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Atividades Pedagógicas Inclusivas

Um Guia de Adaptação Pedagógica para Crianças com Autismo"

1
SUMÁRIO
BOAS VINDAS ....................................................................... 4
AVISO DE DIREITOS AUTORAIS ............................................. 5
INTRODUÇÃO........................................................................ 6
Entendendo a adaptação na prática .................................... 8
CAPÍTULO 1: Conheça os Desafios da Comunicação Social
em Autistas ......................................................................... 11
Conheça os desafios da comunicação social em autistas ......... 12
Associação de frases com desejos, coisas e objetos ................. 13
Sons e frases-chave ................................................................ 13
Soletramento.......................................................................... 14
Contato visual ........................................................................ 14
A gramática ........................................................................... 14
CAPÍTULO 2: Use Suportes Visuais ..................................... 16
Suportes Visuais ..................................................................... 17
O que são suportes visuais? ................................................... 17
Benefícios dos suportes visuais para crianças com autismo ...... 18
CAPÍTULO 3: Atividades com Desenhos .............................. 20
Insira atividades de desenhos ................................................. 21
Benefícios das atividades de desenho para crianças com autismo
.............................................................................................. 21
Tipos de atividades de desenho para crianças com autismo .... 23
CAPÍTULO 4: Atividades de Comando e Ação ..................... 25
Dê exemplos de ação e comando ........................................... 26
CAPÍTULO 5: Use os Gostos e Interesses ao seu Favor ....... 28
Use os gostos e interesses ao seu favor .................................. 29

2
CAPÍTULO 6: Atividades Sensoriais .................................... 30
Atividades Sensoriais .............................................................. 31
CAPÍTULO 7: Adaptação e Modelagem com Vídeo ............. 34
Adaptação e modelagem com vídeo ....................................... 35
Capítulo 8: Ensine interpretação de expressões faciais e
emoções .............................................................................. 39
Ensine interpretação de expressões faciais e emoções ............. 40
Identifique e rotule as emoções .............................................. 40
Use histórias........................................................................... 41
Use jogos e atividades ............................................................ 41
Pratique em situações da vida real.......................................... 42
Use recursos tecnológicos ....................................................... 42
CONCLUSÃO ....................................................................... 44
Fontes e Referências Bibliográficas .................................... 46

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BOAS VINDAS
Olá! Seja muito bem-vindo ao Super Foco Desenvolvimento
Infantil. Estamos muito felizes em tê-lo aqui.

Este manual prático foi desenvolvido com base em estudos e


pesquisas e aprovado por professores e psicopedagogos
institucionais para promover o desenvolvimento e a interação
social, emocional e familiar de crianças com autismo.

As atividades ensinadas a seguir podem ser facilmente aplicadas


por qualquer pessoa, sem a necessidade de formação ou
graduação. Basta fazer as atividades com muito carinho e amor e
você verá uma incrível evolução em poucas semanas na criança.

Todas as mães e professores que estão aplicando as atividades e


recursos pedagógicos do Super Foco com seus filhos e alunos estão
obtendo resultados muito satisfatórios. Por esse motivo, não deixe
de aplicar o conteúdo todos os dias com muito amor, dedicação e
carinho. Você só precisará de alguns minutos diários.

Desejamos boa sorte nesta breve jornada e sucesso com seus


pequenos brilhantes. Obrigado pela sua confiança e conte sempre
conosco nessa jornada.

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AVISO DE DIREITOS AUTORAIS
O conteúdo do SUPER FOCO – DESENVOLVIMENTO INFANTIL
é protegido por direitos autorais. Todas as obras literárias
presentes nesse material são de propriedade exclusiva de seus
respectivos autores e foram reimpressas com permissão.

A reprodução, cópia ou qualquer outra forma de uso do conteúdo


desse material é expressamente proibida sem a autorização prévia
do autor. Aqueles que forem flagrados cometendo perjúrio serão
processados na extensão máxima permitida pela lei.

Observação: O uso desse material para fins comerciais de


revenda é estritamente proibido, no entanto, seu uso sem restrições
é permitido para fins pedagógicos.

Essas regras foram estabelecidas para proteger os direitos e


propriedade dos autores, garantindo que suas obras sejam
mantidas sob sua titularidade.

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Introdução

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Seja bem-vindo(a)
Aqui, você irá aprender a adaptar atividades pedagógicas para
crianças com autismo.

Mas atenção: embora falemos sobre o desenvolvimento de


crianças com TEA, você poderá usar o manual para ter ideias de
como melhorar a abordagem de ensino no processo de educação
de crianças com outras dificuldades, como TDAH e dislexia.

