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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

CENTRO DE HUMANIDADES
DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA
CURSO DE PSICOLOGIA

INGRID GOMES QUEIROZ

COMPROMETIMENTO COMPORTAMENTAL LEVE (MBI) COMO PREDITOR


DE QUADROS DEMENCIAIS E SUA ASSOCIAÇÃO COM DÉFICITS DE
COGNIÇÃO SOCIAL

FORTALEZA
2021
INGRID GOMES QUEIROZ

COMPROMETIMENTO COMPORTAMENTAL LEVE (MBI) COMO PREDITOR DE


QUADROS DEMENCIAIS E SUA ASSOCIAÇÃO COM DÉFICITS DE COGNIÇÃO
SOCIAL

Monografia apresentada ao Curso de


Psicologia do Departamento de Psicologia da
Universidade Federal do Ceará, como requisito
parcial para obtenção do título de Psicóloga.

Orientadora: Profa. Dra. Liana Rosa Elias.

FORTALEZA
2021
A Jesus, meu salvador.
A minha mãe, meu alicerce.
AGRADECIMENTOS

A Deus, por guiar meus passos e me sustentar até aqui, por me ensinar a amar e cuidar
das pessoas e por confiar a mim esse curso e profissão.
À professora Liana Elias, pela confiança, pela inspiração, pelos ensinamentos e pela
amizade. Devo grande parte da minha graduação ao seu suporte.
Às professoras integrantes da Banca examinadora Amanda Barroso de Lima e Janine
de Carvalho Bonfadini, pela dedicação e tempo empenhados em melhorar o meu trabalho e
me fazer crescer enquanto pesquisadora.
A minha mãe, por ser minha inspiração e a mulher mais inteligente e forte que eu
conheço. Obrigada por me ensinar desde pequena que eu posso ser o que eu quiser, e ser o
meu melhor. Ao meu pai, pelas piadas em períodos de estresse, pelos remédios e cuidados
quando estou doente e pelas caronas pra faculdade, sem elas não sei se eu teria sobrevivido.
Aos meus amigos/irmãos que compartilham a vida comigo há tanto tempo e são o
amor de Deus em carne viva pra mim aqui na terra: Keila, por ser quase eu mesma; Caio, por
ser meu irmão mais velho, mesmo sendo mais novo; Diego, por me irritar e me amar; Bruno,
por ser meu amigo desde o ventre da sua mãe; Wal, por cuidar tanto de mim; Amanda, Camila
e Nath, por serem meu suporte e minha família em qualquer lugar que estejam.
Ao Gabs, por ter sido o melhor aluno da Casa de Cultura Britânica, à minha titia
Helenilde, por ter consertado meu computador quando quebrou justamente no dia de enviar a
Monografia, e ao meu titio Ezequias por ser meu pastor e segundo pai.
Às minhas amizades do Curso, que tanto me ensinaram e me deram apoio para estar
aqui: à Erica (ou Errrrrica), por ser minha duplinha na vida; a Mari, pelas madrugadas fazendo
trabalhos e reclamando da UFC; ao Miguel, por me aguentar desde antes do ensino médio; à
Marli, por ser minha parceira de bolsa e ter dado tanto suporte para a realização desse estudo;
à Liz, à Letícia e à Bibs, pelas festas e idas ao Pitombeira depois das aulas; à Sofia (ou Sofria)
por ser tão chata e tão amável.
Aos meus professores na Academia e na vida, professor Antônio Maia Olsen do Vale,
por ter me ensinado a amar a Análise do Comportamento e a Psicologia como ciência, por
acreditar em mim e por ser o melhor professor que já tive. Ao professor Walberto Silva dos
Santos, por me apresentar a pesquisa, por me acolher ainda no começo do curso e por me
ensinar tanto, obrigada por ter sido como um pai pra mim.
“Quero trazer à memória o que me pode dar
esperança” (Lamentações 3,21)
Observação: O formato de Trabalho de Conclusão do Curso submetido é o formato de artigo
científico, seguindo as orientações de normalização da revista Arquivos de Neuro-
Psiquiatria.
RESUMO
Os diversos quadros demenciais vêm sendo tratados pela Organização Mundial de Saúde
como prioridade em saúde pública. O Comprometimento Comportamental Leve (MBI) é um
construto recente, com estudos que vêm demonstrando sua correlação com sintomas
neuropsiquiátricos, Comprometimento Cognitivo Leve (CCL) e desenvolvimento de quadros
demenciais. Este estudo pretende investigar a associação entre déficits de Cognição Social e
MBI, bem como avaliar a pertinência desses enquanto preditores de quadros demenciais,
verificando sua associação com fatores de risco para demência já estabelecidos na literatura.
Para tanto, participaram da pesquisa 72 pessoas sem diagnóstico de demência, acima de 50
anos de idade, as quais responderam instrumentos que avaliam MBI, queixas de memória,
déficits de Cognição Social, além de um questionário biossociodemográfico no período de 9
de setembro de 2020 a 10 de março de 2021. Os resultados mostraram associação entre MBI e
queixas de memória (rs = 0,39, p = 0,001), e também do fator Inadequação Social do MBI
com a habilidade de Percepção Emocional da Cognição Social (rs = -0,27, p = 0,019).
Comparações entre grupos mostraram que as mulheres (t = 2,11, p = 0,031, d = 0,52), os não-
praticantes de atividade física (t = 2,11, p = 0,037, d = 0,51), os que possuem alguma
comorbidade médica (t = 3,20, p = 0,003, d = 1,00) e os consumidores moderados de álcool (t
= 2,38, p = 0,020, d = 0,57) apresentaram maior grau de comprometimento comportamental,
todos esses grupos já sendo validados pela literatura como fatores de risco para demências. Os
resultados demonstraram associações entre o MBI e a Cognição Social e com fatores de risco
para demência, o que corrobora para uma possível classificação do MBI como um preditor de
quadros demenciais.

Palavras chave: Comprometimento Comportamental Leve. MBI. Demência. Cognição


Social. Fator de Risco.
ABSTRACT

The various dementia conditions have been treated by the World Health Organization as a
priority in public health. Mild Behavioral Impairment (MBI) is a recent construct, with studies
showing its correlation with neuropsychiatric symptoms, Mild Cognitive Impairment (MCI),
and the development of dementia. This study aims to investigate the association between
deficits in Social Cognition and MBI, as well as to evaluate their relevance as predictors of
dementia, verifying their association with risk factors for dementia already established in the
literature. To this end, 72 people over 50 years of age without a diagnosis of dementia
participated in the survey. They answered instruments that evaluate MBI, memory
complaints, and deficits in social cognition and responded to a biosociodemographic
questionnaire between September 9, 2020, and March 10, 2021. The results showed an
association between MBI and memory complaints (rs = 0.39, p = 0.001), and also the MBI
Social Inadequacy factor with the Emotional Perception of Social Cognition (rs = - 0.27, p =
0.019). Comparisons between groups showed that women (t = 2.11, p = 0.031, d = 0.52), non-
practitioners of physical activity (t = 2.11, p = 0.037, d = 0.51), those with some medical
comorbidity (t = 3.20, p = 0.003, d = 1.00) and moderate alcohol consumers (t = 2.38, p =
0.020, d = 0.57) had a higher degree of behavioral impairment, all of these groups have
already been validated by the literature as risk factors for dementia. The results showed that
MBI is associated with Social Cognition and with risk factors for dementia, which
corroborates the possible classification of MBI as a predictor of dementia.

