Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
RESUMO
1. Introdução
1
2. Metodologia
3. Revisão bibliográfica
3.1 O autismo e a educação inclusiva
3.1.1 Transtornos do Espectro Autista (TEA)
A TEA é uma condição neuropsiquiátrica cuja característica dominante é a falta de
interação e comunicação social, além de comportamentos repetitivos e restritos. O termo
‘’espectro’’ significa a diversidade de sintomas observados em indivíduos por essa
condição. O espectro abrange uma ampla gama de desafios e habilidades reconhecendo
que o autismo se manifesta de maneiras diferentes em cada indivíduo.
A expressão "autismo" foi inicialmente introduzida na literatura psiquiátrica por Plouller
em 1906. Entretanto, em 1911, Bleuler utilizou esse termo para descrever os sintomas
negativos e a alienação social em pessoas diagnosticadas com esquizofrenia (RAPIN;
TUCHMAN, 2009; SALLE et al., 2005). Na época, Bleuler referiu-se ao autismo como o
"transtorno básico da esquizofrenia", caracterizado pela limitação nas relações pessoais
2
com o mundo externo, excluindo tudo o que parecia ser o "eu" da pessoa (SALLE et al.,
2005, p. 11).
Em 1943, os estudos de Leo Kanner redefiniram o autismo como uma condição específica,
distinta de outras psicoses graves da infância. Em seu artigo intitulado Distúrbios
Autísticos do Contato Afetivo Kanner observou onze crianças com comportamentos
distintos, como a incapacidade de se relacionar com outras pessoas, distúrbios severos de
linguagem e insistência obsessiva na invariância (ROSENBERG, 2011). Para Kanner existe
três grupos de sintomas para a síndrome que são inabilidade social; problemas de
linguagem e comunicação; e necessidade de repetição. Em sua obra pioneira de 1943,
"Autismo Infantil Precoce", Kanner delineou pela primeira vez características
comportamentais distintivas, descrevendo dificuldades na comunicação, padrões
repetitivos de comportamento e interação social peculiar em crianças.
Paralelamente aos estudos de Kanner,o pediatra autriáco Hans Asperger, em seu país,
descreveu um grupo de crianças com dificuldades no desenvolvimento, sem
características associadas ao retardo mental, chamando-as de "psicopatia autística".
Embora Asperger tenha observado uma possibilidade de prognóstico melhor em
comparação com as crianças de Kanner, elas compartilhavam incapacidades no
desenvolvimento e um profundo déficit de relacionamento interpessoal (RAPIN;
TUCHMAN, 2009). Na época da descrição de Kanner, a etiologia do autismo foi
relacionada aos cuidados parentais, sugerindo que a criança nascia biologicamente
normal, tornando-se autista devido a inadequações ambientais, especialmente por parte
da mãe. Essa perspectiva persistiu por anos, sendo apenas na década de 60 que estudos
começaram a sustentar uma causa biológica para essa condição (SCHWARTZMAN, 2011a).
Diferentemente da abordagem de Kanner, Asperger também observou que algumas
dessas crianças tinham habilidades intelectuais, dentro dessas habilidades incluía uma
memória excepcional, habilidades matemáticas avançadas entre outros. Sua observação
resultou na síndrome posteriormente nomeada em sua homenagem, Síndrome de
Asperger.
As contribuições de Kanner e Asperger formaram as bases para a conceituação inicial do
autismo, introduzindo a diversidade no espectro. A distinção entre autismo clássico e
Síndrome de Asperger, inicialmente delineada por Asperger, trouxe uma compreensão
3
mais abrangente da variabilidade dentro do TEA. Portanto o diagnóstico do autismo
requer não apenas analisar as características clínicas de Kanner, mas também reconhecer
as contribuições de Asperger, enfatizando a heterogeneidade do espectro autista. Essas
perspectivas pioneiras continuam a influenciar diagnósticos, pesquisa e terapias no
campo do autismo, sublinhando a importância de uma visão integrada.
