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São Paulo
2019
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
PROGRAMA DE ESTUDOS PÓS-GRADUADOS EM GERONTOLOGIA
São Paulo
2019
1
Banca Examinadora
_________________________________________
Prof.a Dr.a Monique Borba Cerqueira
(Instituto de Saúde, SES-SP)
_______________________________________
Prof. Dr. Edin Sued Abumanssur
(PEPós-Graduados em Ciência da Religião/PUC-SP
_______________________________________
Prof.a Dr.a Flamínia Manzano Moreira Lodovici
(PEPós-Graduados em Gerontologia/PUC-SP)
(Orientadora)
2
À minha amada filha, Mariana, que veio alegrar meus dias
3
AGRADECIMENTOS
4
AGRADECIMENTOS
À minha mãe, que fez por mim o que não pude fazer enquanto realizava o mestrado.
À minha mãe, que não pediu que eu desistisse, mas perguntou como poderia me ajudar.
À minha mãe, que sempre esteve a meu lado e é responsável por todas as minhas conquistas.
A Deus, que segue meus passos e me permite ser sempre o meu melhor.
Às minhas orientadoras, Prof.a Dr.a Maria Helena Villas Bôas Concone e Prof.a Dr.a Flamínia
Manzano Moreira Lodovici, que me transmitiram seus conhecimentos com humildade,
dedicação, delicadeza e amor.
Aos membros da Banca de Qualificação, Prof.a Dr.a Monique Borba Cerqueira e Prof.
Dr. Edin Sued Abumanssur, que fizeram contribuições inestimáveis para a evolução
desta dissertação.
5
RESUMO
6
ABSTRACT
This dissertation aimed to investigate the social interaction of the elderly people in old
age after 80 years, who may also be called “old-old”, “long-lived elderly”. The rise in
the number of elderly people is a visible factor in Brazilian society, being the 80-year-
old or older, the fastest growing. This justifies the need to study the living conditions of
these elderly people and to develop appropriate social programs and health policies.
The methodology used was a bibliographical review of the publications on the subject
of the last 10 years in theses, dissertations, scientific articles and books. Many
publications involving elderly people and social interaction were found, however, most
of them did not include old age elderly or did not specifically address social interaction,
despite it being among the key words. Nineteen scientific articles and one doctoral
thesis on the subject were found. From the reading of these publications, together with
the authors mentioned in the theoretical framework, it was possible to dissert about the
subject in three categories: social interaction of the elderly in the family, social
interaction between generations and social interaction of the elderly in institutions. It
was concluded that more research with elderly people in old age should be carried out,
mainly addressing the perceptions of the elderly themselves about their conditions. It is
understood that this portion of the population is the one presenting more limitations,
therefore, the difficulty of inserting them in research can be justifiable. However, these
elderly people need to be better acquainted with daily best practices. In addition, family
and health professionals must realize the need to print specific care when dealing with
this elderly person, since effective interaction with them is essential to ensure better
health, well-being, and quality of life in general.
Keywords: Elderly aged 80 years or older; Social interaction; Social support; Longevity
specific care; Quality of life.
7
A INTERAÇÃO SOCIAL DO IDOSO DE 80 OU MAIS ANOS – UMA REVISÃO
INTEGRATIVA
SUMÁRIO Pág.
1.Introdução 09
2.Referencial Teórico 17
3. Metodologia 46
6.Considerações finais 71
7.Referências Bibliográficas 74
8
1. Introdução
Por meio do poema em epígrafe, quis traduzir parte do meu trajeto de vida que
motivou a elaboração desta pesquisa na área de Gerontologia, em uma perspectiva
interdisciplinar, e com foco especialmente nos aspectos sociais do envelhecimento.
Foram sentimentos, experiências, memórias e conhecimento vivenciados até aqui e que
me despertaram o interesse por saber como procedem os idosos em idade avançada, de
80 ou mais anos, os 80+, chamados em inglês Oldest-Old 1, ou “velhos-velhos”, ou da
“quarta idade” 2, bem como a família e os profissionais devem proceder com eles nas
práticas sociais.
1
ANDERSEN-RANBERG; PERTENSEN; ROBINE; CHRISTENSEN. “Who are the Oldest-Old? – The
Survey of Health, Ageing, and...”. Disponível em: http://www.share-
project.org/uploads/tx_sharepublications/CH_2.2.pdf. Acesso em 01/01/2018.
2
“Há duas formas de classificar o envelhecimento: o critério demográfico por faixa de idade, ou seja, a
do ´velho-jovem` que vai dos 60 a 79 anos, a chamada ´terceira idade`; e a do ´velho-velho`, de 80 ou
mais anos, a ´quarta idade` ” (MINAYO; FIRMO, 2019, p. 4). Há, porém, pesquisadores que reservam
aos de 90 anos em diante o pertencimento à “quinta idade”; chegando aos “centenários” (100-109) e aos
“super-centenários (110 ou mais anos).” (Grifo meu).
9
Há pesquisas que apontam a importância dessa interação, como será
evidenciado adiante, via de regra bem-sucedida, para a manutenção da qualidade de
vida de um idoso. Por conta da experiência pessoal junto a idosos 80+ desta
pesquisadora-autora do poema acima, a hipótese do presente estudo é que essas
pesquisas que estão aqui discutidas estejam em um bom caminho quanto a uma
interação adequada junto aos idosos de qualquer faixa etária. Contudo, supõe-se que,
especialmente no caso dos idosos chamados “velhos-velhos”, essa interação, devido aos
complicadores que surgem, possa mostrar-se diminuída na sua qualidade, assiduidade e
grau de apoio oferecido.
Pretende-se, assim, abordar estudos que tratam do tema - desde aqueles que
estejam em concordância com a hipótese de redução da interação apesar de sua
essencial importância para o idoso, quanto as que estejam em discordância com essa
hipótese, ou seja, que não concordem com a premissa de que a qualidade de vida do
idoso esteja submetida à qualidade de suas interações sociais ou que afirmem que as
interações sociais se mantenham preservadas, apesar da idade avançada. O interesse
aqui é dizer da pertinência do tema e da necessidade, pela sua relevância, da discussão e
respectiva aplicação em práticas e políticas sociais com idosos.
Muitos fatores podem fazer uma pessoa viver mais anos, ganhando assim
longevidade, desde a genética até as tecnologias médicas; porém, suas relações pessoais
com outras pessoas podem ser um dos fatores, senão o mais relevante, a nosso ver, para
viver mais, mas com satisfação, saúde, felicidade; em suma, para viver mais anos com a
desejada qualidade de vida.
10
1.1. Um pequeno histórico do estudo do envelhecimento e da epidemiologia da
velhice
A partir daí muitas pesquisas estabeleceram que, com o passar dos anos, vão
ocorrendo mudanças estruturais e funcionais, variando de indivíduo a indivíduo, mas
que ocorrem em todos, e são próprias do processo de envelhecimento (PAPALÉO
NETTO; PONTES, 1996, apud PAPALÉO NETTO, 2016).
11
O mesmo autor indica que, no início dos anos 1930, Marjory Warren foi
considerada a mãe da Geriatria, quando introduziu o conceito e a implementação de
ação de avaliação geriátrica especializada, postulando, então, a avaliação
multidimensional ou interdisciplinar, também assumida pela Gerontologia.