Keyords: Mild Behavioral Commitment. MBI. Dementia. Social Cognition. Risk factor.
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................
9
1.1 Queixa subjetiva de memória, declínio cognitivo e risco de demência .....................
10
1.2 Sintomas neuropsiquiátricos, comportamentais e Cognição Social ............................
11
1.3 Fatores de risco e de proteção para o desenvolvimento de demências .....................
12
1.3.1 Sexo .............................................................................................................................
12
1.3.2 Prática de atividade física ............................................................................................
13
1.3.3 Comorbidades médicas ................................................................................................
13
1.3.3.1 Hipertensão ...............................................................................................................
13
1.3.3.2 Diabetes ....................................................................................................................
13
1.3.4 Consumo de álcool ......................................................................................................
14
1.3.5 Uso de cigarro .............................................................................................................
14
1.4 Hipótese ..........................................................................................................................
14
2 MÉTODO .........................................................................................................................
16
2.1 Participantes ..................................................................................................................
16
2.2 Instrumentos e procedimentos de coleta ......................................................................
16
2.2.1 Mild Behavioral Impairment – Checklist ....................................................................
17
2.2.2 Memory Complaint Questionnaire (MAC-Q) .............................................................
17
2.2.3 Theory of Mind (ToM) Stories ....................................................................................
17
2.2.4 Reading the Mind in the Eyes Test (RMET) ...............................................................
17
2.3 Análise dos dados ..........................................................................................................
18
3 RESULTADOS ................................................................................................................
19
4 DISCUSSÃO .....................................................................................................................
21
5. CONCLUSÃO .................................................................................................................
25
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................
26
TABELAS ............................................................................................................................
36
9

1 INTRODUÇÃO
Os diversos quadros demenciais vêm sendo tratados pela Organização Mundial de
Saúde(1) como prioridade em saúde pública, visto que, à medida que a população mundial
envelhece, espera-se que o número de pessoas que vivem com demência triplique (de 50
milhões para 152 milhões até 2050).
A demência é uma síndrome clínica adquirida caracterizada pelo declínio da memória
e, pelo menos, mais um aspecto da função cognitiva, além do prejuízo significativo nas
atividades sociais e/ou ocupacionais da pessoa(2). Entretanto, trata-se de uma síndrome
subdiagnosticada. Estima-se que 50% dos pacientes com demência – principalmente leve a
moderada, com mais de 65 anos, não são diagnosticados por seu médico de atenção
primária(3-5).
Dada a baixa prevalência de causas reversíveis de demência, uma detecção precoce do
seu desenvolvimento ou dos fatores de risco seria benéfico para um tratamento prévio, e
possível retardamento da evolução da doença, ou mesmo maiores chances de não evolução
desta(6). Como a incidência anual de demência aumenta com a idade, o subdiagnóstico de
demência na atenção primária provavelmente aumentará no futuro(3). Dessa forma, os
quadros de demências vêm sendo alvo de várias investigações para melhor compreensão de
seus sintomas, bem como de sua fase prodrômica, a fim de se estabelecer critérios de detecção
e intervenção precoce da doença(7-11).
A literatura demonstra que sintomas neuropsiquiátricos (SNP), como distúrbios de
humor, percepção e comportamento estão presentes nesses pacientes, juntamente com a
degeneração cognitiva(12). Esses sintomas também são encontrados na fase de pré-
demência(13), inclusive, sendo associados com maior risco de desenvolvimento de
Comprometimento Cognitivo Leve - CCL e de demência(14-16).
Seguindo essa linha investigativa, estudos vêm sendo realizados voltando-se,
especificamente, para as formas de detecção precoce do risco de desenvolvimento da doença
neurodegenerativa. Em 2003, Taragano e colaboradores(17) desenvolveram o Mild
Behavioral Impairment (MBI), construto que serviria para descrever um pródromo
neuropsiquiátrico para demência fronto-temporal (DFT) antes do declínio significativo da
memória(17, 18).
O construto MBI passou por transformações em seus critérios de classificação a partir
de 2012, durante a Alzheimer’s Association International Conference (AAIC), da
International Society to Advance Alzheimer’s Research and Treatment (ISTAART)(11). A
partir dos grupos de estudos conduzidos pelos pesquisadores da associação, os novos critérios
10

do MBI poderiam englobar, também, os sintomas de CCL, em indivíduos com 50 anos ou


mais de idade. Além disso, o MBI passou a ser estudado como preditor de vários quadros
demenciais, não apenas de DFT(11).
Desde 2012, o construto MBI engloba os seguintes fatores: a. decréscimo de
motivação; b. desregulação afetiva; c. descontrole de impulsos; d. inadequação social; e.
percepção ou conteúdo do pensamento anormal. Para detecção destes sintomas, foi
desenvolvido o Mild Behavioral Impairment - Checklist (MBI-C)(19), que segue os critérios
da ISTAART. O MBI-C é um questionário de 34 itens, e pode ser facilmente preenchido por
um paciente, um informante próximo ou um médico.

Apesar de ser um instrumento recente, o MBI-C já tem sido validado em alguns países
além do Canadá, como na Espanha(20, 21) e Coreia do Sul(22), e tem apresentado bons
índices de consistência interna, além de validade convergente e divergente(20),
correlacionando-se positivamente com o Inventário Neuropsiquiátrico (INP)(21, 22).
Estudos também têm demonstrado a prevalência do construto MBI em pacientes com
CCL. Mallo et al. (2018)(20) encontrou, em uma amostra de 111 participantes com CCL, uma
taxa de 14% que também apresentavam MBI. Assim como Kang et al. (2018)(22) mostra que
a prevalência de MBI em pacientes com CCL é significativamente maior do que em idosos
normais.
Além disso, Taragano e colaboradores (2009)(18), com uma amostra de 358 pacientes
(239 com CCL e 119 com MBI), acompanhados durante cinco anos, demonstraram que o
MBI pode ser um fator de risco maior que o CCL para o desenvolvimento de demência, 70%
da amostra que tinha MBI desenvolveu demência, contra 34% dos que tinham CCL.
1.1 Queixa subjetiva de memória, declínio cognitivo e risco de demência
As queixas de memória podem ser comuns em pacientes idosos, visto que há um
declínio natural do funcionamento cognitivo no envelhecimento saudável(23-27). Entretanto,
quando frequentes, as queixas de memória em pessoas idosas não devem ser consideradas
apenas um fenômeno inocente relacionado à idade ou enquanto um sintoma de depressão, mas
merecem uma atenção especial, pois podem se tratar de um sinal precoce de demência(24).
Muitos artigos têm explorado a relação entre queixa subjetiva de memória e o risco de
declínio cognitivo subsequente(28-30) e demência(7, 31), discutindo, inclusive, que as
queixas de memória, juntamente com a restrição em atividades cognitivas complexas da vida
diária, são sintomas iniciais observados na fase prodrômica da doença demencial,
especialmente, na Doença de Alzheimer (DA)(7).
11

