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UNIVERSIDADE SALGADO DE OLIVEIRA

CURSO DE DIREITO

KARLA AMORIM MELO

SÍNDROME DA ALIENAÇÃO PARENTAL

Goiânia
2014
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KARLA AMORIM MELO

SÍNDROME DA ALIENAÇÃO PARENTAL

Monografia apresentada à Disciplina


Orientação Metodológica para Trabalho de
Conclusão de Curso, requisito imprescindível à
obtenção do grau de Bacharel em Direito pela
Universidade Salgado de Oliveira.

Orientador: Professor Me. Giulliano Rodrigo


Gonçalves e Silva

Goiânia
2014
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KARLA AMORIM MELO

SÍNDROME DA ALIENAÇÃO PARENTAL

Monografia apresentada ao Curso de Direito da Universidade Salgado de


Oliveira como parte dos requisitos para conclusão do curso.

Aprovada em ___ de __________ de 2014.

Banca Examinadora:

___________________________________________________________________

Nivaldo dos Santos – Doutor em Direito, PUC/SP


Examinador – UNIVERSO

_________________________________________________________________

Prof Me Giulliano Rodrigo e Silva


Professor Orientador

___________________________________________________________________

Professor Orientador
4

Dedico este trabalho a Deus por que sem ele não somos nada, aos meus
pais Aldivo e Suelma, pelo amor, dedicação, ensinamentos, pelo apoio incondicional
em todos os momentos da minha vida e por me fazer acreditar que tudo é possível,
basta perseguir os sonhos. Amo vocês
5

Registro meus agradecimentos aos meus pais Aldivo e Suelma, pelo


incentivo e apoio nessa caminhada. Sem eles esta tarefa não seria possível.
Também quero estender os meus agradecimentos a todas as pessoas que
contribuíram e me incentivaram diretamente e indiretamente nesse caminho, às
vezes fácil e outras vezes trilhando com muitas dificuldades.
Minha gratidão a Deus por estar comigo em todos os momentos e
iluminando- me, sendo meu refugio e fortaleza nos momentos mais difíceis. A ele
minha eterna gratidao
Agradeço ao Professor. Me. Giulliano Rodrigo Gonçalves e Silva, a
dedicação durante o processo de orientação deste trabalho.
6

“É nos momentos de decisão que o seu destino é traçado”.


Anthony Robbins
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RESUMO

Esta monografia apresenta um estudo da Alienação Parental que pode ser


entendida como uma disfunção nos relacionamentos estabelecidos no sistema
familiar. A partir da ação abusiva de um de seus genitores, a criança pode ter sua
ligação psicológica com o outro genitor enfraquecida ou destruída. Traz seu
conceito, identificação, entre a síndrome da alienação parental, bem como a
identificação de um alienante e uma criança em processo de alienação ou já
alienada, quais são os sintomas físicos e psicológicos das crianças envolvidas. A
temática vem sendo discutida por profissionais do direito e da área de saúde mental,
em relação as medidas de intervenção que podem impedir o avanço do problema.

Palavras-chave: Síndrome da alienação parental, família, medidas de intervenção.


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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.............................................................................................................1

1. O DIREITO DE FAMILIA E A CARACTERIZAÇÃO DA ALIENAÇÃO


PARENTAL................................................................................................................. 3
1.1 Guarda do menor no direito de família..............................................................5
1.2 Elementos da alienação parental ....................................................................10

2. A IDENTIFICAÇÃO E O TRATAMENTO DA ALIENAÇÃO APRENTAL.............13


2.1 Causas e conseqüências da alienação parental.............................................18
2.2 Da tutela jurídica á alienação parental.............................................................21

CONCLUSÃO............................................................................................................23

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.........................................................................25

ANEXOS
INTRODUÇÃO

O presente trabalho monográfico abordara sobre a alienação parental, a


síndrome que dela decorre e a diferença entre elas, também chamada de falsas
memórias ou abuso do poder parental, que é o termo proposto por um psiquiatra
infantil Richard Gardner em 1985. Atualmente conhecida pela lei nº 12.318,
promulgada em 26 de agosto de 2010, é caracterizada como interferência na
formação psicológica da criança ou do adolescente para a situação em que a mãe
ou o pai, mas também aos avôs ou quaisquer outras pessoas que detenham a
guarda ou vigilância (guarda momentânea) do incapaz para que repudie o genitor
treinando a para romper os laços afetivos com o outro genitor, criando fortes
sentimentos de ansiedade e temor em relação a um dos genitores.
Os casos da Síndrome da Alienação Parental estão associados a situações
onde a ruptura da vida conjugal gera em um dos genitores, uma tendência vingativa
muito grande. Quando este não consegue elaborar adequadamente o peso da
separação, desencadeando um processo de destruição, vingança, desmoralização e
descrédito do ex-cônjuge. Neste processo vingativo, o filho é utilizado como
instrumento da agressividade direcionada ao parceiro.
A lei nº 12.318/2010 da alienação parental, veio em boa hora, foi feita para
facilitar a intervenção judiciária e atender o Melhor Interesse da Criança ou
Adolescente, sua expectativa é contribuir para inibir ou atenuar os processos da
Alienação Parental. Essa prática deve ser eliminada antes de se instalar,
começando com o esclarecimento, comunicação, divulgação e advertências
conforme se observa, possui mais um caráter educativo, no sentido de conscientizar
os pais do melhor interesse da criança, do que propriamente sancionatório, não
estabelecendo qualquer tipo de penas restritivas de liberdade aos alienadores, sob o
enfoque de que o menor seria duplamente penalizado: primeiramente com a
alienação e, em segundo lugar, com a prisão de um dos seus genitores. O direito
brasileiro busca, com o estabelecimento das inovações legislativas, fortalecer o
direito fundamental do menor à convivência familiar assim como a Constituição
Federal, o Estatuto da Criança e do Adolescente e o Código Civil, proteger a criança
e seus Direitos fundamentais, preservando dentre vários direitos o seu convívio com
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a família, e a preservação moral desta criança diante de um fato que por si só os


atinge, a separação.
No assunto também, será abordado à questão sobre a importância do
trabalho de mediação dos profissionais da área da saúde mental, que sabendo
quanto à síndrome é nociva à criança, devem agir rapidamente, aplicando as
medidas de intervenção para impedir que os danos causados pela síndrome tornem
se irreversíveis; medidas estas que devem ser sempre amparada por um
procedimento legal e contar com o apoio judicial.
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1. O DIREITO DE FAMILIA E A CARACTERIZAÇÃO DA ALIENAÇÃO


PARENTAL

É de fundamental importância para a compreensão deste estudo a


abordagem do conceito de entidade familiar. Conceituar família é uma tarefa árdua e
complexa, uma vez que este instituto tem influencia é por meio dela que o individuo
adquire as principais respostas para os primeiros obstáculos da vida. É instituto no
qual a pessoa humana encontra amparo irrestrito, fonte da sua própria felicidade
pois são transmitidos os valores morais e sociais é nela que nascem as primeiras
fontes e formam as impressões duradouras e também o caráter que por meio dele
se determina onde se pode chegar. Uma família bem estruturada traz consigo a
união e distinção do que é certo ou errado.
Os membros integrantes da família (pais, irmãos, avós etc) moldam o ser
humano, contribuindo para a formação do futuro adulto. Esse grupo familiar tem sua
função social e é determinado por necessidades sociais. Ele deve garantir o
provimento das crianças, para que elas, na idade adulta, exerçam atividades
produtivas para a própria sociedade, e deve educá-las, para que elas tenham uma
moral e valores compatíveis com a cultura em que vivem

O homem ao nascer se acha preso pelas relações de família, visto que pelo
fato de nascer cria direitos e obrigações para com os seus progenitores.
Assim, nascendo o individuo tem uma família e nela figura numa posição
secundária e temporária até a maioridade. A família, verdadeira fonte de
seus mais importantes direitos, tem seu desenvolvimento pela ordem natural
das coisas. Assim é que, procedendo constitui, com os filhos pequenas
parcelas de famílias, que, por sua vez, vão organizando novas famílias,
desenvolvendo-as e multiplicando-se. (FILHO, 1929, p.21 apud OLIVEIRA,
2002, p.19).