Que se pontue que, para além das mudanças biológicas, outras também ocorrem
e de grande significação: mudam-se as posições sociais, as metas, as prioridades
motivacionais, as preferências, dentre outros aspectos. Não sem razão, mas justo em
12
função dessas mudanças, a OMS (2015) aponta que o envelhecimento é um processo
complexo, e valioso, em que é exemplar a contribuição de décadas de experiências das
pessoas idosas junto à sociedade, possibilitando, por exemplo, que se pulem, no
mercado, etapas de trabalho já vivenciadas, e se possa dar saltos de qualidade em um
trabalho. O fragmento a seguir, de Simões (2016) atesta bem o argumento acima a favor
dos idosos:
As sociedades estão ficando melhores justo por terem mais idosos; necessita-se,
na verdade, valorizar a resiliência dos idosos em seus novos projetos, ainda que com as
inevitáveis perdas da velhice (SANTANA DA SILVA, L.W.; VIEIRA DA SILVA;
SANTANA DA SILVA, D.; LODOVICI, 2015).
13
de cidadãos. Os órgãos públicos e a sociedade civil devem ficar atentos, pois o aumento
do número de idosos gera novos gastos com a saúde e onera ainda mais o sistema
previdenciário, questões que, se forem negligenciadas, afetarão a toda uma população,
já que todos um dia seremos idosos.
No que diz respeito à saúde, o IBGE identificou que 6,8% das pessoas de 60 ou
mais anos tinham limitação funcional para realizar suas atividades diárias, e atestou que
quanto maior a idade, mais pessoas havia com limitações.3
3
Dados disponíveis em: https://www.alexandrecorrealima.com.br/o-novo-perfil-do-idoso-brasileiro/.
Acesso em 14 outubro, 2018.
14
socioeconômico mais alto: há cerca de 18,9 mil universitários idosos, com idades entre
60 e 64 anos; e 7,8 mil com 65 e mais anos.4 Por fim, o IBGE (2015) demonstrou que
houve um aumento no grupo dos idosos com 80 ou mais anos de idade – foco desta
investigação -, que passou de 1,2% em 2004, para 1,9% em 2014.5
Abaixo, os dados numéricos do total de idosos com 80+ anos (Tabela 1).
Tabela 1: Idosos de 80+ anos, separados por sexo, e a quantidade em cada grupo no Brasil
4
Esses dados envolvem instituições públicas e privadas, constando do Censo de Educação Superior de
2017. Disponível em: https://g1.globo.com/educacao/noticia/2019/01/03/volta-as-aulas-aos-90-anos-os-
idosos-brasileiros-que-decidiram-ir-a-faculdade.ghtml. Acesso em 01 fevereiro, 2019.
5
“Agora se tem a “prioridade da prioridade”, diz a demógrafa Ana Amélia Camarano, quando cita a faixa de
idosos a partir de 80 anos, que podem merecer um outro estatuto, o dos “super-idosos” [ou como dirão
outros, da quinta idade]: “A velhice ficou velha, mas não morreu. Você tem as fragilidades que são típicas da
idade, mas cada vez mais tarde” (matéria “Longevidade: viver bem e cada vez mais”, na Retratos 16, Revista
do IBGE. Disponível em: https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/media/com_mediaibge/arquivos/
d4581e6bc87ad8768073f974c0a1102b.pdf. Acesso em 01 abril, 2019.
6
O “papy boom”, expressão de Delumeau, prefaciando Minois (1987), relativamente ao fenômeno
observado desde 2006, estendendo-se até 2025, nos países desenvolvidos), como consequência do “baby
boom” do pós-Segunda Guerra Mundial, com o alongamento da esperança de vida e a redução da
natalidade, acarretando o envelhecimento demográfico. Fenômeno este que exerce uma influência
importante nas despesas com a saúde, afetando toda a sociedade, especialmente no domínio da economia.
7
Jean Delumeau (1923...) é um historiador francês, assim como Georges Minois (1946..., autor, dentre
outros livros, de História da Velhice, aqui citada, de 1987).
15
A transição demográfica refere o aumento da população idosa, porém não
unicamente justificada pelo aumento da expectativa de vida, mas, sim, por outros
fatores, dentre eles, a baixa mortalidade e a baixa natalidade. Antes disso, nos anos de
1950 a 1960, no período pós-Segunda Guerra Mundial, houve uma alta taxa de
fecundidade, acarretando no maior número de idosos hoje, os chamados nos EUA de
“Baby Boomers”.
Tendo em vista tais dados demográficos, muitos autores discutem a situação dos
idosos no mundo, e especificamente no Brasil, quanto à sua saúde, inserção social,
qualidade de vida, dificuldades físicas e mentais, dentre outros aspectos, com a intenção
de conhecer mais esta parcela crescente da população e lidar com ela da forma mais
adequada possível.
8
Dentre os idosos, os de 80 e mais anos, são 2,9 milhões; os de 100 ou mais anos são 24.236 idosos,
equivalendo a 1,62% do total de idosos brasileiros. Disponível em: https://agenciade
noticias.ibge.gov.br/media/com_mediaibge/arquivos/d4581e6bc87ad8768073f974c0a 1102b. pdf.
16
Adiante, é abordada a interação social do idoso, problematizando-se esse
conceito, por meio de alguns autores que são referência no tema e relacionando esse
conceito com a faixa etária aqui em questão.
2. Referencial Teórico
9
Reitere-se que o critério demográfico tem, como um dos parâmetros, a faixa de idade que consiste em
separar o “velho-jovem que vai dos 60 aos 79 anos, a chamada ´terceira idade`, o “velho-velho”, de 80
ou mais anos, da ´quarta idade`, justamente a que mais cresce e que se prevê ser a mais acometida por
perda de autonomia física, mental/emocional e social” (MINAYO; FIRMO, 2019, p. 4). Mas ainda se
considera a chamada “quinta idade”...
10
Dentre os critérios para delimitar as gerações, o demográfico tem como parâmetro individual aquele
que “distingue as pessoas com base na herança genética, personalidade e forma de levar a vida”
(MINAYO; FIRMO, 2019, p. 4).
17
O modo de classificar alguém como velho, ou idoso, é variável, assim como
varia também no tempo, numa mesma sociedade, e no espaço de uma sociedade para
outra, em função dos efeitos trazidos por problemas ambientais, sociais, culturais,
políticos e econômicos que participam de um processo de envelhecimento. Como
consequência, o idoso pode ser visto como uma baliza de um grupo, a memória desse
grupo, o conhecimento acumulado do grupo ou, ao contrário, como ultrapassado,
prisioneiro do passado, fechado às inovações, inativo e, por conseguinte inútil, um peso
para o grupo social e familiar (CONCONE, 2007).
Para além disso, Debert (2004) sublinha que as concepções de “etapas da vida”,
além de baseadas em diversos fatores na diferenciação entre crianças, jovens, adultos e
idosos, leva ainda em conta o processo histórico, a despeito da idade cronológica,
Contudo, a autora alerta para a importância de pensarmos na plasticidade do curso da
vida e nas especificidades de cada idade como elementos especificamente de
organização social. Desse modo, a autora demonstra pesquisas que visam a discutir a
heterogeneidade da velhice, criticando definições anteriores de um envelhecimento
homogêneo, pois mesmo dentro de uma mesma idade cronológica, há diferenças entre
as pessoas.
Os sinais da velhice, para Barros (2014), são diferenciados pela perda paulatina
ou abrupta das formas de controle de si, do domínio do corpo e da vigilância constante
da mente. O sentimento de envelhecer é vivido de forma interior e exterior.
Interiormente as mudanças corporais alertam que algo está mudando. Exteriormente, a
sociedade coloca o indivíduo no lugar de idoso como, por exemplo, quando este se
aposenta, quando vivencia situações cotidianas desfavoráveis à questão etária, ou
quando, simplesmente, alguém o chama de “velho”, como apontam os seguintes
dizeres:
18
O indivíduo idoso sente-se velho por meio dos outros, sem ter
vivenciado mutações graves; interiormente, [inclusive] não adota o
rótulo que é atribuído a ele (BEAUVOIR, 1970, p. 30).