Uma revisão realizada por Jonker, Geerlings e Schmand (2000)(24) identificou que,


em um acompanhamento longitudinal de, pelo menos, dois anos, queixas de memória
predisseram demência, especialmente, naqueles que apresentam CCL. Além disso, em idosos
com alto nível de escolaridade, queixas de memória podem ser preditivas de demência,
mesmo quando não há indicação de comprometimento cognitivo em testes curtos de triagem
cognitiva(24).
Em outro estudo, realizado por Abner, Kryscio, Caban-Holt e Schmitt(32), em 2015,
ao controlarem fatores de risco importantes para o desenvolvimento de demência, os
pesquisadores identificaram que os pacientes que relataram alterações na memória no início
do estudo apresentaram um aumento de 80% no risco de demência incidente em comparação
com os que não apresentaram queixa (um aumento de seis vezes no risco). A presença de
comorbidades comuns como diabetes, apneia do sono e histórico de traumatismo
cranioencefálico agravaram ainda mais esse risco.
Dado o atual contexto de pandemia da COVID-19 e de isolamento social, o presente
artigo optou por investigar a variável do declínio da memória através do relato subjetivo do
próprio participante, dado que não seria possível utilizar medidas já consolidadas para o
rastreio cognitivo, como o Mini Exame do Estado Mental (MEEM)(33), por exemplo, uma
vez que necessitaria de aplicação síncrona, dificultando a coleta de dados por aumentar as
chances de incompatibilidade e falta de disponibilidade de horários entre pesquisadores e
sujeitos da amostra. Além disso, a literatura aponta diversos estudos que demonstram a
associação da queixa subjetiva de memória a medidas de rastreio cognitivo e o risco
aumentado para desenvolvimento de demência:
Um estudo de 2009, realizado por Youn e colaboradores(34), mostrou que um
questionário de queixa subjetiva de memória estava associado a resultados de testes
cognitivos objetivos e tinha capacidade diagnóstica moderada para demência. Além disso, o
declínio cognitivo subjetivo tem sido associado a achados anormais na ressonância magnética
(MRI), incluindo menor volume do hipocampo esquerdo(35) e diminuição da densidade da
substância cinzenta nas regiões temporal medial bilateral, frontotemporal e outras regiões
neocorticais(36), áreas já relacionadas aos processos mnemônicos. Estudos recentes também
comprovam a queixa de memória consistente como preditora de declínio cognitivo e
associada a uma maior incidência de demência(37-40).
1.2 Sintomas neuropsiquiátricos, comportamentais e Cognição Social.
12

Além dos sintomas neuropsiquiátricos, alterações comportamentais e as possíveis


queixas de memória, déficits de Cognição Social também estão associados a diversos quadros
neurológicos e psiquiátricos, sendo, por vezes, parte de seus critérios diagnósticos(41). Já há
evidência consolidada, incluindo estudos de metanálise, demonstrando uma estreita relação
entre déficits de Cognição Social e DFT(42-45). Áreas afetadas nos quadros de DFT são
recrutadas nos processos de Cognição Social, em particular, o córtex pré-frontal medial e
lateral e junção têmporo-parietal(44, 46).
Alguns sintomas comportamentais típicos de quadros demenciais são comportamentos
típicos de déficit de Cognição Social(41). A Cognição Social é discutida na literatura como o
conjunto de habilidades que envolvem identificar, manipular e adequar o comportamento de
acordo com as informações sociais relevantes de um dado contexto(47), ou seja, é
extremamente importante para a adequação social e o bom funcionamento nas relações
interpessoais(48).As habilidades que constituem a Cognição Social caracterizam-se pela
percepção emocional (PE), a percepção social (PS), a teoria da mente (ToM) e o estilo de
atribuição (EA)(49). Algumas dessas têm sido investigadas, por diversos autores, em
associação com distúrbios neurológicos e psiquiátricos, como a PE e a ToM: por exemplo,
déficits na ToM, que seria a capacidade de inferir os estados subjetivos (desejos, sentimentos,
intenções e pensamentos) de outros indivíduos, diferenciando-os dos seus próprios(50, 51),
são encontrados em estreita relação com a DFT(42-45). Déficits no reconhecimento de
emoções, ou seja, na capacidade de inferir informação emocional a partir das expressões
emocionais, de forma semelhante, aparecem relacionados com a DFT(43). Estudos também
apontam sua associação com vários quadros psiquiátricos, como a depressão(52, 53),
Esquizofrenia(54-57) e Transtorno Afetivo Bipolar(57, 58).

1.3 Fatores de risco e de proteção para o desenvolvimento de demências


Além do comprometimento cognitivo, comportamental e do déficit de Cognição
Social, variáveis de características individuais têm sido investigadas como possíveis
identificadores de risco ou proteção para o desenvolvimento de demências, como o sexo, a
presença de comorbidades médicas, como hipertensão e diabetes, a prática de atividade física
e o consumo de álcool, como explicitado a seguir:
1.3.1 Sexo
O sexo demonstra ser um importante fator a ser considerado no risco de
desenvolvimento de demência. Uma revisão realizada em 2014, por Kua e colaboradores(59),
identificou que a DA, a forma mais comum de demência (60% a 80% dos casos), tem uma
13

progressão mais rápida em mulheres idosas. Hebert et al. (2013)(60) relataram em pesquisa
que quase dois terços dos pacientes com DA são mulheres. Um estudo italiano de coorte traz
dados de que as mulheres representam mais de 70% em um total de 213 pacientes com
demência(61). Já outros estudos apontam que as mulheres têm um risco maior de desenvolver
DA e os homens têm um risco maior de desenvolver Demência Vascular (DV)(62-64).

1.3.2 Prática de atividade física


De acordo com uma revisão sistemática realizada por Deckers e colaboradores(65), em
2014, dos sete estudos sobre baixa frequência na prática de atividade física, cinco
encontraram um risco aumentado para o desenvolvimento de demências(66-70). Numa
metanálise realizada com 14 estudos prospectivos, a inatividade física aumentou em 39% o
risco de desenvolver demência(71). Em outra metanálise, realizada por Heyn, Abreu e
Ottenbacher (2004)(72), que incluiu 30 ensaios clínicos randomizados, descobriu-se que o
treinamento físico tem um efeito positivo na função cognitiva. Outros estudos observaram que
a atividade física cardiorrespiratória está associada positivamente à preservação de funções
cognitivas globais entre os idosos(73, 74) e a uma redução de 30–50% no declínio
cognitivo(75-77).