4
Na sociedade moderna, ouvimos frequentemente falar sobre inclusão. Afinal, qual é o
sentido da inclusão? Segundo o Dicionário Aurélio (2010), conter significa conter algo em
algum lugar. Consiste em um processo de inserção. Como tal, o termo inserção significa
inclusão. Por outras palavras, neste contexto pode-se dizer que significa incluir pessoas
em lugares. Dessa forma, podemos pensar na escola como o local onde aprendemos
formalmente a ler e a escrever. Na visão de de Mittler (2000, p. 25):
(...) no campo da educação, a inclusão inclui um processo de
reforma e reestruturação de escolas inteiras, com o objetivo
de garantir que todos os alunos possam aceder a toda a
gama de oportunidades de serviços educativos e sociais
oferecidos pela escola.
O significado da inclusão no contexto das crianças vai além de uma simples definição; é
um convite para compreender profundamente como esse conceito molda as experiências
e oportunidades das crianças. Refletindo as palavras de Thomas Hehir, especialista em
educação inclusiva, “A inclusão não se limita a um programa para pessoas com
deficiência; é um programa destinado a todos os alunos. Essa abordagem destaca a
abrangência da inclusão, incentivando-nos a explorar não apenas sua definição, mas
também como se manifesta em práticas que têm impacto direto no desenvolvimento e
no contexto educacional das crianças.
A exploração do desenvolvimento social em crianças com necessidade especiais de
aprendizagem ressalta a importância crítica da inclusão em ambientes educacionais.
Estudos recentes têm focado em como a participação em ambientes inclusivos não
apenas remove barreiras educacionais, mas também desempenha um papel crucial no
aprimoramento de habilidades sociais e emocionais, influenciando positivamente o bem
estar emocional dessas crianças. É necessário reconhecer que cada criança é única em
sua forma de conhecer o mundo, independentemente de apresentar ou não limitações.
Portanto, em vez de aplicar uma abordagem única para todos, é importante ajustar a
interação e o ensino de acordo com as características especificas de cada criança.
As escolas devem se concentrar no desenvolvimento de práticas de ensino sem
julgamentos que os ajudem a construir novos conhecimentos e novas práticas; é
necessário adotar uma atitude de valorização que permita a diversidade. Portanto, é que
5
as escolas examinem suas práticas de exclusão e estejam dispostas a fazer novas
configurações para enfrentar os desafios da inclusão. Strieder e Zimmermann (2000, p.
145) afirmam que:
A Inclusão significa aspiração e mudanças profundas na
filosofia e na prática educacional. Criar mudanças com
diferentes expectativas baseadas no princípio da participação
coletiva.
6
- Ensino conjunto:
Todas as crianças devem ter um ensino conjunto, independente dos desafios e diferenças
que existir entre elas;
- Atendimento as necessidades
As escolas devem ter conhecimento, e levar em consideração as diferentes necessidades
de seus alunos;
- Educação de qualidade para todos
Proporcionar uma educação de qualidade para todos, por meio de práticas de ensino
adequado, com a utilização de medidas organizacionais, para criar um ambiente inclusivo.
Desenvolvido por estratégias de ensino que atendam a diversos estilos de aprendizagem;
- Recursos e parcerias
A importância do uso de medidas, desenvolvimento de uma estratégia de ensino, uso de
recursos e parcerias para enriquecer o ambiente educacional;
- Assistência adicional:
As crianças com necessidades especiais devem receber a assistência adicional para que
possam garantir o sucesso ao processo da aprendizagem;
Através desses princípios, a educação inclusiva para crianças com autismo oferece
benefícios significativos. Para crianças isso pode levar a um desenvolvimento mais
completo de habilidades sociais, emocionais e acadêmicas. Além de ter, uma melhor
interação com os colegas da turma. As famílias, implica em parceria com a escola, os pais,
educadores e profissionais de apoio. Isso pode gerar um ambiente mais forte e
estratégico para o progresso da criança. Especialmente aquelas com crianças que
possuem necessidades educacionais especiais. Nestes casos, os pais podem receber
apoio valioso de outros responsáveis, ganhando uma compreensão mais aprofundada do
desenvolvimento típico e atípico de seus filhos. Além disso, são encorajados a participar
ativamente do processo educacional, promovendo uma colaboração mais estreita entre a
escola e o ambiente familiar.
