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1. INTRODUÇÃO
A inclusão escolar de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA)
representa um desafio complexo e multifacetado, exigindo não apenas um entendimento
aprofundado do autismo, mas também a implementação de estratégias eficazes para
garantir a participação plena desses alunos no ambiente educacional. Este artigo visa
explorar e analisar a temática da inclusão escolar de crianças com autismo, destacando os
avanços, desafios e estratégias eficazes que moldam esse cenário educacional.
Inicialmente, delimitamos o assunto ao apresentar uma abordagem qualitativa,
concentrando nossa investigação em trabalhos acadêmicos, teses, revistas, pesquisas e
artigos que aprofundam a compreensão da inclusão escolar de crianças com autismo. A
revisão bibliográfica adotada como metodologia baseia-se em critérios rigorosos,
considerando parâmetros como a data de publicação, abrangendo o período de 2010 a
2022. Ao compreender os Transtornos do Espectro Autista (TEA), exploramos as origens
históricas do termo "autismo", desde as contribuições pioneiras de Plouller e Bleuler até
os estudos fundamentais de Kanner e Asperger. Essa contextualização histórica destaca a
diversidade no espectro autista e a importância de reconhecer as contribuições de
diferentes perspectivas para um diagnóstico mais abrangente.
Os princípios da educação inclusiva surgem como fundamentais para entendermos
como as escolas devem se adaptar para atender às diversas necessidades dos alunos,
promovendo um ambiente educacional que favoreça a qualidade do ensino para todos.
Nesse contexto, destacamos a legislação brasileira que respalda a Educação Especial,
reforçando o direito à educação para todos, incluindo crianças com deficiência. Contudo,
a inclusão escolar enfrenta desafios significativos, e é crucial explorar essas barreiras para
desenvolver estratégias eficazes. Analisamos a integração sensorial no autismo como um
desses desafios, ressaltando a importância da compreensão e adaptação do ambiente
escolar para atender às necessidades específicas das crianças com TEA.
Apesar dos desafios, destacamos avanços notáveis na inclusão escolar,
especialmente com a implementação de salas de recursos multifuncionais e o uso
estratégico da tecnologia assistida. Essas inovações proporcionam um ambiente mais
acessível e adaptado, facilitando o protagonismo do aluno com TEA em seu processo de
aprendizagem.
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Dessa forma, este artigo visa não apenas abordar a inclusão escolar de crianças
com autismo, mas também contribuir para o desenvolvimento de práticas educacionais
mais inclusivas e eficazes. Ao explorar as origens históricas, princípios, desafios e
avanços, buscamos oferecer uma visão abrangente que estimule a reflexão e o
aprimoramento contínuo das práticas inclusivas no ambiente educacional.
2. METODOLOGIA
O presente artigo adotou uma abordagem qualitativa, focalizando a investigação
em trabalhos acadêmicos, teses, revistas, pesquisas e artigos para aprofundar a
compreensão da inclusão escolar de crianças com Autismo. A metodologia empregada
baseou-se em uma revisão bibliográfica, na qual foram estabelecidos critérios rigorosos
para a seleção das obras. Durante esse processo, parâmetros essenciais, como a data de
publicação, foram considerados, abrangendo o período de 2010 a 2022.
Para a busca ativa de fontes relevantes, foram empregadas palavras-chave
específicas, como "inclusão escolar", "autismo" e "educação especial". As pesquisas
foram conduzidas em bases de dados reconhecidas, incluindo PubMed, Google
Acadêmico, SciELO, entre outras. Essa abordagem metodológica visou a obtenção de
uma gama abrangente de informações relacionadas ao tema.
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
3.1 A inclusão escolar
Atualmente, no Brasil, esta adotando abordagens mais inclusivas e atenciosas para a
educação de crianças com necessidades especiais. Antes acreditava-se que a educação
especial, em paralelo à educação comum, era a melhor maneira de atender alunos com
deficiência ou que não se adequavam aos sistemas convencionais de ensino (BRASIL,
2010).
A inclusão escolar desempenha um papel significativo de crianças com aspectro autista,
promovendo um ambiente educacional que valoriza a diversidade e atende às
necessidades individuais. Em um contexto inclusivo, Crianças no espectro autista, ao
participarem de ambientes inclusivos, têm a oportunidade de desenvolver suas
habilidades sociais, cognitivas e emocionais de maneira integrada. De acordo com Paulo
Freire (1999, p.25), o ato de ensinar não se resume à transmissão de conhecimento, mas
envolve a criação de condições para a produção e construção desse conhecimento. Nessa
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pessoais com o mundo externo, excluindo tudo o que parecia ser o "eu" da pessoa
(SALLE et al., 2005, p. 11).