1.3.3 Comorbidades médicas

1.3.3.1 Hipertensão
De acordo com Barnes e Yaffe (2011)(78), a hipertensão na meia-idade está associada
a um risco 61% maior de desenvolver demência. De 21 estudos, 19 encontraram associação
entre hipertensão e risco de demência, de acordo com a revisão sistemática de Deckers et. al.
(2014)(65). Desses, sete eram sobre hipertensão na meia-idade(79-85), e 12 eram sobre
hipertensão na terceira idade(82-84, 86-94).

1.3.3.2 Diabetes
A diabetes tipo dois causa resistência à insulina, que está relacionada à formação de
Aβ e agentes inflamatórios no cérebro(95, 96), e o subsequente aumento do risco para
desenvolvimento de DA(95). Estudos vêm sendo realizados mostrando resultados que
corroboram para o estabelecimento da diabetes como um importante fator de risco para o
desenvolvimento de demências(79, 82, 84, 85, 87, 89, 97-102). Em uma metanálise realizada
por Lu et al. (2009)(103), a diabetes apresentou um risco de 47% para a demência.
14

1.3.4 Consumo de álcool


A princípio pode parecer um resultado controverso, mas uma revisão sistemática
realizada por Rehm e colaboradores (2019)(104) aponta que o uso leve a moderado de álcool
na idade adulta média a tardia está associado a uma diminuição do risco de comprometimento
cognitivo e demência. Já o seu uso excessivo foi associado a mudanças nas estruturas
cerebrais, deficiências cognitivas e a um risco aumentado de desenvolvimento para todos os
tipos de demência.
Em 2015, Jenni e colaboradores(105) avaliaram um conjunto de revisões sistemáticas
e encontraram que a ingestão de álcool, de forma leve a moderada, pode diminuir o risco de
DA e outras demências, enquanto o beber em excesso não afeta o risco de desenvolvimento.
Uma meta-análise incluindo 20 coortes e três estudos de caso-controle indicou que o consumo
de álcool pode ser protetor para DA, mas não para Demência Vascular (DV) e declínio
cognitivo(106).

1.3.5 Uso de cigarro


Uma metanálise realizada por Peters et. al.(107) envolvendo oito estudos prospectivos,
identificou que o tabagismo recorrente foi associado a um aumento significativo de 59% no
risco para desenvolvimento de DA, mas não obteve associação com DV e declínio cognitivo.
Dos treze estudos que relataram sobre tabagismo em Deckers et. al. (2014)(65), dez
encontraram um risco aumentado para demência(79, 87, 108-114).
Um estudo longitudinal nos Estados Unidos relata uma associação significativa entre
fumantes e o risco de demência, entretanto, não encontram associação quando se trata de ex-
fumantes(115).

1.4 Hipótese
Sintomas neuropsiquiátricos, CCL e déficits de Cognição Social já estão associados a
diversos quadros neurológicos e psiquiátricos, sendo, por vezes, parte de seus critérios
diagnósticos(41). O MBI é um construto recente, com estudos que vêm demonstrando sua
correlação com sintomas neuropsiquiátricos, CCL e desenvolvimento de quadros
demenciais(18, 20). Além disso, variáveis demográficas e clínicas já estabelecidas na
literatura como fatores de risco para o desenvolvimento de demências são levadas em
consideração neste trabalho, como sexo, a prática de atividade física, o consumo de álcool, o
tabagismo, a presença de alguma comorbidade médica, como a hipertensão ou a diabetes, e as
queixas de memória.
15

Portanto, uma correlação positiva entre Comprometimento Comportamental Leve


(MBI), queixas subjetivas de memória, déficits de Cognição Social e variáveis demográficas
já validadas na literatura como fatores de risco para demência, validam o MBI enquanto um
possível preditor de quadros demenciais. Além disso, destaca-se que o MCI, o déficit de
Cognição Social e as queixas subjetivas de memória são sintomas pré-clínicos que podem
surgir antes mesmo do CCL, são de fácil rastreio por não demandarem uma avaliação
neuropsicológica e podem ser usados precocemente para intervir em casos de possível
demência futura.
Assim, pretende-se investigar a associação entre déficits de Cognição Social, MBI e
queixas de memória, bem como avaliar a pertinência desses enquanto preditores de quadros
demenciais. Dessa forma, a investigação proposta é extremamente inovadora, visto a escassez
de pesquisas que articulam esses temas em conjunto, principalmente, no Brasil. Estudos dessa
natureza podem colaborar com a detecção e tratamento precoce de demências, bem como com
uma compreensão mais abrangente desses quadros e, principalmente, de sua fase prodrômica.
16

2 MÉTODO
O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do
Ceará, em Ceará, Brasil, protocolo número 4.244.330, em 28/08/2020, seguindo a Resolução
466/12 do Conselho Nacional de Saúde.
2.1 Participantes
O estudo contou com 72 participantes, dos quais todos concordaram com o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (APÊNDICE...) antes de responder aos testes. Os critérios
de inclusão na amostra foram os seguintes: ter 50 anos ou mais e apresentar alguma queixa de
memória. Já os critérios de exclusão consistiram em: possuir diagnóstico de demência ou de
algum transtorno psiquiátrico. As características sociodemográficas dos participantes estão
explícitas na Tabela 1.
Inicialmente, a coleta de dados seria realizada de forma presencial em Fortaleza, na
Clínica Escola de Psicologia da Universidade Federal do Ceará, mas, devido à pandemia
causada pela COVID-19, necessitou-se de uma adequação para uma coleta remota e um novo
projeto foi tramitado no Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos (Parecer No
4.244.330, em 28/08/2020), recebendo, assim, uma nova autorização para sua continuidade.
A fim de adequar os instrumentos utilizados para o modo virtual, foi realizada uma
nova pesquisa bibliográfica com o objetivo de garantir uma teleavaliação neuropsicológica
adequada. Procurou-se diversos estudos que validassem a coleta remota de testes cognitivos a
fim de compor uma nova coleta a partir das variáveis da pesquisa.
Os participantes foram convidados a colaborar com a pesquisa de forma on-line,
através de divulgação feita por meios digitais em redes sociais, como o Instagram, o
WhatsApp e grupos no Facebook para pessoas da população geral da cidade de Fortaleza,
Ceará.