Inúmeras são as influencias do ambiente social para a formação da


personalidade humana. Inegavelmente, a família é a mais importante de
todas. É ela que proporciona as recompensas e punições, por cujo
intermédio são adquiridas as principais respostas para os primeiros
obstáculos da vida. É instituto no qual a pessoa humana encontra amparo
irrestrito, fonte da sua própria felicidade. (ALVES, 2010, p.3).

Podemos observar que, a família tem duas grandes funções: a de assegurar a


continuidade da espécie e a de articular a individuação e a socialização. Quer isto
dizer que a família tem de ser capaz de equilibrar cada pessoa do seu núcleo de
maneira a estar bem consigo própria e com os outros.
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No direito brasileiro, durante muito tempo, o casamento foi considerado como


a única forma de constituição de família legítima. Tal situação foi alterada com a
Constituição Federal de 1988 que permitiu o reconhecimento de outras entidades
familiares. A Constituição Federal trata expressamente do casamento civil, da união
estável e da família monoparental (entidade familiar formada por um dos genitores e
seus descendentes). Podemos notar, portanto, que a Constituição Federal de 1988
ampliou o conceito de família no direito brasileiro.
O Código Civil atual buscando a adaptação à evolução social e bons
costumes, incorporando as mudanças legislativas sobrevindas, adveio com ampla
regulamentação dos aspectos essenciais do direito de família à luz dos princípios e
normas constitucionais.
Segundo Paulo Bonavides, in Dias: (DIAS, 2009 p. 56). “Os princípios
constitucionais foram convertidos em alicerce normativo sobre o qual assenta todo o
edifício jurídico do sistema constitucional, o que provocou sensível mudança na
maneira de interpretar a lei”.
A família é uma construção cultural na qual todos ocupam um lugar, possuem
uma função lugar do pai, lugar da mãe, lugar dos filhos -, sem, entretanto, estarem
necessariamente ligados biologicamente. É essa estrutura familiar que interessa
investigar para o direito. É a preservação do lar no seu aspecto mais significativo,
lugar de afeto e respeito.
Contudo quando essa junção não ocorre de forma desejada, uma das
alternativas que a parte encontram para a ruptura desse vinculo conjugal, é a
separação.
Começa aqui um problema um conflito muito maior do que aquele que queria
se evitar com a constituição da família.
Assim, passaremos agora a compreender melhor um desses conflitos
instaurados com a ruptura da relação familiar, ao qual é de grande relevância social
e jurídica no nosso tempo.
O tema em voga existe a muito tempo no meio social e principalmente no
seio familiar, onde a alienação, que aqui será discutida, se instala com maior
facilidade e só é percebida com o grau já avançado.
Alienação Parental é um dos problemas enfrentados pelas famílias que é
uma expressão definida pelo psiquiatra infantil norte americano Richard Alan
Gardner em 1985, que já está regulamentado no Brasil através da Lei nº 12.318/10,
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onde designa muitos tipos de atos cruéis de ordem emocional que um genitor ou
responsável comete em relação a uma criança e/ou adolescente no intuito
de denegrir a imagem do genitor do pólo oposto da relação de parentesco.
O que chamamos de características que são detectadas por aqueles que
instalam a síndrome da alienação parental e por aqueles que são atingidos por essa
(agentes alienados), podem ser denominados como sintomas.
É um distúrbio mental que está diretamente atrelado à alienação que pais,
parentes ou tutores exercem sobre a criança e/ou adolescente em face de um dos
genitores, destruindo a imagem deste, ocasionando danos, os quais consistem em
desfragmentar a família, base da sociedade.
Existe uma diferença entre alienação parental e a síndrome da alienação
parental o resultado da conjugação de técnicas e/ou processos que, consciente ou
inconscientemente, é utilizado pelo genitor que pretende alienar a criança, promove
àquilo que se denomina alienação parental, essa situação pode dar ensejo ao
aparecimento de uma síndrome, a qual surge do apego excessivo e
exclusivo da criança com relação a um dos genitores e do
afastamento total do outro.

1.1 Guarda do menor no direito de família

Com a relação a guarda, a própria expressão semântica parece ambivalente


indicando um sentido de guarda como ato de vigilância, sentinela que mais se
afeiçoa ao olho unilateral do dono ou uma coisa guardada, noção inadequada a uma
perspectiva bilateral de dialogo e de troca, na educação e formação da
personalidade do filho.
Maria Berenice Dias bem destaca:

O direito das famílias- por estar voltado à tutela da pessoa – é


personalíssimo, adere indelevelmente à personalidade da pessoa em
virtude de sua posição na família durante toda a vida. Em sua maioria é
composto de direitos intransmissíveis, irrevogáveis, irrenunciáveis e
indisponíveis. (DIAS, 2009, p. 35).

Em pese a importância dessa tendência, há de se ter cautela, no entanto, na


avaliação de seus resultados, seja pela insuficiência do Poder Judiciário a assegurar
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a efetividade do compartilhamento de responsabilidades com base na mera


