Cruz (2014) e dentre outros.
A metodologia foi desenvolvida através de revisões bibliográficas sobre o
processo de inclusão do autista de forma efetiva na classe regular sendo necessário
que os professores saibam utilizar métodos pedagógicos adequados que irão
contribuir com o desenvolvimento das habilidades e competências do autista.

2 CARACTERÍSTICAS E DIAGNÓSTICO DO AUTISMO

O autismo é uma síndrome comportamental causada por um transtorno


de desenvolvimento que se manifesta em crianças com idade precoce. Nos anos 40
os médicos Leo kanner e Hans Asperger estudaram e identificaram o autismo.
Segundo Berguez (1991), comportamentos estereotipados, resistência a mudanças,
dificuldades nas relações interpessoais, retraimento e isolamento formam um
conjunto de sintomas que Kanner, em 1943 considerou de extrema importância para
identificar essa patologia. Em 1952, Mahler utilizou o termo Psicose Simbiótica e em
1956, Bender voltou a denominar como “Pseudo Retardo” ou “Pseudo-Deficiente”.
(GAUDERER, 1987, p 10).
O autismo é uma condição onde o cérebro não funciona de forma correta
atrapalhando o desenvolvimento do indivíduo, sendo ainda considerado uma
síndrome definida por alterações presentes desde idades muito precoces, e que se
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caracteriza por desvios qualitativos na comunicação, interação social e no uso da


imaginação, obviamente é um estado que sempre existiu em todas as épocas e
culturas, causando preocupações e frustrações para os educadores que não sabem
como lidar com crianças que apresentam esse transtorno.
O que se sabe através de estudos e pesquisas é que o autismo ocorre
devido a perturbações neurológicas, manifestadas geralmente a partir dos três anos
de idade, período em que os neurônios responsáveis pela comunicação e pelas
relações sociais não estabelecem as conexões tipicamente estabelecidas. Ainda não
existem repostas definitivas sobre esse problema, pois o mesmo ainda é uma
doença de causas não definidas.
Assim conceitua Gauderer (1993):

Uma inadequacidade no desenvolvimento que se manifesta de maneira


grave durante toda a vida. É incapacitante e aparece tipicamente nos três
primeiros anos de vida. Acomete cerca de cinco entre cada dez mil nascidos
e é quatro vezes mais comum entre meninos que meninas. É encontrada
em todo mundo e em família de qualquer configuração racial, étnica e
social.[...]. Os sintomas [...] incluem: Distúrbio no ritmo de aparecimento de
habilidades físicas, sociais e linguísticas; Reações anormais às sensações.
As funções ou áreas mais afetadas são: visão, audição, tato, dor, equilíbrio,
olfato, gustação e maneira de manter o corpo; Fala e linguagem ausentes
ou atrasadas. Certas áreas específicas do pensar presentes ou não. Ritmo
imaturo da fala, restrita compreensão de ideias. Uso de palavras sem
associação com o significado. Relacionamento anormal com objetos,
eventos e pessoas. Respostas não apropriadas a adultos ou crianças.
Objetos e brinquedos não usados de maneira devida. A pessoa portadora
de autismo tem uma expectativa de vida normal. Uma reavaliação periódica
é necessária para que possam ocorrer ajustes necessários quanto às suas
necessidades, pois os sintomas mudam e alguns podem até desaparecer
com a idade. (GAUDERER, 1993, p. 3- 4).

A dificuldade de interpretar os sinais sociais e as intenções dos outros


impede que as pessoas autistas percebam corretamente algumas situações no
ambiente em que vivem. A segunda área comprometida é a da comunicação verbal
e não verbal e a terceira é a das inadequações comportamentais apresentando
comportamentos e reações estranhas, sérios problemas na comunicação, na fala,
podem também produzir gritos inapropriados, tem apego a certos objetos e
demonstram ansiedade constantemente. Apresentando também ações repetitivas,
não gostam de compartilhar nada, tem dificuldades de brincar, de compreender a
“face”, ou seja, os autistas têm dificuldades de entender sentimentos e
características faciais.
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Uma característica bem peculiar desse transtorno é o fato da