2.2 Instrumentos e procedimentos de coleta


Para medir os sintomas psiquiátricos e alterações no comportamento, utilizou-se o
Mild Behavioral Impairment – Checklist (MBI-C)(19) (ANEXO ...). A queixa de memória
subjetiva foi avaliada através do Teste de Percepção Subjetiva da Memória (MAC-Q)(116)
(ANEXO ...). Já para avaliar a Cognição Social dos participantes, utilizou-se o Theory of
Mind (ToM) Stories(117) (ANEXO ...) e o Reading the Mind in the Eyes Test (RMET)(118)
(ANEXO ...). Os participantes também responderam a um questionário sociodemográfico
(APÊNDICE ...). Os dados foram coletados de forma on-line e a amostra foi por
conveniência.
17

2.2.1 Mild Behavioral Impairment – Checklist


O MBI-Checklist(19) é um instrumento desenvolvido para detectar o MBI, baseado
nos critérios do ISTAART. Trata-se de uma escala com 34 itens, que mede cinco dimensões:
1. interesse, motivação e energia; 2. sintomas de humor ou de ansiedade; 3. capacidade de
controlar o próprio comportamento; 4. presença de comportamento social adequado, tato e
empatia; 5. crenças arraigadas e experiências sensoriais. Os itens são analisados de acordo
com uma escala dicotômica “sim” ou “não” e com 3 gradações (leve, moderado ou grave). O
instrumento, por ainda ser recente (2017), não foi validado com uma amostra brasileira,
entretanto, o processo de tradução já foi oferecido pelo grupo criador do instrumento. Um
derivado do presente estudo irá conduzir a análise psicométrica para validação com população
brasileira.

2.2.2 Memory Complaint Questionnaire (MAC-Q)


Elaborado por Crook, Feher e Larrabee (1992)(116), trata-se de um instrumento de
autoaplicação, e tem como propósito averiguar como o indivíduo percebe sua memória no
momento presente em comparação a quando tinha 40 anos de idade. Os itens do questionário
envolvem atividades cotidianas que demandam que o indivíduo lembre de certas situações. É
respondido através de uma escala Likert de cinco pontos que variam de “muito melhor agora”
até “muito pior agora” (comparando a quando tinha 40 anos). Foram considerados indicativos
de comprometimento subjetivo da memória escores maiores ou iguais a 25 pontos(119), com
pontuação máxima de 30 pontos.

2.2.3 Theory of Mind (ToM) Stories


O ToM Stories, elaborado por Frith e Corcoran (1996)(120), e traduzido e adaptado
para o português brasileiro por Sanvicente-Vieira, Brietzke e Grassi-Oliveira (2012)(118),
avalia a teoria da mente baseado no paradigma da falsa crença (false belief), avaliando crenças
de primeira e de segunda ordem através de seis histórias.

2.2.4 Reading the Mind in the Eyes Test (RMET)


O RMET (BARON-COHEN et al., 1997)(121) testa a capacidade de interpretar
sentimentos e intenções de outras pessoas por meio de expressões faciais da região dos olhos.
O teste contém 37 itens com imagens da região dos olhos, e quatro opções em que o
18

participante deve escolher a que melhor representa o sentimento expresso na figura. Foi
validado para o contexto brasileiro por Sanvicente-Vieira e colaboradores (2013)(118).
Foi feita uma adaptação de todos os instrumentos utilizados para a plataforma Google
Forms.

2.3 Análise dos dados


Os dados foram analisados com o pacote estatístico SPSS 21. Os dados descritivos
foram gerados a partir das variáveis sociodemográficas e clínicas, por meio de frequências
absolutas e relativas, médias e desvios-padrão. A associação entre a avaliação do MBI e seus
domínios com o grau da queixa de memória e o déficit de Cognição Social foi feita através da
correlação de Spearman. As comparações entre médias das características clínicas e
demográficas entre os grupos foram realizadas usando o teste T e foi calculado o tamanho do
efeito das análises (d de Cohen). Os resultados de d = 0,2 foram interpretados como baixos (d
= 0,2); médios (d = 0,5); e altos (d = 0,8)(122). O nível de significância adotado foi p < 0,05.
19

3 RESULTADOS
Dos 72 participantes do estudo, a maioria era do sexo feminino (76,4%), casada
(69,4%), com o pós-graduação (33,3%), assalariada (34,7%), sem diagnóstico de CCL
(97,2%), sem acompanhamento por um profissional da saúde mental (90,3%). Além disso, a
maioria não possui parente de primeiro grau com diagnóstico de demência (75,0%), não
pratica atividade física (63,9%) e não apresenta alguma comorbidade médica (54,2%). As
características biossociodemográficas dos grupos são apresentadas na Tabela 1.
As médias de acerto nas tarefas de Cognição Social estão apresentadas na Tabela 2. A
porcentagem mínima de acertos no ToM Stories foi de 52,9%, e máxima de 94,1%, com
média de 80,2% de acertos. Já o RMET apresentou 62,6% de média de acertos, com mínimo
de 30,5% e máximo de 86,1%.
Com relação à perda subjetiva de memória, 93,1% dos participantes apresentaram esse
déficit, com média de 27,8 (DP = 1,6) na pontuação do MAC-Q. (Tabela 3). A pontuação
média da amostra no MBI-C foi de 9,86 (DP = 14,42). Os resultados médios do MBI-C
separados pelos fatores estão expostos na Tabela 4.
A correlação entre as queixas de memória (MAC-Q) e os domínios do MBI foram
significativas com os domínios Desregulação Afetiva (rs = 0,46, p < 0,001) e Descontrole de
Impulsos (rs = 0,31, p = 0,007) e com o escore total do teste (rs = 0,39, p = 0,001) (Tabela 5).
Os acertos no teste RMET correlacionaram-se negativamente com o domínio Inadequação
Social do MBI (rs = -0,27, p = 0,019) e as queixas de memória (rs = -0,29, p = 0,014). Não se
encontrou correlações significativas entre o escore total do teste ToM Stories e as outras
demais variáveis.
Considerando o grau de comprometimento comportamental, a média das mulheres foi
significativamente maior que a dos homens nas respostas ao MBI-C (escote total) (t = 2,11, p
= 0,031, d = 0,52) e, também, no domínio Desregulação Afetiva do MBI (t = 3,21, p = 0,002,
d = 0,81). Além disso, a média das mulheres também foi maior com relação às queixas de
memória (MAC-Q) (t = 3,20, p = 0,002, d = 0,76) (ver Tabela 6).
Os não-praticantes de atividade física pontuaram mais no escore total do MBI-C (t =
2,11, p = 0,037, d = 0,51), no fator Desregulação Afetiva do MBI (t = 3,09, p = 0,003, d =
0,74) e no MAC-Q (t = 3,62, p = 0,001, d = 0,86) em comparação com aqueles que praticam
atividade física (Tabela 7). Além disso, realizou-se uma correlação de Spearman entre a
frequência de atividade física (semanal) e os resultados dos testes aplicados, da qual
encontrou-se resultados que confirmam os do Teste T. A frequência de atividade física se
correlacionou negativamente com o resultado total do MBI-C (rs = - 0,25, p = 0,04), com o
20