atribuição da guarda, seja pelo risco de subestimar o instituto da autoridade parental
que, no direito brasileiro, mostra- se muito mais abrangente, apto a vincular os
genitores a uma serie de deveres que não se extinguem com a separação. Ou seja,
de um lado, o enfoque exclusivo da guarda muitas vezes revela – se infrutífero, já
que depende ou fatores comportamentais dificilmente suscetíveis de controle pelo
Direito. De outro, a autoridade parental, mal enquadrada dogmaticamente na figura
do direito subjetivo, acaba por receber atenção doutrinaria exclusivamente no que
concerne as relações patrimoniais – atinentes á administração de bens e a pratica
de negócios jurídicos – ou em seu momento patológico – nos casos de extinção ou
suspensão, perde- se assim de vista sua função mais importante, na natureza
existencial a deflagrar a responsabilidade e ambos os genitores no processo
educacional dos filhos, independentemente do quem os tenho em sua companhia.
O que se presencia nas varas da Família das Sucessões são os casos que
envolvem separação com disputa de guarda de filhos.4 Este assunto é seguramente
um dos aspectos mais importantes em relação aos efeitos da separação litigiosa.
O Código Civil no capítulo XI, do Título I, do Livro IV que trata do Direito de
Família estabelece as regras que protegem os filhos. Após a separação, resta a
duvida acerca de qual dos pais irá permanecer com a guarda dos filhos.
A guarda ora em estudo, prevista no código civil, deve ser entendida como a
atribuição conferida a um dos pais separados, divorciados ou ex-conviventes de
união estável o a ambos dos encargos de cuidado, proteção, zelo e custodia do filho.
O mencionado capítulo, que trata da guarda dos filhos, foi modificado pela Lei
nº 11.698 de 13 de junho de 2.008, referida Lei introduziu no ordenamento pátrio a
chamada Guarda Compartilhada, estabelecendo também a guarda unilateral.
O artigo 1583 diz que a guarda será unilateral ou compartilhada. O parágrafo
primeiro conceitua o que seja a guarda unilateral, determinando que a mesma
ocorrera quando a responsabilidade for atribuída a um só dos genitores ou alguém
que o substitua, o parágrafo segundo diz ainda que tal guarda será atribuída ao
genitor que revele melhores condições para exerce-la.
A guarda unilateral, como regra geral, e aquela exercida por um dos
genitores, decorrente de acordo estabelecido entre eles ou por determinação
judicial. Quando o artigo menciona melhores condições, não se refere a melhores
condições financeiras, não basta que um dos genitores possua melhores condições
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financeiras para que lhe seja atribuída a guarda, é necessário que essas melhores
condições sejam psíquicas e emocionais.
Assim, as melhores condições serão configuradas como aptidão para
propiciar aos filhos os seguintes fatores: afeto nas relações com o genitor e com o
grupo familiar; saúde e segurança; educação.
A guarda ora em estuda obriga o pai ou a mãe que a não detenha a
supervisionar os interesses dos filhos.
O direito de visita é um assunto que deve ser abordado quando se estuda a
guarda unilateral, este direito existe para que não haja perda de contato dos filhos
com um dos pais que não detenha a guarda. Este direito deve ser fixado por acordo
entre os pais, ou na impossibilidade, por decisão judicial.
O Professor Paulo Luis Netto Lobo disserta sobre o direito de visita:
“O direito de visita, interpretado em conformidade com a Constituição (art. 227) e
direito recíproco de pais e dos filhos a convivência, de assegurar a companhia de
uns com os outros, independentemente da separação. Por isso, e mais correto dizer
direito a convivência, ou a contato (permanente) do que direito de visita (episódica).
O direito de visita não se restringe a visitar o filho na residência do guardião ou no
local que este designe, abrange o de ter o filho ‘em sua companhia’ e o de fiscalizar
sua manutenção e educação, como prevê o art. 1589 do Código Civil. O direito de
ter o filho em sua companhia e expressão do direito a convivência familiar, que não
pode ser restringido em regulamentação de visita. Uma coisa e a visita, outra a
companhia ou convivência. O direito de visita, entendido como direito a companhia,
e relação de reciprocidade, não podendo ser imposto quando o filho não o deseja,
ou o repele(...). (LÔBO, Paulo. Direito Civil: famílias. São Paulo: Saraiva, 2008, pág.
174)
Conclui-se que a guarda unilateral ainda é a mais utilizada pelos magistrados,
onde, na maioria das vezes, a guarda é dada à pessoa da mãe, ficando o menor
sem o contato devido com o pai.
Ultrapassada a guarda unilateral vale destacar os outros tipos de guarda
admitidos na doutrina. O Deputado federal Tilden Santiago em projeto de Lei definiu
o que seria a guarda por aninhamento: “O Aninhamento ou nidação é um tipo de
guarda raro, no qual os pais se revezam mudando-se para a casa onde vivem as
crianças em períodos alternados de tempo. Parece ser uma situação irreal, por isso
pouco utilizada.
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Conforme dito pelo próprio deputado, trata-se de guarda pouco utilizada,


pelas dificuldades que apresenta, onde os pais se mudam para uma casa onde o
filho se encontra.
Com o fito de tentar solucionar a ausência de um dos genitores, o legislador
introduziu a chamada guarda compartilhada, referida guarda não pode ser
confundida com a chamada guarda alternada.
Na guarda alternada os pais se alternam na educação dos filhos, se
caracterizando pela possibilidade de cada um dos pais deter a guarda do filho parte
da semana ou uma repartição organizada dia a dia, sendo que durante esse período
de tempo o pai exerce a guarda exclusiva.
A continuidade do convívio da criança com ambos os pais é indispensável
para o desenvolvimento emocional da criança de forma saudável. Por isso, não se
pode manter sem questionamentos, formas de solucionar problemas que reflitam na
ausência de um dos pais.
A guarda compartilhada ou conjunta refere-se a um tipo de guarda onde os
pais e mães dividem a responsabilidade legal sobre os filhos. O art 1583, em seu
parágrafo primeiro, define a guarda compartilhada como sendo aquela em que
ocorre a responsabilização conjunta e o exercício de direitos e deveres do pai e da
mãe que não vivam sob o mesmo teto, concernentes ao poder familiar dos filhos
comuns.
Na guarda compartilhada, os filhos têm e são mantidos em uma residência
principal a ser eleita pelos pais mediante mútuo consenso, ou pelo magistrado ao
avaliar as condições peculiares de cada situação que lhe for levada, sempre
buscando preservar o que melhor consultar aos interesses dos menores.
A guarda compartilhada tem o condão de evitar que a crianças sofram as
conseqüências da distancia que poderá ser criada entre elas e um dos genitores
com a aplicação da guarda unilateral. Com o término, seja do casamento ou da
união estável, a criança fica por demais abaladas.
Comentando sobre o princípio do melhor interesse do menor como finalidade
precípua da guarda compartilhada, Rodrigo da Cunha Pereira pondera:
“É comum vermos os filhos se tornam ‘moeda de troca’ dos pais no processo
judicial. A ordem jurídica começou a perceber a necessidade de separar a figura
conjugal da figura parental [...]. Muito pertinente, por isso, a discussão acerca do
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cabimento da guarda compartilhada no ordenamento jurídico pátrio. Este novo


arranjo familiar atenderia aos Princípios do Melhor Interesse do Menor? A guarda
compartilhada é um modelo novo, cuja proposta é a tomada conjunta de decisões
mais importantes em relação à vida do filho, mesmo após o término da sociedade
conjugal [...]. O que se garante é a continuidade da convivência familiar, que é um
direito fundamental da criança e, por seu turno, um dever fundamental dos pais. A
convivência, neste ínterim, não assume apenas a faceta do conviver e da
coexistência, mas vai muito mais além, ou seja, participar, interferir, limitar, educar.
Estes deveres não se rompem com o fim da conjugalidade, por força do art. 1.632
do Código Civil de 2002, por ser atributo inerente ao poder familiar, que apenas se
extingue com a maioridade ou a emancipação do filho. Zelar pelo melhor interesse
do menor, portanto, é garantir que ele conviva o máximo possível com ambos os
genitores – desde que a convivência entre eles seja saudável, ou seja, que não
exista nada que os desabone [...]. (PEREIRA, Rodrigo da Cunha. Princípios
Fundamentais Norteadores do Direito de Familia. Belo Horizonte: Del Rey, 2006, p.
134-135).
Sobre a minoração dos efeitos da dissolução do casamento/união estável dos
pais com a maior participação dos mesmos na vida dos seus filhos através da
guarda compartilhada, assevera Paulo Lôbo:
A guarda compartilhada é caracterizada pela manutenção responsável e
solidária dos direitos-deveres inerentes ao poder familiar, minimizando-se os efeitos
da separação dos pais. Assim, preferencialmente, os pais permanecem com as
mesmas divisões de tarefas que mantinham quando conviviam, acompanhando
conjuntamente a formação e o desenvolvimento do filho. Nesse sentido, na medida
das possibilidades de cada um, devem participar das atividades de estudos, de
esporte e de lazer do filho. O ponto mais importante é a convivência compartilhada,
pois o filho deve sentir-se ‘em casa’ tanto na residência de um quanto na do outro.
Outro ponto a ser destacado é o pagamento de pensão alimentícia nos casos
de guarda compartilhada, a pensão tem como escopo manter os filhos, e os pais são
responsáveis solidários na manutenção da saúdem alimentação, educação e lazer
dos filhos. Desta forma, o instituto da pensão alimentícia não foi abolido com a
possibilidade da guarda compartilhada.
No que tange o valor a ser pago, como sempre deverá ser levado em conta o
binômio necessidade/possibilidade, assim se for determinada a guarda
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compartilhada, pode ser que o valor ser pago a titulo de pensão alimentícia poderá
ser reduzido. Não deve ser esquecido que na guarda compartilhada o filho
permanece na residência de um dos pais, lá fixando seu referencial, portanto,
inadmissível dizer que a pensão seria extinta.
O procedimento para estabelecer a guarda, seja compartilhada ou unilateral,
é ditado pelo artigo 1584.
Referido artigo determina que a guarda compartilhada poderá ser requerida,
por consenso, pelo pai e pela mãe, ou por qualquer um deles, em ação de autônoma
de separação, de divorcio, de dissolução de união estável ou em medida cautelar;
decretada pelo juiz, em atenção a necessidades especificas do filho, ou em razão a
distribuição de tempo necessário ao convívio deste com o pai e com a mãe.
Será então designada audiência de conciliação, na qual o juiz informará aos
pais o significado da guarda compartilhada, a sua importância, a similitude de
direitos e deveres atribuídos aos genitores e as sanções pelo descumprimento de
suas clausulas.
A lei foi bem clara ao determinar que quando não houver acordo entre pai e
mãe será aplicada, quando possível a guarda compartilhada.
O Ministério Público sempre será ouvido nas questões que envolvam a
guarda dos filhos, por ser ele o fiscal da Lei e o protetor dos interesses dos filhos.
No que tange as atribuições e os períodos de convivência na guarda
compartilhada, o juiz de oficio ou a requerimento do Ministério Público, poderá
basear-se em orientação técnico-profissional ou de equipe interdisciplinar para
estabelece-los.