Você também vai aprender como funciona a adaptação de


atividades pedagógicas, ou seja, quais recursos você precisa ter em
mãos para fazer as adaptações. Fique tranquilo(a) que você irá
aprender estratégias simples e baratas, aproveitando materiais que
você provavelmente já tenha em casa ou na escola.

Boa leitura!

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Entendendo a adaptação na prática
A adaptação de atividades pedagógicas é muito importante na
educação de crianças autistas. Isso porque elas permitem que o
aluno se desenvolva e aprenda de forma adequada.

Mas afinal, o que significa essa adaptação pedagógica? Ela pode


envolver adequar a apresentação do conteúdo para que o autista
compreenda. Também significa planejar a aula incluindo recursos
necessários para o desenvolvimento do aluno.

Além disso, abrange a construção de uma classe inclusiva e


um currículo com abordagens de educação especial.

O fato é: o cérebro com autismo aprende por meio de estímulos


específicos, e a adaptação pedagógica faz uso desses estímulos
para facilitar o desenvolvimento educacional da criança. Isso não
se trata apenas de pequenas alterações na forma ou no conteúdo
das atividades, mas sim da inclusão de estímulos cientificamente
comprovados para explorar o potencial da mente com TEA.

Este guia, no entanto, irá abordar a adaptação de atividades no


processo de alfabetização. Dizendo de outro modo, você receberá
as estratégias certas, as sugestões de recursos importantes e as
orientações necessárias para saber como ensinar uma criança
autista a memorizar, reconhecer, ler e compreender letras,
palavras, frases e até textos inteiros.

Tudo isso usando abordagens que facilitem o aprendizado


dela.

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Mas poderei usar este guia para adaptar outros tipos de
atividades? Sim! O conteúdo aqui apresentado também é útil e
valioso para adequar diversas lições pedagógicas, como de
matemática, ciência, história, geografia, entre outras.

Antes de tudo, cabe dizer algo fundamental. O avanço de cada


autista no processo de alfabetização depende de vários fatores,
como a paciência de quem ensina, a rotina de estudo, as
abordagens usadas e as características singulares do nível de
autismo da criança. Além disso, considere que há crianças autistas
que aprendem a ler muito cedo, mesmo com dificuldades de
interpretação, em quantas outras são mais lentas nesse processo.

Você não receberá um passo a passo específico para adaptar cada


uma das nossas atividades. Cada criança tem suas próprias
singularidades, e uma abordagem pode funcionar melhor com
uma e não funcionar bem com outra. Portanto, cabe a você, mãe,
pai ou professor, identificar o perfil da sua criança e selecionar a
adaptação mais adequada às necessidades dela.

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Outro ponto importante. Sempre faça adaptações partindo de
coisas familiares para sua criança. Por exemplo, não adianta
ensinar o som da letra A e associá-lo à imagem de um abacaxi, se
a criança não conhecer a fruta. Apresentar coisas do universo e da
vivência do aluno irá facilitar o aprendizado. Coisas conhecidas são
mais fáceis de serem compreendidas.

Dito tudo isso, vamos as nossas estratégias de adaptação!


Desejamos uma jornada pedagógica incrível para você e sua
criança! Esperamos que vocês aprendam juntos e se divirtam muito.

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CAPÍTULO 1: Conheça os Desafios da
Comunicação Social em Autistas

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Conheça os desafios da comunicação social em autistas
Antes de tudo, você precisa conhecer as dificuldades de
comunicação de um autista. Isso permitirá que você apresente o
conteúdo de uma forma que ele entenda. Também ajudará você a
identificar as dúvidas e os desafios de aprendizagem do aluno, visto
que ele tem dificuldade para se comunicar socialmente.

O autismo afeta a fala e a comunicação em algum grau. Alguns


são não-verbais e raramente emitem um som, enquanto outros
sabem algumas palavras ou usam sons-chave quando se esforçam
para se comunicar.

No extremo oposto do TEA, uma criança autista pode ter um


vocabulário muito rico e ser capaz de discutir alguns assuntos em
profundidade.

Não importa qual seja o tipo do autismo, não é com as palavras


que eles têm problema, mas com o uso da linguagem para
construir um pensamento coerente.

A linguagem que você ouve saindo da boca de uma criança autista


pode ser incoerente para você. O ritmo das palavras ou a ordem
das palavras podem estar totalmente confusos. Como ouvinte, você
assumiria que a criança não sabia o que estava dizendo, mas na
mente da criança a mensagem é clara.

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Se uma criança lhe pede um copo de água, ela pode ter a frase
formada em sua cabeça, mas apenas um som ou algumas palavras
deslocadas sairão de sua boca. Embora você não entenda o que
foi dito, para a criança, ela está lhe pedindo o que exatamente
deseja.

