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O efeito da socialização e da auto-estima na

relação entre o uso de redes sociais e o bem-


estar de idosos (estudo de mediação)

Projeto de investigação da unidade curricular de


Metodologia da Investigação em Psicologia II

Aline Fernanda Pereira Tomaz - 2016235185


José Pedro Nunes Aniceto - 2021241166
Maria Inês Gomes Cabral - 2021235821
Paula Manuela Marques Valente - 2021175257
Sara Raquel Alves Cardoso - 2021171667
Sarah Cristina Stefanini - 2021179851
ÍNDICE

1. Sumário 2

2. Estado da Arte 3

3. Objetivos 4

4. Descrição Detalhada 5

5. Cronograma 7

6. Referências bibliográficas 8

7. Anexos 10
Anexo 1 - Esquema das variáveis 10
Anexo 2 - WHOQOL-OLD 11
Anexo 3 - Rosenberg Self-esteem Scale 16
Anexo 4 - Secção “Thoughts and Feelings” do NSHAP 17
Anexo 5 - Formação teórico-prática 19
Anexo 6 - MoCA 20
Anexo 7 - Declaração de participação ativa 21

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1. Sumário

A idade adulta tardia está associada a uma diminuição da interação social,


acarretando uma maior sensação de isolamento e baixa auto-estima. Considerando o
crescente aumento da percentagem dos idosos na população Portuguesa, e a escassez de
estudos, sobretudo no que toca ao seu bem-estar e à utilização de redes sociais por parte
desta população, torna-se cada vez mais relevante investigações dessa faixa etária.
A utilização de redes sociais tem mostrado alterações positivas significativas no bem
estar geral em idades avançadas, sendo fulcral desenvolver métodos e intervenções
focados neste tema. Contudo, a investigação desta relação torna-se pouco clara quando
tentamos analisar a forma como ela acontece. O presente estudo pretende, então, colmatar
esta lacuna, com base nos conceitos de socialização e auto-estima, avaliados antes e
depois de uma formação em redes sociais, dada a idosos institucionalizados no Concelho
de Coimbra.

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2. Estado da Arte

O bem-estar e a saúde mental dos idosos são condicionados por fatores biológicos,
sociais, económicos, culturais e históricos [1]. No que diz respeito à interação social da
população idosa, há uma tendência para que esta diminua e aumente a sensação de
solidão devido a, por exemplo, morte e distância física de familiares e amigos, declínio
cognitivo e dificuldades de locomoção [2]. Além das alterações no corpo, o envelhecimento
traz ao ser humano uma série de mudanças psicológicas. Estas podem resultar na
dificuldade de se adaptar a novos papéis, falta de motivação e dificuldade de planear o
futuro, necessidade de trabalhar as perdas orgânicas, afetivas e sociais, dificuldade de se
adaptar às mudanças rápidas, às alterações psíquicas que exigem tratamento como a
depressão, hipocondria, somatização, paranoia, suicídios e, por fim, baixas autoimagem e
autoestima [3].
Os Censos em Portugal mostram que a percentagem da população em idade ativa
(15 aos 64 anos) diminuiu de 66,1 em 2011 para 63,6 em 2021, enquanto que a
percentagem de idosos (com idade igual ou superior a 65 anos) aumentou cerca de 24%
neste mesmo período. O índice de envelhecimento nacional, que corresponde ao número
de idosos para cada 100 jovens, aumentou de 126 em 2011 para 183 em 2021, e o
Concelho de Coimbra acompanha estas tendências [4]. Estes dados mostram a
necessidade crescente do estudo do envelhecimento ativo e promoção do bem-estar na
população idosa.
Uma forma de mitigar os efeitos negativos da solidão e isolamento social nos idosos,
tendo em conta algumas barreiras que enfrentam, pode passar por incluir o uso de redes
sociais (Facebook, Instagram) ou outro tipo de comunicação (e-mail, Skype) [5]. Algumas
pesquisas sugerem que as redes sociais podem, de facto, ter um impacto positivo na saúde
mental e bem-estar dos idosos, inclusive no que diz respeito aos sintomas depressivos, e,
consequentemente, aumentar os sentimentos de autoeficácia e independência [6]. Outros
estudos, ainda, mencionam que utilizadores que usam as redes sociais diariamente
apresentam níveis de isolamento social mais baixos comparativamente com aqueles que
usam menos ou não usam de todo [7].
Contudo, existem pesquisas que consideram inconclusiva a relação entre a saúde
mental dos idosos e o uso de redes sociais, devido à falta de consenso sobre a definição
dos seus efeitos - por exemplo, solidão, isolamento e sociabilidade [8]. Para além disso,
estudos de revisão sobre o assunto sugerem a necessidade da realização de estudos
longitudinais com o objetivo de identificar a ordenação causal das variáveis: uso das redes
sociais e bem-estar dos idosos. Importa referir, também, a importância desses estudos na
identificação de situações em que o uso das redes sociais é positivo e como esta varia ao
longo do tempo e de acordo com os vários contextos [9,10,11].