fator Desregulação Afetiva do MBI (rs = - 0,32, p = 0,007) e com o escore do MAC-Q (rs = -
0,40, p = 0,001) (Tabela 8)
A média daqueles que apresentam alguma comorbidade médica, em comparação com
aqueles que não apresentam, é significativamente maior no escore total do MBI-C (t = 3,20, p
= 0,003, d = 1,00) e em todos os seus domínios: Decréscimo de Motivação (t = 2,35, p =
0,003, d = 0,56), Desregulação Afetiva (t = 2,94, p = 0,003, d = 0,84), Descontrole de
Impulsos (t = 2,82, p = 0,003, d = 0,91), Inadequação Social, (t = 2,57, p = 0,003, d = 0,84) e
Percepção ou conteúdo do pensamento anormal (t = 3,05, p = 0,003, d = 1,04); além disso,
também apresentaram médias maiores nas respostas ao MAC-Q (t = 2,36, p = 0,003, d = 0,57)
(Tabela 9). A principal comorbidade médica relatada pelos participantes foi hipertensão
(63,6% dos que apresentam comorbidade), seguida de diabetes (21,2%)
Com relação aos grupos dos que fazem acompanhamento com algum profissional da
saúde mental e daqueles que não o fazem, o primeiro grupo apresenta médias
significativamente maiores no escore total do MBI-C (t = 2,64, p = 0,010, d = 0,63), no
domínio Desregulação Afetiva do MBI (t = 2,93, p = 0,024, d = 2,28), e no resultado do
MAC-Q (t = 1,98, p = 0,049, d = 0,47) (Ver tabela 10).
As médias dos usuários de álcool foram significativamente menores no valor total do
MBI-C (t = 2,38, p = 0,020, d = 0,57); nos domínios Decréscimo de Motivação (t = 2,43, p =
0,018, d = 0,58), Desregulação Afetiva (t = 2,65, p = 0,010, d = 0,67) e Inadequação Social (t
= 2,19, p = 0,032, d = 0,52) do MBI-C, em comparação com os que não fazem uso de álcool
(Tabela 11), além de pontuarem menos também no MAC-Q (t = 2,18, p = 0,033, d = 0,52). Já
entre os usuários e não usuários de cigarro não foram identificadas diferenças significativas.
21

4 DISCUSSÃO
A associação encontrada entre as queixas de memória e o MBI colaboram para o
estabelecimento do MBI como um preditor de quadros demenciais, visto que as queixas de
memória já são consolidadas na literatura como fortes indicativos de futuro desenvolvimento
de demência, principalmente DA(7, 24, 32).
De acordo com os resultados, a Cognição Social está associada com o fator
Inadequação Social do MBI, especialmente, o fator Percepção Emocional (PE) da Cognição
Social. Já há estudos que comprovam a associação da PE ao funcionamento na comunidade e
existe um bom suporte para uma relação com o comportamento social(123, 124) e, também,
com as habilidades sociais(125, 126). O domínio Inadequação Social do MBI descreve o
comprometimento da adesão às normas da sociedade e da presença de comportamento social
adequado, tato e empatia. Já a PE da Cognição Social é a capacidade de inferir informações
emocionais (o que uma pessoa está sentindo) a partir de expressões faciais ou inflexões
vocais(49). Dessa forma, um déficit nessa habilidade da Cognição Social pode resultar em
problemas relacionados ao funcionamento social, nas relações interpessoais, pela dificuldade
em inferir adequadamente os estados emocionais dos indivíduos com que se relaciona, não
podendo agir da maneira mais coerente. Os resultados dessa pesquisa colaboram para o
fortalecimento dessa relação.
O estudo não encontrou associação entre a ToM e nenhuma das demais variáveis. Isso
pode ser explicado tanto pela limitação do tamanho da amostra quanto pela própria literatura
já estabelecida sobre o tema: de acordo com uma revisão realizada por Couture, Penn e
Roberts em 2006(49), há achados bem controversos sobre a associação da ToM com
comportamento social e habilidades sociais, muitos estudos demonstrando não haver uma
relação significativa. Ademais, outras habilidades constituintes da Cognição Social não foram
analisadas nesse estudo, como a percepção social (PS) e o estilo de atribuição (EA). Portanto,
segue-se a necessidade de investigação dos demais aspectos da Cognição Social associados ao
comprometimento comportamental, como demanda para futuros estudos.
As diferenças encontradas entre os sexos mostram que mulheres apresentam maiores
índices de comprometimento comportamental, desregulação afetiva e queixas de memória
quando comparadas aos homens. Como estudos anteriormente discutidos no presente artigo já
estabelecem o sexo feminino como um fator de risco para demência(59-62), a associação
deste com o MBI colabora com o estabelecimento deste último enquanto um preditor de
quadros demenciais. O risco maior para mulheres pode ser explicado pela longa exposição ao
22

estrogênio ao longo da vida, bem como uma expectativa de vida maior que a dos homens(127,
128).
Na comparação entre praticantes e não-praticantes de atividade física, encontrou-se
que aqueles que praticam atividade física apresentam significativamente menos
comprometimento comportamental, menos desregulação afetiva e menos queixas de memória.
Além disso, encontrou-se relação entre a frequência de atividade física e essas mesmas três
variáveis, fortalecendo a hipótese de que quanto maior a frequência de exercícios físicos,
menor o comprometimento comportamental, menores as queixas de memória e menor o risco
de demência. Isso colabora com os achados já expostos nesse artigo de atividade física como
fator protetivo contra a demência(66-71). O efeito protetor da atividade física pode ser
explicado pelo fato de proporcionar a redução do risco vascular e da obesidade, além de
menos inflamações, aumento da aptidão, da saúde neuronal e da funcionalidade física, bem
como de como comportamento positivo(72, 129). Além disso, pesquisas com animais têm
demonstrado que a atividade física pode afetar diretamente o cérebro, independente de seus
efeitos cardioprotetores(130).
Aqueles que apresentam alguma comorbidade médica, como hipertensão e diabetes,
demonstraram um aumento significativo de comprometimento comportamental, com um
tamanho do efeito alto (d = 1,00). Ademais, pontuaram maior em todos os fatores do MBI,
todos os tamanhos de efeito grandes (d variando de 0,84 a 1,04), à exceção do fator
Decréscimo de Motivação, que apresentou um tamanho do efeito médio (d = 0,56). Além
disso, os resultados mostram que pessoas que apresentam comorbidades médicas também
apresentam mais queixas de memória, com um tamanho do efeito médio (d = 0,57). Isso se dá
porque a grande maioria das comorbidades médicas dos participantes eram hipertensão,
seguida por diabetes, que são fatores de risco para o desenvolvimento de demências já
consolidados na literatura(65, 78, 79, 82-103).
Os possíveis mecanismos biológicos para o estabelecimento da hipertensão como um
fator de risco incluem aterosclerose, lesões da substância branca, aumento de placas neuríticas
e emaranhados e atrofia(131). Já os mecanismos patológicos que ligam a diabetes ao declínio
cognitivo e à demência podem incluir processos metabólicos, vasculares e inflamatórios. A
deficiência de insulina está ligada ao metabolismo da patologia da DA, incluindo beta e tau
amilóide(65, 132, 133).
Os participantes que fazem acompanhamento com profissionais da saúde mental
pontuaram mais em MBI, desregulação afetiva e em queixas de memória, o que indica que o
MBI-C pode estar medindo realmente o que se propõe a medir, visto que essas pessoas já
23