A seguir, você irá conhecer os desafios de comunicação mais


comuns vivenciados por crianças autistas. São informações valiosas
para você adaptar a explicação e apresentação de conteúdos
pedagógicos respeitando as necessidades do seu pequeno.

Associação de frases com desejos, coisas e objetos


A criança autista pode repetir uma frase que aprendeu e associá-
la a uma determinada ação. Por exemplo, ao ouvir de sua mãe
"Você quer pão com manteiga|", ela pode associar essa frase à
fome. Então, quando estiver faminta, ao invés de dizer "estou com
fome”, o autista irá dizer: "Você "Que pão com manteiga?".

Sons e frases-chave
Outra característica da linguagem na criança autista é o uso de
frases-chave ou sons-chave em conversas com outras pessoas. Por
exemplo, uma criança autista pode começar o diálogo com as
palavras "Eu gosto de bolo de chocolate".

Se a pessoa pergunta qual é o seu nome, a criança responde: "Eu


gosto de bolo de chocolate". Se pergunta onde mora, ela repete
"Eu gosto de bolo de chocolate". A criança faz isso para manter um
contato comunicativo, e saber disso é importante para você
conduzir a conversa de forma progressiva.

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Soletramento
Outra criança autista irá soletrar uma
palavra ao invés de pronunciá-la por
completo. Por exemplo, se ela se chama
Lucas, então dirá meu nome é "L-U-C-
A-S". Na cabeça de quem ouve, a frase
não faz sentido, mas, no pensamento do
autista, a informação está sendo
passada por completo.

Contato visual
As crianças autistas têm dificuldade em fazer contato visual durante
a conversa. A criança pode estar ouvindo você e talvez até entender
o que você disse, mas sua atenção e foco parecem estar em outra
coisa. Às vezes, ela pode estar olhando para uma coisa, e você
achar que está olhando para outra. Portanto, ao ensinar atividades
pedagógicas, direcione sua boca para o olhar da criança, assim
você torna o momento da atividade em um tempo emocionalmente
confortável para ela, facilitando o desenvolvimento dela.

A gramática
O uso correto da gramática é outra dificuldade para quem tem
autismo. Muitas frases podem ser pronunciadas sem o pronome
certo e sem concordância verbal.

Por exemplo, se você disser "Hoje é o seu aniversário", a criança


tende a repetir "Hoje é seu aniversário". Basicamente, ao invés de
falar na primeira pessoa, ela falará em terceira pessoa. Isso
acontece na comunicação de várias coisas. Imagine que a criança
se chame Joana. Por exemplo, ao invés de dizer "Eu estou com
fome", a criança diz "Joana quer comer".

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Observação: vários desafios de linguagem foram listados aqui,
mas não significa que toda criança autista irá apresentar todos
eles. É importante frisar que há tipos diferentes de autismo, cada
um com seus próprios desafios verbais. Por isso, há crianças que
sabem se comunicar verbalmente e outras que não.

Se os pais de uma criança autista aprenderem e praticarem


métodos que encorajem o uso pleno das habilidades de
comunicação que a criança possui, então a criança se desenvolverá
mais rapidamente no campo da linguagem verbal, embora haja
autistas que sempre terão dificuldade de verbalização.

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CAPÍTULO 2: Use Suportes Visuais

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Suportes Visuais
Segundo especialistas, pessoas com TEA são aprendizes visuais. Em
outras palavras, elas aprendem melhor através da observação. Por
isso, você precisa sempre usar algum tipo de suporte visual durante
as atividades e da visão.

Os suportes visuais ajudam a mente autista processar, associar e


compreender as palavras e frases com maior facilidade e rapidez.
Sem contar que, eles dão tempo necessário para o indivíduo
interpretar e buscar o significado do que está sendo dito. Isso vale
para o desenvolvimento da linguagem.

Autistas não verbais acharão mais fácil entender e memorizar


palavras se elas forem pronunciadas com o apoio de recursos
visuais. Nesse caso, utilize imagens.

O que são suportes visuais?


Os suportes visuais são uma forma de comunicação visual que
pode ajudar crianças com autismo a entender o mundo ao seu
redor. Eles incluem fotos, desenhos, gráficos, pictogramas e outras
formas de imagens que são usadas para representar informações
e ideias. Os suportes visuais podem ser usados para uma variedade
de finalidades, como:

• Compreensão e expressão de emoções


• Sequenciamento de tarefas
• Identificação de objetos e pessoas
• Planejamento e organização de atividades
• Desenvolvimento de habilidades sociais

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Benefícios dos suportes visuais para crianças com autismo
Os suportes visuais oferecem vários benefícios para crianças com
autismo, incluindo:

• Melhora da compreensão: As crianças com autismo podem


ter dificuldades em entender a linguagem verbal, mas os
suportes visuais podem ajudá-las a entender melhor as
informações e ideias.
• Melhora da comunicação: Os suportes visuais podem
ajudar as crianças com autismo a expressar suas necessidades
e emoções de forma mais eficaz, melhorando sua
comunicação.
• Desenvolvimento de habilidades sociais: Os suportes
visuais podem ajudar as crianças com autismo a entender e
interpretar as emoções e comportamentos das outras pessoas,
melhorando suas habilidades sociais.
• Redução da ansiedade: Os suportes visuais podem ajudar
as crianças com autismo a se sentirem mais seguras e
confiantes em situações sociais e novos ambientes.
• Promoção da independência: Os suportes visuais podem
ajudar as crianças com autismo a se tornarem mais
independentes em suas atividades diárias, permitindo que
elas entendam melhor as expectativas e requisitos.

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Como fazer?
Explore recursos e elementos visuais do universo da criança, ou
seja, figuras e imagens familiares para a cabecinha dela. Use as
seguintes ideias de imagem: animais, brinquedos preferidos da
criança, fotos de carros etc.

Ao ensinar junção de vogais, procure imagens que representem o


respectivo encontro vocálico. Por exemplo, ao ensinar o "AI", mostre
uma panela caindo no pé de um garoto". Ao ensinar o "Eu", peça a
criança para que desenhe o próprio rosto no papel ou mostre uma
foto dela (assim ela entenderá a palavra).

Monte um kit de suportes visuais para facilitar a alfabetização.


Busque suportes como cartões, revistas, quadros, desenhos,
figuras, fotos etc.

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CAPÍTULO 3: Atividades com Desenhos

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Insira atividades de desenhos
Ainda sobre os suportes visuais, vale a pena destacar as atividades
de desenhos. Elas são um recurso barato de se obter. Além disso,
são fáceis de se fazer, pois basta sua criatividade para criar
desenhos divertidos.

Hoje em dia, graças à internet, é possível encontrar sites que


disponibilizam desenhos de diversos temas para baixar
gratuitamente. Também pesquise por sites assim.

Atividades de desenhos são poderosas ferramentas pedagógicas


para autistas. Isso porque, através delas, a criança desenvolve
habilidades de coordenação motora fina, trabalha o foco e se
envolve muito mais com as atividades pedagógicas, o que facilita
a fixação do conteúdo.

No processo de alfabetização elas também são essenciais. Elas


permitem que o professor ou o pai forneça apoio visual necessário
para que a criança assimile, memorize e compreenda as letras mais
facilmente. Além disso, é importante para trabalhar a associação
de sons com a grafia.

Benefícios das atividades de desenho para crianças com


autismo

As atividades de desenho oferecem vários benefícios para crianças


com autismo, incluindo:

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• Desenvolvimento motor: As atividades de desenho podem
ajudar a desenvolver a coordenação motora fina das crianças,
melhorando sua capacidade de segurar e manipular objetos
com as mãos.
• Expressão de emoções: As atividades de desenho podem
ajudar as crianças com autismo a expressar suas emoções de
forma não-verbal, permitindo-lhes comunicar-se de uma forma
diferente da linguagem verbal.
• Melhoria da concentração: As atividades de desenho podem
ajudar a melhorar a concentração das crianças com autismo,
permitindo-lhes focar em uma tarefa específica por um período
prolongado de tempo.
• Promoção da criatividade: As atividades de desenho podem
ajudar as crianças com autismo a desenvolver sua criatividade,
permitindo-lhes experimentar diferentes formas de expressão
artística.
• Desenvolvimento de habilidades sociais: As atividades de
desenho podem ser usadas como uma forma de interação
social, permitindo às crianças com autismo compartilhar seus
desenhos e ideias com outras pessoas.

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Tipos de atividades de desenho para crianças com autismo

Existem muitos tipos diferentes de atividades de desenho que


podem ser usados para ajudar crianças com autismo a desenvolver
suas habilidades. Aqui estão alguns exemplos:

• Desenhos de linhas: Esta atividade envolve a criação de


padrões com linhas simples, ajudando a desenvolver as
habilidades motoras finas e a concentração da criança.
• Desenhos com recorte e colagem: Esta atividade envolve a
criação de desenhos usando recortes de papel e colagem,
permitindo à criança experimentar diferentes formas e texturas.
• Desenhos de formas: Esta atividade envolve a criação de
desenhos usando formas simples, como círculos, triângulos e
retângulos, ajudando a desenvolver as habilidades motoras e a
concentração da criança.
• Desenhos temáticos: Esta atividade envolve a criação de
desenhos com um tema específico, como animais, paisagens ou
personagens, permitindo à criança expressar sua criatividade e
imaginação.
• Desenhos colaborativos: Esta atividade envolve a criação de
desenhos em grupo, permitindo às crianças com autismo
interagir socialmente e compartilhar suas ideias e desenhos com
outras pessoas.