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3. Objetivos

Objetivo Geral:
Este projeto pretende estudar o efeito mediador das variáveis socialização e auto-estima na
relação entre o uso de redes sociais e o bem-estar geral de idosos institucionalizados.

Objetivos específicos:
1. Perceber a que nível as redes sociais poderão promover o bem-estar e, ainda,
tornar-se uma forma de combate a problemas que atingem a população idosa, tais
como a depressão e a ansiedade.
2. Avaliar de que maneira as redes sociais impactam a forma como idosos se vêem
(auto-estima) e se sentem socialmente no contexto em que estão inseridos
(socialização).

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4. Descrição Detalhada

Considerando que existem estudos que confirmam a relação positiva entre o uso de
redes sociais e o bem-estar de idosos [5], este projeto de investigação tem como objetivo
estudar a mediação da auto-estima e da socialização nessa relação, em pessoas
institucionalizadas com mais de 67 (idade aproximada de reforma em Portugal), no
Concelho de Coimbra. Acreditamos que este tema é relevante e inovador devido à
escassez de investigação sobre pessoas idosas, sobretudo no que toca ao seu bem-estar e
à utilização de redes sociais por parte desta população. Para além disso, não encontrámos
nenhum projeto que estudasse o efeito mediador da socialização e auto-estima na relação
entre o uso de redes sociais e bem-estar. É sabido que a população está mais envelhecida
[4], o problema é que, à medida que a idade aumenta, a qualidade de vida diminui [12, 13].
O nosso estudo pretende não só contribuir para mitigar esta relação negativa como também
para perceber em que moldes é que essa associação funciona, integrando a percepção de
socialização e auto-estima como mediadoras [12] (anexo 1).
Definimos um modelo quantitativo quasi-experimental, pré-teste/pós-teste com um
só grupo, com dois momentos de observação [14], separados por: 1) uma formação em
redes sociais dada pelos investigadores; 2) um intervalo de dois meses a seguir à formação.
A variável independente é o uso de redes sociais (formação), a variável dependente é o
bem estar (medido pelo WHOQOL-OLD, anexo 2) e as variáveis mediadoras são a auto-
estima (medida pela escala de Rosenberg, anexo 3) e a socialização (medida pelo NSHAP,
anexo 4). A formação é dividida em: 1) conhecimento geral, que pretende ensinar aos
participantes a ligar um computador, abrir o browser, navegar na internet e desligar; 2)
Facebook, para criar uma conta (se não tiver já uma), criar e atualizar o perfil, adicionar
fotografias, comentários, gostos, fazer publicações e procurar grupos de interesse dentro da
rede social; 3) Facebook Messenger, ativar a conta, mandar mensagens, criar grupos e
fazer ligações [15] (anexo 5). Intervenções destinadas à formação sobre redes sociais
online e oportunidades para idosos usarem tecnologias de comunicação, podem ser formas
potenciais de aumentar a interação social e diminuir a solidão [6]. Este estudo tem como
pontos prévios a submissão à comissão de Ética da FPCEUC, a constituição do protocolo
de avaliação, tradução da secção “Thoughts and Feelings” do instrumento NSHAP (anexo
4) e o contato com as instituições (lares e centros de dia) de todo o Concelho de Coimbra
para autorizarem a seleção da amostra.
De acordo com o software “G*Power”, o mínimo de participantes da nossa amostra
deve ser 53. Tendo em conta que existem cerca de 28 lares e centros de dia no Concelho
de Coimbra, consideramos que o valor mínimo será alcançado. Definimos, também, os
seguintes critérios de inclusão: mínimo de literacia digital (se o participante já interagiu de
alguma forma com um computador); idade mínima de 67; resultado igual ou superior a 26
no instrumento MoCA (anexo 6); terá de estar registado num lar ou centro de dia do
Concelho de Coimbra. Contamos com a flexibilidade das instituições para fornecerem o
material necessário (computadores em torre todos com a mesma versão de software).
Após o processo de amostragem, passaremos autorizações de utilização e
tratamento de dados às instituições e aos participantes, assim como informaremos a família
dos mesmos. Com as autorizações assinadas, procederemos ao primeiro momento de