Fora do repertório social, que pode definir a entrada de alguém na velhice pelo
marco dos 60 anos ou pela aposentadoria por exemplo, é difícil definir a velhice. O
envelhecimento, por sua vez, é um processo sucessivo de perdas e aquisições ao longo
da vida; desde o nascimento, a velhice aproxima uma pessoa do temor da própria morte
(MESSY, 1999), como o evoca tão bem o fragmento a seguir:
Em uma pesquisa com idosos entre 70 e 97 anos, Kaufman (1986, apud Debert,
2004, p. 29), entendeu não ser a idade cronológica um marcador importante na vida de
seus entrevistados, mas um dos eventos presentes em sua vida familiar, valendo-se, para
tal, do emprego do termo the ageless self, caracterizando um universo em que a idade
cronológica torna-se irrelevante.
Muitos idosos não apenas lidam com as perdas (da idade e do seu aspecto jovem,
de emprego com a aposentadoria, da morte de pessoas próximas etc.), mas também
passam a ressignificar esses acontecimentos de sua vida, construindo-lhes, assim, novos
sentidos, reconfigurando-se, sucessivamente, sua identidade. Para Debert (2004), esse
trabalho é vital, pois desenvolvido ao longo dos dias do envelhecimento, demonstra a
19
resistência de um indivíduo inclusive a um conjunto de estereótipos existentes na
sociedade, volta e meia aplicados à velhice, estereótipos trabalhados também por Souza-
Guides; Lodovici (2018).
Além disso, para Caradec (2014), o que ocorre é que os estigmas corporais são
atualmente mais vividos após os 80 anos, período considerado da “verdadeira” velhice.
Nesse período, mesmo pessoas idosas com boa saúde física e mental, relatam
“diminuição de energia vital”, conforme revelado pelos entrevistados Jean-François
Barthe, Serge Clément e Marcel Drulhe (1988, apud CARADEC, 2014).
20
Nesse sentido, é preciso pensar na unidade mente-corpo que Merleau-Ponty
apresenta, na qual é visto o corpo integrado à consciência em uma unidade profunda, e
não como uma dualidade. O corpo existe junto ao indivíduo e é fonte de comunicação e
relação com o mundo e a vida (DASCAL, 2008). Para os idosos, não se faz diferente:
todas as modificações corporais ocorridas afetam suas atitudes e com elas interagem
diretamente. Independentemente das estratégias utilizadas, o antienvelhecimento
corporal, “na linha do tempo, o passado do corpo sempre se reapresenta: é um presente
contínuo” (p. 45).
21
após a aposentadoria, mantendo-se até como provedores da família (BARROS, 2014).
Para o mesmo autor, em camadas economicamente mais precárias da população, este
fato se dá pela necessidade financeira, na maior parte das vezes. Já entre os aposentados
com maior escolaridade e renda, continuar trabalhando é uma tentativa de manter a
autoridade na família, a autonomia como indivíduo e a plena cidadania.
A sociedade industrial acaba sendo, via de regra, maléfica para a velhice com
suas mudanças constantes de interesses e sua velocidade, segundo Eclea Bosi (1994). O
que o velho construiu muitas vezes não terá continuidade com seu filho; nesta situação,
o velho sente-se rejeitado, bem como suas construções de vida, tal como o afirma essa
autora: “Perdendo a força de trabalho, ele já não é produtor nem reprodutor” (p. 77).
O idoso com aquisições materiais, por sua vez, terá algum privilégio, enquanto suas
propriedades o defenderem da desvalorização de sua pessoa.
22
aos mais idosos e pessoas de 80, 90, até 100 anos que permanecem saudáveis e
autônomas”. Então, o conceito físico também é discutível. O conceito da velhice muda
de acordo com uma série de condições, para Rosenberg (1992). Similarmente Minayo
(2011) complementa que a velhice não é um fator homogêneo. É diferente, se
envelhecer no campo ou na cidade, em uma família rica ou pobre, sendo mulher ou
homem. Há um grande diferencial ainda que está na subjetividade de cada um, segundo
a autora.
23
Em pesquisa sobre mitos que envolviam a imagem do idoso, Ferreira et al.
(2015) identificaram que, dentre os mitos mais presentes, encontra-se aquele sobre a
personalidade do idoso: mitos do “espírito benevolente”, do “velhinho bonzinho” ou do
idoso mal-humorado e rabugento. Ratifique-se aqui que esses mitos precisam ser
desfeitos. E por quê? A velhice pode “servir de circunstância efetivadora para ações
sociais que possam ser colocadas em questão” (WERNECK, 2014, p. 310). Quando
este último autor discute a velhice como desculpa, ele não almeja falar do velhinho
como sofredor, digno de piedade, mas, sim, de como a velhice pode lhe dar condição
moral de algo que chama de “egoísmo competente” (p. 315), utilizando a idade
avançada, então, como desculpa. Traz, como exemplo, o idoso que fura a fila do
supermercado ou que se sente no direito de falar o que quiser. São situações em que
idosos são praticantes de ações que incomodam os outros a seu redor, mas que eles
usam de sua condição de idoso para aplacar conflitos.
Todos esses olhares abordados foram trazidos para que se possa ter uma
compreensão inicial da vivência da velhice em suas diferentes condições e influências,
sem julgamento de valor para explicitar qual a definição ou a percepção mais adequada,
uma vez que se trata de uma questão da complexidade da vida humana.
Por fim, cita-se agora Lazarus (2006, apud PINHO, 2008) com seus oito
princípios para um envelhecimento bem-sucedido, acreditando ser este conteúdo amplo
e, portanto, abrangendo a quase totalidade do assunto, sem nunca esquecer o conteúdo
íntimo e peculiar de cada envelhecimento, conforme Messy (1999). Esses oito
princípios são: 1) ter clareza sobre a realidade de sua própria condição; 2) aceitar essa
realidade e encará-la da melhor forma possível; 3) ser capaz de lidar de forma efetiva
com essa realidade; 4) ser capaz de compensar perdas e déficits; 5) engajar-se
ativamente na realização de aspirações; 6) ser seletivo e sábio nas suas escolhas; 7)
manter relacionamentos estreitos com as pessoas; 8) conservar o amor próprio apesar
das perdas e déficits. Bruno (2003) alerta, então, para um aspecto muito relevante na
vida de qualquer idoso:
24
A autonomia é a condição que permite que um idoso continua senhor de si, apto
para desempenhar todas as suas atividades básicas e instrumentais da vida diária; mas e
se essa autonomia começa a ser prejudicada? É quando a questão dos cuidados começa
a fazer presença obrigatória na vida de um idoso, problemática que é discutida a seguir.
A maior parte dos especialistas afirma que é melhor para os idosos serem
cuidados pelas famílias. Esses cuidados familiares, especialmente prestados pelas
mulheres, não incorrem em custos financeiros ou emocionais, segundo Goldani (2004,
apud CAMARANO, 2016). Esta última autora acredita que, pelo contrário, cuidar custa
tempo, dinheiro, perda de oportunidades, riscos para a saúde, isolamento social, dentre
outros fatores. Por estar dentro das casas, o cuidado familiar traz o peso de o cuidador se
tornar socialmente invisível.
25
Segundo Caldas (2004, apud PAPALÉO NETTO, KITADAI, 2015), a
urbanização e a migração modificaram a estrutura de famílias extensas para famílias
nucleares, diminuindo a disponibilidade de parentes para cuidar dos mais velhos.
Há idosos que vivem sós, quando não são essencialmente dependentes. Isso não
necessariamente tem conotação de solidão ou abandono para os mesmos. Assim como
morar com a família ou próximo de familiares, não necessariamente reflete maior
contato ou cuidado para o idoso (CAMARANO; KANSO, 2016).