Como fazer?
Utilize desenhos de letras para a criança pintar. Isso ajudará ela
internalizar a grafia da letra. Use desenhos para jogos de
perguntas e respostas.

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Por exemplo, você pode apresentar vários animais e perguntar qual
imagem começa com o som da letra A. Repita isso com as demais
letras. Depois, entregue o desenho para pintura. Peça à criança
para desenhar brinquedos, objetos, figuras e animais relacionados
à letra que está sendo ensinada para ela. Por exemplo, peça para
desenhar um animal que começa com a letra a (abelha).

Varie os suportes visuais com os desenhos. Em outras palavras, não


só utilize um tipo de suporte visual, como cartão, para ilustrar as
informações. Uma hora mostre desenhos, outra hora mostre
cartões, em outro momento apresente vídeos animados etc.

Use desenhos do começo ao fim de cada atividade. Usar desenhos


é um excelente reforço visual para representar sons, para fazer
jogos de perguntas e respostas, para fornecer apoio visual e
trabalhar a memorização da escrita de letras.

Aplique atividades e desenhos no


ensino de vogais, encontros
vocálicos, consoantes, sílabas,
formação de palavras e formação
de frases. Como dito, explore a
internet, pois lá você pode
encontrar diversas figuras e
variados desenhos para adaptar
suas lições.

Por fim, pergunte-se: qual tipo de desenho posso


usar para adaptar essa atividade de
alfabetização? Pergunte isso sempre que planejar
uma nova lição.

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CAPÍTULO 4: Atividades de Comando e
Ação

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Dê exemplos de ação e comando
Crianças com TEA também têm dificuldade de associar comandos
com a respectiva ação.

Por exemplo, um simples comando: "pegue o lápis" pode ficar sem


ser entendido, ou seja, a criança não saberá que ação é essa.
Mesmo se for chamada pelo nome, pode não reagir ou reagir de
forma lenta.

Acontece que a criança simplesmente não sabe responder a


pedidos e comandos e, se responder, pode não ser da maneira que
o pai ou outro adulto espera. Comandos são abstratos demais para
o autista compreender o que eles exatamente significam na prática.

Saiba como usar os verbos adequadamente, pois você fará o uso


deles no processo de alfabetização. Por exemplo, é comum que o
professor ou a mãe diga à criança "pegue o lápis", "pinte esse
desenho", "Escreva aqui no papel".

Para que a criança compreenda esses comandos, você precisa


completar o verbo com uma ação concreta. Em outras palavras, dê
o comando e mostre como exemplo como ele deve ser feito.

Esse processo é fundamental para o desenvolvimento intelectual da


criança. Isso aumenta o vocabulário, pois adiciona novas palavras
ao repertório da criança. Além desse ponto, vai auxiliar na
interpretação de textos e narrativas, visto que essas leituras são
recheadas de eventos, personagens e ações.

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Como fazer?
• Para o comando pegue: estenda sua mão e pegue o objeto.
• Para o comando pintar: pegue um lápis de cor e pinte sobre o
papel
• Para o comando cortar: pegue a tesoura e recorte o papel
desejado.
• Para o comando escrever: escreva.

Já na fase de leitura e interpretação de textos, utilize fotos,


imagens, vídeos e recortes de revistas para ilustrar as ações e os
verbos envolvendo os personagens do texto ou da história.

Monte seu próprio banco de verbos com imagens. Para isso, liste
os verbos mais comuns dos textos e do dia a dia da criança, e
procure imagens para representá-los.

Quanto mais verbos você representar com uma ação concreta,


melhor será para o desenvolvimento da leitura, da escrita e da
comunicação do seu pequeno. Além de saber interpretar textos, ele
irá desenvolver as habilidades cognitivas necessárias para
compreender a comunicação e o comportamento das pessoas à sua
volta.

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CAPÍTULO 5: Use os Gostos e
Interesses ao seu Favor

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Use os gostos e interesses ao seu favor
Como você sabe, pessoas com TEA geralmente têm fixação em
assuntos e objetos específicos. Por exemplo, conhecemos um
menino que é fascinado por ônibus (ele adora observar o veículo
passar). Já tem garotos que amam dinossauros. Também há autista
fascinados por assuntos específicos, como meio-ambiente e
números.

Normalmente, os autistas se especializam nessas coisas, ao ponto


de falar com muita propriedade sobre eles. Por isso é comum você
encontrar crianças com uma super memória, recordando de datas,
lugares, nomes e eventos com muita precisão.