individualidade, ou seja, problemas na socialização. Elas podem repetir frases
antigas gravadas em suas memórias, falas de um desenho animado ou ecoar frases
que um adulto acabou de falar.
O diagnóstico deve ser sempre clínico com um profissional graduado em
medicina e com vasta experiência nessa síndrome. Sendo realizado através de
observações do comportamento da criança e com entrevistas com os pais,
professores e cuidadores. Quanto mais cedo o diagnóstico, melhor será o
tratamento e a intervenção no autismo. Nos primeiros anos de vida, uma das
primeiras áreas do desenvolvimento a despertar preocupação nos cuidadores de
crianças com diagnóstico de Transtorno Espectro Autista (TEA) é a comunicação
social e interação (LORD et al., 1993).
A criança com autismo necessita de atendimentos com psiquiatra,
psicólogo, terapeuta ocupacional, fonoaudiólogo, nutricionista, psicopedagogo,
fisioterapeuta, neuropediatra e pediatra. Cada autista apresenta habilidades e
sintomas diferentes, ou seja, as manifestações podem corresponder de formas
diferentes em cada pessoa. Algumas crianças conseguem aprender a desenvolver
habilidades, porém outras podem apresentar dificuldades na aprendizagem.
Muitos pais se preocupam sobre a questão do tratamento, por isso é
imprescindível que o mesmo seja aplicado pelos profissionais que entendam sobre o
assunto, para que o tratamento tenha eficácia. Há um consenso entre os
profissionais que tratam de crianças que sofrem com essa patologia em considerar
que quanto mais precoce iniciamos o atendimento da criança, melhor a evolução do
caso.
Outras características do autismo são descritas por Grandin e Scariano
(1999):
O autismo é um distúrbio do desenvolvimento. Uma deficiência nos sistemas
que processam a informação sensorial recebida fazendo a criança reagir a
alguns estímulos de maneira excessiva, enquanto a outros reage debilmente.
Muitas vezes, a criança se “ausenta” do ambiente que a cerca e das pessoas
circunstantes a fim de bloquear os estímulos externos que lhe parecem
avassaladores. O autismo é uma anomalia da infância que isola a criança de
relações interpessoais. Ela deixa de explorar o mundo à sua volta,
permanecendo em vez disso em seu universo interior. (GRANDIN;
SCARIANO, 1999, p.18)

O tratamento envolve algumas intervenções, ou seja, alguns métodos


terapêuticos que são realizados para que a criança possa usufruir de um tratamento
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que ajude em algum distúrbio. Alguns desses tratamentos podem incluir até mesmo
a terapia da fala, podendo necessitar de atendimentos e tratamentos com o
neurologista, fonoaudiólogo e outros profissionais da saúde.

3 AUTISMO: FAMÍLIA E ESCOLA

O autismo é considerado um problema desafiador, que tem gerado em


muitas famílias conflitos e perguntas sem respostas. Diante destas dificuldades,
muitas famílias percebem o autismo como um problema sem solução aparente e
sofrem devido à falta de informações.
Quando a criança é diagnosticada com autismo, alguns pais acabam não
aceitando a confirmação do diagnóstico. Essa negligência acaba frustrando tanto o
autista como a própria família, pois o papel da família tem grande importância na
questão do apoio e da aceitação da criança com autismo. Quando a família se
dispõe a ajudar a criança com autismo se torna mais fácil lidar com o transtorno.
Alguns profissionais da saúde e da educação incentivam famílias de
autistas a terem contato umas com as outras relatando sobre o autismo. Essa troca
de informações se torna uma questão de “ajuda”, ou seja, uma família pode estar
ajudando outra, servindo como medidas de apoio que são consideradas
necessárias.
A convivência familiar com autista na maioria das vezes se transforma em
um “enfado”, mas é preciso que os pais compreendam o autismo e aprendam como
reger o problema no dia a dia. Uma das sugestões para famílias de autistas é aceitar
o diagnóstico da criança autista.
Cavalcante (1995, p. 12 – 13) diz:

É a família um dos aspectos mais importantes a ser considerado, em


primeiro lugar por ser a primeira vivência socioafetiva de qualquer criança,
onde ela tem a oportunidade de aprender através de experiências positivas
e negativas, e em segundo pelos fatores dominantes que influem em seu
desenvolvimento e formação como indivíduos.

