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Cópia de Modelo de Monografia 5
Cópia de Modelo de Monografia 5
UNIABEU
CURSO DE PSICOLOGIA
Belford Roxo
2023
VICTORIA FERREIRA
Belford Roxo
2023
VICTORIA KETELY PEREIRA FERREIRA
GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA
BANCA EXAMINADORA
___________________________________________________
Orientador/a:
UNIABEU Centro Universitário
__________________________________________________
__________________________________________________
Belford Roxo
2023
DEDICATÓRIA
Dedico esse trabalho a mim mesma como um lembrete de que sou capaz, de
que posso superar qualquer desafio e alcançar meus objetivos. Este trabalho é o
resultado do meu esforço, da minha paixão e do meu comprometimento.
Que este trabalho represente não apenas o fim de um ciclo, mas também o
início de novas possibilidades, de novas descobertas e de uma contínua busca pelo
conhecimento.
AGRADECIMENTOS
1 FERREIRA, Victoria. Conectados, Mas Desconectados: O Impacto Psicanalítico do Uso Excessivo das
Redes Sociais na Vida dos Adolescentes. 2023. Monografia (Graduação em Psicologia) – UNIABEU Centro
Universitário, Belford Roxo, 2023
ABSTRACT
The excessive use of social networks has raised a significant concern in relation
to adolescents, as we cannot only consider the positive aspects of the platform, but
also the negative effects. This study aimed to examine social networks in the lives of
adolescents, from the perspective of psychoanalysis, it was analyzed how social
networks can affect them emotionally and psychologically, the lives of these young
people who are still in the development phase. In this work I used the method of
examining books, articles, documentaries, and newspapers, where I extracted
information about psychoanalysis, adolescent development and social networks.
Constant exposure to idealized content, pressure to fit virtual standards and lack of
real interactions are some of the challenges faced by adolescents. Throughout the
research we explored how social networks can affect narcissism, identity construction,
self-image, external approval. Psychoanalysis provided a better understanding of the
impacts of the excessive use of technology in the lives of adolescents and how it is
necessary for parents, educators, and health professionals to be attentive to the signs
of the excessive use of social networks.
INTRODUÇÃO .................................................................................................... 8
INTRODUÇÃO
Nos últimos anos, as redes sociais se tornaram uma parte integral da vida
moderna, oferecendo uma plataforma para conexão social, compartilhamento de
informações e entretenimento. No entanto, por trás da aparente inocência dessas
plataformas, existe um aspecto sombrio: a manipulação psicológica que ocorre por
trás delas. Na visão da psicanálise, é fundamental compreender como essa
manipulação afeta a psique humana e influencia nosso comportamento.
De acordo com o documentário O Dilema das Rede (2020), as redes sociais
são projetadas para atrair e reter a atenção dos usuários, tornando-se um espaço
onde o desejo é constantemente estimulado. Através de algoritmos sofisticados e
estratégias de design, as plataformas buscam atender aos desejos inconscientes das
pessoas, alimentando suas necessidades de aprovação, reconhecimento e conexão
social. Essa manipulação é realizada de forma sutil, muitas vezes explorando nossas
vulnerabilidades emocionais.
A sociedade contemporânea está cada vez mais presa na tela de um
smartphone, os criadores da plataforma descobriram o quanto o sujeito tem medo de
ficar sozinho e quanto estão dispostos a pagar para não ficar só. O sujeito acaba
pagando com sua liberdade, pois a partir do momento em que ele clica em “aceito os
termos” o algoritmo assume o controle da sua liberdade, ele acaba manipulando os
pensamentos dos seus usuários, além de também controlar seus usuários com
notificações, só para prender ainda mais o usuário a ele. Quando o algoritmo percebe
que a pessoa está um tempo sem utilizar alguma plataforma eles começam a mandar
notificações e te prender ainda mais ao aplicativo, quando a pessoa vai ver já perdeu
uma hora da sua vida só em frente do smartphone e no computador, pois os criadores
não ver só o sujeito como consumidor, o ver também como mercadoria, vendendo
nossos dados de pesquisa e desejos para grandes empresas, além de influenciar
nossos desejos sobre alguma mercadoria que a rede esteja vendendo
As redes sociais podem desencadear uma série de efeitos psicológicos. Pois
a busca incessante por validação e aprovação, por exemplo, pode levar a sentimentos
de inadequação e baixa autoestima quando não recebemos a resposta desejada.