Essa fixação é uma poderosa ferramenta pedagógica. Primeiro,


porque você pode usá-la para segurar a atenção do aluno durante
a atividade em casa ou na sala de aula. Outro fato é que ela pode
deixá-lo mais interessada em memorizar o conteúdo, o que acelera
a alfabetização. Tudo isso porque a criança ama estudar essa
temática.

Como fazer?
Pergunte-se: Meu filho/aluno tem fixação em qual assunto ou
objeto? Liste essas coisas em um caderno para ter a mão sempre
que precisar consultar para preparar uma nova atividade.

Pense em inserir esse assunto ou objeto na atividade. Por exemplo,


se for interessado em aviões, diga "A" de avião, seguido da foto do
objeto. Já se for interessado em assuntos específicos, insira
informações relacionadas ao tema, como datas, lugares, nomes de
pessoas, fórmulas etc.

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Na fase de formação de palavras, formação de frases e primeiras
leituras, trabalhe com informações relacionadas a esse assunto ou
objeto, assim você estimula a criança a dedicar-se à leitura.

Caso a criança já esteja lendo, use livros relacionados a essa


fixação.

CAPÍTULO 6: Atividades Sensoriais

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Atividades Sensoriais
As atividades sensoriais estimulam o uso dos sentidos: tato, olfato,
visão, audição e paladar. Os movimentos do corpo também são
usados nesse tipo de atividade.

Esse tipo de atividade é muito importante para o desenvolvimento


do cérebro de crianças com TEA. Elas facilitam o desenvolvimento
de habilidades de coordenação motora, foco e concentração. Além
disso, podem estimular a interação, favorecendo o fortalecimento
de habilidades sociais.

No entanto, antes de aplicar


qualquer atividade sensorial,
analise se a criança é hipersensível
ou hipossensível, assim você evita
promover uma experiência
pedagógica desagradável e
desconfortável para ela.

Quando crianças autistas são hipersensíveis a informações


sensoriais, isso é chamado de hipersensibilidade. Essas crianças
tentam evitar experiências sensoriais – por exemplo, elas podem
tapar os ouvidos quando ouvem barulhos altos, comer apenas
alimentos com uma certa textura ou sabor, usar apenas certos tipos
de roupas folgadas ou resistir a cortar o cabelo ou escovar os
dentes.

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Quando crianças autistas são subsensíveis às informações
sensoriais, isso é chamado de hiposensibilidade. Essas crianças
procuram experiências sensoriais – por exemplo, elas podem usar
roupas justas, procurar coisas para tocar, ouvir ou saborear, ou
esfregar os braços e as pernas contra as coisas.

Como fazer?
Agora, se seu filho ou aluno adora
experiências sensoriais, seguem ideias
para você criar atividades super
divertidas:
• Fazer pintura a dedo.
• Rasgar ou amassar papel.
• Usar papel alumínio para fazer formas e objetos.
• Usar massinhas para fazer letras e bonecos.
• Fornecer argila para a criança modelar panelas e brincar de
cozinha.
• Criar instrumentos musicais com produtos recicláveis, como
colocar arroz em uma garrafa para fazer chocalho,
desenvolvendo a percepção auditiva.
• Usar uma caixa de areia para explorar o tato.
• Utilizar alimentos como frutas, sucos, doces, geleia e gelatina
para explorar o olfato e o paladar.
• Trabalhar com cores brilhantes para chamar a atenção e
estimular a visão.
• Usar músicas e rimas para desenvolver a inteligência auditiva
e a consciência fonológica, principalmente na fase do ensino
de vogais e sílabas simples.

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Pense em como inserir essas atividades na alfabetização. Por
exemplo, após pronunciar o B, você pode pedir à criança para criar
uma bolinha com a massinha. Ou, após ensinar a letra A, você
pode pedir à criança para pegar areia com as pontas dos dedos.
Ou você pode pedir para ela sentir o perfume/cheiro de algo
relacionado à lição.

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CAPÍTULO 7: Adaptação e Modelagem
com Vídeo

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Adaptação e modelagem com vídeo
A modelagem de vídeo é baseada na teoria de aprendizagem
social de Albert Bandura (1977). De acordo com essa teoria, as
pessoas aprendem umas com as outras observando e copiando
exemplos.

O método funciona assim: o vídeo


mostra alguém fazendo uma atividade
ou comportamento. Então, a criança é
incentivada a copiar a habilidade e o
comportamento mostrado no vídeo.

A modelagem de vídeo é uma técnica eficaz para ensinar


habilidades sociais e comportamentais a crianças com autismo.
Como mencionado, a modelagem de vídeo pode ser usada para
ensinar ações específicas, habilidades diversas e mudança de
comportamento. É importante selecionar o tipo de modelagem de
vídeo adequado para as necessidades da criança.