Ser pais de crianças autistas não é algo fácil, pois requer muita paciência,
cuidados e também informações sobre este transtorno. Qualquer criança pode
nascer com autismo, porém quando isso acontece é necessário que a família
assuma toda a responsabilidade do tratamento da criança, pois os mesmos
requerem atendimentos tanto na saúde como na educação.
9

Cortez (2002, p.7) afirma que:

Não há tempo para se preparar; pai e mãe também terão que aprender a
ser pai e mãe de uma criança diferente. Diante dessa situação, aos
profissionais, tanto da área clínica, quanto da educacional, caberão
orientações para que os pais não percam a credibilidade em si mesmos e
no próprio filho.

A família não deve “olhar” para a criança autista como uma dificuldade ou
barreira, mas ter a visão de uma criança que pode vencer o autismo mesmo sem ter
cura definitiva do transtorno. Quando a família assume o papel definitivo de parceria
com os profissionais da saúde e da educação, a criança pode apresentar sinais de
grandes desenvolvimentos e capacidades intelectuais.
A escola necessita de um preparo educacional para receber alunos com
autismo, por isso é preciso que todo o corpo docente saiba trabalhar com esta
criança, ou seja, nessa perspectiva os profissionais da aprendizagem, conhecidos
como professores, pedagogos entre outros, devem conhecer a organização e a
estrutura da vida familiar do autista.
Outro aspecto relevante é a percepção sobre a função da escola, que
deve ser realizada por todos os profissionais de educação, já que estes têm
conhecimentos sobre as políticas de educação, aprendizagem e recursos
necessários para que esse processo de inclusão se efetive.
A criança com autismo reage quando sua rotina é alterada. Por isso o
ingresso na escola representa mudanças na rotina, e é muito comum que elas
reajam de forma recorrente. Mas não é devido a essa restrição que o autista não
deve usufruir de atividades pedagógicas diferenciadas.
Os professores e outros profissionais da equipe escolar devem observar
que os autistas podem recusar ou não compreender a solicitação para atender
ordens simples, entre outros. Porém algumas crianças com autismo podem
apresentar comportamentos mais complexos, como autoagressões ou atitudes
abruptas e por vezes agressivas com objetos e com outras pessoas.
Os profissionais da educação precisam ter cuidados com as palavras
utilizadas nos diálogos com os pais de autistas, a conversa com os pais deve ser
objetiva, clara e cuidadosa, pois muitos pais podem acabar não compreendendo e
recusando a resposta da escola sobre a criança autista. A escola deve oferecer
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atividades pedagógicas diferenciadas de forma que o autista não se sinta


confrontado ou desmotivado.
A escola, naquele momento, é uma experiência desconhecida e de difícil
apropriação de sentido e propósito pela criança. Por parte dos professores, a
vivência desses primeiros momentos pode ser paralisante, carregada de sentimento
de impotência, angústia e geradora de falsas convicções a respeito da
impossibilidade de que a escola e o saber/fazer dos professores possam contribuir
para o desenvolvimento daquela criança. Mediante as dificuldades iniciais, as
escolas recorrem a todo tipo de tentativa de acolhimento ao aluno. Essa é uma
atitude absolutamente compreensível, embora sejam importantes alguns cuidados
(BELIZÁRIO; CUNHA, 2010).
A criança autista deve ser compreendida e respeitada na escola, é
preciso ajudá-la a sair da dimensão do “isolamento”. Os sentimentos de solidão
acabam afastando o autista de sua vida social, já que esse é um dos problemas do
autista. Quando a escola não trabalha a convivência do autista ela deixa de
influenciar no desenvolvimento social do mesmo.

3 INCLUSÃO DO ALUNO COM AUTISMO NO PROCESSO DE ENSINO-


APRENDIZAGEM

Um dos grandes desafios da escola em relação ao autismo é a inclusão.