11
“Por ´cuidador`, em seu sentido estendido, entende-se o indivíduo responsável por prover ou coordenar
os recursos requeridos por uma pessoa doente, que necessite de cuidados em casa, no hospital ou outra
instituição. Cuidador familiar principal é aquele que, em uma família, assume, deliberadamente como
dever, ou por designação dos demais membros por delegação ou omissão, os cuidados com uma pessoa
doente em casa.” (COSTA, 2015, p. 10).
26
crie uma rede de cuidados que ligue um cuidador familiar de idoso, que necessita de
suporte emocional, a serviços de apoio e meios alternativos, tal como a instituições
dedicadas a essa tarefa, bem como a ajuda formal ou informal quanto aos cuidados, que
possam garantir qualidade de vida a esse cuidador principal de uma família (Garcia et
al., 2017).
A Pesquisa Nacional de Saúde de 2013 observou que 74% das pessoas que
cuidam de idosos são familiares que residem com estes e não recebem nenhum tipo de
remuneração, provavelmente, esposas (CAMARANO, 2016).
Há ainda, segundo os mesmos autores, outra categoria analisada que são outros
parentes idosos que estão inseridos na família, tais como pais, avôs e sogros. Com o
envelhecimento destes outros parentes, eles são levados para o núcleo familiar.
Entretanto, nota-se decréscimo nestes números por influência de melhores condições de
renda, saúde e capacidade funcional, que os fazem menos dependentes de suas famílias.
27
Quanto às questões econômicas, o autor aponta que famílias com idosos estão
em melhores condições econômicas que as demais. A renda dos idosos pode
desempenhar papel importante na renda da família. Idosos que necessitam de cuidados
ajudam financeiramente os filhos adultos que não têm renda e estes lhes prestam algum
cuidado. Este pode ser um sistema de transferência intergeracional. Por outro lado,
quando os benefícios monetários dos idosos vão para sua família, sua disponibilidade
financeira para necessidades, como as de saúde, pode diminuir (CAMARANO, 2016).
12
Caracterizam-se as relações intergeracionais, segundo Moragas (1997), como relações assimétricas
agregando pessoas nascidas em diferentes épocas e contextos históricos (os familiares, com avós, filhos,
netos), que determinam diferentes trajetórias e estilos de vida, uma primeira oportunidade para o
exercício de relações com conteúdos e atribuições também diferentes. Nas sociedades desenvolvidas, as
relações intergeracionais fora da família se apoiam nas relações sociais, como membros da diversidade de
instituições das quais o cidadão participa, trabalho, educação, política, religião e lazer, nas quais
convivem gerações de várias idades e ideologias e habitualmente são produzidos intercâmbios em
profusão (MORAGAS, 2004).
13
Relações intrageracionais são aquelas ditas por Moragas (1997), como agregando pessoas de uma
mesma geração - com menores diferenças etárias e histórico-contextuais como, por ex., entre amigos da
mesma geração, ou geração próxima, assim como entre parentes (irmãos, primos, sobrinhos de uma
mesma família) -, para os mesmos fins, geralmente baseadas no afeto e na espontaneidade.
28
próprias limitações físicas e psicológicas do cuidador (NERI, 2008, apud
PATROCINIO, 2015).
É fato que o idoso consome mais serviços de saúde e tem internações frequentes
e mais longas, como demonstrado pelos mesmos autores. Assim como são acometidos
por múltiplas doenças e crônicas, em sua maioria, exigindo acompanhamento médico e
de equipe multidisciplinar. Apesar disso, porém, o idoso não recebe via de regra
abordagem médica adequada. Na verdade, há escassez de recursos técnicos e humanos
para atender ao crescimento populacional dessa faixa etária, além da falta de
conhecimento científico e técnico também.
Segundo Edgar Morin (2011), são necessárias novas práticas pedagógicas para
uma educação transformadora (no conceito mais amplo), no planeta como um todo, que
esteja centrada na condição humana, no desenvolvimento da compreensão, da
sensibilidade e da ética, que privilegie a construção de um conhecimento
29
transdisciplinar, envolvendo indivíduo, sociedade e natureza. É esse conceito que deve
ser aplicado na educação sobre cuidados na velhice.
Os versos em epígrafe introduzem aqui a direção deste capítulo15 para o que são
utilizados textos de alguns autores da área da Sociologia, que trazem suas proposições
teóricas para o entendimento no mundo real da vida cotidiana, de como se dá a
construção social da realidade, incluindo-se a questão das relações interativas entre as
pessoas, neste caso levando a pensar naquelas com os idosos, e de idoso a idoso.
14
Pier Paolo Pasolini (1922-1975), literato, professor, poeta maior (aqui, versos do poema As Cinzas de
Gramsci, Le ceneri di Gramsci), cineasta, e escritor italiano, de grande versatilidade cultural, única e
extraordinária, que serviu para transformá-lo numa figura controversa, com trabalhos tidos como obras de
arte segundo muitos pensadores da cultura italiana.
15
Capítulo inspirado pelos versos do “(...)real de que Gramsci foi o agente ou a testemunha...” (apud
BADIOU, Alain. Em busca do real perdido. Trad.: Fernando Scheibe. Belo Horizonte: Autêntica, 2017,
p. 40.
30
Esses dizeres significam, a nosso ver, que a abordagem dos fundamentos ⎯
ponto de partida para a análise sociológica, vale-se, para suas considerações, da análise
fenomenológica como método descritivo e empírico. Ou seja, apesar de inúmeras
interpretações que o conhecimento da realidade da vida cotidiana pode ter, para
conhecê-la através do método proposto, é preciso abordar as interpretações de senso
comum, levando-se em consideração seu caráter de suposição indubitável e utilizando-
se sempre procedimentos fenomenológicos (BERGER; LUCKMANN, 2014).
Para empreender uma reflexão que trate da interação social com e entre os
idosos, na linha seguida pelos autores, é preciso considerar que, por ser a consciência
sempre intencional como pressuposto dos autores, decorre que esta seja aplicada a tal ou
a qualquer coisa. Não importa se o objeto em foco pertence ao mundo interno, como um
sentimento, ou ao mundo externo, como a uma pessoa idosa. O que interessa aqui é
relevar o caráter intencional comum de toda a consciência. Assim é que o mundo,
consistindo de múltiplas realidades, dentre elas, uma se apresenta como a realidade por
excelência: a realidade da vida cotidiana. Experimenta-se a vida cotidiana sempre em
estado de total vigília ⎯ o estado natural. Esta realidade se apresenta sempre de forma
ordenada, previamente organizada, independentemente da apreensão que dela se obtém,
sendo a principal ordenação prévia a questão da linguagem. Nessa linha, os objetos ou
as relações humanas são sempre pré-determinados pela linguagem, cuja precedência e
alcance são pontuados pelos autores: “Desta maneira, a linguagem marca as
coordenadas de minha vida na sociedade e enche esta vida de objetos dotados de
significação.” (BERGER; LUCKMANN, 2014, p. 38).
31
outro ambiente possa influenciar seu mundo. Pode ainda se interessar por um mundo
bastante distante dela própria, que não interfira na sua vida cotidiana, como o espaço
cósmico, mas este interesse seria ligado ao “tempo de lazer”, segundo os autores. A
realidade da vida cotidiana ainda é um mundo intersubjetivo, de que uma pessoa
participa junto a seus próximos. Não é possível existir na vida cotidiana sem estar
continuamente em interação e comunicação com os outros. Ainda que estes tenham
perspectivas do mundo diferentes, é preciso viver com eles, isto é, partilharem um
mundo comum de convivência (BERGER; LUCKMANN, 2014). Estas colocações dos
autores levam esta aluna-pesquisadora a pensar em como é fundamental saber como um
idoso convive com parentes, vizinhos, amigos, cuidadores, profissionais que dele
cuidam...; enfim, como se dá sua interação social na sociedade contemporânea.