1.2 Elementos da alienação parental

Em 1985 o médico e Professor de psiquiatria infantil da


Universidade de Colúmbia (EUA) Richard Gardner, descreve a
situação em que os genitores separados, e disputando a guarda da
criança, esta é manipulada pela mãe ou pelo pai, sendo
condicionada à vir romper os laços afetivos com o outro genitor,
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criando sentimentos de ansiedade e temor em relação ao ex-


companheiro, diz Marco Antônio Garcia de Pinho.
A alienação parental é a rejeição do genitor que “ficou de fora” pelos seus
próprios filhos, fenômeno este provocado normalmente pelo guardião que detêm a
exclusividade da guarda sobre eles.

A alienação parental consiste em programar uma criança para que, depois


da separação, odeie um dos pais. Geralmente é praticada por quem possui
a guarda do filho. Para isso, a pessoa lança mão de artifícios baixos, como
dificultar o contato da criança com o exparceiro, falar mal e contar mentiras.
Em casos extremos, mas não tão raros, a criança é estimulada pelo
guardião a creditar que apanhou ou sofreu abuso sexual. (JORDÃO, 2008,
p. 02, 03).

De acordo com Ullmann (2008, p. 63) “A síndrome da alienação


parental é uma arma de tortura psicológica usada para satisfazer o
desejo de vingança do guardião em relação ao ente alienado”.

A Síndrome de Alienação Parental é um acontecimento frequente na


sociedade atual, que se caracteriza por um elevado número de separações
e divórcios. Ela costuma ser desencadeada nos movimentos de separação
ou divorcio do casal, mas sua descrição ainda constitui novidade, sendo
pouco conhecida por grande parte dos operadores do direito. (KÉPES, 2005
apud TRINDADE 2009, p. 101).

Segundo Gardner: “A Síndrome da Alienação Parental é uma das doenças


que emerge exclusivamente no contexto das disputas pela guarda”. Nesta
doença, um dos genitores (o alienador, o genitor alienante, o genitor PAS-
indutor) empreende um programa de denegrir o outro genitor (o genitor
alienado, vítima, o genitor denegrido). No entanto, este não é simplesmente
uma questão de ‘lavagem cerebral’ ou ‘Programação’ na qual a criança
contribui com seus próprios elementos na campanha de denegrir. É esta
combinação de fatores que justificadamente garantem a designaçãode PAS
[...]. Na PAS, os polos dos impasses judiciais seriam compostos por um
genitor alienador e um genitor alienado. Como apontado no inicio deste
texto, seria fundamental considerar as contribuições do contexto judicial
para a instalação de dita síndrome, ou Fenômeno de Alienação Parental,
como se defende aqui ser mais apropriado denominar [...]. O genitor
alienante seria, em geral, a mãe que costuma deter a guarda, e que a
exerceria de forma tirânica. Inegável é a grande influencia que a mãe exerce
nos filhos pequenos, dada a natural sequencia de um vinculo biológico para
o psíquico e afetivo. O que se observa é que a mães que utilizam sim de
forma abusiva, consciente e inconscientemente, o vinculo de dependência
não só física, mas, sobretudo, psíquica que a criança tem para com ela [...].
(GROE-NINGA, 2008, p. 122-123 apud ALVES, 2010, p. 168-169).

A Síndrome de Alienação Parental é um transtorno psicológico que se


caracteriza por um conjunto de sintomas pelos quais um genitor,
denominado cônjuge alienador, transforma a consciência de seus filhos,
mediante diferentes formas e estratégias de atuação, com o objetivo de
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impedir, obstaculizar ou destruir seus vínculos com o outro genitor,


denominado cônjuge alienado, sem que existam motivos reais que
justifiquem essa condição [...]. Dessa maneira, podemos dizer que o
alienador “educa” os filhos no ódio contra o outro genitor, seu pai ou sua
mãe, até conseguir que eles, de modo próprio, levam a cabo esse rechaço.
As estratégias de alienação parental são múltiplas e tão variadas quanto à
mente humana pode conceber, mas a síndrome possui um denominador
comum que se organiza em torno de avaliações prejudiciais, negativas,
desqualificadoras e injuriosas em relação ao outro genitor, interferências na
relação com os filhos e, notadamente,obstaculização de visitas ao alienado.
(TRINDADE, 2010, p. 102).

Podemos observar a síndrome se instala no seio das disputas familiares,


onde um dos genitores denigre e ofende o outro genitor para o filho, para que este
não aguente tal convivência. Mas tal conduta alienadora para ser instalada precisa
da colaboração, que na maioria das vezes é involuntária, da criança; já que está
necessita desenvolver um papel de aversão para com o seu genitor.
A lei nº 12.318/2010, veio para facilitar a intervenção
judiciária entre os genitores e atender o Melhor Interesse da criança
ou adolescente, sua atividade é contribuir para inibir ou atenuar os
processos da alienação parental. Essa prática deve ser dissolvida
antes de se instalar, começando com o esclarecimento, a
comunicação, divulgação e advertências, ou se for um caso mais
complexo, aplicar as punições previstas na Lei; lembrando,
portanto, que sua aplicação deverá ser bem conduzida, pois, estará
interferindo em relações cheias de emoções e bastante
desgastadas.
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2. A IDENTIFICAÇÃO E O TRATAMENTO DA ALIENAÇÃO APRENTAL

O fenômeno que consiste na caracterização em que um genitor usa seu filho


contra o outro genitor, em grande parte dos casos refere-se à mãe detentora da
guarda do filho menor. Trata-se de uma verdadeira tortura psicológica para a
criança, uma vez que se vê impedida de manter o relacionamento com quem tanto
ama e, agravando a situação, com o tempo, através da programação lenta e
reiterada do alienante, tende a se afastar e repudiar o alienado sem qualquer motivo
plausível.
Fonseca enfatiza:
Essa alienação pode perdurar anos seguidos, com gravíssimas
conseqüências de ordem comportamental e psíquica, e geralmente só é superada
quando o filho consegue alcançar certa independência do genitor guardião, o que
lhe permite entrever a irrazoabilidade do distanciamento a que foi induzido.
A síndrome da alienação parental da pode ser definida como:

“(...) um distúrbio da infância que aparece quase exclusivamente no


contexto de disputas de custódia de crianças. Sua manifestação preliminar é
a campanha denegritória contra um dos genitores, uma campanha feita pela
própria criança e que não tenha nenhuma justificação. Resulta da
combinação das instruções de um genitor (o que faz a "lavagem cerebral,
programação, doutrinação") e contribuições da própria criança para caluniar
o genitor-alvo. Quando o abuso e/ou negligencia parentais verdadeiros
estão presentes, a animosidade da criança pode ser justificada, e assim a
explicação de Síndrome de Alienação Parental para a hostilidade da criança
não é aplicável” (GARDNER, 1985, p.2).