Na maioria das vezes as instituições escolares reclamam que incluir o aluno autista
no processo ensino aprendizagem não é algo fácil.
Para que o autista tenha êxito na aprendizagem, o professor do AEE e o
professor do ensino regular devem manter uma comunicação, através dessa
comunicação de ambas as partes os mesmos podem trabalhar de maneira eficaz as
dificuldades que o autista enfrenta.
Não existem métodos prontos para trabalhar com autistas, mas os
educadores devem planejar estes métodos, ou seja, atividades que sirvam como
intervenções psicopedagógicas que proporcionem aos autistas formas de aprender
para serem incluídos na sala de aula.
Os autistas devem ser vistos a partir de suas qualidades e não de sua
deficiência, respeitando seus direitos de pensar. A instituição escolar deve funcionar
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como um meio motivador ao indivíduo, levando-o a conquistar novos objetivos e


ideias, abrindo espaços para desenvolver-se psicologicamente, emocionalmente e
socialmente em todas as áreas da vida. Lembrando que o autista deve ser inserido
tanto na questão de ensino aprendizagem como também deve ter acesso a
materiais pedagógicos e acessibilidade de equipamentos caso tenha esta
necessidade.
Nessa perspectiva, Perez (2003, p. 77) afirma que:

em função das necessidades que apresentam nossos alunos, se realizarão


as ações educativas necessárias, que podem ir desde o mínimo ajuste das
estratégias educativas (dar-se mais tempo, explicar de outra forma, ajudar
na execução, etc.) até as adaptações mais significativas que podem afetar
os objetivos e conteúdos.

Uma pessoa com autismo sente, olha e percebe o mundo de maneira


muito diferente da nossa. Pais, professores, profissionais e a sociedade como um
todo precisam mergulhar em seu universo particular e perceber o mundo da mesma
forma que ela o vê. Imbuídos desse espírito, os resultados dessa empreitada são
surpreendentes e transformadores.
Conhecer a fundo uma pessoa com autismo pode trazer um aprendizado
especial para nossas vidas. Assim como um diamante precisa ser lapidado para
brilhar, uma pessoa com autismo merece e deve ser acolhida, cuidada e estimulada
a se desenvolver. Para isso, são necessárias ações motivadoras, de tal forma que
ela sinta vontade de participar de atividades e que sejamos as pessoas com as
quais ela realmente tenha prazer em estar e ficar. Essas são as primeiras etapas
para que ela seja resgatada do seu mundo singular e estabeleça vínculos com as
pessoas ao seu redor.
O professor deve sempre se certificar de ter a atenção desse aluno, para
Orrú (2012), as pessoas autistas são ainda pouco compreendidas pela sociedade,
devido à falta de conhecimento sobre esta condição. Segundo a autora, o
desconhecimento e a falta de informação sobre o autismo produz certa
incompreensão, fazendo com que as pessoas reproduzam conceitos deturpados
sobre o assunto.
Cunha (2016, p. 62) também analisa a ação mediadora na educação de
autistas e destaca: “A mediação é o processo de intervenção na relação do aluno
com o conhecimento. É toda intervenção pedagógica que possibilita esta interação”.
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O autor conceitua a mediação como um movimento pedagógico que requer


planejamento e organização. Sobre a ação mediadora declara: “A ação do mediador
não é facilitar, porque mediar processos de aprendizagem é, sem sombra de
dúvidas, provocar desafios, motivar quem aprende” (CUNHA, 2016, p. 62). Percebe-
se, desta forma, a importância da mediação escolar na educação de alunos com
TEA e que a ação mediadora, devidamente organizada e planejada, pode ser
fundamental para a aprendizagem.
Orrú (2012) ressalta que uma das características mais marcantes no
desenvolvimento da maioria das crianças com TEA, percebidas na escola, são os
déficits de comunicação e linguagem, ausência da linguagem verbal ou o seu
desenvolvimento tardio.
De acordo com Cruz (2014), a exclusão social do autista emerge das
concepções preconceituosas a respeito do autismo. A autora também afirma que há
uma posição por parte da sociedade seguindo as próprias limitações da pessoa com
autismo, quer seja nas relações e interações que determinam sua privação das
relações sociais. Pessoas autistas ainda são pouco compreendidas perante a
sociedade. Nessa perspectiva todo autista tem direito de ser acolhido por sua família
que deve ser fortalecida, instruída e instrumentalizada para defender os direitos
humanos das pessoas com autismo, possibilitando seu processo inclusivo escolar e
social.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