haviam percebido alterações no seu comportamento e procurado ajuda de um profissional,


além de fortalecer a sua relação com a autopercepção da perda de memória.
Os resultados dessa pesquisa também mostraram que os usuários de álcool pontuaram
menos em comprometimento comportamental e em três fatores do MBI: Decréscimo de
Motivação, Desregulação Afetiva e Inadequação Social. Dessa forma, consumir álcool,
moderadamente, pode diminuir os riscos de apresentar comprometimento comportamental em
pelo menos três dimensões. Esses participantes também apresentaram menos queixas
subjetivas de memória. Todos esses resultados com um tamanho do efeito moderado (d
variando de 0,52 a 0,67). Como já discutido aqui, o consumo leve a moderado de álcool é um
fator de proteção para o comprometimento cognitivo e para a demência(104-106). O efeito
protetivo do álcool pode estar associado aos seus efeitos cardiovasculares, como a redução do
colesterol, da pressão arterial, da coagulação do sangue e de ataques isquêmicos, além de
efeitos dos flavonóides do vinho que são anti-amiloidogênicos(134, 135). Por outro lado, o
abuso de álcool está relacionado com risco de demência, isso por conta da neurotoxicidade do
álcool, as neuroinflamações e alterações nos neurotransmissores, que podem causar síndrome
de Wernicke-Korsakoff, demência alcoólica, acidente vascular cerebral e degeneração
cerebelar(136).

Uma limitação deste estudo foi não ter acessado medidas de frequência ou quantidade
de consumo de álcool. Assim, não se pode afirmar que todos os participantes faziam consumo
moderado de álcool.

Quanto ao uso de cigarro, os resultados não mostraram nenhuma diferença


significativa, apesar de, na literatura, o tabagismo apresentar grande escopo como fator de
risco para demências(70, 79, 87, 107-109, 111-115). Isso pode ter se dado em decorrência da
limitação da amostra desse estudo, já que o grupo dos fumantes apresentava apenas cinco
pessoas.

Faz-se necessário salientar que o tamanho da amostra do presente estudo não


corroborou para a realização de análises estatísticas mais robustas e com resultados mais
acurados e generalizáveis. Isso porque, dada a atual pandemia da COVID-19, foi necessário,
com o estudo já em andamento, adaptá-lo completamente para coleta por meio remoto (on-
line). Visto que a população alvo do estudo (adultos acima de 50 anos) não é um grupo, em
geral, muito ativo nas redes virtuais, o processo de captação de participantes foi dificultado.
24

Entretanto, resultados pertinentes e coerentes com a literatura foram obtidos e colaboram para
uma melhor compreensão dos fenômenos estudados.
A correlação positiva e significativa entre os fatores do MBI-C – à exceção de
Inadequação Social com Percepção ou conteúdo do pensamento anormal, traz evidências da
consistência interna do instrumento, necessitando estudos de validação com amostras mais
representativas no Brasil para estabelecer o MBI-C como uma medida válida e fidedigna do
construto MBI, visto que há potencial para tanto. Ademais, a medida já foi validada em países
como o Canadá(19), a Espanha(20, 25) e a Coreia do Sul(22).
25

5. CONCLUSÃO
O estudo objetivou verificar a associação de MBI com déficits de Cognição Social e a
caracterização desses enquanto preditores de quadros demenciais. Os resultados
demonstraram estar de acordo com a literatura já consolidada sobre o tema. Além disso, este
estudo mostrou associações entre o MBI e a habilidade de percepção emocional da Cognição
Social e com fatores de risco para demência, o que corrobora para sua classificação como um
preditor de quadros demenciais.
Ademais, os resultados dessa pesquisa puderam contribuir para a melhor compreensão
dos sintomas que precedem o desenvolvimento de quadros demenciais, instigando novas
pesquisas que procurem acessar o MBI, construto que pode, inclusive, anteceder o
comprometimento cognitivo em pacientes que venham a desenvolver demência, para que haja
uma intervenção e tratamento precoce desses casos, colaborando com seu prognóstico.
Uma grande limitação do estudo foi a pequena amostra decorrente dos problemas da
pandemia da COVID-19, na qual precisou-se adaptar a coleta para o meio remoto (on-line) e
não foi possível conseguir a adesão de muitos participantes, dado o prazo para a realização da
pesquisa, o que dificulta a generalização dos dados.
Ademais, o MBI-C mostrou potencial como instrumento útil para o acesso ao grau de
comprometimento comportamental, necessitando de mais estudos, com amostras maiores e
generalizáveis da população geral para validá-lo para o contexto brasileiro, algo que esse
artigo não pôde realizar por conta da pequena amostra.
Novos estudos, com avaliação longitudinal, fazem-se necessários para verificar a
validade do MBI como preditor de demência (e quais os tipos de demência), além de
verificarem melhor sua relação com a Cognição Social, acrescentando instrumentos que
acessem outras habilidades da Cognição Social, como a percepção social e o estilo de
atribuição.
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with cognitive impairment and dementia: A meta-analysis11No commercial party having a
direct financial interest in the results of the research supporting this article has or will confer a
benefit upon the author(s) or upon any organization with which the author(s) is/are associated.
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TABELAS

Tabela 1

Dados Sociodemográficos dos Participantes

MÉDIA
N %
(DP)
Idade 72 59,31 (7,84)

Sexo

  Feminino 55 76,4

  Masculino 17 23,6

Estado civil

  Solteiro (a) 10 13,9

  Casado (a) / convivente 50 69,4

  Viúvo (a) 5 6,9

  Divorciado (a) 7 9,7

Escolaridade

  Fundamental incompleto 7 9,7

  Fundamental completo 4 5,6

Médio incompleto 3 4,2

  Médio completo 10 13,9

  Superior incompleto 1 1,4

Superior completo 23 31,9

Pós-graduação 24 33,3

Ocupação 

  Não trabalha, mas recebe auxílio 3 4,2

  Aposentada (o) 21 29,2

Assalariado (a) 25 34,7

Atividades domésticas (dono (a) de casa) 9 12,5

Desempregado (a) 3 4,2

  Outro 11 15,3

Diagnóstico de CCL
Possui 2 2,8

Não possui 70 97,2

Acompanhamento com profissional da saúde


mental
  Faz acompanhamento 7 9,7

  Não faz acompanhamento 65 90,3


Parente de primeiro grau com diagnóstico

  Possui 18 25,0

  Não possui 54 75,0

Pratica atividade física 

Pratica 26 36,1

  Não pratica 46 63,9

Apresenta alguma comorbidade médica

Apresenta 33 45,8

Não apresenta 39 54,2

Tabela 2

Médias de Acerto em Tarefas de Cognição Social

% de
% de acerto
Teste acerto Média
mínimo máximo
ToM Stories 52,9% 94,1% 80,2%
RMET 30,5% 86,1% 62,6%
Legenda: ToM Stories = Theory of Mind Stories Test; RMET = Reading the mind in the eyes test.