A modelagem básica de vídeo é usada quando a criança precisa


aprender a imitar ações específicas de outras pessoas. Isso pode
incluir comportamentos sociais, como cumprimentar e se
apresentar, e habilidades práticas, como recortar com uma
tesoura.

O vídeo mostra um modelo realizando a ação e a criança é


incentivada a imitar o comportamento. É importante escolher
modelos apropriados para a idade e o nível de desenvolvimento da
criança, bem como garantir que as ações mostradas no vídeo sejam
apropriadas e seguras.

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A automodelagem de vídeo é usada quando a criança já tem
algumas habilidades, mas precisa praticar para desenvolver e
aprimorar essas habilidades. Nesse tipo de modelagem de vídeo,
a criança é filmada realizando a ação ou habilidade que deseja
aprender.

Em seguida, o vídeo é mostrado para a criança, que pode assistir


a si mesma realizando a ação ou habilidade com sucesso. Isso pode
ajudar a aumentar a autoconfiança e a autoestima da criança,
além de incentivar a prática e o desenvolvimento de habilidades.

A modelagem de vídeo do ponto de vista é usada para ajudar a


criança a entender como uma tarefa ou atividade é concluída. O
vídeo é filmado do ponto de vista da criança, mostrando as mãos
ou o corpo do modelo realizando a tarefa.

Isso ajuda a criança a entender os movimentos e a sequência


necessários para concluir a tarefa com sucesso. Por exemplo, um
vídeo pode mostrar uma pessoa cozinhando uma receita do ponto
de vista da criança, para que ela possa ver como cada ingrediente
é adicionado e como a receita é preparada.

Os vídeos passo a passo são usados para quebrar


uma tarefa em etapas gerenciáveis para a criança.
Isso pode ajudar a evitar sobrecarga
sensorial ou cognitiva e permitir que a
criança pratique cada etapa antes de
passar para a próxima.

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Por exemplo, um vídeo pode mostrar uma pessoa escovando os
dentes, dividindo a tarefa em etapas como molhar a escova,
colocar pasta de dente na escova, escovar os dentes e enxaguar a
boca. A criança pode assistir ao vídeo várias vezes, praticando cada
etapa antes de tentar a tarefa inteira.

Em resumo, a modelagem de vídeo é uma técnica útil para


desenvolver habilidades sociais e comportamentais em crianças
com autismo.

É importante adaptar o tipo de modelagem de vídeo às


necessidades e habilidades da criança, bem como escolher
modelos apropriados e garantir que as ações mostradas no vídeo
sejam apropriadas e seguras.

A intervenção de vídeo modelo pode ser facilmente personalizada


para atender às necessidades individuais de cada criança e pode
ser usada em combinação com outras técnicas de intervenção para
aumentar a probabilidade de sucesso.

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Como fazer?
Bom, esse método pode ser útil no processo de alfabetização de
uma criança autista.

• Utilize o método para ensinar habilidades de pintura, recorte


e desenho;
• Explore método para ensinar a interpretação de emoções e
expressões faciais;
• Teste a modelagem de vídeo na formação e leitura de
palavras. |Por exemplo, mostrar alguém lendo sílaba por
sílaba ajuda a criança perceber que palavras são feitas de
pedaços, que ela precisa ler dessa forma;
• Use sua criatividade, pensando em formas diferentes de
ensinar as atividades de alfabetização usando os 4 tipos de
modelagem de vídeo.
• Experimente combinar tecnologias diferentes, como celular,
computador, TV e tablet.

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Capítulo 8: Ensine interpretação de
expressões faciais e emoções

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Ensine interpretação de expressões faciais e emoções
A interpretação de expressões faciais e emoções é um desafio para
muitas crianças com autismo.

O autismo é um transtorno do desenvolvimento que afeta a forma


como a pessoa se comunica, socializa e interage com o mundo ao
seu redor. Uma das características do autismo é a dificuldade em
entender e interpretar as expressões faciais e emoções de outras
pessoas.

Essa dificuldade em interpretar as emoções dos


outros pode ser uma barreira significativa para as
crianças com autismo em seu desenvolvimento
social e emocional. É importante que as crianças
com autismo aprendam a entender as expressões
faciais e emoções das pessoas ao seu redor, pois
isso pode ajudá-las a se conectar e interagir
melhor com os outros.

A seguir, apresentaremos algumas dicas para


ajudar as crianças com autismo a aprender a
interpretar as expressões faciais e emoções.

Identifique e rotule as emoções


Uma maneira eficaz de ensinar as crianças com autismo a entender
as emoções é ensinar a identificar e rotular as emoções. Comece
com emoções básicas, como felicidade, tristeza, raiva e medo.
Mostre imagens de pessoas expressando essas emoções e ajude a
criança a identificá-las. Depois de identificar as emoções, rotule-
as, dizendo "esta pessoa está triste" ou "esta pessoa está com raiva".