Quando um casal se separa, geralmente ocorre o sentimento


de perda, de desprezo, abandono, e muitas vezes juntamente com
esses sentimentos, também nasce o desejo de vingança. Partindo
daí, o genitor guardião não conseguindo lidar com a situação,
manipula e condiciona o filho para vir a romper os laços afetivos
com o outro genitor.
“A criança é induzida a afastar-se de quem ama e que também a ama. Isso
gera contradição de sentimentos e destruição do vínculo entre ambos.
Restando órfão do genitor alienado, acaba identificando-se com o genitor
patológico, passando a aceitar como verdadeiro tudo o que lhe é
informado.” (DIAS, 2009, TELLES E NORA, 2010).
14

A Síndrome de Alienação Parental tem sido identificada como uma


forma de negligência contra os filhos. Para nós, entretanto, longe de
pretender provocar dissensões terminológicas de pouca utilidade, a
Síndrome de Alienação Parental constitui uma forma de maltrato e abuso
infantil. Aliás, um abuso que se reveste de características pouco
convencionais do ponto de vista de como o senso comum está
acostumado a identificá-lo, e, por isso mesmo, muito grave, porque mais
difícil de ser constatado. Como a Síndrome de Alienação Parental possui
um tipo não convencional de visibilidade, sua detecção costuma ser difícil
e demorada, muitas vezes somente detectada quando já se encontra em

uma etapa avançada. (TRINDADE, 2010, p.104).

Normalmente o ente alienador é aquele que detém a guarda da


criança, aparentemente seu comportamento demonstra concordar
em auxiliar na aproximação entre a criança e o outro genitor, em
juízo é ele quem oferece a visitação, afirmando amar e estar
pensando pura e simplesmente no interesse da criança; mas
observa-se que esse comportamento é tão somente para tomar
controle e posse sobre o menor.
Fonseca entende que tendo em vista o casuísmo das situações que levam à
identificação da síndrome de alienação parental, a melhor forma de reconhecê-las
encontra-se no padrão de conduta do genitor alienante, o qual se mostra
caracterizado quando este, dentre outras atitudes.

 Denigre a imagem da pessoa do outro genitor;


 Organiza diversas atividades para o dia de visitas, de modo a torná-las
desinteressantes ou mesmo inibi-las;
 Não comunica ao outro genitor fatos importantes relacionados à vida dos
filhos (rendimento escolar, agendamento de consultas médicas, ocorrência de
doenças, etc.)
 Toma decisões importantes sobre a vida dos filhos, sem prévia consulta ao
outro cônjuge (por exemplo: escolha ou mudança de escola, de pediatra,
etc.);
15

 Viaja e deixa os filhos com terceiros sem comunicar o outro genitor;


 Apresenta o novo companheiro à criança como sendo seu novo pai ou mãe;
 Faz comentários desairosos sobre presentes ou roupas compradas pelo outro
genitor ou mesmo sobre o gênero do lazer que ele oferece ao filho;
 Critica a competência profissional e a situação financeira do ex-cônjuge;
 Obriga a criança a optar entre a mãe ou o pai, ameaçando-a das
conseqüências, caso a escolha recaia sobre o outro genitor;
 Transmite seu desagrado diante da manifestação de contentamento
externada pela criança em estar com o outro genitor;
 Transforma a criança em espiã da vida do ex-cônjuge;
 Sugere à criança que o outro genitor é pessoa perigosa;
 Emite falsas imputações de abuso sexual, uso de drogas e álcool;
 Dá em dobro ou triplo o número de presentes que a criança recebe do outro
genitor;
 Quebra, esconde ou cuida mal dos presentes que o genitor alienado dá ao
filho;
 Ignora em encontros casuais, quando junto com o filho, a presença do outro
progenitor, levando a criança a também desconhecê-la;
 Não permite que a criança esteja com o progenitor alienado em ocasiões
outras que não aquelas prévia e expressamente estipuladas.

Podemos observar que o genitor alienador utiliza as diferenças


entre os genitores como sendo falhas do outro genitor, em vez de
apresentá-las como fonte de riqueza. O clima emocional que se cria
é claramente alienador para o filho.
A criança muda o comportamento e as atitudes, são de uma
crueldade absoluta, face ao progenitor vítima da sindrome da
alienação parental. Elas assumem comportamentos e atitudes como
se aquelas ideias criadas pelo responsável alienador fossem delas
mesmas. O pior, não sente, em momento algum, alienados e
manipulados. O sentimento da criança provocado pelo genitor
16

alienador é entendido como próprio, o filho vê-se com uma


personalidade que pensa ser auto elaborada, de tal forma que fica
impermeável às influencias dos outros.
Para identificar uma criança alienada, o genitor alienador confidencia a seu
filho seus sentimentos negativos sua raiva e as más experiências vividas com o
genitor ausente. Dessa forma o filho vai absorvendo contraindo para si toda a
negatividade que o alienador coloca no alienado, levando-o a sentir-se no dever de
proteger, não o alienado, mas, curiosamente, o alienador, criando uma ligação
psico-patológica similar a uma “folie a deux”. Forma-se a dupla contra o alienado,
uma aliança baseada não em aspectos saudáveis da personalidade, mas na
necessidade de dar corpo ao vazio.
Desta forma, o filho fica entre um e outro, com o sentimento dividido, ficando
assim em total oposição com o desenvolvimento harmonioso do seu bem estar
emocional.
Uma mediação procurando encontrar uma forma de entendimento e uma
maneira de viver, é preferível à uma ação na justiça que venha a deteriorar de
maneira dramática a relação entre os genitores por um grande período.
Os profissionais da saúde, conhecedores da Síndrome da Alienação Parental,
de suas origens e de seus efeitos, devem intervir o mais rapidamente possíveis para
impedir que os danos causados pela Alienação se tornem irreversíveis.
Os genitores devem ser avaliados separadamente. Uma vez constatado que
nenhum dos genitores representa perigo para os filhos, o trabalho de mediação pode
começar. Um dos seus efeitos será de evitar a alienação das crianças por um de
seus genitores. Se esta primeira fase falhar, deve-se adotar uma atitude mais rígida
e recorrer ao sistema judicial.
A intervenção psicoterapeuta deve ser sempre amparada em um
procedimento legal e deve contar com o apoio judicial.
Segundo Motta, é inadmissível privar o direito do genitor
estável e capaz, de assumir o seu papel de pai ou de mãe, sob pena
de prejuízos irreversíveis serem causados à mente da criança que
foram envolvidos em razão da privação.
Gardner por sua vez lista ações que visem atenuar ou eliminar os
comportamentos alienantes. Segundo ele todas as penalidades devem
17

estar previstas nas sentenças. É importante que o terapeuta nomeado pelo


tribunal conheça exatamente as “ameaças” de punição que poderá utilizar
no tratamento. Estas sanções devem ser aplicadas sem dificuldades para
preservar a credibilidade do terapeuta(GARDNER2, §7). Richard A. GARD-
NER, “ Family therapy of the moderate type of parental alienation syn-
drome” 1999, http://rgardner.com/refs/ar2html .

Segundo a importância, estas são as sanções possíveis (GARDNER2, §8 y


9):
a – uma comunicação desfavorável do terapeuta dirigida ao tribunal;
b – uma redução da pensão alimentícia;
c – uma obrigação;
d – uma ameaça de transferir a guarda para o outro genitor;
e – uma ordem de prisão temporária. (GARDNER, 1999, § 7, 8 y 9 apud
MOTTA, 2007, p. 60).