Tabela 3

Perda subjetiva de memória dos pacientes

% da amostra Média (DP)


Apresentam perda subjetiva de memória 93,1% 27,8 (1,6)
Não apresentam perda subjetiva de memória 6,9% 20,7 (3,0)
*mensurado pelo Teste de Percepção Subjetiva da Memória (MAC-Q).

Tabela 4
Resultados do Mild Behavioral Impairment - Checklist

DOMÍNIOS MÉDIA DP MÍNIMO MÁXIMO

Total 9,86 14,42 0,0 70,0

Interesse, motivação e energia 1,91 3,41 0,0 14,0

Sintomas de humor ou de ansiedade 3,18 4,18 0,0 15,0

Capacidade de adiar a gratificação e de


3,18 5,54 0,0 31,0
controlar o comportamento, os impulsos ou a ingestão alimentar

Adesão às normas da sociedade e presença


0,77 1,67 0,0 7,0
de comportamento social adequado, tato e empatia

Crenças arraigadas e experiências sensoriais 0,80 1,78 0,0 10,0

Tabela 5 - Correlação de Spearman entre os cinco fatores do MBI e os instrumentos MAQ-Q, ToM
Stories e RMET

Instrumentos e fatores 1 2 3 4 5 6 7 8 9

1. MBI - TOTAL —

2. MBI - Motivação .65** —

3. MBI - Humor .90** . —


47**

4. MBI - Impulsos .84** . .70** —


51**

5. MBI - Comportamento .60** . .53** .48** —


Social 40**

6. MBI - Crenças .50** .29* .35** .54** .23 —

7. MAC-Q - TOTAL .39** .16 .46** .31** .21 .16 —

8. ToM - TOTAL -.11 -.06 -.19 -.20 -.09 -.0 -.10 —


2

9. RMET - TOTAL -.08 -.01 -.12 -.03 -.27 -.0 -.29* .22 —
* 7

Nota: *p< 0,05; **p<0,001.


Tabela 6 - Comparação de médias entre homens e mulheres
Mulheres Homens
Subíndice (n=55) (n=17) T D
M DP M DP
11,1 15,9 0,52
MBI - TOTAL 5,59 6,36 2,11*
8 4
MBI - Motivação 2,20 3,77 1,00 1,62 1,87 0,47
MBI - Humor 3,76 4,48 1,29 1,96 3,21* 0,81
MBI - Impulsos 3,58 6,22 1,88 1,86 1,78 0,42
MBI - Comportamento Social 0,80 1,17 0,70 1,53 0,20 0,05
MBI - Crenças 0,84 2,00 0,70 0,77 0,26 0,06
21,8 0,76
MAC-Q - TOTAL 3,14 19,00 3,44 3,20*
5
Nota: * p< 0,05

Tabela 7 - Comparação de médias entre aqueles que praticam


atividade física e os que não praticam
Não pratica Pratica
atividade atividade
Subíndice física física T D
(n=46) (n=26)
M DP M DP

MBI - TOTAL 12,11 16,67 5,88 8,04 2,21* 0,51

MBI - Motivação 0,32


2,26 3,97 1,31 2,03 1,35
MBI - Humor 4,11 4,65 1,54 2,39 3,09* 0,74

MBI - Impulsos 0,33


3,85 6,53 2,00 287 1,37
MBI - Comportamento Social 0,91 1,85 0,54 1,30 0,91 0,22

MBI - Crenças 0,26


0,98 2,15 0,50 0,76 1,09
MAC-Q 22,19 3,14 19,38 3,20 3,62* 0,86
Nota: * p< 0,05

Tabela 8 - Correlação de Spearman entre Frequência de atividade


física e os instrumentos MBI-C e MAQ-Q.

Variáveis 1 2 3 4

1. MBI - TOTAL —

2. MBI - Humor .90** —

3. MAC-Q - TOTAL .39** .46** —

4. Frequência Atividade -.25* -.32* -.40* —


Física *
Nota: *p< 0,05; **p<0,001.

Tabela 9 - Comparação de médias entre aqueles que apresentam


alguma comorbidade médica e aqueles que não apresentam
Não
apresenta Apresenta
Subíndice comorbidade comorbidade T D
(n=39) (n= 33)
M DP M DP

MBI - TOTAL 4,90 7,26 15,73 18,26 3,20* 1,00

MBI - Motivação 0,56


1,05 2,30 2,94 4,20 2,35*
MBI - Humor 1,87 2,84 4,73 4,92 2,94* 0,84

MBI - Impulsos 0,91


1,46 2,51 5,21 7,27 2,82*
MBI - Comportamento Social 0,31 1,03 1,33 2,09 2,57* 0,84

MBI - Crenças 1,04


0,20 0,47 1,51 2,42 3,05*
20,3 0,57
MAC-Q
3 3,25 22,18 3,39 2,36*
Nota: * p< 0,05

Tabela 10 - Comparação de médias entre aqueles que fazem


acompanhamento com profissionais da saúde mental e aqueles que não fazem
Faz
Não faz acompanhament
Subíndice acompanhamento o T d
(n=65) (n= 7)
M DP M DP
MBI - TOTAL 8,45 13,89 23,00 13,49 2,64* 0,63
MBI - Motivação 1,60 3,05 4,85 5,20 -1,62 1,27
MBI - Humor 2,58 3,56 2,83 3,56 -2,93* 2,28
MBI - Impulsos 2,83 5,53 6,42 4,96 -1,65 0,39
MBI - Comportamento Social 0,72 1,65 1,28 1,89 -0,84 0,20
MBI - Crenças 0,70 1,77 1,71 1,80 -1,42 0,34
MAC-Q 20,92 3,32 23,57 3,65 -1,98* 0,47
Nota: * p< 0,05

Tabela 11 - Comparação de médias entre consumidores e não


consumidores de álcool
Não consome Consome
álcool álcool
Subíndice (n=52) (n=20) T D
M DP M DP
MBI - TOTAL 11,61 16,24 5,30 6,23 2,38* 0,57 0,020
MBI - Motivação 2,32 3,87 0,85 1,27 2,43* 0,58 0,018
MBI - Humor 3,79 4,53 1,60 2,39 2,65* 0,67 0,010
MBI - Impulsos 3,65 6,27 1,95 2,70 1,61 0,39 0,112
MBI - Comportamento Social 0,96 1,90 0,30 0,66 2,19* 0,52 0,032
MBI - Crenças 0,88 2,05 0,60 0,75 0,60 0,14 0,549
MAC-Q - TOTAL 21,71 3,68 19,80 2,14 2,18* 0,52 0,033
Nota: * p< 0,05

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