Os educadores das turmas inclusivas desenvolvem uma compreensão mais abrangente
das diferenças e características individuais das crianças. Essa compreensão aprimorada
facilita uma cooperação mais eficaz com os pais e outros profissionais, como
7
fisioterapeutas, terapeutas de reabilitação, fonoaudiólogos, assistentes sociais, entre
outros (BORZOVA, 2020; TIMOSHENKO; SHUMILOVA, 2020).
9
desenvolver, manter e compreender relacionamentos,
que variam desde dificuldades em ajustar
comportamentos para diferentes contextos sociais
até problemas em compartilhar brincadeiras
imaginativas, fazer amigos e falta de interesse por
pares (DSM-5, 2014, p. 94).
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) pode estar associado a outros distúrbios, tais
como depressão, epilepsia e hiperatividade. Apresentando-se em uma ampla gama de
graus, desde manifestações mais severas, em que a pessoa não demonstra fala, contato
visual ou interesse interpessoal, até formas mais leve conhecido como alto
funcionamento, onde os indivíduos têm capacidade para falar, acompanhar estudos
regulares, desenvolver-se profissionalmente e estabelecer vínculos interpessoais.
O material produzido pelo Ministério da Saúde, que abrange as orientações para a
atenção à reabilitação de pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), destaca
que:
O tratamento deve ser implementado de maneira acolhedora
e humanizada, levando em consideração o estado emocional
da pessoa com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e seus
familiares. O foco deve ser direcionado ao desenvolvimento
de habilidades funcionais, à mitigação de limitações e à
prevenção ou retardamento de possíveis deteriorações nas
capacidades funcionais. Isso deve ser alcançado por meio de
processos de habilitação e reabilitação, com ênfase no
acompanhamento médico e de outros profissionais de saúde.
Esses profissionais devem abordar as dimensões
comportamentais, emocionais, cognitivas e linguísticas (oral,
escrita e não verbal), fundamentais para a integração social
das pessoas com TEA na sociedade (Brasil, 2012, p. 57).
10
De acordo com Santos (2008) a escola desempenha um papel importante na
investigação diagnóstica do autismo, pois é um ambiente onde a criança pode enfrentar
desafios na adaptação às regras sociais.
É importante ressaltar que, como os autores afirmam neste estudo, a falta de
profissionais capacitados para trabalhar com portadores de TEA, é um dos grandes
desafios da rede regular do ensino. Portanto, profissionais, educadores, a escola em geral
tem sua grande importância no desenvolvimento da criança autista no ambiente escolar.
É de suma importância o papel desses profissionais para oferecer suporte personalizado,
implementar estratégias adaptativas e promover um ambiente inclusivo que atenda às
necessidades específicas desses alunos.
Para superar essas barreiras, é essencial implementar estratégias inclusivas. Isso envolve
não apenas a adaptação de ambientes físicos, mas também a promoção da aceitação e
compreensão por meio de programas de conscientização. A educação para a inclusão e a
sensibilização sobre o TEA são passos cruciais para criar um ambiente mais acolhedor e
facilitar a participação plena dessas crianças.
11
O Atendimento Educacional Especializado (AEE) constitui um serviço da educação
especial que tem como propósito identificar, desenvolver e organizar recursos
pedagógicos e de acessibilidade. Esses recursos são designados para superar obstáculos
e garantir a plena participação dos alunos, levando em consideração suas necessidades
específicas (SEESP/MEC, 2008).
Esses recursos estão equipados com mobiliário, materiais didáticos e pedagógicos, além
de recursos de acessibilidade e equipamentos específicos. Destinadas ao atendimento
dos alunos que são público-alvo da Educação Especial e que necessitam de suporte
especializado no período escolar, essas salas desempenham um papel crucial no avanço
da inclusão e na oferta de um ambiente mais acessível e adaptado às necessidades
individuais dos estudantes.