Jorge Trindade, com base nos estudos feitos por Podevyn,


explica que existem 3(três) estágios de enfermidade do filho, e
podem ser organizados da seguinte forma:

Estágios Medidas legais Medidas terapêuticas

I – Leve Nenhum Nenhum

II Méio Deixar a guarda principal com o genitor O terapeuta responsável pelo


alienador; controle das visitas, deve
- Nomear um terapeuta para servir de conhecer a Síndrome da
intermediário nas visitas e para comunicar as Alienação Parental;
falhas ao tribunal; - Deve aplicar um rograma
- Estabelecer penalidades para supressão terapêutico preciso;
das visitas: uma penalidade financeira; o - Deve relatar as falhas
pagamento de uma multa proporcional ao diretamente aos juízes;
tempo das visitas suprimidas; uma breve - O tribunal executar as
reclusão ao cárcere; sansões previstas.
Em caso de desobediência constante e
reincidência, além da prisão, passar a guarda
18

para o outro genitor

III Garve Transferir a guarda principal para o genitor Mesmo enfoque que o estágio
alienado; meio
- Nomear um psicoterapeuta para intermediar
um programa de transição da guarda do filho;
- Eventualmente ordenar um local de
transição.

E Trindade ainda com base nos estudos de Podevyn esclarece: Num estágio leve, as
características mais comuns que ilustram a Síndrome de Alienação Parental, tais como a
constatação de campanhas de desmoralização do alienador contra o alienado, são
pequenas, assim como são pouco intensas de sentimento de ambivalência e culpa, e são
poucos os obstáculos no exercício do direito de visitas.
Já no estágio médio, diz Trindade que, além da intensificação das características
próprias do estágio inicial, também surgem problemas com as visitas, as atitudes e
comportamentos das crianças tornam-se inadequado ou hostil, aparecem situações fingidas
e motivações fúteis, os vínculos com o alienador se tornam medianamente patológicos
começam a surgir dificuldades no manejo da relação.
Quando se trata de uma Síndrome de Alienação Parental em estágio inicial,
recomenda-se que as medidas terapêuticas e legais não se estendam para além de uma
melhor supervisão parental, evitando-se principalmente através de um suporte psicológico
adequado, uma evolução para os níveis mais graves. No estágio médio da doença sugere-
se deixar a guarda com o genitor alienador, mas é imprescindível o acompanhamento
psicológico para que um psicoterapeuta cumpra a interface nas visitas e promova uma
supervisão nas relações parentais, enquanto a intervenção judicial poderá dar conta de
fiscalizar e assegurar o direito de visitas do genitor alienado. Sob o ponto de vista
estritamente legal, a obstrução do direito de visitas pelo alienador poderá acarretar das
condições de exercício desse direito, como, por exemplo, ampliando ou reduzindo datas,
horários e locais de visitação.
Quando a Síndrome de Alienação Parental alcança um estágio grave é possível
transferir a guarda judicial para o genitor alienado ou para um terceiro,
mediante um programa de transição intermediado por um psicoterapeuta, mantendoseo
acompanhamento psicológico vinculado ao procedimento judicial.

2.1 Causas e conseqüências da alienação aprental


19

O objetivo da alienação sempre é o mesmo o rompimeno do outro genitor da


vida do filho, as razões que levam o genitor alienante a promovê-la se denotam
bastante diversificadas. Pode resultar das circunstâncias e/ou, de se tratar o genitor
alienante de pessoa exclusivista, ou ainda, que assim procede motivado por um
espírito de vingança, raiva ou de mera inveja.
Varias as vezes o afastamento da criança vem ditado pelo inconformismo,
revolta do cônjuge com a separação; em outras situações, funda-se na insatisfação
do genitor alienante, ora com as condições econômicas advindas do fim do vínculo
conjugal, ora com as razões que conduziram ao desfazimento do matrimônio,
principalmente quando este se dá em decorrência de traição. Neste último caso, o
alienante dos filhos de um dos pais resulta de um sentimento de retaliação por parte
do ex-cônjuge abandonado, que entrevê na criança o instrumento perfeito para sua
vingança. Pode suceder, também, que a posse dos filhos revele-se como
conseqüência do desejo de não os ver partilhar da convivência com aqueles que
vierem a se relacionar com o ex-cônjuge - fazendo a cabeça da criança ou do
adolescente ao contrário em relação a outra pessoa, independentemente de terem
sido eles os responsáveis pelo rompimento do vínculo matrimonial. Em outra
hipótese, não de rara ocorrência, a alienação promovida apresenta-se como mero
resultado da posse exclusiva que o ex-cônjuge pretende ter sobre os filhos.
Situações que se repetem sempre na prática, muito embora os motivos que
as ditem mostrem natureza diversa: às vezes é a solidão , carência a que se vê
relegado o ex-cônjuge, especialmente quando não tem familiares próximos -
isolamento que o leva a não prescindir da companhia dos filhos; outras vezes é a
falta de confiança, fundada ou infundada, que o ex-cônjuge titular da guarda nutre
pelo ex-consorte para cuidar dos filhos; outras vezes é a falta de confiança, fundada
ou infundada, que o excônjuge titular da guarda nutre pelo ex-consorte para cuidar
dos filhos. Em determinadas situações, a alienação representa mera conseqüência
do desejo de o alienante deter, apenas para si, o amor do filho, algumas outras
vezes resulta do ódio, ciúme, raiva que o genitor alienante nutre pelo alienado, ou
mesmo do simples fato de o alienante julgar o outro genitor indigno, incapaz do amor
da criança.
A depressão, de que pode padecer o progenitor alienante, também é apontada
como motivadora da alienação parental, assim como a dificuldade de relacionamento
20

entre os pais e também em relação as ter outros parceiros. Às vezes, até mesmo a
diversidade de estilos de vida é tida como causa da alienação parental e, quando isso
ocorre, tal se dá diante do receio que tem o alienante de que a criança possa adotar ou
preferir aquele modo de viver por ele não considerado certo.
Lamentavelmente, em alguns casos, o fator responsável pela alienação é o
econômico: o genitor alienante objetiva obter maiores ganhos financeiros, ou mesmo
outros benefícios afins, à custa do afastamento da criança do genitor alienado. Em
circunstâncias como essas, se o genitor alienado resistir à chantagem, as portas
para a síndrome estarão abertas.
Quando provocada especificamente pelo pai, a alienação parental ora vem
motivada pelo desejo de vingança pela separação, ou pelas causas que a
determinaram (e.g. adultério), ora pela necessidade de continuar mantendo o
controle sobre a família, e até mesmo para evitar o pagamento de pensão
alimentícia.
A alienação parental - seja ela induzida pelo pai ou pela mãe e malgrado
motivada por fatores diversos - produz os mesmos sintomas na criança e a afeta de
igual modo.
Todas essas circunstâncias, oriundas de atitude imatura e egoísta, acabam
dando ensejo ao alijamento pretendido e, por conseqüência, à síndrome. Se, por um
lado, logra o genitor alienante prejudicar o alienado, por outro, torna a criança vítima
dessa situação. A partir daí, como veremos, as conseqüências para os filhos - ainda
que a ruptura da convivência com o outro progenitor não seja absoluta - são as mais
graves possíveis.
Consumadas a alienação e a desistência do alienado de estar com os filhos,
tem lugar a síndrome da alienação parental, sendo certo que as seqüelas de tal
processo patológico comprometerão, definitivamente, o normal desenvolvimento da
criança.
Gardner anota, a propósito, que, nesses casos, a ruptura do relacionamento
entre a criança e o genitor alienado é de tal ordem, que a respectiva reconstrução,
quando possível, demandará hiato de largos anos.
A síndrome, uma vez instalada no menor, enseja que este, quando adulto,
padeça de um grave complexo de culpa por ter sido cúmplice de uma grande
injustiça contra o genitor alienado. Por outro lado, o genitor alienante passa a ter
21

papel de principal e único modelo para a criança que, no futuro, tenderá a repetir o
mesmo comportamento.
Os efeitos da síndrome podem se manifestar às perdas importantes - morte
de pais, familiares próximos, amigos, etc. Como decorrência, a criança (ou o adulto)
passa a revelar sintomas diversos: ora apresenta-se como portadora de doenças
psicossomáticas, ora mostra-se ansiosa, deprimida, nervosa e, principalmente,
agressiva. Os relatos acerca das conseqüências da síndrome da alienação parental
abrangem ainda depressão crônica, transtornos de identidade, comportamento
hostil, desorganização mental e, às vezes, suicídio. É escusado dizer que, como
toda conduta inadequada, a tendência ao alcoolismo e ao uso de drogas também é
apontada como conseqüência da síndrome.
Por essas razões, instilar a alienação parental em criança é considerado,
pelos estudiosos do tema, como comportamento abusivo, tal como aqueles de
natureza sexual ou física. Em grande parte dos casos, a alienação parental não
afeta apenas a pessoa do genitor alienado, mas também todos aqueles que o
cercam: familiares, amigos, serviçais, etc., privando a criança do necessário e
salutar convívio com todo um núcleo familiar e afetivo do qual faz parte e ao qual
deveria permanecer integrada.
2.2 Da tutela jurídica á alienação parental