32
idosa, é preciso, pois, respeitar a realidade em que ele está situado, muitas vezes
diferente daquela vivenciada por um familiar, por um cuidador...
33
idoso como “idoso”; a concentração estando sobre a existência, que algo seja tal ou
qual. Ou sobre a essência, o que é árvore, o que é idoso, na sua identidade e diferença,
isto é, seu modo de ser, seu modo espontâneo, isto é, ser tal qual se é. Mas quando se
liga com seres humanos, a nosso ver, leva-nos a refletir ainda: “será possível aceitar,
como uma lei da razão que o real exige em toda e qualquer circunstância uma
submissão mais do que uma invenção?” ⎯ esta é a pergunta feita por Alain Badiou
(207, p. 8), que continua: “Onde começa o pensamento? E como começar de maneira
que esse começo ajuste o pensamento a um real de verdade, um real autêntico, um real
real?”.
Após essa indagação, pensamos que a questão do real é também a de saber qual
relação a atividade humana, mental e prática, entretém com a realidade. Mais
especificamente, se esse real funciona como um imperativo de submissão ou se poderia
funcionar como uma determinação aberta à possibilidade de mudanças. Mudanças estas
do mundo, de tal modo que se apresente uma abertura, antes imprevista, através da qual
se consiga escapar de tal situação impositiva, sem, contudo, negar que haja real e que
haja imposição; é o sair da caverna, de um mundo fechado sob a figura (falsa) de um
real coercitivo. É, no caso de uma pessoa idosa, ela sair de sua solidão, de seu mundo
estigmatizado, para uma outra posição na vida, a partir da ressignificação de seu valor
como ser humano, de realizações novas em sua potencialidade de vida.
O outro pode existir para mim, ainda que eu não o veja face a face; entretanto ele
só é real para mim, no sentido exato da palavra, quando o encontro pessoalmente. Nesse
sentido, o outro pode ser mais real para mim que eu próprio. Obviamente conheço-me
34
melhor do que ao outro, pois minha subjetividade e história de vida estão totalmente
acessíveis a mim, mas para este melhor autoconhecimento acontecer, necessita-se de
reflexão (BERGER; LUCKMANN, 2014).
Para os sociólogos, ainda na relação com os outros, nas situações de face a face,
nota-se que estas são altamente flexíveis, não sendo possível manter um padrão em
todas as relações, devido ao intercâmbio variado e sutil de significados subjetivos.
Nenhum padrão será capaz de substituir a subjetividade do encontro face a face,
enquanto que, num encontro não face a face, seguir um padrão pode ser muito mais
fácil.
Giddens e Sutton (2017) são dois outros teóricos que pensaram a questão da
interação social, e passaram a definir o conceito de socialização na área da Sociologia:
35
Os processos de socialização são contínuos pela vida toda
(GIDDENS; SUTTON, 2017, p. 208)
Todos estes agentes de socialização somados, então, formam uma complexa rede
de influências sociais opostas, e novas oportunidades de interação, fazendo com que a
socialização não seja jamais um processo determinante ou totalmente direcionado,
principalmente porque os seres humanos são capazes de fazer as próprias interpretações
de todas as influências com as quais se deparam.
36
Qualquer forma de encontro social, em situações formais ou
informais, entre dois ou mais indivíduos (GIDDENS; SUTTON, 2017,
p. 232).
Apesar disso, para os autores, grande parte da interação ocorre pela fala. A
linguagem é fundamental para a vida social. Quase sempre só conseguimos
compreender o que uma pessoa fala se compreendermos o contexto social, que não fica
explícito nas palavras.
Para Velho (2002), enquanto processo social básico, a interação social é por si só
complexa e problemática. A dimensão que gera a complexidade é especificamente a
diferença entre os envolvidos. Por, muitas vezes, haver interesses antagônicos nas
sociedades, entre as pessoas, o conflito se torna sempre uma possibilidade no complexo
jogo de negociação da realidade.
Nessa discussão sobre a interação social, é possível inserir o idoso, que é o foco
do presente estudo. Segundo os autores acima citados, o foco nas dificuldades de
interação social, está na questão da diferença. O idoso vive diferenças óbvias em relação
a outras etapas da vida; portanto, o tribalismo pode isolá-lo e criar estereótipos em
relação a ele, que não correspondem absolutamente com a realidade e a que é necessário
desconstruir, com argumentos bem fundamentados. A principal diferença se refere às
mudanças biológicas devidas ao envelhecimento do corpo; contudo, a velhice não deve
ser compreendida como um fato unicamente biológico. Há no idoso, além de um corpo,
uma essência e uma identidade, uma construção social e cultural que está em constante
transformação como em outras etapas da vida (MERCADANTE, 1997).
38
de idosos nos espaços em geral confronta a todos com a passagem do tempo para si
próprios, obriga a todos a encararem a própria fragilidade e finitude. Este é um dos fatos
geradores do tribalismo que isola o idoso.
Com o idoso, por vezes, tentamos moldá-lo dessa forma, inseri-lo no que é
esperado para os dias atuais, para o local em que ele vive atualmente, para amenizar
nossas angústias de conviver com as diferenças geracionais. Por vezes, ele pode
conseguir se adaptar para sobreviver; por vezes, a mudança não será seu desejo ou sua
necessidade.
Sennett (2015) expõe também o conceito de dialógica. Este vai dizer que as
pessoas precisam observar para poderem conversar. Estar receptivo e atento ao outro já
é uma forma de cooperar e, assim, gerar um diálogo verdadeiro. Entretanto, poucos
querem ser os ouvintes.
39
Com o envelhecimento especialmente, o que é dito pode não receber atenção de
outra pessoa. Por vezes, as considerações dos idosos passam a se desvalorizar com o
passar dos anos, já que não são mais economicamente produtivos, não estão mais no
mercado de trabalho, ou outras justificativas que as pessoas encontram para não escutar
um idoso. Contudo, o não escutar o idoso isola˗o socialmente e retira a possibilidade de
conhecimento mútuo. Como caminho, o afirmado a seguir:
Para Bosi (1994), aos poucos, o velho é afastado de tudo e de todos, e alguns se
resignam, crendo que este é um processo normal, em que o novo precisa de espaço.
Existem, porém, sociedades em que o velho é valorizado e possui espaço honroso em
contato com os mais jovens.
40
O autor aponta que, além da família, as redes sociais de apoio são essenciais. Os
amigos, conhecidos, e vizinhos, por exemplo, ocupam um lugar de grande importância
no cuidado ao idoso, que antes se considerava função exclusiva da família.
Giles (2005, apud IACUB, 2012) apontou que, em seu estudo na Austrália,
idosos com amigos têm maior expectativa de vida que idosos sem amigos –
considerações essas que podem ser universalizadas certamente, e estendidas a idosos de
todos os lugares. Considerou, Giles, que os amigos reforçam a autoestima e promovem
bem-estar psicológico, pois podem contar com uma pessoa que os estimula a se
cuidarem e a melhorar sua saúde.
Muitos idosos acreditam que vivem melhor, com menos limitações, com amigos
do que com a família. Não porque tenham conflitos com esta, mas porque,
frequentemente, esta mantém em suas atitudes, sem se aperceber disso, estereótipos
sobre a velhice, limitando a vida do idoso (IACUB, 2012). Contudo, para o autor, a
integração e a participação comunitária são os fatores de maior impacto sobre a
qualidade de vida na velhice. Essa integração tem intensa relação com os processos de
empoderamento dos idosos.
Muitos grupos de idosos, com diferentes fins, têm sido criados. Muitos são
grupos reivindicatórios que lutam para garantir os direitos dos idosos. Outros se
propõem a realizar atividades culturais, sociais, desportivas e recreativas. Esta
participação torna o idoso protagonista de sua vida (IACUB, 2012).