11
A ideia começou a ser fazer com que se passe o máximo de tempo possível diante
da tela para o consumo de propaganda. Para isso, desenvolveram a estratégia dos algoritmos,
likes e engajamentos, que ativam o mecanismo de recompensa em nosso cérebro. Por conta
do impulso constante para checar se recebemos uma mensagem, nos sentimos
desconfortáveis e impelidos a olhar a todo instante o celular.
A psicanálise postula que os indivíduos são movidos por forças internas, muitas
vezes inconscientes, que impulsionam seus pensamentos, sentimentos e
comportamentos. Essas forças são moldadas por desejos e necessidades que surgem
a partir de experiências passadas, relacionamentos interpessoais e conflitos internos.
Os desejos são entendidos como uma expressão dos impulsos e anseios
humanos. Eles podem abranger uma ampla gama de âmbitos, incluindo desejos
físicos, emocionais, sexuais, sociais e de autorrealização. Por exemplo, podemos ter
desejos de comida quando estamos com fome, desejos de amor e intimidade quando
buscamos conexões emocionais, desejos de reconhecimento e realização pessoal em
nossas carreiras, entre outros.
Esses desejos são vistos como essenciais para o desenvolvimento e o bem-
estar humano. Eles impulsionam a busca por satisfação e plenitude, levando os
indivíduos a buscar experiências e objetivos que correspondam a esses desejos.
Quando nossos desejos são atendidos e satisfeitos, experimentamos um senso de
realização e contentamento2.
No entanto, alguns psicanalistas também reconhecem que nem sempre é
possível satisfazer todos os nossos desejos de maneira imediata ou completa.
Conflitos internos, restrições sociais e limitações da realidade podem impedir a
realização de certos desejos. Essas frustrações podem gerar ansiedade, insatisfação
e angústia.
psicanalistas buscam explorar e compreender os desejos inconscientes que
podem estar influenciando nosso comportamento e nossas escolhas. Através do
processo terapêutico, os indivíduos podem se tornar mais conscientes de seus
desejos, entender as motivações por trás deles e buscar maneiras saudáveis de lidar
com eles. Isso envolve a exploração dos desejos reprimidos ou negados, a
compreensão de conflitos internos e a busca de alternativas adaptativas para a
satisfação dos desejos.
2 22
Lacan enfatiza a importância do desejo na constituição do sujeito, ele argumenta que o desejo
humano é marcado por uma falta fundamental e por uma busca constante por completude, no Seminário, livro
11 (1965).
13
entidade separada, mas ainda não possui uma clara distinção entre o eu e o mundo
externo. 4
Quando não conseguimos satisfazer adequadamente o nosso narcisismo
pode acabar levando a diferentes consequências psicológicas, como:
• Baixa autoestima: ocorre quando há falta de satisfação narcísica e o leva a
pessoa ter uma visão negativa de si mesma.
• Dependência excessiva de aprovação externa: a autoestima pode acabar
dependendo excessivamente das opiniões e das reações dos outros
• Comportamento destrutivo: a insatisfação narcísica pode acabar levando a
comportamentos destrutivos, como a constante busca por atenção, manipulação,
inveja ou até comportamentos agressivos.
• Sentimentos de vazio: a falta da satisfação narcísica certa pode acabar
deixando uma sensação de vazio, pode ocorrer uma procura constante para
preencher essa lacuna, seja através das redes sociais, de realizações, bens materiais
ou relacionamentos.
• Vulnerabilidade: a falta de um senso solido de identidade e de reconhecimento
pessoal pode tornar uma pessoa mais vulnerável ao desamparo emocional.
Freud apresentou na segunda teoria do aparelho psíquico uma divisão, essa
teoria se baseia na estruturação da mente humana em diferentes instancias, nela ele
propôs que o aparelho psíquico é composto por três partes inter-relacionadas: id, ego
e superego. O equilíbrio entre essas instancias e essencial para saúde psíquica e o
funcionamento adaptativo do indivíduo. Os conflitos e as negociações entre id, ego e
superego são fundamentais na compreensão dos processos psicológicos, dos
comportamentos humanos e das dinâmicas interpessoais.5
O id é a parte mais primitiva do nosso inconsciente, ele busca satisfazer nossos
impulsos e desejos imediatos, sem levar em consideração as consequências sociais
ou morais. Quando enxergamos o funcionamento das redes sociais na perspectiva do
4 Freud aborda o narcisismo em sua obra Introdução ao Narcisismo (1914), onde explora a natureza do
narcisismo e suas relações com o desenvolvimento psicossexual e a estruturação da personalidade.