5
observação no qual vamos medir o bem-estar dos idosos através do instrumento WHOQOL-
OLD, o seu grau de socialização com base em parte do instrumento NSHAP e a sua auto-
estima com o instrumento Rosenberg Self-esteem Scale aferido para a população
Portuguesa [16]. Cada observação tem uma duração estimada de um mês. De seguida,
começamos a formação já descrita acima composta por 8 sessões de duas horas cada, 4
sessões por semana (um total de duas semanas). Em cada sessão estarão presentes 2
investigadores para poderem ser dadas 3 formações ao mesmo tempo em 3 instituições
diferentes, de modo a diminuir o tempo total da investigação. Após a formação, ficaremos
dois meses sem contactar com os participantes dando-lhes margem para que utilizem os
conhecimentos adquiridos.
Por fim, procederemos à segunda e última observação, que será seguida da análise
de dados (com duração esperada de dois meses) feita no SPSS através do teste t de
Student [14] para duas médias dependentes para avaliar o bem-estar, socialização e auto-
estima dos participantes antes e depois da formação. O que esperamos obter é um
aumento destas variáveis depois da formação, ou seja, esperamos obter resultados que
comprovem a mediação por efeito positivo das variáveis em estudo [12]. Vamos considerar
a idade, zona geográfica (interior ou litoral), ocupações anteriores, contacto prévio com
tecnologias e tipo de instituição como covariáveis. Procederemos depois à redação e
submissão para publicação de um artigo científico.
Consideramos ainda como limitações do nosso estudo a impossibilidade de
generalizar para a população Portuguesa, a mortalidade experimental, as limitações
tecnológicas (por exemplo, internet lenta, dispositivos arcaicos, constantes atualizações de
software, etc.) e o tamanho da nossa amostra (não serão integrados idosos com limitações
motoras e cognitivas devido à dificuldade em ensiná-los a usar redes sociais pela sua
condição - no entanto, estas pessoas existem, o seu bem-estar também é importante e
poderiam beneficiar da utilização de redes sociais).

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5. Cronograma

2023 2024
# Tarefa
Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago
1 Constituição do protocolo de avaliação (*) x
2 Contato prévio com as instituições (**) x
3 Seleção da amostra x x
Solicitar autorizações de utilização e tratamento de
4 x
dados (à família e instituição)
Primeira Observação (WHOQOL-OLD, Rosenberg
5 x
Self-esteem Scale e NSHAP)
6 Intervenção/ Formação x x
7 Intervalo x x x
Segunda Observação (WHOQOL-OLD, Rosenberg
8 x
Self-esteem Scale e NSHAP)
9 Análise dos dados x x
Redação de um artigo científico e submissão para
10 x x x
publicação

Notas:
Preparativos: o estudo será submetido para aprovação da Comissão de Ética
(*) Tradução e adaptação transcultural da secção a ser utilizada do instrumento NSHAP
(**) Contatar instituições para recolha de dados dos utentes, autorização para realizar a
investigação nas instalações

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6. Referências bibliográficas

[1] Reis, P. M. (Ed.). (2019). A geriatria e gerontologia no século XXI - Da clínica à


integração, participação social e cuidados globais às pessoas idosas. Sociedade
Portuguesa de Geriatria e Gerontologia.