Em 1943, os estudos de Leo Kanner redefiniram o autismo como uma condição
específica, distinta de outras psicoses graves da infância. Em seu artigo intitulado
Distúrbios Autísticos do Contato Afetivo Kanner observou onze crianças com
comportamentos distintos, como a incapacidade de se relacionar com outras pessoas,
distúrbios severos de linguagem e insistência obsessiva na invariância (ROSENBERG,
2011). Para Kanner existe três grupos de sintomas para a síndrome que são inabilidade
social; problemas de linguagem e comunicação; e necessidade de repetição. Em sua obra
pioneira de 1943, "Autismo Infantil Precoce", Kanner delineou pela primeira vez
características comportamentais distintivas, descrevendo dificuldades na comunicação,
padrões repetitivos de comportamento e interação social peculiar em crianças.
Paralelamente aos estudos de Kanner,o pediatra autriáco Hans Asperger, em seu
país, descreveu um grupo de crianças com dificuldades no desenvolvimento, sem
características associadas ao retardo mental, chamando-as de "psicopatia autística".
Embora Asperger tenha observado uma possibilidade de prognóstico melhor em
comparação com as crianças de Kanner, elas compartilhavam incapacidades no
desenvolvimento e um profundo déficit de relacionamento interpessoal (RAPIN;
TUCHMAN, 2009). Na época da descrição de Kanner, a etiologia do autismo foi
relacionada aos cuidados parentais, sugerindo que a criança nascia biologicamente
normal, tornando-se autista devido a inadequações ambientais, especialmente por parte
da mãe. Essa perspectiva persistiu por anos, sendo apenas na década de 60 que estudos
começaram a sustentar uma causa biológica para essa condição (SCHWARTZMAN, 2011a).
Diferentemente da abordagem de Kanner, Asperger também observou que
algumas dessas crianças tinham habilidades intelectuais, dentro dessas habilidades incluía
uma memória excepcional, habilidades matemáticas avançadas entre outros. Sua
observação resultou na síndrome posteriormente nomeada em sua homenagem,
Síndrome de Asperger.
As contribuições de Kanner e Asperger formaram as bases para a conceituação
inicial do autismo, introduzindo a diversidade no espectro. A distinção entre autismo
clássico e Síndrome de Asperger, inicialmente delineada por Asperger, trouxe uma
compreensão mais abrangente da variabilidade dentro do TEA. Portanto o diagnóstico do
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autismo requer não apenas analisar as características clínicas de Kanner, mas também
reconhecer as contribuições de Asperger, enfatizando a heterogeneidade do espectro
autista. Essas perspectivas pioneiras continuam a influenciar diagnósticos, pesquisa e
terapias no campo do autismo, sublinhando a importância de uma visão integrada.
3.2 Princípios da educação inclusiva
Os princípios fundamentais da Educação Inclusiva abrangem uma abordagem
integrada de ensino, onde todas as crianças, independentemente de suas diferenças e
desafios individuais, participam ativamente. Essa filosofia ressalta a importância de as
escolas reconhecerem e atenderem às diversas necessidades dos alunos, criando um
ambiente educacional que promova a qualidade do ensino para todos. Isso implica a
implementação de práticas de ensino adequadas e medidas organizacionais que
fomentem a inclusão, além do uso estratégico de recursos e parcerias para enriquecer a
experiência educacional. Esses princípios também destacam a necessidade de fornecer
assistência adicional às crianças com necessidades especiais, garantindo que recebam o
suporte necessário para alcançar o sucesso em seu processo de aprendizagem. Na busca
por uma educação verdadeiramente inclusiva, destacam-se cinco princípios fundamentais
que são:
O primeiro pilar é o Ensino Conjunto, assegurando que todos os alunos participem
coletivamente, independente das diferenças individuais. Em paralelo, o segundo princípio
destaca o Atendimento às Necessidades, reconhecendo e integrando as diversas
demandas dos estudantes como elementos essenciais do processo educacional. A
consecução de uma Educação de Qualidade para Todos representa o terceiro princípio,
envolvendo práticas de ensino adaptadas e a criação de ambientes inclusivos capazes de
atender aos variados estilos de aprendizagem. No quarto princípio, a ênfase recai sobre
Recursos e Parcerias, sublinhando a importância do uso de recursos adequados,
estratégias educacionais bem delineadas e colaborações eficazes para enriquecer o
ambiente educacional. Finalmente, o quinto princípio ressalta a importância da
Assistência Adicional, garantindo suporte extra para crianças com necessidades especiais,
assegurando que todas tenham as condições necessárias para prosperar em seu processo
de aprendizagem.