5 Freud propôs que a mente é composta por três instancias psíquicas distintas ids, ego e superego na
id, podemos identificar satisfação imediata, busca por prazer, além de agressividade
e impulsos primitivos.
O ego lida com a realidade é age como mediador entre o id e o mundo. externo,
ele busca satisfazer as necessidades do id de maneira realista e socialmente
aceitável, o ego opera de acordo com o princípio da realidade, equilibrando os desejos
do id com as exigências da sociedade.
O superego age como um vigilante moral, impondo os valores e as normas
internalizadas pela sociedade, juntos o ego e superego trabalham para regular e
direcionar o comportamento humano de acordo com as demandas internas e
externas.
O narcisismo e o id nas redes sociais podem sobrepor alguns aspectos, como
o uso excessivo das redes sociais pode satisfazer os impulsos do Id por gratificação
imediata e prazer, ao mesmo tempo que alimenta o narcisismo em busca de
aprovação e atenção dos outros por meio de curtidas, comentários e
compartilhamento.
A mundo virtual acaba causando prazer para o id e ele está totalmente ligado
ao inconsciente, se o desejo não for realizado imediatamente, pode acabar gerando
algum transtorno emocional. O Id é impulsivo, isso nas redes sociais pode se
manifestar na forma de postagens impulsivas, comentários e compartilhamento de
conteúdo sem levar em consideração as consequências ou impacto que possa causar
na vida dos outros.
A rede social acaba se tornando favorável para relações superficiais e vazia,
onde acaba não tendo uma relação solida, esse é um dos preços que pagamos para
alimentar nosso narcisismo. As relações sociais no mundo virtual acabam se tornando
algo fácil de entrar e de sair, com um clique você acaba se tornando “amiga” de um
completo desconhecido e do mesmo jeito você pode deixar de ser amiga, ao contrário
de um relacionamento real, Bauman concedeu uma entrevista a Fernando Schuler e
Mario Mazzilli na Inglaterra, na conferência do fronteiras do pensamento 2011 na qual
afirmou que “Ao contrário de “relacionamentos reais”, os ‘relacionamentos virtuais’ são
fáceis de entrar e de sair. Acho que a atratividade do novo tipo de amizade, o tipo de
amizade de facebook, como eu a chamo, está exatamente aí. É a facilidade de
desconectar.”
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No livro Identidade de Bauman (2005) ele cita que as redes sociais é uma
tentativa contemporânea de construção de identidade, nos lembrando de que a
identidade é algo a ser criado. A era da internet estimulou uma nova identidade, onde
é necessário um mostruário de exposição da sua vida, mas onde o sujeito expõe os
aspectos que o convém, Rosa (2015) afirma que em rede social o sujeito pode
escolher o que lhe convém expor “entre mostrar e esconder, ver e comentar, infere-
se que o processo de negociação de identidade nas redes culmina com o fenômeno
da estetização do self’’ (p.435) - fenômeno propulsor da produção subjetiva na
atualidade.
A psicanálise enfatiza que a identidade é uma criação complexa, que é
influenciada por aspectos internos e externos, já no mundo virtual as pessoas criam
uma identidade virtual que pode ser influenciada por fantasias e projeções, nas redes
sociais o sujeito pode projetar seus desejos e fantasias, isso pode envolver a
apresentação de uma vida idealizada, com conquistas, experiencias e aparências
idealizadas, que não corresponde à realidade.6
A identidade virtual também pode estar relacionada ao narcisismo e a busca
por reconhecimento, nas redes sociais a busca por curtidas, visualizações,
comentários e seguidores pode alimentar o narcisismo, uma vez que a validação e o
reconhecimento online se tornam indicadores de valor pessoal e autoestima.
O ser humano tem a necessidade constante de alimentar seu narcisismo, o
usuário da rede social não posta uma foto porque está se achando bonito ou por amor
próprios e sim a procura de elogios para revigorar o seu narcisismo. O sujeito começa
a viver por aprovação externa e essa procura incansável por aprovação pode levar a
uma sensação de vazio e insatisfação, já que o reconhecimento não é duradouro ou
autêntico.