A longevidade é, e foi sempre, a grande aspiração do ser humano, mas que traz
consigo inúmeros desafios. No século XX houve uma revolução de longevidade, que
tende a permanecer por muitas décadas, com consequências como o aumento das
demandas sanitárias, sociais e econômicas. Para tanto, precisa-se de profundas
transformações, a fim de melhorar a qualidade de vida dos idosos e, em última análise,
promover o envelhecimento ativo (KITADAI; PAPALÉO NETTO, 2015)
41
vida do organismo entre seu nascimento e sua morte (KITADAI;
PAPALÉO NETTO, 2015, p. 1).
Para alguns autores, não se deve fazer uma marcação cronológica, como a da
quarta idade, pois a idade avançada nem sempre significa limitação funcional, segundo
Papaléo Netto e Kitadai (2015). Contudo, é inegável que há condições qualitativamente
distintas de outras fases, na quarta idade, como maior necessidade de suporte ambiental,
social e econômico, e de assistência à saúde:
42
Adolphine está com 86 anos quando começo a atendê-la uma
vez por semana no Centro de atendimento diurno em que
trabalho. Uma arterite dos membros inferiores, que prejudica
seus deslocamentos, e um tremor cerebelar a fazem caminhar
como uma velhinha frágil. Essa visão que proporciona aos
outros é para si intolerável. De coração e de cabeça jovem, diz
ela, é só corpo que está envelhecendo (MESSY, 1999, p.69).
Esse aumento da longevidade, apesar de tão esperado pela humanidade, não vem
acompanhado de boa qualidade de vida que garanta uma velhice saudável.
A família, o espaço aonde vivem a maior parte dos idosos recebendo amor e
carinho, muitas vezes, percebem o idoso como um incômodo. Frequentemente, este é
alvo perdedor de espaços na casa e de negligências quanto a suas necessidades de
alimentação, segurança e participação (MINAYO, 2011).
Com as mudanças sociais muitos idosos abrigam seus filhos em suas moradias,
porém nem sempre podem contar com a ajuda destes, pois todos ainda precisam atuar
no mercado de trabalho (PAPALÉO NETTO; KITADAI, 2015).
43
Somados estes dados à solidão, estas idosas terão mais chances de terem depressão
(PAPALÉO NETTO; KITADAI, 2015).
Na velhice, para Bosi (1994), devemos estar conectados com causas que dão
significado a nosso cotidiano; porém, se ao se aposentar do trabalho, se desespera pela
falta de sentido da vida, para Beauvoir (1970), ele esteve a vida toda sem encontrar esse
sentido.
44
adaptação ao meio em que vive e muitos idosos rejeitam o próprio envelhecimento, o
que pode levá-los a conflitos com os mais jovens.
Obviamente que, por outro lado, alguns idosos com mais de 80 anos, podem não
vivenciar tais dificuldades por uma série de fatores em suas vidas e por conta da
particularidade de cada velhice. Como descrito por Messy (1999), “a quebra do
espelho”, simbologia para a entrada na velhice, é algo íntimo, particular e não
cronológico, nem definido socialmente.
45
3. Metodologia
Através das contribuições dos outros autores sobre o tema, publicadas nos
últimos 10 anos, de 2008 a 2018, foi possível fazer uma análise com enfoque
qualitativo. As publicações encontradas foram analisadas, inicialmente, a partir da
leitura dos títulos e resumos, desde que nestes houvesse conteúdos que obedecessem aos
critérios de inclusão da presente pesquisa, sendo que o material publicado foi lido na
íntegra.
46
A busca foi feita nas bases de dados Portal de Periódicos Capes, do Ministério
da Educação, e Scielo (Scientific Electronic Library Online).
47
residentes no Município de Jequié (Bahia)
Não se pode negar, segundo a mesma autora, que há novos modelos na família
contemporânea, que passou da família patriarcal para o modelo nuclear, homoafetiva,
monoafetiva, dentre outros. Essas mudanças têm impactado idosos que se permitem ou
presenciam uniões não necessariamente legais, divórcios, (re)casamentos, relações com
pessoas do mesmo sexo etc. Ou seja, as mudanças sociais familiares também atingem o
idoso.
48
Para Silva et al. (2015), apesar das mudanças sociais, ainda hoje, a família é o
suporte mais comum dos cuidados de saúde aos idosos, tendo que se adaptar e aprender
na prática como atender à necessidade do idoso fragilizado. Esse cuidado, cotidiano
oferecido pela família, é, porém, carregado de emoção ou sentimentos outros que devem
também ser observados pelos serviços de saúde. A família deve receber atenção dos
profissionais, tal qual seus idosos.
49
Em sua tese de doutorado, Cauduro (2013) relatou uma dessas dificuldades
encontradas para realizar sua coleta de dados com idosos com mais de 90 anos. No
momento da coleta, os participantes tinham liberdade de estarem acompanhados ou não.
A autora verificou que, algumas vezes, o acompanhante (na maioria das vezes um
familiar) demonstrava excessiva proteção ao idoso, talvez na tentativa de anular
qualquer decisão sua. Nestes casos, era necessária a intervenção do coordenador da
pesquisa, a fim de valorizar as respostas do idoso entrevistado.
Camarano (2016) aponta que, por estar dentro das casas, o cuidado familiar se
torna socialmente invisível, podendo esconder problemas e desgastes desta família, mas
podendo também esconder o idoso, torná-lo também invisível socialmente.Da mesma
forma explicita Bosi (1994), quando, utilizando-se de aparentes boas intenções, os
velhos são via de regra convencidos a deixarem seus lugares, cederem seu espaço para
os mais jovens. Dentro das famílias, os velhos são remanejados, privados de escolhas,
com a constante justificativa: “é para seu próprio bem”. Mesmo a atitude de não discutir
com o velho, de não entrar em confronto com ele, nega˗se a ele a possibilidade de
crescimento, tornando esse fato uma discriminação etária.
50
Percebe-se neste estudo então, uma outra dinâmica familiar que mantém o idoso
isolado do seu núcleo, também tirando-lhe sua voz ou participação social, seja por
desejo próprio, seja pelo desejo da família ou pela qualidade do vínculo formado entre
eles ao longo da vida.Em sua pesquisa, Aboim (2014) identificou que, para os idosos, a
institucionalização é sinônimo de solidão associada à perda de autonomia e atividade:
Não há um julgamento sobre a postura das famílias ou dos próprios idosos nesta
interação ou falta de interação, pois a interação é sempre algo muito singular. Não cabe
eleger um culpado, uma vez que as pessoas não são homogêneas assim como a velhice
não é homogênea, conforme apontou Minayo (2011). Ou seja, cada história será sempre
única.
Contudo, a partir deste dado, pode-se refletir sobre a vivência da velhice e suas
dificuldades. É inegável que esta traz mudanças e, assim, produz novas formas de
interação social, até mesmo com a própria família. Por vezes, o próprio idoso se afasta
ou se isola da família por dificuldade em aceitar a própria velhice, o que Aboim (2014)
chamou de autodiscriminação – “sou velho, portanto, sou menos pessoa” -, ou por se
sentir lesado nesse contexto. Por vezes, a família afasta o idoso ou o anula,
desconsiderando o sujeito que está ali, podendo fazer isto pela dificuldade em aceitar a
velhice ou porque os vínculos familiares nunca foram bons.
51
Nesse sentido, Ecléa Bosi (1994) defende a importância da participação do velho
nas famílias, na socialização das crianças e na formação de memória:
Para alguns aprendizes, há a gratidão pelos velhos, após tê-los superado; outros
dão-lhes as costas quando a fonte se esgotou, enquanto se espera que o velho tenha
infinita tolerância, capacidade de perdoar e seja abnegado à família. Qualquer erro ou
fraqueza já cria dificuldades e se inicia o afastamento desse velho (BOSI, 1994).