A alienação parental e evitar que esse maléfico processo afete a criança e se


converta em síndrome são tarefas que se impõem ao Poder Judiciário, que, para
esse fim, deverá contar com o concurso de assistentes sociais e, principalmente, de
psicólogos. Por sua vez, ao advogado que milita na área do direito de família,
quando procurado pelo genitor alienante para a defesa de seus direitos, tarefa de
menor dificuldade e importância não lhe é destinada.
Quando está patente o processo de alienação parental, promovido pelo
progenitor alienante, não se permite aos advogados, em nome de uma suposta
defesa de seus direitos, prejudicar aquele que é, em tais casos, o interesse maior a
ser protegido: o do menor. Em tais situações, a recusa ao patrocínio da causa do
progenitor alienante impõe-se, também por força do comando constitucional que
erige à condição de dever da sociedade - e, por conseguinte, de todo e qualquer
cidadão, assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à
convivência familiar.
22

Uma vez identificada a síndrome da alienação parental e o poder judiciário ter


sido provocado, este terá que intervir contra o seu desenvolvimento, porém,
aparecem certos empecilhos, para que isso ocorra. Priscila Maria (2006, apud
ROSA, 2008, p. 48) explica: “Via de regra, até por falta de adequada formação, os
juízes de família fazem vistas grossas a situações que se examinadas com um
pouco mais de cautela, não se converteriam em exemplos do distúrbio ora
analisado”.
Uma vez identificado o processo de alienação parental, é importante que o
Poder Judiciário aborte seu desenvolvimento, impedindo, dessa forma, que a
síndrome venha a se instalar. Via de regra, até por falta de adequada formação, os
juízes de família fazem vistas grossas a situações que, se examinadas com um
pouco mais de cautela, não se converteriam em exemplos do distúrbio ora
analisado.
É imperioso que os juízes se dêem conta dos elementos identificadores da
alienação parental, determinando, nesses casos, rigorosa perícia psicossocial, para
então ordenar as medidas necessárias para a proteção do infante. Observe-se que
não se cuida de exigir do magistrado - que não tem formação em Psicologia - o
diagnóstico da alienação parental. No entanto, o que não se pode tolerar é que,
diante da presença de seus elementos identificadores, não adote o julgador, com
urgência máxima, as providências adequadas, dentre elas, o exame psicológico e
psiquiátrico das partes envolvidas.
Uma vez apurado o intento do genitor alienante, insta ao magistrado
determinar a adoção de medidas que permitam a aproximação da criança com o
genitor alienado, impedindo, assim, que o progenitor alienante obtenha sucesso no
procedimento já encetado.
Ao ver uma criança que esteja sofrendo com a alienação de um dos genitores
procure ajudá-la, denuncie. A síndrome da alienação parental não é só um problema
exclusivo e que possa trazer conseqüências à família que por ela passa, ela é um
problema social e que gradativamente traz conseqüências negativas a sociedade. O
apoio psicológico pode ser o caminho mais eficaz para a criança que sofre e para o
genitor alienante, para este uma denuncia também é válida, pois a síndrome da
alienação parental é crime, não só um crime pessoal, mas um crime social.
23

Esses meios de correção devem buscar o bem estar da criança


e não a punição do pai alienador. Levando – se em conta que as
crianças venham ter sequelas psicológicas, os Tribunais adotam
medidas preventivas.
24

CONCLUSÃO

No trabalho foi possível observar que o tema abordado não é fenômeno social
distante dos dias atuais e sim um tema bem atual . ele serve para compreender a
teoria de Gardner que, no contexto nacional, estará servindo como modelo para a
identificação, classificação e tratamento da problemática que envolve toda a família
e a sociedade. Muitos casais que tiveram filhos durante o relacionamento e se
separam estão sujeitos a sofrer esse tipo de problema, o qual deve ser identificado o
quanto antes, para haver a possibilidade de reverter a situação. Inclusive, o abuso
emocional pode ser considerado o mais destrutivo dos abusos sofrido por crianças e
o adolescente pos é a fase de desenvolvimento de sua personalidade pelo fato de
ser o mais difícil de diagnosticar e prevenir. Suas marcas não são físicas, mas
invisíveis, com profundas conseqüências e de longo alcance.
Todos da família são atingidos com essa síndrome: o genitor alienador, o
genitor alienante e a(s) criança(s). E é esta última que deve ser tratada com mais
cuidado nessa situação, pois as seqüelas que a síndrome deixa na criança podem
segui-la durante toda a vida, influenciando em seu comportamento e
desenvolvimento . Para que a criança seja uma boa mãe/pai de família é necessário
que ela tenha tido um bom exemplo familiar.
A Alienação Parental carece de uma definição única, pois sua existência,
etiologia e características, em particular como uma síndrome, tem sido objeto de
debate ainda não encerrado devendo ainda ter mais estudos sobre o tema.
As intervenções que deveriam ser feitas teriam caráter de resolução da
problemática fundamentada nas ações dos profissionais envolvidos nas disputas de
guarda, tais como advogados, juízes e profissionais da saúde mental.
Não será possível sem a mudança de mentalidade dos aplicadores do Direito
e sem especial capacitação para tentativas de mediação e conciliação, inclusive a se
pensar na presença de advogado para a defesa intransigente dos interesses do
menor e do adolescente.
O direito brasileiro, diante dessa situação busca interdisciplinaridade com o
serviço social e a psicologia em parcerias para a solução dos casos jurídicos que
envolvem essa síndrome.
Seria ainda importante ressaltar algumas considerações relativas à síndrome
de alienação parental relativas à prática profissional no sistema judiciário brasileiro,
25

mostra-se imperioso criar serviços e políticas públicas voltadas para famílias que
vivenciam o divórcio, visando à proteção de um bem maior: a dignidade e proteção
do menor.
26

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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28

ANEXOS

Poder Legislativo – Lei nº 12.318/2010 de 26 de agosto de 2010


Dispõe sobre a alienação parental e altera o art. 236 da Lei nº 8.069, de 13 de julho
de 1990.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a
seguinte Lei:
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a alienação parental.
Art. 2º Considera-se ato de alienação parental a interferência na
formação
psicológica da criança ou do adolescente promovida ou induzida por
um dos
genitores, pelos avós ou pelos que tenham a criança ou adolescente
sob a sua
autoridade, guarda ou vigilância para que repudie genitor ou que
cause prejuízo ao
estabelecimento ou à manutenção de vínculos com este.
Parágrafo único. São formas exemplificativas de alienação parental,
além dos atos
assim declarados pelo juiz ou constatados por perícia, praticados
diretamente ou
com auxílio de terceiros:
I - realizar campanha de desqualificação da conduta do genitor no
exercício da
paternidade ou maternidade;
II - dificultar o exercício da autoridade parental;
III - dificultar contato de criança ou adolescente com genitor;
IV - dificultar o exercício do direito regulamentado de convivência
familiar;
V - omitir deliberadamente a genitor informações pessoais
relevantes sobre a
criança ou adolescente, inclusive escolares, médicas e alterações
de endereço;
VI - apresentar falsa denúncia contra genitor, contra familiares
deste ou contra avós,
para obstar ou dificultar a convivência deles com a criança ou
adolescente;
VII - mudar o domicílio para local distante, sem justificativa, visando
a dificultar a
convivência da criança ou adolescente com o outro genitor, com
familiares deste ou
com avós.
29