A internet oferece uma plataforma para a construção de identidades virtuais,
nas quais as pessoas podem escolher como se apresentar ao mundo. Isso pode levar
à criação de personas e personagens online, onde as pessoas podem esconder ou
exagerar certos aspectos de si mesmas. A busca por aceitação e validação nas redes
6 Lacan argumenta que a identidade é construída através da relação com o "outro" e a busca pelo
reconhecimento do "eu idealizado", na sua obra da teoria do espelho (1949).
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7 No artigo Repercussões das Redes Sociais na Imagem Corporal de Seus Usuários: Revisão Integrativa
de Ana Flavia, Camila Cremonezi e Fernanda Rodrigues (2020), investiga a repercussão do uso das redes sociais
pode afetar nossa autoimagem.
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para o isolamento, embora elas possam nos conectar as pessoas virtualmente, ela
nos levou a diminuir a interação rosto a rosto, do contato humano. Podendo causar
uma sensação de desligamento emocional.
A influência das redes sociais na insatisfação com a aparência é um tema
relevante na psicanálise, pois evidencia os impactos psicológicos que essas
plataformas podem ter sobre a percepção do próprio corpo e a autoestima.
As redes sociais, com seu foco na imagem e na aparência, podem criar um
ambiente propício para a comparação constante. Ao serem expostas a imagens
cuidadosamente selecionadas e idealizadas, as pessoas podem sentir-se
pressionadas a alcançar um padrão inatingível de beleza e perfeição. Essa exposição
incessante a corpos e estéticas considerados ideais pode levar a sentimentos de
inadequação, insatisfação e baixa autoestima.
Na visão da psicanálise, a insatisfação com a aparência está ligada a processos
psicológicos complexos, incluindo a formação da identidade e a busca por
reconhecimento e validação. As redes sociais podem ampliar esses processos, uma
vez que a aparência física é constantemente avaliada e julgada pelos outros. Isso
pode levar a uma busca obsessiva por aprovação externa, minando a própria
percepção do indivíduo sobre sua beleza e valor intrínseco.
Além disso, a cultura de likes, comentários e seguidores nas redes sociais pode
reforçar a ideia de que a aparência é um fator central para a aceitação social e a
validação pessoal. A busca por validação através da aparência pode tornar-se uma
fonte de ansiedade e angústia, já que a insatisfação contínua com o corpo e a
comparação com os outros podem gerar um ciclo de autocrítica e baixa autoestima.
Desligamento emocional é um estado em que o sujeito se desconecta das suas
emoções e sentimentos, no mundo virtual o sujeito compartilha aspectos superficiais
para evitar assuntos emocionalmente desafiadores, eles mantem uma distância
emocional das interações online. O desligamento também pode ocorrer como forma
de proteção contra julgamentos e rejeição externa, ao se distanciar o sujeito evita
possibilidade de críticas ou confrontos emocionais que possa ocorrer virtualmente. 8
2 Os Desafios da Adolescência
9 Freud não tem uma obra centrada sobre a puberdade, mas ele a aborda em sua obra Três ensaios
sobre a teoria da sexualidade (1905), onde também aborda o complexo de édipo
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acreditava que a sexualidade era uma força motivadora fundamental na vida humana,
e a puberdade era um marco importante nesse aspecto. Para Freud, a sexualidade
não se limitava apenas à satisfação física, mas também desempenhava um papel
crucial na formação da identidade e no desenvolvimento emocional.
Além disso, Freud reconheceu que a puberdade poderia reavivar o complexo
de Édipo, que se origina na infância. O complexo de Édipo envolve sentimentos
ambivalentes em relação aos pais, como amor pelo genitor do sexo oposto e rivalidade
com o genitor do mesmo sexo.
O complexo de Édipo está relacionamento ao desenvolvimento da sexualidade
e à formação da identidade de gênero. Durante a infância, a criança experimenta
sentimentos confusos em relação aos pais, desenvolvendo um amor intenso pelo
progenitor do sexo oposto e uma rivalidade com o progenitor do mesmo sexo. Esses
sentimentos confusos podem reaparecer na adolescência, afetando as dinâmicas
emocionais e os relacionamentos dos adolescentes.
Na adolescência, os jovens começam a se afastar da infância e começa a
busca pela sua identidade e autonomia. O complexo de Édipo desempenha um
importante papel nessa busca, pois ela influencia a formação da identidade sexual e
a orientação emocional do adolescente. O conflito e as emoções relacionados ao
complexo de Édipo podem influenciar a atração romântica e sexual, bem como a
maneira como o adolescente se relaciona com os outros.