Enquanto Bosi (1994) tem uma percepção do idoso sendo prejudicado, muitas
vezes, por sua família, destituindo o idoso de seus desejos e crenças e o punindo com o
afastamento; a pesquisa de Rodrigues e Silva (2013) demonstra que o laço afetivo
criado entre os familiares, que determinará a interação na velhice, teve fundamental
participação do idoso. As duas visões são reais e necessárias, pois, como definido por
Berger e Luckmann (2014) há muita subjetividade envolvida em qualquer interação, o
que tornam as coisas muito mais complexas e profundas do que podemos descrever.
Em estudo com 60 longevos (90 anos ou mais), Cauduro (2013) identificou que
as mulheres têm mais contatos sociais; contudo, o número de contatos é menos
relevante do que a qualidade destes. Se estes contatos não fornecerem apoio social, o
idoso pode ter sua qualidade de vida diminuída. Mesmo que a rede social de apoio
52
diminua ao final da vida, não, necessariamente, o idoso estará insatisfeito, bastando esta
continuar sendo suportável
Neste âmbito familiar, um elemento tem sido frequente como parte da família, o
animal doméstico ou de estimação. Independentemente de, se idosos ou não, boa parte
das famílias adotam um animal para fazer parte da sua constituição. Costa et al. (2009)
pesquisaram sobre a convivência de idosas com animais de estimação, chamando esta
de interação social alternativa.
53
desse animal (levar para passear, levar para o veterinário, levar para tomar banho no pet
shop), assim como poderem ser intermediadores para trazer novidades, acontecimentos
e assuntos a este idoso.
54
bem; porém, se houver sobrecarga, constrangimento e até opressão sobre o jovem
cuidador e sobre o idoso, esta relação necessita ser modificada.
Enquanto ocorre o cuidar, há uma interação acontecendo; contudo, esta pode ser
positiva ou negativa. Nesta interação pode estar ocorrendo apoio social ou não.
Apesar de terem sido encontrados poucos estudos que abordassem este assunto
em idosos longevos, muitos (com idosos no geral) descrevem o desgaste do cuidador e
as possibilidades de este desenvolver problemas de saúde pela sobrecarga do papel.
Portanto, há a possibilidade de esta interação, que muitas vezes é a única para o idoso,
perder a qualidade pelo desgaste do cuidador.
55
efeitos danosos de problemas físicos, emocionais ou sociais e favorecendo o bem-estar
de todos.
O bem-estar do idoso é o fator que vai avaliar se aquela rede microssocial está
sendo benéfica ou não, já que a qualidade do relacionamento com as pessoas envolvidas
nessa rede, a confiança e a reciprocidade serão essenciais nesse momento. Quando não
existem esses sentimentos, a interação social se desequilibra, os laços são
enfraquecidos, formando um ciclo prejudicial para vida das pessoas em idade avançada:
Uma boa rede de apoio social auxilia os idosos a viverem bem esta
etapa da vida, minimizando os estresses decorrentes do
envelhecimento. Para possuir uma boa rede de apoio social, é
necessário conquistá-la e mantê-la, e as habilidades sociais possuem
uma função importante neste processo. É um processo longo e bem
trabalhoso, pois não se conquistam verdadeiros amigos de uma hora
para outra (RODRIGUES; SILVA, 2013, p.169).
Sobre a interação social do idoso com a sua família é possível dizer, através dos
autores abordados, que esta interação é permeada pelo medo da solidão, necessidades de
cuidado, reconhecimento e adaptação de todos. A história afetiva da família será
determinante nesta interação, assim como a subjetividade de cada membro. Se houver
afeto e reconhecimento, além de interação, este idoso, provavelmente, receberá apoio
social, se não houver, este idoso, provavelmente, estará isolado em casa ou em uma
instituição.
56
entre crianças, jovens e velhos, alternando momentos de conflito, repressão, indiferença
com momentos de cooperação e diálogo. Cada cultura também estabelece modos de
comportamento no que diz respeito às gerações e os relacionamentos entre elas.
Para Iacub (2012), assim como para muitos autores, o ser humano é gregário,
portanto, necessita estar sempre com outros seres humanos. Para o idoso, ter mais
contato promove mais anos de vida e com melhor qualidade. Os idosos precisam se
encorajar e manter ou criar mais relações. Em concordância com Barros (2014), que
afirmou que a presença do grupo social é imprescindível para a ativação da memória e
interpretação do passado.
57
As consequências, apontadas na mesma pesquisa, são perda de relações,
alterações do sono, maior pressão arterial, tendência à depressão e à ansiedade,
desconfiança, pensamentos repetitivos e perda de recursos intelectuais como memória e
maior tendência ao suicídio.
Fratezi et al. (2012) publicaram uma pesquisa sobre o evento chamado “Dia dos
Avós”, no qual 350 idosos e 60 crianças foram convidados a interagir. Foram
desenvolvidas atividades como dança, brincadeiras, oficina de memória, atividades de
animação, coral e consulta gerontológica.
Os idosos, por sua vez, relataram satisfação pela presença dos mais jovens e
indicaram que o evento possibilitou a mudança do preconceito de que os jovens não se
interessam pelos idosos e não os respeitam (FRATEZI et al., 2012).
58
tolerância. Acredita-se que interagir e participar são direitos de todos em nossa
sociedade.
Assim como para Papaléo Netto e Kitadai (2015), o conflito intergeracional deve
ser transformado em solidariedade, com igualdade de direitos e respeito às diferenças,
favorecendo pessoas de todas as idades. A interação é sempre algo complexo porque
envolve as diferenças de todos os envolvidos (VELHO, 2002), contudo o convívio com
o diferente pode romper estereótipos (CONCONE, 2007).
59
dificultando o encontro com as gerações mais novas (FERRIGNO,
2015, p. 189).
A pesquisa de Silva et al. (2015) teve como objetivo identificar a dinâmica das
relações familiares intergeracionais na percepção dos idosos. Foram coletados dados
com 32 idosos, sendo apenas 1 com idade acima de 80 anos.
“Uma relação de muito amor e cumplicidade, tudo que meu neto vai
fazer antes de tomar a decisão ele me pede conselho, ele considera
muito os meus conselhos.”
“[...] apesar dele já ter maior idade, ele respeita as coisas que eu
falo, nós interage para tomar uma decisão.” (SILVA et al., 2015, p.
2186).
Para estes autores, as relações positivas entre idosos e seus netos, descritas nesta
categoria, são de importância crucial para idosos, pois sentir-se amados e valorizados
levam os idosos a escaparem do isolamento.
16
No capítulo “A interação social na família”, da presente pesquisa, foram abordadas mais questões sobre
a relação familiar, valendo aqui destacar apenas alguns pontos a mais que tangem ao relacionamento
intergeracional.
60
Quando o citado autor, Galvão-Alves (1992), fala dos dois tipos de velhos, o
“trambolho” e a “relíquia”, esta primeira categoria da pesquisa de Silva et al. (2015)
percebe o velho como relíquia, algo a ser preservado e amado por seus familiares, mas
que segundo Galvão-Alves (1992), velhos percebidos desta forma são uma minoria.
“Tem hora que tem umas discussões com as netas, porque têm
algumas coisas que elas faz, eu falo que tá errado e elas fica
falando que eu sou do tempo antigo [...].”
Silva et al. (2015) referem que jovens titulam seus avós como ultrapassados,
neste estudo, sendo um reflexo da imagem negativa sobre o idoso que está presente na
sociedade; contudo, é preciso cultivar laços afetivos ao longo de toda a vida para que
idosos e jovens consigam superar estes conflitos.