Art. 3º A prática de ato de alienação parental fere direito


fundamental da criança ou
do adolescente de convivência familiar saudável, prejudica a
realização de afeto nas
relações com genitor e com o grupo familiar, constitui abuso moral
contra a criança
ou o adolescente e descumprimento dos deveres inerentes à
autoridade parental ou
decorrentes de tutela ou guarda.
Art. 4º Declarado indício de ato de alienação parental, a
requerimento ou de ofício,
em qualquer momento processual, em ação autônoma ou
incidentalmente, o
processo terá tramitação prioritária, e o juiz determinará, com
urgência, ouvido o
Ministério Público, as medidas provisórias necessárias para
preservação da
integridade psicológica da criança ou do adolescente, inclusive para
assegurar sua
convivência com genitor ou viabilizar a efetiva reaproximação entre
ambos, se for o
caso.
Parágrafo único. Assegurar-se-á à criança ou adolescente e ao
genitor garantia
mínima de visitação assistida, ressalvados os casos em que há
iminente risco de
prejuízo à integridade física ou psicológica da criança ou do
adolescente, atestado
por profissional eventualmente designado pelo juiz para
acompanhamento das
visitas.

Art. 5º Havendo indício da prática de ato de alienação parental, em


ação autônoma
ou incidental, o juiz, se necessário, determinará perícia psicológica
ou
biopsicossocial.
§ 1º O laudo pericial terá base em ampla avaliação psicológica ou
biopsicossocial,
conforme o caso, compreendendo, inclusive, entrevista pessoal com
as partes,
exame de documentos dos autos, histórico do relacionamento do
casal e da
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separação, cronologia de incidentes, avaliação da personalidade


dos envolvidos e
exame da forma como a criança ou adolescente se manifesta
acerca de eventual
acusação contra genitor
§ 2º A perícia será realizada por profissional ou equipe
multidisciplinar habilitados,
exigido, em qualquer caso, aptidão comprovada por histórico
profissional ou
acadêmico para diagnosticar atos de alienação parental.
§ 3º O perito ou equipe multidisciplinar designada para verificar a
ocorrência de
alienação parental terá prazo de 90 (noventa) dias para
apresentação do laudo,
prorrogável exclusivamente por autorização judicial baseada em
justificativa
circunstanciada.
Art. 6º Caracterizados atos típicos de alienação parental ou qualquer
conduta que
dificulte a convivência de criança ou adolescente com genitor, em
ação autônoma ou
incidental, o juiz poderá, cumulativamente ou não, sem prejuízo da
decorrente
responsabilidade civil ou criminal e da ampla utilização de
instrumentos processuais
aptos a inibir ou atenuar seus efeitos, segundo a gravidade do caso:
I - declarar a ocorrência de alienação parental e advertir o alienador;
II - ampliar o regime de convivência familiar em favor do genitor
alienado;
III - estipular multa ao alienador;
IV - determinar acompanhamento psicológico e/ou biopsicossocial;
V - determinar a alteração da guarda para guarda compartilhada ou
sua inversão;
VI - determinar a fixação cautelar do domicílio da criança ou
adolescente;
VII - declarar a suspensão da autoridade parental.
Parágrafo único. Caracterizado mudança abusiva de endereço,
inviabilização ou
obstrução à convivência familiar, o juiz também poderá inverter a
obrigação de levar
para ou retirar a criança ou adolescente da residência do genitor,
por ocasião das
alternâncias dos períodos de convivência familiar.
31

Art. 7º A atribuição ou alteração da guarda dar-se-á por preferência


ao genitor que
viabiliza a efetiva convivência da criança ou adolescente com o
outro genitor nas
hipóteses em que seja inviável a guarda compartilhada.
Art. 8º A alteração de domicílio da criança ou adolescente é
irrelevante para a
determinação da competência relacionada às ações fundadas em
direito de
convivência familiar, salvo se decorrente de consenso entre os
genitores ou de
decisão judicial.
Art. 9º ( VETADO)
Art. 10. (VETADO)
Art. 11. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 26 de agosto de 2010; 189º da Independência e 122º da
República.
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
Luiz Paulo Teles Ferreira Barreto
Paulo de Tarso Vannuchi
MENSAGEM DE VETO Nº 513, DE 26 DE AGOSTO DE 2010
Senhor Presidente do Senado Federal, Comunico a Vossa Excelência
que, nos
termos do § 1º do art. 66 da Constituição, decidi vetar parcialmente,
por
contrariedade ao interesse público, o Projeto de Lei nº 20, de 2010
(no 4.053/08 na
Câmara dos Deputados), que "Dispõe sobre a alienação parental e
altera o art. 236
da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990".
Ouvido, o Ministério da Justiça manifestou-se pelo veto aos
seguintes dispositivos:
Art. 9º
"Art. 9º As partes, por iniciativa própria ou sugestão do juiz, do
Ministério Público ou
do Conselho Tutelar, poderão utilizar-se do procedimento da
mediação para a
solução do litígio, antes ou no curso do processo judicial.
§ 1º O acordo que estabelecer a mediação indicará o prazo de
eventual suspensão
do processo e o correspondente regime provisório para regular as
questões
controvertidas, o qual não vinculará eventual decisão judicial
superveniente.
32

§ 2º O mediador será livremente escolhido pelas partes, mas o juízo


competente, o
Ministério Público e o Conselho Tutelar formarão cadastros de
mediadores
habilitados a examinar questões relacionadas à alienação parental.
§ 3º O termo que ajustar o procedimento de mediação ou o que dele
resultar deverá
ser submetido ao exame do Ministério Público e à homologação
judicial."
Razões do veto
"O direito da criança e do adolescente à convivência familiar é
indisponível, nos
termos do art. 227 da Constituição Federal, não cabendo sua
apreciação por
mecanismos extrajudiciais de solução de conflitos.
Ademais, o dispositivo contraria a Lei nº 8.069, de 13 de julho de
1990, que prevê a
aplicação do princípio da intervenção mínima, segundo o qual
eventual medida para
a proteção da criança e do adolescente deve ser exercida
exclusivamente pelas
autoridades e instituições cuja ação seja indispensável."
Art. 10
"Art. 10. O art. 236 da Seção II do Capítulo I do Título VII da Lei nº
8.069, de 13 de
julho de 1990. Estatuto da Criança e do Adolescente, passa a vigorar
acrescido do
seguinte parágrafo único:
'Art. 236. ...............
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem apresenta relato
falso ao agente
indicado no caput ou à autoridade policial cujo teor possa ensejar
restrição à
convivência de criança ou adolescente com genitor.' (NR)"
Razões do veto
"O Estatuto da Criança e do Adolescente já contempla mecanismos
de punição
suficientes para inibir os efeitos da alienação parental, como a
inversão da guarda,
multa e até mesmo a suspensão da autoridade parental. Assim, não
se mostra
necessária a inclusão de sanção de natureza penal, cujos efeitos
poderão ser
33

prejudiciais à criança ou ao adolescente, detentores dos direitos


que se pretende
assegurar com o projeto."
Essas, Senhor Presidente, as razões que me levaram a vetar os
dispositivos acima
mencionados do projeto em causa, as quais ora submeto à elevada
apreciação dos
Senhores Membros do Congresso Nacional.

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