Esse complexo também pode influenciar o relacionamento em casa, esses
sentimentos de amor e rivalidade do adolescente pelo genitor pode causar conflitos e
tensões familiares. Os jovens podem sentir uma necessidade de se afastar dos seus
pais para estabelecer sua própria identidade, ao mesmo tempo em que podem sentir
culpa ou equívoco em relação a esses sentimentos.
Freud também destacou que a puberdade pode ser um período de intensos
conflitos internos e de questionamentos sobre a identidade. Os jovens enfrentam o
desafio de equilibrar suas necessidades de independência e autonomia com as
pressões e expectativas sociais. Durante essa fase, podem ocorrer mudanças
significativas na autoimagem e na percepção do eu.
Freud, propôs uma teoria do desenvolvimento psicossexual que descreve as
diferentes fases pelas quais uma pessoa passa desde o nascimento até a idade
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adulta. Segundo Freud, essas fases envolvem a interação entre impulsos biológicos
(sexualidade infantil) e influências sociais e culturais. Aqui estão as fases do
desenvolvimento psicossexual propostas por Freud:
1. Fase oral (do nascimento aos 18 meses): Durante esta fase, a principal fonte
de prazer e satisfação é a boca. O bebê obtém prazer através da amamentação
e da exploração oral do ambiente. O desenvolvimento adequado nessa fase
envolve a resolução de conflitos relacionados à dependência e independência.
2. Fase anal (dos 18 meses aos 3 anos): Nesta fase, o foco do prazer se desloca
para a área anal. O controle dos esfíncteres e a capacidade de lidar com a
gratificação e a retenção fecal são questões importantes nessa fase. Freud
sugeriu que os conflitos nessa fase podem influenciar a personalidade adulta,
com características como ordem e organização versus desordem e
descontrole.
3. Fase fálica (dos 3 aos 6 anos): Durante a fase fálica, a zona erógena se move
para os genitais. As crianças começam a desenvolver uma consciência da
diferença entre os sexos e o desejo de estabelecer um vínculo emocional com
o genitor do sexo oposto (complexo de Édipo para meninos e complexo de
Electra para meninas). Os conflitos e resoluções nessa fase são fundamentais
para o desenvolvimento da identidade de gênero e da moralidade.
4. Período de latência (dos 6 anos à puberdade): Nessa fase, os impulsos sexuais
são reprimidos e a energia psíquica é direcionada para atividades intelectuais,
sociais e educacionais. As crianças tendem a se envolver em atividades com
pessoas do mesmo sexo e a explorar interesses e habilidades pessoais.
5. Fase genital (puberdade em diante): Essa fase marca o início da maturidade
sexual e o desenvolvimento dos relacionamentos íntimos. O foco principal do
prazer está nos órgãos genitais e a energia sexual é direcionada para relações
sexuais maduras e saudáveis.10
Freud dedicou parte de sua obra para tentar compreender e analisar a
psicologia dos adolescentes. Embora a teoria dele se concentre principalmente nas
10 Freud aborda o desenvolvimento psicossexual na sua obra três Ensaios sobre a teoria da Sexualidade.
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11 Freud não tem uma obra centrada sobre a puberdade, mas ele a aborda em sua obra Três ensaios
sobre a teoria da sexualidade (1905), onde também aborda o complexo de édipo
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Tendencia grupal
Crises religiosas
Deslocação temporal
Evolução sexual
Conforme abordei como a rede social afeta o id, ego e superego em geral no
capítulo Virtualmente Conectados: Reflexões Psicanalíticas sobre as Redes Sociais,
agora irei falar como as redes sociais podem ter um impacto significativo no id, ego e
superego dos adolescentes, podendo afetar negativamente seu desenvolvimento
psicológico e bem-estar emocional. Vamos explorar como cada uma dessas
instâncias pode ser prejudicada:12
• Id: O id representa os impulsos e desejos primitivos da personalidade. Nas
redes sociais, o id dos adolescentes pode ser influenciado por conteúdos que
promovem comportamentos impulsivos, como desafios perigosos, incitação à
violência, uso de substâncias prejudiciais ou envolvimento em relacionamentos
tóxicos. A exposição a esse tipo de conteúdo pode despertar impulsos negativos nos
adolescentes, levando a comportamentos de risco ou prejudiciais à sua saúde física
e emocional.