De acordo com estudos e pesquisas bibliográficas realizadas para a


finalização deste trabalho, pode se dizer que o autismo mesmo sendo considerado
um transtorno sem cura, é possível sim que os autistas desenvolvam grandes
capacidades intelectuais desde que tenham tratamentos adequados tanto na família,
escola quanto na questão de acompanhamentos médicos.
O autismo é considerado um grande problema tanto na vida da criança
que sofre desse transtorno, quanto na vida daqueles que a rodeiam, professores
relatam que a falta de informações sobre este assunto complica ainda mais o
tratamento e a intervenção psicopedagógica.
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É necessário que haja uma parceria entre família e escola para que sejam
definidas metas e objetivos para a realização da intervenção e inclusão do autista na
escola. Profissionais da área da saúde afirmam que na maioria das vezes as
famílias, no caso os pais, não estão preparados psicologicamente para receber um
diagnóstico de uma criança com autismo.
Os profissionais da educação também devem consultar e pesquisar
literaturas com relação às intervenções e tratamentos do autismo, manipular
ambientes escolares com materiais pedagógicos que levam ao despertamento
comportamental e social entre crianças que sofrem desse transtorno, para uma
melhor eficiência no aprendizado e na questão do convívio social. O tratamento
bem-sucedido do autismo exige a coordenação de serviços entre pais, professores e
outros profissionais da escola e médicos.
Finalmente o reconhecimento de que intervenções para crianças com
autismo podem e devem ser mediadas pelos profissionais tanto da saúde como da
educação é outra importante questão na elaboração de intervenções, pois através
destas intervenções o autista poderá apresentar resultados positivos. Mesmo que a
criança com autismo não apresente resultados eficazes, os profissionais da saúde e
da educação devem continuar aplicando métodos e intervenções psicopedagógicas.
A escola precisa estar em permanente interlocução com a família, pois
além de todos os benefícios dessa interlocução, isso poderá contribuir para que,
juntos, a família e os profissionais da escola possam compreender mais rapidamente
os motivos para eventuais retomadas para a criança autista.
Portanto é possível realizar várias mudanças interventivas e tratamentos
com eficácia, desde que sejam aplicados métodos apropriados para as crianças com
autismo sem confrontá-las, já que as crianças com autismo não gostam de
mudanças em sua rotina.

REFERÊNCIAS

AUTISMO: Orientação para os pais / Casa do Autista – Brasília:


Ministério da Saúde, 2000.
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BOSA, CLEONICE. Autismo e Educação: Reflexões e Propostas de Intervenção.


1ª Ed. São Paulo: Ed: Artmed, 2002.

CUNHA, EUGENIO. O desenvolvimento do autismo. 2ª Ed. São Paulo: Ed: Wak,


2015.

CRUZ, TALITA. Autismo e Inclusão: Experiências no Ensino Regular/ Talita Cruz.


Jundiaí, Paco Editorial: 2014.

FERNANDES, ALEXANDRA. Autismo. 1ª Ed. Brasil: Ed: Votuporanga, 2016.

GAUDERER, E. Christian. Autismo. [S.I]: Atheneu, 1993.

GRANDIN, Temple; SCARIANO, Margaret M. Uma menina estranha: autobiografia


de uma autista. São Paulo: Cia. das Letras, 1999.

MELLO, ANA MARIA S. Guia pratico de Autismo. 4ª Ed. São Paulo:


Ed: Corde, 2004.

SZABO, CLEUSA BARBOSA. Autismo um mundo estranho. 4ª Ed. São Paulo: Ed:
Edicon, 2014.

TEIXEIRA, GUSTAVO. Manual do autismo. 1ª Ed. Rio de Janeiro: Ed: Abreu


System, 2016.

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