[2] Coyle, C., & Dugan, E. (2012). Social isolation, loneliness and health among older adults.
Journal of Aging and Health, 24(8), 1346-1363. https://doi.org/ 10.1177/0898264312460275.

[3] Rocha, J. F. (2018). O envelhecimento humano e seus aspectos psicossociais. Revista


FAROL, 6(6), 77-89.

[4] PORDATA. (2021). Estatísticas sobre Portugal e Europa.


https://www.pordata.pt/municipios/quadro+resumo/coimbra-822213

[5] Chen E., Wood D., & Ysseldyk R. (2021). Online Social Networking and Mental Health
among Older Adults: A Scoping Review. Canadian Journal on Aging / La Revue canadienne
du vieillissement. https://doi.org/10.1017/S0714980821000040.

[6] Jetten, J., Haslam, C., & Haslam, S. (2012). The social cure identity, health and well-
being. Hove, England: Psychology Press.

[7] Hajek, A., & König, H. (2019). The association between use of online social networks
sites and perceived social isolation among individuals in the second half of life: Results
based on a nationally representative sample in Germany. BMC Public Health, 19(1), 40.
https://doi.org/10.1186/s12889-018-6369-6.

[8] Baker, S., Warburton, J., Waycott, J., Batchelor, F., Hoang, T., Dow, B., et al. (2018).
Combating social isolation and increasing social participation of older adults through the use
of technology: A systematic review of existing evidence. Australasian Journal on Ageing,
37(3), 184–193. https://doi.org/ 10.1111/ajag.12572.

[9] Cotten, S. R. (2021). Chapter 23 - Technologies and aging: understanding use, impacts,
and future needs. In K.F.F. & D.C. (Eds.), Handbook of Aging and the Social Sciences (9th
ed., pp. 373-392). Academic Press. https://doi.org/10.1016/B978-0-12-815970- 5.00023-1.

[10] Leist, A. K. (2013). Social media use of older adults: a mini-review. Gerontology, 59,
378-384. https://doi.org/10.1159/ 000346818.

[11] Antonucci T. C., Ajrouch K. J., & Manalel J. A. (2017). Social relations and technology:
continuity, context, and change. Innovation in Aging, 1(3), 1-9.
https://doi.org/10.1093/geroni/igx029.

8
[12] Şahin, D. S., Özer, Ö., & Yanardağ, M. Z. (2019). Perceived social support, quality of life
and satisfaction with life in elderly people. Educational Gerontology, 45(1), 69-77.
https://doi.org/10.1080/03601277.2019.1585065.

[13] Gordon, M., Greene, M., Frumento, P., Rolfson, O., Garellick, G., & Stark, A. (2014).
Age- and health-related quality of life after total hip replacement. Acta Orthopaedica, 85(3),
244-249. https://doi.org/10.3109/17453674.2014.916492.

[14] Alferes, V. R. (1997). Investigação científica em Psicologia - Teoria e prática. Livraria


Almedina - Coimbra.

[15] Castilla, D., Botella, C., Miralles, I., Bretón-López, J., Dragomir-Davis, A., M., Zaragoza,
I., & Garcia-Palacios, A. (2018). Teaching digital literacy skills to the elderly using a social
network with linear navigation: A case study in a rural area. International Journal of Human-
Computer Studies, 118, 24-37. https://doi.org/10.1016/j.ijhcs.2018.05.009.

[16] Ramos, M. M. (2017). Autoestima, autocompaixão e bem-estar psicológico na


adolescência [Dissertação de mestrado, Universidade de Lisboa]. Repositório da
Universidade de Lisboa. http://hdl.handle.net/10451/32861.

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7. Anexos

Anexo 1 - Esquema das variáveis

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Anexo 2 - WHOQOL-OLD

11
12
13
14
15
Anexo 3 - Rosenberg Self-esteem Scale

16
Anexo 4 - Secção “Thoughts and Feelings” do NSHAP

17
18
Anexo 5 - Formação teórico-prática

19
Anexo 6 - MoCA

20
Anexo 7 - Declaração de participação ativa

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