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Use histórias
Histórias são uma ótima maneira de ajudar as crianças a entender
e interpretar emoções. Escolha histórias com personagens que
experimentam diferentes emoções e discuta com a criança como os
personagens estão se sentindo e por quê. Você também pode usar
livros com ilustrações que mostram expressões faciais para ajudar
a criança a identificar as emoções.

Use jogos e atividades


Jogos e atividades podem ser uma maneira divertida e eficaz de
ensinar a interpretação de expressões faciais e emoções. Jogue
jogos de cartas que mostram expressões faciais ou use jogos de
tabuleiro que envolvem a identificação de emoções. Atividades
como desenhar emoções ou representar emoções com figuras de
massinha também podem ser úteis.

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Pratique em situações da vida real
Pratique a interpretação de expressões faciais e emoções em
situações da vida real. Quando você estiver com a criança, aponte
para pessoas ao redor e pergunte como elas estão se sentindo.
Incentive a criança a observar as expressões faciais e os
comportamentos das pessoas para identificar as emoções. Você
também pode praticar em situações cotidianas, como durante uma
conversa, para ajudar a criança a entender melhor as emoções das
pessoas com quem ela está interagindo.

Use recursos tecnológicos


Existem muitos recursos tecnológicos que podem ajudar a ensinar
a interpretação de expressões faciais e emoções. Aplicativos e jogos
interativos estão disponíveis para dispositivos móveis e tablets, que
permitem às crianças praticar e desenvolver habilidades de
interpretação de emoções. Alguns desses recursos também têm a
opção de personalizar os níveis de dificuldade para se adequarem
às necessidades individuais da criança.

Como fazer?
• Liste as emoções humanas mais básicas para compreender
textos e pequenas histórias.
• Selecione situações e eventos pertencentes ao cotidiano da
criança, como "receber presentes", o que traz alegria, por
exemplo.
• Monte um banco de vídeos com pessoas manifestando essas
emoções e expressões faciais.
• Comece com vídeos de familiares preparados especialmente
para a criança. Depois, experimente vídeos com crianças
desconhecidas.

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• Depois de introduzir os vídeos e perceber um avanço do aluno,
apresente fotografias.
• Encontre ilustrações para essas emoções, como fotos de
rostos, recortes de revistas, imagens etc.
• Prefira fotos e vídeos de pessoas reais, assim você desenvolve
na criança uma percepção clara e real sobre as emoções e
gestos humanos.
• Se for ensinar uma letra, palavra ou frase relacionada a uma
emoção ou expressão facial, apresenta um vídeo/foto de um
rosto em seguida.

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CONCLUSÃO

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Chegar ao fim deste material é motivo de orgulho, pois significa
que você está comprometido em ajudar o desenvolvimento das
crianças autistas. Ao longo deste artigo, apresentamos algumas
das melhores estratégias para adaptar atividades pedagógicas e
ajudar essas crianças a aprender e crescer.

A adaptação de atividades e a utilização de recursos visuais e


interativos, como vídeos e jogos educativos, pode ser
extremamente eficaz para a educação de crianças autistas. Além
disso, é importante lembrar que cada criança é única e pode
responder de maneira diferente a cada uma dessas estratégias.

Por isso, é fundamental experimentar diferentes abordagens para


descobrir o que funciona melhor para a criança em questão.

Ensinando habilidades sociais e emocionais, como interpretar


expressões faciais e emoções, também é fundamental para o
sucesso da criança no processo de alfabetização e na vida
cotidiana. Afinal, entender as nuances da comunicação não-verbal
é uma habilidade essencial para o desenvolvimento de
relacionamentos interpessoais saudáveis.

Por fim, desejamos todo sucesso do mundo para você e para a


criança que você está ajudando. Lembre-se de que a educação e o
desenvolvimento de crianças autistas podem ser desafiadores, mas
também são incrivelmente recompensadores. Com paciência,
dedicação e as estratégias certas, você pode fazer uma grande
diferença na vida de uma criança autista.

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Fontes e Referências Bibliográficas
Autismo e participação em atividades sensoriais:
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6452625/#main-
content

Estudo de caso: implementação da modelagem em vídeo para


desenvolvimento de crianças com TEA em sala de aula:
https://www.iidc.indiana.edu/irca/articles/video-self-
modeling.html#content

Evidências sobre a eficácia da modelagem de vídeo para a


educação de crianças com TEA:
https://autismpdc.fpg.unc.edu/sites/autismpdc.fpg.unc.edu/files/i
mce/documents/VideoModeling_Complete.pdf

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