61
situação, pois, conforme teorizado por Berger e Luckmann (2014), ainda que os outros
tenham perspectivas de mundo diferentes das minhas, vivo com eles em um mundo
comum:
Nas famílias desta pesquisa, os idosos referiram prazer em desfrutar seu tempo
“livre”, pós-aposentadoria, com seus netos e a satisfação em cuidar deles:
“É bom que meu neto mora aqui comigo, porque como eu já perdi
meu esposo, se não tivesse meu neto, eu ia ficar muito sozinha, então
eu que cuido dele, levo para a escola.”
“Se não fosse pra felicidade deles, eu queria que eles ficasse aqui pra
sempre, pra toda vida comigo, porque desde que nasceu moram aqui.
Eles me apoia, dá carinho, risada, mas eu sei que um dia eles têm que
sair e construir a vida deles, constituir a família.” (SILVA et al.,
2015, p. 2189).
A relação entre avós e netos deve ser reciprocamente interessante, pois os netos
são as companhias mais frequentes dos idosos (SILVA, et al., 2015).
62
É na interação com pessoas de idade que a criança entra em contato com o
passado, formando memórias; sem isso seriam somente dados da história. Ruas, casas,
móveis, roupas antigas, maneiras de falar e de se comportar só nos são familiares,
devido ao contato íntimo com nossos avós (BOSI, 1994). Nos seus termos, “É a
essência da cultura que atinge a criança através da fidelidade da memória” (BOSI,
1994, p. 75).
O mesmo fato foi apontado por Barros (2014), ao dizer que muitos idosos
permanecem trabalhando mesmo depois da aposentadoria, por serem provedores de suas
famílias, principalmente em camadas economicamente mais precárias da população.
63
social, estes prestam ajuda na forma de bens, dinheiro, caracterizando uma troca
intergeracional, recíproca, dentro da família.
Sobre a interação social intergeracional é possível dizer que esta pode se dar em
qualquer ambiente, porém é mais visível dentro das famílias. Esta interação, como
qualquer outra, é complexa e influenciada pelos papéis sociais, crenças,
comportamentos e vínculo afetivo de ambos os lados: jovens e velhos. A interação
intergeracional pode beneficiar a todos, mas requer também de todos, respeito e afeto.
Em seu trabalho sobre os laços sociais estabelecidos pelos idosos, para além dos
laços consanguíneos, D’Alencar (2012) estuda os grupos de convivência. A partir de
toda a mudança já apresentada no contexto familiar, que faz o velho ressignificar a
solidariedade e diversificar seus laços, ele passa a projetar para outros espaços o que
entende como perdido (carinho, afeto, atenção, respeito).
Iacub (2012) também relatou este evento, quando diz que muitos idosos
acreditam que vivem melhor, com menos limitações, com amigos do que com a família,
não, necessariamente, por conflitos, mas por verem a velhice de forma menos
estereotipada.
64
muito além do que deveriam incorporar, considerando o papel que já
assumiram em etapas pretéritas da vida (D’ALENCAR, 2012, p.16).
Neste estudo, foi notado que, para estes idosos pesquisados, a idade interferiu
diretamente na independência funcional. Contudo, segundo apontado anteriormente por
Papaléo Netto e Kitadai (2015), nem sempre a idade avançada vai significar limitação
funcional, apesar de concordarem que a idade avançada trará condições
qualitativamente distintas das outras fases da vida.
Essa é uma das limitações da presente pesquisa, como já foi dito anteriormente,
pois segundo as pesquisas encontradas (tal qual a supracitada) os idosos longevos quase
não aparecem também nos centros de convivência. Obviamente, eles ainda são em
65
menor número na população em geral, mas o acesso a eles, a possibilidade de conhecê-
los e proporcionar-lhes práticas mais adequadas, ainda é difícil.
A publicação que contribui para este dado é o estudo de Navarro, et al. (2015)
sobre a percepção dos idosos sobre áreas urbanas. Neste foram comparadas as
percepções de dois grupos de idosos, idosos-jovens e idosos-longevos. A percepção de
dificuldades, como: poucos bancos, falta de faixas de segurança, tempo de sinal muito
curto para pedestres, degraus muito altos e mau cheiro dos banheiros públicos, foi maior
entre os idosos jovens (até 79 anos). Os idosos longevos perceberam menos esses
fatores, porém, referiram que frequentam menos os ambientes comunitários, talvez por
terem mais limitações, por se sentirem menos pertencentes a este espaço social, dentre
outras dificuldades que os tornam “invisíveis” socialmente.
66
Com a aposentadoria o rendimento dos idosos diminui, trazendo dependência
familiar para alguns, além da ruptura com a vida atarefada, podendo gerar isolamento e
sentimento de solidão.
Como afirma Bosi (1994), na velhice o sujeito sente-se diminuído, lutando para
continuar sendo homem. Na sociedade de competição e lucro, o homem é desvalorizado
todo o tempo, acentuando-se na velhice tal problema, principalmente com a
aposentadoria. E, para Beauvoir (1970), a única forma de o homem se sentir respeitado
na velhice é se ele tivesse sido respeitado durante toda a sua vida. Portanto, é preciso
refazer todas as relações humanas, para que nenhuma humanidade seja excluída da
humanidade. Há grupos que lutam por seus direitos, mas o velho não tem armas; por
isso, nós precisamos lutar por ele. Nestas condições os centros de convivência têm se
mostrado eficazes dentro do possível.
67
Dessa forma, a interação em um momento de internação pode ser boa ou não, a
mercê do histórico anterior de cada profissional. O ideal seria haver treinamentos para
desenvolver habilidades nesses profissionais, focando ações delineadas a partir do
conhecimento da realidade do idoso e de sua família, e não mais baseando-se em seu
histórico pessoal anterior. Desenvolvendo boas interações sociais nas ações de cuidado,
equipe e idosos podem ser mutuamente gratificados, já que saúde física, mental e social
deve receber igualmente atenção das equipes de saúde que visem resultados positivos
em suas atuações.
Confirmando o observado pelos autores acima, Guedes et al. (2017) dizem que o
que se vê no Sistema Único de Saúde do Brasil, são serviços preparados para atender a
uma demanda específica da doença, principalmente aguda, sem levar em conta o
protagonismo e a autonomia do usuário.
68
Para tanto, tais mudanças requerem também um esforço dos próprios usuários
com uma responsabilidade compartilhada no cuidado de sua saúde ou das pessoas
próximas, proporcionando o empoderamento e autonomia popular para estas questões
em saúde.
69
Na institucionalização, a rede de apoio é imprescindível, pois auxilia o
idoso a adaptar-se a essa situação, melhora seu bem-estar subjetivo e a
qualidade de vida. O grande desafio é ajudar o idoso
institucionalizado a estabelecer sua rede de apoio social,
principalmente com os demais idosos da instituição (RODRIGUES;
SILVA, 2013, p. 169).
70
Neste estudo fica claro que a qualidade de vida é melhor para quem não está
asilado, mas vários fatores podem justificar este resultado, por exemplo, o maior ou
menor grau de dependência do idoso, e não unicamente a institucionalização. Contudo,
o que vale ressaltar é o fato do escore mais baixo ser o da intimidade. Vários estudos,
inclusive com idosos não institucionalizados, tal qual o de Lima, Araújo e Sacattolin
(2016), já abordado anteriormente, apresentam este mesmo resultado, demonstrando que
desenvolver intimidade na velhice é uma tarefa difícil.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
71
sempre presentes, dificuldade das famílias em falar sobre o tema e, por fim, dificuldade
de interação social das famílias com seus idosos longevos.
72
mas para a compreensão do presente, “função de unir o começo ao fim, de tranquilizar
as águas revoltas do presente alargando suas margens” (BOSI, 1994, p. 82).
73
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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