Através desses princípios, a educação inclusiva para crianças com autismo
proporciona benefícios substanciais. Para as crianças, isso resulta em um
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necessário adotar uma atitude de valorização que permita a diversidade. Portanto, é que
as escolas examinem suas práticas de exclusão e estejam dispostas a fazer novas
configurações para enfrentar os desafios da inclusão. Strieder e Zimmermann (2000, p.
145) afirmam que:
Uma instituição educacional inclusiva vai além da simples admissão de alunos com
deficiência; ela demanda adaptações para abraçar a diversidade e atender às
necessidades individuais desses estudantes. Essas transformações devem abranger tanto
o ambiente físico quanto as atitudes. A afirmação de que o ensino deve ocorrer
prioritariamente na rede regular não implica o encerramento das escolas especiais. Pelo
contrário, essas instituições desempenham um papel complementar e de apoio na
formação dos alunos dentro do sistema regular de ensino.
A neuropsicopedagoga e professora especializada em educação inclusiva, Cleuci
Mara Barbosa Martins, explica que os obstáculos enfrentados pelos alunos autistas
podem ser evitados com as intervenções certas. Ela afirma que “O ambiente escolar não
deve ser preparado apenas com tutor ou auxiliar de inclusão, o aluno com TEA precisa
que todos estejam preparados, desde aquele que recebe o autista no portão e o
encaminha para a sala até quem prepara o alimento”. Para Cleuci, a dificuldade mais
grave que um aluno autista enfrenta nas escolas regulares sem o devido preparo, é a
integração sensorial, já que as formas como eles veem o mundo e processam as
informações sensoriais dentro de cada ambiente, é diferente das outras pessoas.
A integração sensorial no autismo refere-se à capacidade do sistema nervoso de
processar informações sensoriais de maneira eficaz. Portanto crianças com Transtorno do
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aluno, envolvê-lo com tecnologias que possibilitem inclusão e atividades lúdicas que
integrem essas ferramentas digitais.
Portanto, a escola desempenha um papel fundamental na investigação
diagnóstica do autismo, proporcionando um ambiente onde a criança pode enfrentar
desafios na adaptação às regras sociais. A Educação Especial, por sua vez, deve ser
integrada à educação geral, com adaptações para atender as necessidades específicas
dos alunos. Além disso, o uso da tecnologia, aliado a atividades lúdicas e à mediação do
professor de apoio, pode facilitar a inclusão do aluno com TEA, permitindo que eles se
tornem protagonistas do próprio aprendizado e se adaptem melhor às suas necessidades.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao concluir esta análise sobre a inclusão escolar de crianças com Transtorno do
Espectro Autista (TEA), é essencial destacar a complexidade e a relevância do assunto. Os
múltiplos aspectos discutidos neste artigo sublinham a urgência de práticas inclusivas
efetivas, que transcendem a simples adaptação física do ambiente escolar.
A compreensão da trajetória histórica do autismo, desde suas primeiras descrições
até a atual definição do espectro, é fundamental para uma abordagem inclusiva que
considere cada indivíduo em sua singularidade. Os princípios da educação inclusiva,
amparados pela legislação brasileira, reforçam a necessidade de reconhecer e atender às
demandas específicas de cada estudante.
Os obstáculos encontrados, como a integração sensorial, requerem mais do que
adaptações estruturais, demandando sensibilidade e preparação de toda a comunidade
escolar. Contudo, os progressos alcançados, particularmente com a implementação de
salas de recursos e o uso de tecnologia assistiva, demonstram que estratégias eficazes
podem ser transformadoras.
Diante disso, é imprescindível enfatizar a necessidade constante de
aperfeiçoamento das práticas pedagógicas. É recomendável investir em formação
continuada para professores, fomentar a conscientização sobre o TEA e fortalecer a
colaboração entre escola, família e profissionais de apoio.
Estas considerações finais visam não apenas concluir o artigo, mas também incitar
ações práticas em favor de uma inclusão escolar mais eficiente e empática. Que este
estudo possa contribuir para a criação de ambientes educacionais verdadeiramente
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REFERÊNCIAS
AGUILAR, C. P. C., & RAULI, P. F. (2020). Desafios da inclusão: a invisibilidade das pessoas
Com Transtorno do Espectro Autista no ensino superior. Revista Educação Especial, 33,
43-1.
Cavalcanti, R. S., & Carvalho, L. A. (2021). Ferramentas educacionais digitais para crianças
autistas. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Minas Gerais, Brasil.
Sassaki, R. K. (2007). Inclusão: Construindo uma sociedade para todos. Rio de Janeiro:
WVA.
Strieder, F., & Zimmermann, M. L. (2000). Educação inclusiva: Um guia para educadores.
Porto Alegre: Mediação.
SANTOS, Santa Marli Pires (Org). *O lúdico na formação do educador*. Petrópolis, RJ:
Vozes, 1997.