• Ego: O ego é responsável pela mediação entre os impulsos do id e as
demandas da realidade. Nas redes sociais, o ego dos adolescentes pode ser
impactado negativamente de várias maneiras. Por exemplo, eles podem sentir uma
pressão constante para se encaixar nos padrões de beleza, popularidade ou sucesso
retratados nas redes sociais. Isso pode levar a uma autoavaliação negativa, baixa
autoestima e sentimentos de inadequação. O ego também pode ser desafiado pela
necessidade de se comparar constantemente com os outros, o que pode resultar em
inveja, ciúme e uma busca obsessiva por validação externa.
• Superego: O superego representa os valores e normas internalizadas pela
pessoa. Nas redes sociais, o superego dos adolescentes pode ser influenciado por
conteúdos prejudiciais, como cyberbullying, discursos de ódio, desinformação e
exposição a comportamentos antissociais. A exposição constante a esses conteúdos
pode levar os adolescentes a adotarem atitudes negativas, comprometendo sua
moralidade e valores éticos. Eles podem começar a normalizar comportamentos
prejudiciais.
As redes sociais encorajam os adolescentes a compartilharem detalhes íntimos
de suas vidas e a promoverem uma versão idealizada de si mesmos. Através de fotos,
12 Freud propôs que a mente é composta por três instancias psíquicas distintas ids, ego e superego na
obra O Ego e o Id de (1923).
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pares, muitas vezes filtradas e editadas para mostrar apenas os momentos positivos.
Isso pode levar a uma sensação de inadequação e insatisfação, pois eles comparam
suas próprias vidas reais com essas representações idealizadas. A busca incessante
por se equiparar aos outros ou alcançar os mesmos padrões de sucesso e aparência
pode interferir na exploração autêntica de sua própria identidade.
Além disso, as redes sociais podem reforçar estereótipos e pressões sociais.
Os adolescentes podem sentir-se compelidos a se encaixar em determinados padrões
estéticos, comportamentais ou de interesse, a fim de serem aceitos e valorizados nas
redes sociais. Isso pode restringir sua expressão individual e dificultar a descoberta
de quem realmente são. A busca pela aceitação online pode levar à supressão de
aspectos únicos de sua personalidade e à adoção de papéis ou personas que não
refletem sua verdadeira identidade.
A exposição excessiva nas redes sociais pode resultar na perda de privacidade
e intimidade. Os adolescentes podem sentir-se obrigados a compartilhar detalhes
íntimos de suas vidas para obter reconhecimento ou se encaixar em determinados
grupos. Essa falta de espaço pessoal e reflexão pode interferir na construção de uma
identidade sólida, pois não há tempo suficiente para o autoconhecimento e a
exploração interna.
Tendencia grupal
Crise religiosa
Deslocação temporal
Evolução sexual
virtual e pode criar uma falsa sensação de ativismo, onde o engajamento online
substitui a ação real no mundo offline. Isso pode reduzir a motivação para se envolver
em atividades reais de defesa de direitos e participação cívica.
As redes sociais podem ser palco de polarização e conflitos intensos. Os
debates muitas vezes se tornam acalorados e hostis, o que pode desencorajar os
adolescentes de expressarem suas opiniões e se envolverem em discussões
construtivas. Em vez de promover a atitude reivindicatória, a polarização online pode
levar ao silenciamento e à autocensura.
A constante exposição a uma grande quantidade de informações nas redes
sociais pode levar à sobrecarga de informações. Os adolescentes podem sentir-se
inundados por notícias, campanhas e causas sociais, o que pode resultar em apatia e
desengajamento. A quantidade excessiva de informações pode dificultar a
identificação e o foco em questões sociais específicas, levando a uma atitude
reivindicatória menos direcionada e eficaz.
Nas redes sociais, os adolescentes muitas vezes recebem feedback imediato
e apoio virtual, o que pode criar uma ilusão de impacto. Ao receber curtidas,
comentários e compartilhamentos, eles podem sentir que estão fazendo a diferença,
mesmo que suas ações online tenham poucas repercussões reais no mundo. Isso
pode diminuir a motivação para se envolver em ações concretas e tangíveis para
promover mudanças sociais.
contraditória de sua conduta. As redes sociais não fornecem uma visão abrangente
da pessoa e suas complexidades, o que pode resultar em contradições nas
manifestações de conduta percebidas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFIA
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