Muitas escolas adotaram, praticas inclusivas, com suporte especializado, adaptações
treinamentos para educadores. A tecnologia desempenhou um papel crucial
proporcionando ferramentas e recursos que pode contribuir com o processo de
aprendizagem e autonomia, proporcionando uma efetiva inclusão do aluno com
deficiência.
Ortega (2019) afirma que "o uso da tecnologia permite que estudantes com limitações
físicas, mentais ou diferentes estilos de aprendizagem se tornem protagonistas do seu
próprio aprendizado, adaptando-o às suas necessidades’’.
A tecnologia é uma ferramenta inovadora que oferece melhorias na comunicação,
habilidades sociais e aprendizado da criança autista, como aplicativos e dispositivos
específicos para o autismo, tablets e software interativos, podem ser uma ferramenta
inovadora que oferece melhorias na comunicação, habilidades sociais e aprendizado da
criança autista.
Em destaque, Reily (2004) afirma que essas tecnologias podem ser utilizadas no contexto
escolar, especificamente na sala de aula, de forma pedagógica, sendo que essas não são
apenas ferramentas, mas sim, prováveis recursos que podem auxiliar no atendimento do
aluno com necessidades específicas.
Num contexto similar, diversas tecnologias instrucionais são empregadas na sala de aula,
oferecendo benefícios específicos para alunos com autismo. Entre essas tecnologias,
destaca-se a modelagem de vídeo, que facilita o reconhecimento de expressões faciais.
12
Nessa abordagem, os alunos imitam comportamentos de forma lúdica, proporcionando
uma maneira envolvente de expressar emoções (RODRIGUES; ALMEIDA, 2017).
A inclusão do aluno com TEA pode ser facilitada pela combinação da tecnologia com
atividades lúdicas. Almeida (1994), ao afirmar que toda essa possibilidade só ocorre a
partir da interação e mediação do professor de apoio, a fim de motivar e estimular o
aluno, envolvê-lo com tecnologias que possibilitem inclusão e atividades lúdicas que
integrem essas ferramentas digitais.
Portanto, a escola desempenha um papel fundamental na investigação diagnóstica do
autismo, proporcionando um ambiente onde a criança pode enfrentar desafios na
adaptação às regras sociais. A Educação Especial, por sua vez, deve ser integrada à
educação geral, com adaptações para atender as necessidades específicas dos alunos.
Além disso, o uso da tecnologia, aliado a atividades lúdicas e à mediação do professor de
apoio, pode facilitar a inclusão do aluno com TEA, permitindo que eles se tornem
protagonistas do próprio aprendizado e se adaptem melhor às suas necessidades.
4. Considerações finais
13
Referências
Sassaki, R. K. (2007). Inclusão: Construindo uma sociedade para todos. Rio de Janeiro:
WVA.
Strieder, F., & Zimmermann, M. L. (2000). Educação inclusiva: Um guia para educadores.
Porto Alegre: Mediação.
14
dezembro de 1996. Diário Oficial da União, Brasília, 23 dez. 1996.
AGUILAR, C. P. C., & RAULI, P. F. (2020). Desafios da inclusão: a invisibilidade das pessoas
Com Transtorno do Espectro Autista no ensino superior. Revista Educação Especial, 33,
43-1.
PERIÓDICO UEPG. Alunos autistas enfrentam dificuldades de inclusão. Disponível em:
<https://periodico.sites.uepg.br/index.php/educacao/2746-alunos-autistas-enfrentam-
dificuldades-deinclusao>. Acesso em: 22 nov. 2023.
15
SARTORETTO, M. L.; BERSCH, R. Atendimento Educacional Especializado (AEE).
Disponível em: <https://www.assistiva.com.br/aee.html>. Acesso em: 22 nov. 2023.
Cavalcanti, R. S., & Carvalho, L. A. (2021). Ferramentas educacionais digitais para crianças
autistas. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Minas Gerais, Brasil.
16